PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL – 3ª EDIÇÃO
PROJETO – “CRIATURAS DO MAR”
ROSEMARI APARECIDA GALEGO RIBEIRO
VALINHOS – SP
ROSEMARI APARECIDA GALEGO RIBEIRO
PROJETO – “CRIATURAS DO MAR”
PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL – 3ª EDIÇÃO
CATEGORIA – EDUCAÇÃO INFANTIL
VALINHOS – SP
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SUMÁRIO
SÍNTESE DO PROJETO ........................................................................................ 03
CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................... 04
JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 05
OBJETIVOS DO PROJETO ................................................................................... 06
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ................................................................... 07
AVALIAÇÃO/RESULTADOS OBTIDOS ................................................................ 12
ANEXOS ................................................................................................................ 14
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SÍNTESE
Este projeto trata da produção de um livro com textos informativos sobre
alguns animais aquáticos escolhidos pelos alunos para apresentar aos pais em
exposição sobre meio ambiente no final do ano letivo e, posteriormente, fazer parte
da biblioteca da escola.
Sabendo da curiosidade e interesse que a turma demonstrava por animais,
este projeto buscou oferecer, através de diversas fontes de pesquisa, inúmeras
oportunidades de descobertas e aprendizagens significativas, contribuindo para que
se envolvessem e se empenhassem durante as etapas e também, na elaboração do
produto final.
A produção de um livro com textos informativos sobre os animais aquáticos
constituiu-se como estratégia importante, pois possibilitou a sistematização e
socialização dos conhecimentos dos alunos sobre o tema estudado, favorecendo a
ampliação da compreensão que as crianças tinham sobre o mundo natural.
Pretendeu-se através da vivência de situações reais de comunicação, que as
crianças tivessem a possibilidade de se apropriarem da linguagem que se usa para
escrever, sendo capazes de produzir textos (tendo o professor como escriba), muito
antes de saber ler e escrever convencionalmente.
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CONTEXTUALIZAÇÃO
O projeto “Criaturas do mar” foi desenvolvido na turma de Infantil II – A
(crianças de 5 e 6 anos), da Escola Municipal de Educação Infantil “Ângela Turcatti”,
em Valinhos, São Paulo, no ano letivo de 2007. Essa escola atende 112 crianças na
faixa etária dos quatro aos seis anos. As turmas são organizadas de acordo com a
faixa etária nos níveis: Infantil I, Infantil II e Pré. Construída no início da década de
60, é uma das mais antigas da cidade. Está localizada na Vila Santana, um bairro
próximo ao centro da cidade.
No segundo semestre de 2007, nossa escola passou por uma reforma geral e
houve a necessidade de nos mudarmos para outro local. Ficamos alojados em uma
casa no mesmo bairro mas muito pequena em relação ao espaço existente em
nossa escola. Situada numa praça, contamos com uma área externa muito grande,
com muitas árvores e brinquedos no parque.
Das crianças que freqüentam essa escola, cerca de 30% são provenientes da
Vila Santana e as demais advém de outros bairros, por motivos diversos: pela
proximidade com a creche, por indicação, por bom rendimento.
Os pais, em sua maioria, completaram o Ensino Fundamental, enquanto o
nível de escolaridade das mães acentua-se no Ensino Médio. Há uma grande
parcela de pais separados e a maioria das mães trabalha fora. Em grande parte, os
pais pagam aluguel para moradia.
Ao escolher a escola para seu filho, os pais indicam como motivos: a
proximidade com a creche, bom rendimento, estima pela escola. Acreditam na
influência da escola através de: boa educação, bom ensino, crescimento cultural,
desenvolvimento da cidadania, integração social, boa formação, desenvolvimento
social e cognitivo, preparo para enfrentar desafios.
Nossa principal missão é proporcionar às crianças todas as condições
necessárias para que se desenvolvam de maneira harmoniosa nos aspectos
cognitivo, social, afetivo e perceptivo-motor. Buscamos uma educação de qualidade
que permita à criança participar da construção da cidadania, respeitando sempre as
diferenças e garantindo a todos a prática dos direitos e deveres da pessoa humana.
No ano de 2007, a turma do Infantil II – A era formada por quinze crianças
sendo três meninas e doze meninos. A maioria das crianças já havia freqüentado a
turma do Infantil I e já se mostravam bastante entrosados. Nesse ano, junta-se ao
grupo três meninos, sendo um deles portador de necessidades especiais (autismo).
Há quase dois anos com a maioria das crianças, conhecia bem o desenvolvimento
de cada um deles, suas necessidades, dificuldades e, seus avanços. Meu desafio
residia em integrar os novos alunos, em especial o aluno autista que foi sempre bem
aceito e acolhido por todos da turma.
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JUSTIFICATIVA
No segundo semestre de 2007, mais especificamente durante os meses de
outubro e novembro, nossa escola participaria de um projeto sobre Meio Ambiente e
cada turma enfocaria um dos temas propostos no mesmo. Foi quando, sabendo da
curiosidade e interesse que as crianças demonstravam por animais, pensei em
desenvolver um projeto sobre os animais aquáticos (pois um dos temas seria a
preservação da água). O projeto contemplaria as diferentes áreas mas o enfoque
seria a oralidade, a leitura e a escrita.
Falar sobre leitura e escrita, hoje, implica falar de um processo que começa
muito antes da criança entrar na instituição educativa. Mas na escola, como
despertar o interesse da criança para ler e escrever, se as palavras, faladas ou
escritas não fazem parte do seu mundo, de seus interesses, de suas brincadeiras e
fantasias? Como trabalhar a leitura e a escrita numa perspectiva de letramento?
Tradicionalmente, o domínio do código alfabético tem caracterizado o
indivíduo como alfabetizado, na maioria das sociedades. Entretanto, nas ultimas
décadas, tem-se questionado a idéia da importância da alfabetização apenas
enquanto domínio do código, pois as condições sociais impostas pela sociedade
moderna exigem o aprimoramento dos usos sociais da leitura e da escrita nos
diferentes gêneros.
Sabemos que é papel da escola tornar o aluno alfabetizado, o que inclui o
domínio do código porém, acredito que nosso principal desafio resida em torná-lo
um indivíduo letrado, dando-lhe condições para usar a leitura e a escrita em
situações comunicativas e sociais.
Nesse contexto, considero que seja essencial que a criança participe desde a
educação infantil, de práticas sociais de leitura e escrita. Mesmo que a criança não
possua ainda a habilidade para ler e escrever de forma autônoma, pode fazer uso da
ajuda de parceiros mais experientes para aprenderem a ler e a escrever em
situações significativas.
Dessa forma, esse projeto poderia oferecer, através de diversas fontes de
pesquisa, inúmeras oportunidades de descobertas e aprendizagens significativas,
contribuindo para que as crianças se envolvessem e se empenhassem durante as
etapas e também, na elaboração do produto final, que seria apresentado numa
exposição para o encerramento do projeto e, posteriormente, faria parte do acervo
da biblioteca de nossa escola.
Considerei que a produção de um livro com textos informativos sobre os
animais aquáticos constituiria-se uma estratégia importante, pois possibilitaria a
sistematização e socialização dos conhecimentos dos alunos sobre o tema
estudado, favorecendo a ampliação da compreensão que as crianças possuíam
sobre o mundo natural. A construção de conhecimentos sobre os animais também
seria essencial para que as crianças pudessem, aos poucos, desenvolver atitudes
de respeito e preservação ao meio ambiente.
Através da vivência de situações reais de comunicação, as crianças teriam a
possibilidade de se apropriarem da linguagem que se usa para escrever, sendo
capazes de produzir textos (tendo o professor como escriba), muito antes de saber
ler e escrever convencionalmente.
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OBJETIVOS
Elenquei como objetivos para o projeto:
- Ter interesse em pesquisar novos assuntos, consultando diferentes fontes
de informação.
- Adquirir procedimentos de pesquisa mediante o uso de vários
instrumentos, tais como: leitura de textos informativos (leitura realizada
pelo adulto, leitura de imagens, leitura por antecipação de significado),
apresentação de vídeos sobre os animais aquáticos, observação direta de
peixe em aquário.
- Fazer uso da escrita como registro dos conhecimentos construídos ao
longo do processo (produção de textos tendo o professor como escriba,
situações de registro espontâneo).
- Produzir
textos
informativos,
respeitando
intuitivamente
suas
características básicas.
- Usar a escrita e o desenho como recursos para a documentação,
organização sistemática das informações e socialização dos
conhecimentos adquiridos.
- Utilizar diferentes linguagens como forma de expressão – artes visuais:
dobradura, desenho, colagem e construção com sucata.
- Revisar textos.
- Valorizar o trabalho em grupo.
- Reconhecer as principais características dos animais aquáticos
pesquisados, a alimentação, o habitat e curiosidades.
- Estabelecer semelhanças e diferenças entre os animais aquáticos.
- Estabelecer relações entre o meio ambiente e as formas de vida que ali se
estabelecem, valorizando sua importância para a preservação das
espécies.
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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Os conhecimentos prévios
A atividade inicial foi uma roda de conversa em que, após compartilhar com
as crianças a idéia do projeto sobre os animais aquáticos e também, a produção de
um livro sobre eles (produto final), comecei a investigar quais os conhecimentos
prévios do grupo, sobre o assunto.
Planejei dois momentos para essa investigação. O primeiro, foi uma escrita de
lista dos animais aquáticos que as crianças conheciam. Esta atividade foi realizada
em duplas. Como as crianças ainda são pequenas (5 e 6 anos), tive que lidar nesse
momento com características típicas dessa fase do desenvolvimento, como por
exemplo, o aluno Gabriel que não aceitou deixar de escrever na lista, o nome da
“onça marinha”, pois ele já havia visto esse animal no zoológico.
Após as duplas concluírem as listas, nos reunimos na roda e organizamos os
vários nomes em um cartaz onde as crianças liam os nomes dos animais e eu os
escrevia. Terminada essa atividade, lemos novamente a lista com os nomes de
todos os animais que a turma conhecia.
Expliquei para as crianças que como havia muitos nomes na lista não seria
possível pesquisar sobre todos eles e resolvemos escolher, através de uma votação,
apenas alguns deles. As crianças já estão acostumadas com esse tipo de estratégia
para a escolha de situações e atividades que serão desenvolvidas na escola, por
isso esse momento foi muito tranqüilo. Foram escolhidos sete animais: baleia,
estrela-do-mar, foca, golfinho, pingüim, tartaruga e tubarão.
O segundo momento aconteceu em outro dia. Com as crianças sentadas em
roda, combinei que elas iriam dizer tudo que já sabiam sobre esses animais e
também, o que gostariam de descobrir. Fizemos um cartaz com o quadro: “O que já
sabemos” e “O que queremos descobrir”, sendo que nessa atividade fui escriba do
grupo.
As crianças demonstraram interesse nessa atividade, comunicando-se de
forma clara. Porém, encontraram mais facilidade em pontuar o que já sabiam e,
dificuldade em descrever o que gostariam de saber. É evidente que algumas de
suas idéias iniciais sobre esses animais precisavam ser revistas, outras
complementadas. Mas decidi que isso aconteceria durante a realização do projeto,
quando as crianças poderiam formular perguntas, buscar respostas, expor suas
idéias e tirar suas próprias conclusões a partir da pesquisa e estudo sobre esses
animais.
Com relação ao que queriam descobrir, houve a necessidade de questionálas sobre algumas questões para desencadear a formulação de perguntas que a
maioria não sabia responder e dessa forma, motivá-las para procurar descobrir.
Após listarmos em um quadro (cartaz) o que as crianças desejavam saber
sobre os animais aquáticos, nos deparamos com um novo “problema”, ou seja, qual
dos animais pesquisar primeiro, que ordem seguir.
Conhecendo a ordem alfabética para organizar a pesquisa
Com as crianças sentadas em roda, entreguei para cada dupla (a mesma da
atividade inicial de escrita de lista) o nome de um dos animas escolhidos
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anteriormente, escrito em uma tira de papel. Agora, as crianças teriam que por em
jogo tudo o que já sabiam e, ler o nome do animal.
Segundo Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998), “ler não é
decifrar palavras. A leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo
de construção do significado do texto, apoiando-se em diferentes estratégias” (v. 3,
p. 144).
Algumas duplas descobriram rapidamente, outras precisaram de minha
intervenção, ou seja, precisei lembrar com eles os nomes dos animais que haviam
sido escolhidos para que descobrissem o que estava escrito.
Perguntei então a eles, qual daqueles animais iríamos pesquisar em primeiro
lugar. Imediatamente algumas crianças indicaram a votação. Chamei a atenção das
crianças para a lista de nomes existentes na sala e questionei sobre qual seria o
critério utilizado para tal seqüência. É evidente que, mais uma vez, as respostas das
crianças foram de acordo com suas concepções e com a fase do desenvolvimento
em que se encontram.
— Você colocou o meu nome primeiro porque tem poucas letras – respondeu
o Bruno.
— Você colocou o nome de “fulano” no meio porque ele faz bagunça – disse o
Octávio.
Como nenhuma criança percebeu o critério usado, pedi que observassem o
alfabeto da classe e procurei relacionar a seqüência das letras com a seqüência dos
nomes da lista dos alunos. Sugeri, então a ordem alfabética para organizar os
nomes dos animais aquáticos a serem estudados e, seguindo a seqüência das letras
no alfabeto, as crianças foram identificando a letra inicial dos nomes e organizandoos em tal ordem. A única dificuldade foi com os nomes dos animais: tartaruga e
tubarão, mas esse foi um desafio vencido pelas crianças. Colamos os nomes dos
animais em um cartaz e combinamos de deixá-lo exposto na sala para futuras
consultas.
A pesquisa e a produção de textos
Nos dias seguintes, na roda de leitura, levei vários livros, revistas, etc. sobre a
baleia (primeiro animal a ser pesquisado), com textos informativos e com muitas
ilustrações. As crianças ficaram muito motivadas em descobrir tudo o que havia nos
livros e, durante a semana, estes foram os mais escolhidos durante as atividades
diversificadas, no cantinho da leitura, onde as crianças têm a oportunidade de
escolher os livros que desejam “ler”.
O aluno Gabriel levou para a escola o livro “Bichos Brasileiros”, da Editora
Globo, onde há textos informativos sobre alguns dos animais que iríamos pesquisar.
A curiosidade foi geral!
Após a atividade de leitura dos diversos textos informativos e também rodas
de conversa sobre o que havíamos descoberto (nestes momentos procurei retomar
o quadro “o que queremos descobrir”), combinei com as crianças que iriam produzir
um texto, sendo que elas ditariam e eu o escreveria no cartaz.
O início desta atividade foi um pouco agitado. Todos queriam falar, pois,
afinal, haviam descoberto tantas informações importantes!
Como as crianças estavam motivadas! Utilizavam vocábulos próprios dos
textos lidos, se expressavam com clareza. É evidente que o texto produzido era
simples, apresentava muitas repetições de palavras, mas a característica básica
desse tipo de texto havia sido respeitada pelas crianças, intuitivamente.
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Propus, também, como atividade de registro da pesquisa, a escrita, em
duplas, das descobertas de curiosidades sobre a baleia azul, que foi um dos pontos
fortes e também despertou muito interesse das crianças. Sempre tendo em vista, a
produção de textos para a elaboração do produto final.
Esta atividade foi realizada no cantinho, durante as atividades diversificadas,
pois neste momento, poderia dar mais atenção a dupla e fazer intervenções mais
adequadas. Para a escrita do título da atividade, ou seja, “Baleia Azul”, dei para a
dupla as letras móveis em quantidade exata para a escrita do mesmo. A seguir, as
crianças combinavam o que queriam escrever, sendo que uma ditava e a outra
escrevia.
Dessa forma essa atividade possibilitaria que as crianças ao escreverem de
próprio punho, utilizassem o conhecimento de que dispunham, no momento, sobre o
sistema de escrita. Outro objetivo seria que pudessem participar de situações em
que a escrita tem sentido, ou seja, escrever para não esquecer informações
importantes sobre o animal pesquisado.
De acordo com o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998), na
educação infantil, as crianças podem aprender a escrever produzindo oralmente
textos com destino escrito, tendo o professor como escriba. A criança também
aprende a escrever, fazendo-o da forma como sabe, escrevendo de próprio punho.
Em ambos os casos, é necessário ter acesso à diversidade de textos escritos,
testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstâncias “(v. 3, p.
145).
A revisão do texto
O próximo passo foi a revisão do texto coletivo, a partir da consigna: “Como
nós combinamos, esse texto sobre a baleia fará parte do nosso livro sobre os
animais aquáticos. Então, o que podemos fazer para que esse texto fique mais
bonito e mais gostoso de ler?”. Novamente, li o texto produzido por eles e fomos
analisando parágrafo por parágrafo. Por diversas vezes, recorremos a releitura de
alguns trechos dos livros, revistas e demais materiais pesquisados, para
encontrarmos uma informação ou palavra que se adequasse ao nosso texto e que
expressasse o que as crianças queriam registrar.
Procurei, nesta atividade, chamar a atenção das crianças sobre a estrutura do
texto, repetições e substituições de palavras mais adequadas à linguagem escrita.
As crianças demonstraram interesse durante a realização da atividade,
participaram, empenhando-se por deixar o “texto bem escrito”, é lógico, “o melhor
que elas puderam produzir!” Neste sentido, acredito que através dessas atividades
significativas e contextualizadas, as crianças têm a possibilidade de se apropriarem
da linguagem que se usa para escrever, muito antes de saber ler e escrever
convencionalmente.
Ampliando a pesquisa: apresentação de vídeos sobre os animais
aquáticos
Durante o decorrer do projeto, além da pesquisa em livros, revistas e outros
portadores textuais, utilizei também, a apresentação de alguns vídeos sobre os
animais aquáticos. O primeiro deles foi o filme “Criaturas do mar”, um documentário
sobre a vida marinha, no qual as crianças tiveram a oportunidade de conhecer
muitos dos animais que apareciam nas pesquisas. Após assistirmos ao vídeo,
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durante a roda de conversa as crianças socializaram o que haviam descoberto.
Depois, propus às crianças que escrevessem com o alfabeto móvel, o nome de
alguns animais apresentados no vídeo.
Dessa forma, o projeto foi caminhando. As crianças produziram e revisaram
os textos sobre os outros animais que fariam parte do livro.
Após a pesquisa, num dos dias da semana destinados a realização do
projeto, propus algumas atividades que contribuiriam para a elaboração do produto
final e, também, que ajudariam as crianças a pensar sobre a escrita.
Uma dessas atividades foi sobre o “Pingüim”. Após assistirmos ao filme “O
mundo maravilhoso dos Animais – Os pingüins”, as crianças em duplas, escreveram
uma lista sobre a alimentação desse animal, “para não nos esquecermos”, na hora
de produzir o texto.
Elaboração do produto final
Outra atividade desenvolvida na semana foi a escrita do texto revisado para
compor o livro (produto final). Essa atividade foi realizada durante as atividades
diversificadas (cantinhos), quando uma dupla copiava o texto no livro. Como as
crianças foram se empolgando e produzindo textos cada vez com mais informações,
combinei com elas que iriam escrever algumas partes do texto, e nas outras, eu
seria a escriba do grupo.
Geralmente, nesta faixa etária, as crianças não se interessarem por
atividades em que tenham que copiar palavras ou pequenos textos. Contudo, nesse
projeto o envolvimento e o compromisso das crianças era tanto, que muitas me
perguntavam quando seria sua vez de escrever no livro. Nessa atividade, as
crianças tiveram a oportunidade de vivenciar uma situação em que a cópia tem
significado, ou seja, serve como registro das informações. Meu objetivo era que as
crianças percebessem que estávamos elaborando esse livro para alguém, ou seja,
um destinatário real e, dessa forma, era necessário que o texto fosse legível.
No entanto, é evidente que as crianças nessa faixa etária, ainda não têm
condições de pensar sobre questões relativas à pontuação, segmentação de
palavras e, outras questões e, dessa forma houve um respeito por suas produções
no momento da cópia.
Para a escrita do título do texto, ofereci à dupla as letras exatas para a escrita
do nome do animal, pois acredito que dessa forma, poderiam pensar sobre a escrita
e essa atividade seria mais um desafio possível para elas.
Em seguida, faltava ilustrar o livro. Para isso, as crianças escolheram as
figuras dentre aquelas que eu havia trazido e também, entre os desenhos das
próprias crianças. A proposta da atividade foi para que desenhassem sobre o animal
e escrevessem (escrita espontânea) seu nome. A escolha das figuras foi tranqüila, o
que não aconteceu com os desenhos, pois a maioria para não dizer todos,
escolheram suas próprias produções. Para mediar essa situação, propus que os
desenhos de todas as crianças comporiam o livro e, assim, “aceitaram melhor a
situação”.
A etapa seguinte foi a escrita da legenda de algumas ilustrações do livro.
Como havia muitas ilustrações, escolhi algumas que seriam possíveis para as
crianças escreverem seus nomes. Para essa atividade propus o “Jogo do Mexemexe”, ou seja, a dupla recebia um envelope com a ilustração de um dos animais
(igual a do livro) e dentro, as letras necessárias para a escrita do seu nome. As
crianças montavam o nome e em seguida colavam as letras formando a legenda.
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Sempre que utilizamos o jogo como recurso didático, o envolvimento das crianças é
muito bom. Neste sentido, apesar do desafio da escrita, as crianças mostraram-se
bastante motivadas em realizar essa atividade.
As últimas atividades foram a elaboração do índice do livro e a escolha do
título para o produto final. Para a elaboração do índice, retomei a questão da ordem
alfabética e distribuí novamente os nomes dos animais para que as crianças os
organizassem.
Para a escolha do título, com as crianças sentadas na roda, chamei-lhes a
atenção para observarem as capas de diversos livros. Queriam que observassem e
percebessem que todos possuíam um título. Após essa conversa questionei sobre
os títulos que gostariam de colocar em nosso livro e escrevi na lousa as sugestões
apresentadas por elas.
Algumas crianças criaram um título para o livro, outras utilizaram títulos
apresentados durante o projeto. Em seguida as crianças fizeram a votação. Num
primeiro momento, as crianças escolheram os nomes de dois títulos e, depois,
votaram novamente para a escolha final entre os dois títulos mais votados
anteriormente, sendo que o título escolhido foi “Criaturas do Mar”.
Para finalizar a elaboração do produto final, retomamos o cartaz com o
quadro “O que já sabemos/ o que queremos descobrir”, para ter certeza de que o
livro contemplou tudo o que eles desejavam aprender.
A fim de complementar o estudo dos animais aquáticos e procurando utilizar
outras linguagens como forma de expressão, propus às crianças um trabalho com
pintura, colagem e dobraduras para compor “o fundo do mar” (como as crianças
nomearam suas produções). Esse tipo de atividade, trabalhado durante o ano em
outras situações e temas, possibilitava às crianças habilidades e conhecimentos
necessários para a sua realização.
Dessa forma, como estávamos trabalhando dentro de um contexto de
preservação do meio ambiente, as crianças utilizaram embalagens de pizza de
papelão recicláveis para criar suas produções. Após pinta-las com tinta guache,
fizeram dobraduras dos animais aquáticos, complementando a produção com a
colagem de materiais diversos. Essas produções também fariam parte da nossa
exposição.
Afinal chegou o dia da exposição. As crianças mostravam a seus pais o livro
“Criaturas do Mar” e comentavam o que haviam descoberto sobre os animais.
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AVALIAÇÃO/RESULTADOS OBTIDOS
A avaliação aconteceu durante cada etapa do projeto, por meio da
observação e do registro através de atividades relacionadas e também, na
elaboração do próprio produto final, ou seja, o livro sobre os animais pesquisados.
No decorrer do projeto foi importante incentivar o interesse das crianças pela
pesquisa, estimulando-as para que formulassem perguntas, manifestassem opiniões
próprias, buscando informações e confrontando idéias. Foi essencial, também
favorecer as iniciativas individuais e coletivas, acolhendo as suas idéias e
possibilitando que elas fossem colocadas em prática. Procurei garantir, sempre que
possível, o trabalho em grupos, para que as crianças pudessem ser parceiras de
fato, colocando em jogo os saberes individuais, tanto nas atividades de escrita como
nas de leitura.
Considerando as necessidades de aprendizagem e as características da
turma, acredito que este projeto foi uma escolha muito interessante e superou muito
minhas expectativas quanto à participação e aprendizagem das crianças. Fiquei
muito satisfeita ao observar durante o projeto, o envolvimento dos alunos, a
motivação em querer descobrir o que lhes era desconhecido.
Através desse projeto pude observar avanços significativos no processo de
construção de escrita das crianças, como indica a tabela abaixo1:
Final do primeiro
semestre
Final do segundo
semestre
03
02
Silábica sem valor
sonoro convencional
0
0
Silábica com valor
sonoro convencional
11
07
Silábico-alfabética
0
02
Alfabética
0
03
Total de alunos
14
14
Hipótese de Escrita
Pré-silábica
Com relação à leitura, as crianças procuraram utilizar estratégias de leitura
(de antecipação, inferência e verificação) colocando em jogo tudo o que já sabiam
para descobrir o que estava escrito.
1
É importante ressaltar que não era objetivo desse projeto alfabetizar as crianças, pois freqüentavam
a turma de Infantil II e ainda teriam mais um ano na instituição de educação infantil. Entretanto,
partindo-se da concepção de que aprender a ler e a escrever fazem parte de um longo processo,
considero que esse projeto permitiu às crianças ir avançando, cada uma no seu ritmo, através da
participação em práticas sociais de leitura e escrita.
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Destaco como um dos pontos fortes nesse processo de construção da leitura
e escrita, a atividade realizada em duplas, onde cada criança contribuiu e
desequilibrou a outra, a partir dos conhecimentos que já haviam estruturado.
Procurei criar um clima favorável para o trabalho em duplas possibilitando a
interação e as trocas entre elas. Através de atividades de leitura e escrita, utilizando
letras móveis e de jogos como o “mexe-mexe”, as crianças puderam comparar suas
escritas, consultarem-se, corrigirem-se, socializarem suas idéias e conhecimentos.
Neste sentido, é fundamental ressaltar também a importância de se fazer
intervenções adequadas. Ao planejar uma atividade, procurei analisar e refletir sobre
possíveis intervenções para cada situação e, também para cada dupla ou criança.
Outra questão muito importante também foi com relação à linguagem oral. As
crianças produziram textos informativos, respeitando intuitivamente suas
características básicas. Apropriaram-se de vocábulos e expressões próprios dos
textos científicos e passaram a utiliza-los nos textos posteriores. Palavras e
expressões como: “reflexo da água”; “ameaçados de desaparecer”; “superfície da
água”, entre outras, eram utilizadas com naturalidade quando as crianças se
comunicavam com outras pessoas (pais, colegas, professoras e diretora) contando o
que estávamos aprendendo e também, quando ditavam os textos para que eu
escrevesse. Neste sentido, acredito que foi essencial nesse projeto, o investimento
em atividades de leitura, escrita e comunicação oral que tivessem sentido para as
crianças, revestindo-as de seu caráter social.
Houve também um grande avanço nos desenhos das crianças. Elas
procuravam representar em suas produções, as características dos animais
descobertas durante a pesquisa.
Em relação à minha prática pedagógica esse projeto propiciou a reflexão
sobre a ação, permitindo validar minhas concepções sobre a alfabetização e
letramento. Foi importante propor atividades que envolveram a leitura e a escrita de
forma contextualizada e a partir de práticas reais de uso. Neste sentido, considero
que as atividades desenvolvidas durante o projeto, contribuíram para a
aprendizagem torna-se mais prazerosa pelo fato de a escrita ter uma função
significativa.
Em relação ao aluno portador de necessidades especiais, procurei estudar
sobre o autismo para auxiliar no meu cotidiano. Uma das metas que busquei atingir
foi em relação à sua independência (usar o banheiro sozinho, alimentar-se sem
ajuda, vestir-se). Outro desafio foi nas interações com os amigos e com a
professora. Apesar das solicitações dos amigos para que participe de atividades que
envolvem movimento, o Guilherme ainda não estabelece contato com os amigos. No
projeto, sua participação foi solicitada durante as atividades coletivas como rodas de
conversa e de leitura, exibição de vídeos, mas sempre auxiliado por um amigo ou
pela professora. A convivência com o Guilherme me faz compreender que a inclusão
é possível, por acreditar que toda criança é capaz, tem um potencial a ser
desenvolvido, desde que respeitada a singularidade de cada uma.
Por fim, foi muito gratificante o retorno dos pais durante o projeto relatando as
aprendizagens de seus filhos, em especial uma mãe, que escreveu um bilhete na
agenda do seu filho elogiando o trabalho desenvolvido em nossa escola. Acredito
que, neste projeto, as aprendizagens foram significativas e, dessa forma, foram
“além dos muros da escola”.
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ANEXOS
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ANEXO 1 - ATIVIDADES DE LEITURA E ESCRITA DESENVOLVIDAS DURANTE
O PROJETO (EM DUPLAS)
1. ESCRITA DE LISTA DOS ANIMAIS AQUÁTICOS QUE AS CRIANÇAS
CONHECEM (ATIVIDADE INICIAL).
2. LEITURA DE LISTA DOS ANIMAIS AQUÁTICOS. ENCONTRAR OS NOMES
DOS ANIMAIS ESCOLHIDOS PARA PESQUISAR.
3. ESCRITA ESPONTÂNEA: O QUE DESCOBRIU SOBRE O ANIMAL (BALEIAAZUL). ESCRITA DO NOME DO ANIMAL COM LETRAS MÓVEIS (TÍTULO).
4. LEITURA DE LISTA DOS ANIMAIS MAMÍFEROS QUE VIVEM NO MAR.
ESCRITA DOS NOMES DESSES ANIMAIS CONSULTANDO A LISTA.
5. ESCRITA DE LISTA: “O QUE OS PINGÜINS COMEM”.
6. JOGO DO MEXE-MEXE – ESCRITA DE LEGENDAS DAS ILUSTRAÇÕES
DO LIVRO COM LETRAS MÓVEIS.
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ANEXO 2 - REGISTRO DE ATIVIDADES ATRAVÉS DE FOTOS
1. Levantamento dos conhecimentos prévios- primeiro momento: Escrita de
lista dos animais aquáticos que as crianças conhecem.
Socialização das produções na roda.
Elaboração de cartaz (professora como escriba).
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2. Levantamento dos conhecimentos prévios- segundo momento: Elaboração
do Quadro: “O que já sabemos” e “O que queremos descobrir”.
18
3. Elaboração de cartaz com a seqüência em que serão pesquisados os
animais.
Leitura dos alunos dos nomes dos animais (em duplas).
Propor a ordem alfabética para a seqüência dos animais a serem pesquisados.
19
4. Pesquisa em livros, revistas, sites da internet, sobre os animais aquáticos.
Rodas de leitura: leitura da professora de textos informativos sobre os
animais a serem pesquisados.
20
5. Leitura dos alunos no “cantinho da leitura”, durante as atividades
diversificadas, de livros e revistas sobre os animais aquáticos.
21
6. Escrita dos nomes dos animais aquáticos descobertos durante a
apresentação do vídeo: “Criaturas do mar”.
22
7. Produção e revisão de textos sobre os animais aquáticos (professora como
escriba).
23
8. Produção do livro (produto final): escrita do nome do animal pesquisado
com letras móveis e cópia de parte do texto produzido.
24
9. Apresentação do DVD sobre o pingüim: “O mundo maravilhoso dos
animais- Os Pingüins”.
25
10. Desenhos sobre os animais aquáticos pesquisados para ilustrar o livro
(produto final).
26
11. Jogo do Mexe-mexe: envelopes com ilustrações dos animais aquáticos e
letras móveis para escrita dos nomes. Esse jogo foi utilizado como estratégia
para a escrita de algumas legendas das ilustrações do livro.
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12. Elaboração do índice. Retomar a ordem alfabética.
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13. Escolha do título do livro.
Votação.
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14.
Conclusão e socialização do livro (produto final) com os amigos.
Retomar o quadro: “O que já sabemos” e o que “queremos descobrir”.
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15. Artes Visuais: produção de dobraduras dos animais aquáticos, pintura com
tinta guache e colagens de matérias diversos – “O fundo do mar”
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16. Apresentação do livro aos pais na exposição do “Projeto Meio Ambiente”.
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ANEXO 3 – PRODUÇÕES ESCRITAS DOS ALUNOS
Essas produções escritas (sondagens individuais) fazem parte de um
portifólio individual que é apresentado aos pais durante entrevistas individuais,
semestrais, para acompanhar a evolução na aprendizagem de cada criança,
juntamente com um relatório descritivo. O portifólio (que chamamos de “dossiê do
aluno”) é entregue aos pais no final do ano. Essa sondagem tem também como
objetivos orientar a prática pedagógica do professor, para que acompanhe a
aprendizagem das crianças, planeje atividades adequadas para cada uma,
intervenções e situações desafiadoras . Essas produções possibilitaram também
formar as “duplas” de acordo com as hipóteses de escrita em que se encontravam.
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ANEXO 4 – BILHETE DE UMA MÃE SOBRE O TRABALHO DESENVOLVIDO
PELA ESCOLA.
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RELATO - PROJETO “CRIATURAS DO MAR”