I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. RESPOSTA DO PERFILHAMENTO NA CULTURA DE CANA-DEAÇUCAR SOBRE DIFERENTES LÂMINA DE IRRIGAÇÃO SANTOS JUNIOR, Divino Rosa Dos (Estudante IC)1 , SOARES, Frederico Antonio Loureiro (Orientador)¹, TEIXEIRA, Marconi Batista (Colaborador)¹, PEREIRA, Gustavo Faria (Colaborador)¹, OLIVEIRA, Renato Campos de (Colaborador)1, SILVA, Nelmicio Furtado (Colaborador)¹. 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO RESUMO: O potencial da cana-de-açúcar irrigada depende de um conjunto de fatores dentre eles a quantidade de água, de fertilizantes aplicados, sistema e manejo da irrigação, cultivar, idade de corte, tipo de solo e clima. Diante disso, objetivou-se quantificar a resposta da cana-de-açúcar quanto ao perfilhamento, frente à aplicação de diferentes lâminas de irrigação com e sem fertirrigação utilizando-se gotejo subsuperficial. Foram implantadas parcelas experimentais, constituídas de três sulcos em linha dupla (0,4 x 1,80 m) com 8,0 m de comprimento e cultivada a variedade RB 85-5453. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições em esquema fatorial (0 e 100 kg ha-1 de N) e cinco lâminas de reposição hídrica (100, 75, 50, 25 e 0% de reposição hídrica). Foram demarcadas três plantas aleatórias em um metro linear no centro da linha dupla principal para análise do número de perfilhos e plantas. Os tratamentos mostraram que quanto maior foi à lâmina de reposição de água, menor foi o perfilhamento e maior o número de plantas. Palavras-chave adicionais: crescimento, irrigação localizada, quantidade de água. INTRODUÇÃO Na maioria das culturas vários fatores interferem na produção e maturação sendo os principais a interação edafoclimática, o manejo da cultura e a cultivar escolhida (SILVA et al., 2009). Entre os fatores ambientais que mais influenciam na conversão de energia em açúcar na cana-deaçúcar pode-se citar: a energia solar (intensidade e qualidade); a concentração de CO2; temperatura e a disponibilidade de água e de nutrientes. A cana-de-açúcar é uma das culturas com maior consumo de água, apresentando uma alta demanda evapotranspiratória ao longo da maior parte do seu ciclo. Os métodos tradicionalmente utilizados para suprir está necessidade são os de irrigação por superfície (sulco e inundações) e aspersão (canhão e pivô central). No entanto, estes sistemas promovem perdas significativas de água, seja por percolação abaixo da zona radicular ou por deriva pelo vento. A irrigação localizada, um método pouco utilizado no Brasil, vem se destacando como alternativa de irrigação. Esse sistema apresenta inúmeras vantagens comparativas em relação aos tradicionais, dentre elas, a redução da evaporação de água, redução de danos mecânicos ao sistema, a maior interferência com tratos culturais e a melhor eficiência na aplicação dos fertilizantes dissolvidos na própria água de irrigação- fertirrigação, garantindo melhor desenvolvimento (DALRI & CRUZ, 2002; FARIA et al., 2008), maior produção (GAVA et al., 2008) e obtenção de produto de melhor qualidade (DALRI & CRUZ, 2008). A cana-de-açúcar uma vez em contato com o solo, em condições favoráveis de umidade e temperatura, brota por intermédio da gema, a qual irá formar os novos colmos. A fase de perfilhamento intenso da touceira se dá quando é atingido o máximo da produção de perfilhos, chegando algumas variedades a produzir 25 ou mais colmos por touceira. A partir do ponto de máximo perfilhamento, a competição entre os perfilhos pelos fatores de crescimento (luz, espaço, água e nutrientes) acentuase, de maneira que se constata a diminuição e paralisação deste processo, além da morte dos perfilhos mais novos (SEGATO et al., 2006). Desta forma objetivou-se com este trabalho quantificar a resposta quanto ao perfilhamento da cultura de cana-de-açúcar, frente à aplicação de diferentes lâminas de irrigação sem e com 1 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. fertirrigação (100 kg ha-1 de N) utilizando-se o sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial. probabilidade. Utilizando-se o programa estatístico SISVAR para processamento dos dados. RESULTADO E DISCUSSÃO MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi implantado em condições de campo, na estação experimental do Instituto Federal Goiano – Câmpus Rio Verde – GO. O clima da região é classificado conforme Köppen, como Aw (tropical), com chuva nos meses de outubro à maio, e com seca nos meses de junho à setembro. A temperatura média anual varia de 20 a 35 °C e as precipitações variam de 1.500 a 1.800 mm anuais e o relevo é suave ondulado (6% de declividade). Para condução desse estudo, foram implantadas parcelas experimentais, constituídas de três sulcos de linha dupla (plantio “em W” ou plantio em “abacaxi”) com espaçamento de 0,4 m entre sulcos e 1,80 m entre linhas de gotejo e 8 metros de comprimento, totalizando 52,8 m2 de área total por parcela, sendo cultivada a variedade RB 85-5453. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com quatro repetições em esquema fatorial 2 x 5 com e sem nitrogênio (0 e 100 kg ha-1) e cinco lâminas de irrigação (100, 75, 50, 25 e 0% de reposição hídrica). Toda adubação foi realizada com base na interpretação da análise química do solo, segundo as recomendações da Embrapa (2004). Sendo que a adubação nitrogenada foi realizada toda na cobertura, via fertirrigação, exceto para a lâmina de irrigação de 0% de reposição hídrica, quando foi realizada com 50% da adubação potássica. O tubo gotejador foi enterrado a 20 cm de profundidade da superfície do solo, entre dois sulcos de plantio, sendo que o mesmo apresenta as seguintes características: tubo gotejador modelo Dripnet PC 16150 com parede delgada, pressão de serviço de 1 bar, vazão nominal de 1,0 L h-1 e espaçamento entre gotejadores de 0,50 m. A irrigação foi conduzida em base de tensiometria digital de punção com sensibilidade de 0,1 kPa, sendo as hastes tensiométricas instaladas nas profundidades de 20, 40, 60 e 80 cm. Foram demarcadas três plantas aleatórias em um metro linear no centro da linha dupla principal para análise do número de perfilhos e plantas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas entre si pelo teste Tukey a 5% de As plantas sob o efeito das maiores lâminas de reposição hídrica e sem aplicação de N tenderam a apresentar um menor perfilhamento, visto que, as plantas irrigadas com uma lâmina de reposição hídrica de 25% emitiu um número de perfilho estatisticamente superior as plantas irrigadas com 100%, superando-a em 16,88% (Tabela 1). Ao contrário do número de perfilho, verificou-se no número de plantas sem adubação de N, que aplicando uma lâmina de 75, 50 e 25% não houve diferença entre elas, porém as lâminas de 75 e 50% diferiu da lâmina de 100 e 0% de reposição hídrica e a lâmina de 0% não diferiu da de 25 e 100% (Tabela 1). Por outro lado, as plantas que receberam adubação de N apenas a lâmina de 25% diferiu das demais, sendo 25,73, 35,62 e 26,23% menor o número de perfilho que os das lâminas de 50, 75 e 100%, respectivamente. Nota-se na Tabela 1, que o número de plantas do tratamento de 100% da reposição hídrica e com adubação de N diferiu dos demais, apresentando 11,31, 22,04, 14,62 e 8,17% mais plantas que as lâminas de 0, 25, 50 e 75%, respectivamente. Nas lâminas de 75 e 0% de reposição hídrica não foi observado diferença significativa, porém os tratamentos que receberam uma lâmina de 75% estatisticamente teve em média 2,12 e 4,56 mais plantas que os tratamentos que receberam 50 e 25% de reposição hídrica, respectivamente. Entre todas as lâminas de reposição hídrica, a de 25% com aplicação de nitrogênio foi estatisticamente inferior as demais apresentando um número de planta 1,09, 1,18 e 1,28 vezes menos quando comparado com as lâminas de 50, 75 e 100%, respectivamente. O perfilhamento inicial da cana-de-açúcar foi uniforme e constante até alcançar o pico máximo de perfilhos, seguido de um período de senescência dos mesmos. Resultados semelhantes foram obtidos por Bezuidenhout (2003) que classificou o crescimento da cultura da cana-de-açúcar de acordo com o perfilhamento, tendo separado o mesmo em três fases: a) formação dos perfilhos primários; b) período de grande perfilhamento; e c) período de senescência dos perfilhos. As lâminas de irrigação de 25, 50 e 75% foram capazes de promover maior número de plantas em relação aos demais tratamentos 2 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. (Tabela 1). Os tratamentos que foram influenciados somente pelo efeito da irrigação e não pela fertirrigação, apresentaram um maior número de perfilhos nos tratamentos de 0, 25, 50 e 75% de reposição hídrica, com diferença significativa somente em relação à lâmina 100%. As plantas que foram fertirrigadas tiveram o maior número de perfilhos quando utilizou-se lâminas de irrigação de 0, 50, 75 e 100% (Tabela 1). Já o melhor resultado para número de plantas sob fertirrigação foi observado no tratamento de 100% (Tabela 1), provavelmente devido ao melhor estado nutricional das plantas proporcionado pela aplicação de fertilizantes. Observou-se assim, que os tratamentos fertirrigados apresentaram maior número de perfilhos e de plantas. Tabela 1. Número de perfilhos e número de plantas da cana-de-açúcar submetida a diferentes lâmina de irrigação com e sem aplicação de nitrogênio Sem N Com N Número Número Número Número Tratamento Perfilhos Plantas Perfilhos Plantas ----------------------- m-1 -----------------------0% 13,31ab 27,56bc 14,62a 29,18bc 25% 14,81a 29,34ab 11,93b 25,65d 50% 14,00ab 29,43a 15,00a 28,09c 75% 13,81ab 29,87a 16,18a 30,21b 100% 12,31b 27,53c 15,06a 32,90a DMS 1,78336 1,78336 Erro 0,40824 0,40824 * Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si segundo teste tukey (p<0,05). CONCLUSÃO Os tratamentos sem aplicação de nitrogênio apresentaram maior número de perfilhos para 0, 25, 50 e 75% de reposição hídrica, apresentando diferença significativa somente em relação à lâmina de 100%. Os tratamentos com aplicação de nitrogênio apresentaram maior número de perfilhos para 0, 50, 75 e 100%, mostrando diferença significativa somente em relação à lâmina de 25%. O melhor resultado para número de plantas com adubação de nitrogênio foi observado no tratamento com 100% de reposição hídrica AGRADECIMENTOS Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). REFERÊNCIAS BEZUIDENHOUT, C. N.; O’LEARY, G. J.; SINGELS, A.; BAJIC, V. B. A process based model to simulate changes in tiller density and light interception of sugarcane crops. Agricultural Systems. v.76, n.2, p.589-599, 2003. DALRI, A.B.: CRUZ, R.L. Efeito da frequência de irrigação subsuperficial pro gotejamento no desenvolvimento da cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) Irriga, Botucatu v.7, n.1, p.29-34, 2002. DALRI, A.B.: CRUZ, R.L. produtividade da cana-de-açúcar fertirrigada com N e K via gotejamento subsuperficial. Irriga, Botucatu v.28, n3, p.516-524, 2008. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro, RJ; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: Embrapa Solos, 2006. 306p. FARIAS, C.H.A.; FERNANDES, P.D.; AZEVEDO, H.M.; DANTAS NETO, J. Índices de crescimento da cana-de-açúcar irrigada e de sequeiro no Estado da Paraíba. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.12, n.4, p.356–362, 2008. GAVA, G.J.G.; SILVA, M.A.; CRUZ, J.C.S.; JERÔNIMO, E.M.; OLIVEIRA, M.W.; KORONTAL, Y.VERED, E.; AGUIAR, F.L.; PEDROSO, D.B. produtividade e atributos tecnológicos de três cultivares de cana-de-açúcar irrigadas por gotejamento subsuperficial. 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