Unidade Didática – Ciências Identificação NRE: Loanda Município: Loanda Professora: Adriana Penko Bitant e-mail: [email protected] Escola: Col. Est. Pres. “Afonso Camargo” - E.F.M. Disciplina: Ciências Série: 8ª Conteúdo Estruturante: Matéria Conteúdo Específico: Substâncias Título: O Álcool: o desafio de conhecer uma substância química do nosso cotidiano Relação Interdisciplinar 1: Química Relação Interdisciplinar 2: História IES: Universidade Estadual de Maringá Professoror Orientador: Drª Maria Júlia Corazza O Álcool: o desafio de conhecer uma substância química do nosso cotidiano TEMA: A química do etanol CONTEXTUALIZANDO Qual é a principal substância química que está presente tanto na cerveja, como no vinho, na cachaça e no combustível para automóveis? Se você respondeu que é o álcool, acertou. Vamos conhecer um pouco mais sobre ele? Genericamente, na química, as substâncias que tem grupos hidroxila (OH) ligados a um átomo de carbono, são denominados álcoois. A palavra álcool é de origem árabe, al-kuhul, que significa do ar, do espaço. Mas, o álcool que é utilizado em nosso dia-a-dia como combustível, nas bebidas, na limpeza têm um nome especial, é chamado de álcool comum, álcool etílico ou ainda, etanol. H3C – CH2 – OH etanol Da mesma maneira que conseguimos reconhecer um amigo por um conjunto de suas características (o timbre de voz, a forma do nariz, o modo de andar, a cor da pele, o jeito de falar, a cor e a textura dos cabelos, o porte físico, etc.), os químicos identificam as substâncias pelo conjunto de suas propriedades. Dessa forma, uma substância é identificada como etanol quando têm as seguintes características: composto volátil, solúvel em água, incolor, inflamável, odor característico, ponto de fusão (PF) -114,1ºC, ponto de ebulição (PE) 78,5ºC. Discuta com o professor e colegas da turma os significados de Ponto de fusão e Ponto de ebulição. Compare o ponto de ebulição e fusão do álcool com os de outras substâncias como a água, Esclarecendo as aplicações *Em limpeza doméstica é utilizado o etanol 96 ºGL (graus GayLussac), o que significa 96% de etanol e 4% de água em volume. Devido seu ponto de ebulição, evapora rapidamente, por isso, é preferido para limpeza. Para essa finalidade, esse produto deve apresentar-se misturado a outras substâncias que modificam seu sabor, aroma, inflamabilidade e consistência. O “álcool gel”, por exemplo, contém uma substância (carbomer) que tem finalidade de modificar sua consistência, tornando-o menos inflamável e, por modificar seu sabor e aroma, impede que seja usado na fabricação de perfumes e bebidas. *Como antisséptico. A organização Mundial da Saúde (OMS) designou o álcool como “padrão ouro”, recomendando que seja amplamente utilizado na assepsia, por tratar-se de uma substância anti-séptica barata, eficaz, não irritante para a pele e sem risco de combustão. Para exercer essa função, sua concentração é muito importante, sendo a ideal entre 70% e 90%. Atuando sobre microorganismos, como bactérias e vírus, o álcool desnatura as proteínas desses seres, além de ser um importante solvente orgânico, lesando as estruturas lipídicas da membrana da célula microbiana. *O etanol dissolve muitas substâncias orgânicas, entre as quais goma-laca, resinas, sintéticas e naturais, e óleos. É usado em grande escala em vernizes e como ingrediente de tinturas, produtos farmacêuticos e cosméticos. *Combustível. A queima do etanol produz uma chama com desprendimento de calor e nenhuma fuligem, podendo ser empregado em motores de combustão interna. Daí a possibilidade de usá-lo como combustível. Diferentemente dos combustíveis derivados do petróleo, que vêm de uma fonte não renovável, as fontes de etanol, como a cana-deaçúcar, no caso do Brasil, são renováveis. Basta plantar novamente a cana para se obter mais etanol. Outra vantagem do etanol é que ele não contribui de maneira significativa para o aumento dos gases do efeito estufa. Esses gases, como o gás carbônico, aprisionam parte do calor que seria dissipado para a atmosfera, por absorverem radiação infravermelha. O etanol apresenta outras vantagens como combustível, como, por exemplo, o alto valor de sua octanagem (105, em média, enquanto o valor médio para a gasolina comum americana é 87), sua toxidez, relativamente baixa, e a ausência de enxofre e nitrogênio. Em compensação, a queima parcial do etanol pode produzir aldeídos, também tóxicos, além, é claro, do monóxido de carbono. Octanagem: medida da qualidade da gasolina, relacionada à resistência à detonação da mistura ar/gasolina antes que o pistão dentro do cilindro dos motores atinja o seu curso completo e a vela de ignição solte faísca que provoca a explosão da mistura. As desvantagens do etanol como combustível incluem, ainda, o baixo valor de energia obtida na sua queima, quando comparado à gasolina. Atualmente, pesquisadores vêem com cautela a monocultura da cana-deaçúcar, por causa das implicações sociais e ambientais em longo prazo. O etanol combustível (etanol hidratado) tem sua composição estabelecida por lei e deve estar entre 93,2ºGL e 93,8ºGL. O álcool que é adicionado na nossa gasolina para reduzir sua combustão incompleta, substituindo o chumbo, é o álcool anidro (não contém água) e a mistura forma o chamado gasool. Com a crise do petróleo no final de 1973, o Brasil em 14 de novembro de 1975 iniciou sua independência energética com a criação do Programa Nacional do Álcool, denominado de Proálcool. No Brasil, o metanol ou álcool metílico (CH3OH), foi utilizado durante uma época em substituição temporária ao etanol, em virtude de uma grande falta deste produto no mercado, porém hoje em dia, por ser extremamente tóxico, o metanol já não é mais utilizado como combustível. Investigue o porquê de o metanol ser mais tóxico que o etanol. LEITURA COMPLEMENTAR Alimentos, Biocombustíveis e Efeito Estufa, entrevista com Carlos Clemente Cerri Se usar melhor as pastagens, o Brasil pode exportar mais comida, etanol e soja com sustentabilidade, afirma professor da Esalq. Basta o Brasil usar melhor suas pastagens para que o País possa exportar biocombustíveis sem comprometer a produção de alimentos e sem desmatamento. Quem pensa assim é Carlos Clemente Cerri, o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) que, além de membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), é um dos responsáveis pela contabilidade oficial das emissões brasileiras de gases do efeito estufa. Para ele, sem precisar nem dobrar o número de cabeças de gado por hectare, a terra brasileira é suficiente para atender à ampliação do cultivo de alimentos — para o Brasil e para o mundo — e para o plantio das matérias-primas para os biocombustíveis. Mais: o melhor manejo das pastagens liberaria ainda terra agricultável suficiente para o cultivo de eucalipto, de algodão e de soja e para a produção de leite e carne. Além de não desmatar, o Brasil, alerta Cerri, deve reduzir ao máximo as emissões de gases do efeito estufa e o consumo de água dos processos de produção de biocombustíveis para garantir que o etanol e o biodiesel fabricados aqui sejam competitivos no exterior. “É uma questão ética”, afirma. “Principalmente nos países mais desenvolvidos, a sociedade vai querer consumir produtos cujos processos de produção sejam mais limpos do que são hoje.” Por essa razão, grupos de pesquisa do mundo inteiro, incluindo o que o professor coordena no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), na Esalq, já estão trabalhando para calcular o carbon footprint do etanol — ou seja, a quantidade de carbono emitida durante a produção de um litro do biocombustível. “A soma das emissões da produção e da queima dos biocombustíveis tem de ser menor do que a soma das emissões da produção e da queima dos combustíveis fósseis, senão não compensa substituir estes por aqueles”, explica o professor. Ele não vê os biocombustíveis nem como vilões nem como salvadores. Em sua opinião, o etanol, o biodiesel e outros combustíveis de origem orgânica representam uma fase de transição — o futuro, pensa ele, está nas energias solar, eólica e das marés, que não deixam nenhum resíduo. Leia a entrevista na íntegra acessando o site: <http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/06/20/alimentosbiocombustiveis-e-efeito-estufa-entrevista-com-carlos-clemente-cerri/> . Acesso em 17-11-2008 REFLETINDO Figura 1 Figura 2 Figura 3 Fontes: Figura 1: < http://www.coljxxiii.com.br/webquest/jubio.jpg> Figura 2: <http://www.achetudoeregiao.com.br/noticias/noticias.gif/queima_de_can a1.jpg> Figura 3: <http://ecourbana.files.wordpress.com/2008/07/canacortadores.jpg> Observe as figuras, e com base na Leitura Complementar e nas discussões em sala de aula, registre as vantagens e desvantagens que o etanol, como combustível, representa para o meio ambiente. Vantagens Desvantagens EXPERIMENTANDO Separando componentes de tinta de caneta Material: -papel-filtro -caneta preta -vidro relógio (ou pires) -álcool -béquer ou copo Procedimento: 1- Corte na forma de um retângulo de 1cm por 6cm, um pedaço de papelfiltro (pode ser filtro de café). 2 - Desenhe, com a caneta preta, uma pequena bolinha a uma altura de 1cm da borda do papel. 3 - Coloque álcool em um copo até a altura de 0,5cm. 4 - Coloque o papel dentro do copo, de forma que a bolinha pintada fique próxima ao álcool, sem tocá-lo. Tampe o copo com um vidro de relógio (ou pires) 5 - Espere por cinco minutos e retire o papel de dentro do copo. 6 - Observe. Análise de dados: 1 - A tinta da caneta preta é uma substância ou uma mistura? 2 - Quantos componentes você pode identificar na tinta de caneta preta? 3 - Qual é a função do álcool no processo da cromatografia? 4 - Qual dos componentes é mais solúvel em álcool? APLICANDO NO COTIDIANO O etanol pode se inflamar e causar queimaduras, incêndio e explosão. Jamais manipule-o perto de chamas ou faíscas. Você e seus familiares tomam os cuidados necessários ao manusear e guardar em lugares seguros o álcool e as demais substâncias inflamáveis? Em 2002, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com a resolução RDC nº 46, proibiu a comercialização de álcool líquido 96º GL (Gay-Lussac). Mas o Tribunal Regional Federal de Brasília sobre pressão da Abraspea (Associação dos Fabricantes e Envasadores de Álcool), reverteu a decisão, em agosto daquele ano. No ano de 2007 a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados aprovou um novo projeto (Lei 692/07), substitutivo ao projeto original, no qual atribui à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o controle e a fiscalização sanitária do produto e legaliza a exigência feita pela Agência em 2002 para que o produto seja vendido em forma de gel, que aumenta a segurança do consumidor porque é mais difícil se espalhar e oferece menos risco da explosão por chama na boca da garrafa. O novo projeto também exige a comercialização do produto em forma de gel, e incorpora mais restrições à venda do álcool, como: acondicioná-lo em quantidade máxima de 500g e em embalagem resistente a impacto, proibir a venda ao consumidor de álcool destinado a testes laboratoriais e proibir o uso de símbolos ou figuras que tornem o produto atrativo para crianças. Você é contra ou a favor a essa lei? Por quê? Você observa o cumprimento dessa lei nos supermercados e mercearias? 06/06 - Dia Nacional da Luta contra a Queimadura SUGESTÃO DE PESQUISA: -Efeito explosivo de uma garrafa de plástico de álcool Sites sugeridos: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n3/08.pdf> . Acesso em: 20/10/2008 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342007000100003&lng=pt&nrm=iso > . Acesso em: 20/10/2008 TEMA: Etanol - produção, industrialização e comércio http://www.destilariadecasa.com.br/Index2.html CONTEXTUALIZANDO A que se deve o aumento de volume da massa preparada para fazer pães? Existe semelhança entre o processo de fabricação de pão e de álcool? A população das cidades que possuem destilaria de álcool convive com um desagradável odor no ar. Qual a origem desse odor? O etanol industrial pode ser obtido a partir de batatas, cereais ou melaço, principalmente da cana-de-açúcar. Exemplificaremos a produção do álcool a partir da cana-de-açúcar. A produção do álcool ocorre em uma indústria denominada “destilaria”. Cada destilaria possui sua particularidade, principalmente quanto a parâmetros de controle de processo e características dos equipamentos, mas o processo de produção de modo geral é parecido em todas elas. A cana que chega à unidade industrial é processada o mais rápido possível. Este sincronismo entre o corte, transporte e moagem, é muito importante, pois a cana é uma matéria prima sujeita a contaminação e, conseqüentemente, de fácil deterioração. Antes da moagem, a cana é lavada nas mesas alimentadoras para retirar a terra proveniente da lavoura. Após a lavagem, a cana passa por picadores que trituram os colmos, preparando-a para a moagem. Nesse processo, as células da cana são abertas sem perda do caldo. Após o preparo, a cana desfibrada é enviada à moenda para ser moída e extrair o caldo. Na moenda, a cana desfibrada é exposta entre rolos submetidos a uma pressão de aproximadamente 250 kg/cm², expulsando o caldo do interior das células. Este processo é repetido por seis vezes continuamente. Adiciona-se água numa proporção de 30%. Esse procedimento é denominado de embebição composta, cuja função é embeber o interior das células da cana, diluindo o açúcar ali existente e, com isso, aumenta-se a eficiência da extração, obtendo-se cerca de 96% do açúcar contido na cana. O caldo extraído é submetido a vários processos específicos de tratamento antes de ser fermentado e o bagaço vai para as caldeiras. O bagaço, que sai da moenda com muito pouco açúcar e com umidade de 50%, é transportado para as caldeiras, onde é queimado para gerar vapor, que se destina a todas as necessidades que envolvem: o acionamento das máquinas pesadas, a geração de energia elétrica e o processo de fabricação de álcool. A sobra de bagaço é vendida para outras indústrias. O bagaço é muito importante na unidade industrial, porque é o combustível para todo o processo produtivo. Parte do vapor gerado é enviado aos turbogeradores que produzirão energia elétrica suficiente para movimentar todos os acionamentos elétricos e a iluminação. Depois de tratado, o caldo da cana-de-açúcar, agora chamado de “mosto”, livre de impurezas e esterilizado é encaminhado às dornas para a fermentação alcoólica. O vocábulo fermentação deriva do latim fermentare. Todavia, algumas fontes colocam, poeticamente, a sua origem no vocábulo fervere – ferver – devido ao aspecto característico do mosto quando fermenta A fermentação alcoólica, produzida por leveduras (unicelulares), é o processo em que ocorre a conversão dos açúcares (sacarose) em álcool (etanol), gás carbônico e energia. O processo pode ser dividido em duas partes, segundo Gay Lussac: Sacarificação: desdobramento de substâncias que não são diretamente fermentescíveis em outras diretamente fermentescíveis. C12H22O11 + H2O (sacarose) C6H12O6 + C6H12O6 (glicose + frutose) Fermentação Alcoólica: C6H12O6 2CH3CH2OH + 2CO2 + ENERGIA (monossacarídeo) (etanol) O processo de fermentação é realizado em dornas abertas ou fechadas conforme cada destilaria. Durante a fermentação é necessário manter a temperatura das dornas abaixo de 32 ºC, pois a reação de produção de álcool é exotérmica e temperaturas elevadas prejudicam o rendimento das leveduras e podem até matá-las. Para isso usa-se dentro das dornas um sistema de resfriamento composto por serpentinas por onde passa água, mantendo-se assim o mosto em fermentação na temperatura ideal. Durante a reação, ocorre intensa liberação de gás carbônico, a solução aquece-se, e além do álcool, alguns subprodutos são formados (glicerol, álcoois homólogos superiores, furfural, aldeído acético, ácidos succínico e acético, ésteres, aminas, etc.), além de espumas e também a floculação da levedura. Tais ocorrências provocam perdas no processo, por isso elas devem ser combatidas. Nas dornas, são adicionados alguns adjuntos para auxiliar a fermentação, como antibióticos, anti-espumante, dispersante, nutrientes e uréia. Devido a problemas com a cana deteriorada, ocorre a floculação, fenômeno não desejado durante a fermentação. Esse fenômeno é uma resposta da levedura às mudanças do meio, podendo ser provocado por bactérias, e representa, também, um mecanismo de defesa da levedura em condições desfavoráveis a sua sobrevivência, como, por exemplo, temperaturas acima de 32ºC que provocam a desnaturação celular. Em combate a floculação deve-se controlar o pH e a temperatura do meio. Os antibióticos têm a função de fazer o controle microbiológico, combater a contaminação da fermentação, protegendo-a de seres indesejáveis (bactérias e leveduras selvagens). O anti-espumante e o dispersante agem em conjunto, pois para um bom efeito de ambos, eles devem ter boa procedência, pois combatem a formação de bolhas e espumas durante a fermentação. O nutriente fermentativo e a uréia são utilizados como nutrientes auxiliares com a finalidade de suprir as deficiências nutricionais do mosto. O tempo de fermentação varia de 4 a 12 horas. Ao final deste período diz-se que a dorna “morreu”, ou seja, praticamente todo o açúcar contido no mosto foi consumido e transformado em álcool, com a conseqüente redução da liberação de gases. Ao terminar a fermentação, o teor médio de álcool nestas dornas é em torno de 7%, e a mistura recebe o nome de vinho fermentado. O vinho é bombeado às centrífugas para a recuperação e concentração do fermento. A centrifugação também visa a eliminação das bactérias, que por possuírem baixa densidade são arrastadas com vinho. A filtragem do vinho fermentado torna-se necessária para evitar que impurezas causem entupimento das centrífugas de vinho e também para evitar desgastes excessivos do equipamento, que comprometeria sua eficiência e rendimento. Agora, o vinho chamado de vinho “deslevedurado”, é enviado para as dornas volantes. O vinho deslevedurado possui, em sua composição, aproximadamente, 7ºGL (% em volume) de álcool, além de outros componentes de natureza líquida, sólida e gasosa. Dentro dos líquidos, além do álcool, encontra-se a água, glicerina, álcoois homólogos superiores, furfural, aldeído acético, ácidos succínico e acético etc., em quantidades bem menores. Já os sólidos são representados por bagacilhos, leveduras, bactérias, açúcares não-fermentescíveis, sais minerais, matérias albuminóides e outros, e os gasosos principalmente pelo CO2 e SO2. Através de uma destilação fracionada, o álcool é separado dessas outras substâncias químicas. A destilação é um processo de separação de misturas líquido-líquido homogêneas, que utiliza a diferença do ponto de ebulição dos elementos que a compõem para promover a separação. No caso, o álcool, tem ponto de ebulição inferior ao da mistura aquosa, evapora com mais facilidade apesar de desprender uma parcela considerável de água. Assim a destilação total utiliza uma seqüência de destilações parciais que aumentam a porcentagem de álcool nos vapores, até atingir um ponto técnicoeconômico viável de concentração definido para o álcool hidratado em torno de 96,4% em volume. Para se conseguir o álcool anidro concentrado a 99,5% em volume, utiliza-se um processo denominado de desidratação, que consiste em colocar o álcool hidratado com uma concentração de 96,4%. Dessa forma, utiliza-se um elemento higroscópico denominado de ciclohexano, que tem a capacidade de absorver grande parte de água presente na mistura. A produção industrial do álcool gera de 12 a 15 litros de vinhoto ou vinhaça por litro de álcool destilado. O vinhoto é uma substância pastosa e mal cheirosa. O que fazer com este líquido que se lançado em um rio consome o oxigênio dissolvido na água, matando desde plânctons até os peixes maiores? A destinação do vinhoto para fabricação de fertilizantes orgânicos líquidos e como fertilizante adicionado em água de irrigação (fertirrigação) para o solo é a solução. Todavia, o consumo depende das condições de campo e não da produção da destilaria, o que obriga a que se faça um estoque, uma lagoa, aguardando a oportunidade da aplicação no campo. Porém, se estas lagoas fugiram ao controle, e não são poucos os exemplos em que extravasou vinhoto, o líquido segue em rumo a um curso d água e causa um desastre ambiental. Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil é hoje o maior produtor de álcool do mundo. Muitos países estão buscando fontes energéticas menos poluentes, porém, somente a partir de 2003 o mercado de álcool combustível começou a se desenvolver. Antes disso, as exportações do produto se destinavam principalmente para a indústria de perfumes e bebidas. Em todo o mundo, também a indústria de bebidas alcoólicas está crescendo cada vez mais em conseqüência ao aumento do consumo em muitos paises em desenvolvimento por causa do crescimento econômico, das mudanças dos estilos de vida, e do desgaste de costumes tradicionais. REFLETINDO Ao fazer pão caseiro deixa-se a massa “descansar” a fim de que o fermento atue. Alguns cozinheiros (as) costumam colocar uma pequena bola dessa massa dentro de um copo com água. Após algum tempo a bolinha, que inicialmente está no fundo do copo, sobe e passa a flutuar na água. Isso indica que a massa está pronta para ir ao forno. A- Que se pode afirmar sobre a densidade inicial da bolinha se comparada à da água? B- Por que a atuação do fermento faz a bolinha flutuar? EXPERIMENTANDO O álcool vem do açúcar? Objetivo: Estudar a reação utilizada industrialmente na obtenção do álcool. Materiais: - açúcar (100 g) caneta para transparência ou etiquetas autocolantes 2 colheres de chá 2 colheres de sopa 6 copos de vidro farinha de trigo (100 g) fermento biológico (30 g) geladeira Duração prevista: 60 minutos Procedimento: Observação: 1 colher de chá= 2,5 ml ; 1colher de sopa = 10 ml A – Colocar 30 g de fermento biológico e 120 ml de água em um copo. Misturar até homogeneizar. Esta é a solução de fermento. - O que tem no fermento para a produção de álcool? B – Numerar 5 copos de vidro, dispostos em fila. Colocar 20 ml da solução de fermento em cada copo. C – No copo número 1, adicionar 2 colheres de chá (rasas) de farinha de trigo. Misturar bem com a solução de fermento, até homogeneizar. Após 15, 30 e 40 minutos, agitar suavemente a solução e observar cuidadosamente, atentando para a liberação de bolhas de gás. - Explique: Que gás é esse? De onde provém? Anotar as informações. D – No copo número 2, adicionar 2 colheres de chá (rasas) de açúcar. Misturar bem com a solução de fermento, até homogeneizar. Após 15, 30 e 40 minutos, agitar suavemente a solução e observar cuidadosamente, atentando para a liberação de bolhas de gás. - Compare a formação de bolhas desta etapa com a etapa anterior. Anotar as observações. E – Nos copos números 3 e 4 adicionar, em cada um, 2 colheres de chá (rasas) de açúcar e 2 colheres de chá (rasas) de farinha de trigo. Misturar bem com a solução de fermento, até homogeneizar. Imediatamente a seguir, colocar o copo número 4 no congelador. Após 15, 30 e 40 minutos, agitar suavemente as soluções nos copos 3 e 4 e observar cuidadosamente, atentando para a liberação de bolhas de gás. - Há diferença na liberação de gases entre os copos 3 e 4? Anotar as observações. F – O copo número 5 deverá conter apenas a solução de fermento. Após 15, 30 e 40 minutos, agitar suavemente a solução e observar cuidadosamente. O que ocorre neste copo em relação à liberação de bolhas de gás? Anotar as observações. Sugestão: Repita a experiência utilizando caldo de cana de açúcar e fermento biológico, ao invés de farinha e açúcar. O que você observa em relação ao odor? Faça um relatório sobre a experiência realizada. Lembre-se que esse relatório deve conter as seguintes etapas: introdução, metodologia e materiais, análise e considerações finais. APLICANDO NO COTIDIANO Em dias frios a massa para fazer pão leva mais tempo para crescer. Por quê? O que se faz, geralmente, para acelerar o crescimento? SUGESTÃO DE PESQUISA Para produzir o rum, a vodka, o uísque, e a nossa pinga é utilizado um processo muito semelhante a da produção do álcool, porém com diferentes matérias primas e alguns detalhes de processamento. E a cerveja? Como ela é produzida? Site sugerido: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerveja> . Acesso em: 31/10/2008 TEMA: O álcool na história da civilização http://www.cumbuca.com.br/img_gostosa/bacana/baco.jpg - Acesso 03/11/2008 CONTEXTUALIZANDO Você conhece a história de vida de pessoas em situação de abuso e ou dependência de álcool? Qual é o lugar do álcool em nossa cultura? As bebidas alcoólicas representam as drogas mais antigas das quais se tem conhecimento. Obtidas pela fermentação de diversos vegetais, segundo procedimentos, primitivos no início e depois cada vez mais sofisticados, elas estavam já presentes nas grandes culturas do Oriente médio. Os mais antigos documentos da civilização egípcia descrevem o uso do vinho e da cerveja. A medicina, reputada em toda região mediterrânea, usava essências alcoólicas para uma série de moléstias, enquanto meio embriagador contra dores e como abortivo. O consumo de cerveja pelos jovens era comum, como pode ser observado em muitos contos, lendas e canções de amor, que relatam os seus poderes afrodisíacos. O uso social e festivo das bebidas alcoólicas era bem tolerado, embora já no Egito se levantassem questões morais contra o seu abuso, principalmente por desviar os jovens dos estudos. A embriaguez, no entanto, era tolerada apenas quando decorrente de celebrações religiosas, onde considerada normal ou mesmo estimulada. Nas culturas da Mesopotâmia, as bebidas alcoólicas surgiram no final do 2º milênio a.C. Nessa civilização a cerveja a base de cereais, foi substituída por fermentados à base de tâmaras. A fermentação da uva terá utilizada para a produção de vinhos. O consumo de álcool nas civilizações gregas e romanas é também conhecido. Esse composto químico era utilizado, tanto pelo seu valor alimentício, como social, no caso de cerimônias, comemorações e festividades. A figura popular de Baco (deus grego do vinho) representou na Grécia antiga a associação entre o uso do vinho e certas práticas e concepções religiosas. Ressaltamos que o vinho ainda hoje é parte integrante de cerimônias religiosas. No Brasil, quando os portugueses aqui chegaram, no início da colonização, descobriram que os índios tinham o costume de produzir uma bebida forte, obtida através da fermentação da mandioca. Esta bebida era denominada “cauim”. Por sua vez, os portugueses conheciam o vinho e a cerveja e, logo mais, aprenderam a fazer a cachaça. Eles descobriram um melaço que os escravos colocavam no cocho dos animais, que era denominado de “Cagaça”, que mais tarde veio a ser cachaça, destilada em alambique de barro e, muito mais tarde, de cobre. Para os brasileiros, a cachaça é a bebida mais comum e de baixo custo, por isso é a mais consumida. Como podemos constatar, ao investigar a história da civilização, encontramos a presença das drogas desde os primórdios da humanidade, fazendo parte de diversos contextos: social, econômico, medicinal, religioso, ritual, cultural e psicológico. Não há sociedade que não tenha as suas drogas e, assim, o seu consumo, pode ser considerado um fenômeno humano, cultural. REFLETINDO A ingestão de drogas, segundo a organização e as crenças de uma determinada sociedade, pode ter três funções distintas: ser usada para “esquecer” a nossa temporariamente; a transitoriedade pretensão de e mortalidade, entrar, em pelo menos contato com forças sobrenaturais e a busca do prazer. Leia o poema abaixo, reflita e responda as questões sugeridas. Bemdito Sejas Então, Febríl, quase louco, Corro a ti, vinho louvado! - E a minha dôr adormece, E o leão é socegado. Quando a sombra, quando a noite Dos altos céus vem descendo, (... ) A minha dôr, Estremecendo, acórda... - Ter o vinho por amante E a morte por companheira! (... ) António Botto, in 'Canções Bemdito sejas, Meu verdadeiro conforto E meu verdadeiro amigo! Poesia disponível na íntegra em: <http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200809010204>. A cesso: 08/12/2008 1− No texto acima, as palavras do eu lírico, ou seja, o “eu” que fala no poema, revelam seus sentimentos. O que se pode perceber a partir dessas palavras? 2− A que ele mostra recorrer para minimizar o que sente? 3− Que efeitos essa ação exerce sobre ele? 4− A quem ele chama de “verdadeiro amigo”? Você concorda com ele? Por quê? 5− Haveria outras soluções para amenizar os seus sentimentos? O que você sugeriria? 6− Você acha que situações como essa acontecem na vida real? Por quê? O que poderia ser feito para evitá-las? 7− Reflita sobres as conseqüências do abuso do álcool para a pessoa, família e sociedade. 8− Qual a influência, direta e indireta, dos meios de comunicação para o consumo de bebidas alcoólicas? Poderiam atuar de forma diferente? Como? APLICANDO NO COTIDIANO Sugestão da Dinâmica: Quando estou triste... Quando me sinto feliz... Objetivo: Possibilitar a reflexão sobre sentimentos e como lidar com eles. Tempo: 50 min. Material: Fichas de trabalho, lápis ou canetas para todos. Processo: 1- Distribuir as fichas de trabalho e solicitar que, individualmente, os participantes completem as frases; 2- Em seguida, solicitar aos participantes que, se quiserem, compartilhem as respostas com os colegas; 3- Promover um debate, orientando as questões com base nas seguintes reflexões: 4- Existem semelhanças entre as suas respostas e as dos colegas? 5 - Existem diferenças entre as suas respostas e as dos colegas? 6- Que importância tem pensar sobre estas coisas (coisas que gosto de fazer quando estou triste ou feliz; pessoas que posso procurar quando estou triste ou feliz; como a pessoa mais feliz que conheço age quando ela está triste?)? 7- Como eu gosto que meus amigos ajam quando estou triste ou feliz? 8- Como eu ajo quando meus amigos estão tristes ou felizes? 9- Concluir a dinâmica explorando os diferentes sentimentos que surgiram no grupo, tanto nas situações de alegria como nas de tristeza. Discutir também formas de lidar com as sensações de tristeza. Ficha de trabalho Quando eu me sinto triste. . . . . . uma coisa que posso fazer ao ar livre é__________________________________________________________________ . . . em dias de chuva, gosto de ___________________________________________________________________ . . . algumas coisas que posso fazer para ajudar outras pessoas são_________________________________________________________________ . . . uma coisa que eu posso fazer é__________________________________________________________________ . . . algumas das pessoas com quem posso falar são________________________________________________________________ . . . uma coisa que eu posso fazer na escola . . . a pessoa mais feliz que conheço faz_________________________________________________________________ quando se sente triste, mal ou infeliz. Quanto eu me sinto feliz. . . . . . atividade da qual eu mais gosto ao ar livre é__________________________________________________________________ . . . em dias de chuva, gosto de_________________________________________________________________ . . . se eu estivesse fazendo um show,_________________________eu faria ou seria_______________________________________________________________ . . . algumas das pessoas engraçadas que eu conheço são________________________________________________________________ . . . uma coisa divertida de se fazer é__________________________________________________________________ . . . uma coisa que gosto muito de fazer na escola é . . . a pessoa mais feliz que conheço é_______________porque______________________________________________ Extraído do “Manual de Prevenção às Drogas na Escola” – Programa do Center For Drug – Free living. Publicado pelo Coren-DF. SUGESTÃO DE PESQUISA -Lenda persa sobre o início da produção do vinho. Site sugerido: <http://www.amf.org.br/revista/ed_28/pag%2026%20%20Hist%F3ria%20do%20vinho%20e%20seu%20uso%20na%2 0arte%20de%20curar%20-%20enofilia.pdf > . Acesso em: 21/11/2008 TEMA: Efeitos agudos e crônicos do álcool no SNC e em outros sistemas Olimpíadas da manguaça – Fonte: <htpp:// www.bacaninha.com. br> . Acesso em: 10/09/2008. CONTEXTUALIZANDO Observando as figuras acima, reflita sobre os problemas de saúde, psicológicos e sociais que o uso abusivo do álcool causa? Qual é o significado da palavra “droga” na linguagem comum? E a medicina, como a define? E então, você considera o álcool uma “droga”? Justifique. Como já vimos, o etanol é o álcool que está presente nas bebidas obtidas tanto pela fermentação como pela destilação de vegetais. Em nosso país existe uma enorme variedade de bebidas alcoólicas, sendo que cada tipo possui em sua composição uma quantidade específica de álcool. Veja alguns exemplos: cerveja “light” (3,5%), cerveja ou cooler (4,5 a 6,5%), vinho (12%), vinhos fortificados (20%), uísque, vodca, pinga (40%). Mas, quais são os efeitos que essas quantidades de álcool vão ocasionar no organismo humano? Vai depender de alguns fatores como: a freqüência de ingestão, a quantidade de álcool ingerida, a quantidade de álcool absorvida, sua distribuição pelos tecidos do organismo, a sensibilidade individual dos diferentes órgãos e tecidos e a velocidade de metabolização. Existe já calculada a relação entre as doses de bebidas ingeridas e a concentração de álcool no organismo. Como por exemplo, um homem com 60 kg, retém 0,27 g de álcool quando ingere uma dose dessas bebidas: cerveja ( 1 lata=330 ml ), pinga, vodka ou uísque ( 40 ml ), vinho ( 140 ml ). A partir de 0,60g a pessoa é considerada legalmente embriagada, e isso ela consegue quando ingere 3 doses dessas bebidas. As mulheres atingem níveis mais altos com quantidades menores, pois, elas são mais sensíveis aos efeitos do álcool. Cada droga tem o seu mecanismo de ação particular, mas todas as drogas de abuso agem, direta ou indiretamente, em um mesmo local do cérebro: as áreas corticais e as vias mesolímbicas que incluem, principalmente área tegumentar ventral que se comunicam por neurônios dopaminérgicos ao núcleo accumbens e costumam intermediar as emoções reconhecidas como gratificantes ou prazerosas, como por exemplo: comer, olhar uma paisagem bonita , escutar uma música da qual gostamos). O sistema que envolve esses circuitos cerebrais é chamado de sistema de recompensa cerebral. Na via mesolímbica, a droga de abuso aumenta a liberação do neurotransmissor dopamina, gerando a sensação de prazer. Após a ingestão da bebida alcoólica, parte do álcool presente na bebida é absorvida pelas paredes do estômago e do intestino delgado. Se o estômago estiver cheio, a comida reduz o contato do álcool em suas paredes e a absorção pode chegar a ser até seis vezes mais lenta do que se o estômago estiver vazio. Cinco a dez minutos após a sua ingestão, o álcool já é detectado no sangue. O álcool absorvido é metabolizado no fígado (cerca de 90%) e é transformado mediante oxidação a aldeído acético, e subseqüentemente, até a dióxido de carbono (CO2) e água com liberação de energia (7,1 kcal/g). A “energia alcoólica”, ao contrário de outras fontes energéticas (por exemplo, os lipídios e glicídios), não é armazenada deforma eficiente, dissipando-se como calor. O álcool é por isso chamado de fonte de "caloria vazia" ou não-aproveitável bioquimicamente. O álcool não metabolizado pelo fígado é eliminado na urina, pelo ar expirado, hálito. Nisso se baseia o bafômetro, aparelho que mede o teor de álcool no ar expirado pela pessoa e, em função do resultado da medida, infere seu nível de embriaguez. Os efeitos do álcool no Sistema Nervoso Central (SNC), pode ser dividido em dois momentos. No primeiro momento, ele age como estimulante, e a pessoa fica eufórica, desinibida, sociável, falante, alegre e com a sensação de prazer. No segundo momento, agindo como um “depressor” da atividade cerebral, reduz a ansiedade prejudicando a coordenação motora e à medida que a concentração de álcool aumenta no sangue, a autocrítica diminui e por afetar a capacidade de avaliar perigos, o indivíduo pode ter comportamentos de risco como beber e dirigir ou operar máquinas, podendo levar à acidentes. Também, a fala fica “arrastada”, os reflexos ficam lentos, o raciocínio e a concentração ficam prejudicados, a sonolência ocorre. Quando as doses ingeridas são altas, a visão fica “dupla” ou borrada, a memória e a concentração ficam prejudicadas, a resposta aos estímulos diminuem, sonolência, vômitos, insuficiência respiratóiria, podendo chegar à anestesia, coma e morte. Há várias maneiras populares de lidar com a intoxicação alcoólica. Você conhece alguma? Relate. Nada mais eficaz quanto o tempo. Deixar a pessoa em local tranqüilo e isolado e esperar o organismo eliminar o álcool, é o mais adequado. Efeitos Nocivos Associados ao Consumo Crônico de Álcool A molécula de etanol, por ser uma molécula muito pequena, atinge facilmente todos os órgãos e tecidos, podendo causar inúmeras doenças. Eis alguns exemplos: Sistema Nervoso (distúrbios neurológicos graves, alterações da memória, lesãoes no sistema nervoso central); Sistema Cardiovascular (arritmias cardíacas agudas, aumento da pressão arterial, hipertensão com risco conseqüente de infarto); Sistema Gastrointestinal (gastrite, úlceras, cânceres de boca, de esôfago, de laringe e de faringe, esteatose hepática, hepatite, cirrose hepática, pancreatite aguda). É interessante saber que, atualmente o uso abusivo de álcool mata mais que todas as drogas ilegais juntas. Gravidez e Álcool Mulheres grávidas que consomem 2 a 3 doses diárias de bebidas alcoólicas têm 11% de chance de ter um filho com a Síndrome Fetal pelo Álcool ( deformidades faciais e da cabeça, anormalidades labiais, deficiência de crescimento, problemas cardíacos, retardo ou deficiência mental, com problemas de aprendizado no futuro). Essa síndrome é diagnosticada em aproximadamente um terço dos bebês de mães que fizeram uso excessivo de álcool durante a gestação. Alcoolismo (Dependência do álcool) A freqüência do uso repetido de drogas produz alterações no sistema nervoso, que contribuem para aumentar o desejo de consumir drogas e se estabelecer a dependência, que ocorre quando a pessoa tornasse adaptada á presença do álcool no organismo. Estudiosos indicam alguns fatores que contribuem para o estabelecimento da dependência: 1-O papel do ambiente: a visão do local no qual o usuário costumava usar a droga pode estimular a vontade de usá-la, porque ocorreu uma associação entre o ambiente e o efeito da droga; 2-Ambiente familiar e genética: o hábito de consumo de álcool, de determinadas famílias é um fator de risco e ainda mais, resultados de pesquisas genéticas relacionaram a dependência do álcool com níveis baixos de dopamina. Porém, não é o fato de existir uma influência genética que a dependência do álcool é completamente herdada; 3-Fissura (“Craving”): “desejo urgente e quase incontrolável, que invade os pensamentos do usuário de drogas, alterando o seu humor e provocando sensações físicas e modificação do seu comportamento” (FORMIGONI et al.,p.9, 2000). Estudos neurobiológicos das dependências associam o fenômeno da “fissura” como resultado da desregulação dos mecanismos moleculares, ligados à memória de longo prazo.( memória com duração de meses a anos). Beber de maneira moderada, com baixo risco é o ideal. Aconselha-se não beber em várias situações, tais como: 1-Quando houver algum compromisso ou tarefa em que o uso de álcool possa atrapalhar ou ser inconveniente, exemplo, dirigir, trabalhar, operar uma máquina; 2-Para enfrentar situações desagradáveis, por exemplo, quando se está deprimido, chateado, ansioso, triste ou sozinho; 3-Para fazer coisas que se consideras difícil, isto é, depende muito de cada pessoa, por exemplo, falar com pessoas estranhas ou em público, abordar sexo oposto, etc.; 4-Para se embriagar, ou seja, procurar conscientemente “ficar de fogo”. Quais outras situações você acrescentaria? Qual o termo mais adequado para designar o dependente de álcool? Alcoólatra, alcoólico ou alcoolista? “Alcoólatra”, ou seja, quem “idolatra”, “adora” o álcool, é um termo que confere um estigma e anula outras identidades do indivíduo; “Alcoólico” na língua portuguesa significa “o que contém álcool”; “Alcoolista” é um termo menos carregado de valoração, isto é, de estigma, ou seja, ser alcoolista é uma das muitas característica da pessoa, inclusive alguém que pode deixar de ser dependente do álcool. Qual o termo que você escolhe e usará de agora em diante quando se referir a uma pessoa dependente de álcool? No Brasil, existem muitas entidades que auxiliam os dependentes do álcool e seus familiares, como por exemplo, podemos citar o Alcoólicos Anônimos ( AA ). Em sua cidade existe essa entidade benemérita? Onde ela está sediada? Problemas sociais Estudos revelam que nas últimas décadas houve um crescimento global do consumo do álcool, bem como da criminalidade e da violência. A par dessa situação, o desemprego , condições precárias de saúde e educação, poucas opções de lazer, dificuldades de relacionamento familiar, a convivência com atividades criminosas e a falta de políticas públicas de assistência, contribuem para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas. Forma-se então, um círculo vicioso de influências para os dois lados. Em famílias com melhores condições de vida, as dificuldades de relacionamento entre seus membros está relacionado ao aumento do consumo de álcool e de outras drogas. Violência A violência é um dano social relacionado ao consumo do álcool e de acordo com Duarte e Carlini-Cotrim (2000), em Curitiba dos processos de homicídio ocorridos entre 1995 e 1998, 53,6% das vítimas e 58,9% dos autores dos crimes, momento do ato criminal, estavam sob efeito do álcool. Além da violência, podemos também relacionar outros danos sociais, tais como: acidentes, vandalismo, desordem pública, custos sociais, problemas familiares, problemas no trabalho, dificuldades interpessoais, dificuldades educacionais e outros danos interpessoais. Álcool e o trânsito O consumo de álcool, mesmo em quantidades pequenas diminui a coordenação motora e os reflexos. Mesmo que a pessoa preste muita atenção e tome todo o cuidado, seu organismo estará funcionando com os reflexos retardados, quer dizer, sua reação para brecar ou desviar o carro vai ser mais lenta. De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito, em vigor desde 1998, será penalizado todo o motorista que apresentar mais de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue. A quantidade de álcool no sangue pode variar de pessoas para pessoa, mas em geral este nível é atingido meia hora após consumir de 2 a 3 doses padrão. A infração, neste caso é considerada gravíssima: com uma multa a pessoa pontua 7 pontos e, dependendo da situação, pode sofrer apreensão do veículo e suspensão do direito de dirigir. A checagem da infração é feita por meio do uso de um aparelho chamado etilômetro, popularmente conhecido como “bafômetro”. REFLETINDO LEITURA COMPLEMENTAR 25/06/2008 - 02h30 Lei seca é uma das mais rígidas do mundo VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO da Folha de S.Paulo Numa lista de 82 países pesquisados pela International Center For Alcohol Policies, instituição com sede em Washington (EUA), a nova lei seca brasileira com limite de 2 decigramas de álcool por litro de sangue é mais rígida que 63 nações, iguala-se em rigidez a cinco e é mais tolerante que outras 13, onde o limite legal varia de zero a 1 decigrama. Veja a lista de países pesquisados. Com a nova lei, em vigor desde sexta passada, o limite legal agora é equivalente a um chope. Além de multa de R$ 955, a lei prevê a perda do direito de dirigir e a retenção do veículo. A partir de 6 decigramas por litro (dois chopes), a punição será acrescida de prisão. A pena de seis meses a três anos e é afiançável (de R$ 300 a R$ 1.200, em média, mas depende do entendimento do delegado). Em países vizinhos ao Brasil, como Argentina, Venezuela e Uruguai, o limite legal de concentração de álcool no sangue varia de 5 decigramas por litro a 8 dg/l. Na Europa, países como Alemanha, França, Espanha e Itália têm limites de 5 dg por litro, acima do brasileiro. Nos EUA, onde a lei varia a cada Estado, o limite fica entre 1 a 8 dg/l. Igualamse ao Brasil ao fixar 2 dg/l os países nórdicos, como Suécia e Noruega. Menos tolerantes que o Brasil estão algumas nações do leste europeu, como Romênia e Hungria, onde o limite é zero. Em alguns lugares, a lei é mais abrangente e proíbe a condução de barcos, como no Canadá, ou de bicicletas, como a Califórnia (EUA). A Suíça avalia se o carona poderia ou não beber para não prejudicar a habilidade do condutor. "Foi um avanço, mas o melhor é o limite zero. O problema é implementar a fiscalização. São Paulo tem um número irrelevante de bafômetros", diz Sérgio Duailibi, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. "A legislação no mundo inteiro está mudando. É preciso fazer uma fiscalização rigorosa com bafômetro. No Brasil, o mais grave é que nunca houve um apoio popular mais forte a medidas assim", completa. Pesquisa conduzida por ele e pelo também médico Ronaldo Laranjeira, com cerca de 5.600 motoristas em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Santos e Diadema revela que, às sextas e sábados, 30,3% deles tinham algum nível de álcool no sangue constatado no teste do bafômetro, sendo que 19,3% tinham níveis iguais ou superiores a 6 decigramas de álcool por litro de sangue, o limite atual para prisão. Advogados O advogado Ives Gandra Martins diz que a lei é exagerada. "Prisão provisória é uma violência grande. Sou favorável ao enrijecimento da legislação, mas do ponto de vista pecuniário: multas elevadas." O advogado Roberto Delmanto afirma que ninguém, pela Constituição, é obrigado a produzir prova contra si, referindo-se ao fato de a lei prever multa de R$ 955 para o motorista que se recusar a fazer o teste do bafômetro. A orientação dele é não fazer o exame e questionar a multa na Justiça. Extraído de: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u415818.shtml>. Acesso em: 08/12/2008 Você concorda com o advogado Ives Gandra Martins quando ele diz que a “lei é exagerada”? Em sua opinião um dependente de álcool obedece a Lei Seca? Tendo como base o que você já estudou e discutiu com o professor e colegas, qual sua atitude quando ao voltar de uma festa, o motorista do carro em que você está de carona tiver tomado bebida alcoólica a mais do permitido? Quais são seus argumentos que justificariam sua atitude? EXPERIMENTANDO Bafômetro – um modelo demonstrativo Objetivo: demonstrar a utilidade do aparelho, bem como os princípios químicos de seu funcionamento. Materiais e reagentes: - 4 balões de aniversários de cores diferentes; - 4 pedaços de tubo de plástico transparente (diâmetro externo de aproximadamente 1 cm ou 3/8 de polegada) de 10 cm de comprimento; - 2 tabletes de giz escolar; - 4 rolhas para tampar os tubos; - algodão; - solução ácida de dicromato de potássio preaparada da seguinte maneira: Coloque 40 ml de águaem um recipiente, adicione lentamente 10 ml de ácido sulfúrico comercial concentrado e 1 g de dicromato de potássio. Agite o sistema até que a solução fique homogênea. *ATENÇÃO: Como o ácido sulfúrico concentrado é ao mesmo tempo um ácido forte e um poderoso agente desidratante, ele deve ser manuseado com muito cuidado. A diluição do ácido sulfúrico concentrado é um processo altamente exotérmico e libera calor suficiente para causar queimaduras. Ao preparar soluções diluídas a partir do ácido concentrado, sempre adicione o ácido à água lentamente e agitando continuamente a solução. Procedimento: Quebre o giz em pedaços pequenos (evite que o pó de giz se misture aos fragmentos). Coloque os fragmentos de giz em um recipiente e a seguir molhe-os com a solução de dicromato de potássio, de maneira que eles fiquem úmidos, mas não encharcados. Com o auxílio de um palito, misture os fragmentos de giz colorido pela solução de forma que o material fique com uma cor homogênea. Esse material (giz + solução de dicromato) não pode ser armazenado; deve ser usado imediatamente após preparado. Coloque um chumaço pequeno de algodão em cada um dos quatro tubos e depois coloque as rolhas do lado em que se coloca o chumaço de algodão. A seguir, coloque mais ou menos a mesma quantidade de fragmentos de giz nos quatro tubos. Então, coloque 0,5 ml (cerca de 10 gotas) de aguardente no balão nº 2. 0,5 ml de vinho no balão nº 3, 0,5 ml de cerveja no balão nº 4; no balão nº 1 não coloque nada, pois ele é o controle do experimento. Encha os quatro balões com mais ou menos as mesmas quantidades de ar (quem encher os balões não deve ter consumido bebidas alcoólicas recentemente) e, depôs, coloque os balões nos tubos previamente preparados. Começando pelo balão nº 1, solte o ar vagarosamente, desapertando a rolha. Proceda da mesma forma com os balões restantes. Espere o ar escoar dos balões e compare a alteração da cor nos quatro tubos. A seguir, ordene os tubos 2 a 4 em função da intensidade de mudança de cor (alaranjado para azulado). Questões para discussão: 1- Qual a função do balão nº 1, contendo somente ar? 2- O giz participa da reação? 3- Em vez de giz, que outro material poderia ser usado? 4- O algodão se prestaria à função de giz? Faça um teste colocando uma gota da solução de dicromato em um pequeno pedaço de algodão e discuta com o (a) professor (a) uma possível explicação para o observado. 5- Com base nos resultados obtidos, classifique a cerveja, a aguardente e o vinho por ordem decrescente de teor alcoólico. 6- Porque os cacos de giz, depois de preparados, não devem ser guardados para uso posterior? SUGESTÃO DE PESQUISA - A origem do termo “droga”. Site sugerido: <http://www.obid.senad.gov.br/portais/mundojovem/conteudo/index.php?id_ conteudo=11221&rastro=O+que+%C3%A9+a+Droga> . 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