IMPORTÂNCIA DAS AULAS EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE QUÍMICA Elaine Cristina Souza MEDEIROS1*, João Augusto Pereira DA ROCHA2 1 Faculdade de química, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal do Pará 2 Instituto federal do Pará, Campus Bragança * [email protected] RESUMO: O professor tem a necessidade de buscar um recurso para facilitar a aprendizagem e tornar as aulas de química mais agradáveis e dinâmicas para os alunos. Este estudo buscou analisar a importância das aulas experimentais no ensino de Química para os alunos envolvendo conteúdos teóricos e práticos. O trabalho analisa o conceito de aulas práticas para os alunos, a aceitação e as impressões pessoais dos mesmos em relação a estas aulas na disciplina de Química. A prática utilizada em questão foi o modelo demonstrativo de um bafômetro, tendo em vista que nos os últimos anos tem-se constatado em nosso país que grande porcentagem dos acidentes de trânsito são causados por pessoas alcoolizadas. Com o objetivo de demonstrar a utilidade do aparelho, bem como os princípios químicos de seu funcionamento, abordou-se este experimento com os alunos do 3° ano do Ensino Médio da Escola Estadual Ensino Fundamental e Médio Augusto Meira, que permite a determinação qualitativa dos teores de álcool em algumas bebidas de amplo consumo. Neste experimento, embora não seja possível determinar a quantidade absoluta de álcool presente nas amostras, é possível ao menos colocá-las em uma seqüência crescente de teor alcoólico. Os resultados demonstram que os alunos gostam desse tipo de aula e se sentem motivados quando a mesma é proposta, principalmente quando elas ocorrem no laboratório e, desse modo, o desenvolvimento dessas aulas pode ser uma importante ferramenta no ensino de Química para os alunos. INTRODUÇÃO A Química é a ciência que estuda a matéria, as transformações químicas por ela sofridas e as variações de energia que acompanham estas transformações. Ela representa uma parte importante em todas as ciências naturais, básicas e aplicadas e progride através da chamada atividade científica ou pesquisa científica ou método cientifico de trabalho que, em linhas gerais, se desenvolve da seguinte maneira: a) Observações de fatos ou fenômenos ocorridos na Natureza, nos laboratórios, nas indústrias etc. b) Realização de experiências: é muito importante que a experiência possa ser repetida muitas vezes, por qualquer pessoa habilitada, dando sempre o mesmo resultado. Faz-se necessário uma articulação entre os dois tipos de atividades, isto é, a teoria e a prática, pois, ou os conteúdos não serão relevantes à formação do indivíduo ou contribuirão pouco ao desenvolvimento cognitivo deste. Porém, ao que parece, o ensino de Química não tem oferecido condições para que o aluno a compreenda enquanto conceitos e nem quanto a sua aplicação no diaa-dia. Várias pesquisas têm ressaltado a importância da experimentação para o processo de ensino e aprendizagem de química (BENITE et al, 2009; SILVA et al, 2010; GIORDAN, 1999; GALIAZZI et al, 2007; HODSON, 1988). Segundo Giordan (1999) é consenso que a experimentação em química desperta interesse entre os alunos, independente do nível de escolarização, pois para eles a experimentação tem caráter motivador, por esta motivada aos sentidos. A experimentação permite que os alunos manipulem objetos e idéias e negociem significados entre si e com o professor durante a aula. É importante que as aulas práticas sejam conduzidas de forma agradável para que não se torne uma competição entre os grupos e, sim, uma troca de idéias e conceitos ao serem discutidos os resultados. Já para os professores a experimentação aumenta a capacidade de 344 aprendizado uma vez que envolve os alunos nos temas trabalhados (BENITE et al, 2009, p.1). Segundo Machado et al, (1999), professores que partiram das reflexões feitas sobre suas vivências em sala de aula, concluíram que a experimentação é uma ferramenta que pode ter grande contribuição na explicitação, problematização e discussão dos conceitos com os alunos, criando condições favoráveis à interação e intervenção pedagógica do professor. Segundo Vygotsky (1989), as aulas práticas estimulam a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança; aprimoram o desenvolvimento de habilidades linguísticas, mentais e de concentração e exercitam interações sociais e trabalho em equipe. Do ponto de vista do professor, essas atividades permitem identificar erros de aprendizagem e atitudes e dificuldades dos alunos. OBJETIVO De forma geral buscou-se investigar a importância de aulas experimentais utilizadas como ferramenta de aprendizado no ensino de química. Considerando a ideia de que a atividade experimental muitas vezes tem função de concretizar para o aluno as formulações teóricas da ciência, e é comumente empregada por professores como uma estratégia de ensino visando melhorar a aprendizagem dos alunos. MATERIAL E METODOS O presente trabalho foi dividido em duas etapas. Primeiramente, foi desenvolvida uma abordagem do assunto na qual envolvia a demonstração e a utilidade do bafômetro comercial, bem como os princípios químicos de seu funcionamento em busca de informações necessárias para a elaboração do conhecimento acerca das questões norteadoras do mesmo. Em seguida, na aula pratica em um laboratório foi feita a construção de um bafômetro, ao final da aula no laboratório, os aprendizes produziram um relatório no qual registraram as atividades e as informações obtidas. Essa atitude permitiu utilizar a produção textual como ferramenta pedagógica, pois com ela é possível resgatar em sala o que cada grupo afirma ter aprendido, suas prováveis dúvidas e os dados coletados. E também foi elaborado um questionário para que os alunos relatassem a aula em laboratório, analisamos os significados de aulas experimentais. Os experimentos foram realizados no laboratório de química da Escola Estadual Ensino Fundamental e Médio Augusto Meira, situada no município de Belém, que tem uma infraestrutura adequada para estas atividades. É um espaço amplo que conta com bancadas, vidrarias e reagentes, equipamentos de proteção individual (EPI) para alunos e professores, kits de primeiros socorros e recursos audiovisuais como televisão e projetor multimídia. No início das aulas experimentais os alunos recebem um material impresso para acompanhamento, composto por um resumo teórico, além dos materiais e procedimentos necessários para a atividade, seguidos de questões relacionadas à prática realizada e teve como publico alvo, os alunos da turma de 3° ano. Questionário. Questão 1: Considerando as aulas práticas de químicas, responda: Você gosta e considera importante ter aulas práticas? Justifique sua resposta: Questão 2: O experimento foi marcante para você? Explique quais conhecimentos de química envolvidos nesse experimento: 345 RESULTADOS E DISCURSSÃO O questionário foi respondido pelos alunos individualmente. Foi possível identificar, que após a aula, o que permanece para os alunos é a lembrança dos experimentos onde havia uma maior interação deles com instrumentos da prática, relacionando-os assim com o conhecimento teórico. Isso se vincula com a concepção de Giordan (1999), em relação à experimentação ilustrativa cujo aspecto motivacional de aprendizado é evidente. Na primeira questão o objetivo foi verificar o quanto o aluno gosta e considera importante ter aulas práticas em química. Ao observar as respostas, notamos que todos os alunos, consideram importante ter aula experimental no ensino de química, e para isso utilizaram diferentes justificativas. Segundo eles, as aulas expositivas são fundamentais durante e após as investigações no laboratório, pois sem elas “o conteúdo ficaria solto”, dando a sensação aos alunos de que o conteúdo não tivesse sido trabalhado. Isso significa, segundo dizem os alunos, que os melhores resultados na aprendizagem ocorrem quando há aulas de reflexão concomitante e após a investigação. Os educandos expressaram críticas quanto à estratégia utilizada, principalmente porque foi diferente daquelas que estão habituados a conviver ou observar em outras escolas. Outras porque a estratégia era nova e estava sendo construída pela interação do professor com seus alunos. No entanto, de forma geral, percebeu-se um significativo envolvimento da turma tanto na aula teórica, quanto na prática e nas aulas posteriores ao trabalho, em que se resgatou os dados coletados para discutir conteúdos como reações químicas. Ao estudar esse assunto. Então os aprendizes puderam usar livros didáticos diferentes e pesquisas na internet, exercitando, explicitamente, o aprender a aprender (Delors, 2001) e, com isso, emitir pareceres sobre diferentes abordagens do mesmo assunto. Naturalmente, outros pilares, apontados por Delors (2001), como aprender a fazer e a ser fizeram parte do trabalho. Afinal, as ações em laboratório foram em grupo e o respeito às regras e o cuidado consigo e com os outros foi fundamental para proteger a si mesmo e os colegas. Neste experimento, embora não seja possível determinar a quantidade absoluta de álcool nas amostras, é possível colocá-las em uma ordem crescente de teor alcoólico. O bafômetro oficial, bem mais sofisticado, indica com maior precisão a quantidade de álcool no sangue, pois correlaciona a quantidade de ar exalado dos pulmões com o álcool contido no sangue da pessoa analisada. Neste experimento o balão faz o papel dos pulmões e o ar de dentro do balão, ao se equilibrar com o álcool contido na amostra, faz o papel do ar expelido pelos pulmões. Figura 01: Montagem do bafômetro. CONCLUSÃO O papel das aulas práticas é adaptar a teoria à realidade, esse processo pode ocorrer como atividade educacional de várias formas, de acordo com o conteúdo, com a metodologia ou com os objetivos com o qual se pretende alcançar. Desta forma podemos observar que as aulas práticas atuam de forma essencial para o processo de ensino aprendizagem, pois temos que manter teoria e 346 pratica em conjunto para uma melhor capitação do assunto abordado pelos alunos, observamos que com esta intervenção das aulas praticas os alunos despertam atitudes investigativas acerca dos assuntos consequentemente melhorando seu rendimento acadêmico. Quanto ao professor, ao desenvolver atividades práticas em sala de aula, estará colaborando para que o aluno consiga observar a relevância do conteúdo estudado e possa atribuir sentido a este, o que o incentiva a uma aprendizagem significativa e, portanto, duradoura. Bibliografia AFFONSO, Armando Experiências de Química São Paulo: Didática Irradiante S.A., 1970, 1. Brasil. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio/ Ministério da Educação, Secretária de Educação Média e Tecnológica. – Brasília: MEC; SEMTEC, 2014. BENITE A. M. C.; BENITE C. R. M. O laboratório didático no ensino de química: uma experiência no ensino público brasileiro. Revista Iberoamericana de Educación. n.º 48/2, pp. 1-2, 2009. CACHAPUZ, Antônio F. – A Universidade e a Valorização do Ensino e a Formação de seus Docentes. In: MACIEE, Lizete S. B. Reflexões sobre a formação de professores – Campinas, SP; Papirus, 2002 – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). FELTRE, Ricardo Química Geral São Paulo: Moderna, 1995, 1. GALIAZZI, M. C.; MARTINS, B. B.; NUNES, M. T. O. ; RUFFATO, G. P.; MADEIRA, V. C. D. ; BULHOSA, M. C. S. . A Experimentação na Aula de Química: uma aposta na abordagem histórico-cultural para a aprendizagem do discurso químico. In: GALIAZZI, M. C, AUTH, M., MORAES, R., MANCUSO, R.: (Org.). Construção Curricular em Rede na Educação em Ciências: uma aposta de pesquisa na sala de aula. 1ed. Ijuí: Unijuí, 2007, v. 1, p. 375-390 GIORDAN, M.: O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências, Química Nova na Escola, n.º 10, pp. 43-49, 1999. HODSON, D. Experiments in science teaching. Educational Philosophy & Theory, 20, pp. 53-66, 1988. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Mariana de Andrade Fundamentos de Metodologia Científica São Paulo: Atlas, 1985. MACHADO, A. H; CASTILHO, D. L.; SILVEIRA, K. P.; As aulas de Química como espaço de investigação e reflexão. Química Nova na Escola, Nº. 9, maio, 1999. MALDANER, Otávio Aloísio A Formação Inicial e Continuada de professores de Química Rio Grande do Sul: Unijuí, 2003. SILVA, R. R.; MACHADO, L. P. F.; TUNES, E. Experimentar sem medo de errar. In: SANTOS, W.L.; MALDANER, O. A.: (Org.). Ensino de Química em foco. Ijuí (RS): Unijuí, 2010. p. 231261. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 347