ISSN: 1981-3031
MEMÓRIAS ESCOLARES DE UMA ATALAIENSE (1930-1940)
Maraisa Lopes Silva1
Resumo
Este trabalho tem como objetivo reconhecer as marcas da História da Educação de Alagoas e de
Pernambuco, entre os anos de 1930 e 1945, por meio de uma pesquisa subsidiada na literatura
bibliográfica da História da Educação e o contexto histórico, através da contribuição dos autores como
Verçosa (2006), Bastos (1939), Costa (1931), Cambi (1999), Ariès (1981), Filho (2001), Pacheco
(1980), Valente (1957) e Cavalcanti (1999). O método de investigação foi a história oral, que retira do
silêncio as experiências vividas por sujeitos que ainda não tiveram visibilidade da cultua escrita. Foi
realizada uma entrevista com a uma senhora de 82 anos, natural de Atalaia, antiga cidade alagoana.
Por meio dos relatos obtidos observaram-se aspectos importantes da educação nacional e local com
relação aos docentes, aos métodos de ensino, ao material didático, as punições e premiações utilizadas
nas escolas por onde a senhora estudou. Obtivemos elementos importantes a respeito do Colégio São
José, sediado em Recife, onde ela estudou sob o regime de internato. Pode-se concluir que o trabalho
auxiliou no entendimento dos processos históricos educacionais e as mudanças ocorridas em seus
aspectos mais amplos da sociedade brasileira.
Palavras - chave: História Oral – Escola – Alagoas – Pernambuco
1. Introdução
O conhecimento histórico educacional de uma sociedade nos permite acessar os
vínculos profundos entre as questões políticas, sociais, econômicas e culturais. A formação
humana está imersa num único processo onde se trava as tensões das relações sociais e as suas
mais diversas faces.
Este trabalho tem como objetivo reconhecer os traços da História da Educação em
Alagoas e Pernambuco entre os anos de 1930 e 1945 do século XX, a partir do confronto
entre autores que produzem sobre a área e a história escolar de uma senhora, captada por meio
de uma entrevista. A elaboração deste trabalho é resultado de uma atividade realizada na
disciplina Fundamentos Históricos da Educação e da Pedagogia do Curso de Pedagogia.
A senhora selecionada para entrevista tem 82 anos, e nos informou a respeito dos anos
de escolarização, dos materiais didáticos, da formação dos docentes e dos saberes
apreendidos. Natural da cidade de Atalaia (AL), a senhora nasceu em 1929, na zona urbana.
Era a segunda filha, de um total de 12 filhos, de um casal de políticos da região. Seu pai foi
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Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas. E-mail: [email protected]
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prefeito da cidade por três vezes e deputado federal. Sua mãe vereadora também por três
vezes, tornando-se a primeira mulher presidente da câmara de vereadores da cidade.
Ter acesso a memória desta senhora nos ajudou a considerar fundamental a
recuperação de memórias de sujeitos que ainda não tiveram suas histórias registradas por
escrito, assim como ter conhecimento de traços inusitados da nossa História da Educação.
Trata de um passado reconstruído pelas lembranças. O ato de lembrar não é reviver, mas
refazer, reconstruir, repensar com imagens e idéias de hoje, as experiências vividas no
passado. Consideramos este aspecto importante porque nos ajuda a ter acesso a experiências
escolares que somente serão conhecidas se seus protagonistas nos permitirem conhecer por
meio de suas lembranças. Nesse recurso de acesso ao passado o que menos importa é a
cronologia, como se exige com relação à escrita, e muito menos os marcos referenciais postos
pela tradicional escrita da História. Outro elemento que Cavalcanti (1999, p. 3) chama atenção
é o fato de que entre os mais velhos a memória a consciência de grupo se torna o substrato de
suas reminiscências.
Michel de Certeau (1994, p. 153) nos ajuda a pensar sobre a memória como fonte
importante para o estudo historiográfico porque se trata de um testemunho que é resultado de
imagens criadas por uma série de elementos, que em grande parte a nós ainda inteiramente
desconhecidos, que são as representações sobre nossas práticas. O que há de mais particular
em relação à escrita é que o conteúdo da memória não ficou aprisionado no tempo. Pelo
contrário, esse “conteúdo” passa permanentemente por elaborações e reelaboradas mentais no
decorrer da vida de seu autor. Esses constantes deslocamento inclusive de sentido geram um
certo mal-estar naquele que ainda alimentam desconfiança de fontes históricas que não sejam
capazes de produzir um saber que seja sinônimo de verdade.
Para subsidiar a memória escolar acessada, tivemos o apoio teórico de alguns
autores como Verçosa (2006), Bastos (1939) e Costa (1931), que tratam da História da
educação em Alagoas; Cambi (1999) e Ariès (1981) auxiliaram na compreensão de um
panorama da História da Educação do ponto de vista internacional. Filho (2001) que trata do
contexto histórico educacional brasileiro. Pacheco (1980) e Valente (1957) contribuíram com
dados sobre a História de Atalaia e sobre a educação da época. Cavalcanti, (1999) nos ajuda a
compreender um pouco sobre a educação pernambucana.
O estudo está dividido em quatro partes. A primeira aborda do contexto histórico
brasileiro e alagoano, a segunda discute da educação escolar em Atalaia, expondo os
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docentes, métodos de ensino, material didático utilizado, punições e premiações utilizadas. A
terceira parte trata sobre os anos de estudo da senhora em Recife e a quarta sobre a
importância da escola na vida dela.
2. Contexto Histórico
Segundo Geraldo Filho (2001, p. 90-91), em 1930 começa a formação do Estado
moderno brasileiro. A aristocracia rural brasileira foi derrotada pela burguesia urbana e
muitos fazendeiros passaram a aplicar recursos na industrialização. Na área educacional as
mudanças pareciam urgentes, pois o analfabetismo era um dos problemas considerados mais
graves, a ponto de compreenderem a escola como forma de redenção social. O trabalhador
urbano deveria ter conhecimentos mínimos para o desempenho de novas funções no mercado
de trabalho. Em 1930, Francisco Campos assume o Ministério da Educação e Saúde Pública e
promove grandes mudanças.
Em Alagoas as reformas educacionais foram lentas e segundo Verçosa (2006, p. 68), o
ensino era deplorável e deficiente e a competência dos professores limitada. Em 1922 o
Governador Fernandes Limas discursa sobre a instrução pública, cuja urgência era realizar
uma inadiável radical reforma. Ele reconhece que havia tolerâncias e abusos com relação às
falhar nas práticas que acabavam com os bons intuitos de todas as reformas sobre a Instrução
Pública.
Em 1929 Alagoas contava apenas com cinco grupos escolares. Em todo o estado
predominavam as escolas isoladas.A maioria das escolas funcionava em prédios alugados
pelo professor a preço superior ao orçamento estadual.
Segundo Verçosa (2006, p.133) Osman Loureiro governou o estado até 1940,
primeiro como interventor e depois como governador constitucionalmente eleito, por meio da
Constituinte 1934, de 1935 a 1937 e mais uma vez como Interventor pelo golpe de 1937, que
deu origem ao Estado Novo. Foi sob o seu governo que o sistema primário começou a se
desenvolver, graças a ajuda do governo federal, iniciando a construção de uma rede de
prédios próprios para educação estadual na capital e no interior, com isso houve uma
ampliação da oferta e melhoria da qualidade de ensino na rede mantida pelo governo.
Pacheco (1980, p. 97) aponta que Atalaia nasceu em conseqüência de uma imensa e
gloriosa luta em busca da liberdade, de uma intensa, terrível e infame batalha para exterminar
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os que habitaram o Brasil - Menino: os escravos, exatamente dessa luta e dessa batalha, sob o
sangue e as lágrimas derramadas incessantemente, debaixo de chibatadas de feitores algozes
que Atalaia viu seu solo crescer e em 01/02/1764 a capitania de Pernambuco firma esta data
como a da criação de Vila de Atalaia.
3. A história da escola em ATALAIA
As primeiras escolas formam criadas em virtude da lei de 15 de outubro de 1827,
assinada por D. Pedro I, ao determinar que em todas as cidades, vilas e lugares mais
populosos haverá escolas das primeiras letras. Valente (1957, p. 122) comenta que a instrução
primária, de caráter oficial em Atalaia, não tem data exata de seu início. Alguns documentos
públicos fazem referência da existência de aula de latim, em virtude da lei n° 21 de 15 de
maio de 1835, consigna verbas para um professor de latim, um das primeiras letras e uma
professora de meninas em Atalaia.
Bastos (1939, p. 07) aponta que a instrução da Província de Alagoas do ensino
primário e secundário; era exercida por professores vitalícios em escolas públicas nesta
capital, sendo uma pelo método – Castilho – nas diversas cidades, vilas e povoações, e em
aulas particulares com permissão do governo; a saber: uma de latim na cidade de Penedo,
duas de latim e francês na de Alagoas e outra finalmente de latim na vila de Atalaia.
Segundo Pacheco (1980, p. 99), a educação era permitida aos filhos dos Senhores de
Engenho e nem todos aceitavam que as suas filhas aprendessem a ler para não lerem livros
imorais e nem escreverem cartas para os namorados. Na cidade os senhores mais esclarecidos
contratavam professores particulares para os seus filhos, tanto para as primeiras letras, como
para a música especialmente o piano.
Conforme Costa (1931, p. 46), em 1920 Atalaia possuía uma escola estadual
masculina, uma feminina atendidas por nove mestres e três escolas particulares. No ano de
1931 a população escolar era de 8.197 crianças, sendo escolarizada apenas 184 do sexo
masculino e 242 do sexo feminino em escola estadual. Na escola particular eram 70 meninos
e 56 meninas, observa-se que na escola estadual havia mais meninas que meninos, enquanto
que na particular era o contrário e apenas 16 crianças concluíram o ensino primário neste ano
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Constata-se que do total de 8.197 crianças da população, apenas 552 alunos
matriculados nas escolas, isso representava apenas 6,7% da população escolar tendo acesso ao
mundo das letras.
Segundo Pacheco (1931, p.102), a construção do Grupo Escolar Floriano Peixoto foi
iniciada na gestão do interventor Federal Capitão Afonso de Carvalho e em 5 de julho de
1935 foi inaugurado, tornando-se um dos eventos mais importantes para a cidade, com a
presença do interventor Dr. Osman Loureiro e o Secretário de Educação e Cultura, o escritor
Graciliano Ramos. Na primeira matrícula do grupo escola constaram 341 alunos distribuídos
na 1ª, 2ª e 3ª séries primárias e em 1980 o grupo possuía 400 alunos distribuídos desde o préescolar até a 4ª série do 1° grau.
O prédio do grupo escolar ainda está de pé no centro da cidade de Atalaia e possui a
mesma fachada. Com seus 76 anos, já passou por inúmeras reformas e hoje a Escola Estadual
Floriano Peixoto funciona como a única instituição da cidade que oferece ensino médio a
população.
Em 1943, funcionavam em Atalaia 15 estabelecimentos escolares, sendo seis
estaduais, oito municipais, e uma particular, com matrícula de 1012 alunos e freqüência média
de 599 alunos.
4. Reminiscências de uma vida escolar: os docentes, métodos de ensino, premiações
e punições
A senhora entrevista começou em 1934, aos cinco anos de idade, seus estudos de
primeiras letras com um professor particular. A época a cidade de Atalaia contava apenas com
três escolas particulares, consideradas escolas da elite. Mais a frente foi aluna do Grupo
Escolar Floriano Peixoto, depois seguiu para Recife e passou três anos no Colégio São José.
Bastos (1939, p. 18) afirma que a mulher passou a frequentar mais francamente a
escola. Ela perdeu lentamente aqueles sentimentos do nosso tempo patriarcal, que a afastavam
do banco da escola, que a isolavam, que a jogavam numa sala com um professor particular,
com suas longas tranças, tendo de lado sua tia mais velha. E não se pode deixar de reconhecer
que depois de 1930 houve reformas educacionais mais profundas que visavam subverter a
situação de rotina existente.
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A senhora informou que possuiu tanto professores como professoras e conforme
Pacheco (1980, p.101) “a difícil e maravilhosa tarefa de ensinar ficou a princípio mais a cargo
dos homens que das mulheres, sobretudo nas escolas particulares”.
Sobre os professores expôs que todos os seus, tinham boa formação, sabiam educar e
os alunos respeitavam. Os docentes das escolas atalaienses eram oriundos de colégios da
capital ou de outros estados como Pernambuco.
Pacheco (1980, p. 104) aponta que o primeiro colégio a formar professores foi o
Colégio Normal Nossa Senhora das Brotas, fundado em 1957, pela Campanha Nacional de
Educandários Gratuitos (CENEG), em virtude de esforços do vigário local e do educador
alagoano Cônego Teófanes Augusto de Barros, presidente da Campanha. O colégio começou
suas atividades com o curso preparatório para admissão ao ginásio com 45 alunos. Foi apenas
em 1968 que iniciou o curso pedagógico, com a maioria do corpo docente oriunda de Maceió.
Seu primeiro diretor foi o Padre Clóvis e em seguida Suzana Craveiro Costa de Medeiros, que
concluiu o ensino normal em Maceió e aos 16 anos iniciou na docência para ajudar nas
despesas de casa após a morte de seu pai, Craveiro Costa.
Sobre os métodos de ensino, a senhora lembra que: “gostava de todas as matérias,
pois nessa época era tudo decorado, o professor fazia a pergunta e ia passando adiante, aí se
não soubesse o aluno que não sabia levava bolo de palmatória do que sabia”, o que mostra
como a disciplina punitiva norteava todo o processo educativo.
Conforme trecho do livro Atalaia: Último Reduto dos Palmarinos:
[...] não esquecendo da dura sabatina de tabuada e de tudo mais
que ensinava deveria ser letra por letra decorado e repetido,
porém seus discípulos que só recebiam ensinamentos do curso
primário ficavam preparados para enfrentar até as tribunas das
Assembléias Legislativas. (PACHECO, 1980, p. 101-102)
A disciplina era bem rígida e quanto mais rígida a educação, mais preparados estavam
os alunos, tanto que com isso poderiam ocupar altos cargos.
Ariès (1981, p. 159) aponta que tanto a formação como a instrução do estudante era na
escola, e por esse motivo convinha impor às crianças uma disciplina estrita: a disciplina
tradicional dos colégios, modificada, porém num sentido mais autoritário e mais hierárquico.
O colégio tornou-se então um instrumento para a educação da infância e da juventude em
geral.
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A senhora entrevistada desvendou que gostava muito de ler os livros e o material
didático utilizado pelo professor era comprado pelos pais, e dentre eles estavam os livros de
História, Geografia, Matemática, Português e Ciências, como também o material escolar lápis,
borracha, caneta.
A respeito das punições e premiações que ocorriam na escola, a senhora afirmou que
os castigos utilizados em sua época de aluna eram levar bolo de palmatória e ficar de pé junto
ao quadro, quando não sabia a lição. Ela revelou ainda que não conheceu nenhuma premiação.
Conforme Ariès (1981, p. 168) nos séculos XV-XVI, o castigo corporal se generalizou, ao
mesmo tempo em que uma concepção autoritária, hierarquizada - em suma, absolutista - da
sociedade. Quanto mais o Estado tornou-se moderno mais vigilante ele se tornou.
Ela revelou também que o “professor fazia a pergunta e ia passando adiante, aí se não
soubesse o aluno que não sabia levava bolo de palmatória do que sabia. Eu nunca levei bolo,
porque era boa aluna”, Pacheco (1980, p. 101), mostra que esta época se acreditava que “a
letra com sangue entra”, mantinha-se na mesa a rígida palmatória e a tradicional “pedra de ir
fora”. Segundo Cambi (1999, p. 472), a educação deve culminar no plano moral, delineandose como “hábito à obediência” pelo exemplo e pela distribuição pública do castigo e da
recompensa, além das “lições de moral”. Neste sentido, Ariès (1981, p. 153) expõe que desde
o século XV, há preocupação com a disciplina e a racionalidade dos costumes, onde viam as
crianças como frágeis criaturas de Deus que era preciso ao mesmo tempo preservar e
disciplinar.
5. Os anos no Colégio São José em Recife
O Colégio São José pertence à Congregação das irmãs Dorotéia, Ordem fundada em
Gênova, na Itália, por Paula Franssinetti em 1834. Em Recife foi fundado em 1866, quando
aqui chegaram as primeiras irmãs Dorotéias. Ele foi o primeiro colégio de moças no Nordeste.
A senhora informou que estudou por dez anos e permaneceu os últimos três anos no
colégio São José, em Recife, onde aprendeu a bordar e a costurar. Parou de estudar porque
sentia saudade da família. Ela continuava morando em Alagoas e estudava no colégio interno
em Recife.
Ariès (1981, p. 272) mostra que a escola confinou uma infância outrora livre num
regime disciplinar cada vez mais rigoroso, que nos séculos XVIII e XIX resultou no
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enclausuramento total do internato. A solicitude da família, da Igreja, dos moralistas e dos
administradores privou a criança da liberdade de que ela gozava entre os adultos.
Segundo o testemunho da entrevistada, ela ficou interna alguns anos longe da família,
isso fez com que ela não aguentasse a solidão, pois era muito jovem. O internato era uma
prática comum para as famílias ricas da época, pois havia a visão cristã da moral onde a
mulher deveria ser resguardada para o casamento. E neste espaço existia a formação integral
da moça, onde ela seria preparada para o lar, com aulas de costura, bordado etc.
6. A importância da escola em sua trajetória
A entrevistada divulgou que queria muito ser independente, mas a mãe não quis que
ela estudasse em Maceió. Entretanto aprendeu a costurar, bordar, fazer crochê e tricô,
ganhando assim o seu próprio dinheiro depois de casada, costurando sob encomenda.
Outro elemento importante é o incentivo que ela demonstra na escolarização dos netos
e bisnetos e o gosto pela leitura que adquiriu na escola. Informou que hoje mesmo com os
seus 82 anos sempre lê a revista VEJA.
Um ponto que chamou atenção foi a lucidez que fala sobre a escola na atualidade:
“Hoje quem estuda não é ninguém. No meu tempo de adolescente nem rádio existia na minha
cidade. Hoje tem televisão, computador e outras coisas mais. Hoje o aluno não respeita o
professor, a mãe, nem ninguém. O mundo não está louco, a população é que está errada.” Ela
retrata as Tecnologias da Informação e Comunicação, que existem hoje e auxiliam no
processo de aprendizagem e sobre a falta de respeito, não apenas no ambiente escolar.
7. Considerações finais
Este trabalho auxiliou no aprofundamento da história da educação em Alagoas na
primeira metade do século XX, por meio dos relatos de uma idosa nascida em Atalaia no ano
de 1929, e que resgatou as lembranças de sua vida escolar em Alagoas e Pernambuco, bem
como a influência que a escola possuiu em sua vida. Ela foi aluna do Grupo Escolar Floriano
Peixoto, fundado no Governo de Getúlio Vargas e discorreu sobre os métodos de ensino e
práticas docentes ampliando assim o conhecimento sobre a temática.
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O etnólogo malinês Hampâté Bâ (2003), formulou para pensar a importância dos
sábios na África: “Cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima”, que exprime o
valor da história oral em que a sensação de ouvir um sábio relatar suas experiências é como se
vários livros fossem abertos, com uma abundancia de detalhes, dando voz assim as histórias e
tradições locais. Assim o nosso trabalho permitiu o resgate da memória de pessoas que
viveram em outra época e colher informações sobre a sociedade e educação.
O trabalho auxiliou na compreender os processos históricos e as mudanças ocorridas
na sociedade alagoana, onde reconhecemos elementos importantes sobre Atalaia e Alagoas,
bem como seus enlaces com a história do Brasil. Por fim contribuiu ainda para manter viva
parte da história da educação de Atalaia.
Referências
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BÂ, Amadou Hampâté. Amkoullel, o menino fula. Tradução: Xina Smith de Vasconcelos.
São Paulo: Palas Athena: Casa das Áfricas, 2003
BASTOS. Humberto. O desenvolvimento da Instrução Pública em Alagoas. Maceió, AL.
IBGE. 1939
CAMBI. Franco. História da Pedagogia. São Paulo, SP. UNESP. 1999.
CAVALCANTI, Z. M. C. Memória da educação em Pernambuco: verificação do
rendimento escolar. Recife, PE. FUNDAJ, 1999
COSTA, Craveiro. Instrução Pública e Instituições Culturais de Alagoas. Maceió, AL.
Impressa Oficial, 1931.
DE CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano – a arte de fazer. 5ed. Petrópolis (RJ):
Vozes, 1994
GERALDO FILHO, F. A Educação Brasileira no Contexto Histórico. Campinas, SP.
Editora Alínea, 2001.
PACHECO, Vandete. Atalaia: Último Redulto dos Palmarinos. Alataia, AL, s.e. 1980
VALENTE, Aminadab, Atalaia sua história. Atalaia, AL, s. e. 1957
VERÇOSA. Elcio de Gusmão. Cultura e Educação nas Alagoas: História, Histórias. 4ª
edição. Maceió – AL: EDUFAL, 2006.
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