Aplicabilidade do Fixador SAF à Técnica de TF-Test® Visando preservar a morfologia de protozoários e prevenir o desenvolvimento de alguns ovos e larvas de helmintos intestinais, as amostras fecais coletadas que não forem entregues ao laboratório de imediato deverão preferencialmente ser preservadas. Vale relatar que, fezes coletadas sem o uso de líquidos preservadores devem respeitar um tempo de coleta e entrega ao laboratório, obedecendo os seguintes critérios: a) em caso de amostras líquidas, o tempo para a realização do exame não deve ultrapassar a 30 minutos após a coleta; b) já para amostras pastosas, estas devem ser examinadas em um tempo de até uma hora após evacuação; e c) para amostras sólidas, podendo ser examinadas em um período de até 24 horas da evacuação. Vários são os líquidos preservadores empregados para a coleta de material fecal, destacando-se entre eles: solução neutra de formalina; mertiolato-iodo-formaldeído (MIF); acetato de sódio-ácido acético-formaldeído (SAF)*; álcool polivinílico (APV); schaudinn; e fenol-álcool-etílico-formaldeído(PAF). Esses líquidos, quando empregados em rotinas laboratoriais, apresentam vantagens e desvantagens, contudo, é a solução neutra de formalina que mostra melhores resultados para o diagnóstico de protozoários e helmintos intestinais, apesar de apresentar incompatibilidade para o uso de coloração permanente com hematoxilina férrica, tricrômico e tionina (Garcia, 2001; De Carli, 2001). Para o desenvolvimento da técnica de TF-Test® , o invento proposto amparou-se no procedimento original de concentração de Telemann (Telemann, 1908) e variações derivadas de Ritchie (Ritchie, 1948), Yang (Yang, 1977) e Young (Young, 1979). Vale esclarecer que, nestas condições de variações, o procedimento de centrífugo-sedimentação é praticado pela formalina-éter etílico ou pela formalina-acetato de etila. Por vários motivos técnico/científicos, que não cabe aqui estender, o procedimento adotado para a técnica de TF-Test® foi o de centrífugo-sedimentação pela formalina-acetato de etila. Alguns Laboratórios de Análises Clínicas dão preferência em trabalhar o líquido preservador SAF (Acetato de sódio – ácido acético – formaldeído) em suas rotinas laboratoriais. Sendo assim, na tentativa de dar flexibilidade à técnica de TF-Test®, decidimo-nos, amparado em melhorias praticadas por Yang e Scholten (Yang & Scholten, 1977), acrescentar à técnica o líquido preservador SAF em sua fase de coleta de amostras fecais. O líquido preservador SAF foi originalmente descrito por Junod (Junod, 1972) e desenvolvido posteriormente por outros autores. Apresenta um bom rendimento para o diagnóstico de trofozoítos, cistos, oocistos e esporos de protozoários, além de ovos de helmintos, por meio de esfregaços permantes e preparações concentradas a fresco. Todavia, vale ressaltar que, alguns autores sugerem não ser um preservador apropriado para a detecção de larvas de nematelmintos intestinais, que apresenta resultados regulares de coloração quando corados pelo tricrômico, além de ser pouco recomendado para o uso com métodos de coloração no diagnóstico de parasitos emergentes e oportunistas (De Carli, 2001). Há ainda autores que citam a incompatibilidade do SAF e coloração por tricrômico (Garcia, 1999). Seguindo critérios da literatura científica, quando utilizado na técnica de TF-Test® , o SAF deverá substituir a solução neutra de formalina no envase dos tubos coletoresusuário, sendo que, o restante do protocolo, seja ele, de coleta e de processamento laboratorial, deverá permanecer o mesmo, como segue logo abaixo. SAF* - Acetato de sódio triidratado – ácido acético glacial – formaldeído 37-40% Técnica de TF-Test® com o emprego do líquido preservador SAF Referências Bibliográficas Carrol MJ. Collection and Preservation of Fecal Specimes: Collection of Fresh Specimes. In: Insenberg HD, ed. Clinical Microbiology Procedures Handbook. Washington DC, ASM Press, p.7.2.1.1-7.2.1.2. v.2, 1992. De Carli GA. Parasitologia Clínica: Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Intestinais. Atheneu, São Paulo, 32a edição, 2007. Garcia LS. Diagnostic Medical Parasitology. ASM, Washington DC, USA, 5th edition, 20071. Garcia LS. Practical Guide to Diagnostic Parasitology. ASM, Washignton DC, USA, 1999. Gomes JF, Hoshino-Shimizu S, Dias LCS, Araújo AJUS, Castilho VLP, Neves FAMA. Evaluation of a Novel Kit (TF-Test) for the Diagnosis of Intestinal Parasitic Infections. J Clin Lab Anal, USA, 18(2): 132-8, 2004. Junod C. Technique coprologique nouvelle essentiellement destinée a la concentration des trophozoites d’amibes. Bull Soc Pathol Exot Filiales, 65:390-398, 1972. Rey L. Parasitologia. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 4a edição, 2008. Ritchie LS. An ether sedimentation technique for routine stool examination. Bull US Army Med Dept, 8:326, 1948. Telemann W. Eine methode zur erleichterung der auffindung von parasiteneiern in den feces. Deutsch Med Wschr, 34:1510-1511, 1908. Yang J, Scholten T. A fixative for intestinal parasites permitting the use of concentration and permanent staining procedures. Am J Clin Pathol, 67:300-304, 1977. Young KH, Bullock SL, Melvin DM et al. Ethyl acetate as substitute for diethyl ether in the formalin-ether sedimentation procedure. J Clin Microbiol, 10:852-853, 1979.