Rock é o termo abrangente que define um gênero musical popular que se desenvolveu durante e após a década de 1950. Suas raízes se encontram no rock and roll e no rockabilly que emergiram e se definiram nos EUA no final dos anos quarenta e início dos cinquenta, que, por sua vez, evoluíram do blues, da música country e do rhythm and blues. Outras influências musicais sobre o rock ainda incluem o folk, o jazz e a música clássica. Todas estas influências foram combinadas em uma estrutura musical simples baseada no blues que era "rápida, dançável e pegajosa". São mais de cinco décadas bem vividas. Não pensem que foi uma vida fácil: entre tapas e beijos, o rock viveu um romance conturbado com a sociedade. Numa hora, era o queridinho de todos, para logo depois ser chutado e escorraçado como um cão sem dono. Nesse meio século, o rock'n'roll é celebrado por multidões, massacrado pela Igreja, explorado por publicitários, dissecado por historiadores, cooptado pela moda, malhado por puristas, dignificado pelos Beatles e maltratado por Simply Red. Passou por bons e maus bocados, e chegou a ser dado por morto algumas vezes. Mas, como fênix, sempre deu um jeito de reaparecer, resgatado das trevas por algum adolescente talentoso e entediado. É uma história e tanto. Segundo historiadores, o marco zero do rock teria acontecido em julho de 1954, quando um caminhoneiro chamado Elvis Presley entrou no Sun Studios, em Memphis, e gravou “That's Allright Mamma”. Vamos deixar uma coisa bem clara: Elvis não inventou o rock. Antes dele, gente como Chuck Berry e Bill Halley já tocavam rock. Desde o fim dos anos 40, “rock'n'roll” era usado em letras de música como sinônimo de “dançar” ou “fazer amor”. Se não criou o rock'n'roll, Elvis ao menos pode ser considerado o mensageiro que apresentou o rock ao mundo. Era o homem certo no momento certo: b on ito, tale nto so e carismático. Mais importante: era branco e, por isso, aceitável para a América dos anos 50. “Eu agradeço a Deus por Elvis Presley”, disse o negro Little Richard, um dos grandes pioneiros do rock. “Ele abriu as portas para muitos de nós.” A tarefa de Elvis não foi fácil: a sociedade norteamericana demorou bastante para aceitar aquele branco que cantava e dançava como um negro. Em uma de suas primeiras apresentações começava a abandonar preconceitos seculares. De uma certa forma, a explosão do rock simbolizou uma América nova, mais liberal, próspera e livre das dificuldades econômicas do pós-guerra. Adolescentes brancos começaram a curtir uma música antes relegada a salões de baile nos bairros negros e pobres. Em 1956, “Blue Suede Shoes”, de Carl Perkins, tornou-se a primeira música a chegar ao topo das paradas. O fato representou um marco não só para a música, mas para toda a sociedade americana. Pela primeira vez, brancos e negros estavam gostando da mesma coisa. O rock'n'roll não mudou a sociedade, mas serviu como espelho de mudanças e tendências. Claro que ninguém deixou de ser racista ao ouvir Elvis na TV, as câmeras o filmaram apenas da cintura para cima, sem mostrar aquele quadril que teimava em rebolar. Elvis, ao contrário de vários outros ídolos da época (como Pat Boone, por exemplo), nunca renegou a origem de sua música. “O que eu faço não é novidade”, disse. “Os negros vêm cantando e dançando dessa forma há muito tempo.” viajar para mostrar sua música assumia proporções épicas de heroísmo e bravura. Se a vida nos anos 50 não era moleza para um roqueiro branco como ele, o que dizer de artistas negros ? Num país de escolas segregadas, que ainda via negros serem linchados, o simples fato de um artista negro Sim, o rock'n'roll é música negra. Como o blues, o samba e o hip hop, o rock nasceu da escravidão e tem suas origens na migração forçada de milhões de africanos, que foram tirados de suas aldeias e jogados em terras estranhas. Todos esses gêneros musicais têm duas características comuns, herdadas da África: a primeira é a predominância de uma base rítmica constante e repetitiva; a segunda é a utilização da música de uma forma emocional e espiritual. Na época, a sociedade americana Presley cantando música “de negros”, mas o simples fato de Elvis aparecer em cadeia nacional, rebolando os quadris e celebrando uma cultura marginal, mostrava que o país estava mudando. não existia. Não havia música ou filmes feitos especialmente para eles. Pais e filhos eram obrigados a gostar das mesmas coisas: as big bands de Tommy Dorsey e Benny Goodman, as baladas de Nat King Cole e Frank Sinatra. Paralelamente ao surgimento do rock, a sociedade norte-americana via o aparecimento de outro fenômeno, que se tornaria vital para a explosão do rock'n'roll: o adolescente. Até meados do século 20, adolescentes tiveram uma vida dura nos Estados Unidos. O país havia passado por duas guerras mundiais e pela Grande Depressão; ser jovem por lá significava trabalhar duro e ajudar os pais a sustentar a casa. Depois da Segunda Guerra, tudo mudou: os Estados Unidos entraram numa fase de prosperidade, a economia cresceu e os adolescentes, que antes davam duro ajudando os pais, passaram a receber mesada. Isso criou um novo mercado, voltado unicamente para o jovem. Para a sociedade de consumo, o adolescente Hollywood logo entrou na onda, lançando filmes direcionados aos adolescentes. Dois deles, O Selvagem (1954) e Rebelde sem Causa (1955), revelaram Marlon Brando e James Dean interpretando jovens em conflito com a geração de seus pais. A rebeldia estava na moda. Daí surgiu Elvis Presley, dando voz a uma geração cansada da caretice dos pais. Apesar do sucesso, muita gente previa um fim rápido para o rock. O gênero era visto como uma moda passageira, a exemplo do calipso ou de tantas outras que tiveram seus 15 minutos de fama na América. Quando o futuro do rock'n'roll parecia negro, surgiram os Beatles. A influência dos Beatles é incalculável. Musicalmente, eles elevaram o rock a um nível até hoje inigualado, estabelecendo parâmetros e modelos para toda a música pop. Suas experimentações abriram novas possibilidades sonoras e ampliaram os horizontes musicais das gerações posteriores. Culturalmente, eles foram O fato é que nenhuma outra música esteve tão sintonizada com a realidade de seu tempo quanto o rock. Desde os anos 50, ele passou a ser um espelho da sociedade, refletindo a moda, o comportamento e as atitudes dos jovens. Isso fez do rock uma música com prazo de validade, ou seja, tão ligada no “hoje” que corre o risco de sair de moda rapidamente, junto com os temas abordados (para confirmar, basta assistir a qualquer videoclipe de dez anos atrás). Sendo um gênero que se alimenta sempre do novo, o rock'n'roll gera conflito entre seus fãs. Um movimento surge como resposta ao anterior e assim por diante, numa renovação in can sáve l.E ss es c onf li tos , mai s qu e igualmente importantes: carismáticos, irreverentes e cheios de sex-appeal, eles surgiram no mundo como um sopro renovador, obliterando a caretice da década de 50 e inaugurando uma era mais livre e esperançosa – os anos 60. O surgimento do rock e de seus primeiros ídolos – Elvis, Beatles, Rolling Stones – mudou a relação entre a música e o público. Até o rock aparecer, o “músico” – fosse produtor, instrumentista ou compositor – era visto como u m p ro f i s s i o n a l m u i t o q u a l i f i c a d o . Compositores de “música popular” eram sofisticados como Cole Porter e Irving Berlin; cantores eram Frank Sinatra e Bing Crosby. O ro ck d emocratizou a mú sica p op. Subitamente, qualquer um podia subir em um palco e cantar. Essa “democracia” do rock teve interessantes, são necessários: sem eles, estaríamos condenados à eterna repetição. Foi a partir desses “rachas” que nasceram alguns dos movimentos mais influentes do rock, como o punk, basicamente uma reação ao comercialismo e à pompa do rock dos anos 70. Os Beatles são um bom exemplo da capacidade do rock de se adaptar a cada época. Para entender as mudanças ocorridas nos anos 60, basta olhar as fotos do grupo durante o período. Nos primeiros anos, vestidos com terninhos idênticos e cabelos bem penteados, os quatro eram a imagem perfeita do otimismo da era Kennedy. Depois, como todos, abandonaram a inocência: os cabelos cresceram e os sorrisos um efeito imediato: os artistas ficaram cada vez mais parecidos com seu público, tanto em idade quanto em classe social. Os jovens passaram a se identificar mais com seus ídolos, estabelecendo uma relação mais próxima com a música. O rock também passou a buscar na sociedade – especialmente nos jovens – os temas de suas canções. Essa troca fez do rock a música mais popular e culturalmente impactante do século 20. Para muitos, esse estreitamento entre artista e público também causa um declínio gradual na qualidade da música. A cada ano, um número maior de pessoas sem treinamento musical tem acesso a tecnologias de composição e gravação. Hoje, aparelhos como samplers e placas de som permitem a qualquer um gravar um disco em casa. E popularização raramente é sinônimo de qualidade. deram lugar ao cinismo, enquanto Kennedy era morto e a guerra começava no Vietnã. No fim da década, quando jovens faziam passeatas na Europa, Martin Luther King era assassinado e o conflito do Vietnã piorava, os Beatles buscaram consolo espiritual na Índia, renegando o comercialismo ocidental. Talvez seja essa a razão de seu sucesso. Como bem disse Gene Simmons, do Kiss: “Eu não sou Shakespeare. Mas ganhei muita grana e transei com mais de 4 mil mulheres. Tenho certeza de que Shakespeare trocaria de lugar comigo a qualquer hora”. Quem duvida? Adaptado de SUPER 205, outubro 2004. Todo interligado como uma rede de metrô que ninguém planejou, o rock’n’roll cruza estilos e ritmos. Em cada estação, guitarras e baterias contam a história do menino rebelde, mestiço, filho ilegítimo de uma vertente musical afroamericana (rhythm’n’ blues) e um gênero de tradições européias (country). Contraditório desde o início, ele surge num país e numa época marcados pela segregação racial. Apesar de simples em estrutura, o rock talvez seja o mais mutante dos gêneros musicais. Graças a sua capacidade de absorver e recombinar influências, ele segue surpreendendo, sempre. O mais legal é transitar pelas diversas vertentes desse submundo, da rebeldia adolescente às melodias eletrônicas. Linha Estrelas Pop Linha Rock Alternativo Linha Punk Rock Linha Grunge Linha Hardcore Linha Heavy Metal Linha EMO Linha Nu-Metal