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CLASSIFICADOSIMÓVEIS
HORA DE FAZER
Dedetização em ambientes internos e externos pode dar melhor resultado se for
semestral. Mercado dispõe de produtos naturais e menos tóxicos no combate às pragas
Casa livre de insetos
NÁDIA SANTOS
Um passeio pela cozinha à
noite para tomar um copo de
água e a surpresa nada agradável: uma barata. A cena é bastante comum, afinal nenhum
imóvel está livre à presença desse inseto, que é atraído por restos de alimento e entra nas casas à procura de abrigo. Na lista
das chamadas pragas urbanas
mais comuns que infestam residências e também não poupam
salas comerciais nem condomínios ainda estão traças, formigas, cupins e ratos.
Quando a situação parece fora de controle, a dedetização pode ser a solução para amenizar o
problema e afastar as pragas por
algum tempo. De acordo com especialistas, embora o período de
maior incidência desses bichos e
insetos coincida com o verão, eles
estão presentes o ano inteiro,. “As
pragas são mais reprodutivas
nessa época por causa das altas
temperaturas, que aceleram o
metabolismo. Principalmente os
insetos”, observa a bióloga com
especialização em saúde pública
Lucy Figueiredo, diretora técnica
da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas (ABCVP),
sediada no Rio de Janeiro.
Para manter essas pragas bem
longe do lar, o ideal seria dedetizar o local a cada seis meses como forma de se prevenir contra
os ataques e infestações. Segundo a bióloga da Insetan, em Belo
Horizonte, Viviane Alves de Avelar, os produtos aplicados nos locais infectados, registrados no
Ministério da Saúde e Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), são biodegradáveis e,
decorrido esse prazo, começam a
perder o efeito.
O momento de aplicar vai
depender de cada caso. A partir
da recomendação da melhor
época para aplicar os produtos
químicos, a dica da diretora técnica da ABCVP é que, às vezes,
prevenir em momentos menos
infestantes significa menos esforços e melhores resultados,
sem emergências nas épocas de
maior proliferação.
FATORES A prevenção também
passa pela eliminação dos fatores que influenciam diretamente nas ocorrências das pragas:
alimento, água (umidade) e abrigo. Uma boa higienização, diz
Lucy Figueiredo, da ABCVP, é
uma boa maneira de se prevenir.
As traças por exemplo, destaca
Viviane Avelar, além de atraídas
pelo acúmulo de papel, gostam
de áreas mais empoeiradas, caracterizadas pelo uso e limpeza
menos freqüentes.
Quaisquer resquícios de alimentos, gotas de refrigerantes e
outras bebidas adocicadas devem ser eliminados. “São fontes
de energia. Maior a fonte de alimento, maior reprodução”, exlica Viviane. Uma dica para quem
tem animais de estimação em
casa é não deixar ração exposta
por tempo superior ao necessário, sobretudo à noite, sob pena
de atrair, principalmente, ratos
e baratas.
Para evitar as condições propícias à proliferação de pragas, a
orientação também pode ser a
correção de falhas estruturais. O
fechamento de vãos e frestas na
cerâmica com uma simples renovação do rejunte das peças
pode vedar as aberturas por onde esses bichos vão invadir os
imóveis, assim como o uso de
ralos com dispositivos de impedimento da entrada das pragas.
“A colocação de rodos nas portas
servem de barreira física, eliminando fontes de umidade”, sugere Viviane.
FOTOS DIMANG KON BEU/SHADOW
A bióloga Viviane Alves de Avelar afirma que o ideal é dedetizar a casa a cada seis meses Casal Marcos e Elizabeth (D) e os filhos Fernanda e Felipe conseguiram se livrar das traças
Controle ecológico dá resultado
“Para onde vai aquele veneninho jogado no ralo?”, pergunta o
engenheiro Sérgio Cabral de Carvalho, da Consultoria Ecológica,
titular do colegiado estadual de
agricultura orgânica e membro
da Câmara Técnica de Agricultura. Essa é a premissa que norteia
o trabalho de dedetização ecológica com o uso de fórmulas naturais, uma proposta alternativa de
substituição do veneno. Segundo
ele, o trabalho consiste na solução dos problemas com as pragas
sem causar outros ainda maiores
ao meio ambiente com o uso do
método convencional.
“Os princípios da dedetização
ecológica se baseiam na homeopatia e agricultura orgânica”,
compara. Ele recomenda um
SAIBA MAIS
O melhor controlador
de ratos é o gato. É
importante propiciar
condições ecológicas
mais favoráveis ao
felino que ao roedor.
A higienização é
fundamental para
evitar a presença
das chamadas
pragas urbanas.
Se você tem
restaurante, não
ponha em sua cozinha
caixas provenientes da
Ceasa ou do sacolão.
Se quer acabar com
escorpiões, procure
acabar primeiro
com as baratas,
seu prato predileto.
Fonte: www.dedetizacaoecologica.com.br
acompanhamento semestral para renovação das iscas, que usam
misturas naturais para repelir insetos e exterminar os que se
aproximarem, atraídos por preparados à base de matérias-primas como andiroba, cipó da
amazônia, gergelim, bagaço de
maçã, citronela e outros produtos encontrados na natureza. As
fórmulas, mantidas em segredo
pela Consultoria Ecológica, têm
autorização especial da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), garante Sérgio Cabral.
Para cada tipo de praga, há
uma combinação de matéria-prima. Sem cheiro, as armadilhas repelem os insetos, e não os usuários. “Tenho compromisso com a
satisfação de meu cliente. Do
contrário, ele não compra minha
idéia de que mais importante
que matar as baratas e demais
pragas é convidar as pessoas a
participarem da luta pela preservação da Terra”, afirma. Sérgio Cabral estima que metade de seus
clientes seja residencial. Entre os
comerciais, há restaurantes, buffets, escritórios de grandes empresas e casas de show.
FILOSOFIA No início, o gerente
do Buffet Catarina, Sérgio Luiz
Assis Matos, era bastante cético e
chegou a dizer que a proposta
não passava de um discurso poético. Ainda assim, aceitou o desafio e concordou em fazer o teste
sem ônus proposto pela equipe
da Consultoria Ecológica. “Depois
de cerca de cinco anos, não vejo o
bufê trabalhando com outro método. O acompanhamento é diário, com supervisões semanais
devido à natureza do estabelecimento”, atesta o gerente.
“Se cozinha não combina
com ratos e baratas, também
não combina com veneno. Dáva-
Sérgio Cabral de Carvalho indica fórmulas naturais contra as pragas
mos um banho trimestral com
cerca de 1,5 mil litros de veneno
na nossa cozinha”, constata o gerente do bufê, que também virou cliente domiciliar. Ele diz
que em nenhum momento deixou de colocar o seu negócio em
primeiro lugar. “Seria hipocrisia
dizer o contrário. A contribuição
com o meio ambiente é um ganho, desde que não tenha prejuízo. Os ratos e baratas são importantes ao ecossistema urbano
por fazerem uma espécie de ser-
viço sujo de desentupimento de
esgotos, por exemplo, mas não
os queremos próximo à nossa
cozinha. Essa é a filosofia do método”, revela satisfeito.
A administradora Débora Ferreira de Melo também não acredita no início e, mas agora, se diz
uma divulgadora convicta dos resultados eficazes da dedetização
ecológica. Ela conta que o primeiro contato foi há cinco anos, época em que teve problema com
aranha e formiga na casa de cam-
po no Retiro do Chalé. “Minha filha estava com um ano e tínhamos um cachorro. Por isso, ainda
que não acreditasse muito na eficácia, procurei um método natural, não agressivo, com um preço
equivalente ao da média do mercado”, relata.
Para sua surpresa, ficou livre
das pragas e não precisou
enfrentar as batalhas preparatória e posterior à dedetização convencional e, principalmente, sem
ter de suportar odores de produtos químicos. “Fica um cheiro parecido com desinfetante no ar. É
mais forte no início da aplicação,”
conta. Além de divulgar nos condomínios, ela dedetizou o apartamento em Belo Horizonte e apresentou o método à empresa na
qual trabalha.
O casal Marcos e Elizabeth
Mundim, ao contrário de Débora
e do gerente do Buffet Catarina,
nunca ofereceu resistência ao
método que os dois conheceram
por um panfleto. Médico homeopata, ele já está acostumado a lidar com o poder de cura das
plantas. O problema no apartamento, de 10 anos, eram as traças. A bancada de estudos no
quarto da filha mais velha era o
ponto de maior incidência dos
insetos, além de alguns outros focos isolados, como a estante da
sala e o armário de roupas de cama no corredor.
“O que chamou nossa atenção
é que não era preciso tirar nada
do lugar, pois a dedetização seria
inviável, se fosse necessário esvaziar a estante e gavetas”, reconhece a psicóloga Elizabeth Mundim.
Segundo ela, foram cerca de 30
minutos e, terminado o serviço,
ficou um cheiro cítrico, agradável, no ar. “O preço é um pouco
superior, mas o custo-benefício
valeu a pena”, conclui.
Cuidados
especiais
Livrar-se das pragas com
dedetização convencional é
quase uma estratégia de
guerra. Para cada tipo de manifestação, é necessário o uso
de soluções líquidas, em gel
ou forma de iscas, envolvendo muito esforço, inclusive
dos moradores. Os produtos
líquidos, explica Viviane Avelar, podem ser aplicados para
acabar com baratas, traças,
formigas, escorpiões e cupins. Contra baratas e formigas também pode ser feita
aplicação de gel.
Os roedores são atraídos
com iscas postas em pontos estratégicos, a exemplo da parte
de trás do fogão e máquina de
lavar roupa. “É importante que
os moradores saibam onde estão essas iscas para evitar
riscos às crianças e animais domésticos, além de impedir que
o móvel ou eletrodoméstico
seja arrastado ou mudado de
lugar”, recomenda.
A bióloga reconhece que o
combate aos cupins é ainda
mais trabalhoso. É preciso identificar se é caso de infestação
em madeira seca ou se são cupins subterrâneos, ainda mais
complexos. O cupim de madeira seca é fácil de ser constatado
pela presença das fezes, semelhantes a grãozinhos de areia
que saem do ninho na peça infectada. O tratamento equivale
à dissolução de líquido em solvente orgânico para não danificar a madeira.
Para debelar as colônias de
cupins subterrâneos formadas por túneis vindos de rodapé, canos ou pontos de luz, explica a bióloga, é preciso analisar a espécie e adotar o tratamento adequado, que muitas
vezes pode significar quebrar
paredes. “Podem ser iscas que
cada inseto levará para a colônia ou barreiras químicas”, observa a especialista.
CUIDADOS O local a ser desinfetado precisa ser desimpedido. A ordem é retirar tudo do
lugar. Alimentos e utensílios
devem ser guardados em outros lugares, devidamente
tampados e protegidos. Nessa
batalha contra as pragas, os
idosos, as crianças, gestantes e
pessoas alérgicas só podem
retornar ao imóvel 24 horas
depois da aplicação, avisam as
biólogas Viviane Avelar e Lucy
Figueiredo.
Animais de estimação e
plantas sensíveis também devem ser retirados e os aquários têm de ser tampados com
forro plástico. Quem não se
encaixar nesse perfil está liberado a freqüentar o ambiente
quatro horas mais tarde e começar a organizar a bagunça,
limpando os excessos dos
produtos aplicados, em caso
de pulverização líquida.
Os produtos em gel, conforme explica a bióloga Viviane Avelar, tornam a tarefa um
pouco mais fácil sob o ponto
de vista dos moradores. “Não
exigem esses cuidados e não
têm cheiro. São tóxicos em caso de ingestão e não devem
ser retirados dos locais porque
têm a função de atrair as pragas, como iscas.” Ela diz que,
em se tratando de apartamento, o condomínio não precisa
ser avisado sobre a dedetização pelo proprietário. Mas, para que o resultado seja melhor, é importante que esta seja feita na mesma época em
que todo o prédio for tratado.
● Confira tabela de materiais
de construção na página 29
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