A M B I E N T E
ÁGUAS DO DOURO E PAIVA
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Rumo à
harmonização
A qualidade do serviço prestado aos municípios, a
eficiência energética, a manutenção do equilíbrio
financeiro e a sensibilização dos cidadãos para
a correta utilização da água são as grandes
bandeiras da Águas do Douro e Paiva, empresa
que brevemente se vai fundir com outras três
entidades, dando origem à Águas do Norte.
Texto: Mariana Albuquerque
Fotos: AdDP/Virgínia Ferreira
N
um momento em que o setor da
água em Portugal está em processo de transformação, na persecução de um futuro marcado
pela sustentabilidade económica
e ambiental, a Águas do Douro e
Paiva (AdDP) já está a trabalhar na criação de
uma empresa – a Águas do Norte – que permitirá
dar importantes passos rumo à harmonização
das tarifas aplicadas aos municípios. “O que se
passa em Portugal é que a tarifa da venda de água
em alta (água que é transportada, já tratada, até
à entrada das cidades ou povoações) é muito
diferente, o que acaba por ter repercussões
no preço da água vendida aos consumidores”,
explicou Álvaro Castello-Branco, presidente do
Conselho de Administração da AdDP. Desta forma,
notou, é fundamental para o país que a tarifa seja
harmonizada, ou seja, que quem vive no Algarve
ou em Trás-os-Montes pague a água ao mesmo
preço daqueles que vivem na região do Porto, o
que não acontece atualmente.
“Há uma grande preocupação do poder político
para que a água tenha uma tarifa harmonizada
em Portugal e, para isso, estão a dar-se passos
que são importantes: está a ser preparada uma
fusão de empresas”, esclareceu. Neste momento,
o grupo Águas de Portugal é composto por 17
empresas que vão dar origem a apenas quatro. Tal
como explicou o responsável da AdDP, no norte, os
sistemas multimunicipais Douro e Paiva, Noroeste
e de Trás-os-Montes e o sistema multimunicipal
de saneamento SIMDOURO vão fundir-se num só.
“Isto significa a harmonização, em cinco anos,
da tarifa em toda a região”, realçou.
Ainda assim, segundo salientou Álvaro CastelloBranco, o processo de fusão em curso será fundamental não só devido à questão das tarifas. “A
reestruturação é extremamente importante para
o futuro do setor em Portugal. Neste momento,
as câmaras municipais devem 555 milhões de
euros ao grupo Águas de Portugal. Esta dívida
aumenta todos os meses em alguns milhões e
isto viria a tornar-se insustentável”, assegurou.
Desta forma, está na Assembleia a República
(AR) uma proposta de lei que pretende resolver a questão do acumular da dívida – a fatura
detalhada. “Trata-se de uma fatura na qual vem
discriminado o valor em alta e em baixa, ou seja,
o consumidor paga exatamente a mesma coisa,
só que o dinheiro que tem a pagar vem decomposto, sendo que as Águas de Portugal passam
a receber diretamente a parte correspondente
à alta”, explicou o presidente.
Outra questão a ter em conta é a do chamado
défice tarifário (diferença entre a tarifa que se
pratica e o real custo da água) “que é também
de algumas centenas de milhões de euros.” “Há
muitos locais em que a tarifa é inferior ao custo
existente para fazer lá chegar a água e isso resulta num défice enorme, em termos de perda para
o Grupo”, esclareceu, assegurando que a fusão
conseguirá resolver o problema, uma vez que,
com as novas tarifas, as previsões apontam para
que a Águas do Norte consiga recuperar todo o
défice tarifário atualmente existente.
Manter a qualidade e o
equilíbrio financeiro
Entretanto, para este ano, os objetivos da Águas
do Douro e Paiva já estão plenamente definidos.
“Pretendemos continuar a fornecer os nossos
20 municípios em ótimas condições de qualidade. Nos parâmetros de certificação, a empresa
apresenta um grau de qualidade que ronda os
99%. Manter esses padrões de eficiência é o
primeiro grande objetivo da AdDP”, sustentou
Álvaro Castello-Branco. Além disso, frisou, a
segunda meta será a de conservar os resultados
financeiros da entidade. “Esta é uma empresa que
não dá prejuízo, conseguimos atingir o equilíbrio e,
por isso, queremos manter os índices financeiros
alcançados”, salientou.
REVISTA VIVA, MARÇO 2013
A M B I E N T E
Inovação, eficiência
energética e educação são
apostas constantes
A preocupação com a renovação de equipamentos
e a aprendizagem de novas soluções é de tal forma valorizada no setor português da água que o
transformou num “dos mais avançados da Europa”.
“Estamos na vanguarda, em termos técnicos e de
inovação”, referiu o responsável, acrescentando
que, neste momento, a fatura energética – “que
tem aumentado brutalmente” – está no centro
de todas as atenções. “A fatura cresceu não pelo
facto de gastarmos mais energia, mas porque o
preço da mesma tem subido”, explicou, referindo
que aquela despesa representa 36% dos custos
da AdDP. “Por isso, temos muita atenção nesta
área e procuramos sempre uma maior eficiência
energética, inovando o mais possível para podermos baixar a fatura”, afirmou.
A eficiência ambiental é outras das prioridades que
norteia o desempenho da empresa. “Procuramos
transmitir às pessoas – através dos projetos
ambientais e do Centro de Educação Ambiental
– os valores corretos para a utilização da água.
Estamos num negócio sui generis, na medida
em que não nos satisfaz vender o mais possível,
mas sim vender exatamente o que é necessário,
de forma a não desperdiçar um recurso natural
que é essencial para a vida”, referiu o presidente
do Conselho de Administração da empresa. Os
resultados obtidos no trabalho de sensibilização
da comunidade, esses, “têm sido bastante bons”,
refletindo-se, desde logo, na adesão ao Programa
Integrado de Educação Ambiental: A Água e os
Nossos Rios - Projeto “Mil Escolas” e ao Centro
de Educação Ambiental. “Dirigimo-nos às camadas jovens porque são aquelas que aprendem
mais facilmente, as que estão mais abertas ao
conhecimento e é uma forma de darmos um
importante contributo para a construção das
gerações futuras”, concluiu o responsável.
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Rumo à harmonização - Águas do Douro e Paiva