UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL VIVIANE ALVES DE OLIVEIRA MAIA IMUNOEXPRESSÃO DO EGFR E DA PODOPLANINA EM CISTOS RADICULARES E DENTÍGEROS Natal/RN 2014 Viviane Alves de Oliveira Maia IMUNOEXPRESSÃO DO EGFR E DA PODOPLANINA EM CISTOS RADICULARES E DENTÍGEROS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Patologia Oral. Orientador: Profº Dr. Bruno César de Vasconcelos Gurgel. Co-orientadora: Profª. Drª Roseana de Almeida Freitas. Natal/RN 2014 “Um dia você entende que o tempo não é inimigo. E que ele é o nosso maior mestre. Que tudo vem na hora que deve vir. Que não adianta espernear nem se esconder da vida. Que a fuga não é a melhor saída. E que no fim das contas a gente sempre acaba agradecendo tudo que passou. Porque o tempo (ah, o tempo!) está sempre ao nosso lado, para nos mostrar o que realmente vale a pena.” (Autor desconhecido) Dedicatória DEDICATÓRIA Com muito amor e carinho dedico este trabalho... Ao meu marido, amor, cúmplice, companheiro e confidente Marcus Fábio Maia, pela ajuda, compreensão e apoio em todos os momentos. Aos meus pais Marlene e Elismar que me ensinaram e me apoiaram em todas as etapas na busca do conhecimento e, que nos últimos anos, mesmo de longe, mas totalmente presentes, me inspiram, me abençoam, me incentivam e me impulsionam na busca e realização dos meus sonhos. Pelo amor constante e incondicional. Aos meus irmãos Vagner e Vanessa, que fazem com que minha família seja completa e realizada, pelo amor entre nós, e por festejarem comigo cada conquista. Agradecimentos Aos meus amigos de mestrado Thâmara, Andréia, Luciana, Tais, Tiago, Maria Luiza, Luiz Eduardo e Marcelo pelo companheirismo, ajuda e prestabilidade. Por serem verdadeiros amigos, dando apoio nas horas ruins, comemorando as horas felizes e fornecendo incentivo, enfim, fazendo o fardo do dia-adia ficar mais leve. Por serem confidentes e por formarem a família que eu tanto precisava aqui em Natal. Vocês me completaram e, com certeza, cada um de modo especial, será sempre lembrado e merecem meu muito obrigada. Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Bruno César de Vasconcelos Gurgel, e à minha coorientadora Prof. Dra. Roseana de Almeida Freitas, pela dedicação, compreensão, companheirismo, amizade e doação. A Bruno, por saber me entender, respeitar minhas opiniões, compartilhar seus conhecimentos de forma aberta, pela extrema prestabilidade, e por aceitar encarar comigo esse desafio, que com certeza nos serviu de grande aprendizado. A Roseana, por aceitar ser o apoio essencial, que com carinho e de forma especial me acolheu como filha, me ouvindo, ajudando na orientação e nos completando com seu imenso conhecimento e solicitude. À Melka, em especial, por ser sempre solícita, por me ajudar com sua extrema organização, seus caderninhos e sua gentileza. Às doutorandas, Denise, Aninha, Bárbara, Clarissa, Natália, Roseane, Keila, Cintia e Emeline por fornecerem ajuda e compartilharem seus conhecimento sempre que solicitadas. Por fazerem parte do nosso dia-a-dia compartilhando e vivenciando cada aflição, dúvida, alegrias, comemorações e conquistas. AGRADECIMENTOS Primeiramente e, sobretudo, a Deus, por me conceder força para realizar meus sonhos, e por abençoar e guiar todos os meus passos. A ELE toda honra e toda glória por toda essa bênção. Toda conquista só é alcançada com a ajuda de pessoas especiais, verdadeiros anjos que se fazem presentes em nossa vida, não só nos concedendo apoio essencial, mas por comemorarem e se orgulharem de cada vitória. Aos meus anjos, merecidos agradecimentos sejam prestados: A Marcus Fábio Maia, por ser meu companheiro, incentivador e impulsionador para essa realização, que com certeza também é dele. Pela doação, ajuda e compreensão nos momentos de ausência e muito trabalho. Por toda a batalha vencida juntos, o que tornou meus momentos e minha vida mais felizes, leves e completamente realizadas. Aos meus pais Elismar e Marlene por me educarem e incentivarem para o estudo. Por compreenderem minha ausência e mesmo assim me concederem amor pleno, que me impulsiona na realização dos meus sonhos. Pela educação, dedicação e compromisso que os fazem exemplos para minha vida, e a quem eu tenho imenso orgulho e dedico cada realização, que só é conseguida com a ajuda incondicional prestada por eles. Aos meus irmãos Vagner e Vanessa por torcerem pela minha felicidade e por fazerem minha família ser linda como é. Aos queridos funcionários Gracinha, Lurdinha, Sandrinha, Hévil, Ricardo e Idel pela solicitude, prestabilidade e carinho com que nos ajudam, o que os tornam especiais e essenciais nesta conquista. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Profa. Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira, Profa. Dra. Hébel Cavalcanti Galvão, Prof. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, Profa. Dra. Lélia Batista de Souza, Prof. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, Profa. Dra. Ana Myriam Costa de Mederiros pela dedicação, disponibilidade e amor à Patologia Oral. À minha ex-professora Tânia Regina Grão Velloso por ter dispertado em mim o interesse pela Patologia Oral. Aos amigos de perto e de longe que torceram, torcem e se alegram com cada vitória. Em especial Raquel e Hilton por me incentivarem, serem amigos, fornecerem apoio e sempre terem uma palavra de alegria e força. Por me concederem a honra de ser madrinha do lindo e especial Luiz Fernando. Ao apoio e incentivo financeiro fornecidos pela cursar o mestrado e realizar esta pesquisa. CAPES, que me permitiram Resumo RESUMO Os cistos radiculares (CRs) e dentígeros (CDs), apesar de possuírem etiologias diferentes, formam uma cavidade patológica revestida por epitélio, a qual cresce em função do acúmulo de líquido em seu interior, à medida que o osso ao redor é reabsorvido e o epitélio vai sendo induzido a proliferar. A proliferação epitelial, que tem sido apontada como um dos processos determinantes no crescimento das lesões císticas odontogênicas, é influenciada por fatores de crescimento como o EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico) e a podoplanina (PDPN), muitos dos quais podem ter sua produção estimulada principalmente durante processos inflamatórios. O objetivo desta pesquisa foi avaliar e comparar a expressão imunoistoquímica do EGFR e da PDPN em 30 casos de CRs e 30 casos de CDs, de forma semiquantitativa, em microscopia de luz, associando-a com o grau de inflamação, localização celular da imunocoloração e com as camadas epiteliais imunomarcadas. Os dados foram avaliados estatisticamente por meio de testes do Qui-quadrado e Exato de Fisher, considerando-se um nível de significância de 5%. Os resultados mostraram que houve elevada imunorreatividade das duas proteínas nas lesões estudadas, sendo observada apenas diferença estatística significativa na imunoexpressão da PDPN (p=0,033), que se mostrou mais elevada nos CRs. Os demais parâmetros analisados não demonstraram diferenças significativas relevantes. Conclui-se que, como o EGFR e a PDPN apresentaram elevada imunoexpressão nas lesões císticas analisadas, essas proteínas participam da patogênese dessas lesões através da estimulação epitelial, apesar de apresentarem etiologias diferentes. Além disso, pode-se inferir que a maior imunomarcação da PDPN em CRs do que em CDs não se mostrou indicador de distinção entre as duas lesões, com relação às suas etiologias, uma vez que nestes últimos essa proteína também apresentou expressão considerável, independente da intensidade do infiltrado inflamatório. Palavras-chave: Cistos odontogênicos. Cisto dentígero. Cisto radicular. EGFR. Podoplanina. Imunoistoquímica. Abstract ABSTRACT The radicular cysts (RCs) and dentigerous (DCs), despite having different etiologies, form a pathological cavity lined by epithelium, which grows due to the buildup of fluid inside, as the surrounding bone is reabsorbed and the epithelium will being induced to proliferate. The epithelial proliferation, which has been identified as one of the key processes in the growth of odontogenic cystic lesions, is influenced by growth factors such as EGFR (epidermal growth receptor factor) and podoplanin (PDPN), many of which may have its production stimulated mainly during inflammatory processes. The objective of this research was to evaluate and compare the immunohistochemical expression of EGFR and PDPN in 30 cases of RCs and 30 cases of DCs, semiquantitatively, in light microscopy, associating it with the degree of inflammation, cellular localization of immunostaining and with the immunostained epithelial layers. Data were statistically analyzed by Chi-square test and Fisher exact test, considering a significance level of 5 %. The results showed high immunoreactivity of both proteins in the lesions studied, only statistically significant difference was observed in immunostaining of PDPN (p=0.033), which proved higher in RCs. The other analyzed parameters showed no relevant significant differences. We conclude that, as EGFR and PDPN showed high immunoreactivity in cystic lesions analyzed, these proteins participate the pathogenesis of these lesions through the epithelial stimulation process, despite having different etiologies. Furthermore, it can infer that the higher immunostaining of PDNP in RCs that DCs showed no distinction indicator between the two lesions, regarding their etiologies, once this protein also showed a considerable expression in DCs, independent of the intensity of the inflammatory infiltrate. Keywords: Odontogenic Cysts. Dentigerous cyst. Radicular cyst. EGFR. Podoplanin. Immunohistochemistry. Lista de Ilustrações LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Ilustração da análise do infiltrado inflamatório em CRs e CDs, segundo metodologia adaptada do estudo de Tsai et al. (2004)............................................................................................ 57 Figura 2: Características morfológicas dos CRs e CDs............................... 75 Figura 3: Imunoexpressão do EGFR em CRs.............................................. 76 Figura 4: Imunoexpressão do EGFR em CDs.............................................. 77 Figura 5: Imunoexpressão da PDPN em CRs.............................................. 78 Figura 6: Imunoexpressão da PDPN em CDs.............................................. 79 Quadro 1: Classificação das variáveis dependentes. Natal-RN, 2014........... 55 Quadro 2: Classificação das variáveis independentes. Natal-RN, 2014........ 55 Quadro 3: Especificações dos anticorpos primários utilizados na pesquisa. Natal-RN, 2014.............................................................................. 58 Lista de Tabelas LISTA DE TABELAS Tabela 1: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014............................................................................... Tabela 2: Distribuição dos escores de imunomarcação para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014.................................................. Tabela 3: 65 Distribuição das camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014....................................... Tabela 5: 64 Distribuição da localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014....................................... Tabela 4: 63 Distribuição dos escores intensidade do infiltrado de imunomarcação inflamatório, com localização relação celular 65 à da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014.............................................. Tabela 6: Distribuição dos escores intensidade do infiltrado de imunomarcação inflamatório, com localização relação celular 66 à da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014.............................................. Tabela 7: 67 Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014.......................................................................... Tabela 8: 68 Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014.......................................................................... Tabela 9: 68 Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014............................................................................... Tabela 10: 69 Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014............................................................................... Tabela 11: 69 Distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas nos casos de CRs. Natal-RN, 2014......................................................................................................... Tabela 12: 71 Distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas nos casos de CDs. Natal-RN, 2014......................................................................................................... Tabela 13: 71 Teste Exato de Fisher entre escores de imunomarcação do EGFR e da PDPN quanto aos tipos de cistos analisados. Natal-RN, 2014.......... 72 Tabela 14: Associação da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas, de acordo com o Teste de Qui-quadrado/Exato de Fisher para os casos de CRs. Natal-RN, 2014........................................................................................ Tabela 15: 73 Associação da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas, de acordo com o Teste Exato de Fisher para os casos de CDs. Natal-RN, 2014............ 74 Lista de Abreviaturas e Siglas LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AKT: Proteína cinase B. BEH: Bainha epitelial de Hertwig. CD: Cisto dentígero. CD-105: Glicoproteína transmembranar expressa sobre as células endoteliais vasculares ativadas. CEA: Antígeno carcinoembriogênico. CEO: Carcinoma epidermóide oral. c-erbB-1: Primeiro membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de EGFR e HER-1. c-erbB-2: Segundo membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de HER-2. c-erbB-3: Terceiro membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de HER-3. c-erbB-4: Quarto membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de HER-4. CNS: Conselho Nacional de Saúde. CONEP: Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. COO: Cisto odontogênico ortoceratinizado. CR: Cisto radicular. D2-40: Clone monoclonal do anticorpo anti-podoplanina. DVL: Densidade de vasos linfáticos. E-11: Glicoproteína do tipo mucina expressa em células endoteliais linfáticas. EGF: Do inglês epidermal growth factor, traduzido como fator de crescimento epidérmico. É um fator de crescimento que estimula o crescimento celular, proliferação e diferenciação por se ligar ao seu receptor EGFR. EGFR: Do inglês epidermal growth factor receptor, traduzido como receptor do fator de crescimento epidérmico. erbB: Familia de receptores de tirosina cinase a qual pertence o receptor do fator de crescimento epidérmico. Sinônimo de Família HER. EROE: FGF: Epitélio reduzido do órgão do esmalte. Do inglês fibroblast growth factor, traduzido como fator de crescimento de fibroblastos. FP: Folículo pericoronário. GP: Granuloma periapical. GP38: Glicoproteína do tipo mucina expressa em células fibroblásticas reticulares de órgãos linfóides e células epiteliais tímicas. HE: Hematoxilina/Eosina. HER: Familia de receptores de tirosina cinase a qual pertence o EGFR. Sinônimo de família erbB. HER-1: Primeiro membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de EGFR e c-erbB-1. HER-2: Segundo membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de c-erbB-2. HER-3: Terceiro membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de c-erbB-3. HER-4: Quarto membro da família erbB/HER dos receptores de tirosona cinase. Sinônimo de c-erbB-4. ICAM-1: Do inglês Intercellular adhesion molecule 1, traduzido como molécula de adesão intercelular 1. MDV: Microdensidade vascular. MMP(s): Do inglês matrix metalloproteinasis, traduzido como metaloproteinase(s) de matriz. MMP-13: Do inglês matrix metalloproteinasis 13, traduzido como metaloproteinase(s) de matriz 13. MMP-9: Do inglês matrix metalloproteinasis 9, traduzido como metaloproteinase(s) de matriz 9. OE: Órgão do esmalte. OTS-8 Glicoproteína do tipo mucina, expressa quando induzida por molécula de osteoblastos após tratamento do éster de forbol e Aggrus, um fator de agregação plaquetária. p63: Grupo de aproximadamente seis proteínas que são produzidas em um único gene, devido à utilização de dois promotores e splicings alternativos. Membro da família da ptoteína p53. PA2.26: Glicoproteína do tipo mucina, que é regulada positivamente nos queratinócitos da pele após lesão. PCNA: Do inglês proliferating cell nuclear antigen, traduzida como antígeno nuclear de proliferação celular. PDGF: Do inglês platelet-derived growth factor, traduzido como fator de crescimento derivado de plaquetas. PDPN: Podoplanina. Ras: Transdutor de sinal extracelular, responsável pela transmissão de informações da membrana celular para o núcleo. Ras-Raf: Tipo de via de sinalização celular MAPK. RE: Retículo estrelado. REM: Restos epiteliais de Malassez. RhoA GTPase: Membro da família GTPases Rho envolvida na sinalização da proteína G. T1a/rTI40: Marcador molecular de células epiteliais alveolares do tipo I. T1α-2: Antígeno expresso sobre a superfície apical das células alveolares pulmonares do tipo I. TGF-α: Do inglês transforming growth factor alpha, traduzido como fator de crescimento transformante alfa. TGF-β: Do inglês transforming growth factor beta, traduzido como fator de crescimento transformante beta. TOA: Tumor odontogênico adenomatóide. TOC: Tumor odontogênico calcificante. TOEC: Tris-HCL: Tumor odontogênico epitelial calcificante. Do inglês Tris (hydroxymethyl) aminomethane hydrochloride. Reagente essencial na formulação de tampões para estabilização e eletroforese de moléculas biológicas. UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sumário SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 27 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................ 30 2.1 CISTO RADICULAR ......................................................................... 30 2.2 CISTO DENTÍGERO ........................................................................ 36 2.3 EGFR ................................................................................................ 39 2.4 PODOPLANINA ................................................................................ 45 3 PROPOSIÇÃO ................................................................................. 53 4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................... 55 4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................ 55 4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................. 55 4.2.1 Variáveis .......................................................................................... 55 4.3 POPULAÇÃO ................................................................................... 56 4.4 AMOSTRA ........................................................................................ 56 4.4.1 Critérios de seleção da amostra ................................................... 56 4.4.1.1 Critérios de inclusão da amostra ...................................................... 56 4.4.1.2 Critérios de exclusão da amostra ..................................................... 56 4.5 ESTUDO MORFOLÓGICO .............................................................. 57 4.6 ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO ...................................................... 58 4.7 ANÁLISE IMUNOISTOQUÍMICA ...................................................... 60 4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................. 60 5 RESULTADOS ................................................................................. 63 5.1 RESULTADOS DO ESTUDO MORFOLÓGICO ............................... 63 5.2 RESULTADOS DO ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO ...................... 63 5.3 RESULTADOS DA ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................... 72 6 DISCUSSÃO .................................................................................... 81 CONCLUSÕES ................................................................................ 92 REFERÊNCIAS ............................................................................... 94 APÊNDICES ..................................................................................... 101 ANEXO ............................................................................................. 104 Introdução 25 1 INTRODUÇÃO Os cistos são cavidades patológicas revestidas por epitélio contendo em seu interior um material líquido ou semi-líquido. São classificados em cistos odontogênicos e não odontogênicos, sendo os odontogênicos aqueles em que os remanescentes epiteliais da odontogênese dão origem à lesão. Os cistos odontogênicos podem ainda ser subclassificados, de acordo com a etiologia, em cistos de desenvolvimento e cistos inflamatórios. Os cistos de desenvolvimento apresentam estímulo indutor desconhecido e os inflamatórios, como o próprio nome sugere, são resultantes de um estímulo inflamatório (MORAES et al., 2013). O cisto radicular (CR) é um cisto odontogênico inflamatório que surge a partir de um granuloma periapical (GP) preexistente, por indução dos restos epiteliais de Malassez (REM) (MARTINS NETO; DANESI; UNFER, 2004; SCHULZ et al., 2009). O cisto dentígero (CD) é um cisto odontogênico de desenvolvimento que está aderido à região cervical (junção amelo-cementária) de um dente não-erupcionado, envolvendo sua coroa (NEVILLE et al., 2009). Ele surge pelo acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte (EROE) e a coroa de um dente incluso (XU et al., 2011), através da proliferação de remanescentes do órgão do esmalte (OE) ou do EROE (epitélio reduzido do órgão do esmalte) (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2008). Apesar de os cistos odontogênicos serem considerados as lesões destrutivas mais comuns do esqueleto facial, os mecanismos responsáveis pelo seu crescimento ainda não são completamente esclarecidos. Acredita-se que a formação destes está relacionada com a proliferação de restos epiteliais, que são ativados pela liberação de citocinas e/ou fatores de crescimento, produzidos principalmente durante processos inflamatórios (ISAAC et al., 2010; MORAES et al., 2011), sendo seu crescimento acompanhado pela liberação de fatores de reabsorção do osso e aumento da osmolaridade do fluido cístico (TAMGADGE et al., 2011; LIMA et al., 2013). No processo de proliferação epitelial e crescimento cístico merece destaque o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) e, mais recentemente, especula-se que a podoplanina (PDPN) também possa estar envolvida. O EGFR é uma glicoproteína transmembranar cuja ligação ao fator de crescimento transformante alfa (TGF-α) e ao fator de crescimento epidérmico (EGF) 27 conduz a ativação de vias de transdução de sinal que estão envolvidos na regulação e diferenciação da proliferação celular epitelial (LIN et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2011). A PDPN é uma glicoproteína transmembranar do tipo mucina que, embora tenha sido considerada como um imunomarcador específico para células endoteliais linfáticas, sua expressão também tem sido demonstrada em várias células normais, bem como em células neoplásicas (ASTARITA; ACTON; TURLEY, 2012). Especulase que essas duas proteínas possam estar relacionadas com lesões císticas e neoplásicas odontogênicas, através da estimulação epitelial (LIN et.al., 2007; ZUSTIN; SCHEUER; FRIEDRICH, 2010; OLIVEIRA et al., 2011). Apesar de etiologias diferentes, CRs e CDs podem exibir uma faixa estreita ou extensa de inflamação primária ou secundária, respectivamente, e é possível que variações vistas na cápsula fibrosa destes cistos, com relação ao infiltrado inflamatório, possam refletir diferenças na atividade de crescimento destas lesões (MORAES et al., 2011). Assim, estudos que auxiliem na compreensão do envolvimento do EGFR e da PDPN no processo de crescimento e expansão das lesões císticas odontogênicas tornam-se necessários, sobretudo em CRs e CDs, que são as mais prevalentes e que, apesar disso, apresentam reduzido número de trabalhos publicados nesse sentido. A técnica de imunoistoquímica tem sido muito utilizada, analisando não somente a quantidade de células que expressam essas proteínas, mas também o padrão da imunoexpressão, ou seja, através da análise da localização celular da imunocoloração e das camadas epiteliais imunomarcadas. Vale pesquisar ainda se o processo é dependente ou não da intensidade do infiltrado inflamatório. Diante disso, o objetivo desta pesquisa foi avaliar e comparar a expressão imunoistoquímica do EGFR e da PDPN em CRs e CDs, assim como associar essa imunoexpressão com o grau da inflamação, localização celular da imunomarcação e camadas epitelias imunomarcadas. Pretendeu-se que os resultados contribuíssem para o melhor entendimento da participação dessas proteínas na patogênese das lesões císticas analisadas. 28 Revisão de Literatura 25 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CISTO RADICULAR Cistos odontogênicos são as lesões com destruição óssea mais comuns da região maxilofacial (SANTOS et al., 2011; MORAES et al., 2011), sendo que os CRs constituem a maior parte destes (LATOO et al., 2009; SELVAMANI et al, 2012). O CR também tem sido designado como cisto periodontal apical, apical ou periapical (TOMMASI, 2002). É um cisto odontogênico inflamatório que tem como etiologia principal a cárie dentária (SANTOS et al., 2006; REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2008). Segundo Brave et al. (2011), esses cistos podem ocorrer na região periapical de todos os dentes, em qualquer idade, mas raramente é visto associado com a dentição decídua. Ocorrem mais comumente entre a terceira e a quinta décadas de vida, com maior prevalência em homens do que em mulheres, e maior frequência na região anterior da maxila. Taylor et al. (2002) relataram que, em geral, são assintomáticos nas etapas iniciais, a menos que sejam infectados secundariamente ou alcancem um tamanho significativo. Gibson et al. (2002) descreveram ainda que, nestas situações, podem ocorrer tumefação, sensibilidade, mobilidade e/ou deslocamento dental. Quando a cárie atinge porções mais profundas do dente ocorre um ataque bacteriano massivo e uma resposta inflamatória intensa, estando a polpa com suas funções vitais ameaçadas. O processo inflamatório causa elevação da pressão nos canais radiculares que juntamente com o acúmulo de mediadores, pode causar dano vascular, aumento da inflamação e necrose tecidual (GARCÍA et al., 2007; NEVILLE et al., 2009). No processo de necrose pulpar, bactérias, seus subprodutos e mediadores da inflamação se acumulam no sistema de canais radiculares e podem se difundir além do forame apical, produzindo lesões nos tecidos periodontais. Desta forma, mesmo em estágios iniciais de inflamação da polpa dentária, como em resposta a uma exposição por cárie, alterações no tecido periapical podem ser observadas como perda da lâmina dura, desenvolvimento de uma pequena área radiotransparente associada a um infiltrado inflamatório e aumento do número de osteoclastos. Porém, 30 lesões maiores somente ocorrem se a polpa necrosada sofrer uma invasão de microrganismos pela câmara pulpar e ocorrer uma grande multiplicação bacteriana (BERGENHOLTZ; BINDSLEV; REIT, 2006). A lesão periapical representa uma resposta imune local à infecção da polpa, e pode ser considerada uma segunda linha de defesa, que tem a finalidade de manter a infecção dentro dos limites do sistema de canais radiculares. O processo inflamatório periapical ocorre da mesma forma que na inflamação pulpar, com exceção de que a destruição do osso periapical também acontece (STASHENKO; TELES; D'SOUZA, 1998; SANTOS et al., 2011). Dependendo dos microrganismos envolvidos e da integridade dos mecanismos de defesa do indivíduo, este processo pode ser agudo (abscesso) ou crônico (GP ou CR). O processo inflamatório pode se propagar para os tecidos periapicais, onde ocorrerá uma intensa proliferação microbiana de alta patogenicidade que, associada com uma resistência orgânica baixa, caracteriza os quadros agudos, ou pode se apresentar sob a forma de GP ou CR, fruto de multiplicação e proliferação microbiana de pequena intensidade, caracterizando os processos crônicos. (AZAMBUJA; BERCINI; ALANO, 2006; GARCÍA et al., 2007). Após a fase aguda, o processo entra em equilíbrio com a resposta do hospedeiro, com início de um contínuo combate às bactérias invasoras e tentativas do hospedeiro em reorganizar e reparar os tecidos danificados. Devido à constante liberação de produtos bacterianos o reparo pode não ocorrer, iniciando um estágio crônico da inflamação chamado de GP (BERGENHOLTZ; BINDSLEV; REIT, 2006). O GP é uma massa de tecido de granulação localizada ao redor do ápice radicular, formado em resposta a estímulos de baixa intensidade provenientes do canal radicular e é considerada a periapicopatia mais comum. Após a necrose pulpar, as toxinas se difundem ao periápice, seguindo uma resposta inflamatória com proliferação de tecido fibroblástico e vascular, acompanhado de infiltrado inflamatório. Há o espessamento do ligamento periodontal e o início da reabsorção óssea com destruição da lâmina dura. Radiograficamente apresenta-se como uma lesão radiolúcida arredondada, unilocular, sendo parecida com CR e, portanto, torna-se difícil diferenciá-las (AZAMBUJA; BERCINI; ALANO, 2006). Com o passar do tempo, um GP pode se transformar em um CR (SCHULZ et al., 2009), sendo este definido como um cisto odontogênico inflamatório que está 31 aderido ao periápice de um dente com necrose pulpar (GIL; DOMINGUES, 2007). Os dentes associados são sempre não vitais e podem mostrar descoloração, porém, geralmente não apresentam reabsorção radicular (BRAVE et al., 2011). Diferente do granuloma, o cisto formará uma cavidade patológica revestida por epitélio, com exsudato inflamatório líquido ou semi-sólido em seu interior, além de produtos necróticos (AZAMBUJA; BERCINI; ALANO, 2006). Este epitélio que delimita a lesão cística será comumente originado pela proliferação dos REM presentes no ligamento periodontal, que são estimulados por citocinas e fatores de crescimento liberados durante o processo inflamatório (BERGENHOLTZ; BINDSLEV; REIT, 2006; LIN; HUANG; ROSENBERG, 2007; LATOO et al., 2009). Estes restos epiteliais proliferam a fim de separar o estímulo inflamatório (polpa necrótica) do osso circundante (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2008). Segundo NEVILLE et al. (2009) podem também serem consideradas fontes epiteliais viáveis para o desenvolvimento dos CRs: o epitélio crevicular, o revestimento sinusal e o revestimento epitelial dos trajetos fistulosos. A bainha epitelial de Hertwig (BEH), que é formada pela fusão dos epitélios interno e externo do OE, tem a finalidade de estimular e guiar o desenvolvimento da dentina radicular durante a odontogênese e, após cumprir sua função, é reabsorvida parcialmente ficando seus remanescentes, também conhecidos como REM, localizados ao longo do ligamento periodontal (LIN et al., 2007; GIL; DOMINGUES, 2007). Com a formação dos GPs, os REM podem ser englobados, sendo estes encontrados em aproximadamente metade dos casos. (BERGENHOLTZ; BINDSLEV; REIT, 2006). O processo de desenvolvimento dos cistos pode ser dividido em três fases: iniciação, formação e expansão. Na fase de iniciação, os restos celulares epiteliais odontogênicos proliferam devido à inflamação resultante dos restos necróticos e antígenos bacterianos derivados da polpa necrosada, estabelecendo uma verdadeira rede epitelial no interior do granuloma apical. Na de formação, o epitélio odontogênico proliferativo reveste a cavidade patológica do cisto. A de expansão compreende a fase de crescimento cístico, em torno de 5 mm de diâmetro por ano, tendendo à expandir progressivamente e crescer consideravelmente se não tratados (GARCÍA et al., 2007; LATOO et al., 2009; SHEAR; SPEIGHT, 2011). 32 São conhecidas duas teorias para a fase de formação cística, sendo ambas possíveis e, às vezes, independentes. Uma propõe que o epitélio prolifera e recobre a superfície exposta do tecido conjuntivo de um abscesso ou a cavidade pode ocorrer em função da fragmentação do tecido conjuntivo pela atividade enzimática proteolítica. A outra, e mais provável, sugere que uma cavidade cística se forma dentro de uma massa epitelial proliferativa em um GP pela degeneração e morte das células centrais. A morte das células centrais não ocorre pela falta de suprimento sanguíneo, mas sim através de reações imunológicas, sendo que as colagenases do tipo metaloproteinases de matriz (MMPs), que são produzidas por células epiteliais, fibroblastos e plasmócitos, podem estar envolvidas na degradação da matriz. A MMP-13 pode ter um papel importante na patogênese dos cistos, facilitando a proliferação das células epiteliais e a invasão do tecido de granulação (LIN et al., 2007; LATOO et al., 2009; SHEAR; SPEIGHT, 2011). Na fase de expansão, ocorre um aumento da pressão hidrostática ou osmótica no interior da lesão e o cisto cresce e se expande por pressão (LATOO et al., 2009). Assim, à medida que o cisto se expande, a pressão osmótica passa a ter um papel menor e a proliferação celular se torna mais importante. A proliferação celular continua, desde que exista um estímulo inflamatório. Quando o estímulo para, a proliferação epitelial cessa. Assim, um aumento posterior de material líquido ou semilíquido no interior da cavidade cística provavelmente leva à atrofia do revestimento epitelial. O crescimento do cisto pode também ser acompanhado pela reabsorção óssea e degradação dos tecidos conjuntivos adjacentes (SHEAR; SPEIGHT, 2011). Radiograficamente, aparecem como radiotransparências apicais regulares, circunscritas por uma linha radiopaca bem definida, com perda da lâmina dura na região, podendo, às vezes, ocorrer reabsorção radicular. Para estabelecer o diagnóstico definitivo é necessário, além de dos testes de vitalidade pulpar, realizar a biópsia excisional, que pode ser precedida de punção aspirativa (RIBEIRO JR et al., 2004). Macroscopicamente, podem apresentar geralmente entre 1-1,5 cm de diâmetro, atingindo até 3 cm. As paredes podem ser delgadas ou terem até 5 mm de espessura. A superfície interna pode ser uniforme ou corrugada e apresentarem cristais de colesterol swe projetando para a cavidade. O fluido geralmente é marrom, 33 proveniente de componentes do sangue como a hemossiderina, e quando os cristais de colesterol estão presentes dão uma coloração amarelada ou palha brilhante ao fluido (SHEAR; SPEIGHT, 2011; BRAVE et al., 2011). Microscopicamente, esses cistos exibem uma cavidade patológica revestida total ou parcialmente por epitélio pavimentoso estratificado não ceratinizado, apresentando, com certa frequência, espongiose, exocitose e/ou hiperplasia (GARCÍA et al., 2007; NEVILLE et al., 2009; SANTOS et al., 2011). A natureza do revestimento epitelial depende da fase de desenvolvimento do cisto e da intensidade da inflamação. A espessura deste revestimento varia de 1 a 50 camadas celulares, porém a maioria apresenta de 6 a 20 camadas de células. Nos cistos iniciais, o revestimento epitelial pode ser proliferativo e exibir projeções arciformes, com um processo inflamatório intenso associado, composto predominantemente de neutrófilos. Porém, à medida que o cisto se expande, o revestimento epitelial se torna regular com certo grau de diferenciação. Mudanças metaplásicas, na forma de células mucosas ou ciliadas, são vistas com frequência no revestimento epitelial (GARCÍA et al., 2007; SHEAR; SPEIGHT, 2011; BRAVE et al., 2011; SANTOS et al., 2011). Ocasionalmente, o revestimento epitelial apresenta calcificações lineares ou em forma de arco, conhecidas como corpúsculo de Rushton, assim como cristais de colesterol (GARCÍA et al., 2007; NEVILLE et al., 2009; SHEAR; SPEIGHT, 2011; SANTOS et al., 2011). O lúmem cístico é constituído por material amorfo eosinofílico com alto teor protéico, grande número de cristais de colesterol e células epiteliais descamadas. Colônias bacterianas podem fazer parte do conteúdo cístico ou apenas serem detectadas na superfície apical do dente afetado (LEONARDO, 1998). O tecido conjuntivo da parede do CR é formado por feixes de fibras colágenas, fibroblastos e pequenos vasos sanguíneos em número variável (MARTINS NETO; DANESI; UNFER, 2004). Esta cápsula consiste em tecido conjuntivo fibroso denso, muitas vezes com infiltrado inflamatório contendo linfócitos variáveis, mesclados com neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e, raramente, mastócitos e eosinófilos. Ocasionalmente, a cápsula apresenta granulomas hialinos dispersos. Estas estruturas surgem como pequenas poças de material eosinofílico 34 que exibe uma periferia ondulada de colágeno condensada, quase sempre por linfócitos e células gigantes multinucleadas (NEVILLE et al., 2009). Henriques et al. (2013) estudaram a frequência de granulomas hialinos e a natureza dessas estruturas em uma série de 661 casos de cistos odontogênicos inflamatórios. Destes, 594 eram CR, 49 CRs residuais (CRRs) e 18 cistos paradentários. Os resultados mostraram que, do total, vinte e dois casos (3,3%) apresentaram granulomas hialinos. A freqüência relativa dessas estruturas foi maior entre os CRRs (6,1%), seguido por cistos paradentários (5,6%) e CRs (3,0%). Em 14 casos (63,6%) essses granulomas se mostravam como massas homogêneas/fibrilares circulares, e em 3 (13,6%), apresentavam-se como estruturas redondas com material amorfo. Concluíram, então, que uma baixa freqüência de granulomas hialinos é encontrada em cistos odontogênicos inflamatórios e sugeriram a hipótese de que estas estruturas surgem a partir da implantação de material estranho, partículas de alimentos provavelmente de origem vegetal. Diversas características microscópicas possivelmente representam diferentes estágios de desenvolvimento dessas estruturas. Na parede fibrosa dos cistos de formação recente podem ser encontradas áreas típicas de GP antecedente, e suas variáveis morfológicas. Já nos cistos maiores e mais persistentes, a parede cística encontra-se fibrosa, densa e colagenizada com graus variáveis de infiltração leucocitária, predominantemente mononuclear. Ainda na parede cística, calcificações distróficas e focos eventuais de exsudato purulento associados com focos de infiltrado neutrofílico são, por vezes, encontrados (LEONARDO, 1998). Calcificações distróficas, cristais de colesterol com células gigantes multinucleadas, hemácias e áreas de pigmentação por hemossiderina estão presentes, por vezes, no lúmem, na cápsula ou em ambos (NEVILLE et al., 2009). Remanescentes epiteliais odontogênicos também são encontrados na cápsula. (SHEAR; SPEIGHT, 2011). O tratamento indicado para lesões endodônticas, com ou sem envolvimento do periápice tem sido o tratamento de canais radiculares. Quando apenas este não consegue restabelecer a integridade dos tecidos periapicais, é necessário a realização de cirurgias apicais (RIBEIRO JR et al., 2004; AZAMBUJA; BERCINI; ALANO, 2006; BRAVE et al., 2011). Quando o dente envolvido com a formação do 35 CR é removido sem que o tratamento tenha sido instituído, o cisto permanecerá no local recebendo a denominação de CRR, que poderá regredir, estabilizar, ou aumentar de tamanho ao longo dos anos (NONAKA et al., 2008; JAMDADE et al., 2012), sendo seu diagnóstico estabelecido com a junção das características radiográficas e histopatológicas (BOFFANO; GALLESIO, 2010). 2.2 CISTO DENTÍGERO O CD, também chamado de cisto folicular, é um cisto odontogênico de desenvolvimento, originado através do acúmulo de fluido entre o remanescente do OE e a coroa dentária subjacente de um dente não irrompido, causando expansão de seu folículo, permanecendo preso à região cervical (junção cemento-esmalte) (GIL e DOMINGUES, 2007; SHEAR e SPEIGHT, 2011; DANTAS et al., 2012). É o segundo tipo mais comum dos cistos odontogênicos e o mais comum entre os cistos de desenvolvimento dos maxilares (SELVAMANI et al, 2012). São geralmente presentes na segunda ou terceira décadas de vida (RAVI et al., 2012), e em indivíduos do sexo masculino (AVELAR et al., 2009). Ocorrem, com maior frequência, em associação com terceiros molares inferiores e caninos superiores, pois estes são os dentes que se apresentam mais comumente impactados (XU et al., 2011; LIMA et al., 2013). Trata-se de uma lesão cística comum, solitária e assintomática (COSTA et al., 2011), porém, múltiplos cistos podem ocorrer em associação com síndromes como a Síndrome de Gardner, Síndrome de Maroteaux-Lamy, Mucopolissacaridose, Síndrome do nevo basocelular (RAVI et al., 2012). Geralmente, apresentam pequenas dimensões, mas, em alguns casos, atingem tamanhos consideráveis causando expansão óssea e assimetria facial. A estimativa de tamanho desta lesão é muito variável, podendo ser confundida com um folículo pericoronário (FP) (CARVALHO et al., 2011). A presença deste cisto impede a erupção do dente a ele vinculado, porém raramente aparecem na dentição decídua. São rotineiramente diagnosticados através de radiografias panorâmicas ou periapicais de rotina e radiograficamente constitui-se de uma área radiolúcida associada a um dente não irrompido ou retido, circundado por uma linha esclerótica (MARZOLA; PEREIRA; TOLEDO FILHO, 2007; DANTAS et al., 2012). O tratamento da lesão é realizado através de intervenção 36 cirúrgica com remoção completa da lesão, precedida por punção aspirativa e biópsia incisional. O índice de recidiva é baixo e possui um prognóstico favorável (VAZ; RODRIGUES; JUNIOR, 2010). A histogênese exata não é conhecida, porém o fator chave parece ser o acúmulo de fluido entre o EROE e o esmalte ou no OE, entre suas camadas. Esse acúmulo ocorre como resultado da pressão exercida no folículo, pela tentativa de erupção de um dente incluso, que obstrui o fluxo venoso e, assim, induz a rápida transudação de soro através das paredes capilares. Por outro lado, acredita-se que a origem provável deste cisto possa ser a destruição de células em proliferação do FP, após a interrupção da erupção. Esta destruição celular resulta no aumento da tensão osmótica e, portanto, na formação do cisto (BENN; ALTINI, 1996; TAMGADGE et al., 2011). Afirma-se ainda que se desenvolva a partir da proliferação de remanescentes do OE ou do EROE após a formação completa ou parcial da coroa dental, em uma fase em que o retículo estrelado (RE) deveria ser reabsorvido biologicamente e, não o sendo, permanece como elemento responsável pelo desencadeamento cístico, e seu crescimento está relacionado tanto com a proliferação epitelial, como por fatores de reabsorção do osso e aumento da osmolaridade do fluido cístico (MARZOLA, 2005; XU et al., 2011; DANTAS et al., 2012; LIMA et al, 2013). O EROE é formado por uma camada interna e uma externa. A interna consiste na camada onde os ameloblastos transformam-se e ficam firmemente aderidos à superfície do esmalte. A camada externa consiste de células mais achatadas, a remanescente de todas as camadas do órgão do esmalte. No desenvolvimento do CD, há acúmulo de líquido entre o EROE e o esmalte do dente, ou entre as camadas do EROE, líquido este proveniente do espaço intersticial. À medida que o cisto cresce, células epiteliais são descamadas para o interior do lúmem aumentando assim o conteúdo proteico do líquido cístico, atraindo mais líquido do conjuntivo para a cavidade cística (GIL; DOMINGUES, 2007). Dependendo do estado de involução do RE, o CD apresenta os subtipos: Central, aderido à coroa dental; Lateral, aderido à face mesial, distal, lingual ou vestibular; Extrafolicular, no qual o retículo se solta da coroa dental, individualizandose, sendo central quando superficializa a coroa; lateral, já que se desprende para os lados (MARZOLA, 2005). 37 Quando esta lesão é removida cirurgicamente e enviada para análise histopatológica evidencia-se aspectos diferentes caso o cisto esteja inflamado ou não (NEVILLE et al., 2009). No CD não inflamado é observada parede cística fibrosa delgada que, sendo derivada do FP, consiste em fibroblastos jovens amplamente separados pelo estroma e uma substância fundamental rica em mucopolissacarídeos ácidos (SHEAR; SPEIGHT, 2011). A cápsula de tecido conjuntivo fibroso é arranjada frouxamente e a substância fundamental contém quantidade considerável de glicosaminoglicanas. Pequenas ilhas ou cordões de restos de epitélio odontogênico aparentemente inativo podem estar presentes na cápsula. O revestimento epitelial, que na verdade é o EROE, consiste de duas a quatro camadas de células achatadas não ceratinizadas, e a interface entre epitélio e tecido conjuntivo é plana (SHEAR; SPEIGHT, 2011; RAVI et al., 2012). Em um CD inflamado, a cápsula fibrosa é mais colagenizada e o infiltrado crônico de células inflamatórias é variável. O limitante epitelial mostra quantidade variável de hiperplasia com desenvolvimento de projeções epiteliais e aspecto escamoso mais definido (NEVILLE et al., 2009). Células mucosas ocasionalmente são evidenciadas no limitante epitelial e raramente são encontrados na cápsula células colunares ciliadas e pequenos conglomerados de células sebáceas (NEVILLE et al., 2009; SHEAR; SPEIGHT, 2011). Godoy, em 2001, desenvolveu um estudo que teve como objetivo realizar uma análise clinicopatológica de 108 casos de CDs previamente diagnosticados. Pretendeu-se correlacionar os achados histomorfológicos e os dados epidemiológicos, que constavam nas fichas de solicitação de exame histopatológico, no intuito de caracterizar uma possível variante da lesão, denominada CD de origem inflamatória. A análise histomorfológica revelou que as lesões exibiram, em sua maioria, um limitante epitelial delgado, com uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso ricamente vascularizado, colageinizado e com uma relativa predominância de um intenso infiltrado inflamatório mononuclear. A correlação clinicopatológica mostrou que 11 dos 12 casos de cistos que apresentaram um limitante epitelial espesso, com alto grau de vascularização e colageinização, e intenso infiltrado inflamatório na cápsula cística estiveram localizados na região de pré-molares, em pacientes abaixo de 12 anos de idade e que, em sua maioria, apresentaram sintomatologia dolorosa, características compatíveis com o CD inflamatório. Concluiu-se, frente a esses 38 resultados, que esta lesão, é passível de ser considerada uma variante do CD, levando a sugerir a denominação de “cisto folicular inflamatório” para esta entidade. 2.3 EGFR O EGFR é uma glicoproteína transmembranar que constitui um dos quatro membros da família erbB de receptores da tirosina cinase. A ligação do EGFR aos seus ligantes leva à auto fosforilação do receptor de tirosina cinase e ativação subsequente de vias de transdução de sinal que estão envolvidos na regulação da proliferação e diferenciação celular epitelial. A família do EGFR inclui quatro receptores: o receptor do fator de crescimento epidérmico 1 (EGFR, c-erbB-1, HER1), c-erbB-2 (HER-2), c-erbB-3 (HER- 3) e c-erbB-4 (HER-4). EGFR foi o primeiro membro deste grupo a ser descrito. É uma glicoproteína com 170-kd, e consiste de um receptor com um domínio extracelular, uma região transmembranar, e um domínio intracelular com função de tirosina cinase (HERBST, 2004; PAYERAS et al., 2007; BERNARDES et al., 2010; MICHIKAWA et al., 2011). Vários ligantes podem ativar o EGFR, incluindo o EGF, TGF-α, anfiregulina, EGF de ligação à heparina e betacelulina, sendo o EGF e o TGF-α considerados os mais importantes. Esta ligação ocasiona a homo ou heterodimerização do receptor na superfície da célula, seguida pela internalização do receptor dimerizado. Após estas etapas, ocorre a autofosforilação dos domínios de tirosina cinase na região intracitoplasmática. Resíduos de tirosina cinase fosforilados servem como locais de ligação para o recrutamento de transdutores e ativadores de sinalização intracelular tais como o Ras, que em seguida estimulam uma cascata de transdução de sinal intracelular. O Ras-Raf, ativado pela proteína cinase, e o fosfatidil-inositol 3 cinase e Akt, são as duas principais rotas de sinalização para a família HER, onde o EGFR também está incluído. Estas vias regulam múltiplos processos biológicos de proliferação celular, angiogênese e inibição da apoptose (JORISSEN et al., 2003; HERBST, 2004). Todas as células epiteliais normais requerem estimulação com base em sinais para se submeterem ao crescimento, diferenciação e proliferação, muitos dos quais realizados por fatores de crescimento. O EGFR desempenha, portanto, um papel 39 importante na diferenciação e morfogênese de diversos órgãos e na proliferação e sobrevivência de células em mamíferos (SARKIS et al., 2010). Embora esteja presente em células normais, o EGFR tem sua expressão elevada na maioria dos tumores sólidos incluindo o câncer de mama, câncer de cabeça e pescoço, câncer oral, carcinoma de células não pequenas de pulmão, câncer renal, câncer de ovário e câncer de cólon. Nas células normais, sua expressão varia de 40.000 a 100.000 receptores por célula. Alguns cânceres de mama, por exemplo, podem expressar até 2 x 106 moléculas do EGFR por célula. Essa superexpressão produz intenso sinal de ativação de vias de sinalização, resultando em células que têm um crescimento mais agressivo, características de invasão, e associação com prognóstico pobre e menor sobrevida. Também desempenha um papel na resistência à quimioterapia e tratamento de radiação em células tumorais (HERBST, 2004; HIRAISHI et al., 2006; LEE et al., 2010). Além de estudos que avaliaram a expressão do EGFR em tumores malignos, autores direcionaram suas pesquisas na avaliação da expressão deste receptor em lesões odontogênicas, visto que sua expressão tem sido observada no epitélio de mucosa oral normal, gengiva saudável e inflamada, lesões inflamatórias periapicais, tecidos envolvidos com o desenvolvimento dentário e em FP, analisando remanescentes do epitélio odontogênico (WANG et al., 1990; NORDLUND et al., 1991; COBO et al., 1992; LIN et al., 1996; BAUMGART, 2003). Wang et al. (1990) estudaram a presença do EGFR, através de “western blot”, em 12 espécimes de mucosa oral normal obtidas de indivíduos saudáveis. Foi descrita uma proteína com uma banda principal de 160K e uma banda menor de 170K, características estas partilhadas com os receptores do EGF em outros tecidos. Este estudo foi o primeiro a demonstrar a presença do receptor do EGF em mucosa oral humana. Nordlund et al. (1991) examinaram espécimes gengivais de indivíduos adultod periodontalmente saudáveis, com periodontite, pacientes diagnosticados com periodontite juvenil (atualmente denominada periodontite agressiva), e em REM, obtidos do ligamento periodontal de um terceiro molar mandibular e um pré-molar, que foram removidos por causa de cáries e motivos ortodônticos, respectivamente. Além disso, foram detectados restos celulares a partir de uma biópsia de gengiva saudável. Utilizaram um anticorpo monoclonal dirigido contra o receptor do EGF 40 através da técnica de imunoistoquímica. Os receptores foram expressos em níveis elevados na superfície de células da camada basal do epitélio gengival. No epitélio juncional normal, por outro lado, a imunomarcação foi fraca ou negativa, indicando que os receptores são mal expressos ou ausentes nestas células. Não foram detectadas diferenças entre espécimes gengivais não inflamados de indivíduos adultos saudáveis e de pacientes com periodontite juvenil. Em biópsias de tecido gengival inflamado de pacientes adultos com periodontite, foi observada uma marcação intensa na superfície celular de células epiteliais em proliferação. Células epiteliais dos restos de Malassez ligaram-se intensamente ao anticorpo. Os resultados sugerem que o EGF está envolvido no controle do crescimento e diferenciação do epitélio em tecidos periodontais. A expressão do EGF e seu receptor (EGFR) no desenvolvimento de dentes foram estudados por imunoistoquímica em embriões de rato (E-16 e E-21). Imunocoloração muito fraca foi observada nas células germinativas odontogênicas durante o estágio de broto, capuz e sino, bem como em algumas células ectomesenquimais. Em dentes desenvolvidos, mas que não erupcionaram, uma imunoreatividade moderada para EGF e EGFR estava presente nos odontoblastos, ameloblastos, e células do epitélio interno do órgão do esmalte, contudo, foi mais forte na dentina (COBO et al., 1992). Shrestha et al. (1992) analisaram a imunoexpressão do EGFR em células epiteliais de 67 casos de cistos odontogênicos e 35 casos de tumores odontogênicos, utilizando anticorpo monoclonal para este receptor. As lesões císticas incluíam ceratocistos odontogênicos (atualmente denominado de tumor odontogênico ceratocístico-20 casos), cisto primordial (8 casos), CRs (20 casos) e em CDs (19 casos). Os tumores eram constituídos por ameloblastomas (21 casos), ameloblastoma de células granulares (4 casos), cisto odontogênico calcificante (TOC-4 casos), tumor odontogênico adenomatóide (TOA-4 casos), tumor odontogênico escamoso (2 casos) e fibroma ameloblástico (2 casos). Destes, ceratocisto e cisto primordial apresentaram 75% dos casos com imunopositividade para esse receptor. O CR apresentou imunopositividade em 35% dos casos, e o CD em 47,4% dos casos. Em todos os casos positivos a imunomarcação era apenas membranar. Imunomarcação negativa do EGFR foi um achado característico nos tumores odontogênicos de origem epitelial. Sugeriram então, que os cistos 41 odontogênicos, ao contrário dos tumores odontogênicos, são capazes de proliferação mediada por esse receptor. Li et al. (1993) analisaram a imunoexpressão do EGFR em ceratocistos odontogênicos (13 casos), CDs (11 casos), CRs (11 casos), ameloblastomas (6 casos) e em GPs (7 casos). Os resultados mostraram que o revestimento epitelial de ceratocistos odontogênicos e de CDs geralmente expressavam níveis mais elevados de imunomarcação para o EGFR do que no revestimento de CRs (derivados dos REM). A menor imunomarcação do EGFR em CRs coincidia com a presença de alterações degenerativas no interior do epitélio associadas com infiltrados de células inflamatórias no local. Esta associação de reduzida expressão do EGFR e inflamação também foi detectada no revestimento de ceratocistos odontogênicos (derivados dos remanescentes da lâmina dental). Em qualquer caso, a maior expressão do EGFR nos cistos de desenvolvimento contra cistos inflamatórios apoiam a idéia de que diferentes mecanismos de iniciação e controle de proliferação de células epiteliais estão envolvidos em suas formações. O nível de expressão desse receptor parece estar relacionado com a presença de inflamação no interior do tecido conjuntivo adjacente em vez da proliferação de células epiteliais. No estudo de Lin et al. (1996) foram examinados, através da imunoexpressão do EGFR, 15 lesões inflamatórias periapicais (10 GPs e 5 CRs), obtidos a partir de cirurgias periapicais, e 6 lesões periapicais adicionais (4 GPs e 2 CRs) coletados de dentes extraídos. Os resultados indicaram que os GPs apresentaram uma fraca imunocoloração ou baixa ligação específica. Em contraste, os CRs exibiram uma forte imunocoloração em células epiteliais e elevada ligação específica. A imunoexpressão do EGFR foi investigada no trabalho de Bastawisy e Nouaem (2000) no revestimento epitelial de 20 cistos odontogênicos (CRs, CDs, ceratocistos, cistos odontogênicos calcificantes) e 17 tumores odontogênicos (ameloblastomas), utilizando anticorpo monoclonal dirigido contra esse receptor. Os resultados revelaram que houve expressão mais elevada desse receptor em ceratocistos, seguidos por cisto odontogênico calcificante e em menor quantidade nos CRs. Alguns casos de tumores odontogênicos mostraram expressão do EGFR que parecia estar relacionada à ceratinização. A ausência de sua expressão, em alguns cistos e tumores, indica que o crescimento nestes é EGF independentes, ou seja, não necessitam deste fator de crescimento para crescerem. 42 Todos os receptores, incluindo os da família erbB, são sintetizados e encaminhados para a sua localização celular específica, mesmo na ausência do ligante. No entanto, diferentes localizações do EGFR podem ser observadas, de acordo com o tipo celular específico e o anticorpo utilizado (WILEY, 2003). A importância potencial dos efeitos do EGF e, por conseguinte, a distribuição e expressão do seu receptor, em processos de desenvolvimento normais e patológicos, têm estimulado muitos estudos sobre a localização imunoistoquímica do EGFR e sua expressão diferencial (LI et., 1993). Baumgart et al. (2007) investigaram a distribuição imunoistoquímica do EGFR em FPs como um preditor de progressão para cistos e tumores odontogênicos. Foram analisados os padrões de coloração no EROE e em ninhos de epitélio odontogênico associado com folículos de molares impactados. O padrão de coloração de 20 espécimes de FPs foi comparado com o de 16 amostras de mucosa oral normal e amostras de carcinomas epidermóides orais (CEOs). Os resultados mostraram que colorações citoplasmáticas e membranares foram observadas na mucosa oral normal, principalmente nas camadas proliferativas (basal e suprabasal), diminuindo de intensidade em direção à superfície. Os padrões de coloração observados no EROE foram citoplasmáticos apenas e combinados, resultado que é semelhante aos resultados da mucosa oral normal. Marcação do EGFR apenas na membrana pode ser um indicador de potencial aumentado para ninhos epiteliais de se tornarem cistos ou tumores odontogênicos. Vicente et al. (2010) compararam o padrão de imunoexpressão do EGFR, ciclina D1, Ki-67, p-53 e antígeno carcinoembrionário (CEA) no revestimento epitelial de 11 ceratocistos odontogênicos, 10 CDs, 10 CRs e 10 ameloblastomas. A expressão do EGFR foi positiva em 100% dos ameloblastomas, 73% dos ceratocistos, 40% dos CDs e em 30% dos CRs. Em 9 casos de ameloblastomas a imunomarcação do EGFR era difusa, enquanto em 1 caso, a reação era focal. Em ceratocistos, o EGFR foi localizado na camada de células basais, e foi focal em 8 e difusa em nenhum caso. Em todos os casos de CDs e CRs positivos, a imunocoloração foi focal. Em todos os casos positivos a localização celular do EGFR foi membranar. Algumas destas descobertas podem apoiar a teoria de que ceratocistos odontogênicos são de origem neoplásica, mas outros resultados apoiam 43 claramente que estas lesões são cistos de desenvolvimento com algumas propriedades neoplásicas por causa do elevado potencial de crescimento intrínseco. Oliveira et al. (2011) realizaram um estudo para avaliar o perfil de imunomarcação do EGFR, Ki-67 e survivina em tumores odontogênicos ceratocísticos (TOC-13 casos), CDs (14 casos) e em FPs (9 casos). A imunomarcação foi analisada nas camadas basal e suprabasal de TOCs e CDs, e em FPs, nas ilhas de epitélio odontogênico e/ou no EROE. Ceratocistos apresentaram a maior taxa de proliferação entre os três grupos, principalmente na camada suprabasal. Imunomarcação para EGFR foi observada principalmente no citoplasma nas camadas basal e suprabasal de ceratocistos e na camada suprabasal de CDs. Imunomarcação tanto membranar e citoplasmática foi maior em PFs, sendo que nestes a coloração apenas membranar também foi obsevada. Em CDs, a camada basal parecia proliferar em resposta ao estímulo. Embora FPs mostrassem baixa atividade proliferativa, a expressão do EGFR indica que algumas células apresentam uma elevada capacidade de resposta a estímulos, que provavelmente poderia explicar a origem de lesões odontogênicas. O objetivo do estudo de Gonçalves et al. (2012) foi avaliar a expressão imunistoquímica da proteína p63, EGFR e Notch-1 no revestimento epitelial de CRs (35 casos), CDs (22 casos) e em TOCs (17 casos). Quase todos os casos demonstraram expressão de p63, EGFR e Notch-1. Para os CRs, a reação inflamatória crônica na cápsula fibrosa não influenciou a expressão do EGFR no revestimento epitelial. Não houve diferença estatística significativa entre quantidade da expressão e a intensidade da expressão do EGFR entre as lesões. Em CRs e CDs, para o EGFR, foi observada correlação positiva entre a quantidade da expressão e intensidade de coloração. Os autores sugeriram que o epitélio das lesões císticas é capaz de proliferar, sendo esta mediada pelo EGFR e que este é um fator importante para a manutenção do revestimento epitelial cístico, onde a maioria dos casos analisados para o EGFR mostrou padrão de coloração membranar e citoplasmática. Foi observada correlação positiva entre os imunomarcadores. Estes resultados sugerem a participação de p63, EGFR e Notch 1 no desenvolvimento, manutenção e integridade dos cistos epiteliais odontogênicos favorecendo a persistência da lesão. 44 Ressalta-se, portanto, que a distribuição do EGFR na membrana celular e/ou citoplasma indica a forma como as células irão responder a um estímulo de proliferação. Se este receptor estiver restrito à membrana da célula, a resposta de proliferação na presença do ligante circulante será rápida. Se o EGFR estiver internalizado no citoplasma, a resposta de proliferação será mais lenta. Se for observada sua presença tanto na membrana quanto no citoplasma, tem sido sugerido que a capacidade das células para responder a um estímulo de proliferação é semelhante a uma resposta do tipo fisiológica (BAUMGART et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2011). 2.4 PODOPLANINA A PDPN é uma glicoproteína transmembranar do tipo mucina expressa em podócitos renais humanos e é homóloga à T1α-2, um antígeno expresso sobre a superfície apical de células alveolares pulmonares do tipo I (ZUSTIN; SCHEUER; FRIEDRICH, 2010; FRIEDRICH; SCHEUER; ZUSTIN, 2012). Ela tem homólogos em humanos, camundongos, ratos, cães e hamsters e é relativamente bem conservada entre as espécies. Apresenta uma ampla variedade de funções, incluindo a regulação do desenvolvimento dos órgãos, motilidade celular, tumorigênese e metástases (ASTARITA; ACTON; TURLEY, 2012). Desde que o anticorpo monoclonal D2-40, que é anti-PDPN, tornou-se conhecido por identificar especificamente células endoteliais linfáticas, tem sido considerada como um marcador imunistoquímico importante para linfangiogênese (ZUSTIN; SCHEUER; FRIEDRICH, 2010; KREPPEL et al., 2010; OKAMOTO et al., 2010; CAETANO et al., 2012; TSUNEKI et al., 2012; TJIOE et al., 2012). Foi identificada e estudada em diferentes contextos, por isso é conhecida por vários nomes. A primeira descrição foi em células endoteliais linfáticas como E11 e sobre as células fibroblásticas reticulares de órgãos linfóides e como GP38 em células epiteliais tímicas como. É homóloga a T1a/rTI40, um dos primeiros marcadores moleculares de células epiteliais alveolares do tipo I; PA2.26, que é regulada positivamente nos queratinócitos da pele após lesão; OTS-8, uma molécula induzida em osteoblastos mediante tratamento com éster de forbol; e Aggrus, um fator de agregação plaquetária. Finalmente, a esta molécula foi dado o nome de 45 PDPN devido à sua expressão em podócitos renais e possível envolvimento no achatamento dos processos podálicos (ASTARITA; ACTON; TURLEY, 2012). Embora a proteína tenha sido considerada como um marcador específico para células endoteliais linfáticas, sua expressão tem sido demonstrada também em várias células normais, bem como em células neoplásicas. No geral, é crucial para o desenvolvimento de múltiplos órgãos, incluindo o sistema linfático, pulmões e coração (ASTARITA; ACTON; TURLEY, 2012). Em células e tecidos humanos normais, além do endotélio linfático, sua expressão tem sido detectada em células epiteliais basais da pele, no colo do útero, no esôfago, em células mesoteliais peritoneais, osteócitos, células ependimais, células estromais, células reticulares, células dendríticas foliculares de órgãos linfóides (OKAMOTO et. al., 2010), além de podócitos, células alveolares tipo I, células mioepiteliais, células das glândulas mamárias, glandulares salivares, assim como em miofibroblastos da próstata, condrócitos, epêndima, plexo coróide e epitélio subependimário (ZUSTIN; SCHEUER; FRIEDRICH, 2010). A PDPN foi mais estudada no câncer devido sua atuação na linfangiogênese, sendo sua imunoexpressão aumentada muitas vezes correlacionada com prognóstico desfavorável. Em pessoas com câncer, o número de vasos tumorais positivos para esta proteína é frequentemente utilizado como marcador de diagnóstico (ASTARITA; ACTON; TURLEY, 2012). Sua expressão também foi observada em células tumorais de diferentes neoplasias, incluindo o CEO, de pulmão, de pele, de células granulares e mesotelioma, bem como o condrossarcoma de baixo grau. Além disso, tem sido implicada no processo de progressão do câncer oral (ZUSTIN; SCHEUER; FRIEDRICH, 2010). É sabido que a expressão da PDPN acelera a motilidade celular in vitro e induz a invasão e metástase de células tumorais malignas. Além disso, sua superexpressão promove a formação de células alongadas e extensões citoplasmáticas, aumentando a adesão e migração celular, sugerindo um papel para essa proteína na reorganização do citoesqueleto. Tem sido demonstrado que o rearranjo do citoesqueleto de actina ocorre através da ativação de RhoA GTPase para fosforilar ezrina, que promove a transição epitélio-mesênquima facilitando a migração celular e metástase (CAETANO et al., 2012; SAWA, 2010; MIYAZAKI et al., 2009). 46 Kreppel et al. (2010) investigaram a influência da imunoexpressão da PDPN em células epiteliais tumorais de CEOs (80 casos). Tentaram correlacionar a imunoexpressão dessa proteína com o prognóstico e disseminação metastática via linfática. Em 67 casos (84%) a PDPN foi expressa nas células tumorais e 19 casos (24%) apresentaram altos níveis de expressão. A sobrevida global em 5 anos para os pacientes com altos níveis de expressão dessa proteína foi significativamente inferior (31%), do que para os pacientes com baixa e moderada expressão (93% e 65%, respectivamente). Houve associação entre a expressão da PDPN e a freqüência de metástases em linfonodos cervicais. Metástases em linfonodos cervicais foram encontradas em 79% da pacientes com alta expressão da proteína, enquanto pacientes com baixa expressão apresentaram metástases em apenas 22%. Nenhum dos 13 casos com ausência de imunoexpressão apresentou metástase em linfonodos cervicais. Concluíram que a PDPN é expressa freqüentemente em CEO, e sua expressão elevada está correlaciona com metástases linfáticas cervicais e com piores prognósticos. O estudo de Sousa et al. (2012) teve a finalidade de avaliar a densidade de vasos linfáticos (DVL) e a microdensidade vascular (MDV) em CEOs, por meio dos anticorpos D2-40 e CD105, respectivamente. A análise foi realizada em áreas intratumorais e peritumorais do tumor primário, e em linfonodos normais e metastáticos. A maioria dos casos com envolvimento nodal apresentou alta DVL peritumoral. A MDV foi estatisticamente associada à metástase. LVD e MVD foram maiores nos linfonodos metastáticos do que em linfonodos não metastáticos. Assim, um elevado número de vasos linfáticos em tumores pôde indicar a ocorrência de linfangiogênese em CEO neste estudo. Os vasos linfáticos e microvasos parecem regular a propagação e progressão do câncer. Inoue et al. (2012) analisaram a importância da expressão da PDPN em células epiteliais de 103 lesões orais pré-cancerígenas (79 leucoplasias, 4 eritrolasias e 20 carcinomas in situ), em células tumorais de 69 CEOs primários sem metástase, e em 31 CEOs com metástase. Foi realizada análise imunoistoquímica e de biologia molecular. A imunorreatividade para PDPN foi detectada em 89 (86,4%) lesões pré-cancerígenas e a intensidade da marcação foi correlacionada com o grau de displasia epitelial. Elevada expressão foi observada em 66 (95,7%) dos CEOs e foi significativamente associada com baixo grau de diferencição histopatológica. Na 47 transição epitélio-mesênquima foi observada imunocoloração em 18 (58,1%) dos CEOs primários com metástase para linfonodos regionais. Os achados sugerem que a PDPN está associada com o desenvolvimento do tumor através da seqüência displasia oral/carcinoma e poderia estar envolvida em vias de sinalização de crescimento tumoral e invasão. Além de sua expressão ter sido confirmada em vários tipos de células tumorais malignas, incluindo as células do CEO, destaca-se sua positividade em tecidos embrionários, o que demostra sua propriedade multifuncional. Por apresentar expressão em germe dentário, foi sugerida uma associação na atividade celular proliferativa. Nesses, a PDPN está presente em células com atividade mitótica elevada, isto é, na porção terminal da lâmina dental, bainha epitelial de Hertwig e pré-ameloblastos. Este padrão de imunomarcação sugere que sua expressão é necessária durante os processos que exigem alta atividade celular tais como a proliferação e diferenciação (CAETANO et al., 2012; SAWA, 2010). O estudo de Imaizumi et al. (2010) teve como objetivo investigar a distribuição de células que imunoexpressavam PDPN em germes dentários de camundongos, em vários estágios de desenvolvimento. Na fase de botão, a PDPN foi expressa nas células epiteliais do germe dentário. Na fase de capuz, ela foi expressa no OE (epitélio interno e externo). Na fase inicial de campânula, foi observada imunorreatividade forte no epitélio interno e externo das alças cervicais, e nos odontoblastos da papila dentária. Na fase final da odontogênese, nos estágios de formação da coroa e da raiz, a PDPN foi expressa em odontoblastos que estavam gerando dentina radicular e na bainha epitelial de Hertwig. Estes resultados sugerem que as células epiteliais do germe dentário adquirem a capacidade de expressar a PDPN e mantém essa capacidade no epitélio da mucosa oral. A expressão desta proteína em odontoblastos foi induzida com o desenvolvimento do germe dentário, mas foi suprimida após a formação completa da dentina primária, o que sugere que a PDPN pode estar envolvida no crescimento de odontoblastos. A discussão sobre essa glicoproteína e sua participação nos tumores odontogênicos é um tema muito recente de estudo. Em ameloblastomas, TOCs, TOAs, tumores odontogênicos epiteliais calcificantes (TOEC), tumor odontogênico cístico calcificante e fibro-odontoma ameloblástico a imunoexpressão é membranar e citoplasmática predominantemente observada nas células epiteliais odontogênicas 48 na periferia destes tumores. Em contraste, não se observa a expressão nos ameloblastos do fibro-odontoma, que são células menos ativas, assim como na camada superior do revestimento epitelial de TOCs e em TOECs nas células fantasmas. Apesar dos numerosos estudos sobre a presença de expressão de PDPN em vários tecidos e tumores orais, pouco se sabe sobre a sua função fisiológica ou patológica, porém ela parece estar relacionada com a atividade proliferativa do TOCS e pode tem um papel importante no processo de invasão local de tumores odontogénicos com e sem ectomesênquima. (CAETANO et al., 2012). O estudo de Tsuneki et al. (2012) mostrou a imunolocalização diferencial de PDPN entre quatro tumores odontogênicos, dentre eles o ameloblastoma, TOA, tumor odontogênico cístico calcificante e TOC, em comparação com outras moléculas relacionadas com a proliferação celular e via de sinalização da matriz extracelular. As células PDPN positivas foram localizadas no centro da proliferação celular, pois coincidiam com as células PCNA (antígeno nuclear de proliferação celular) positivas, que também estavam distribuídas na periferia/zona basal dos ninhos de células tumorais. Outro resultado interessante foi que células PDPN positivas foram sobrepostas por células positivas para a integrina 1, fibronectina, e MMP-9, sendo a co-localização de MMP-9 também relatada em células endoteliais linfáticas. Com base nestes dois resultados principais, foi sugerido que esta glicoproteína está envolvida na remodelação de moléculas de sinalização de matriz extracelular, que é eventualmente relacionada com o crescimento celular. Portanto ela não é sempre diretamente envolvida no ciclo celular em si, mas que serve como uma das moléculas chave, que incluem as vias de sinalização de moléculas de matriz extracelular para a proliferação celular nestes tumores. Friedrich, Scheuer e Zustin (2012) analisaram a imunoexpressão da PDPN e p63 em 6 TOCs de pacientes com a síndrome de Gorlin-Goltz. Imunorreatividade linear contínua nas células epiteliais basais para PDPN foi observada em todos os casos. A intensidade da coloração era forte e não diferiu dos casos relatados anteriormente na literatura. Forte expressão de p63 nuclear foi detectada em camadas de células basais, e diminuição nas camadas suprabasais. Observaram que TOCs exibiram aumento da expressão de PDPN em casos associados com a síndrome. Embora as funções biológicas desta proteína ainda não tenham sido totalmente reconhecidas, sua expressão é capaz de promover a formação de 49 extensões celulares alongadas e aumentar a adesão e migração de células inflamatórias. Expressão desta proteína em TOC está possivelmente associada com invasão lenta das estruturas adjacentes e às frequentes recorrências locais deste tumor odontogênico. O estudo de Gonzáles-Alva et al. (2010) investigou a imunoexpressão da PDPN, E-caderina e da vimentina em amostras de ameloblastomas (38 casos) e em CDs (15 casos). Os resultados mostraram que expressão para PDPN foi detectada na membrana celular e no citoplasma na maioria das células epiteliais tumorais odontogênicas dos ameloblastomas. Para os CDs esta proteína foi negativa em 60% dos casos (9 cistos), mas algumas áreas com reação inflamatória foram fracamente positivas em 40% dos casos (6 cistos) na camada basal. A imunoexpressão para PDPN em ameloblastomas foi significativamente mais elevada do que em CDs (p<0,01). Concluíram que sua expressão está associada com tecidos odontogênicos neoplásicos e desempenha um papel na migração coletiva de ninhos de células tumorais em ameloblastomas, sendo que este processo pode estar relacionado com a reorganização do citoesqueleto. Okamoto et al. (2010) analisaram a imunoexpressão da PDPN em TOCs (46 casos), cistos odontogênicos ortoceratinizados (COO-11 casos) e CDs (15 casos). Os resultados mostraram que os TOCs apresentaram positividade para PDPN na membrana celular e no citoplasma na maioria das camadas basais e suprabasais e na periferia dos cistos filhos. No caso de COO e CD, somente os casos associados com inflamação foram positivos para PDPN, fenômeno este semelhante ao que acontece com gengivas inflamadas. Quando comparado a expressão da PDPN entre TOC, COO e CD concluiu-se que a PDPN é fortemente expressa em TOC em comparação com os dois últimos cistos. O padrão de coloração em TOC pode estar relacionado com a sua natureza neoplásica, e sugere um papel da proteína no processo de crescimento tumoral. Em um estudo de Miyazaki et al. (2009) que utilizou anticorpo anti-PDPN em 40 amostras de tecido gengival inflamado foi observada uma forte imunorreatividade na porção membranar e citoplasmática de células basais epiteliais de gengiva que exibiam intenso infiltrado inflamatório na lâmina própria subepitelial. Quando existia leve ou ausente infiltrado inflamatório subepitelial, pouca ou nenhuma imunorreatividade nas células basais foram observadas. Esta Imunorreatividade 50 também foi detectada em extensões de células basais, que são frequentemente observadas no epitélio gengival, mas não em outros tipos de epitélio bucal e implica que o epitélio gengival pode apresentar características de epitélio odontogênico. Estes resultados sugerem que os estímulos inflamatórios dos periodontopatógenos podem induzir a imumoexpressão de PDPN no epitélio sulcular e juncional oral, aumentando a capacidade migratória do epitélio, essencial para a progressão da periodontite. O estudo de Zustin, Scheuer e Friedrich (2010) teve como objetivo analisar a imunoexpressão da PDPN em 9 germes dentários humanos e 7 dentes permanentes, extraídos por motivos ortodônticos, assim como em lesões odontogênicas (10 CRs, 10 CDs, 3 TOCs, 5 ameloblastomas e 2 TOAs). A expressão da proteína foi detectada na maioria das células epiteliais e ectomesenquimais dos tecidos dos germes dentários humanos, e nos odontoblastos e fibroblastos superficiais da polpa de dentes permanentes. Em CRs e CDs houve forte marcação membranar e citoplasmática na camada basal do revestimento epitelial. TOC, ameloblastoma plexiforme e TOA revelaram forte marcação membranar e citoplasmática nas camadas epiteliais basais e parabasais da periferia do tumor. Concluíram, então, que a PDPN parece estar envolvida em processos fisiológicos e patológicos, formando extensões celulares alongadas e fibras odontoblásticas, na transição epitélio-mesênquima, durante o desenvolvimento do germe dentário, assim como em lesões odontogênicas císticas e neoplásicas. Sugeriram então que mecanismos semelhantes de adesão celular, envolvimento epitélio-mesênquima e crescimento são, provavelmente, envolvidos na formação destas lesões. A razão pela qual a expressão da PDPN é aumentada durante os processos com grande atividade celular, bem como durante a resposta inflamatória, permanece desconhecida (TJIOE et al., 2012). Além disso, existe uma escassez de pesquisas sobre sua expressão em cistos odontogênicos, sobretudo em CRs e CDs, já que apresentam alta frequência de acometimentos, porém são de etiologias diferentes. Dessa forma, novas pesquisas são necessárias para que haja um melhor entendimento da atuação da PDPN nessas lesões císticas. 51 Proposição 25 3 PROPOSIÇÃO Esta pesquisa se propôs a avaliar e comparar a expressão imunoistoquímica do EGFR e da PDPN em cistos radiculares e cistos dentígeros, bem como associá-la com o grau de inflamação, localização celular da imunomarcação e com as camadas epiteliais imunomarcadas. Pretendeu-se que os resultados contribuíssem para o melhor entendimento da participação dessas proteínas na patogênese das lesões císticas analisadas. 53 Materiais e Métodos 54 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS O presente estudo foi cadastrado na Plataforma Brasil e seu conteúdo foi submetido à análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O projeto foi aprovado com parecer nº 349.001 (ANEXO A). 4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO O estudo consistiu de uma avaliação observacional, descritiva e retrospectiva da expressão imunoistoquímica do EGFR e da PDPN em CRs e CDs. 4.2.1 Variáveis As variáveis analisadas neste estudo foram classificadas segundo informações que constam nos Quadros 1 e 2. Quadro 1 – Classificação das variáveis dependentes. Natal-RN, 2014. VARIÁVEIS DEPENDENTES TIPO CLASSIFICAÇÃO Imunoexpressão para EGFR Qualitativa ordinal Imunoexpressão para Qualitativa ordinal podoplanina Quadro 2 – Classificação das variáveis independentes. Natal-RN, 2014. VARIÁVEIS INDEPENDENTES CLASSIFICAÇÃO Qualitativa nominal mutualmente Tipo de cisto exclusiva Grau de inflamação Qualitativa ordinal Localização celular da Qualitativa nominal exaustiva imunocoloração Camadas epiteliais Qualitativa ordinal imunomarcadas TIPO 55 4.3 POPULAÇÃO Todos os casos de CRs e CDs diagnosticados e arquivados no Setor de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), entre os anos de 1985 e 2013. 4.4 AMOSTRA A amostra foi intencional e composta por 60 espécimes de CRs e CDs incluídos em parafina, obtidos a partir dos registros do Serviço de Patologia Oral da UFRN. Estes foram selecionados com a finalidade de se obter 30 casos de CRs e 30 casos de CDs segundo os critérios de seleção da amostra. 4.4.1 Critérios de seleção da amostra 4.4.1.1 Critérios de Inclusão da Amostra Foram incluídos casos diagnosticados como CRs e CDs, que exibiram aspectos histopatológicos bem definidos pré-estabelecidos e confirmados por dados radiográficos. Foram selecionados apenas os casos que exibiram uma cavidade patológica revestida total ou parcialmente por epitélio pavimentoso estratificado não ceratinizado que apresentaram subjacente ao mesmo uma quantidade suficiente de cápsula fibrosa para realização da análise morfológica. Para os CRs, não houve restrição com relação ao local de acometimento. Para os CDs, foram incluídos apenas os espécimes provenientes de lesões em região de terceiro molar (maxilar ou mandibular) e região anterior da maxila, associadas a dentes totalmente inclusos. Foram selecionados apenas os casos que possuíram material biológico suficiente nos blocos de parafina para o desenvolvimento da pesquisa. 4.4.1.2 Critérios de Exclusão da Amostra 56 Foram excluídos do estudo os casos que não satisfizeram os critérios de inclusão anteriormente citados. 4.5 ESTUDO MORFOLÓGICO O estudo morfológico foi realizado em lâminas coradas pela técnica de rotina da hematoxilina e eosina, já existentes no arquivo do laboratório de Anatomia Patológica da disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da UFRN. Por meio da microscopia de luz, investigou-se a intensidade do infiltrado inflamatório presente no tecido conjuntivo/cápsula, que foi classificada de acordo com critérios adaptados do estudo de Tsai et.al. (2004). No aumento de 100x, a partir da porção luminal das lesões císticas em direção à periferia, ou seja, a partir da região subepitelial, a cápsula fibrosa foi dividida em terços, formando três campos microscópicos consecutivos. Os espécimes cujo infiltrado inflamatório era ausente ou se apresentou restrito ao primeiro campo microscópico, foram classificados como grau 1 (ausente ou leve infiltrado inflamatório); as lesões com células inflamatórias presentes até o segundo campo microscópico foram definidas como grau 2 (moderado infiltrado inflamatório); e as lesões que exibiram infiltrado inflamatório até o terceiro campo microscópico, foram categorizadas como de grau 3, conforme ilustra a figura 1. As avaliações foram realizadas por um único examinador previamente treinado e os dados transcritos para uma ficha elaborada para o estudo (Apêndice A). Figura 1: Ilustração da análise do infiltrado inflamatório em CRs, segundo metodologia adaptada do estudo do estudo de Tsai et al. (2004). Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral da UFRN. Fotomicrografia obtida em microscópio de luz no aumento de 100x. 57 4.6 ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO Os espécimes fixados em formol a 10%, incluídos em parafina e selecionados para a pesquisa, foram submetidos a cortes histológicos de 3 µm de espessura e estendidos em lâminas de vidro, previamente limpas, desengorduradas e preparadas com adesivo à base de organosilano (3-aminopropyltrietoxy-silano, Sigma Chemical CO, St Louis, MO, USA). Posteriormente, o material foi submetido ao método da imunoperoxidase pela técnica baseada em polímeros de dextrano (ADVANCETM HRP, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA), utilizando anticorpos monoclonais anti-EGFR e anti-PDPN, conforme mostra o quadro 3. Quadro 3 - Especificações dos anticorpos primários utilizados na pesquisa. Natal-RN, 2014. No do Especificidade/ Catálogo Clone Fabricante Diluição Sistema EGFR (SP9) SPB M3090 Spring Bioscience* 1:200 Advance Podoplanina (D2-40) M3619 Dako** 1:400 Advance Recuperação Incubação Antigênica Citrato ph 6,0 Pascal Tris/EDTA ph 9,0 Pascal 60 minutos Overnight *Spring Bioscience, Inc., Pleasanton, CA, USA; **Dako North America, Inc., Carpinteria, CA, USA. Como controle positivo foi utilizado espécime de carcinoma epidermóide oral. O controle negativo consistiu na substituição do anticorpo primário por albumina de soro bovino (BSA) a 1% em solução tampão. A técnica utilizada seguiu o protocolo descrito abaixo: Desparafinização: 2 banhos em xilol, ambos por 10 minutos em temperatura ambiente; Reidratação em cadeia descendente de etanóis: Álcool etílico absoluto I (3 minutos); Álcool etílico absoluto II (3 minutos); Álcool etílico absoluto III (3 minutos); Álcool etílico 95°GL (3 minutos); Álcool etílico 80°GL (3 minutos); 58 Remoção de pigmentos formólicos com hidróxido de amônia a 10% em etanol 95° em temperatura ambiente (10 minutos); Lavagem em água corrente (5 minutos); Duas passagens em água destilada (3 minutos cada); Recuperação antigênica (Quadro 3); Lavagem em água corrente (10 minutos); Duas passagens em água destilada (5 minutos cada); Uma incubação dos cortes em solução de peróxido de hidrogênio 3% 10 volumes para o bloqueio da peroxidase endógena tecidual (15 minutos cada); Lavagem em água corrente (10 minutos); Duas passagens em água destilada (5 minutos cada); Uma passagem em solução tampão TRIS-HCl (tris-hidroximetil-aminometano, Sigma Chemical Co. St. Louis, MO, USA) pH 7,4; Incubação dos cortes com anticorpos primários (Quadro 3) em solução diluente (Antibody diluent with background reducing components, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA); Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4; Incubação com anticorpo secundário (ADVANCETM HRP Link, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA), à temperatura ambiente (30 minutos); Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada); Incubação com anticorpo polimerizado à peroxidase (ADVANCETM HRP Enzyme, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA e Kit LSAB HRP, Dako Cytomation, Carpinteria, CA, USA), à temperatura ambiente (30 minutos); Duas passagens em solução tampão TRIS-HCL pH 7,4 (5 minutos cada); Revelação da reação com solução cromógena de 3,3-diaminobenzidina (Liquid DAB+ Substrate, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA) (10 minutos); Lavagem em água corrente (10 minutos); Passagens rápidas em água destilada (2 trocas); Contracoloração com hematoxilina de Mayer, à temperatura ambiente (10 minutos); Desidratação em cadeia ascendente de etanóis: Álcool etílico 80°GL (2 minutos); 59 Álcool etílico 95°GL (2 minutos); Álcool etílico absoluto I (5 minutos); Álcool etílico absoluto II (5 minutos); Álcool etílico absoluto III (5 minutos); Duas passagens em xilol (2 minutos cada); Montagem em resina Permount® (Fisher Scientific Inc., Fair Lawn, NJ, USA), para análise em microscópio de luz. 4.7 ANÁLISE IMUNOISTOQUÍMICA As lâminas coradas pela técnica de imunoistoquímica foram analisadas em microscópio de luz, em um aumento de 400x e as características do padrão de expressão celular de cada imunomarcador anotadas em fichas especiais previamente elaboradas para o estudo (Apêndice B). A análise das células imunomarcadas para EGFR e PDPN foi realizada somente no revestimento epitelial, de forma semiquantitativa, segundo metodologia adaptada do estudo de Gonçalves et al. (2012). Foram consideradas imunopositivas as células do revestimento epitelial cístico que apresentaram coloração acastanhada, independente da intensidade. Os casos foram classificados de acordo com a porcentagem de células positivas em: Escore I - 0 a 5% de células positivas; Escore II - 5 a 50% de células positivas; Escore III - acima de 50% das células positivas. Seguindo a metodologia adaptada do estudo de Oliveira et al. (2011), foi analisada também a localização da imunomarcação nas células individualmente (membranar, citoplasmática, ou em ambas) e nas diferentes camadas do epitélio (basal, suprabasal e superficial). 4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise descritiva e inferencial dos dados foi realizada por meio do software Statistics Package of the Social Sciences versão 20 (IBM, São Francisco, CA, EUA). Para avaliar as possíveis associações entre as variáveis dependentes (Imunomarcação para EGFR e PDPN) com as variáveis independentes (tipo de 60 cisto, intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e número de camadas epiteliais imunomarcadas) utilizou-se o teste de Qui-quadrado e Exato de Fisher, ambos com nível de significância estatística de 5%. Foram utilizados estes testes, tendo em vista que os dados são de natureza qualitativa e, portanto, sem distribuição normal. 61 Resultados 25 5 RESULTADOS 5.1 RESULTADOS DO ESTUDO MORFOLÓGICO A análise morfológica dos casos de CRs e CDs revelou que estes apresentaram aspectos histopatológicos compatíveis com os descritos na literatura. Observou-se a presença de uma cavidade cística revestida total ou parcialmente por epitélio pavimentoso estratificado não ceratinizado. Os CRs exibiram número de camadas epiteliais variadas, apresentando 13 casos com epitélio hiperplasiado, 9 com epitélio hiperplasiado e áreas de atrofia e 8 com epitélio atrófico. A cápsula de tecido conjuntivo fibroso destes cistos apresentou intenso infiltrado inflamatório (grau 3) na maioria dos casos, o que conferia ao epitélio alterações como espongiose, degeneração hidrópica, exocitose e hiperplasia (Figura 2-A,B,C). Para os CDs, a maioria dos casos exibiu um delgado revestimento epitelial e interface plana com o tecido conjuntivo (14 casos com epitélio atrófico, 9 com epitélio atrófico e áreas de hiperplasia e 8 com epitélio hiperplasiado). Na cápsula fibrosa destes cistos predominou ausente ou leve infiltrado inflamatório (grau 1), apresentando alguns casos com moderado infiltrado inflamatório (grau 2), que conferia a ele maior número de camadas epiteliais e algumas alterações como espongiose e degeneração hidrópica (Figura 2-D,E,F). Como a intensidade da inflamação foi o critério morfológico analisado, constam na tabela 1 os dados referentes à distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório quanto ao tipo de cisto. Tabela 1: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014. Cisto radicular Cisto dentígero N % N % Grau 1- Ausente ou Leve 6 20 19 63,3 Grau 2 - Moderado 7 23,3 11 36,7 Grau 3 - Intenso 17 56,7 - - Intensidade do infiltrado inflamatório Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 5.2 RESULTADOS DO ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO 63 O estudo imunoistoquímico mostrou que todos os casos de CRs e CDs apresentaram imunomarcação para EGFR. Para PDPN, todos os casos de CDs e quase a totalidade dos CRs apresentaram imunomarcação. Os resultados revelaram que a maioria dos casos de ambos os cistos apresentaram escore III de imunomarcação para o EGFR, ou seja, ambas as lesões exibiram elevada expressão. Para a PDPN, os CRs apresentaram maior imunomarcação, com a maioria dos casos apresentando escore III quando comparado aos CDs, onde a maioria dos casos apresentarou escore II. A tabela 2 mostra a caracterização da amostra quanto aos escores de imunomarcação celular para o EGFR e a PDPN, de acordo com o tipo de cisto. Tabela 2: Distribuição dos escores de imunomarcação para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014. Cisto radicular Cisto dentígero Células epiteliais imunomarcadas para N % N % Escore I - Até 5% 1 3,3 - - Escore II - De 5 a 50% 1 3,3 1 3,3 Escore III - Acima de 50% 28 93,3 29 96,7 Escore I - Até 5% 6 20 2 6,7 Escore II - De 5 a 50% 8 26,7 21 70 Escore III - Acima de 50% 16 53,3 7 23,3 EGFR Células epiteliais imunomarcadas para PDPN Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. Quanto à localização celular da imunomarcação para o EGFR, ambos os cistos apresentaram predominância de positividade apenas no citoplasma, seguida pela associação de membranar e citoplasmática (Figuras 3 e 4). Com relação à localização celular da imunomarcação para PDPN em ambos os cistos, predominou a imunomarcação membranar e citoplasmática associadas, seguida pela membranar e pela citoplasmática (Figuras 5 e 6), conforme mostra a tabela 3. 64 Tabela 3: Distribuição da localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014. Cisto radicular Cisto dentígero N % n % - - - - Citoplasmática 17 56,7 23 76,7 Ambas 13 43,3 7 23,3 Membranar 10 34,5 7 23,3 Citoplasmática 2 6,8 1 3,3 Ambas 17 58,6 22 73,3 Localização celular da imunomarcação para EGFR Membranar Localização celular da imunomarcação para PDPN Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. A tabela 4 mostra o perfil de imunomarcação para EGFR e PDPN por camadas epiteliais, de acordo com o tipo de cisto. As informações inicialmente foram computadas por caso, havendo casos onde uma ou mais camadas apresentaram células imunomarcadas. Para ambas as lesões houve imunomarcação do EGFR em praticamente todas as camadas epiteliais, na maioria dos casos (Figuras 3 e 4). Para PDPN, tanto em CRs como em CDs, a camada epitelial mais frequentemente imunomarcada foi a basal (Figuras 5 e 6). Tabela 4: Distribuição das camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014. Cisto radicular Cisto dentígero N % n % Basal 28 93,3 30 100 Suprabasal 28 93,3 30 100 Superficial 30 100 30 100 Basal 29 96,7 30 100 Suprabasal 19 63,3 15 50 Superficial 20 66,7 9 30 Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada para EGFR Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada para PDPN Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 65 A distribuição dos escores de imunomarcação com relação à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs, constam na tabela 5. Quando se analisou a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com os escores de imunomarcação, nos casos de CRs, pode-se perceber que a maioria dos casos apresentou imunomarcação celular escore III para EGFR, independente do grau de inflamação. Para PDPN, a maioria dos casos com infiltrado inflamatório grau 3 apresentou imunomarcação escore III. Tabela 5: Distribuição dos escores de imunomarcação com relação à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014. EGFR PDPN Escore I Escore II Escore III Escore I Escore II Escore III (%) (%) (%) (%) (%) (%) Grau 1 - - 6 (100) 2 (33,3) 2 (33,3) 2 (33,3) Grau 2 - - 7 (100) - 4 (57,1) 3 (42,9) Grau 3 1 (5,9) 1 (5,9) 15 (88,2) 4 (23,5) 2 (11,8) 11 (64,7) - - - 2 (20) 2 (20) 6 (60) 1 (5,9) - 16 (94,1) 1 (50) 1 (50) - - 1 (7,7) 12 (92,3) 2 (11,8) 5 (29,4) 10 (58,8) Basal - - 28 (100) 5 (17,2) 8 (27,6) 16 (55,2) Suprabasal - - 28 (100) 1 (5,3) 2 (10,5) 16 (84,2) Superficial 1 (3,3) 1 (3,3) 28 (93,3) 2 (10) 3 (15) 15 (75) Intensidade do infiltrado inflamatório Localização celular da imunomarcação Membranar Citoplasmática Ambas Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 66 A tabela 6 mostra a distribuição dos escores de imunomarcação com relação à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Para o EGFR, quase a totalidade dos casos apresentou escore III de imunomarcação, independente da intensidade do infiltrado inflamatório. Para PDPN, a maioria apresentou escore II de imunomarcação, independente da intensidade do infiltrado inflamatório. Tabela 6: Distribuição dos escores de imunomarcação com relação à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014. EGFR PDPN Escore I Escore II Escore III Escore I Escore II Escore III (%) (%) (%) (%) (%) (%) 19 (100) 2 (10,5) 14 (73,7) 3 (15,8) Intensidade do infiltrado inflamatório Grau 1 - Grau 2 - 1 (9,1) 10 (90,9) - 7 (63,6) 4 (36,4) Grau 3 - - - - - - Membranar - - - 1 (14,3) 5 (71,4) 1 (14,3) Citoplasmática - 1 (4,3) 22 (95,7) - - 1 (100) Ambas - - 7 (100) 1 (4,5) 16 (72,7) 5 (22,8) Basal - 1 (3,3) 29 (96,7) 2 (6,7) 21 (70) 7 (23,3) Suprabasal - 1 (3,3) 29 (96,7) - 8 (53,3) 7 (46,7) Superficial - 1 (3,3) 29 (96,7) - 2 (22,2) 7 (77,8) Localização celular da imunomarcação Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. A tabela 7 mostra a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Na tabela 8, têm-se a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com 67 relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Tabela 7: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014. Intensidade do infiltrado inflamatório Grau 1 Grau 2 Grau 3 (%) (%) (%) - - - Citoplasmática 5 (29,4) 3 (17,6) 9 (52,9) Ambas 1 (7,7) 4 (30,8) 8 (61,5) Membranar 2 (20) 1 (10) 7 (70) Citoplasmática 2 (100) - - Ambas 2 (11,8) 6 (35,3) 9 (52,9) Localização celular da imunomarcação do EGFR Membranar Localização celular da imunomarcação da PDPN Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. Tabela 8: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014. Intensidade do infiltrado inflamatório Grau 1 Grau 2 Grau 3 (%) (%) (%) - - - Citoplasmática 14 (60,9) 9 (39,1) - Ambas 5 (71,4) 2 (28,6) - 5 (71,4) 2 (28,6) - - 1 (100) - 14 (63,6) 8 (36,4) - Localização celular da imunomarcação do EGFR Membranar Localização celular da imunomarcação da PDPN Membranar Citoplasmática Ambas Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. A distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs consta 68 na tabela 9. A tabela 10 mostra a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Tabela 9: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014. Intensidade do infiltrado inflamatório Grau 1 Grau 2 Grau 3 (%) (%) (%) Basal 6 (21,4) 7 (25) 15 (53,6) Suprabasal 6 (21,4) 7 (25) 15 (53,6) Superficial 6 (20) 7 (23,3) 15 (56,7) Basal 6 (20,7) 7 (24,1) 16 (55,2) Suprabasal 2 (10,5) 4 (21,1) 13 (68,4) Superficial 2 (10) 4 (20) 14 (70) Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada para EGFR Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada para PDPN Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. Tabela 10: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014 Intensidade do infiltrado inflamatório Grau 1 Grau 2 Grau 3 (%) (%) (%) Basal 19 (63,3) 11 (36,7) - Suprabasal 19 (63,3) 11 (36,7) - Superficial 19 (63,3) 11 (36,7) - Basal 19 (63,3) 11 (36,7) - Suprabasal 8 (53,3) 7 (46,7) - Superficial 4 (44,4) 5 (55,6) - Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada para EGFR Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada para PDPN Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 69 A tabela 11 mostra a distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para os casos de CRs. Pode-se observar que, para o EGFR, houve praticamente igual distribuição entre a imunolocalização citoplasmática e associada (membranar e citoplasmática) entre as camadas. Para PDPN, a maioria dos casos com imunomarcação na basal, suprabasal e superficial apresentaram imunolocalização associada na membrana e no citoplasma. Na tabela 12 constam os dados referentes à distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas, para os casos de CDs. Pode-se observar que, para o EGFR, a maioria dos casos com imunomarcação imunolocalização imunomarcaram na camada basal, citolasmática. a camada Para basal, suprabasal e PDPN, maioria subrabasal a e superficial dos superficial apresentou casos que apresentavam imunomarcação celular associados na membrana e no citoplasma. 70 Tabela 11: Distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas nos casos de CRs. Natal-RN, 2014. a Localização celular da imunomarcação para EGFR Localização celular da imunomarcação para PDPN Membranar (%) Citoplasmática (%) Ambas (%) Membranar (%) Citoplasmática (%) Ambas (%) Basal - 16 (57,1) 12 (42,9) 10 (34,5) 2 (6,9) 17 (58,6) Suprabasal - 16 (57,1) 12 (42,9) 7 (36,8) - 12 (63,2) Superficial - 17 (56,7) 13 (43,3) 7 (35) - 13 (65) Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. a Um caso de cisto radicular foi excluído, por não apresentar imunomarcação celular para PDPN. Tabela 12: Distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas nos casos de CDs. Natal-RN, 2014. Localização celular da imunomarcação para EGFR Localização celular da imunomarcação para PDPN Membranar (%) Citoplasmática (%) Ambas (%) Membranar (%) Citoplasmática (%) Ambas (%) - 23 (76,7) 7 (23,3) 7 (23,3) 1 (3,3) 22 (73,3) Suprabasal - 23 (76,7) 7 (23,3) 4 (26,7) 1 (6,7) 10 (66,7) Superficial - 23 (76,7) 7 (23,3) 1 (11,1) 1 (11,1) 7 (77,8) Quantidade de cada camada epitelial imunomarcada Basal Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 71 5.3 RESULTADOS DA ANÁLISE ESTATÍSTICA Os testes estatísticos foram aplicados associando as variáveis dependentes e independentes. Foi realizado o teste Exato de Fisher para observar se existia ou não diferença estatisticamente significativa dos escores de imunomarcação do EGFR e da PDPN entre os dois tipos de cistos analisados. Houve diferença estatisticamente significativa entre os cistos somente com relação à imunoexpressão da PDPN (p=0,033), já que esta proteína apresentou maior escore de imunomarcação nos CRs. Entretanto, para que fosse possível realizar o teste, a variável dependente precisou ser recategorizada, juntando-se os escores I e II, permanecendo o escore III separado. Optou-se por unir os escores I e II, pois, como as proteínas analisadas são encontradas em quantidade de destaque mesmo na mucosa oral normal (escore I e II), somente sua superexpressão (escore III) representaria ativividade mais intensa dessas proteínas (Tabela 13). Tabela 13: Teste Exato de Fisher entre escores de imunomarcação do EGFR e da PDPN quanto aos tipos de cistos analisados. Natal-RN, 2014. EGFR PDPN Escore I e II Escore III (%) p Escore I e II Escore III (%) (%) 14 (46,7) 16 (53,3) 23 (76,7) 7 (23,3) (%) P Tipo de cisto 2 (6,7) 28 (93,3) 1 (3,3) 29 (96,7) Radicular 1,000 0,033 Dentígero Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. As tabelas 14 (CRs) e 15 (CDs) exibem a análise estatística da associação entre os escores de imunomarcação para EGFR e PDPN e a intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas, de acordo com o teste de Qui-quadrado/Exato de Fisher. Para que fosse possível realizar o teste, a variável independente, que diz respeito à intensidade do infiltrado inflamatório, precisou ser recategorizada, juntando-se o grau 2 e 3, permanecendo o grau 1 separado, uma vez que a presença de um moderado a intenso infiltrado inflamatório nos CRs é um achado comum, e nos CDs a ausência ou escassez é o achado mais frequente. 72 Os casos de CRs com imunomarcação do EGFR escore III exibiram maior positividade nas camadas basal e suprabasal (p=0,002). Os casos de CRs com imunomarcação para PDPN escore III apresentaram uma associação significativa com imunomarcação nas camadas suprabasal e superficial (p<0,001) (Tabela 14). Para os casos de CDs com imunomarcação da PDPN escore III, pôde-se obsevar que estes também estão associados significativamente com a imunomarcação nas camadas suprabasal e superficial (p= 0,006; p<0,001, respectivamente) (Tabela 15). Tabela 14: Associação da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas, de acordo com o Teste de Qui-quadrado/Exato de Fisher para os casos de CRs. Natal-RN, 2014. EGFR PDPN Escore I Escore III e II (%) (%) - 6 (100) 2 (8,3) 22 (91,7) - - p Escore I Escore III e II (%) (%) 4 (66,7) 2 (33,3) 10 (41,7) 14 (58,3) 4 (40) 6 (60) 2 (100) - 7 (41,2) 10 (58,8) 13 (44,8) 16 (55,2) 1 (100) - 3 (15,8) 16 (84,2) 11 (100) - 5 (25) 15 (75) P Intensidade do infiltrado inflamatório Grau 1 Grau 2 e Grau 3 d 1,000 d 0,378 Localização celular da imunomarcação b Membranar Citoplasmática Ambas - 16 (100) 1 (7,7) 12 (92,3) - 28 (100) 2 (100) - - 28 (100) 2 (100) - 2 (6,7) 28 (93,3) d 0,448 - c Camada epitelial imunomarcada Basal Presente Ausente d 0,002 d 0,467 Suprabasal Presente Ausente d 0,002 d <0,001 Superficial Presente Ausente - - - a 9 (90) 1 (10) d <0,001 Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. a Não foi possível realizar o teste de Exato de Fisher, devido a variável permanecer constante. b Um caso de cisto radicular foi excluído, por não apresentar imunomarcação celular para PDPN. c Não foi possível realizar o teste de Qui-quadrado, por haver caselas com contagem esperada menor que 5. d Teste Exato de Fisher. 73 Tabela 15: Associação da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas, de acordo com o Teste Exato de Fisher para os casos de CDs. Natal-RN, 2014. EGFR PDPN Escore I e Escore III II (%) (%) - 19 (100) 1 (9,1) 10 (90,9) - - 1 (4,3) 22 (95,7) - 7 (100) Presente 1 (3,3) 29 (96,7) Ausente - - Presente 1 (3,3) 29 (96,7) Ausente - - Presente 1 (3,3) 29 (96,7) Ausente - - P Escore I e Escore III II (%) (%) 16 (84,2) 3 (15,8) 7 (63,6) 4 (36,4) 6 (85,7) 1 (14,3) - 1 (100) 17 (77,3) 5 (22,7) 23 (76,7) 7 (23,3) - - 8 (53,3) 7 (46,7) 15 (100) - 2 (22,2) 7 (77,8) 21 (100) - P Intensidade do infiltrado inflamatório Grau 1 Grau 2 e Grau 3 0,367 0,372 Localização celular da imunomarcação Membranar Citoplasmática Ambas 1,000 - b - a Camada epitelial imunomarcada Basal - a - a - a Suprabasal 0,006 Superficial <0,001 Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. a Não foi possível realizar o teste, pois a variável permaneceu constante. b Não foi possível realizar o teste, por haver caselas com contagem esperada menor que 5. 74 Figura 2: Características morfológicas de CRs e CDs. A) CR com infiltrado inflamatório grau 1 e epitélio atrófico. B) CR com infiltrado inflamatório grau 2, epitélio hiperplasiado e com projeções. C) CR com infiltrado inflamatório grau 3. D) CD com infiltrado inflamatório ausente (grau 1) e epitélio atrófico. E) CD com infiltrado inflamatório grau 1 (leve infiltrado inflamatório). F) CD com infiltrado inflamatório grau 2 (H/E, 100x). A D B E C Figura 2: F Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 75 Figura 3: Imunoexpressão do EGFR em CRs. A) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. a) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. B) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 3. b) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. C) Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. c) Maior detalhe da imulocalização membranar e citoplasmática associada. A seta preta mostra células com imunolocalização membranar (ADVANCE, 400x). a A b B c C Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 76 Figura 4: Imunoexpressão do EGFR em CDs. A) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. a) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. B) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. b) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. C) Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 2. c) Maior detalhe da imunolocalização membranar e citoplasmática associada (ADVANCE, 400x). a A b B c C Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 77 Figura 5: Imunoexpressão da PDPN em CRs. A) Imunolocalização membranar nas camadas basal e suprabasal, infiltrado inflamatório grau 3. a) Maior detalhe da imunolocalização membranar. B) Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 3. b) Maior detalhe da imunolocalização membranar e citoplasmática associada. C) Imunolocalização citoplasmática nas camadas basal e suprabasal, infiltrado inflamatório grau 1. c) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática (ADVANCE, 400x). a A b B c C Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 78 Figura 6: Imunoexpressão da PDPN em CDs. A) Imunolocalização membranar nas camadas basal e suprabasal, infiltrado inflamatório grau 1. a) Maior detalhe da imunolocalização membranar. B) Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 2. b) Maior detalhe da imunolocalização membranar e citoplasmática associada. C) Imunolocalização citoplasmática na camada basal, infiltrado inflamatório grau 1. c) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática (ADVANCE, 400x). a A b B c C Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. 79 Discussão 80 6 DISCUSSÃO Os CRs e CDs são as lesões císticas odontogênicas mais prevalentes, tornando-as alvos de numerosas pesquisas que objetivam compreender melhor suas etiopatogenias. Sabe-se que esses cistos apresentam etiologias diferentes, sendo os CDs com estímulo indutor ainda desconhecido. Os mecanismos de estabelecimento e crescimento dessas lesões não são completamente esclarecidos, porém, acredita-se que a proliferação epitelial tenha um papel importante, o que torna relevante o estudo de possíveis biomarcadores envolvidos neste processo. Acredita-se que o EGFR e a PDPN possam participar da formação e crescimento desses cistos, através do processo de estimulação epitelial. A formação dos cistos está relacionada com a proliferação de restos epiteliais, que são ativados pela liberação de citocinas e/ou fatores de crescimento, produzidos principalmente durante processos inflamatórios (ISAAC et al., 2010; MORAES et al., 2011). Nestes processos, estão presentes células como os macrófagos que, dentre outras, são importantes por produzirem uma diversidade de fatores de crescimento, dentre os quais incluem: EGF, FGF (fator de crescimento de fibroblastos), PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas), TGF-β (fator de crescimento transformante beta) e VEGF (fator de crescimento endotelial vascular). O EGF atua realizando quimiotaxia e proliferação de fibroblastos, assim como proliferação e quimioatração de queratinócitos. Assim, para que EGF atue, é necessária a presença de seu receptor (EGFR), que também é expresso durante processos inflamatórios (ISAAC et al., 2010). Acredita-se que a expressão da PDPN também seja influenciada pela inflamação, porém a razão pela qual sua expressão é reforçada durante os processos de alta atividade celular e resposta inflamatória permanece desconhecida (TJIOE et al., 2012). Assim, diante dos poucos trabalhos com essas proteínas (EGFR e PDPN), nessas lesões císticas (CRs e CDs), este estudo buscou avaliar e comparar a expressão imunoistoquímica do EGFR e da PDPN em CRs e CDs e associá-la com o grau de inflamação, localização celular da imunocoloração e com as camadas epiteliais imunomarcadas, na tentativa de contribuir para o melhor entendimento da participação dessas proteínas na patogenia dessas lesões. 81 O EGF atua em células alvo através da ligação a um receptor de superfície célular específico (EGFR). Esta ligação leva à auto fosforilação do receptor de tirosina cinase, sendo este considerado o primeiro passo para uma cadeia de reações que culminam em mitose. As ativações de vias de transdução de sinal estão, portanto, envolvidas na regulação da proliferação e diferenciação celular epitelial (VICENTE et al., 2010). Pôde-se observar que para o EGFR, no presente estudo, todos os casos de CRs e CDs apresentaram imunomarcação em células epiteliais. Além disso, dos 30 casos de cada cisto que foram analisados, quase a totalidade (28 casos de CR e 29 de CD) apresentaram imunomarcação escore III, ou seja, elevada imunoexpressão. Adicionalmente, não houve diferença estatística significativa na imunoexpressão do EGFR entre as lesões analisadas. Com isso, pode-se sugerir que o EGFR participa da patogênese das lesões císticas analisadas, através da proliferação epitelial. Resultados similares aos do presente estudo foram encontrados no trabalho de Li et al. (1993) e Gonçalves et al. (2012). Os resultados do estudo de Li et al. (1993) corroboram os dados de imunoexpressão apresentados pelo presente estudo, visto que o revestimento epitelial de todos os CRs e CDs analisados expressaram o EGFR, apesar da metodologia de análise ser diferente. O estudo de Gonçalves et al. (2012) utilizou metodologia e número de casos semelhantes. Neste, todos os CRs e CDs apresentaram alta imunoexpressão do EGFR (acima de 50% de células positivas), e não houve diferença estatística significativa na imunoexpressão deste receptor entre as lesões, resultados esses que também foram encontrados no presente estudo. No entanto, os resultados acima expostos estão em contradição aos apresentados no trabalho de Shrestha et al. (1992), aos outros dados apresentados no estudo de Li et al. (1993), e aos resultados do estudo de Vicente et al. (2010). No estudo de Shrestha et al. (1992), os autores analisaram, dentre outras lesões, os CRs, que apresentaram imunopositividade para EGFR em 35% dos casos, e os CDs com imunopositividade em 47,4% dos casos. Estas porcentagens são inferiores as encontradas no presente estudo, onde todos os casos, em ambos os cistos, apresentaram imunopositividade, e não houve diferença de imunomarcação entre os tipos de cistos. 82 Li et al. (1993) também encontraram que o revestimento epitelial dos cistos de desenvolvimento apresentou imunocoloração mais intensa para EGFR, do que os cistos inflamatórios. Os autores afirmaram que a maior expressão do EGFR nos cistos de desenvolvimento apoia a ideia de que diferentes mecanismos de iniciação e controle de proliferação de células epiteliais estão envolvidos em suas formações. Assim, como no presente estudo não houve diferença estatística significativa entre a imunoexpressão do EGFR entre os cistos e para os dois tipos de cistos a maioria dos casos foi escore III, pode-se sugerir que, ao contrário do que afirmaram Li et al. (1993), mecanismos semelhantes de iniciação e controle de proliferação de células epiteliais podem estar envolvidos em suas formações, apesar de apresentarem etiologias diferentes. O estudo de Vicente et al. (2010) mostrou que houve imunoexpressão positiva para EGFR em apenas 30% dos casos de CRs e 40% dos casos de CDs. Estas porcentagens também mostraram-se-se inferiores as encontradas no atual estudo, onde, como já relatado, ambos os cistos analisados apresentaram imunomarcação positiva para EGFR em todos os casos e, portanto, não houve diferença de imunoexpressão entre as lesões. É sabido que os CRs são originados pela proliferação dos REM (LATOO et al., 2009). Nordlund et al. (1991) encontraram que REM não proliferantes no ligamento periodontal apresentaram a superfície de todas as células coradas intensamente com o anticorpo anti-EGFR. No presente estudo, todos os casos de CRs apresentaram imunomarcação para o EGFR, sendo que a grande maioria apresentou escore III, ou seja, elevada imunomarcação. Esses resultados associados sugerem que, no desenvolvimento dos CRs, os REM mantêm a capacidade de proliferação mediada pelo EGF e, portanto, esse fator de crescimento epidérmico e seu receptor contribuem para o estabelecimento e crescimento deste tipo de cisto. Acredita-se que os CDs possam se desenvolver a partir da proliferação de remanescentes do OE ou do EROE, através de acúmulo de líquido entre as camadas destes, após a formação completa ou parcial da coroa dental (LIMA et al, 2013). Cobo et al. (1992) mostraram que em dentes de ratos que não erupcionaram, moderada imunorreatividade para EGF e EGFR estava presente nos ameloblastos e nas células do epitélio interno do órgão do esmalte. Sabendo da constituição do 83 EROE e do OE, a moderada imunorreatividade encontrada nestes locais, associada com os dados encontrados no atual estudo, onde todos os casos de CDs apresentaram imunomarcação, sendo que quase a totalidade apresentou escore III para EGFR, pode-se supor que no desenvolvimento de CDs, estas células epiteliais do OE ou do EROE aumentam a capacidade de proliferação mediada pelo EGF e, portanto, este fator de crescimento epidérmico e seu receptor poderiam contribuir, também, para o estabelecimento e crescimento desse tipo de cisto. Apesar de o estudo de Cobo et al. (1992) ter sido realizado em ratos, acredita-se que processos semelhantes ocorram em humanos. Quando se associa a intensidade do infiltrado inflamatório com as células epiteliais imunomarcadas para EGFR em CRs e CDs, pode-se perceber que, para os dois tipos de cistos, não foram observadas diferenças estatísticas significativas. Portanto, a inflamação parece não influenciar na imunomarcação do EGFR nas células epiteliais dessas lesões. Este resultado está em concordância com o estudo de Gonçalves et al. (2012), porém, discorda dos resultados apresentados no estudo de Li et al. (1993). Gonçalves et al. (2012) analisaram, em CRs, a imunoexpressão do EGFR, bem como a sua associação com a intensidade do infiltrado inflamatório. Foi observado que a reação inflamatória não influenciou a expressão do EGFR no revestimento epitelial, corroborando, portanto, os resultados do presente estudo, apesar de utilizarem forma de análise do infiltrado inflamatório diferente. O estudo de Li et al. (1993) mostrou que o revestimento epitelial de ceratocistos odontogênicos (atualmente denominados de tumor odontogênico ceratocístico) e de CDs expressavam níveis mais elevados de imunomarcação do EGFR do que o revestimento de CRs, como relatado anteriormente. A menor intensidade de coloração do EGFR em CRs coincidia com a presença de alterações degenerativas no interior do epitélio associadas com infiltrado de células inflamatórias no local. Foi sugerido que níveis de expressão do EGFR parecem estar relacionados com a presença de inflamação no interior do tecido conjuntivo adjacente (inversamente relacionada) em vez da proliferação de células epiteliais. A imunolocalização do EGFR parece ser importante por determinar a velocidade da resposta celular proliferativa a estímulos (OLIVEIRA et al., 2011; GONÇALVES et al. 2012). No estudo de Baumgart et al. (2007), os autores observaram que expressões citoplasmáticas e associadas (membranares e 84 citoplasmáticas) foram observadas na mucosa oral normal, principalmente nas camadas proliferativas (basal e suprabasal). As células que apresentam coloração citoplasmática apenas ou coloração combinada (membranar e citoplasmática), em que todos ou alguns dos receptores tenham sido interiorizados, mostram uma resposta mais lenta, do tipo fisiológica. Nos casos em que o EGFR é restrito à membrana celular, a resposta, na presença de um ligante, é mais rápida. Caso contrário, se estiver internalizado no citoplasma, a resposta proliferativa decorrente de estimulação é mais lenta. (OLIVEIRA et al., 2011; GONÇALVES et al. 2012). Os resultados apresentados sobre a localização celular da imunomarcação no presente estudo indicaram que predominou, tanto em CRs como em CDs, a imunorreatividade citoplasmática, seguida pela localização associada de membranar e citoplasmática. Quase todas as camadas epiteliais, na maioria dos casos, de ambos os cistos, apresentaram-se imunomarcadas e com elevada expressão (escore III). Assim, os resultados revelaram que os casos de CRs com imunomarcação do EGFR escore III estão mais associados com imunomarcação nas camadas basal e suprabasal do epitélio. Já para os casos de CDs, não existiu diferença estatísca entre células imunomarcadas e as camadas epiteliais, pois houve intensa imunopositividade (escore III) igualmente em todas as camadas. Vale ressaltar que, apesar da diferença estatística entre CRs e CDs, as camadas basais e suprabasais, que são camadas consideradas mais proliferativas, apresentaram elevada imunomarcação (escore III) na grande maioria dos casos, para ambos os cistos. Porém, predominou a imunolocalização citoplasmática, seguida pela membranar e citoplasmática associada. Isto poderia indicar que, apesar de bastante expresso, o receptor, nestes cistos, na presença do ligante, reage de forma mais lenta ao estímulo de proliferação celular epitelial, pois alguns de seus receptores estão internalizados no citoplasma, fato este semelhante ao que acontece na mucosa oral normal, em processos fisiológicos, como afirmam Baumgart et al. (2007). Em contradição, os resultados apresentados no estudo de Shrestha et al. (1992) demonstraram que em todos os casos de CRs e CDs que apresentaram imunomarcação, esta era apenas membranar, fato este que não foi encontrado no 85 atual estudo, pois não houve, para ambas as lesões, qualquer caso com imunomarcação apenas membranar. No estudo de Oliveira et al. (2011) observou-se que a imunolocalização do EGFR em CDs foi somente citoplasmática, ou membranar e citoplasmática associada, estando estas presentes na camada basal e suprabasal. Esses resultados são semelhantes aos do presente estudo, com relação à localização celular, porém foi divergente com relação às camadas epiteliais imunomarcardas, pois neste, houve positividade praticamente igual em todas as camadas, e no estudo de Oliveira et al. (2011) a camada superficial não foi avaliada. Ainda neste artigo, em CDs, a imunolocalização do EGFR na camada basal foi semelhante no citoplasma (57%), e na membrana e no citoplasma associados (42%), resultado que contrasta com a camada suprabasal, em que a coloração era predominantemente observada no citoplasma (82,8%). Esses resultados também discordam dos que foram encontrados no presente estudo, pois neste, houve imunomarcação predominantemente apenas citoplasmática (76,7%), na camada basal, suprabasal e superficial. Ainda em relação à imunolocalização do EGFR em CRs e CDs, os resultados encontrados no trabalho de Gonçalves et al. (2012), apesar de metodologia e número de casos semelhantes, também se mostraram diferentes aos do presente estudo. Nesse, a maioria dos casos exibiu padrão de coloração membranar e citoplasmática associada para o EGFR, fato este que não foi encontrado no estudo atual, onde a maior parte dos casos apresentou imunomarcação citoplasmática apenas. A PDPN, além de ter sua imunoexpressão confirmada em vários tipos de células tumorais malignas, incluindo as células do CEO, também teve sua associação sugerida na atividade celular proliferativa de cistos e tumores odontogênicos devido sua expressão em germe dentário, presente em células com atividade mitótica elevada. Isto indica que sua expressão é necessária durante os processos que exigem alta atividade celular tais como a proliferação e diferenciação (CAETANO et al., 2012; SAWA, 2010). Os resultados encontrados no presente estudo mostraram que todos os casos de CDs e a grande maioria dos casos de CRs (29 casos) apresentaram imunomarcação para PDPN. A imunoexpressão da PDPN, quanto ao tipo de cisto 86 analisado, revelou diferença estatística significativa, já que esta proteína apresentou maiores escores de imunomarcação nesses últimos. Assim, pode-se sugerir que a PDPN participa da patogênese das lesões císticas analisadas através da estimulação epitelial, sendo que os CRs parecem expressar PDPN de forma mais intensa do que os CDs. González-Alva et al. (2010) mostraram que nos CDs, a imunoexpressão da PDPN, em células epiteliais, esteve ausente em 60% das lesões, e foi somente fracamente positiva em áreas com reação inflamatória, em 40% dos cistos. Estes resultados estão em contradição com os que foram encontrados no presente trabalho, já que para os CDs foi encontrado positividade em todos os casos. O estudo de Imaizumi et al. (2010) relatou que a PDPN foi expressa nas células epiteliais do germe dentário, no epitélio interno e externo do OE, no epitélio interno e externo das alças cervicais, nos odontoblastos e na bainha epitelial de Hertwig em germes dentários de camundongos. Os autores sugeriram que as células epiteliais do germe dentário adquirem a capacidade de expressar a PDPN e mantêm essa capacidade no epitélio da mucosa oral. Sabendo da origem dos CRs e CDs através da proliferação dos restos epiteliais, e que os resultados do presente estudo demonstraram marcante imunoexpressão para PDPN nas células epiteliais desses dois tipos de cistos, pode-se sugerir, juntamente com os achados de Imaizumi et al. (2010), que no desenvolvimento desses cistos, os restos epiteliais mantêm ou aumentam a capacidade de expressar a PDPN, reiterando que esta participa do processo de estabelecimento e crescimento dessas lesões, através da estimulação epitelial. A análise de associação entre a imunomarcação da PDPN e a intensidade do infiltrado inflamatório revelou que tanto para os casos de CRs, quanto para os casos de CDs, não houve diferença estatística significativa. Sendo assim, a inflamação parece não influenciar na imunomarcação da PDPN, nas células epiteliais dessas lesões. Com isso, pode-se inferir que apesar de ter sido observada maior imunoexpressão da PDPN em CRs do que em CDs, essa diferença não se mostrou indicador de distinção entre estas duas lesões, com relação às suas etiologias, uma vez que nestes últimos esta proteína também apresentou expressão considerável, independente da intensidade do infiltrado inflamatório. 87 Okamoto et al. (2010) encontraram que nos casos de COOs e CDs, somente os que estiveram associados com inflamação foram positivos para PDPN, fenômeno este, segundo os autores, semelhante ao que ocorre com gengivas inflamadas. Nos casos de CDs, forte positividade para PDPN foi observada nas camadas basais associadas com intensa resposta inflamatória no tecido conjuntivo, e fraca positividade foi observada quando uma escassa a moderada reação inflamatória estava presente. Este trabalho de Okamoto et al. (2010) está em contradição com o presente estudo, quando da relação da imunoexpressão da PDPN com a intensidade do infiltrado inflamatório, pois, pode-se observar, que todos os casos de CDs do estudo atual apresentaram imunomarcação, mesmo tendo 19 casos com ausente ou leve infiltrado inflamatório (grau 1). O mesmo fenômeno pode ser relatado para os cistos radiculares, pois, para este, também não houve associação entre a intensidade do infiltrado inflamatório e a imunomarcação para PDPN, apesar de serem reconhecidamente de etiologia inflamatória e a maioria dos casos apresentarem infiltrado inflamatório grau 3 (intenso). O estudo de González-Alva et al. (2010) também mostrou resultados contraditórios ao do atual estudo pois os resultados mostraram imunopositividade para PDPN em apenas 40% dos casos de CDs, e nestes, a expressão só esteve presente fracamente em áreas com reação inflamatória. Com relação à localização celular da imunomarcação da PDPN para ambos os cistos, predominou a localização membranar e citoplasmática associadas. Com relação às camadas epiteliais imunopositivas, tanto para os casos de CRs quanto para CDs, a camada basal foi a que se apresentou mais comumente imunomarcada. Apesar disto, nos dois cistos analisados, detectou-se que a imunomarcação escore III para essa proteína está mais associada com positividade em células das camadas suprabasal e superficial. Sabendo-se que é comumente na camada basal dos epitélios que se encontra o maior potencial proliferativo, os resultados aqui encontrados podem indicar que essa proteína está sendo produzida pelas células epiteliais não só visando estímulos proliferativos, mas também outros processos necessários ao crescimento cístico relacionados com adesão e vias de sinalização da matriz extracelular. O estudo de Zustin, Scheuer e Friedrich (2010) mostrou que em CRs e CDs observou-se apenas forte imunomarcação membranar e citoplasmática na camada 88 basal epitelial. Este estudo apresentou resultados distintos aos encontrados no estudo atual, pois neste, apesar de a maioria dos casos de CRs e CDs apresentarem imunomarcação membranar e citoplasmática associadas, assim como a camada basal mais comumente imunomarcada, também houve casos com imunomarcações separadas, somente na membrana e somente no citoplasma, assim como também houve casos que imunomarcaram a camada suprabasal e a superficial. Okamoto et al. (2010) mostraram que os TOCs apresentaram imunopositividade para PDPN na membrana celular e no citoplasma na maioria das camadas basais e suprabasais e na periferia dos cistos filhos. Nos casos de COOs e CDs, somente os casos associados com inflamação foram positivos para podoplanina. Os autores concluíram que a PDPN é fortemente expressa em TOC em comparação com COO e CD. O padrão de coloração em TOC pode estar relacionado com a sua natureza neoplásica e sugere um papel da proteína no processo de invasão tumoral. No estudo atual, a maioria dos casos de CDs apresentou imunomarcação membranar e citoplasmática, sendo mais comumente na camada basal e suprabasal, resultados estes semelhantes aos encontrados pelos autores acima citados em TOCs. Com isso, presume-se que a podoplanina participa na formação e crescimento tanto de TOC quanto de CDs, com imunoexpressões semelhantes. Como os resultados apresentados no estudo atual sobre a imunoexpressão da podoplanina foi semelhante para CRs e CDs, acredita-se que essa mesma suposição pode ser também aplicada para os CRs. Fundamentando ainda mais essas suposições, o estudo de Zustin, Scheuer e Friedrich (2010) demonstrou que a PDPN parece estar envolvida em processos fisiológicos e patológicos, formando extensões celulares alongadas e fibras odontoblásticas, na transição epitélio-mesênquima durante o desenvolvimento do germe dentário, assim como em lesões odontogênicas císticas e neoplásicas. Sugeriram, então, que mecanismos semelhantes de adesão celular, envolvimento epitélio-mesênquima e crescimento são, provavelmente, envolvidos na formação destas lesões. As discrepâncias entre os resultados do presente estudo e dos estudos citados podem ser explicadas, na maioria dos casos, pela diferença na forma com 89 que foi realizada a análise morfológica, a análise da imunoexpressão celular, uso de clones diferentes dos anticorpos, assim como diluição, tempo de incubação e sistema também diferentes. Sabe-se que pequenas variações na técnica de imunoistoquímica podem contribuir para alterações nos resultados. O estudo de Li et al. (1993) confirma essa afirmação. Neste estudo, foi comparada a imunorreatividade de quatro anticorpos monoclonais anti-EGFR comercialmente disponíveis. Os resultados demonstram que os revestimentos epiteliais de todos os tipos de cisto odontogênico analisados expressaram receptores de EGF, embora a intensidade e o padrão de coloração variaram de acordo com o tipo de anticorpo monoclonal utilizado. Adicionalmente, o reduzido número de casos utilizados pelos estudos com resultados contraditórios, também pode ter contribuído para essas diferenças nos resultados. Como já é estabelecido o EGFR está envolvido no processo de proliferação epitelial também em CRs e CDs, fato que foi confirmado pelos resultados encontrados no presente estudo. Porém, a análise isolada da imunoexpressão da PDPN indica que esta proteína participa do processo de estimulação epitelial em CRs e CDs, porém, não é possível afirmar que está envolvida diretamente no ciclo celular, pois segundo os resultados do estudo de Tsuneki et al. (2012) foi sugerido que esta glicoproteína também possa estar envolvida na remodelação de moléculas de sinalização de matriz extracelular, que é eventualmente relacionada com o crescimento celular. Portanto, ela não é sempre diretamente envolvida no ciclo celular em si, mas serve como uma das moléculas chave, que incluem as vias de sinalização de moléculas de matriz extracelular para a proliferação celular. Assim, para ajudar a desvendar o envolvimento da PDPN na estimulação epitelial de CRs e CDs, novos estudos são necessários, correlacionando a imunoexpressão dessa proteína com a de outras moléculas relacionadas com a adesão, proliferação celular e vias de sinalização da matriz extracelular. 90 Conclusões 25 7 CONCLUSÕES Os resultados encontrados no presente estudo suportam as seguintes conclusões: 1. A marcante expressão tanto do EGFR quanto da PDPN em CRs e CDs indica importante participação destas proteínas na patogênese destas lesões através da estimulação epitelial; 2. A imunoexpressão do EGFR e da PDPN em CRs e CDs parece não sofrer influência direta da intensidade do infiltrado inflamatório; 3. Os CRs parecem expressar PDPN de forma mais intensa do que os CDs; 4. Apesar de ter sido observada maior imunoexpressão da PDPN em CRs do que em CDs, essa diferença não se mostrou indicador de distinção entre estas duas lesões, com relação às suas etiologias, uma vez que nestes últimos esta proteína também apresentou expressão considerável, independente da intensidade do infiltrado inflamatório. 92 Referências 25 REFERÊNCIAS ASTARITA, J. L.; ACTON, S. E.; TURLEY, S. J. Podoplanin: emerging functions in development, the immune system, and cancer. Frontiers in Immunology, v. 3, p. 111, 2012. AVELAR, R. L. et al. Odontogenic cysts: a clinicopathological study of 507cases. Journal of Oral Science, v. 51, n. 4, p. 581-586, 2009. AZAMBUJA, T. W. F.; BERCINI, F.; ALANO, F. Cirurgia paraendodôntica: revisão da literatura e apresentação de casos clínico-cirúrgicos. Revista da Faculdade de Odontologia de Porto Alegre, v. 47, n. 1, p. 24-29, 2006. BAUMGART, C. S et al. 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