Efeito da microestrutura sobre o desgaste abrasivo de vitrocerâmicos PIBIC/ CNPq Maicon Douglas de Oliveira Pires, Cláudio A. Perottoni, Robinson C. D. Cruz, Janete E. Zorzi [email protected], [email protected] INSTITUTO DE MATERIAIS CERÂMICOS, UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, BOM PRINCÍPIO - RS Introdução Os materiais vitrocerâmicos podem ser obtidos a partir da cristalização controlada de materiais vítreos. Materiais vitrocerâmicos também podem ser obtidos a partir de fontes naturais, como algumas rochas, com baixo ponto de fusão. Independentemente do tipo de rocha, o fator crítico para a sua utilização na fabricação de produtos de alto valor agregado é a possibilidade de (re)fundi-las e realizar tratamentos térmicos pós-resfriamento capazes de desenvolver propriedades especiais, principalmente aquelas que são obtidas de processos controlados de formação de fases cristalinas a partir desses vidros. Os materiais resultantes desta combinação de microcristais dispersos em uma matriz vítrea, conhecidos como vitrocerâmicos, possuem desempenho térmico, químico e mecânico superior aos materiais cerâmicos convencionais. O objetivo deste trabalho é desenvolver, em escala de laboratório, materiais vitrocerâmicos obtidos a partir de rochas ígneas da formação Serra Geral a fim de obter produtos cerâmicos inovadores como tubos, canaletas ou blocos resistentes ao desgaste, com propriedades adequadas para diferentes usos industriais. Neste trabalho, ensaios de microabrasão (ball cratering tests) foram realizados para determinar o coeficiente de desgaste dos materiais vitrocerâmicos obtidos. Neste método, uma esfera de aço endurecido gira sobre a superfície da amostra e entre a esfera de aço e a superfície da amostra é gotejada uma suspensão abrasiva que provocará o desgaste da amostra. O resultado é a formação de uma cratera na superfície da amostra cerâmica. O diâmetro da cratera é medido por microscopia óptica e partir deste diâmetro, obtém-se o coeficiente de desgaste. Conforme o gráfico da Figura 1, é possível visualizar a comparação dos coeficientes de desgaste de todas as amostras ensaiadas. A amostra 008014, queimada a 1600°C obteve o menor coeficiente de desgaste dentre todos os vitrocerâmicos analisados até o momento. Na Figura 2 podemos ver crateras de desgaste em uma amostra vitrocerâmica. Metodologia Foram realizados ensaios de microabrasão para medir o coeficiente de desgaste de amostras vitrocerâmicas e de amostras de aço 1020 e ferro fundido. Foram utilizados o aço 1020 e o ferro fundido como materiais de referência. O ensaio para desgaste das amostras foi feito usando o equipamento CalotestCSM adaptado com uma célula de carga de 500 g. Neste método, uma esfera de aço endurecido gira sobre a superfície da amostra. Entre a esfera de aço e a superfície da amostra é aplicada uma suspensão abrasiva (SiC) que provocará o desgaste da amostra. O resultado será a formação de uma cratera, no qual o diâmetro é medido por microscópio óptico. A partir deste diâmetro, obtém-se o coeficiente de desgaste, K. Figura 1 – Volume de material removido versus a distância percorrida pela esfera nos ensaios de microabrasão . A declividade da reta fornece o coeficiente de desgaste. Neste gráfico estão os resultados do aço 1020, do ferro fundido e das amostras 0071-14 e 0080-14, queimadas em diferentes temperaturas. (1) L = Distância percorrida pela esfera sobre a amostra (m). FN = Força normal sobre a esfera (N). b = Diâmetro da cratera formada (m). R = Raio da esfera (m). Figura 2 – Amostra embutida e polida de um dos vitrocerâmicos estudados (0080-14). Considerações finais Resultados e discussão Na Tabela 1 pode-se visualizar a comparação dos coeficientes de desgaste de duas amostras cerâmicas queimadas a 1040 e 1600°C, aço 1020 e ferro fundido obtidos através da equação (1). As amostras queimadas a 1040°C foram as que obtiveram o menor coeficiente de desgaste. A amostra queimada em 1040°C foi a que apresentou o maior coeficiente de desgaste (menos resistente). Observou-se também que um aumento da temperatura de queima torna o material mais resistente ao desgaste. A resistência ao desgaste dos materiais vitrocerâmicos é menor do que a dos materiais metálicos investigados. O material 0080-14 apresentou desempenho promissor e foi o que mais se aproximou dos resultados dos metais. A próxima etapa do trabalho será analisar a microestrutura destes materiais e também testar novos vitrocerâmicos. Tabela 1 – Coeficiente de desgaste de diversos materiais vitrocerâmicos e metálicos. Amostra Amostra Amostra Amostra Amostra 0071-14 0071-14 0080-14 Aço 1020 Ferro fundido 1040 °C 1600 °C 1600 °C 89 23 6,6 2,1 1,5 Coeficiente de desgaste (10-14 m3 N-1) Agradecimentos O autores agradecem aos funcionários do IMC, à FAPERGS/RS, SDECT/RS e ao CNPq pelo apoio financeiro.