SETEMBRO 2015
CHRISTOPHER LEE – O PRÍNCIPE DAS TREVAS | CINEMA CHINÊS: PANORAMA HISTÓRICO E
RETROSPETIVA XIE JIN | IN MEMORIAM ALBERTO VAZ DA SILVA, NUNO MELO, MARIA BARROSO
(RE)VISITAR F.J. OSSANG | UM DIA TRUFFAUT | DOUBLE BILL | ANTE-ESTREIAS | PLANO
NACIONAL DE CINEMA | DOCNOMADS | FILMES PORTUGUESES LEGENDADOS | KNUT ERIK
JENSEN | HISTÓRIAS DO CINEMA: CYRIL NEYRAT / JEAN-LUC GODARD | FOCO NO ARQUIVO
COM A CASA DA AMÉRICA LATINA | CINEMA NA ESPLANADA: MARLENE | CINEMATECA JÚNIOR
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SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
CINEMATECA JÚNIOR
 ÍNDICE
SALA M. FÉLIX RIBEIRO
Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
Cinema Chinês:
Panorama Histórico e Retrospetiva Xie Jin
In Memoriam
Alberto Vaz da Silva | Nuno Melo | Maria Barroso
(Re)Visitar F.J. Ossang
Um Dia Truffaut
Double Bill
Ante-estreias
Plano Nacional de Cinema
DocNomads
3
5
7
8
8
9
10
10
10
SALA LUÍS DE PINA
Filmes Portugueses Legendados
Knut Erik Jensen
Histórias do Cinema:
Cyril Neyrat / Jean-Luc Godard
Foco no Arquivo
Com a Casa da América Latina
13
14
14
ESPLANADA
Cinema na Esplanada | Marlene
14
SALÃO FOZ
Cinemateca Júnior
CALENDÁRIO
11
11
2
15
 AGRADECIMENTOS
François-Jacques Ossang; Knut Erik Jensen; António da Cunha Telles;
Francisco Valente; Joana Sousa; João Rosas; Manthia Diawara;
Miguel López Beraza; Olga Ramos; Pedro Costa; Sohel Rahman;
Solveig Nordlund; Hangfu Yochuan; Cyril Neyrat; Pedro Mexia; Luís
Rocha Antunes, Carlos Nogueira; Francisco Vaz da Silva, Tomás Vaz
da Silva, Helena Vaz da Silva; Carla Oliveira, Patrícia Guerreiro Nunes
(Orfeu Negro); João Coimbra Oliveira (Linha de Sombra); Margarida
Cardoso (DocNomads); Catarina Simão; Luísa Veloso, Frédéric Vidal,
Nuno Domingos (Projeto Works); Elsa Mendes (PNC-Plano Nacional
de Cinema); João Monteiro (MotelX); Maria Xavier (Casa da América
Latina); João Matos (Terratreme); Pedro Canavilhas (B’lizzard);
Jon Wegström, Johan Ericsson (Swedish Film Institut); Catherine
Gauthier (Filmoteca Española); Mark Scheffen (Cinémathèque du
Luxembourg); Bryony Dixon, Fleur Buckley (British Film Institut);
Matthieu Laucoin (Cinémathèque de Toulouse); Liu Yan; Jean-Chretien Blanc; Filomena Serras Pereira, Ana Costa Dias (ICA);
Pedro Borges, Marta Fernandes, Vanessa Alvarez (Cinema Ideal);
Teresa Albuquerque; Maria Mineiro; Sun Xianghui (Cinemateca
Chinesa); Jan Langlo (Norwegian Film Institute), Håvard Oppøyen
(National Library of Norway).
 Capa
SHEN NÜ, “A Divina” de Wu Yonggang
Programa sujeito a alterações
Preço dos bilhetes: 3,20 Euros
Estudantes/Cartão jovem,
Reformados e Pensionistas - > 65 anos - 2,15 euros
Amigos da Cinemateca/Estudantes de Cinema - 1,35 euros
Amigos da Cinemateca / marcação de bilhetes:
tel. 213 596 262
Horário da bilheteira: Segunda-feira/Sábado, 14:30 - 15:30 e
18:00 - 22:00
Não há lugares marcados | Bilhetes à venda no próprio dia
Informação diária sobre a programação: tel. 213 596 266
Classificação Geral dos Espetáculos: IGAC
Bronzeados e revigorados das férias, é com Terror e com Monstros que regressamos às atividades da Júnior. Este
mês, temos a nossa habitual parceria com o MOTELx, na secção do festival destinada ao público mais novinho,
“Lobo Mau”, sob o mote “Monstrinhos na Era Digital”. Como é explicado no programa do festival: “O cinema
infantil nem sempre se cingiu à comédia ou aos assuntos mais leves. Por vezes os filmes para crianças podem
ser tão ou mais negros como os dos adultos, como ficou comprovado em muitas obras clássicas deste género.
Este ano o MOTELx e a Cinemateca Júnior convidam miúdos e graúdos a descobrir o terror na era da animação
digital. Com o avanço da tecnologia os filmes de animação estão cada vez mais complexos e impressionantes,
e isso permite explorar e aproveitar o conceito de ‘medo’, que desperta tantas emoções nos mais novos. Mas
sempre com muita dose de divertimento, claro”. O programa decorre de 11 a 12 de setembro com a exibição de
A CASA FANTASMA produzido por Steven Spielberg e Robert Zemeckis (2006); HOTEL TRANSYLVANIA realizado
pelo veterano Genndy Tartakovsky (2012) e com um atelier dia 11, às 14h30, dedicado à “Fantasmagoria”, espetáculo criado no século XIX e antepassado dos terríficos filmes sobre almas do outro mundo. Para a participação
neste atelier, com o número máximo de 20 participantes, é necessária marcação prévia a partir de 17 de agosto
para [email protected]. As sessões de cinema só requerem marcação para grupos organizados.
Apropriando-nos do tema dos nossos parceiros, decidimos que os outros sábados de setembro são dedicados a
Monstros: para os mais crescidos programámos, a 5 e a 26, duas obras-primas, O MUNDO É UM MANICÓMIO,
de Frank Capra, onde vamos rir a “bandeiras despregadas” com duas vetustas serial killers e um clone de Boris
Karloff e FRANKENSTEIN, de James Whale, a quintessência do filme de terror. No dia 19, para os mais novos,
voltamos a repetir A CASA FANTASMA.
A 26, às 11h, o nosso atelier família tem por tema o cinema documental: a partir do filme de Flaherty NANOUK
O ESQUIMÓ convidamos os participantes a experimentarem filmar o “mundo real”. O atelier é concebido por
Maria Remédios, destinado ao público dos 6 aos 12 anos e requer marcação prévia até 22 de setembro para
o e-mail [email protected]. Esta atividade está sujeita a confirmação, só se realizando com o
número mínimo de 10 participantes.
De segunda a sexta-feira, a Cinemateca Júnior tem sessões de cinema, ateliers e visitas guiadas à exposição
permanente de pré-cinema para escolas. Em setembro a Júnior propõe também um programa de atividades
ATL, consultável em www.cinemateca.pt.
Não esqueça a nossa velha máxima: O Cinema voltou aos Restauradores. Venha ao cinema e aproveite, veja,
toque e brinque com as magnificas máquinas da nossa exposição permanente.
 Salão Foz | Dia 05,
Sábado 15:00
Livraria LINHA DE SOMBRA
Segunda-feira/Sexta-feira, 13:00 - 22:00, Sábado, 14:30 - 22:00
Espaço 39 Degraus:
Restaurante-Bar, Segunda-feira/Sábado, 12:30 - 01:00
Transportes: Metro: Marquês de Pombal, Avenida
bus: 736, 744, 709, 711, 732, 745
Cinemateca Júnior | Salão Foz, Restauradores
Bilhetes à venda no próprio dia (11:00 - 15:00):
Adultos - 3,20 euros; Júnior (até 16 anos) - 1,10 euros
Ateliers Família:
Adultos - 6,00 euros; Júnior (até 16 anos) - 2,65 euros
Transportes: Metro: Restauradores
bus: 736, 709, 711, 732, 745, 759
salão foz, praça dos restauradores 1250-187 lisboa
tel. 213 462 157 / 213 476 129
[email protected]
Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
Rua Barata Salgueiro, 39 - 1269-059 Lisboa, Portugal
Tel. 213 596 200 | Fax 213 523 189
[email protected] | www.cinemateca.pt
Sábado 15:00
MONSTRINHOS NA ERA DIGITAL
ARSENIC AND OLD LACE
O Mundo é um Manicómio
de Frank Capra
com Cary Grant, Priscilla Lane, Raymond Massey, Peter Lorre,
Jack Carson, Josephine Hull, Edward Everett Horton
Estados Unidos, 1944 – 118 min / legendado em português | M/12
Com ARSENIC AND OLD LACE, Capra interrompeu a sua série de
filmes “sociais” para voltar ao burlesco puro. Cary Grant e Priscilla Lane são recém-casados e visitam as tias, ignorando que as
simpáticas velhinhas se entretêm a envenenar velhos solteirões
que enterram na cave. A isto junta-se um tio que julga ser o
presidente Theodore Roosevelt e a visita inesperada de um parente fugido da cadeia e seu cúmplice, para a loucura ser total.
 Salão Foz | Dia 11,
Sexta-feira 10:30
Dia 19, Sábado 15:00
HOTEL TRANSYLVANIA
Hotel Transylvania
de Genndy Tartakovsky
vozes de: Adam Sandler, Kevin James, Selena Gomez,
Steve Buscemy, Molly Shannon, Andy Samberg
Estados Unidos, 2012 – 91min / legendado em português | M/6
Hotel Transylvania passa-se num hotel cujo o dono é o
Conde Drácula e os seus hóspedes são as míticas figuras do
universo do terror, a Múmia, Frankenstein, Lobisomem, que
ali procuram refúgio dos humanos. Aproveitam esta reunião
para celebrar o 118º aniversário de Mavis, filha de Drácula,
e tudo está a correr bem até que aparece um jovem intruso,
Jonathan, que pode por em risco este refúgio de monstros.
 Salão Foz | Dia 26,
Sábado 11h00
MONSTRINHOS NA ERA DIGITAL
ATELIER FAMÍLIA
MONSTER HOUSE
FILMAR O MUNDO COM OLHOS DE VER
A Casa Fantasma
de Gil Kenan
Conceção e orientação: Maria Remédio
com Mitchel Musso, Maggie Gyllenhal,
Jason Lee, Kathleen Turner (vozes)
dos 6 aos 12 anos | duração: 2 horas
Estados Unidos, 2006 – 91 min / dobrado em português | M/6
Biblioteca, Segunda-feira/Sexta-feira, 12:30 - 19:30
Sala 6 X 2, Sala dos Carvalhos e Sala dos Cupidos
Segunda-feira/Sexta-feira,13:30 - 22:00 - entrada gratuita
 Salão Foz | Dia 12,
Vivendo nos subúrbios da cidade, um garoto descobre que
a casa vizinha, de fachada meio arruinada, guarda segredos
perigosos, pois tudo o que é lançado para o quintal desaparece
misteriosamente. Quando uma amiga também desaparece,
o garoto, com outro amigo, tenta encontrá-la. Descobrem,
assustados, que a casa “fantasma” está “viva”! Aventuras de
animação.
 Salão Foz | Dia 11,
Sexta-feira 14:30
MONSTRINHOS NA ERA DIGITAL | ATELIER
ATELIER: A FANTASMAGORIA
Conceção e Orientação: Equipa Cinemateca Júnior
dos 6 aos 10 anos | duração: 2 horas
Antes do nascimento do cinema, no século XIX, as pessoas
juntavam-se em salas escuras ouvindo histórias misteriosas e
assustadoras acompanhadas de imagens projetadas com um
aparelho muito especial. Um ilusionista francês conhecido
pelo nome de Robertson, que também era inventor e artista,
foi o criador deste novo e curioso espetáculo cheio de ilusões
arrepiantes. Era chamado fantasmagoria e à época fez grande
sensação… Vem experimentar emoções fortes e descobrir
mais sobre este antepassado dos filmes de terror! O atelier
requer marcação prévia para cinemateca.junior@cinemateca.
pt. As inscrições abertas a partir de 17 de agosto.
O que é um documentário? Como se filma o quotidiano do
mundo? Como escolhemos a história que queremos contar?
E como a mostramos? Neste atelier vamos viajar até uma
paisagem branca e fria, onde vive a família de Nanook, o
esquimó! O Atelier requer marcação prévia até 22 de setembro
para [email protected].
 Salão Foz | Dia 26,
Sábado 15:00
FRANKENSTEIN
Frankenstein
de James Whale
com Boris Karloff, Colin Clive, Mae Clarke,
John Boles, Edward Van Sloan
Estados Unidos, 1930 – 70 min / legendado em português | M/12
Um dos mais lendários filmes de terror da história do cinema,
que praticamente fundou o género nos estúdios da Universal,
assim como DRACULA. Boris Karloff interpreta de maneira
inesquecível a figura do monstro, que acaba por receber o
nome do seu criador e conquistar a imortalidade, tal como a
obra literária em que se inspira, o romance de Mary Shelley.
Este FRANKEISTEIN não envelheceu de todo e continua a ser
uma maravilha poética.
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SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
SALA M. FÉLIX RIBEIRO
CHRISTOPHER LEE – O PRÍNCIPE DAS TREVAS
Christopher Lee morreu em junho passado, com 93
anos e uma filmografia de mais de duzentos títulos.
Seria injusto reduzi-lo à condição de “ator de género”
(o “horror movie”), mas o facto é que foi esse o campo
que lhe trouxe maior fama e proveito, e que mais fez
para o implantar no imaginário cinéfilo colectivo.
Em especial a sua colaboração com Terence Fisher,
a cuja obra está intimamente ligado, numa série de
maravilhosos filmes onde o “horror” é acima de tudo
o pretexto para a exposição de um imaginário romântico delirante, em múltiplas variações sobre algumas
das figuras mais célebres da tradição cinematográfica
do horror, de Frankenstein ao Conde Drácula.
Mas se foi do encontro com Fisher e com os lendários
estúdios da Hammer que nasceu o seu trabalho mais
significativo, a sua filmografia, antes e depois disso,
é riquíssima. Lee, que se tornou ator um pouco por
acaso (resolveu “experimentar” a profissão a seguir
à Segunda Guerra, quando, depois de desmobilizado
das forças especiais do Exército Britânico, se encontrou sem nada de interessante para fazer), participou
como secundário em muitos filmes notáveis dos anos
cinquenta, e até ao fim da vida manteve-se sempre requisitado, participando nalgumas das mais populares
séries das últimas décadas, e criando cumplicidade com
alguns cineastas, como Tim Burton, em cujos filmes se
tornou presença recorrente.
Este Ciclo, com centro nevrálgico na colaboração
Christopher Lee/Terence Fisher, passa em revista várias
fases da carreira do ator, incluindo alguns dos projetos
mais marginais em que trabalhou, como é o caso da
sua colaboração com Pere Portabella.
DRACULA
 Dia 01, Terça-feira,
15:30
 Dia 02, Quarta-feira,
19:00 | Dia 03, Quinta-feira, 15:30
 Dia 04, Sexta-feira,
19:00
DARK SHADOWS
THE BATTLE OF THE RIVER PLATE
ILL MET BY MOONLIGHT
Sombras da Escuridão
de Tim Burton
A Batalha do Rio de Prata
de Michael Powell, Emeric Pressburger
Perigo nas Sombras
de Michael Powell, Emeric Pressburger
com Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Eva Green,
Helena Bonham Carter, Christopher Lee
com John Gregson, Anthony Quayle, Peter Finch, Ian Hunter,
Jack Gwillim, Bernard Lee, Christopher Lee
com Dirk Bogarde, Marius Goring, David Oxley,
Cyril Cusack, Christopher Lee
Estados Unidos, 2012 – 113 min / legendado em português | M/12
Reino Unido, 1956 – 119 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Reino Unido, 1957 – 93 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Baseado na série “Dark Shadows”, realizada por Dan Curtis e
transmitida no canal americano ABC entre 1966 e 1971, DARK
SHADOWS recua a finais do século XVIII para uma história de
amor desprezado e de uma feiticeira negra que transforma
num vampiro e enterra vivo o homem que não a quis. Quando
ele regressa ao mundo dos vivos duzentos anos depois,
acorda numa mansão familiar do século XX onde conhece a
sua excêntrica linhagem e reaprende a lidar com o génio da
rapariga, Angelique, que regressa com ele, mas também com
o amor obsessivo por ele. Christopher Lee é Silas Clarney, um
“rei dos peixes que passa muito do seu tempo no pub The Blue
Whale”. “Uma cartografia rápida, e velozmente conduzida,
das principais paragens do mundo burtoniano” (Luís Miguel
Oliveira, Ípsilon). Primeira exibição na Cinemateca.
Este Powell/Pressburger pode ser entendido como uma
extensão dos seus filmes realizados durante a Segunda Guerra
(THE 49TH PARALELL, ONE OF OUR AIRCRAFT IS MISSING).
Centra-se na batalha naval travada em 1939 entre a Royal
Navy e os alemães e é dividido em três partes: a primeira é
dominada pela presença do “Graf Spee”; a segunda foca a
batalha, do ponto de vista britânico; a terceira tem lugar em
Montevideu, descrevendo o conflito diplomático que opõe
as potências adversárias em terreno neutro. Christopher Lee
surge no papel do dono de um bar em Montevideu.
Do mesmo ano de THE BATTLE OF THE RIVER PLATE, ILL MET
BY MOONLIGHT (também conhecido como NIGHT AMBUSH)
baseia-se em Ill Met by Moonlight: The Abduction of General
Kreipe, de W. Stanley Moss que relata acontecimentos vividos
pelo autor durante a Segunda Guerra em Creta. O título cita
Shakespeare (A Midsummer Night’s Dream). Foi a última
produção da Archers Films. Christopher Lee surge brevemente
como oficial alemão.
 Dia 03, Quinta-feira,
THE HOUND OF THE BASKERVILLES
19:00 | Dia 04, Sexta-feira, 15:30
THE PRIVATE LIFE OF SHERLOCK HOLMES
 Dia 04, Sexta-feira,
21:30 | Dia 10, Quinta-feira, 15:30
O Cão dos Baskervilles
de Terence Fisher
A Vida Privada de Sherlock Holmes
de Billy Wilder
com Peter Cushing, Christopher Lee, André Morell
THE CURSE OF FRANKENSTEIN
com Robert Stephens, Colin Blakely, Genevieve Page, Stanley
Holloway, Christopher Lee, Irene Handl
A Máscara de Frankenstein
de Terence Fisher
Reino Unido, 1970 – 125 min / legendado em espanhol | M/12
Baseado no romance homónimo de Arthur Conan Doyle, é o
filme em que Terence Fisher filma Peter Cushing como Sherlock
Holmes e Christopher Lee como Henry Baskerville (o Dr. Watson
é André Morell). “Christopher Lee num dos vários papéis com
que tentou atenuar a sua faceta de vilão (outro papel, mais
sugestivo, é o que tem em THE GORGON), num filme que é,
não só o melhor Sherlock Holmes do cinema, como um dos
filmes maiores de Terence Fisher” (Manuel Cintra Ferreira).
 Dia 01, Terça-feira,
19:00 | Dia 02, Quarta-feira, 15:30
com Peter Cushing, Christopher Lee,
Hazel Lee, Robert Urguhart
Reino Unido, 1957 – 83 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Vagamente baseado em Frankenstein de Mary Shelley (1818),
THE CURSE OF FRANKENSTEIN foi o primeiro filme de terror a
cores da Hammer Film Productions, inaugurou a justamente
famosa série “Frankenstein” da produtora, estabeleceu a
“marca gótica” do “Terror Hammer” e esteve na origem
das novas versões de DRACULA e THE MUMMY (1959). Peter
Cushing e Christopher Lee juntos, sob a direção de Fisher.
Primeira exibição na Cinemateca, a apresentar em cópia
digital.
A ironia de Billy Wilder vira-se aqui para um dos grandes mitos
britânicos: a criação de Conan Doyle e modelo de todos os
detetives, Sherlock Holmes, numa notável personificação de
Robert Stephens. Esta é a aventura que nos leva ao encontro
do monstro de Loch Ness e da Rainha Vitória. “Agora tratava-se de dar uma volta ao célebre casal Holmes-Watson e de
dar voz ao que alguns comentadores dos livros de Doyle já
há muito tempo andavam a murmurar. Que Holmes, como
ele próprio diz no filme, não seria um ‘wholeheart admirer
of womankind’ e que no 221B da Baker Street o detetive e o
médico não tinham como único passatempo deslindar crimes
complicados (‘elementar, meu caro Watson’)” (João Bénard da
Costa). Christopher Lee “é” Mycroft Holmes.
Reino Unido, 1959 – 87 min / legendado eletronicamente em português | M/12
SALA M• FÉLIX RIBEIRO
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SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
 Dia 07, Segunda-feira, 15:30
 Dia 14, Segunda-feira, 15:30
 Dia 16, Quarta-feira,
BITTER VICTORY
EL CONDE DRACULA
THE GORGON
Cruel Vitória
de Nicholas Ray
Drácula, o Príncipe das Trevas
de Jess Franco
A Morte Passou de Perto
de Terence Fisher
com Richard Burton, Curd Jurgens, Ruth Roman,
Raymond Péllegrin, Christopher Lee
com Christopher Lee, Herbert Lom, Klaus Kinski, Maria Rohm
com Peter Cushing, Christopher Lee,Richard Pasco,
Barbara Shelley, Michael Goodliffe
Estados Unidos, França, 1957 – 102 min / legendado em português | M/12
Espanha, Itália, Alemanha, 1969 – 97 min / legendado eletronicamente em
português | M/12
É uma das obras mais admiradas de Nicholas Ray, apesar de
ter sido manipulada pelos produtores, à revelia do realizador.
Richard Burton tem um dos melhores papéis da sua carreira
na figura de um oficial que salva uma missão prejudicada
pela cobardia do superior (Curd Jurgens) obcecado pela
relação que o subalterno tivera com a sua mulher. A juntar
a Burton e a Jurgens, o deserto, filmado em scope, ganha o
estatuto de protagonista ao acolher a inesquecível e belíssima
sequência final. O filme que fez Godard dizer na célebre
crítica nos Cahiers: “E o cinema é Nicholas Ray.” Christopher
Lee interpreta o papel do Sargento Barney.
Baseado no romance de Bram Stoker (Dracula), a versão de Jess
Franco (produzido por Harry Alan Towers) tem Christopher Lee
no papel do Conde Drácula. Apresentando-se como a mais fiel
adaptação cinematográfica do romance, “um dos primeiros –
e ainda hoje o melhor – contos do macabro”, é tida como a
primeira em que o vampiro é um homem velho no início da
história, rejuvenescendo quando se alimenta de sangue novo.
Primeira exibição na Cinemateca.
 Dia 07, Segunda-feira, 19:00
Horror de Drácula
de Terence Fisher
| Dia 08, Terça-feira, 15:30
 Dia 14, Segunda-feira, 19:00
| Dia 17, Quinta-feira, 15:30
DRACULA
com Christopher Lee, Peter Cushing, Melissa Stribling
Uma Mulher e Um Trono
de Basil Dearden
Reino Unido, 1959 – 85 min / legendado eletronicamente em português | M/12
com Stewart Granger, Joan Greewood, Flora Robson,
Françoise Rosay, Frederick Valk, Christopher Lee
Reino Unido, 1948 – 96 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Drama histórico ambientado no século XVII e baseado em factos verídicos relacionados com a casa de Hanover, SARABAND
FOR DEAD LOVERS segue o romance entre Philip Christoph
von Königsmarck e Sophia Dorothea de Celle, sob o fundo do
conflito que opõe amor e razões de Estado. Foi o primeiro filme em Technicolor produzido pelo britânico Ealing Studio e
tem uma poderosa e barroca paleta cromática. É um dos primeiros filmes de Christopher Lee, num pequeno papel.
 Dia 09, Quarta-feira,
15:30
CAPTAIN HORATIO HORNBLOWER
Em meados dos anos cinquenta, a produtora britânica Hammer
começou a explorar, com enorme êxito, o filão do filme de
horror, ressuscitando monstros que tinham surgido no cinema
anos trinta, como Frankenstein e Drácula. Terence Fisher foi
um dos realizadores mais ativos da companhia. HORROR OF
DRACULA (título da distribuição americana), esta primeira
aventura inglesa do célebre vampiro, é uma obra-prima de
género. Também é o primeiro filme em que o Conde Drácula
foi encarnado por Christopher Lee, com tanto êxito que
participou em mais de dez aventuras do vampiro. Basta vê-lo
neste filme para perceber porquê: sólido como uma estátua,
mas capaz de bruscos saltos de felino, tem uma presença
absolutamente extraordinária.
 Dia 14, Segunda-feira, 21:30
| Dia 23, Quarta-feira, 15:30
DRACULA PRINCE OF DARKNESS
Epopeia Nos Mares
de Raoul Walsh
com Gregory Peck, Virginia Mayo, Robert Beatty,
Denis O’Dea, Christopher Lee
Reino Unido, 1964 – 83 min / legendado em espanhol | M/12
Há quem o defenda como o mais romântico e o mais trágico
dos filmes de Terence Fisher. É um dos raros filmes da Hammer
inspirados na mitologia grega, concretamente na lenda de
Medusa e das suas irmãs Esteno e Euríale, conhecidas como as
três Górgonas, “a ladina”, “a forte”, “a que corre o mundo”.
No filme, ambientado em 1910, numa aldeia alemã, elas são
Medusa, Tisiphone e Megaera: sete homicídios cometidos no
espaço de cinco anos deram origem às figuras petrificadas
de cada uma das vítimas e ao temor das autoridades de que
uma lenda local se tenha tornado realidade. É só o início da
história, mergulhada no medo. Christopher Lee é um professor,
distante da sua imagem de vilão.
 Dia 16, Quarta-feira,
SARABAND FOR DEAD LOVERS
15:30
19:00
UMBRACLE
de Pere Portabella
com Christopher Lee
Espanha, 1972 – 85 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Usualmente associado a CUADECUC, VAMPYR (1970),
UMBRACLE tem, como aquele, fotografia a preto e branco
de películas de tipo diferente, e uma banda sonora de Carles
Santos, colaborador regular de Portabella. Ao contrário
de CUADECUC, tem sequências com som síncrono, de que
é exemplo uma cena em que Christopher Lee declama O
Corvo, de Edgar Allan Poe, e canta ópera num teatro vazio,
ou uma outra que capta uma discussão sobre censura entre
realizadores espanhóis. Portabella explora a linguagem do
cinema experimental aqui trabalhando com um ator vindo
de outros universos. “Lee ofereceu-se, com prazer, para
interpretar as minhas ideias. Consegui mesmo que fizesse o
que para um ator é o mais duro: nada” (Pere Portabella).
Drácula, Príncipe das Trevas
de Terence Fisher
 Dia 16, Quarta-feira,
21:30 | Dia 29, Terça-feira, 15:30
com Christopher Lee, Barbara Shelley, Andrew Keir
THE DEVIL RIDES OUT
Estados Unidos, 1951 – 117 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Reino Unido, 1966 – 92 min / legendado eletronicamente em português | M/12
de Terence Fisher
A obra-prima de Raoul Walsh no campo do swashbuckler.
Adaptação das populares histórias de C.R. Forrester sobre
as aventuras do capitão Horatio Hornblower na Marinha de
Guerra britânica, durante as campanhas napoleónicas. Uma
sucessão de aventuras que leva Hornblower a enfrentar um
candidato a ditador na América latina e a uma perigosa
operação contra a Marinha francesa. Christopher Lee é um
capitão espanhol.
Segunda incursão de Fisher nas aventuras do famoso conde,
oito anos depois de o ter “ressuscitado” em DRACULA. É,
para muitos, o melhor de toda a série da Hammer dedicada
à personagem criada por Bram Stoker, com Christopher Lee,
de novo no papel que marcou a sua carreira, “ressuscitado”
graças ao sangue de um viajante que, por acaso, se abrigou
no castelo do conde e, que um seu servidor vai verter sobre as
cinzas do amo. Lee não pronuncia uma só palavra em todo o
filme, que domina pelo impacto da sua presença física.
com Christopher Lee, Charles Gray, Patrick Mower,
Niké Arighi, Leon Greene
 Dia 09, Quarta-feira,
21:30 | Dia 11, Sexta-feira, 15:30
THE MAN WHO COULD CHEAT DEATH
O Homem que Enganou a Morte
de Terence Fisher
com Anton Diffring, Hazel Court, Christopher Lee
Reino Unido, 1959 – 83 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Baseado na peça The Man in Half Moon Street de Barré
Lyndon.“Terence Fisher desenvolve um tema que percorre
grande parte dos seus filmes, e que tem a ver com o fascínio
do Mal, dando a este não a imagem hedionda ‘habitual’ mas
a da sedução, a de uma beleza decadente que deixa entrever
a decomposição e a podridão, o horror, sob a aparência
fascinante. Mas este singular THE MAN WHO COULD CHEAT
DEATH, que pela sua concentração e unidade de ação, é, sem
dúvida, uma das obras maiores de Fisher destaca-se ainda
pela série de mitologias que congrega, a começar pela da
juventude eterna” (Manuel Cintra Ferreira).
 Dia 12, Sábado,
21:30
GREMLINS TWO: THE NEW BATCH
Gremlins 2, A Nova Geração
de Joe Dante
com Zach Galligan, Phoebe Cates, John Glover, Robert Prosky,
Christopher Lee
Estados Unidos, 1990 – 106 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Veio na sequência do GREMLINS de 1984 (também realizado
por Joe Dante) e é, como o primeiro, um filme de “dois
géneros”, terror e comédia. O argumento é de Charles S. Haas
e o desenho das criaturas de Rick Baker. A história continua
as aventuras de Gizmo, a criatura que se replica em inúmeros
pequenos monstros uma vez molhado, e aqui protagoniza
uma história nova-iorquina. Christopher Lee surge no papel
do Dr. Catheter. Primeira exibição na Cinemateca.
Reino Unido, 1968 – 95 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Star Wars Episódio II: Ataque dos Clones
de George Lucas
Antepenúltimo filme de Fisher (que depois assinaria dois
últimos “Frankenstein”: FRANKENSTEIN MUST BE DESTROYED
e FRANKENSTEIN AND THE MONSTER FROM THE HELL).
Também conhecido como THE DEVIL’S BRIDE, adapta um
best seller de 1934 de Dennis Wheatley centrado numa seita
de adoradores do diabo. THE DEVIL RIDES OUT é “um filme
premonitório. É ele que abre a tendência demoníaca do cinema
de terror moderno. Houve antes alguns exemplos ilustres na
exploração do tema da magia negra e do satanismo. [...] Só no
ano seguinte apareceria o filme que oficialmente ‘inauguraria’
o género, ROSEMARY’S BABY, de Roman Polanski” (Manuel
Cintra Ferreira). A apresentar em cópia digital.
com Ewan McGregor, Natalie Portman, Hayden Christensen,
Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Frank Oz
 Dia 25, Sexta-feira,
 Dia 15, Terça-feira,
15:30
STAR WARS, EPISODE II: ATTACK OF THE CLONES
Estados Unidos, 2002 – 142 min / legendado em português | M/12
Dez anos depois da “Ameaça Fantasma” ter ameaçado o
planeta Naboo, Padmé Amidala é Senadora e uma fação
separatista liderada pelo Conde Dooku tenta assassiná-la. Não
havendo Jedi suficientes para defender a República, Palpatine
recorre à ajuda de um exército de clones. Entretanto, Obi-Wan
Kenobi continua a treinar o jovem Jedi Anakin Skywalker, que
por sua vez teme que o Código Jedi proíba o seu romance
com Padmé. Destaque para a criação digital da personagem
de Yoda e para a sequência de ação no Coliseu. Christopher
Lee “é” o Conde Dooku/Darth Tyranus.
 Dia 15, Terça-feira,
19:00
THE TWO FACES OF DR. JEKYLL
As Duas Faces do Dr. Jekyll
de Terence Fisher
com Paul Massie, Dawn Addams, Christopher Lee,
David Kossoff, Francis de Wolff
Reino Unido, 1960 – 88 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Baseado em Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde, de
Stevenson (1886), a peculiar versão de Fisher, também
conhecida como HOUSE OF FRIGHT e JEKYLL’S INFERNO,
acentua o seu gosto pelo “charme do mal”. E aqui, Jekyll/
Hyde (Paul Massie) é salvo. Christopher Lee interpreta a
personagem de Paul Allen. Voltaria a Stevenson em 1971, I,
MONSTER, de Stephen Weeks, no duplo papel protagonista
(com a personagem renomeada Marlowe e Blake). Primeira
exibição na Cinemateca.
15:30
THE MUMMY
A Múmia
de Terence Fisher
com Peter Cushing, Christopher Lee, Yvonne Furneaux,
Eddie Byrne, George Pastell
Reino Unido, 1959 – 88 min / legendado eletronicamente em português | M/12
“Its evil look brings MADNESS! Its evil spell ENSLAVES! Its evil
touch KILLS, KILLS, KILLS! ALL NEW! In Terrifying Technicolor!”.
O cartaz de THE MUMMY prometia e o filme cumpre,
poderosamente visual em mais uma “história Hammer” de
criaturas amaldiçoadas. A “múmia” é o terceiro monstro do
estúdio, criado a partir de um argumento originalmente escrito
para cinema numa variação de A MÚMIA de Karl Freund com
Boris Karloff (1932). “A múmia era um autómato imparável,
mas muito humana nas suas reações, especialmente quando
encontrava a reincarnação da sua bem amada princesa. Tive
que fazer tudo através dos olhos e das posições do meu corpo”
(Christopher Lee).
SALA M• FÉLIX RIBEIRO
[5]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
CINEMA CHINÊS: PANORAMA HISTÓRICO
E RETROSPETIVA XIE JIN
EM COLABORAÇÃO COM A CINEMATECA CHINESA
E INTEGRADO NA FESTA DO CINEMA CHINÊS
Tal como outros grandes países asiáticos, a China é um continente
cinematográfico com uma história prolixa e variada, intensamente
marcada pelas clivagens político-sociais do “império do meio” anteriores e posteriores à fundação da República Popular. Integrado
na Festa do Cinema Chinês (na qual se inclui também uma mostra
de cinema contemporâneo apresentada no Cinema Ideal), este Ciclo
visa antes de mais proporcionar a quem a desconheça um primeiro
contacto com as várias etapas dessa história. Depois do grande Ciclo
histórico aqui organizado há quase três décadas (o ciclo de Cinema
Chinês de 1987, em que foram exibidos 37 filmes), e depois de outros contactos pontuais, trata-se assim do primeiro regresso deste
cinema, encarado no seu conjunto, à Cinemateca. A mostra está
dividida em duas componentes intercaladas, cada uma delas com
uma dezena de títulos: um panorama histórico com filmes realizados
entre 1933 e 1997; uma retrospetiva parcial do grande realizador Xie
Jin (1923-2008). Quanto ao panorama histórico, o princípio é exemplificar quatro grandes etapas da cinematografia chinesa mediante
um pequeno número de obras representativas de cada uma delas:
o cinema de Xangai anterior a 1949 (os filmes nascidos no contexto
cosmopolita das Concessões, fortemente influenciados pelo cinema
ocidental); o cinema chinês pós-1949 e anterior à Revolução Cultural
LIANG SHANBO YU ZHU YINGTAI
(o início de um outro classicismo, em que entra no cinema a grande
China, em que é evidente a influência do cinema soviético e em que
se procura a difícil articulação com formas artísticas e culturais autóctones); a chamada “quinta-geração” (que estava ainda em plena afirmação aquando do nosso
Ciclo anterior e que renovou substancialmente a própria conceção do ato cinematográfico na China); o período de transição entre a “quinta” e a “sexta geração” (com
alguns exemplos que fazem a ponte com o núcleo central desta última, da qual um dos nomes mais marcantes, Jia Zhangke, está representado na mostra paralela de
cinema contemporâneo). Quanto à retrospetiva dedicada a Xie Jin, trata-se de evocar um dos maiores realizadores que atravessaram grande parte desta história, que
filmou entre meados da década de cinquenta e a viragem do século (o seu último filme data de 2001, sendo muito assinalável o facto de ter filmado, e de ter tido
reconhecimento, antes e depois da Revolução Cultural), e cuja grandeza em vários géneros é inquestionável. Xie Jin foi antes de tudo um genuíno autor à maneira
clássica, que, como os grandes realizadores americanos, foi expoente em géneros diferentes (comédia, filme histórico, melodrama…). Nas suas entrevistas perpassou a
consciência aguda das contradições do contexto em que trabalhou (o artificialismo de muito cinema soviético da altura ou as dificuldades dos atores da ópera chinesa
com o realismo ontológico do filme, por exemplo) mas soube escolher os seus mestres (no caso soviético, Mikhail Romm…) e levou o cinema chinês a um fulgor contido,
sem estereótipos, que corresponde a um dos seus óbvios cumes. No conjunto da mostra, 11 dos 20 filmes incluídos são exibidos pela primeira vez na Cinemateca. Todos
os filmes são apresentados em cópias digitais.
 Dia 11, Sexta-feira, 18:30
Conferência
Antes da sessão oficial de abertura do Ciclo de
Cinema Chinês na Cinemateca, Hangfu Yochuan,
da Cinemateca Chinesa, faz uma conferência sobre
o cinema chinês, com tradução consecutiva.
porém indisciplinada, cujo treinador fora noivo da sua mãe,
ela própria uma jogadora de talento. Mas como o rapaz se
negara a perder uma partida “arranjada”, o pai da noiva
desmanchara o casamento. Enquanto os ex-amantes ficam
felizes por se reencontrarem, a jovem torna-se uma grande
jogadora, graças à orientação do seu treinador. Um clássico
do cinema chinês dos anos cinquenta, em primeira exibição
na Cinemateca.
 Dia 17, Quinta-feira,
 Dia 19, Sábado,
21:30
PANORAMA HISTÓRICO | O CINEMA DE XANGAI ANTERIOR A 1949
21:30
XIAOCHENG ZHI CHUN
PANORAMA HISTÓRICO | O CINEMA DE XANGAI ANTERIOR A 1949
 Dia 11, | Sexta-feira, [11] 21:30
do Grande, é um excelente desportista. Depois de ser eleito
presidente da academia desportiva, o Grande Li decide
praticar ginástica, o que escandaliza o Velho Li. Mas todos
acabarão por praticar ginástica com entusiasmo, no âmbito
do trabalho na fábrica.
XIAO WANYI
“Primavera numa Pequena Cidade”
de Fei Mu
“Os Pequenos Brinquedos”
de Sun Yu
com Wei Wei, Shi Yu, Li Wei, Zhang Higmei
SHEN NÜ
com Ruan Lingyu, Yuan Congmei, Li Lili
“A Divina”
de Wu Yonggang
China 1933 – 115 min / mudo, com intertítulos legendados eletronicamente
em português | M/12
Realizado um ano antes da vitória das forças comunistas,
“PRIMAVERA NUMA PEQUENA CIDADE” é considerado a
obra-prima de Fei Mu (1906-51). Situado numa cidade do sul
da China, o filme conta-nos a história da jovem Yuwen, que é
casada com um homem depressivo. Um dia, um jovem médico,
que no passado tivera uma grande paixão por Yuwen, chega
à cidade. O filme é admirado pelo brilhante desempenho no
papel principal de Wei Wei, que vinha do teatro, assim como
pela originalidade da sua linguagem.
PANORAMA HISTÓRICO | O CINEMA DE XANGAI ANTERIOR A 1949
com Ruan Lingyu, Zhang Zhizhi, Li Keng
COM ACOM PANHAM E NTO M U SICAL AO VIVO
China, 1934 – 85 min / mudo, com intertítulos legendados eletronicamente
em português | M/12
CO M ACOMPA N H A M E N TO MUSIC A L AO V IVO
Drama sobre uma mulher pobre que se prostitui para educar o
filho. Quando os pais dos colegas dele descobrem a profissão
da mãe fazem pressão para que a criança seja expulsa da
escola. A mulher decide partir com ele para outra cidade, mas
descobre que o seu proxeneta gastou todas as suas economias,
um gesto que terá consequências trágicas. SHEN NÜ foi o
primeiro e o mais célebre filme de Wu Yonggang e também
proporcionou à atriz Ruan Lingyu, que se suicidaria aos 25
anos, o seu mais importante e mais célebre papel.
 Dia 17, Quinta-feira,
China, 1948 – 98 minutos / legendado eletronicamente em português | M/12
19:00
Clássico do cinema chinês, XIAO WANYI é um dos dois filmes
mudos incluídos neste Ciclo. Trata-se de um drama sobre o
fundo da ocupação japonesa, em que uma mulher fabrica
com grande habilidade brinquedos de barro e bambu.
Depois da morte do marido, ela instala-se em Xangai com a
filha, a quem transmite a sua arte. Mas as duas têm grandes
dificuldades porque os brinquedos tradicionais não se vendem
devido à produção industrial. O estilo do realizador, Sun Yu, é
considerado peculiar no cinema chinês da época, geralmente
influenciado pelo teatro, ao passo que ele privilegia a
espontaneidade dos atores.
 Dia 18, Sexta-feira,
 Dia 21, Segunda-feira, 15:30
PANORAMA HISTÓRICO | PERÍODO 1949 -65
LIANG SHANBO YU ZHU YINGTAI
“Liang Shanbo e Zhu Yingtai”
de Sang Hu, Huang Sha
com Yuan Xuefu, Fan Ruijuan
19:00
XIE JIN
China, 1954 – 100 / legendado eletronicamente em português | M/12
XIE JIN
NÜLAN WUHAO
DA LI, XIAO LI HE LAO LI
“A Jogadora de Basquete nº 5”
de Xie Jin
“O Grande Li, o Pequeno Li e o Velho Li”
de Xie Jin
com Liu Qiong, Qia Yi, Cao Qiwei
com Liu Xiasheng, Yao Debing, Fan Haha.
China, 1957 – 90 min / legendado eletronicamente em português | M/12
China, 1962 – 90 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Como outros filmes chineses do mesmo período (“O
SACRIFÍCIO DO ANO NOVO”, de Sang Hu, 1956), NÜLAN
WUHAO tem fortes elementos melodramáticos. Trata-se da
história de uma jovem jogadora de basquete, muito talentosa,
Uma conhecida comédia que se passa no meio de distribuição
de carne e tem três protagonistas, todos chamados Li: o
Grande Li, presidente sindicato e o Velho Li, chefe de oficina,
não gostam de desportos, ao passo que o Pequeno Li, filho
Filme musical, no estilo da tradicional “ópera chinesa”,
LIANG SHANBO YU ZHU YINGTAI transpõe uma história
muito célebre na China, sobre uma rapariga cujos pais
aceitam que ela vá estudar, mas com a condição de se fazer
passar por um rapaz. Ela apaixona-se por um colega, que só
descobre a verdade vários anos depois, quando a rapariga é
obrigada a casar-se com outro. Os dois preferem a morte a
viverem separados. Este foi o primeiro filme musical filmado
a cores na China e a mesma história conheceu pelo menos
duas outras versões cinematográficas, uma em Taiwan e a
outra em Hong-Kong. Primeira exibição na Cinemateca.
SALA M• FÉLIX RIBEIRO
[6]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
 Dia 21, Segunda-feira, 19:00
 Dia 25, Sexta-feira,
PANORAMA HISTÓRICO | PERÍODO 1949 -65
19:00
PANORAMA HISTÓRICO | OS COMEÇOS DA QUINTA GERAÇÃO
pois do Partido Comunista adotar uma linha mais moderada.
Primeira exibição na Cinemateca.
LU BAN DE CHUANSHUO
JU DOU
“A Lenda de Lu Ban”
de Sun Yu
Ju Dou
de Zhang Yimou
com Wei Heling, Li Wei, Zhong Shuhuang
com Li Wei, Gong Li, Li Baotian
ZUIHOU DE GUI ZU
China, 1958 – 95 min / legendado eletronicamente em português | M/12
China, 1990 – 94 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Penúltimo filme de Sun Yu, que conhecera sérias dificuldades
políticas a partir de 1951. “A LENDA DE YU BAN” aborda
a figura de um célebre marceneiro da China antiga, que
percorre o país a ajudar o próximo, sem querer recompensas.
Acompanhamos três das suas aventuras, em que com o seu
talento excecional ajuda a construção de uma ponte, um
pagode e quatro torres sineiras. Notável interpretação de Wei
Heiling no papel principal. Primeira exibição na Cinemateca.
Segunda longa-metragem de um dos mais importantes realizadores da Quinta Geração, que viria a fazer uma grande carreira. Coproduzido com o Japão e tendo no papel principal Gong
Li, a atriz preferida do realizador, JU DOU é um drama situado
nos anos vinte, em que uma mulher é forçada a casar-se com
um homem muito mais velho e brutal. Ela tornar-se-á amante
de um sobrinho do marido, de quem terá um filho. Em adulto,
este terá uma atitude terrível em relação aos pais. Magnífica
realização, com destaque para a magnífica paleta de cores. Foi
um dos raros filmes chineses distribuído comercialmente em
Portugal à época. Primeira exibição na Cinemateca.
“As Últimas Aristocratas”
de Xie Jin
 Dia 21, Segunda-feira, 21:30
XIE JIN
WUTAI JIEMEI
 Dia 26, Sábado,
“Irmãs de Palco”
de Xie Jin
MUMAREN
China, 1965 – 112 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Exemplo relativamente raro de um filme feito a partir de
um argumento original e não de uma adaptação literária,
WUTAI JIEMEI foi violentamente atacado ao ser apresentado
no começo da Revolução Cultural. Foi proibido e só voltou às
salas em 1979, com grande êxito. O filme, cuja narrativa se
estende por quinze anos, é inspirado na história verídica de
uma atriz da Ópera de Shaoxing. Uma jovem camponesa é
contratada por uma companhia teatral em digressão e cria
fortes laços de amizade com a atriz principal. A guerra e a
revolução separam as duas amigas, que voltam a encontrar-se em 1950, em Xangai, e decidem nunca mais se separar. Um
clássico.
 Dia 22, Terça-feira,
21:30
“O Tratador de Cavalos”
de Xie Jin
PANORAMA HISTÓRICO | PERÍODO 1949 -65
DA NAO TIANGONG
China, 1982 – 106 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Um filme caraterístico do momento em que foi feito (por
exemplo, a fotografia é extremamente cuidada, as paisagens
são muito valorizadas), que também prega o amor à terra
chinesa. Um industrial chinês instalado nos Estados Unidos
reencontra o filho que não vê há trinta anos e é professor
primário no noroeste da China. O pai tenta convencer o filho
a vir com ele para os Estados Unidos, mas ele recusa e prefere
retomar a vida simples que tem numa aldeia. Um dos filmes
chineses mais conhecidos dos anos oitenta.
15:30
PANORAMA HISTÓRICO | DEPOIS DA QUINTA GERAÇÃO
YANGGUANG CANLAN DE RIZI
Um clássico do cinema de animação, que foi proibido durante
a Revolução Cultural, antes de voltar a ser comercializado
na Europa nos anos oitenta. Trata-se da história de um rei
anarquista, que ensina aos seus jovens súbditos a dançar e a
praticar artes marciais, num total desrespeito pelo Imperador
de Jade e pelos membros da sua corte. Wan Laiming e os
seus três irmãos contam-se entre os nomes mais ilustres do
cinema de animação na China. Realizaram o primeiro filme de
animação do país em 1926, assim como a primeira longa de
animação, em 1941.
19:00
PANORAMA HISTÓRICO | OS COMEÇOS DA QUINTA GERAÇÃO
China, Taiwan, Hong Kong, 1994 – 140 min / legendado eletronicamente
em português | M/12
China, 1984 – 100 min / legendado eletronicamente em português | M/12
com Shi Weijan, Wang Fuli, Shi Jianlan, Zhong Xighuo
China, 1980 – 100 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Um poderoso melodrama sobre os destinos paralelos de duas
mulheres, com magníficos desempenhos das duas atrizes
principais. Uma mulher é enviada à região de Tianyun para
se ocupar da reabilitação das vítimas da Revolução Cultural.
Descobre então o dossier de um homem por quem fora
apaixonada em jovem. Ao examinar mais de perto a questão,
também descobre que o seu próprio marido tinha sido o
acusador da vítima e que a sua melhor amiga de juventude
renunciara à carreira para acompanhar aquele homem no
seu exílio. Um raro exemplo de um melodrama em que as
“desgraças” têm razões políticas.
 Dia 30, Quarta-feira,
15:30
A Guerra do Ópio
de Xie Jin
com Guoan Bao, Debra Beaumont, Oliver Cotton
Biografia de uma poetisa que viveu na passagem do século XIX
para o século XX e se celebrizou pelo seu ardor revolucionário.
Como em outros filmes chineses do período, a fotografia e
os cenários são muito cuidados. O filme retoma os grandes
traços da vida de uma mulher que foi transformada numa
personagem mítica. Filha de um mandarim, formada em poesia
e em artes marciais, a protagonista disfarça-se de homem para
ir estudar no Japão e, mais tarde, adere ao movimento de Sun
Yat-Sen, o fundador da República da China, publica um jornal
feminista, é professora e acaba por ser capturada e executada.
Primeira exibição na Cinemateca.
 Dia 28, Segunda-feira,
Realizado por ocasião da devolução de Hong-Kong à
República Popular da China, este filme aborda um dos mais
célebres episódios das relações entre a Grã-Bretanha e a
China: a “guerra do ópio”, em 1839-40. Depois da destruição
por parte das autoridades chinesas de várias toneladas de
ópio que pertenciam a comerciantes ingleses, a Grã-Bretanha
bombardeou Cantão, para obrigar os chineses a permitirem o
comércio. Foi o penúltimo filme de Xie Jin. Primeira exibição
na Cinemateca.
19:00
PANORAMA HISTÓRICO | DEPOIS DA QUINTA GERAÇÃO
“Histórias da Polícia do Povo”
de Ning Ying
Filme de estreia de Chen Kaige (ADEUS, MINHA CONCUBINA;
A PROMESSA), realizado quando tinha 32 anos, TERRA
AMARELA é um dos mais célebres filmes da chamada Quinta
Geração de cineastas chineses, que surge no início dos anos
oitenta, quando a China começa a abrir-se ao mundo (o
filme foi exportado para vários países). Um jovem soldado
comunista é enviado a uma região remota para recolher cantos
revolucionários camponeses e descobre que os verdadeiros
cantos camponeses falam de uma realidade muito dura. Um
clássico do moderno cinema chinês.
“A Lenda da Montanha Tianyun”
de Xie Jin
Mais um filme de Xie Jin de tom melodramático. O filme
aborda o tema dos “órfãos japoneses”, crianças que foram
abandonadas pelos seus pais japoneses quando estes se
retiraram da China, depois de quinze anos de ocupação.
Acompanhamos o percurso de uma deles que vai visitar
o Japão e procurar entrar em contato com a sua família
biológica. Um filme que apela aos sentimentos do espectador.
Primeira exibição na Cinemateca.
MINJING GUSHI
com Li Xiuming, Li Zhiyu, Chen Xiguang
XIE JIN
China, 1992 – 100 min / legendado eletronicamente em português | M/12
 Dia 30, Quarta-feira,
“Qiu Jin”
de Xie Jin
TIANYUNSHAN CHUANQI
com Yi Ding, Komaki Kurihara, Ting Hi, Cunxin Pu
 Dia 28, Segunda-feira, 19:00
QIU JIN
21:30
“O Sino do Templo da Pureza”
de Xie Jin
China, 1997 – 150 min / legendado eletronicamente em português | M/12
China, 1984 – 91 min / legendado eletronicamente em português| M/12
 Dia 22, Terça-feira,
21:30
Primeira incursão na realização de um conhecido ator, que
tivera um dos papéis principais em MILHO VERMELHO, um dos
filmes emblemáticos da Quinta Geração. Coproduzido com
Hong Kong, “NO CALOR DO SOL” é uma história parcialmente
autobiográfica de primeiros amores adolescentes, situada
durante a Revolução Cultural. Quatro rapazes vivem num
quartel, com muito tempo disponível para não ir à escola,
entrar em brigas e namorar. A narrativa é organizada numa
série de vinhetas, com personagens muito individualizadas.
Primeira exibição na Cinemateca.
HUANG TUDI
com Xuei Wang, Bai Xue, Quiang Liu
 Dia 29, Terça-feira,
YAPIAN ZHANZHENG
XIE JIN
Terra Amarela
de Chen Kaige
Xie Jin sempre se interessou pelo melodrama, que consegue
conciliar habilmente com temas políticos e a sua obra “mistura
habilmente o entretenimento, o doutrinamento e a denúncia
sincera (misturada a um afeto constante pelos personagens”,
observou Marco Müller). ZUIHOU DE GUI ZU ilustra muito bem
esta observação. Em 1948, quatro raparigas da aristocracia
de Xangai vêm, estudar nos Estados Unidos. A vitória da
revolução comunista impede-as de regressarem à China e
uma delas, afetada pela morte dos pais, cai na prostituição.
Primeira exibição na Cinemateca.
XIE JIN
com Xia Yu, Ning Jing, Shang Nan, Tao Hong
China, 1961-64 – 84 min / legendado eletronicamente em português | M/12
China, 1989 – 112 min / legendado eletronicamente em português | M/12
QING-LIANGSI ZHONG SHENG
“No Calor do Sol”
de Jiang Wen
“O Rei dos Macacos e o Palácio Celeste”
de Wan Laiming
com Hing Pan, Cunxin Pu,Kechun Li
XIE JIN
com Zhu Shimao, Cong Shan, Liu Qiong
 Dia 28, Segunda-feira,
15:30
19:00
XIE JIN
XIE JIN
com Xie Fang, Cao Yindi, Feng Ji, Gao Yuansheng
 Dia 22, Terça-feira,
 Dia 29, Terça-feira,
21:30
XIE JIN
FURONG ZHEN
“A Cidade dos Hibiscos”
de Xie Jin
com Liu Xiaoqing, Jiang Wen, Zheng Zaishi
China, 1986 – 150 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Realizado em duas versões com durações diferentes, FU RONG
ZHEN é considerado como uma das obras-primas do período
final da carreira de Xie Jin. A ação passa-se durante as “quatro purgas” que precederam o lançamento da Revolução Cultural, em 1966, e mostra de maneira poderosa e inteligível os
sofrimentos infligidos naquele período. Um casal, proprietário
de um pequeno restaurante, é denunciado como “inimigo do
povo”, o marido suicida-se e a mulher é condenada a varrer as
ruas. Mas o filme tem um desenlace relativamente otimista, de-
com Li Jian, Lin Ying Shen, Lianqui Wang
China, 1996 – 102 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Segundo filme de uma realizadora que realizou nove longas-metragens à data de hoje, MIN JING GU SHI é uma comédia
situada numa esquadra de Pequim, onde os polícias se
entediam por falta de crimes por resolver. A aparição de um
cão raivoso faz com que seja ordenada a captura de todos os
cães do bairro. Alguns pequenos delitos são resolvidos com
esmero. A realizadora trabalhou com autênticos polícias e não
com atores e filmou em cenários verdadeiros. “Algures entre
Rossellini e Tati, PATRULHAS POLICIAIS EM PEQUIM é um filme
modesto, estimulante e muito divertido”, observou Frédéric
Strauss nos Inrockuptibles. Primeira exibição na Cinemateca.
SALA M• FÉLIX RIBEIRO
[7]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
IN MEMORIAM
ALBERTO VAZ DA SILVA
NUNO MELO
MARIA BARROSO
NUNO MELO
Era um dos mais populares atores portugueses, muito pelas suas participações em programas e séries televisivas.
Mas tinha também um longo currículo no cinema português, de que era um rosto recorrente desde finais
dos anos oitenta. Muitas vezes como secundário, outras, menos, com papel preponderante. Evocamo-lo com
três filmes em que foi protagonista: A FILHA de Solveig Nordlund, LOBOS de José Nascimento, e sobretudo O
BARÃO, de Edgar Pêra, porventura o único filme feito à sua medida. Nuno Melo morreu em Junho passado, aos
55 anos.
MARIA BARROSO
Na homenagem que a Cinemateca presta a Maria Barroso (1925-2015) são exibidos três filmes dos mais relevantes da sua filmografia: MUDAR DE VIDA, de Paulo Rocha (1966), BENILDE OU A VIRGEM MÃE e AMOR DE
PERDIÇÃO (1974/78) de Manoel de Oliveira.
Na sua vida enquanto atriz, antes do cinema, Maria Barroso tinha feito teatro. Mal finalizou o Curso de Artes
Dramáticas do Conservatório Nacional, em 1943 (a par com o curso de Histórico Filosóficas da Faculdade de
Letras, como prometera aos pais), entrou para o Teatro D. Maria II. O reconhecimento do público veio com o
papel de Benilde na peça de José Régio: Benilde ou Virgem Mãe. Nascia uma jovem atriz num país onde não o
pôde ser, a não ser a espaços, e muito longe das medidas das suas faculdades. Aconteceu que, após a apoteose,
em A Casa de Bernarda Alba – em que Adela/Maria Barroso, a filha revoltada, partia em cena, com o joelho, um
bastão usado pela mãe autoritária, o teatro veio abaixo!, e a censura acordou. A peça foi cancelada e Maria
Barroso, claro… afastada do teatro pelo regime. “Até parecia que era Salazar que ela estava a partir”, diria
Amélia Rey Colaço naquela famosa representação em Santarém. Só voltaria a pisar os palcos 17 anos depois. Em
1966, na peça de Jean Cocteau, A Voz Humana deu-se a sua última representação, no Teatro São Luiz em que,
de novo, a peça foi interrompida com violência pela PIDE. Já tinha, por esta altura, forçosamente percebido que
“quando se vai à polícia política, fala-se muito pouco, sorri-se muito e mente-se sempre.” Maria Barroso, acompanhando permanentemente o marido, Mário Soares, na vida política conseguiu manter sempre o seu espaço.
Espaço dedicado a uma luta constante na defesa da cultura, da liberdade e da justiça. Na convicção absoluta
de que era na voz dos poetas que podia encontrar uma forma intransigente e inquebrável de expressão, nunca
deixou de dar récitas de poesia, o que muito irritava os censores. Certa vez, quando subia ao estrado, um chefe
da polícia a agarrá-la por um braço, diz: “A Senhora está proibida de falar!!!”, claro… Maria Barroso diz: “Não
posso falar, mas posso recitar!!”
E, precisamente quando o afastamento já parecia definitivo, é em 1966 que Paulo Rocha se lembra de a convidar para o seu filme MUDAR DE VIDA: “Nunca tinha feito cinema. Paulo Rocha veio falar comigo... os diálogos
eram maravilhosos”, diz “talvez até os melhores diálogos que o nosso cinema tem tido. Pensei que seria uma
experiência a tentar, que me enriqueceria…”. A nós enriqueceu! Maria Barroso compõe, deixa-nos nesse filme,
uma das mais comoventes personagens dos verdes anos do cinema português: Júlia, mulher do mar, em que
tudo se centra, tudo se quebra: vida e arte, força e fragilidade, silêncio e grito, ausência e exílio, do país que
somos, no país que somos: “este nosso bem-querer / só tem fim na sepultura”.
Quando, em 1976, Manoel de Oliveira entende adaptar para cinema Benilde ou a Virgem Mãe, sendo José Régio
sua admiração maior, não é de surpreender que se lembrasse de ir buscar, trinta anos depois, os atores do Teatro
D. Maria II. Maria Barroso não poderia dizer que não, mas não poderia também repetir o papel do passado, o
de Benilde, e no filme faz de Genoveva, a velha criada, atenta e secreta, firme na sua fé. A segunda colaboração
com Oliveira não tardou. Em 1978, surge no papel de Madre Superiora no – como diria quem mais defendeu o
filme à época – “inadjectivável” AMOR DE PERDIÇÃO. Filme que fez quebrar tantas grades e que tanto tumulto
provocou. Talvez também por isto, quando Teresa vai para o convento e a Madre Superiora diz: “Estas grades
não se abrem”, a frase, assim dita e por quem é, vai muito além do sentido do momento. Com Manoel de
Oliveira fez mais dois filmes: LE SOULIER DE SATIN (1984) e LISBOA CULTURAL (1983). Da sua filmografia consta
ainda, de Armando Miranda, o documentário AQUI, PORTUGAL! (1947) e o filme de Manuel Guimarães O CRIME
DE ALDEIA VELHA (1963), no qual fez a dobragem da atriz Barbara Laage.
LOLA (RODAGEM)
ALBERTO VAZ DA SILVA
Alberto Vaz da Silva (1936-2015) fez parte de uma geração brilhante e marcante
que emergiu em finais dos anos cinquenta e se torna conhecida no início da
década seguinte. Autodenominados “Católicos Progressistas”, tinham em
O Tempo e o Modo, revista que criaram de raiz, a sua tribuna. Dela fizeram parte,
entre vários outros, João Bénard da Costa, Helena Vaz da Silva, Pedro Tamen,
M.S. Lourenço, Nuno Bragança, José Pedro Pinto Leite, Manuel Lucena, Mário
Murteira e António Alçada Baptista. Alberto Vaz da Silva é, porventura, o menos
mediático (sintomaticamente é o único de entre os citados que não tem entrada
direta na Wikipédia). A sua prioridade nunca foi fazer uma “carreira”, fosse ela
política, artística ou sequer académica. A prioridade para Alberto Vaz da Silva,
aquilo que ele, como nenhum outro praticou (porque teorizá-lo é muito fácil), foi
a vida, a sua própria vivência. O ideal, a filosofia, a utopia de toda essa geração.
Canalizou todo o seu enorme talento e toda a sua energia para estabelecer, com
uma lógica irrefutável, as pontes mais improváveis (Palolo e Agustina Bessa-Luís;
Freud e Mozart; Proust e Nicholas Ray).
Esporadicamente, muito esporadicamente, Alberto Vaz da Silva escreveu sobre
cinema. Sobre filmes e realizadores mas também sobre os Astros ou o Mar.
A Cinemateca presta-lhe homenagem, exibindo um dos filmes da sua vida: LOLA
de Jacques Demy (excecionalmente acompanhado por um texto de sua autoria,
publicado no Tempo e o Modo em 1963).
A Cinemateca publica no seu sítio web (www.cinemateca.pt) todos os escritos de
Alberto Vaz da Silva sobre cinema.
 Dia 01, Terça-feira,
21:30
IN MEMORIAM ALBERTO VAZ DA SILVA
LOLA
Lola
de Jacques Demy
com Anouk Aimée, Marc Michel, Elina Labourdette, Margot Lion
França, 1960 – 83 min / legendado em português | M/12
Alguns consideram esta longa-metragem de estreia de Demy
como a sua obra-prima. Em LOLA, estão todos os temas de
Demy, os encontros e desencontros amorosos, os jogos de
simetrias, o tom agridoce, a paixão pelo cinema americano.
Dois dos protagonistas voltarão a aparecer em filmes
posteriores, Lola em MODEL SHOP e Roland (Marc Michel) em
LES PARAPLUIES DE CHERBOURG. Filmado em preto e branco e
em scope, LOLA, dedicado à memória de Max Ophuls, também
é uma homenagem à cidade natal do cineasta, Nantes. Anouk
Aimée tem aqui um papel inesquecível.
 Dia 02, Quarta-feira,
21:30
IN MEMORIAM NUNO MELO
O BARÃO
de Edgar Pêra
com Nuno Melo, Marcos Barbosa, Leonor Keil,
Mariana Albuquerque, Paula Só
Portugal, 2011 – 87 min | M/12
Em O BARÃO, adaptando a obra homónima de Branquinho
da Fonseca e também baseado no seu conto O Involuntário,
Edgar Pêra revisita o Portugal da década de quarenta em
registo fantástico filmando a história de um vampiro marialva
descrito como um camaleão emocional, “uma espécie de
Drácula reformado, porque está em decadência”. O cartaz
anuncia-a como “um remake do filme proibido pela ditadura
fascista”; a sinopse refere-a como um retrato da vida de
“uma personagem draculesca raramente vista no cinema
porutuguês”. Nuno Melo é “o barão” num dos seus mais
assinaláveis trabalhos em cinema, dirigido por Edgar Pêra, um
dos realizadores com quem mais frequentemente colaborou.
 Dia 03, Quinta-feira,
21:30
IN MEMORIAM MARIA BARROSO
MUDAR DE VIDA
de Paulo Rocha
com Geraldo Del Rey, Maria Barroso,
Isabel Ruth, Constança Navarro
Portugal, 1966 – 93 min | M/12
Filmada no Furadouro, creditada como uma Produção Cunha
Telles, a segunda longa-metragem de Paulo Rocha é um filme
onde ecoa em surdina a guerra colonial, com a história de
um homem que regressa ao país e se reencontra dificilmente
com a sua aldeia natal, por onde também passam sinais de um
desejo de mudança. Mudança de vida, mudança de cinema.
SALA M• FÉLIX RIBEIRO
[8]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
Depois de OS VERDES ANOS, novo fortíssimo retrato de um
país e de um tempo, numa obra que convida incessantemente
a novas visões e avaliações. “Se OS VERDES ANOS é um filme
de condenação, MUDAR DE VIDA é um filme de redenção […].
É o seu primeiro filme em que a influência do cinema japonês
é visível, quase sempre quando não se espera, com a mesma
rebeldia no feminino das heroínas de Mizoguchi, é também o
filme onde o realizador melhor absorve as lições da Nouvelle
Vague. (…) É a sua primeira e radical colagem, conduzida pela
poética de António Reis, autor dos mais belos diálogos do
cinema português” (João Bénard da Costa). Primeira atuação
de Maria Barroso no cinema português, compondo, no papel
de Júlia, uma personagem comovente e que marcou toda uma
geração. A apresentar em cópia digital.
 Dia 05, Sábado,
21:30
IN MEMORIAM MARIA BARROSO
(RE)VISITAR F.J. OSSANG
Escritor, editor, poeta, músico e cineasta, F.J. Ossang é uma personalidade à parte (talvez fosse mais correto
dizer à margem) no já de si bastante eclético panorama cultural francês. Apesar de, na sua vasta e diversificada
obra, o cinema ser a vertente menos prolífera, será, porventura a que mais visibilidade lhe deu, pelo menos
além-fronteiras. Com efeito, a sua carreira como realizador, iniciada em 1982, resume-se a apenas quatro
longas-metragens e cinco “curtas”. Seja por se sentir – pelo menos cinematograficamente – um estrangeirado,
um alien no seu próprio país, seja por razões puramente económicas, seja por outra razão qualquer, o facto é
que, três das suas quatro longas-metragens foram rodadas fora de França (a exceção é L’AFFAIRE DES DIVISIONS
MORITURI, a única não incluída neste programa). A ligação da sua obra a Portugal é evidente: dois dos seus
filmes – LE TRÉSOR DES ÎLES CHIENNES e DHARMA GUNS tiveram como cenário os Açores e o DOCTEUR CHANCE
tem como protagonista Pedro Hestnes.
 Dia 08, Terça-feira,
21:30
AMOR DE PERDIÇÃO
DHARMA GUNS – LA SUCCESSION DE STARKOV
de Manoel de Oliveira
Dharma Guns (A Sucessão de Starkov)
de François-Jacques Ossang
com Cristina Hauser, António Sequeira Lopes,
Elsa Wallenkamp, Ruy Furtado, Henrique Viana,
António J. Costa, Ricardo Pais, Maria Barroso
com Guy McKnight, Elvire, Diogo Dória, Patrick Bauchau
França, Portugal, 2010 – 93 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Portugal, 1978 – 261 min | M/12
O Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco por Manoel de
Oliveira, num dos seus mais extraordinários filmes, e, à época
da estreia, um dos mais polémicos. Oliveira realizou simultaneamente duas versões, com diferentes takes dos vários planos: uma para a televisão e outra para o cinema. Na versão
televisiva, Ritinha, a irmã de Simão (Teresa Collares Pereira) fazia a ligação entre os vários “episódios”. Segunda colaboração
de Maria Barroso com Manoel de Oliveira, no papel de Madre
Superiora no convento onde Teresa é enclausurada.
 Dia 07, Segunda-feira,[7] 21:30
IN MEMORIAM NUNO MELO
LOBOS
com a presença de F.J. Ossang
O filme abre com um acidente de ski aquático: uma rapariga,
Délie, conduz um barco a motor e puxa um rapaz, Stan.
Estão ambos a testar os seus próprios limites quando se dá
um acidente. Stan acorda de um coma depois deste grave
acidente, descobrindo que os especialistas em genealogia
procuram um indivíduo cuja identidade corresponde à sua. Em
vez de se questionar sobre esta filiação testamentária, toma
posse da herança do professor Starkov e embarca para o país
de Las Estrellas. Uma odisseia de purificação onde a intuição
e a telepatia aceleram a viagem no tempo. “Dharma Guns”
revisita o mito de Orfeu e Eurídice combatendo a tirania do
Todo Poderoso-Tempo. Primeira exibição na Cinemateca.
de José Nascimento
 Dia 09, Quarta-feira,
com Nuno Melo, Catarina Wallenstein, Pedro Hestnes,
Francisco Nascimento, Vítor Norte
SILÊNCIO
Portugal, 2007 – 102 min | M/12
Numa noite de inverno, Joaquim convida o irmão, a mulher e a
sobrinha para jantar. Um crime acontece e Joaquim foge com
a sobrinha. Num cenário inóspito e duro, marcado pela neve e
pelo frio, os dias e as noites sucedem-se numa fuga constante
e numa ligação amorosa insustentável. Tal como dos seus
outros filmes, José Nascimento diz que “LOBOS é um retrato
dos portugueses e de um país adiado”. Nuno Melo interpreta
a personagem protagonista de Joaquim, contracenando com
Catarina Wallenstein.
 Dia 08, Terça-feira,
19:00
 Dia 10, Quinta-feira,
19:00
LE TRÉSOR DES ÎLES CHIENNES
de F. J. Ossang
com Stéphane Ferrara, Serge Avédikian, Diogo Dória,
José Wallenstein, Pedro Hestnes
França, Portugal, 1990 – 112 min / leg. eletronicamente em português | M/12
com a presença de F.J. Ossang
de François-Jacques Ossang
com António Câmara, Elvire
França, Portugal, 2006 – 20 min / legendado eletronicamente em português
DOCTEUR CHANCE
de François-Jacques Ossang
com Pedro Hestnes, Marisa Paredes, Stéphane Ferrara
França, 1998 – 100 min / legendado eletronicamente em português
duração total da projeção: 120 min | M/12
com a presença de F.J. Ossang
Filmado nos confins do Chile, DOCTEUR CHANCE retoma
vários elementos do filme de gangsters, do filme negro e do
19:00
road movie, misturando as múltiplas filiações que formam
o universo de F.J Ossang, entre as quais Godard, a banda
desenhada e a New Wave. A partir de uma trama narrativa
sobre um tráfico de falsos quadros, que serve de pretexto
à realização, Ossang faz um trabalho sofisticado sobre os
diálogos, que levam em consideração a música da língua
e são frequentemente rimados. O filme arrasta-nos para
uma aventura “que ressuscita a vanguarda romanesca dos
anos vinte, revista e corrigida pela contracultura elétrica,
pela pose ingénua e poética da música popular de guitarras
incendiárias” (Vincent Ostria). A sessão abre com SILÊNCIO
(primeira exibição na Cinemateca) que, com VLADIVOSTOK e
CIEL ÉTIENT, forma aquilo a que Ossang chamou a “Trilogia da
Paisagem”. É um poema visual.
Esta coprodução franco-portuguesa, a preto e branco e em
scope, foi filmada em Portugal continental e nos Açores,
devido à atração do realizador “pelos solos de hidratos de
carbono, pelas regiões com forte atividade sísmica”. A trama
narrativa evoca a de muitos filmes do período clássico, com
uma expedição que parte em busca de um cientista que fez
uma importante descoberta e desapareceu. A realização,
evidentemente, nada tem de clássica e o filme foi considerado
“uma bomba, que estilhaça os pontos de referência, os
horizontes geográficos e ficcionais, do cinema francês”, na
opinião de Frédéric Strauss, nos Cahiers du Cinéma. LE TRÉSOR
DES ÎLES CHIENNES une uma imaginação delirante a uma
grande beleza formal.
IN MEMORIAM MARIA BARROSO
BENILDE OU A VIRGEM MÃE
de Manoel de Oliveira
com Maria Amélia Matta, Jorge Rola, Jacinto Ramos, Maria
Barroso, Augusto de Figueiredo, Glória de Matos
Portugal, 1974 – 106 min | M/12
BENILDE OU A VIRGEM MÃE é a adaptação fiel da peça
homónima de José Régio (1947) e foi o filme que marcou a
consagração internacional de Oliveira. É uma obra que nos
leva à significação última da corporalidade e da oralidade,
permanentes manifestações da morte ou da luta contra
ela. Maria Barroso e Augusto de Figueiredo que, à data da
estreia da peça tinham representado os protagonistas, surgem
agora nos papéis da criada e do padre. Foi um dos últimos
filmes apoiados pelo Centro Português de Cinema e um dos
primeiros a ser apoiado pelo recém-criado fundo do Instituto
Português de Cinema, um mês antes da Revolução. Teve
estreia discreta no quente mês de novembro de 1975. Acusado
de ter realizado um filme reacionário, à época Oliveira dizia:
“o cinema revolucionário está atrasado face à revolução”.
BENILDE foi pretexto para acesas polémicas em que se debatia
o futuro de um país, mas também o futuro do cinema. Maria
Barroso interpreta Genoveva, a velha criada, guardiã da jovem
Benilde, o papel que trinta anos antes lhe coubera e lhe valera
a consagração, no palco do Teatro D. Maria II.
 Dia 10, Quinta-feira,
21:30
IN MEMORIAM NUNO MELO
A FILHA
de Solveig Nordlund
com Nuno Melo, Joana Bárcia, Margarida Marinho,
Cláudio da Silva, Alexandre Falcão, Cecília Guimarães
Portugal, 2003 – 77 min | M/16
Com argumento original da realizadora e Mário de Carvalho,
A FILHA segue a história do desencontro entre um homem de
45 anos, produtor de televisão de sucesso concentrado na sua
carreira, e a sua filha que, à beira do 18º aniversário, acusa a
ausência paterna na sua vida, faz-lhe um ultimato (que ele
falha) e abandona a casa forçando uma viagem de procura e
tentativa de reconhecimento. Nuno Melo é “o pai” de Joana
Bárcia, “a filha”. Primeira exibição na Cinemateca.
UM DIA TRUFFAUT
EM COLABORAÇÃO COM A ORFEU NEGRO E COM A LINHA DE SOMBRA
As três sessões programadas para “Um Dia Truffaut”
na Cinemateca surgem de uma proposta associada à
recente edição portuguesa, pela Orfeu Negro, de Os
Filmes da Minha Vida de François Truffaut. Originalmente publicado em 1975, o livro reúne mais de uma
centena de artigos escritos por Truffaut entre 1955 e
1974 e por ele selecionados, sobre filmes de Hitchcock,
Welles, Chaplin, Dreyer, Renoir, Cocteau ou Vigo, entre
muitos outros, incluindo os cúmplices Nouvelle Vague
de Truffaut. Em colaboração com a Orfeu Negro e
em três sessões concebidas em diálogo com Francisco
Valente, autor do prefácio desta edição portuguesa
(“O Menino Selvagem”), o programa proposto reúne
filmes de Truffaut (LES MISTONS, ANTOINE ET COLETTE, JULES ET JIM) e obras de autor que para ele
tiveram uma importância essencial: Jean Cocteau (LE
SANG D’UN POÈTE), Jean Vigo (ZÉRO DE CONDUITE) e
Jean Renoir (UNE PARTIE DE CAMPAGNE).
A edição Os Filmes da Minha Vida é lançado no
mesmo dia, 24 de setembro, cerca das 20h, depois
do final da sessão das 19h, na Livraria Linha de
Sombra, onde decorrerá uma conversa moderada
por Francisco Valente com António da Cunha Telles
e Pedro Mexia.
ANTOINE ET COLETTE
SALA M• FÉLIX RIBEIRO
 Dia 24, Quinta-feira,
15:30
ANTOINE ET COLETTE
de François Truffaut
com Jean-Pierre Léaud, Marie-France Pisier
França, 1962 – 29 minutos / legendado em português
LE SANG D’UN POÈTE
de Jean Cocteau
[9]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
DOUBLE BILL
Na habitual rubrica que ocupa as matinés de sábado à tarde (dois filmes, uma sessão, um bilhete único), emparelhamos John Cassavetes e William Dieterle (HUSBANDS e THE LAST FLIGHT), Alfred Hitchcock e Jean-Claude
Brisseau (VERTIGO e LA FILLE DE NULLE PART), Joseph L. Mankiewicz e Philippe Garrel (THE GHOST AND MRS.
MUIR e LA FRONTIÈRE DE L’AUBE), e Edgar G. Ulmer e Brian de Palma (DETOUR e FEMME FATALE).
com Enrique Rivero, Pauline Carton, Odette Talazac
França, 1930 – 55 min / sem legendas
duração total da sessão: 84 min | M/12
Depois de LES 400 COUPS, Truffaut quis filmar a continuação
das aventuras de Antoine Doinel, embora não desejasse
explorar um filão. A primeira “sequela” das aventuras da
personagem é uma curta-metragem, que se insere num filme
em episódios, formato muito praticado nos anos sessenta.
Em ANTOINE ET COLETTE, Antoine Doinel apaixona-se por
uma rapariga que conhece num concerto de música clássica,
corteja-a, mas como se torna amigo dos pais dela, ela acaba
por rejeitá-lo. LE SANG D’UN POÈTE, primeira incursão de
Jean Cocteau no cinema é um clássico da vanguarda francesa.
O filme contém elementos autobiográficos que voltam em
várias obras de Cocteau e algumas das suas obsessões, como
os espelhos e a passagem para “o outro lado”.
 Dia 24, Quinta-feira,
19:00
LA FRONTIÈRE DE L’AUBE
LES MISTONS
de François Truffaut
 Dia 05, Sábado, 15:30
com Bernadette Laffont, Gérard Blain
HUSBANDS
França, 1957 – 23 min / legendado em português
Maridos
de John Cassavetes
ZÉRO DE CONDUITE
feminino. LA FILLE DE NULLE PART esclarece a perspetiva redutora do cinema de Brisseau a esta associação, compondo-se
como um filme cuja delicadeza segue a par da concentração
de meios. Praticamente filmado no cenário único do apartamento parisiense do próprio Brisseau, é um filme de poucos
atores e onde os atores assumem também os principais papeis da equipa técnica, começando pelo realizador. VERTIGO é
apresentado em cópia digital.
Zero em Comportamento
de Jean Vigo
com John Cassavetes, Ben Gazzara, Peter Falk
com Jean Dasté, Louis Lefebvre, Gilbert Pruchon
THE LAST FLIGHT
França, 1933 – 45 min / legendado em português
de William Dieterle
duração total da sessão: 68 min | M/12
com Richard Barthelmess, Helen Chandler,
David Manners, John Mack Brown
THE GHOST AND MRS. MUIR
Estados Unidos, 1931 – 80 min / legendado em espanhol
O Fantasma Apaixonado
de Joseph L. Mankiewicz
Bernadette Laffont foi uma das atrizes favoritas da Nouvelle
Vague, nomeadamente de Chabrol, trabalhando também
com Rivette, Eustache, Pollet e Garrel. Baseado num conto
de Maurice Pons, LES MISTONS é o seu filme de estreia (aos
19 anos) e o primeiro filme profissional de Truffaut, no qual
Laffont faz o papel de uma jovem que é adorada e desejada
de longe pelos adolescentes de uma cidade de província. Obra-prima violenta, ZÉRO DE CONDUITE é situada num internato
e culmina na revolta das crianças contra a autoridade. Esteve
proibido em França durante doze anos.
 Dia 24, Quinta-feira,
21:30
UNE PARTIE DE CAMPAGNE
Passeio ao Campo
de Jean Renoir
com Sylvia Bataille, Jane Marken, Gabriello, Georges Darnoux
França, 1936 – 40 min / legendado em português
JULES ET JIM
Jules e Jim
de François Truffaut
com Jeanne Moreau, Oskar Werner, Henri Serre
França, 1962 – 100 min / legendado em português
duração total da sessão: 140 min | M/12
UNE PARTIE DE CAMPAGNE, cuja rodagem foi interrompida no
verão de 1936 e cuja montagem foi concluída dez anos mais
tarde a partir do material então filmado (a sua génese alimenta
uma das lendas da história do cinema), é uma das obras-primas
de Renoir, no seu período mais fértil. Adaptando um conto de
Maupassant, Renoir assina o mais impressionista dos seus filmes
em acordo com o universo pictórico do seu pai Pierre Auguste,
mas UNE PARTIE DE CAMPAGNE é um filme do movimento. O
dos elementos na imagem (a água do rio, o vento nas árvores) e
o da fluidez da câmara. JULES ET JIM é um título fundamental,
não só da Nouvelle Vague mas de toda a obra de Truffaut, que
ousou realizar um filme “de época”, o que era absolutamente
insólito para o jovem cinema de então, guardando o tema da
liberdade sexual, uma das marcas da Nouvelle Vague. Baseado
num romance de Henri-Pierre Roché, o filme conta a história
da relação triangular entre dois homens e uma mulher, numa
construção em espiral, rumo a um final trágico e pacificador.
Para Jeanne Moreau, Henri Serre e Oskar Werner bastava este
filme como garantia de imortalidade.
Estados Unidos, 1970 – 132 min / legendado eletronicamente em português
duração total da projeção: 212 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
No filme de Cassavetes, três amigos, casados e com filhos,
reencontram-se por ocasião da morte súbita de um antigo
companheiro. O reencontro e o choque levam-nos a repetir
uma das noites de farra dos seus tempos de juventude. Três
interpretações notáveis (Cassavetes, Gazzara e Falk) num
filme noturno e nova-iorquino, melancólico e nervoso, que
é um sério candidato ao título de “melhor filme de John
Cassavetes”. Adaptado do romance de John Monk Saunders,
THE LAST FLIGHT é um dos míticos “missing films” descoberto
na década de setenta. Conta a história do percurso de
quatro amigos no pós-guerra, sendo também o retrato de
uma “geração perdida”, que procura esquecer o drama no
álcool e no prazer fugaz dos sentidos. Foi o primeiro filme
americano de William Dieterle e inclui cenas que decorrem
em Lisboa. Desde a sua “redescoberta” muitos o consideram
o melhor filme de Dieterle. HUSBANDS é apresentado em
cópia digital.
 Dia 12, Sábado,
15:30
VERTIGO
A Mulher Que Viveu Duas Vezes
de Alfred Hitchcock
com James Stewart, Kim Novak,
Barbara Bel Geddes, Tom Helmore
Estados Unidos, 1958 – 128 min / legendado em português
LA FILLE DE NULLE PART
A Rapariga de Parte Nenhuma
de Jean-Claude Brisseau
com Jean-Claude Brisseau, Virginie Legeay,
Claude Morel, Lise Bellynck
França, 2012 – 91 min / legendado em português
duração total da projeção: 219 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
Duas mulheres que são uma só e um homem que numa procura recriar a imagem que tem da “outra”. Diz-se que Hitchcock
só filmou histórias de amor. Se dúvidas houvesse, VERTIGO
dissipava-as. É só a paixão (que chega à necrofilia) que motiva
o protagonista desta obra-prima de Hitch. O crime, a intriga
policial, aqui, não são mais do que o clássico “macguffin”, de
tal modo que o espectador se esquece que o crime fica sem
castigo. O saber de Hitchcock iludiu todas as censuras. Algumas das mais extasiantes cenas de VERTIGO passam-se dentro
de um museu, com Kim Novak inebriada face ao quadro que
a obceca fazendo de James Stewart um espectador inebriantemente obcecado por ela. LA FILLE DE NULLE PART é a mais
recente longa-metragem de um dos mais singulares cineastas franceses da atualidade, Jean-Claude Brisseau, de quem a
trilogia LES CHOSES SECRÈTES, LES ANGES EXTERMINATEURS
e À L’AVENTURE (2002/06/08) deram especialmente que falar, associando o trabalho de Brisseau à temática do desejo
 Dia 19, Sábado,
15:30
com Gene Tierney, Rex Harrison, George Sanders,
Anna Lee, Natalie Wood
Estados Unidos, 1947 – 104 min / legendado em português
LA FRONTIÈRE DE L’AUBE
A Fronteira do Amanhecer
de Philippe Garrel
com Louis Garrel, Laura Smet, Clementine Poidatz,
Olivier Massart
França, 2008 – 105 min / legendado em português
duração total da projeção: 209 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
Há quem o considere o mais belo filme do mundo. THE GHOST
AND MRS. MUIR conta a mais estranha história de amor, a
que une uma jovem ao fantasma de um capitão da marinha,
antigo proprietário da mansão que ela foi habitar. Amor a que
será fiel durante toda a vida terrena e que se prolongará pela
eternidade. Um par de eleição, Tierney e Harrison, num filme
em estado de graça. No filme de Garrel, Carole é uma estrela
de cinema cujo marido partiu para Hollywood. François, um
jovem fotógrafo, vai a sua casa fazer uma reportagem e
tornam-se amantes. Conseguirá François esquecer este amor
e enfrentar uma existência normal? De LA FRONTIÈRE DE
L’AUBE sobressai uma misteriosa atmosfera em grande parte
associada notável fotografia a preto e branco de William
Lubtchansky.
 Dia 26, Sábado,
15:30
DETOUR
de Edgar G. Ulmer
com Tom Neal, Ann Savage
Estados Unidos, 1945 – 67 min / legendado em português
FEMME FATALE
Femme Fatale
de Brian De Palma
com Rebecca Romjin-Stamos, António Banderas,
Peter Coyote, Eriq Ebouaney
Estados Unidos/França, 2002 – 110 min / legendado em português
duração total da projeção: 177 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
Um dos mais míticos filmes negros. DETOUR, realizado com poucos meios e muita imaginação, é a história de um homem que
tenta, em vão, fugir à fatalidade que paira sobre ele e que o leva
a enredar-se cada vez mais na teia que o há de destruir, como
o fio de telefone que estrangula a “mulher fatal”, sem que ele
dê por isso. Pouco a pouco, todas as alternativas desaparecem.
Uma obra-prima da série B, que parece antecipar um certo cinema dos anos sessenta. Um dos melhores filmes de Brian De
Palma, FEMME FATALE é uma obra labiríntica onde o passado, o
presente e o futuro se cruzam, numa alucinante montagem, seguindo uma misteriosa mulher implicada num audacioso roubo
de joias que tem lugar durante o Festival de Cannes.
SALA M• FÉLIX RIBEIRO
[10]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
ANTE-ESTREIAS
No espaço regularmente aberto a primeiras apresentações de filmes de produção portuguesa recente, mostram-se em setembro os mais recentes filmes de Olga Ramos, AMATEUR (produção B’lizzard), um retrato do fotógrafo
Carlos Relvas, e de João Rosas, MARIA DO MAR (prémio da competição nacional no Curtas Vila do Conde 2015);
a primeira obra de Francisco Valente, TENHO UM ROSTO PARA SER AMADO (que teve a sua primeira apresentação pública no Curtas Vila do Conde 2015); e ainda, de Manthia Diawara, DIALOGUE: WOLE SOYINKA ET L.S.
SENGHOR, coproduzido por Portugal (Maumaus – Escola de Artes Visuais), França (K’a yelema Productions) e
Alemanha (Goethe Institut). A sessão de MARIA DO MAR é complementada com a projeção do anterior filme
de Rosas, ENTRECAMPOS. A sessão de TENHO UM ROSTO PARA SER AMADO prossegue com a projeção de LA
VILLA SANTO SOSPIR, de Jean Cocteau.
 Dia 15, Terça-feira,
SESSÃO DE ABERTURA
Sessão especial de abertura do programa dedicado ao
cinema norueguês de Knut Erik Jensen com a apresentação do seu filme STELLA POLARIS (consultar entrada
do Ciclo nas páginas seguintes).
 Dia 18, Sexta-feira,
21:30
STELLA POLARIS
de Knut Erik Jensen
21:30
MARIA DO MAR
de João Rosas
com Francisco Melo, Miguel Carmo, Mariana Galvão,
Miguel Plantier, Paola Giufridda, Mestre André
Portugal, 2015 – 33 min
ENTRECAMPOS
deiros, Maria do Carmo Séren, Mark Osterman, Rute Magalhães e Sérgio Mah, AMATEUR pretende “dar visibilidade
ao trabalho técnico e artístico de Relvas através dos seus
retratos realizados no estúdio de luz natural da Golegã e
em exteriores no Ribatejo, Lisboa, Porto e no estrangeiro.
Imagens que nos trazem com surpreendente vivacidade espaços e vivências com mais de 100 anos.”
de João Rosas
 Dia 25, Sexta-feira,
com Francisca Alarcão. Francisco Melo,
João Simões, Miguel Carmo
DIALOGUE: WOLE SOYINKA ET L.S. SENGHOR
Portugal, 2012 – 32 min
Portugal, França, Alemanha, 2015 – 52 min | M/12
duração total da projeção: 65 min | M/12
com a presença de João Rosas
MARIA DO MAR é a mais recente curta-metragem de João
Rosas, recém distinguida com o prémio de melhor filme
da competição nacional no Curtas Vila do Conde 2015 e
apresentado no Festival de Locarno: “Um fim de semana de
verão numa casa rural na zona de Sintra. Nicolau, um rapaz
de 14 anos, passa dois dias na companhia do irmão mais velho,
Simão, e os amigos deste, todos a caminho dos 30. A bela e
reservada Maria do Mar é alvo da atenção de todos, mas
Nicolau é quem mais verá a sua vida perturbada por aquela
inesperada presença feminina”. A sessão prossegue com
ENTRECAMPOS, que João Rosas mostrou em “ante-estreia”
na Cinemateca em 2012. O filme segue a personagem de
Mariana, de 11 anos, acabada de mudar de Serpa para Lisboa
com o pai, iniciando um novo ano letivo.
 Dia 23, Quarta-feira,
21:30
AMATEUR
de Olga Ramos
Portugal, 2015 – 120 min | M/12
com a presença de Olga Ramos
O mais recente filme de Olga Ramos retrata Carlos Relvas,
pioneiro da fotografia no século XIX, “um homem de cultura e inovação, que deixou um impressionante legado de
aproximadamente 12.000 fotografias”, no entanto ainda
pouco conhecidas em Portugal e no mundo. Com os contributos de Alexandra Encarnação, Emília Tavares, Filipe Alves, France Scully, José Luís Neto, Luís Pavão, Margarida Me-
21:30
de Manthia Diawara
com a presença de Manthia Diawara, a confirmar
Construído com base em material de arquivo, o filme
documental de Manthia Diawara põe em cena um diálogo
entre Léopold Sédar Senghor e Wole Soyinka “em torno do
conceito da negritude. Há também a questão da pertinência
contínua desta filosofia relativamente à nossa abordagem da
arte contemporânea africana e da sua diáspora, da tolerância
religiosa, da identidade nacional e do multiculturalismo.”
 Dia 30, Quarta-feira,
21:30
TENHO UM ROSTO PARA SER AMADO
de Francisco Valente
com Bernardo Nabais, Maria Leite
Portugal, 2015 – 20 min | M/12
duração total aproximada da projeção (ver nota): 58 min
com a presença de Francisco Valente
A curta-metragem de estreia na realização de Francisco
Valente é “uma história de amor entre Lisboa e Paris”, de
título e movimento inspirados num poema de Paul Éluard:
“Durante muito tempo tive um rosto inútil / Mas agora /
Tenho um rosto para ser amado / Tenho um rosto para ser
feliz.” Os protagonistas são duas jovens personagens que se
encontram numa noite de verão e que, em Lisboa, vivem “o
fim da inocência”, como diz a sinopse. A sessão prossegue com
LA VILLA SANTO SOSPIR, de e com Jean Cocteau (França, 1952
– 38 min / sem legendas | M/12): Magnífico exemplo do cinema
experimental francês, filmado num fabuloso Ektachrome, é o
filme que Cocteau nos guia através dos frescos que fez em
diversos quartos de uma moderna vivenda.
com Anne Krigsvoll, Ketil Høegh, Eirin Hargaut, Vegard Jensen
Noruega, 1993 – 89 min / sem diálogos | M/12
com a presença de Knut Erik Jensen
Foi a primeira longa-metragem de ficção de Knut Erik Jensen
ao cabo de uma série de trabalhos iniciados nos anos setenta
de cariz mais documental ou experimental. STELLA POLARIS
apresenta-se como um retrato visual do norte da Noruega, território conhecido como Finnmark que geograficamente faz fronteira com Troms, a Finlândia e a Rússia. Jensen concentra-se na
paisagem, no povo e na história da Finnmark do início dos anos
trinta ao fim da década de oitenta. “É, de diversos modos, um
filme peculiar, por exemplo sem voz off ou diálogos”, “o filme
de Jensen é simultaneamente espantosamente belo e profundamente trágico, e pode ser visto como emblemático do condado
de Finnmark e da sua história recente” (Holger Pötzsch).
DOCNOMADS
No âmbito de uma colaboração com o programa Docnomads, que já tem alguns anos, propõe-se a exibição
de um conjunto de documentários resultantes deste
mestrado internacional na área de realização documental, lecionado conjuntamente pela Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa,
pela Hogeschool Sint-Lukas de Bruxelas e pela Universidade de Teatro e Cinema de Budapeste. A sessão
é composta por quatro filmes resultantes da última
edição do Docnomads, exibidos e premiados em vários festivais internacionais. Um segundo conjunto de
filmes será mostrado em outubro.
 Dia 23, Quarta-feira,
19:00
BÉTAIL
de Joana Sousa
Portugal, Bélgica, 2014 – 26 min / sem diálogos
A PASSAGEM
de Sohel Rahman
Portugal, 2014 – 28 min / legendado em inglês
PLANO NACIONAL DE CINEMA
WALLS
A sessão é organizada no contexto da conferência “Entre Espaços: a escola e o cinema”, da iniciativa do Plano
Nacional de Cinema (PNC), constituído pela DGE-Direção Geral da Educação, pelo ICA-Instituto de Cinema e do
Audiovisual e pela Cinemateca. Focada na questão da formação de públicos, a conferência, é organizada pelo
PNC e pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em colaboração com a Cinemateca.
WITH ALL OUR CAMERAS
 Dia 18, Sexta-feira,
15:30
LOUISIANA STORY
de Robert Flaherty
com Joseph Boudreaux, Lionel Le Blanc, Frank Hardy
Estados Unidos, 1948 – 78 min / leg. eletronicamente em português | M/12
sessão apresentada por José Manuel Costa
e seguida de debate
Um dos mais célebres filmes de Robert Flaherty, espécie de
“poema” concebido por entre os pântanos de Louisiana,
para mostrar os riscos e dificuldades da extração de petróleo
naquela região. Mas o olhar do cineasta procura sobretudo
captar o quotidiano, os modos de vida da população local.
“A narrativa seria de novo centrada na figura de um miúdo,
um rapaz semisselvagem que vivia em comunhão plena com
o espaço natural e que acabaria por integrar a máquina de
prospeção de petróleo nesse mesmo mundo e no universo
mágico da sua própria imaginação. Era o prolongamento
direto e o ponto culminante de todas as histórias de crianças,
com as quais, ao longo de todas as obras anteriores, [Flaherty]
fizera seu o tema de iniciação. (As crianças de NANOOK, o
adolescente MOANA, o Mikelleen de MAN OF ARAN, o Toomai
de ELEPHANT BOY)” (José Manuel Costa).
de Miguel López Beraza
Hungria, 2014 – 11 min / legendado em português
de Miguel López Beraza
Hungria, Espanha, 2014 – 26 min / sem legendas
duração total da projeção: 91 min | M/12
com a presença de Joana Sousa, Sohel Rahman,
Miguel López Beraza
Quatro filmes realizados no âmbito do programa
internacional Docnomads, reunidos nesta sessão em virtude
da diversidade de dispositivos e linguagens cinematográficas
que convocam. Realizados entre Budapeste, Lisboa e Bruxelas
por alunos de diferentes nacionalidades, são documentários
que revelam diferentes pontos de vista sobre realidades
estranhas a muitos dos que as filmam. Em BÉTAIL (premiado
na competição Take One!, em Vila do Conde), Joana Sousa,
realizadora de origem portuguesa, filma uma exploração
bovina em Les Avins (Bélgica). Sohel Rahman, realizador
oriundo do Bangladesh, acompanha o quotidiano de duas
idosas pastoras algarvias. A sessão termina com dois filmes de
Miguel López Beraza. WALLS (prémio Goya 2015 para melhor
curta-metragem) documenta a vida de dois habitantes de
um prédio de Budapeste e WITH ALL OUR CAMERAS retrata
Sandor, vendedor de câmaras fotográficas antigas numa
feira nos arredores da cidade.
[11]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
SALA LUÍS DE PINA
FILMES
PORTUGUESES
LEGENDADOS
suave para tais voos de bacante. “De certo modo, transfigura
MUDAR DE VIDA, como transfigura Isabel Ruth“ (João Bénard
da Costa). Foi o filme do regresso de Paulo Rocha à ficção ao
cabo de uma década em que lhe foi impossível realizar projetos
como “O Naufrágio de Sepúlveda” sobre a história trágico-marítima portuguesa e é também o filme do começo da sua
colaboração na escrita com Regina Guimarães (uma constante
na obra de Rocha até SE EU FOSSE LADRÃO… ROUBAVA).
Vindo de julho, prossegue em setembro o Ciclo de
filmes portugueses legendados, destinado não apenas
aos espectadores que vivem em Lisboa, mas também
aos cinéfilos que nos visitam. O programa é composto
por dez filmes portugueses de vários períodos (da
década de trinta aos anos dois mil), em cópias legendadas em inglês ou em francês.
 Dia 10, Quinta-feira,
 Dia 01, Terça-feira,
18:30
RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA
de João César Monteiro
com João César Monteiro, Manuela de Freitas, Teresa Calado,
Luís Miguel Cintra, Ruy Furtado, Henrique Viana
Portugal, 1989 – 119 min / legendado em francês | M/16
RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, “uma comédia lusitana”,
marca o nascimento de João de Deus, personagem cáustica
e poética que só João César Monteiro poderia interpretar. À
primeira vez, saído de um manicómio para divagar diletante
por Lisboa e “dar-lhes trabalho”, João de Deus encanta-se com
uma menina que toca clarinete, passa uma noite de amor sob
o olhar de Stroheim em imagem pregada na parede em cima
da cama da pensão e transfigura-se em criatura das trevas
como Nosferatu no fim do filme.
 Dia 02, Quarta-feira,
18:30
O BOBO
de José Álvaro Morais
com Fernando Heitor, Paula Guedes, Isabel Ruth, João Guedes
Portugal, 1987 – 120 min | legendado em inglês | M/12
O projeto inicial deste filme, uma adaptação de O Bobo de
Alexandre Herculano, tornou-se, com o tempo, uma reflexão
sobre a obra literária e a sua representação contemporânea.
O filme é fascinante porque reflete, na sua construção, a
passagem do tempo (acossado por inúmeras dificuldades de
produção, o processo de feitura do filme foi longuíssimo) e as
transformações da sociedade portuguesa nos anos a seguir ao
25 de abril de 1974. Um filme fundamental na cinematografia
portuguesa dos últimos 40 anos.
18:30
BELARMINO
de Fernando Lopes
com Belarmino Fragoso, Albano Martins, Júlia Buisel
Portugal, 1964 – 72 min | legendado em francês | M/12
É um dos filmes chave do Cinema Novo Português, produzido
por António Cunha Telles com uma equipa pequena de jovens
iniciados e baixo orçamento pouco depois de OS VERDES ANOS
de Paulo Rocha. BELARMINO capta uma Lisboa noturna e
marginal como até então ninguém a tinha filmado. Utilizando
métodos semelhantes aos do cinema direto, Fernando Lopes
segue Belarmino Fragoso, um pugilista, e através dele mostra
os sinais de uma cidade (e de um país) à beira do sufoco.
“BELARMINO é o nosso ‘filme negro’, o nosso filme de guerra,
de gangsters ou de aventuras: fala da solidão e do medo. Fala
de algo universal e por isso resiste” (José Manuel Costa).
 Dia 11, Sexta-feira,
18:30
OSSOS
de Pedro Costa
com Nuno Vaz, Maria Lipkina, Isabel Ruth
Portugal, 1997 – 94 min / legendado em inglês | M/12
A terceira longa-metragem de Pedro Costa centra-se em
personagens que habitam o então existente Bairro das
Fontainhas nos arredores de Lisboa. “Muito mais do que uma
estocada na má consciência burguesa, OSSOS é um filme que a
transforma numa parada de ‘zombies’, de ‘mortos em licença’
e o bairro é, aqui, todo o mundo” (Luís Miguel Oliveira).
 Dia 14, Segunda-feira,
18:30
APARELHO VOADOR A BAIXA ALTITUDE
de Solveig Nordlund
com Miguel Guilherme, Margarida Marinho, Rui Morrison,
Rita Sá, Canto e Castro, Isabel de Castro
Portugal, 2001 – 80 min / legendado em inglês | M/12
de Manoel de Oliveira
Solveig Nordlund adapta o conto de Ballard (Low Flying Aircraft), filmando, numa Tróia abandonada e quase deserta, “um
futuro próximo” no qual a espécie humana enfrenta a iminência
da extinção por males vindos de mutações genéticas no seio de
uma sociedade que perdeu o interesse pelo amor. Contrariando
as leis em vigor, uma mulher decide dar à luz uma criança. “Penso que todas as histórias de J.G. Ballard são filmáveis e penso ter
pensado em todas elas como filmes” (Solveig Nordlund).
com Teresa Meneses, Diogo Dória, Manuela de Freitas,
Mário Barroso, João Guedes
 Dia 15, Terça-feira,
Portugal, 1981 – 167 min / legendado em inglês | M/12
O CERCO
FRANCISCA é o filme da última heroína da “tetralogia dos
amores frustrados” (interpretada por Teresa Meneses).
Oliveira filma a partir do romance Fanny Owen de Agustina
Bessa-Luís, escrito com base em factos verídicos (Porto, século
XIX, círculo intelectual e boémio de que fazia parte Camilo
Castelo Branco). FRANCISCA é um filme de espelhos e reflexos.
Uma das obras máximas de Oliveira.
de António da Cunha Telles
com Maria Cabral, Miguel Franco, Ruy de Carvalho, Zita
Duarte, Lia Gama, Manuela Maria, Armando Cortez, Mário
Jacques, David Hudson
 Dia 03, Quinta-feira,
18:30
FRANCISCA
 Dia 04, Sexta-feira,
18:30
O PAI TIRANO
de António Lopes Ribeiro
com Vasco Santana, Francisco Ribeiro/Ribeirinho,
Leonor Maia (Tatão), Arthur Duarte, Laura Alves
Portugal, 1941 – 114 min, legendado em francês | M/12
O melhor filme de Lopes Ribeiro e, possivelmente, a melhor
“comédia à portuguesa” no que tem de retrato da pequena
burguesia no começo da década de quarenta. Jogo entre o
teatro e a vida real com Vasco Santana na sua mais famosa
criação no cinema.
 Dia 07, Segunda-feira,
18:30
O RIO DO OURO
de Paulo Rocha
com Isabel Ruth, Lima Duarte, Joana Bárcia, João Cardoso,
Filipe Cochofel, José Mário Branco
Portugal, França, Brasil, 1998 – 101 min / legendado em inglês | M/12
Inspirado em cantigas populares, romances de cordel e dramas
“de faca e alguidar”, O RIO DO OURO (um projeto acalentado
por Rocha desde OS VERDES ANOS) foi aclamado pela crítica
depois da sua estreia mundial em Cannes, sendo, para alguns,
a obra-prima de Paulo Rocha. Um filme possuído por uma
força telúrica, onde pulsam a paixão e a violência, dominado
pela “parte maldita”, com a paisagem do rio Douro ao fundo.
E a outro fundo tudo arrasta Isabel Ruth, Carolina, nome
18:30
Portugal, 1970 – 115 min | legendado em francês | M/12
Eco tardio do Cinema Novo português dos anos sessenta (foi realizado com película 35mm vinda da rodagem de MUDAR DE VIDA
de Paulo Rocha), o filme em que Cunha Telles se estreou no duplo papel de argumentista e realizador foi também o filme que
revelou a extraordinária fotogenia de Maria Cabral, aqui no papel de uma personagem que atravessa o filme, tão cercada com
a cidade com que a sua história se mistura: Lisboa, 1969. Produção Cinenovo Filmes, com produção executiva de Virgílio Correia,
tem fotografia de Acácio de Almeida e música de António Victorino d’Almeida. Apresentado em Cannes em maio de 1970, foi um
grande sucesso público do cinema português dos anos setenta.
 Dia 17, Quinta-feira,
18:30
UM ADEUS PORTUGUÊS
de João Botelho
com Ruy Furtado, Isabel de Castro, Maria Cabral, Fernando
Heitor, Cristina Hauser, João Perry
Portugal, 1986 – 83 min / legendado em francês | M/12
UM ADEUS PORTUGUÊS aborda os efeitos da guerra colonial
nos portugueses e desenvolve-se como uma reflexão sobre o
tempo presente. Estas marcas são dadas pela ausência de um
soldado morto na guerra, através de um reencontro familiar
doze anos passados sobre a sua morte. Por detrás da cortesia, as
personagens nada têm a dizer umas às outras. Com sequências
a preto e branco da África portuguesa em 1973 e sequências a
cores de Portugal em 1985, a segunda longa-metragem de João
Botelho é uma história de guerra e uma história de resignação
e fatalismo. A citação inicial que antecipa a impressão de um
país amargurado é de Alexandre O’Neill: “A esta pequena dor
à portuguesa / tão mansa quase vegetal”.
STELLA POLARIS
KNUT ERIK
JENSEN
Knut Erik Jensen (nascido em 1940, na pequena cidade
costeira de Honningsvåg, na região do norte da Noruega comummente conhecida como Finnmark) é autor
de uma prolífera obra desconhecida em Portugal que
assina como produtor e realizador independente, um
dos mais conhecidos e produtivos do panorama do cinema norueguês contemporâneo. No decorrer de nove
sessões e concentrando-se apenas no seu trabalho para
cinema (Jensen tem igualmente uma vasta obra filmada
para televisão, tendo colaborado com a estação televisiva NRK entre 1978 e 2010), a apresentação de sete
longas e nove das suas curtas-metragens propõe um
olhar sobre o seu trabalho que abrange as vertentes documental, de ficção e “experimental”. Às “categorias”,
o realizador prefere a designação de “filmes pessoais”,
“sobre o mar, os peixes, o amor e a morte”. Começou
a realizá-los nos anos setenta, desde logo influenciados
pela experiência de uma infância vivida em tempo de
guerra mas também fortemente marcados pela vivência
na região litoral do norte da Noruega, as suas paisagens
e clima agrestes, as condições de vida e o espírito da sua
população intimamente ligados à atividade pesqueira:
Jensen passou alguns dos seus primeiros anos no campo
de Trondenes perto de Honningsvåg, na sequência da
evacuação da população forçada pela ocupação alemã,
e mais tarde conheceu de perto os efeitos subsequentes
da Guerra Fria. É uma marca que atravessa de diversos modos a sua obra, sendo de assinalar, a título de
exemplo, que nos anos oitenta Jensen assinou a série
documental de oito horas (transmitida em seis programas televisivos) sobre a Segunda Guerra na Finnmark
e a reconstrução do norte da Noruega, FINNMARK
MELLOM ØST OG VEST / “FINNMARK ENTRE O ORIENTE
E O OCIDENTE” (1983/85). Por outro lado, o seu cinema
parece ser indissociável do epicentro da paisagem ártica
e do seu povo.
Em 1974, quatro anos depois da estreia na realização (com GRETE PÅ KRIKEGÅRD I LENINGRAD APRIL
1970, programado neste Ciclo) a sua terceira obra
documental, FARVEL DA, GAMLE KJELVIKFJELL / “ENTÃO ADEUS, VELHO KJELVIRMOUTAIN” (igualmente
programado) foi o filme que o “lançou”, abrindo
caminho ao seu trabalho posterior. Frequentemente
referida como “um poema da e para a Finnmark”, a
primeira longa-metragem de ficção de Jensen data
de 1993: STELLA POLARIS (distinguido com diversos
prémios, a ver na abertura do Ciclo) retrata cerca de
40 anos da história da região a partir das memórias e
sonhos de uma mulher e foi o primeiro título de uma
trilogia também formada pelos posteriores BRENT AV
FROST / “QUEIMADO PELO GELO” e NÅR MØRKET ER
FORBI / “PASSANDO A ESCURIDÃO” (como as respetivas notas esclarecem). Centrados no coro masculino
da pequena aldeia de Berlevåg (fundado em 1917),
e por conseguinte documentado aspectos da vida na
Finnmark, a “dupla” HEFTIG OG BEGEISTRET / COOL
& CRAZY e HEFTIG OG BEGEISTRET På SANGENS
SALA LUÍS DE PINA
[12]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
VINGER / COLL & CRAZY ON THE ROAD (2001/02) foi
um assinalável êxito internacional, tanto no circuito
dos festivais de cinema em que o trabalho de Jensen
costuma ser divulgado como em termos de público,
na Noruega e internacionalmente. Knut Erik Jensen
produziu, realizou, filmou e montou parcialmente
cerca de 65 filmes até esta data – como se lê na sua
nota biográfica – que refere ainda a apresentação de
trabalhos seus em galerias de arte. A sua mais recente
exposição intitula-se “24 Imagens por Segundo” e
foi mostrada pela primeira vez no Museu de Arte do
Norte da Noruega, em Tromsø, em 2010.
O programa agora organizado na Cinemateca privilegia a apresentação das longas-metragens de ficção
de Jensen mas também inclui duas sessões de curtas-metragens expressivas do seu trabalho bem como o
documental DET AKUTTE MENNESKE. Inéditos comercialmente em Portugal, todos os filmes do programa
são primeiras exibições na Cinemateca.
Knut Erik Jensen acompanha a apresentação dos
seus filmes em Lisboa, em que terá lugar, em ocasião a anunciar, uma conversa sobre a obra do realizador com este e Luís Rocha Antunes, investigador
e profundo conhecedor do seu trabalho. A sessão
de abertura, com STELLA POLARIS, primeira longa-metragem de ficção de Knut Erik Jensen (1993),
tem lugar na sala M. Félix Ribeiro, às 21h30 de 18
de setembro (ver entrada respetiva).
“O meu pai Togo Jensen passeia-se até ao porto, pesca uns
peixes e regressa a casa. Repara redes de peixe e sorri para a
câmara” (K.E. Jensen).
 Dia 22, Terça-feira,
HEFTIG OG BEGEISTRET På SANGENS VINGER /
COLL & CRAZY ON THE ROAD
GRETE PÅ KRIKEGÅRD I LENINGRAD APRIL 1970
com Odd Marino Frantzen, Einar F.L. Strand,
Arne Wensel, Kare Wensel
“Grete numa Praça em Leningrado 1970”
Noruega, 2002 – 105 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Noruega, 1970-2010 – 5 min / sem diálogos
O assinalável êxito de COOL & CRAZY pôs o coro masculino
de Berlevåg na ribalta, fazendo deles “ícones nacionais” na
Noruega mas também oferecendo-lhes a atenção internacional.
Quando o coro foi convidado para uma digressão nos Estados
Unidos no outono de 2001 (a maioria dos membros do coro,
o mais velho dos quais com 96 anos, nunca estivera nos EUA),
Knut Erik Jensen acompanhou-os e reincidiu. O resultado é
este COLL & CRAZY ON THE ROAD, uma crónica sobre trinta
cantores em digressão nos EUA muito pouco tempo depois do
11 de setembro de 2001.
PIA
Noruega, 2012 – 5 min / sem diálogos
“Um Mundo Frio”
18:30
22:00
de Knut Erik Jensen
22:00
KALD VERDEN
 Dia 21, Segunda-feira,
 Dia 23, Quarta-feira,
Noruega, 1986 – 13 min / sem diálogos
BRENT AV FROST
ROSORNAS VÄG
“Queimado pelo Gelo”
de Knut Erik Jensen
“A Rua das Rosas”
com Stig Henrik Hoff, Bengt Altmann,
Harald Andersen, Stig R. Andersen
LENGSEL ETTER NÅTID
“À Espera do dia de Hoje”
 Dia 24, Quinta-feira,
Noruega, 1997 – 97 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Noruega, 2011 – 13 min / sem diálogos
DET AKUTTE MENNESKE
BRENT AV FROST (BURNT BY FROST) é a “segunda parte” de
uma trilogia formada com STELLA POLARIS e NÅR MØRKET
ER FORBI. A história constrói-se à volta da personagem de um
jovem pescador do norte, Simon, que se torna espião soviético
durante o período que medeia entre o pós-Guerra e a queda
do muro de Berlim. O filme de Jensen lida com “a memória da
política norueguesa – a perceção e a representação equívocas
das identidades e subjetividades do norte no quadro de um
discurso histórico e político centralizado” (Holger Pötzsch).
LIVETS RØST
“Voz da Vida”
O Homem de Akutte
de Knut Erik Jensen
Noruega, 2013 – 16 min / legendado eletronicamente em português
Noruega, 2011 – 110 min / legendado eletronicamente em português | M/12
de Knut Erik Jensen
duração total da projeção: 80 min | M/12
A sinopse de DET AKUTTE MENNESKE (THE ACUTE MAN)
apresenta-o como um retrato do médico e idealista Mads
Gilbert (nascido em 1947), conhecido como “o médico de
Gaza”, que foi responsável pelo Departamento de medicina da
Universidade do Ártico na Noruega (em Tromsø) e trabalhou
como ativista político pelo mundo inteiro, tendo estado
especialmente envolvido em ações de solidariedade com o
povo palestiniano.
Noruega, 2000 – 28 min / legendado eletronicamente em português
 Dia 21, Segunda-feira,
22:00
NÅR MØRKET ER FORBI
“Passando a Escuridão”
de Knut Erik Jensen
com Stig Henrik Hoff, Snorre Tindberg, Gørild Mauseth
Noruega, 2000 – 94 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Terceira longa-metragem de ficção de Jensen e “capítulo” final
da trilogia iniciada em STELLA POLARIS, baseado num romance
de Alf R. Jacobsen que justapõe um conto de pescadores e a
ocupação nazi da Noruega durante a Segunda Guerra bem
como a época contemporânea. No título internacional, PASSING
DARKNESS. “Um trabalho acentuadamente experimental, de
novo um elogio à paisagem ártica e a sua gente resiliente
num filme de grande tensão mas emocionalmente contido”
(Deborah Young, Variety).
 Dia 22, Terça-feira,
18:30
FARVEL DA, GAMLE KJELVIKFJELL
“Então Adeus, Velho Kjelvirmoutain”
Noruega, 1974 – 45 min / legendado eletronicamente em português
200 KG PÅ STAMPEN
“Um Bom Arrasto”
Noruega, 1977 – 30 min / sem diálogos
GRETE PÅ KRIKEGÅRD I LENINGRAD APRIL 1970 (GRETE ON
A CHURCHYARD IN LENINGRAD APRIL 1970) é a atual versão
da primeira obra de Knut Erik Jensen, integrando a exposição
“24 Imagens por Segundo”, no Museu de Arte do Norte da
Noruega. Originalmente filmado em 8mm é composto pelas
imagens de uma mulher a vaguear sozinha numa praça
deserta em Leninegrado. PIA é um retrato de um bebé recém-nascido, composto por grandes planos fragmentários a preto
e branco. KALD VERDEN é o segundo título de uma trilogia
sobre Svalvard (com SVALBARD I VERDEN e MIN VERDEN,
de 1983 e 87), que combina uma montagem de imagens do
território ártico norueguês banhado pelo oceano glacial ártico,
o mar de Barents, o mar da Noruega e o da Gronelândia (o
ponto do planeta permanentemente habitado mais próximo
do Polo Norte) com música de Cecilie Ore. ROSORNAS VÄG
(THE ROAD OF ROSES) evoca uma conturbada história de
amor entre uma enfermeira sueca e um prisioneiro de guerra
durante a Segunda Guerra. LENGSEL ETTER NÅTID (LONGING
FOR TODAY) apresenta-se simultaneamente como uma curta-metragem e o trailer para a longa-metragem homónima: um
rapaz e uma rapariga tentam encontrar o seu caminho no
futuro depois de uma guerra. LIVETS RØST (VOICE OF LIFE)
é uma ficção inspirada no conto homónimo de Knut Hamsun
(1903): “Um homem e uma mulher encontram-se e separam-se em Hollywood Boulevard. Conhecem-se, já se encontraram
antes? Vão voltar a encontrar-se? O que é o sonho e o que é
a realidade?”
 Dia 23, Quarta-feira,
18:30
TOGO JENSEN (1904-1983)
HEFTIG OG BEGEISTRET / COOL & CRAZY
Noruega, 2012 – 4 min / sem diálogos
de Knut Erik Jensen
de Knut Erik Jensen
duração total da projeção: 79 min | M/12
Da fase inicial da filmografia de Knut Erik Jensen, o primeiro
filme do alinhamento (internacionalmente conhecido por
FAREWELL THEN, OLD KJELVIKMOUTAIN) é um retrato da
vida de três homens solteiros numa aldeia piscatória deserta
no norte da Noruega, “um dos pontos altos do trabalho
cinematográfico de Jensen e um dos mais importantes filmes
noruegueses dos anos setenta” (Gunnar Iversen). 200 KG PÅ
STAMPEN (A GOOD HAUL) centra-se na atividade da pesca
à linha nas imediações da ilha Magerøy na mesma região.
TOGO JENSEN (1904-1983) é um retrato do pai do realizador:
com Odd Marino Frantzen, Einar F.L. Strand,
Arne Wensel, Kare Wensel
Noruega, 2001 – 104 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Sobre e com o coro masculino de Berlevåg ao longo de
quatro estações, COOL & CRAZY é um exemplo deste milénio
do trabalho continuado de Knut Erik Jensen no campo dos
designados “documentários musicais”. “Filme de culto à
espera de um culto, COOL & CRAZY é provavelmente o melhor
documentário alguma vez feito sobre os membros de um coro
masculino numa minúscula aldeia piscatória norueguesa muito
perto do polo norte” (Dave Kehr, The New York Times).
 Dia 25, Sexta-feira,
18:30
18:30
ISKYSS
“Beijo de Gelo”
de Knut Erik Jensen
com Ellen Dorrit Petersen, Aleksander Bukharov,
Per Egil Aske
Noruega, 2008 – 82 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Baseado na história verídica da espiã norueguesa Gunvor Galtung Haavik e do seu amante russo Vladimir Kozlov, que se
conheceram durante a Segunda Guerra no norte da Noruega,
numa altura em que ele era um prisioneiro de guerra a trabalhar numa fábrica de peixe e ela enfermeira no hospital.
E que, depois da guerra, voltaram a encontrar-se na União
Soviética e com o KGB. O enredo de ISKYSS progride dispensando a cronologia, com base na correspondência da protagonista feminina. Knut Erik Jensen retoma aqui uma história
que filmara no documental MIN KJAERE VENN… / MY DEAR
FRIEND… (1994), de assinalável popularidade na Noruega.
SALA LUÍS DE PINA
[13]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
HISTÓRIAS DO CINEMA:
CYRIL NEYRAT / JEAN-LUC GODARD
Cyril Neyrat é crítico, programador e professor de cinema. Estudou ciências políticas e cinema e ensinou estética e história
do cinema em Paris VII, Paris III e na escola de arte e design de Genève. Foi editor e membro do comité de redação das
revistas francesas Vertigo e Cahiers du Cinéma e dirige as edições Independencia. Como programador, trabalha com
festivais de cinema como o FID Marseille e a Viennale e tem colaborado com a Cinemateca nos últimos anos através da sua
ligação ao programa “O Cinema à Volta de Cinco Artes, Cinco Artes à Volta do Cinema”, no contexto do Festival Temps
d’Images, acompanhando em Lisboa várias das diversas edições realizadas na Cinemateca como programador e autor
de textos publicados em português nos respetivos catálogos. É autor de uma monografia sobre François Truffaut (ed.
Cahiers du cinéma), de livros de entrevistas com Pedro Costa (publicado em português pela Orfeu Negro e a Midas Filmes:
Um Melro Dourado, Um Ramo de Flores, Uma Colher de Prata), Miguel Gomes, Jean-Claude Rousseau, Albert Serra (ed.
Capricci) ou Pierre Creton (ed. Independencia), para além de inúmeros textos publicados em obras coletivas e catálogos.
Dirigiu, com Philippe Lafosse, a edição dos escritos de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet (ed. Independencia). Tem
estudado particularmente as obras de Carmelo Bene, Jean-Daniel Pollet, Pier Paolo Pasolini e Jean-Luc Godard.
Jean-Luc Godard, é sabido, alimentado na cinefilia pura e dura da cinemateca francesa de Henri Langlois, começou a
“dar-nos trabalho” como “jovem turco” nas páginas do início amarelo dos Cahiers du Cinéma em 1950, estreando-se cinco
anos depois como realizador (UNE FEMME COQUETTE), outros tantos antes de À BOUT DE SOUFFLE. Incomparável tem
sido ao longo de mais de cem filmes (curtas, muito curtas e longas-metragens, mais ou menos “categorizáveis”, frequentemente assombrosamente “inclassificáveis”) no curso de mais de seis décadas que somam e seguem em pujança com
FILM SOCIALISME e ADIEU AU LANGAGE (2010/2014, as mais recentes longas). Na autobiografia de 1998, Jean-Luc Godard
par Jean-Luc Godard (ed. Cahiers du cinéma, coordenada por Alain Bergala), foi ele quem propôs como capítulos da sua
filmografia até esse momento “os anos Karina (1960-67)”, “os anos Mao (1968-74)”, “os anos vídeo (1975-1980)”, “os anos
entre o céu e a terra (1980-88)”, “os anos memória (1988-1998)”, onde cabem a Nouvelle Vague, a militância política, o
encontro com Jean-Pierre Gorin e a experiência coletiva do Grupo Dziga Vertov, o trabalho com a tecnologia do vídeo, o
início da colaboração com Anne-Marie Miéville no estúdio Sonimage de Grenoble, na Suíça, onde nasceu, o monumental
empreendimento das HISTOIRE(S) DU CINÉMA composto de associações e sobreposições viscerais de elementos, matérias,
referências, atravessados pela ideia – e o aforismo – “montagem, minha bela inquietação”. Foi nele que explorou no limite
preocupações que continuam a ocupá-lo, refletindo sobre o cinema, sobre a História e sobre o século XX, a “única história”
e “todas as histórias”. No século XXI (ÉLOGE DE L’AMOUR, NOTRE MUSIQUE, FILM SOCIALISME, ADIEU AU LANGAGE...)
JLG continua, ágil, a reinventar-se, simultaneamente (re)inventando as novas possibilidades digitais do cinema como um
dos mais singulares e seminais realizadores de cinema que é. Na Cinemateca, as duas grandes retrospetivas da sua obra
realizaram-se em 1985 (integral, até JE VOUS SALUE MARIE) e em 1999 (com os filmes realizados entre 1985 e 1999).
A última teve lugar em 2011 e chamou-se “Elogio de Jean-Luc Godard”.
Como rubrica regular de programação as “Histórias do Cinema” assentam na ideia de um binómio, para cinco tardes e
em torno de cinco filmes (ou em cinco sessões, com número variável de obras projetadas): dum lado, um investigador de
cinema – historiador, crítico, ensaísta, podendo também tratar-se de realizador ou técnico, por exemplo; de outro, um
autor ou um tema histórico abordado pelo primeiro. O investigador discorre e conversa sobre o tema numa sequência
de encontros que são antes de mais pensados como uma experiência cumulativa.
sessões-conferência | apresentadas e comentadas
por Cyril Neyrat, em inglês
excecionalmente esta rubrica decorre entre o
final de setembro e o início de outubro
 Dia 28, Segunda-feira,
18:00
 Dia 30, Quarta-feira,
18:00
INFORMAÇÃO SOBRE AS SESSÕES
E VENDA ANTECIPADA DE BILHETES
Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime
de venda de bilhetes específico, fazendo um preço
especial e dando prioridade a quem deseje seguir
o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir
todas as sessões (venda exclusiva para a totalidade
das sessões, máximo de duas coleções por pessoa)
poderá comprar antecipadamente a sua entrada
pelo preço global de € 22 (Estudantes, Cartão Jovem,
Maiores de 65 anos, Reformados: € 12 – Amigos da
Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: €
10) entre 21 e 26 de setembro. Os lugares que não
tenham sido vendidos serão depois disponibilizados
através do normal sistema de venda no próprio dia
de cada sessão, no horário de bilheteira habitual e
de acordo com o preço específico destas sessões, €
5 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos,
Reformados: € 3 – Amigos da Cinemateca, Estudantes
Cinema, Desempregados: € 2,60).
DU FILM “PASSION”, um posfácio em vídeo àquele filme, em
que Godard tenta perceber como as imagens do seu filme
tomaram forma: diante de um ecrã branco, Godard fala.
PUISSANCE DE LA PAROLE
de Jean-Luc Godard
com Jean Bouise, Lydia Andrei, Jean-Michel Iribarren
França, 1988 – 25 min / legendado eletronicamente em português
 Dia 02 outubro, Sexta-feira,
ICI ET AILLEURS
ALLEMAGNE NEUF ZÉRO
18:00
de Jean-Luc Godard, Anne Marie-Miéville
de Jean-Luc Godard
VIVRE SA VIE
com Jean-Pierre Bamberger
com Eddie Constantine, Hans Zischler, Claudia Michaelsen
Viver a Sua Vida
de Jean-Luc Godard
França, 1976 – 53 min / legendado eletronicamente em português
França, Alemanha, 1991 – 62 min / legendado eletronicamente em português
com Anna Karina, Saddy Rebbot, André S. Labarthe
França, 1962 – 82 min / legendado em português | M/12
Com uma assombrosa fotografia a preto e branco de Raoul
Coutard, VIVRE SA VIE é um filme construído para Anna Karina, que aqui demonstra que, além de ser um ícone da Nouvelle Vague, foi também uma fabulosa atriz – e muito poucos
rostos passariam incólumes na comparação com a Falconetti
da JEANNE D’ARC de Dreyer (filme que a personagem de Karina vai ver, numa sequência de VIVRE SA VIE), também um
sinal do génio e ousadia de Godard. Godard em homenagem
a Dreyer. Os grandes planos de Karina em frente aos grandes
planos de Falconetti.
 Dia 29, Terça-feira,
18:00
VLADIMIR ET ROSA
de Grupo Dziga Vertov
com Yves Afonso, Juliet Berto, Jean-Luc Godard, Jean-Pierre
Gorin, Ernest Menzer, Claude Nedjar, Anne Waizemsky
França, Alemanha, Estados Unidos, 1970 – 92 min / legendado eletronicamente
em português | M/12
Dos anos Dziga Vertov (o último assinado pelo coletivo fundado por Godard em 1968, sem os créditos de realização atribuídos a JLG e a Jean-Pierre Gorin como depois sucederia),
VLADIMIR ET ROSA é o caso do filme em que o Grupo toma
um facto político – o processo conspirativo dos “8 de Chicago”, que também interessou Nick Ray por volta de 1969 para
WE CAN’T GO HOME AGAIN – para o representar numa interpretação livre que associa o processo a um microcosmos revolucionário da sociedade francesa em que Godard e Gorin interpretam respetivamente os papeis de Vladimir Lenine e Karl
Rosa, discutindo política e as possibilidades da sua representação pelo cinema. É também um filme marxista, em que surge
uma fotografia dos irmãos Marx.
duração total da projeção: 78 min | M/12
Um dos vídeos mais famosos de Godard, PUISSANCE DE LA PAROLE resultou de uma encomenda da France Télécom. A partir
de um texto de Poe sobre o poder das palavras, Godard aborda
a perpétua reverberação das nossas palavras no Universo, no
que é também uma maneira de abordar a questão das relações
entre o Humano e o Divino – tema a que voltaria. Em ICI ET AILLEURS, rushes de um filme inacabado sobre a resistência palestiniana, rodado quatro anos antes sob a égide do grupo Dziga
Vertov, são mostradas a um casal que, diante do televisor, recorda a sua experiência passada durante os anos de militância.
Uma obra raramente exibida, que toca uma questão sensível e
que aborda o modo como se organizam aqui (“ici”) imagens
que foram registadas algures (“ailleurs”). Filme sobre um conflito, é antes de mais uma reflexão sobre a própria televisão.
 Dia 01 outubro, Quinta-feira,
18:00
PASSION
Paixão
de Jean-Luc Godard
com Isabelle Huppert, Hanna Schygulla, Michel Piccoli
França, Suíça, 1982 – 87 min / legendado eletronicamente em português
SCÉNARIO DU FILM PASSION
de Jean-Luc Godard
com Jean-Luc Godard
França, Suíça, 1982 – 54 min / legendado eletronicamente em português
duração total da projeção: 141 min | M/16
PASSION data do começo do período em que Godard reatou
com os circuitos comerciais de cinema, depois de uma longa
ausência. Filme sobre o cinema e o trabalho (trata-se da
história de uma filmagem que não é levada a termo), com
fortíssimas relações e associações com a pintura. Os cenários
pintados são de Yvon Aubinel. A fechar a sessão, SCÉNARIO
HISTOIRE(S) DU CINÉMA
3A LA MONNAIE DE L’ABSOLU
HISTOIRE(S) DU CINÉMA
3B UNE VAGUE NOUVELLE
de Jean-Luc Godard
França, 1998 – 26 min + 27 min
duração total da projeção: 115 min | M/12
ALLEMAGNE NEUF ZÉRO vai buscar Eddie Constantine (e a
sua personagem Lemmy Caution) a ALPHAVILLE para uma
nova missão na Alemanha pós-queda do muro de Berlim.
Ponto alto da obra de Godard, trata-se de uma belíssima
e amargurada reflexão sobre a Europa, sobre o cinema,
e sobre o passado de ambas as coisas. “Godard adota
uma nova estratégia, criando uma montagem visual de
espantosa complexidade, usando o seu próprio material e
uma antologia de excertos do cinema clássico, e justapondo
uma banda sonora igualmente densa” (Wheeler Winston
Dixon). Os episódios 3A e 3B das HISTOIRE(S) DU CINÉMA
são respetivamente dedicados a Gianni Amico e James Agee,
Frédéric C. Froeschel e Nahum Kleiman. O título LA MONNAIE
DE L’ABSOLU (3A) inspira-se em Malraux, para o episódio
mais político mas também mais pessimista das HISTOIRE(S)
DU CINÉMA, que na sua segunda metade se concentra na
relação do cinema com a Segunda Guerra, onde se diz que “o
único filme que resistiu à ocupação do cinema pela América
foi um filme italiano: ROMA CIDADE ABERTA”. UNE VAGUE
NOUVELLE (3B) remonta às origens da Nouvelle Vague,
contemporânea do artigo de Godard “Montagem, Minha
Bela Inquietação”, frase que atravessa todas as HISTOIRE(S):
“o nosso único erro foi então o de acreditar que se tratava de
um princípio, que Stroheim não tinha sido assassinado, que
Vigo não tinha sido coberto de lama, que OS 400 GOLPES
continuavam enquanto enfraqueciam”… “Mas ainda assim,
Becker, Rossellini, Melville, Franju, Jacques Demy, Truffaut,
conheceu-os!” / “Sim, eram meus amigos.”
[14]
SETEMBRO 2015 | CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA
SALA LUÍS DE PINA
FOCO NO ARQUIVO
As duas sessões “Foco no Arquivo” de setembro continuam com projetos ligados à investigação. A primeira
retoma o da “Coleção Colonial da Cinemateca: campo, contracampo, fora de campo”, com o qual a Cinemateca
pretende criar uma plataforma de investigação e discussão continuada sobre a sua coleção colonial, sendo o
filme deste mês apresentada por Catarina Simão, investigadora e artista que trabalha há vários anos sobre os
arquivos moçambicanos.
A sessão “O Trabalho no Ecrã” continua a ser organizada em colaboração com a equipa de investigação do
projeto WORKS, desenvolvido pelo CIES-IUL em parceria com o CRIA e o CECL-UNL e o financiamento da FCT.
Com incidência sobre a imagem do trabalho no cinema, o projeto é conduzido pelos investigadores Luísa Veloso
(coordenadora), Frédéric Vidal, Emília Margarida Marques, Jacques Lemière, João Sousa Cardoso e João Rosas.
“WORKS – O trabalho no ecrã: um estudo de memórias e identidades sociais através do cinema” é um projeto
em curso, que inclui já o estudo de cerca de 400 filmes do acervo da Cinemateca com o objetivo de analisar as
representações do trabalho no cinema português e, de modo mais alargado, as relações entre o cinema e as
identidades e memórias do trabalho ao longo do século XX.
 Dia 09, Quarta-feira,
O PERIGO NÃO DORME
18:30
COLEÇÃO COLONIAL DA CINEMATECA:
CAMPO, CONTRACAMPO, FORA DE CAMPO
MUEDA – MEMÓRIA E MASSACRE
de Ruy Guerra
com Filipe Gunoguacala, Romão Canapoquele,
Baltasar Nchilema, Maurício Machimbuco
Moçambique, 1979 – 80 min / legendado em português | M/12
sessão apresentada por Catarina Simão
Tendo participado ativamente na fundação do Instituto
Nacional de Cinema de Moçambique, com MUEDA, MEMÓRIA
E MASSACRE Ruy Guerra realiza a primeira longa-metragem
produzida no país após a independência. Filmando a
reconstituição teatral do massacre cometido pelas forças
coloniais portuguesas na localidade de Mueda a 16 de junho
de 1960, quando soldados portugueses abriram fogo sobre
uma manifestação popular, Ruy Guerra misturou os registos
ficcional (a representação dos acontecimentos) e documental
(os depoimentos das suas testemunhas) num misto de
improvisação e de cinema vérité. O modo original como o
filme trabalha a peça e os depoimentos que a acompanham
para evocar um acontecimento traumático que constituiu um
dos marcos históricos da luta anticolonial do país, faz com que
se apresente como uma obra fundamental no contexto de um
cinema moçambicano.
 Dia 16, Quarta-feira,
18:30
PROJETO WORKS | O TRABALHO NO ECRÃ
PENSAR NO FUTURO
de João Mendes
Portugal, 1953 – 14 min
COM A CASA
DA AMÉRICA
LATINA
EM COLABORAÇÃO COM A CASA DA AMÉRICA LATINA
No âmbito do curso de verão “América Latina Hoje”,
organizado pela Casa da América Latina e o ISCTE-IUL, associando-se à iniciativa, a Cinemateca, exibe
o filme SUSANA DEMONIO Y CARNE de Luis Buñuel.
A apresentação do filme é antecedida por uma breve
introdução sobre o melodrama no cinema mexicano.
 Dia 08, Terça-feira,
18:00
de Fernando Garcia
Portugal, 1960 – 11 min
O HOMEM E A MÁQUINA
de Francisco de Castro, Manuel Moutinho Múrias
Portugal, 1961 – 10 min
NOCTURNO
de Jacinto Ramos
Portugal, 1962 – 12 min
CRÓNICA DO ESFORÇO PERDIDO
de António de Macedo
Portugal, 1967 – 16 min
duração total da projeção: 63 min | M/12
sessão acompanhada pela equipa de investigação
responsável pelo projeto WORKS
seguida de debate com Nuno Domingos
Composto por cinco títulos de curta-metragem dos anos
cinquenta e sessenta da coleção da Cinemateca, o alinhamento
da sessão foi concebido a partir da ideia de uma visão
institucional do trabalho. Produção da Campanha Nacional
de Educação de Adultos, PENSAR NO FUTURO retrata o
encontro de dois operários metalúrgicos, sublinhando o
papel desempenhado pela Previdência Social. Produzidos pela
Junta de Ação Social, O PERIGO NÃO DORME e O HOMEM
E A MÁQUINA (um título da série “Campanha Nacional de
Acidentes de Trabalho”) centram-se na questão dos acidentes
de trabalho. Essencialmente composto por imagens e música,
NOCTURNO (uma produção do realizador) tem por motivo a
siderurgia nacional. CRÓNICA DO ESFORÇO PERDIDO (produção
Francisco de Castro) é um documentário promocional sobre a
FNAT e, em particular, a ginástica de pausa, com texto dito por
Maria do Céu Guerra e música de Carlos Paredes. A sessão é
comentada por Nuno Domingos, investigador do ICS-IUL.
ESPLANADA
CINEMA NA
ESPLANADA
MARLENE
Depois das sessões ao ar livre de julho, as de setembro,
também às sextas-feiras, no mesmo horário das 22h30,
na Esplanada dos 39 Degraus. Depois do “mar” (o mote
de julho último), Marlene. Dietrich, por Sternberg,
em quatro famosos, muito luminosos (mas também
noturnos), filmes da primeira metade dos anos trinta.
 Dia 04, Sexta-feira,
22:30
DER BLAUE ENGEL
O Anjo Azul
de Josef von Sternberg
com Marlene Dietrich, Emil Jannings,
Kurt Gerron, Hans Albers
Alemanha, 1930 – 110 min / legendado em português | M/12
Obra de transição dos anos vinte para os anos trinta, foi
filme que revelou Marlene Dietrich. A sua Lola-Lola (“Dos
pés à cabeça, sou feita para o amor”, canta ela) entrou para
a galeria dos mitos criados pelo cinema. Adaptado de um
romance de Heinrich Mann, é a história da degradação de
um professor apaixonado por uma cantora de cabaret. O
primeiro filme da lendária ligação de Sternberg com Marlene,
cuja imagem é muito diferente daquela que foi criada por
Hollywood, que aqui é mais crua, menos idealizada.
 Dia 11, Sexta-feira,
22:30
MOROCCO
Marrocos
de Josef von Sternberg
com Marlene Dietrich, Gary Cooper,
Adolphe Menjou, Francis McDonald
Estados Unidos, 1930 – 92 min / legendado em português | M/12
O primeiro filme de Marlene nos EUA e aquele que a
impôs definitivamente. Uma delirante história de amor,
onde uma cantora troca a riqueza do amante mais velho
pelo amor de um legionário, encarnado por Gary Cooper,
que Sternberg transforma num poderoso sex symbol, num
eco masculino à imagem de Marlene Dietrich. Uma cena
que deu escândalo: Marlene cantando, vestida de homem,
e quebrando um tabu do cinema ao beijar na boca uma
cliente do cabaret. Um final que ficou lendário: Marlene
seguindo a pé o seu “beau légionnaire” pelas areias do
deserto. O mito de Marlene Dietrich no auge e a arte de
Sternberg no apogeu.
 Dia 18, Sexta-feira,
SHANGHAI EXPRESS
O Expresso de Xangai
de Josef von Sternberg
com Marlene Dietrich, Anna May Wong,
Warner Oland, Clive Brook, Eugene Pallette
Estados Unidos, 1932 – 82 min / legendado em português | M/12
SHANGHAI EXPRESS foi a quinta das sete maravilhas
do cinema nascidas do encontro entre Josef von
Sternberg e Marlene Dietrich. Aqui, Marlene tem
uma das suas mais lendárias interpretações no papel
de uma mulher que muitos homens transformaram
em “Shanghai Lily”. Numa viagem pela China,
devastada pela guerra civil, num comboio com os
mais estranhos e perigosos passageiros, Shanghai
Lily encontra um velho amor, um médico enviado
numa perigosa missão.
 Dia 25, Sexta-feira,
SUSANA, DEMONIO Y CARNE
22:30
22:30
THE SCARLET EMPRESS
Susana
de Luis Buñuel
com Rosita Quintana, Fernando Soler, Victor Mendonza
México, 1950 – 85 min / legendado em francês e eletronicamente em
português | M/12
sessão com apresentação
SUSANA, DEMONIO Y CARNE, uma das obras mexicanas de
Buñuel, é um dos seus mais delirantes filmes, talvez o primeiro
em que se manifesta a sua capacidade de filmar fielmente um
melodrama e ao mesmo tempo subvertê-lo completamente.
Susana foge de uma prisão numa noite de tempestade e
vai tomar o lugar de um “anjo exterminador” numa grande
propriedade rural onde se refugia, despertando a paixão de
todos os homens da casa: primeiro o capataz, depois o filho e
finalmente o pai, lançando um contra o outro. O imprevisível
desenlace é um prodígio de sarcasmo.
A Imperatriz Vermelha
de Josef von Sternberg
com Marlene Dietrich, John Lodge, Sam Jaffe,
Louise Dresser
Estados Unidos, 1934 – 104 min / legendado em português | M/12
Josef von Sternberg conta a história da ascensão
ao poder de Catarina a Grande numa das suas
fabulosas colaborações com Marlene Dietrich, mais
luminosa do que nunca. THE SCARLET EMPRESS
é também um filme de inusitado barroquismo,
magistralmente filmado. Mal entendido quando
estreou, foi recuperado nos anos sessenta,
tornando-se entretanto um cult movie. É também
(ou não fosse um Sternberg-Marlene) um grande
filme erótico. Cenários de Hans Dreier.
CALENDÁRIO | SETEMBRO 2015
01 TERÇA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
DARK SHADOWS
Tim Burton
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA
João César Monteiro
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE CURSE OF FRANKENSTEIN
Terence Fisher
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | In Memoriam Alberto Vaz da Silva
LOLA
Jacques Demy
02 QUARTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE CURSE OF FRANKENSTEIN
Terence Fisher
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
O BOBO
José Álvaro Morais
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE BATTLE OF THE RIVER PLATE
Michael Powell, Emeric Pressburger
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | In Memoriam Nuno Melo
O BARÃO
Edgar Pêra
03 QUINTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE BATTLE OF THE RIVER PLATE
Michael Powell, Emeric Pressburger
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
FRANCISCA
Manoel de Oliveira
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE PRIVATE LIFE OF SHERLOCK HOLMES
Billy Wilder
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | In Memoriam Maria Barroso
MUDAR DE VIDA
Paulo Rocha
04 SEXTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE PRIVATE LIFE OF SHERLOCK HOLMES
Billy Wilder
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
O PAI TIRANO
António Lopes Ribeiro
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
ILL MET BY MOONLIGHT
Michael Powell, Emeric Pressburger
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE HOUND OF THE BASKERVILLES
Terence Fisher
22H30 | ESPLANADA | Cinema na Esplanada | Marlene
DER BLAUE ENGEL
O Anjo Azul
Josef von Sternberg
05 SÁBADO
15h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior
ARSENIC AND OLD LACE
Frank Capra
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Double Bill
HUSBANDS
John Cassavetes
THE LAST FLIGHT
William Dieterle
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | In Memoriam Maria Barroso
AMOR DE PERDIÇÃO
Manoel de Oliveira
07 SEGUNDA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
BITTER VICTORY
Nicholas Ray
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
O RIO DO OURO
Paulo Rocha
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
SARABAND FOR DEAD LOVERS
Basil Dearden
Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | In Memoriam Nuno Melo
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
LOBOS
José Nascimento
GREMLINS TWO: THE NEW BATCH
Joe Dante
08 TERÇA-FEIRA
14 SEGUNDA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
SARABAND FOR DEAD LOVERS
Basil Dearden
18h00 | SALA LUÍS DE PINA | Com a Casa da América Latina
EL CONDE DRACULA
Jess Franco
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
SUSANA, DEMONIO Y CARNE
Luis Buñuel
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | In Memoriam Maria Barroso
APARELHO VOADOR A BAIXA ALTITUDE
Solveig Nordlun d
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
BENILDE OU A VIRGEM MÃE
Manoel de Oliveira
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | (Re)Visitar F.J. Ossang
DRACULA
Terence Fisher
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
DHARMA GUNS – LA SUCCESSION DE STARKOV
François-Jacques Ossang
DRACULA PRINCE OF DARKNESS
Terence Fisher
09 QUARTA-FEIRA
15
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
CAPTAIN HORATIO HORNBLOWER
Raoul Walsh
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Foco no Arquivo | Coleção Colonial da
Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo
STAR WARS, EPISODE II:
ATTACK OF THE CLONES
George Lucas
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
O CERCO
António da Cunha Telles
MUEDA – MEMÓRIA E MASSACRE
Ruy Guerra
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | (Re)Visitar F.J. Ossang
SILÊNCIO
DOCTEUR CHANCE
François-Jacques Ossang
TERÇA-FEIRA
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE TWO FACES OF DR. JEKYLL
Terence Fisher
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Ante-estreias
MARIA DO MAR
ENTRECAMPOS
João Rosas
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE MAN WHO COULD CHEAT DEATH
Terence Fisher
10 QUINTA-FEIRA
16
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE HOUND OF THE BASKERVILLES
Terence Fisher
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
BELARMINO
Fernando Lopes
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | (Re)Visitar F.J. Ossang
LE TRÉSOR DES ÎLES CHIENNE
François-Jacques Ossang
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | In Memoriam Nuno Melo
A FILHA
Solveig Nordlund
11 SEXTA-FEIRA
10h30 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior | Monstrinhos na Era Digital
MONSTER HOUSE
Gil Kenan
14h30 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior | Monstrinhos na Era Digital
ATELIER: A FANTASMAGORIA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE MAN WHO COULD CHEAT DEATH
Terence Fisher
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
OSSOS
Pedro Costa
18h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês: Panorama Histórico
e Retrospetiva Xie Jin
CONFERÊNCIA POR Hangfu Yochuan
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
O Cinema de Xangai Anterior a 1949
SHEN NÜ
“A Divina”
Wu Yonggang
22H30 | ESPLANADA | Cinema na Esplanada | Marlene
MOROCCO
Josef von Sternberg
12 SÁBADO
15h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior | Monstrinhos na Era Digital
HOTEL TRANSYLVANIA
Genndy Tartakovsky
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Double Bill
VERTIGO
Alfred Hitchcock
LA FILLE DE NULLE PART
Jean-Claude Brisseau
QUARTA-FEIRA
THE GORGON
Terence Fisher
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Foco no Arquivo | Projeto Works
O Trabalho no Ecrã
PENSAR NO FUTURO
João Mendes
O PERIGO NÃO DORME
Fernando Garcia
O HOMEM E A MÁQUINA
Francisco de Castro, Manuel Moutinho Múrias
NOCTURNO
Jacinto Ramos
CRÓNICA DO ESFORÇO PERDIDO
António de Macedo
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
UMBRACLE
Pere Portabella
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE DEVIL RIDES OUT
Terence Fisher
17 QUINTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
DRACULA
Terence Fisher
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Filmes Portugueses Legendados
UM ADEUS PORTUGUÊS
João Botelho
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
NÜLAN WUHAO
“A Jogadora de Basquete nº 5”
Xie Jin
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
O Cinema de Xangai Anterior a 1949
XIAO WANYI
“Os Pequenos Brinquedos”
Sun Yu
18 SEXTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Plano Nacional de Cinema
LOUISIANA STORY
Robert Flaherty
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
DA LI, XIAO LI HE LAO LI
“O Grande Li, o Pequeno Li e o Velho Li”
Xie Jin
Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
CALENDÁRIO | SETEMBRO 2015
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Knut Erik Jensen – Sessão de Abertura
STELLA POLARIS
Knut Erik Jensen
22H30 | ESPLANADA | Cinema na Esplanada | Marlene
SHANGHAI EXPRESS
Josef von Sternberg
19 SÁBADO
15h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior
MONSTER HOUSE
Gil Kenan
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Double Bill
THE GHOST AND MRS. MUIR
Joseph L. Mankiewicz
LA FRONTIÈRE DE L’AUBE
Philippe Garrel
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
O Cinema de Xangai Anterior a 1949
XIAOCHENG ZHI CHUN
“Primavera Numa Pequena Cidade”
Fei Mu
21 SEGUNDA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
O Período 1949-65
LIANG SHANBO YU ZHU YINGTAI
“Liang Shanbo e Zhu Yingtai”
Sang Hu, Huang Sha
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
BRENT AV FROST
“Queimado pelo Gelo”
Knut Erik Jensen
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
O Período 1949-65
LU BAN DE CHUANSHUO
“A Lenda de Lu Ban”
Sun Yu
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
WUTAI JIEMEI
“Irmãs de Palco”
Xie Jin
22h00 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
NÅR MØRKET ER FORBI
“Passando a Escuridão”
Knut Erik Jensen
22 TERÇA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
O Período 1949-65
DA NAO TIANGONG
“O Rei dos Macacos e o Palácio Celeste”
Wan Laiming
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
FARVEL DA, GAMLE KJELVIKFJELL
“Então Adeus, Velho Kjelvirmoutain”
200 KG PÅ STAMPEN
“Um Bom Arrasto”
TOGO JENSEN
Knut Erik Jensen
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
Os Começos da Quinta Geração
HUANG TUDI
Terra Amarela
Chen Kaige
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
TIANYUNSHAN CHUANQI
”A Lenda da Montanha Tyanyun”
Xie Jin
22h00 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
GRETE PÅ KRIKEGÅRD I LENINGRAD APRIL 1970
“Grete numa Praça em Leningrado 1970”
PIA
26 SÁBADO
KALD VERDEN
ROSORNAS VÄG
“A Rua das Rosas”
LENGSEL ETTER NÅTID
“À Espera do Dia de Hoje”
LIVETS RØST
“Voz da Vida”
Knut Erik Jensen
11h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior | Atelier Família
FILMAR O MUNDO COM OLHOS DE VER
15h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior
FRANKENSTEIN
James Whale
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Double Bill
23 QUARTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
DRACULA PRINCE OF DARKNESS
Terence Fisher
DETOUR
Edgar G. Ulmer
FEMME FATALE
Brian De Palma
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
MUMAREN
“O Tratador de Cavalos”
Xie Jin
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
HEFTIG OG BEGEISTRET /
COOL & CRAZY
Knut Erik Jensen
28 SEGUNDA-FEIRA
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | DocNomads
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
Depois da Quinta Geração
BÉTAIL
Joana Sousa
A PASSAGEM
Sohel Rahman
WALLS
WITH ALL OUR CAMERAS
Miguel López Beraza
YANGGUANG CANLAN DE RIZI
“No Calor do Sol”
Jiang Wen
18h00 | SALA LUÍS DE PINA | Histórias do Cinema:
Ciryl Neyrat / Jean-Luc Godard
VIVRE SA VIE
Jean-Luc Godard
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Ante-estreias
AMATEUR
Olga Ramos
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
QIU JIN
Xie Jin
22h00 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
HEFTIG OG BEGEISTRET På SANGENS VINGER /
COLL & CRAZY ON THE ROAD
Knut Erik Jensen
24 QUINTA-FEIRA
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
FURONG ZHEN
“A Cidade dos Hibiscos”
Xie Jin
29 TERÇA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Um Dia Truffaut
ANTOINE ET COLETTE
François Truffaut
LE SANG D’UN POÈTE
Jean Cocteau
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE DEVIL RIDES OUT
Terence Fisher
18h00 | SALA LUÍS DE PINA | Histórias do Cinema:
Ciryl Neyrat / Jean-Luc Godard
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
DET AKUTTE MENNESKE
“O Homem de Akutte”
Knut Erik Jensen
VLADIMIR ET ROSA
Grupo Dziga Vertov
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Um Dia Truffaut
ZUIHOU DE GUIZU
“As Últimas Aristocratas”
Xie Jin
LES MISTONS
François Truffaut
ZÉRO DE CONDUITE
Jean Vigo
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
QING-LIANGSI ZHONG SHENG
“O Sino do Templo da Pureza”
Xie Jin
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Um Dia Truffaut
UNE PARTIE DE CAMPAGNE
Jean Renoir
JULES ET JIM
François Truffaut
30 QUARTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Xie Jin
25 SEXTA-FEIRA
15h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Christopher Lee – O Príncipe das Trevas
THE MUMMY
Terence Fisher
YAPIAN ZHANZHENG
A Guerra do Ópio
Xie Jin
18h00 | SALA LUÍS DE PINA | Histórias do Cinema:
Ciryl Neyrat / Jean-Luc Godard
PUISSANCE DE LA PAROLE
Jean-Luc Godard
ICI ET AILLEURS
Jean-Luc Godard, Anne Marie-Miéville
18h30 | SALA LUÍS DE PINA | Knut Erik Jensen
ISKYSS
“Beijo de Gelo”
Knut Erik Jensen
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
Os Começos da Quinta Geração
MINJING GUSHI
“Histórias da Polícia do Povo”
Ning Ying
JU DOU
Zhang Yimou
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Ante-estreias
DIALOGUE: WOLE SOYINKA ET L.S. SENGHOR
Manthia Diawara
22H30 | ESPLANADA | Cinema na Esplanada | Marlene
THE SCARLET EMPRESS
Josef von Sternberg
19h00 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Cinema Chinês | Panorama Histórico
Depois da Quinta Geração
21h30 | SALA M. FÉLIX RIBEIRO | Ante-estreias
Outras sessões de setembro
TENHO UM ROSTO PARA SER AMADO
Francisco Valente
LA VILLA SANTO SOSPIR
Jean Cocteau
中国电影展
FESTA DO CINEMA CHINÊS
Download

SETEMBRO 2015 - Cinemateca Portuguesa