A M B I E N T E ÁGUAS DO DOURO E PAIVA 71 Rumo à harmonização A qualidade do serviço prestado aos municípios, a eficiência energética, a manutenção do equilíbrio financeiro e a sensibilização dos cidadãos para a correta utilização da água são as grandes bandeiras da Águas do Douro e Paiva, empresa que brevemente se vai fundir com outras três entidades, dando origem à Águas do Norte. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: AdDP/Virgínia Ferreira N um momento em que o setor da água em Portugal está em processo de transformação, na persecução de um futuro marcado pela sustentabilidade económica e ambiental, a Águas do Douro e Paiva (AdDP) já está a trabalhar na criação de uma empresa – a Águas do Norte – que permitirá dar importantes passos rumo à harmonização das tarifas aplicadas aos municípios. “O que se passa em Portugal é que a tarifa da venda de água em alta (água que é transportada, já tratada, até à entrada das cidades ou povoações) é muito diferente, o que acaba por ter repercussões no preço da água vendida aos consumidores”, explicou Álvaro Castello-Branco, presidente do Conselho de Administração da AdDP. Desta forma, notou, é fundamental para o país que a tarifa seja harmonizada, ou seja, que quem vive no Algarve ou em Trás-os-Montes pague a água ao mesmo preço daqueles que vivem na região do Porto, o que não acontece atualmente. “Há uma grande preocupação do poder político para que a água tenha uma tarifa harmonizada em Portugal e, para isso, estão a dar-se passos que são importantes: está a ser preparada uma fusão de empresas”, esclareceu. Neste momento, o grupo Águas de Portugal é composto por 17 empresas que vão dar origem a apenas quatro. Tal como explicou o responsável da AdDP, no norte, os sistemas multimunicipais Douro e Paiva, Noroeste e de Trás-os-Montes e o sistema multimunicipal de saneamento SIMDOURO vão fundir-se num só. “Isto significa a harmonização, em cinco anos, da tarifa em toda a região”, realçou. Ainda assim, segundo salientou Álvaro CastelloBranco, o processo de fusão em curso será fundamental não só devido à questão das tarifas. “A reestruturação é extremamente importante para o futuro do setor em Portugal. Neste momento, as câmaras municipais devem 555 milhões de euros ao grupo Águas de Portugal. Esta dívida aumenta todos os meses em alguns milhões e isto viria a tornar-se insustentável”, assegurou. Desta forma, está na Assembleia a República (AR) uma proposta de lei que pretende resolver a questão do acumular da dívida – a fatura detalhada. “Trata-se de uma fatura na qual vem discriminado o valor em alta e em baixa, ou seja, o consumidor paga exatamente a mesma coisa, só que o dinheiro que tem a pagar vem decomposto, sendo que as Águas de Portugal passam a receber diretamente a parte correspondente à alta”, explicou o presidente. Outra questão a ter em conta é a do chamado défice tarifário (diferença entre a tarifa que se pratica e o real custo da água) “que é também de algumas centenas de milhões de euros.” “Há muitos locais em que a tarifa é inferior ao custo existente para fazer lá chegar a água e isso resulta num défice enorme, em termos de perda para o Grupo”, esclareceu, assegurando que a fusão conseguirá resolver o problema, uma vez que, com as novas tarifas, as previsões apontam para que a Águas do Norte consiga recuperar todo o défice tarifário atualmente existente. Manter a qualidade e o equilíbrio financeiro Entretanto, para este ano, os objetivos da Águas do Douro e Paiva já estão plenamente definidos. “Pretendemos continuar a fornecer os nossos 20 municípios em ótimas condições de qualidade. Nos parâmetros de certificação, a empresa apresenta um grau de qualidade que ronda os 99%. Manter esses padrões de eficiência é o primeiro grande objetivo da AdDP”, sustentou Álvaro Castello-Branco. Além disso, frisou, a segunda meta será a de conservar os resultados financeiros da entidade. “Esta é uma empresa que não dá prejuízo, conseguimos atingir o equilíbrio e, por isso, queremos manter os índices financeiros alcançados”, salientou. REVISTA VIVA, MARÇO 2013 A M B I E N T E Inovação, eficiência energética e educação são apostas constantes A preocupação com a renovação de equipamentos e a aprendizagem de novas soluções é de tal forma valorizada no setor português da água que o transformou num “dos mais avançados da Europa”. “Estamos na vanguarda, em termos técnicos e de inovação”, referiu o responsável, acrescentando que, neste momento, a fatura energética – “que tem aumentado brutalmente” – está no centro de todas as atenções. “A fatura cresceu não pelo facto de gastarmos mais energia, mas porque o preço da mesma tem subido”, explicou, referindo que aquela despesa representa 36% dos custos da AdDP. “Por isso, temos muita atenção nesta área e procuramos sempre uma maior eficiência energética, inovando o mais possível para podermos baixar a fatura”, afirmou. A eficiência ambiental é outras das prioridades que norteia o desempenho da empresa. “Procuramos transmitir às pessoas – através dos projetos ambientais e do Centro de Educação Ambiental – os valores corretos para a utilização da água. Estamos num negócio sui generis, na medida em que não nos satisfaz vender o mais possível, mas sim vender exatamente o que é necessário, de forma a não desperdiçar um recurso natural que é essencial para a vida”, referiu o presidente do Conselho de Administração da empresa. Os resultados obtidos no trabalho de sensibilização da comunidade, esses, “têm sido bastante bons”, refletindo-se, desde logo, na adesão ao Programa Integrado de Educação Ambiental: A Água e os Nossos Rios - Projeto “Mil Escolas” e ao Centro de Educação Ambiental. “Dirigimo-nos às camadas jovens porque são aquelas que aprendem mais facilmente, as que estão mais abertas ao conhecimento e é uma forma de darmos um importante contributo para a construção das gerações futuras”, concluiu o responsável.