CÂMARA TÉCNICA ORIENTAÇÃO FUNDAMENTADA Nº 108/2014 Assunto: Teste de Schiller e de ácido acético. 1. Do fato Teste de Schiller e de ácido acético durante a coleta de citologia (Papanicolaou). 2. Da fundamentação e análise Ante o questionamento suscitado, entendemos que a enfermagem segue regramento próprio, consubstanciado na Lei do Exercício Profissional (LEI No 7.498/1986) e seu Decreto regulamentador (Decreto 94.406/1987), além do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Neste sentido, a enfermagem atua na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde humana, com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais. Sendo assim, ao analisarmos vosso questionamento, entendemos que o principal método e o mais amplamente utilizado para rastreamento de câncer do colo do útero é o teste de Papanicolau (exame citopatológico do colo do útero) para detecção das lesões precursoras. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), com uma cobertura da população alvo de no mínimo 80% e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir em média 60% a 90% da incidência de câncer invasivo de cérvix na população. A experiência de alguns países desenvolvidos mostra que a incidência de câncer do colo do útero foi reduzida em torno de 80% onde o rastreamento citológico foi implantado com qualidade, cobertura e seguimento das mulheres (WHO, 2008). O teste de Schiller, que pode ser realizado no momento da coleta de Papanicolau, é feito utilizando uma haste revestida de algodão embebida em iodo (ou ácido acético) espalhando a solução no colo uterino. As células normais do colo uterino e da vagina são ricas em glicogênio, uma grande molécula feita de várias pequenas moléculas de glicose. O iodo consegue impregnar os tecidos ricos em glicogênio, mantendo-os escuros. Já as células cancerígenas ou pré-cancerígenas são pobres em glicogênio e, por isso, não se impregnam com o iodo, mantendo-se mais claras, geralmente amareladas, e facilmente distinguíveis do resto do tecido saudável, que permanece corado de marrom (cor do iodo). O teste de Schiller é considerado positivo quando uma área do colo uterino não fica corada com o iodo (lugol), sugerindo a presença de células atípicas. O teste de Schiller negativo ocorre quando todo o cérvix uterino se cora de marrom, evidenciando a presença de tecido rico em glicogênio e, portanto, saudável. O teste do ácido acético tem uma lógica semelhante, mas o mecanismo é diferente. O ácido acético desidratada as células de forma heterogênea, sendo o seu efeito mais pronunciado nas células atípicas que nas células sadias. O resultado final é uma coloração esbranquiçada em todo o tecido que for composto por células suspeitas. A coloração com o ácido acético deve ser o teste de escolha para as mulheres com história de alergia ao iodo. Atualmente, o teste de Schiller ou do ácido acético não são descritos nas publicações do Ministério da Saúde, sendo o Papanicolau o exame mais confiável e com menores taxas de falsos positivos e falsos negativos, quando realizado com técnica adequada. Na recente publicação do Ministério da Saúde: “Controle dos cânceres de colo de útero e mama”, Cadernos de Atenção Básica nº 13, de 2013, não encontramos referências à realização do teste de Schiller e/ou ácido acético durante a coleta de colpocitologia oncótica (Papanicolaou). A Resolução COFEN nº 381/2011, que normatiza a execução pelo Enfermeiro da coleta de material para colpocitologia oncótica pelo método de Papanicolaou, resolve: [...] Art. 1º No âmbito da equipe de Enfermagem, a coleta de material para colpocitologia oncótica pelo método de Papanicolaou é privativa do Enfermeiro, observadas as disposições legais da profissão [...] (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2011). Diante do exposto, entendemos que cabe ao Enfermeiro privativamente na equipe de Enfermagem a coleta do exame citopatológico do colo uterino (Papanicolaou). A realização do teste de Schiller e ácido acético, se estabelecida em Protocolo Institucional, compete ao Enfermeiro. Leitura Sugerida - <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_cancer_colo_utero_ mama.pdf>.