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UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ
FACULDADE INGÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA
DANIELLY FLAMIA
ANÁLISE IN VITRO DA CAPACIDADE SELADORA DE TRÊS
DIFERENTES MATERIAIS UTILIZADOS EM PERFURAÇÕES DE
FURCA
PASSO FUNDO
2009
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DANIELLY FLAMIA
ANÁLISE IN VITRO DA CAPACIDADE SELADORA DE TRÊS
DIFERENTES MATERIAIS UTILIZADOS EM PERFURAÇÕES DE
FURCA
Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ –
Passo Fundo-RS como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em
Endodontia.
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Vanni
PASSO FUNDO
2009
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DANIELLY FLAMIA
ANÁLISE IN VITRO DA CAPACIDADE SELADORA DE TRÊS
DIFERENTES MATERIAIS UTILIZADOS EM PERFURAÇÕES DE
FURCA
Monografia apresentada à comissão
julgadora da Unidade de Pós-graduação da
Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista em Endodontia.
Aprovada em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Prof. Dr. José Roberto Vanni - Orientador
________________________________________________
Prof. Ms. ou Dr. (nome)
________________________________________________
Prof. Ms. ou Dr. (nome)
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Romeu e Edi.
Muito obrigada pelos primeiros e constantes ensinamentos. Vocês são meus amigos queridos,
que orientam meu caminho e sempre vibram com as minhas conquistas.
Amo vocês!
Ao meu noivo, Marcus.
Muito obrigada pelo carinho, amor, dedicação e compreensão. Suas palavras de incentivo e
seu exemplo de garra fizeram com que eu superasse todos os obstáculos.
Essa conquista também é sua! Te amo!
5
AGRADECIMENTOS
“Nenhum dever é mais importante do que a gratidão (Cícero).”
`A Deus, por iluminar cada passo do meu caminho. Com sua ajuda, venci!
Aos meus pais, Romeu e Edi, meus primeiros mestres. Mesmo distantes, sempre
presentes, lutando para que tudo na minha vida aconteça da melhor forma possível. Vocês
são meus grandes exemplos de educação, coragem, perseverança, honestidade e amor.
Agradeço a Deus todos os dias por vocês existirem e me amarem de forma incondicional. Amo
vocês!
Ao meu noivo Marcus, que dos momentos difíceis aos de alegria, compartilha
comigo minha vida, minha história. Você foi o maior responsável pela concretização deste
sonho. Espero poder retribuir todo o amor recebido. Muito obrigada!
Aos meus avôs, Maria, João, Reinaldo (in memorian) e Damelita, exemplos de
vitória. Muito obrigada pela torcida e por eu estar sempre em suas orações.
Aos meus irmãos, Elisa e Rafael, hoje e por toda minha vida, vocês são minha
luz. Mesmo na distância, posso sentir o amor e a energia de vocês, sempre torcendo por mim.
Obrigada por todo o carinho.
Aos meus segundos pais Gilson e Ana Maria, pelo carinho com que me acolheram
na família e por sempre me incentivarem em todos os momentos desta caminhada.
Aos meus sobrinhos, Caetano, Augusto e Frederico, pedacinhos de gente que
iluminam minha vida.
Aos cunhados, Rodrigo, Renata, Vinicius, Lucas, Natália e Matias. As minhas
alegrias também são suas e estão marcadas pelo estímulo, carinho, amor e compreensão de
vocês.
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Roberto Vanni, cujo papel transcendeu o de
orientador. Você contribuiu de forma inteligente e criativa na elaboração desta pesquisa e
com seu jeito sutil, elegante e perspicaz de sugerir me estimulou a seguir em frente. Obrigada
pelo incentivo e paciência frente a minha ansiedade. A admiração que tenho por você é muito
grande. Com o afeto e a compreensão do convívio, ficam a amizade, o respeito e a gratidão.
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Muito obrigada pela orientação, confiança e contribuição na minha formação acadêmica e
pessoal.
“Uns são homens, alguns são professores, poucos são mestres. Aos primeiros escuta-se, aos
segundos respeita-se e aos últimos, segue-se. (Raquel Eckert)”
Ao Prof. Ms. Mateus Hartmann, pelo imenso carinho e atenção dedicados.
Orgulho - me de ter conhecido este ser humano íntegro, capaz e amigo.
A Prof.ª Ms. Lilian Rigo, amiga e “orientadora informal”. Os seus ensinamentos
foram fundamentais para a realização deste trabalho. Sou sua fã.
Ao Prof. Ms. Volmir Fornari, grande mestre na arte de ensinar. Sua inteligência,
dedicação, disciplina e competência são um estímulo para os que com ele convivem. Muito
obrigada pela sua ajuda, por suas orientações.
A Prof.ª Ms. Flávia, pelo apoio e atenção dispensados.
A Prof.ª Ms. Dileta, pelo auxílio na análise estatística dos resultados.
Ao CEOM, por ter me acolhido tão bem, aqui me senti em casa.
A minha irmã emprestada, Karol Panosso. Divertimo-nos muito, adorei receber
você em minha casa. Que Deus ilumine seus passos e sua vida sempre. Espero que nosso
convívio não acabe aqui, que possamos compartilhar momentos de alegria como este, sempre!
Aos colegas da turma de especialização, com carinho e amizade. Muito obrigada
especialmente a minha dupla, Cibele.
As amigas, Ana Paula, Cássia e Camila, pela valiosa ajuda na fase experimental
deste trabalho.
As funcionárias do CEOM, Gelsea, Carla, Lidia e Tânia. Em cada uma,
encontrei apoio, paciência, carinho e laços de amizade.
As minhas grandes e velhas amigas, Lizandra, Michele M., Michele C., Michele
S., Rafaela, Roberta, Camile e Jomara. Vocês são pessoas maravilhosas. Algumas distantes
dos olhos...sempre perto do coração.
Aos pacientes, pelo auxílio e participação no meu desenvolvimento acadêmico.
A todos enfim, que de uma forma ou de outra me ajudaram na concretização
deste sonho, meus sinceros agradecimentos.
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Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem
a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam
sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos
fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa
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RESUMO
A partir de uma pesquisa in vitro, o presente estudo teve como objetivo avaliar a
capacidade seladora de três materiais para vedamento de perfurações na região de
furca. Utilizaram-se 46 dentes molares humanos extraídos, com raízes
completamente formadas e separadas. Os dentes tiveram suas coroas removidas
em um nível logo acima do assoalho da câmara pulpar, e as raízes seccionadas logo
abaixo da região de furca. Em seguida, realizou-se a impermeabilização de toda a
superfície externa dos espécimes com duas camadas de esmalte para unhas, e a
sua inclusão em uma base de silicona pesada. Ao centro do assoalho foi realizada
uma perfuração com 1,4 mm de diâmetro. Frontalmente às perfurações, na base de
silicona, foram confeccionadas depressões para, imediatamente antes da obturação,
posicionar bolinhas de algodão padronizadas umedecidas com água destilada. O
selamento das perfurações foi realizado com os seguintes materiais: Grupo I
(Vitremer, 3M ESPE), grupo II (MTA-Angelus, Angelus®), grupo III (cimento de
Portland, Votoran®). Em seguida, os dentes foram imersos em solução corante de
rodamina B 0,2% a 37ºC, por 48 horas. Após a lavagem dos espécimes e remoção
da impermeabilização, os mesmos foram seccionados longitudinalmente, expondose as perfurações e as possíveis marcas de infiltração. A leitura da infiltração
marginal foi realizada por meio de microscópio óptico, utilizando-se de escores
numéricos para sua quantificação. Os resultados foram submetidos aos testes
estatísticos, permitindo concluir que: os melhores resultados de selamento das
perfurações foram conseguidos com os cimentos Vitremer e Portland e, o cimento
MTA-Angelus apresentou os maiores índices de infiltração.
Palavras-chave:
Infiltração
Endodontia. Odontologia.
dentária.
Cimentos
dentários. Cavidade pulpar.
9
ABSTRACT
From a search in vitro, this study aims to evaluate the sealing capacity of the three
materials analysed when used in perforations in the furcal region. There have been
used 46 human extracted molar teeth, with roots completely formed and separated.
The teeth had their crowns removed in the level just above the floor of the pulp
chamber, and the roots sectioned just below the furcal region. Following, there was a
sealing of the whole external surface of the specimen with two layers of nail polish
and an inclusion in a heavy silicon base. At the centre of the floor it was made a
perforation of 1,4mm diameter. In front of those at the silicone base, it was
confectioned a depression to, immediately before the obturation, positioned the little
cotton pellets wet with distilled water. The sealing of the perforations was realized
with the following materials: Group I (Vitremer, 3M ESPE), group II (MTA-Angelus,
Angelus®), group III (cement of Portland, Votoran®). After that, the teeth were
immersed in a dye solution of rodamina B 0,2% at 37ºC, for 48 hours. After cleaning
the specimen and removing of the sealing, they were seccionated in the axis
direction, exposing the perforations and the possible leakage marks. The reading of
the marginal infiltration was realized with an optical microscope, using the numeral
scores for quantification. The results were submitted to statistical tests, allowing
concluding that: the best results the sealing of the perforations were obtained with
Vitremer and Portland cements and, the MTA-Angelus cement showed the highest
infiltration index.
Key words: Dental leakage. Dental cements. Dental pulp cavity. Endodontics.
Dentistry.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS
Pág.
Figura 1- Cimento MTA, MTA-Angelus®..............................................................
31
Figura 2- Cimento de Ionômero de Vidro, Vitremer®...................................
32
Figura 3- Cimento de Portland, Votoran®....................................................
33
Figura 4- Secção dos espécimes, acima do assoalho e abaixo da furca....
34
Figura 5- Base de silicona pesada simulando alvéolo..................................
34
Figura 6- Hemisecção do espécime selado com cimento Vitremer, após
imersão em rodamina B ..............................................................................
36
Figura 7- Hemisecção do espécime selado com cimento
MTA-Angelus, após imersão em rodamina B..............................................
37
Figura 8- Hemisecção do espécime selado com cimento
de Portland, após imersão em rodamina B..................................................
37
Tabela 1- Distribuição dos espécimes e identificação dos
grupos de acordo com os materiais utilizados...............................................
35
Tabela 2- Médias de infiltração de corante observadas
nos 3 grupos testados....................................................................................
38
11
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
MTA
agregado de trióxido mineral
IRM
material restaurador intermediário
IVM
ionômero de vidro modificado
P.A.
pró-análise
pH
potencial hidrogeniônico
EBA
ácido etoxybenzóico
Cm
centímetro
Mm
milímetro
MPa
mega Pascal
p
significância estatística
Ltda.
limitada
Mg
miligrama
Ml
mililitro
NCE
novo cimento endodôntico
ADA
American Dental Association
EDTA
ácido etilenodiamino tetra-acético
ºC
graus Celsius
%
porcentagem
nº
número
±
mais ou menos
12
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..............................................................................
13
2
REVISÃO DE LITERATURA........................................................
16
3
OBJETIVOS .................................................................................
29
4
METODOLOGIA...........................................................................
30
4.1
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS.........................................................
30
4.2
TIPO DE ESTUDO........................................................................
30
4.3
AMOSTRA.....................................................................................
30
4.4
PROJETO PILOTO........................................................................
30
4.5
MATERIAIS UTILIZADOS.............................................................
30
4.5.1
Cimento MTA- Angelus®............................................................
30
4.5.2
Cimento Vitremer®......................................................................
31
4.5.3
Cimento de Portland CP- II Votoran®.........................................
32
4.6
PROCEDIMENTOS........................................................................
33
5
RESULTADOS..............................................................................
38
6
DISCUSSÃO.................................................................................
39
6.1
DISCUSSÃO DA METODOLOGIA................................................
39
6.2
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...............................................
44
7
CONCLUSÃO
48
REFERÊNCIAS
49
APÊNDICE
54
ANEXO
55
13
1 INTRODUÇÃO
A manutenção e a integridade da dentição natural são essenciais para a
plenitude das condições estéticas e funcionais. A terapia endodôntica faz parte deste
processo e o tratamento dos canais radiculares está, algumas vezes, associado com
situações adversas, indesejáveis e imprevisíveis (SILVA NETO, 2002).
As perfurações radiculares sempre constituíram um motivo de preocupação
no tratamento odontológico. Como resultado de acidentes ou patologias, elas são
uma ocorrência indesejável, capazes de comprometer o bom prognóstico do caso,
com conseqüências danosas aos tecidos de suporte dentário (MARTIN, 1996).
O sucesso das técnicas de tratamento das perfurações depende, dentre
outros fatores, da obtenção de um adequado selamento das mesmas. Para tanto,
busca-se a seleção de materiais que possibilitem um vedamento marginal eficiente,
com boas propriedades físico-químicas, que se restrinjam às dimensões da
perfuração e apresentem excelente biocompatibilidade (SILVA NETO, 2002).
Alhadainy (1994) definiu as perfurações como lesões artificiais involuntárias,
que comunicam a cavidade pulpar com o ligamento periodontal, normalmente de
etiologia iatrogênica, ou ainda de origem patológica (processo de cárie ou
reabsorção).
Segundo Aun, Gavini e Fachin (1996), as principais causas de perfurações
são processos degenerativos (reabsorções internas ou externas), processos
cariosos e procedimentos operatórios (acesso a cavidade pulpar, localização e
preparo do orifício da entrada dos canais radiculares, preparo ou remoção de
retentores intra-radiculares, desobturação e remoção de corpo estranho nos canais
radiculares).
Lopes et al. (2004) classificaram as perfurações em coronárias e radiculares,
de acordo com o local em que ocorrem. As perfurações coronárias podem ser
subdivididas em supragengivais, subgengivais e infra-ósseas. É considerada
supragengival quando localizada acima da inserção gengival e o seu tratamento é
feito através de selamento com materiais habitualmente empregados em dentística
restauradora. A subgengival está localizada abaixo da inserção gengival e acima do
nível ósseo, podendo ser tratada pela exposição cirúrgica do defeito ou com
extrusão ortodôntica, sendo selada com materiais restauradores. A perfuração infra-
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óssea normalmente está localizada na região de furca e o seu tamponamento deve
ser feito com um material biológico.
Torabinejad e Lemon (1997) classificaram as perfurações de furca em dois
tipos: o tipo “direto” e o tipo “em faixa”. A perfuração direta geralmente ocorre
durante a procura por um orifício de entrada do canal radicular, em geral é acessível,
pode ser pequena e ter paredes. O prognóstico deste modelo de perfuração é de
médio a bom. Uma perfuração em faixa, envolvendo lateralmente a região de furca
radicular, resulta de alargamento excessivo com limas ou brocas Gates- Glidden.
São geralmente inacessíveis, requerendo técnicas mais elaboradas. As seqüelas
usuais das perfurações em faixa são a inflamação, seguida do desenvolvimento de
lesão periodontal. O insucesso, em longo prazo, é devido à infiltração do material
selador, que resulta em problemas periodontais com perda de inserção.
Ainda, segundo Bramante et al. (2003), no momento em que ocorre a
perfuração, a área frontal a ela (ligamento periodontal e osso alveolar) é destruída
em maior ou menor intensidade e em conseqüência, estabelece-se um processo
inflamatório de intensidade variável. O não tratamento desta perfuração permite a
contaminação, determinando a progressão do processo inflamatório que, por sua
vez, leva a maior destruição do osso alveolar. O cemento e a dentina adjacentes a
área da perfuração poderão se apresentar com variado grau de reabsorção. Outra
possibilidade é que os restos epiteliais de Malassez, que circundam a raiz, sejam
estimulados, podendo dar origem a um cisto. Percebe-se, portanto, que quanto mais
precocemente se realizar o tratamento da perfuração, melhor será o prognóstico.
De acordo com Estrela, Camapum e Lopes (1999), a perfuração pode ser
diagnosticada pelo aparecimento súbito de hemorragia no canal radicular ou por sua
persistência após remoção do tecido pulpar; pela exploração clínica; pelo aspecto
radiográfico mostrando a lima no periodonto; por constatação de lesão lateral e pino
direcionado fora do longo eixo da raiz.
O prognóstico depende de muitos fatores, como o tempo decorrido entre a
ocorrência da perfuração e o seu fechamento, o tamanho e o grau de contaminação,
a localização, a qualidade do selamento e a biocompatibilidade do material utilizado
(BRAMANTE et al.,2003).
Assim, sendo uma condição clínica passível de acontecimento em toda
terapia endodôntica, torna-se oportuno analisar alguns dos materiais que estão
15
sendo utilizados para o tratamento de perfurações na região de furca, no que diz
respeito à capacidade seladora.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Silva Neto (2002), existe muita divergência nos resultados dos
estudos em relação aos materiais utilizados para selar perfurações, não permitindo a
eleição do material ideal. A este propósito, no início da década de 90, uma equipe de
pesquisadores da Universidade de Loma Linda, Califórnia – EUA idealizaram e
desenvolveram um material com o objetivo de selar todas as comunicações entre o
sistema de canais radiculares e a superfície externa do dente. Este material
denominado de agregado trióxido mineral ou MTA é constituído principalmente por
trióxidos e outros minerais em menor quantidade.
Daoudi e Saunders (2002) realizaram um estudo para avaliar in vitro, o reparo
em perfurações de furca utilizando MTA ou cimento de ionômero de vidro modificado
por resina, quando colocados sobre o defeito com e sem o uso de microscópio
operatório. Para a avaliação, 46 dentes molares humanos foram montados em um
guia e fixados em uma mandíbula simulada. As perfurações foram feitas no assoalho
da câmara pulpar com broca em baixa rotação. Na seqüência do experimento, os
dentes foram divididos em grupos aleatórios de acordo com o material utilizado,
sendo que: o grupo 1 teve as perfurações seladas com Vitrebond e o auxílio do
microscópio operatório para a colocação do material na cavidade; o grupo 2, seladas
com MTA e o auxílio do microscópio operatório; nos grupos 3 e 4, as perfurações
foram seladas com Vitrebond e MTA respectivamente, com visão direta, sem o uso
do microscópio. Todos os grupos foram mantidos em ambiente úmido e o reparo foi
avaliado após 72 horas de imersão em tinta da Índia. Os resultados mostraram que
o uso do microscópio apenas facilitou a colocação dos materiais nas perfurações,
sem influenciar nos resultados obtidos e que o MTA apresentou menor índice de
infiltração quando comparado ao Vitrebond.
Weldon Jr. et al. (2002) utilizaram 51 molares superiores extraídos, para
investigar, através de um estudo longitudinal, a capacidade de selamento
proporcionada pelo MTA e Super-EBA, quando utilizados para reparar perfurações
de furca. Os dentes tiveram suas coroas removidas 3 mm acima do assoalho pulpar
e as raízes removidas 3 mm abaixo da região de furca. As perfurações foram
realizadas no centro da região de furca e os canais radiculares foram obturados com
guta-percha. Os grupos foram divididos de acordo com o material utilizado em:
grupo 1, selado com MTA; grupo 2, selado com Super-EBA e grupo 3 selado com
17
uma associação de MTA e Super- EBA. Após 30 minutos os grupos 2 e 3 foram
avaliados quanto a integridade e, após 4 horas o grupo 1 foi avaliado. Outras
medições foram realizadas em 24 horas, uma semana e um mês. Os resultados
indicaram que depois de 24 horas o Super-EBA apresentou o melhor selamento,
embora os dois materiais tenham selado adequadamente as perfurações.
Segundo Moraes (2002), o cimento de Portland possui as mesmas
propriedades físico-químicas do MTA e a sua biocompatibilidade tem sido
confirmada por vários autores. Entretanto, o cimento de Portland não tem
radiopacidade. Através de dois estudos clínicos de perfurações na região de furca, o
autor demonstrou a possibilidade de se adicionar sulfato de bário ao cimento de
Portland como agente radiopaco. Comprovou que o material utilizado foi eficiente
para o tratamento da perfuração, com o desaparecimento da lesão de furca em
ambos os casos e que, o sulfato de bário conferiu radiopacidade ao cimento de
Portland.
Moraes, Aragão e Heck (2002) relataram que a dificuldade de obtenção do
MTA e o seu elevado custo tem sido fator inibidor de sua utilização. De acordo com
os autores, a situação pode ser contornada com o surgimento de produtos nacionais
(MTA-Angelus®, por exemplo) e pela comprovação do uso do cimento de Portland
como substitutos do ProRoot MTA® (material de referência). O cimento de Portland
é usado em concreto e argamassa no estado plástico, endurecendo horas depois,
pela perda de água. Os componentes básicos deste cimento são silicatos de cálcio,
aluminato e ferroaluminato de cálcio, óxido de magnésio, óxido de cálcio, compostos
alcalinos e sulfatos. Análogo ao MTA, ambos com pH alcalino, que endurecem em
contato com a umidade horas após a aplicação.
Segundo Bramante et al. (2003), a escolha do material preenchedor do trajeto
da perfuração deve se basear nos seguintes requisitos: fácil de usar; biocompatível;
não contaminável pela hemorragia; ser reabsorvível se extruído; induzir osteogênese
e cementogênese; não irritante; fácil obtenção; ser radiopaco e manter a perfuração
bem selada. Para este autor, o MTA é um material semelhante ao hidróxido de
cálcio. É um pó de cor cinza, que misturado a água destilada, endurece após 2
horas e 45 minutos aproximadamente, por ação higroscópica. Apresenta um pH ao
redor de 12,4 e possui como vantagem funcionar como um material permanente,
não necessitando trocas.
18
Segundo Ruiz (2003), em revisão de literatura, materiais como Cavit, óxido
de zinco e eugenol, hidróxido de cálcio, amálgama, guta-percha, hidroxiapatita e
ionômero de vidro têm sido empregados para o tratamento das perfurações
endodônticas e, mais recentemente, o agregado de trióxido mineral (MTA) tem sido
indicado e apresentado excelentes resultados para o tratamento dessas injúrias.
Silva Neto e Moraes (2003) avaliaram in vitro, por meio da infiltração do
corante rodamina B 0,2%, a capacidade seladora do MTA-Angelus®, ProRootMTA®, Super-EBA e MBP-c, quando utilizados para selar perfurações na região de
furca de molares humanos extraídos, colocados isoladamente ou em associação
com uma matriz de gesso Paris, aplicada no fundo do trajeto da perfuração. O MBPc é um cimento à base de resina epóxica e hidróxido de cálcio, apresentado na
forma de duas pastas que foi idealizado na disciplina de Endodontia da Faculdade
de Bauru-SP. Os autores concluíram que o cimento MBP-c apresentou os menores
índices de infiltração marginal, seguido pelo Super-EBA, ProRoot-MTA e MTAAngelus e, na presença da matriz o MBP-c também foi superior, havendo diferença
estatística significante entre ele e os cimentos ProRoot-MTA e MTA- Angelus. A
presença de matriz de gesso Paris influenciou negativamente a capacidade seladora
do cimento Super- EBA.
Ainda no ano de 2003, Tanomaru Filho, Mazotti e Tanomaru estudaram o
selamento marginal proporcionado pelos cimentos Sealer 26, Sealapex acrescido de
óxido de zinco, N-Rickert e ionômero de vidro fotopolimerizável. Para isso, 40 dentes
unirradiculados humanos, r e c é m -extraídos,
tiveram
os
canais radiculares
instrumentados e obturados. Em seguida, cavidades foram confeccionadas no terço
médio, na face distal radicular, até atingir a obturação do canal, a qual foi preenchida
com os materiais citados anteriormente. Os dentes foram imersos em solução de
azul de metileno a 2%, por sete dias e, após este período, a infiltração marginal foi
analisada através de escores. Os resultados permitiram ordenar os materiais
seladores, partindo do mais eficiente para o menos, em: cimento Sealer 26, cimento
Sealapex acrescido de óxido de zinco, ionômero de vidro fotopolimerizável e cimento
N-Rickert.
Em busca de soluções mais adequadas para o tratamento das perfurações
radiculares, em 2004, Páttaro, Amaral e Gavini, compararam a capacidade de
selamento de quatro materiais restauradores: amálgama com Cavit, ionômero de
vidro, resina composta e amálgama adesivo. Foram realizadas cavidades no
19
assoalho pulpar de 60 molares inferiores extraídos. Na seqüência do experimento,
os espécimes foram divididos em quatro grupos de acordo com os materiais a serem
testados e após o preenchimento das perfurações, as amostras foram submetidas à
imersão em azul de metileno a 1% durante 48 horas. Os resultados mostraram que o
ionômero de vidro apresentou menor índice de penetração do corante na extensão
da perfuração com valor médio de 33,49%, seguido pela resina composta com valor
de 63,77%, e pelo amálgama adesivo com valor de 71,82%. O resultado menos
favorável foi encontrado no grupo em que se utilizou o amálgama associado ao Cavit
com valor de 91,57%.
Broon (2004) avaliou a resposta dos tecidos periodontais em dentes de cães
após o selamento de perfurações com ProRoot MTA®, MTA-Angelus® e cimento de
Portland branco, aos quais adicionou ou não cloreto de cálcio a 10%. Foram
utilizados 36 dentes, perfurados com broca STP 58, em baixa rotação, no terço
cervical da raiz mesial em direção à furca. Após análise microscópica, os resultados
mostraram neoformação de tecido mineralizado, fechando total ou parcialmente as
perfurações, porém, com inflamação, especialmente nos dentes onde houve
extravasamento de material selador. Todos os materiais, com e sem cloreto de
cálcio, mostraram resposta favorável, criando condições biológicas que favorecem o
reparo no local da perfuração e nos tecidos periodontais inter-radiculares.
Ferris e Baumgartner (2004) avaliaram a capacidade de dois tipos de MTA,
em relação ao reparo de perfurações de furca, através de um modelo experimental
para infiltração de bactérias anaeróbias. Foram utilizados 40 molares humanos
extraídos, nos quais realizaram uma perfuração no centro do assoalho da câmara
pulpar. Estes dentes foram divididos em dois grupos de 18 dentes cada, sendo
reservados 2 para o controle negativo (sem perfurações) e dois para o controle
positivo (perfurações não seladas). As perfurações foram preenchidas com MTA
branco e MTA cinza, ambos da ProRoot ®. Os dentes foram montados em matrizes
e mantidos a 37ºC, com 100% de umidade e em meio de cultura específico para
anaeróbios do gênero Fusobacterium Nucleatum. De acordo com os resultados, em
duas das 18 amostras seladas com MTA cinza e em três das seladas com MTA
branco, houve infiltração. Entretanto, não houve diferença significativa entre os dois
tipos de MTA na prevenção da infiltração das bactérias Fusobacterium Nucleatum.
Ainda em 2004, Hardy et al., investigaram a capacidade seladora de três
materiais através da análise de infiltração de fluido. Para o estudo, utilizaram um
20
tubo de polietileno conectado ao dente e a um aparelho especialmente
confeccionado para este fim, chamado Flodec (De Marco Engenharia, Suíça). O
aparelho continha um dispositivo capaz de medir a quantidade de fluido que
penetrava no dente. Foram utilizados 40 dentes humanos extraídos, que tiveram as
coroas removidas acima do assoalho pulpar e as raízes removidas abaixo da área
de furca. Depois de confeccionadas as perfurações, o tubo de polietileno foi
cimentado na região de furca. Os dentes foram selados com MTA, sistema adesivo,
MTA com sistema adesivo e MTA com SuperEBA. A integridade do selamento foi
avaliada através da infiltração de fluido nos espécimes. Nos resultados obtidos após
24 horas de selamento, a ordem crescente de selamento foi: MTA, MTA associado
ao Super EBA, MTA com sistema adesivo e sistema adesivo somente. Depois de um
mês, os resultados não tiveram diferença estatística entre os materiais testados,
exceto no grupo selado com MTA associado ao SuperEBA que diminuiu a
capacidade seladora.
Bernardes, Fava e Machado (2005) estudaram, através de revisão de
literatura, os materiais utilizados no tratamento das perfurações radiculares e os
classificaram em curativos, bases e restauradores. Os curativos são utilizados com
finalidade anti-séptica e secativa. Como exemplos, o hidróxido de cálcio, que possui
pH alcalino, biocompatibilidade e evita a inflamação severa no local da perfuração e
o MTA com propriedades biológicas capazes de estimular a formação óssea e
aumentar o poder de selamento. Os materiais classificados como bases, visam
promover uma proteção a ferida, isolando-a do meio externo. Geralmente, não são
suficientes para selar a área perfurada, por não apresentarem resistência a
compressão e possuírem alta solubilidade em médio prazo. Como exemplos, o Cavit
e o cimento N-Rickert. Por fim, os restauradores, que possuem resistência,
radiopacidade e são menos solúveis que as bases, como o amálgama e o ionômero
de vidro.
Tsatsas, Meliou e Kerezoudis (2005) apresentaram um estudo de vários
materiais utilizados no reparo de perfurações de furca. Para este fim, utilizaram 90
dentes molares tratados endodonticamente e perfurados no assoalho da câmara
pulpar. Os grupos foram divididos e selados com: ProRoot MTA, Super-EBA,
Vitremer, Hermacol(esponja de colágeno absorvível) com Super-EBA, Hermacol com
Vitremer, fosfato tricálcio com AH 26® e Cavit com amálgama. Depois de oito
meses, os dentes foram seccionados longitudinalmente e a efetividade do selamento
21
foi avaliada com microscópio, observando a infiltração da solução corante de nitrato
de prata. Os resultados mostraram que as perfurações seladas com MTA e as
seladas com Hermacol associado ao Vitremer apresentaram os menores índices de
infiltração; todos os materiais exibiram infiltração; o amálgama foi o pior material e a
esponja de colágeno melhorou a capacidade de selamento dos materiais utilizados
para reparar perfurações.
Broon et al. (2006) avaliaram o reparo de perfurações em 40 dentes de cães,
tratadas com ProRoot MTA®, MTA Angelus® e cimento de Portland branco. As
perfurações foram feitas com broca STP 58 em baixa rotação, padronizando o seu
diâmetro, no terço cervical, em direção ao canal mesial do dente. O selamento foi
realizado imediatamente e os grupos divididos de acordo com os materiais testados.
Após 90 dias, os dentes foram preparados para análise microscópica pela coloração
da hematoxilina e eosina. Os autores concluíram que os três materiais propiciaram o
selamento da perfuração com tecido mineralizado, sem diferenças estatísticas entre
eles, com completo vedamento e livres de inflamação.
Thomé (2007), em revisão de literatura sobre as perfurações dentais
iatrogênicas ocorridas na região de furca, evidenciou que o MTA é um material
efetivo para o tratamento de perfurações. Ele é biocompatível, tem boa adaptação
as paredes da perfuração, adequado ao selamento marginal e apresenta atividade
osteoblástica e cementoblástica. Já em relação ao uso de matriz interna, a autora
diz ser importante para materiais como o ionômero de vidro fotopolimerizável, pois
forma uma barreira ao extravasamento e melhora a capacidade de selamento.
De- Deus et al. (2007) utilizaram 55 dentes molares humanos extraídos para
avaliar a capacidade do cimento de Portland, MTA-Angelus e MTA-Bio como
agentes seladores de perfurações de furca. Os espécimes foram seccionados no
terço médio, os orifícios dos canais no terço apical foram vedados com resina
composta e a perfuração foi criada no centro do assoalho da câmara pulpar com
broca nº 3. Os dentes foram divididos em 3 grupos de 15 dentes cada, de acordo
com os materiais testados. Com o auxílio de um aparelho especialmente
confeccionado, a infiltração foi medida através do movimento de uma bolha de ar
dentro de uma pipeta que estava conectada ao dente e recebia pressão constante
de 20 cm de H2O. Constataram que o selamento promovido pelos três cimentos foi
similar e que, o cimento de Portland, possui grande potencial para reparar
perfurações.
22
Oliveira et al. (2007) realizaram um estudo comparativo entre o MTAAngelus®, ProRoot-MTA® e o cimento de Portland que possuem composição
química similar e custos bastante diferentes, sendo o cimento de Portland menos
oneroso. Foram confeccionados 12 corpos de prova de cada um dos materiais, e
estes, foram examinados por meio de microscopia eletrônica com a técnica de
espectroscopia por dispersão de energia, que fornece o percentual dos
componentes químicos encontrados. As médias dos elementos químicos
encontrados nos três cimentos foram comparadas através de análise estatística
descritiva. O bismuto, responsável pela radiopacidade, estava presente somente nos
cimentos MTA. Concluíram que, os cimentos testados apresentaram similaridade em
suas composições, o que indica a possibilidade de futura utilização clínica do
cimento de Portland como alternativa ao MTA.
Min et al. (2007) investigaram a citotoxicidade do cimento de Portland, IRM,
Dycal e Fuji II LC em um meio de cultura contendo células pulpares humanas. O
cimento de Portland foi misturado com água destilada e os outros materiais
conforme instruções do fabricante. Condições de assepsia foram conseguidas com o
auxílio de radiação ultravioleta e incubação. Todos os materiais apresentaram
declínio da viabilidade celular no período de 12 horas, exceto o cimento de Portland
que exibiu viabilidade similar ao grupo controle em até 72 horas. Observaram, em
microscópio eletrônico, pouca atividade celular nos grupos que continham IRM, Fuji
II LC e Dycal. Já no grupo que continha cimento de Portland, as células estavam
próximas uma das outras, unidas através de prolongações citoplasmáticas. Os
resultados sugerem que o cimento de Portland é biocompatível, não é citotóxico e
permite a mineralização, tendo potencial para ser utilizado como material
odontológico.
O MTA utilizado para selar perfurações é capaz de estimular a mineralização
óssea. Entretanto, quando o local da perfuração é contaminado, o processo de
reparo pode ocorrer em condições menos favoráveis. Holland et al. (2007) avaliaram
o reparo tecidual em 30 perfurações laterais, realizadas em dentes de cães,
contaminadas ou não e seladas com MTA. No primeiro grupo, as perfurações foram
imediatamente seladas com MTA após o controle do sangramento; no segundo
grupo, elas ficaram expostas ao meio oral por sete dias antes de receberem o
selamento e no terceiro grupo, as perfurações ficaram expostas ao meio oral por
sete dias, depois foram seladas temporariamente com hidróxido de cálcio por 14
23
dias e só então seladas definitivamente com MTA. Após análise histológica e
estatística, os resultados mostraram que o reparo tecidual foi superior quando a
perfuração foi imediatamente selada com MTA. Os grupos 2 e 3 obtiveram
resultados semelhantes, comprovando que o hidróxido de cálcio não melhorou os
resultados finais do grupo 3. O tempo de presa prolongado é uma desvantagem do
MTA.
Nandini, Ballal e Kandaswamy (2007) analisaram a influência do cimento de
ionômero de vidro no tempo de presa do MTA. Para isso, cilindros de vidro foram
preenchidos com o agregado de trióxido mineral. O grupo 1, recebeu uma camada
de ionômero de vidro depois de 45 minutos; o grupo 2 depois de 4 horas ; o grupo 3
depois de 3 dias e o grupo 4 foi vedado somente com MTA, para controle. Cada
amostra foi digitalizada em vários intervalos de tempo e a interface MTA- ionômero
de vidro foi mensurada. O estudo mostrou que o cimento de ionômero de vidro
utilizado sobre o MTA não influenciou em seu tempo de presa e, embora possam ter
sido formados sais de cálcio na interface entre os materiais, eles ficaram restritos a
esta área.
Komabayashi e Spangberg (2008) analisaram pequenas partículas de
cimento de Portland quanto ao seu tamanho (largura, comprimento e perímetro) e
forma, com o objetivo de avaliar se estas partículas eram capazes de penetrar
através dos túbulos dentinários e induzir então, a mineralização dos tecidos.
Imagens digitais foram automaticamente coletadas e analisadas em relação aos
parâmetros acima descritos, com auxílio de um computador, em três amostras de
cimento de Portland. Comprovaram com este estudo, que as partículas do cimento
de Portland possuem menor diâmetro que os túbulos dentinários podendo penetrálos e que o vedamento destes túbulos, depende da forma destas partículas.
Ibarrola, Biggs e Beeson (2008) em um estudo clínico, avaliaram o reparo
tecidual de uma perfuração realizada em um primeiro molar inferior, na região de
furca, com severa destruição óssea. Utilizando um porta-amálgama, a perfuração foi
selada com ProRoot-MTA, os canais foram obturados com AH Plus e o dente
restaurado com amálgama de prata. No acompanhamento de quatro anos, o
paciente não relatou dor, sensibilidade ou edema e pelo exame radiográfico houve
formação óssea. Concluindo que, o MTA é um excelente material para selar
perfurações.
24
Hashem e Hassanien (2008) avaliaram a capacidade seladora do MTAAngelus®, ProRoot-MTA® e IRM. Para o estudo, 80 primeiros molares inferiores
humanos extraídos foram divididos em grupos de 20 dentes cada, de acordo com o
material a ser utilizado e, subdivididos em grupos com e sem matriz interna. Os
dentes foram seccionados antes da área de furca com pedra diamantada e, após
sua impermeabilização, realizaram as perfurações. No grupo 1 as perfurações foram
seladas com ProRoot-MTA( 10 dentes com matriz de colágeno e 10 dentes sem
matriz); no grupo 2 as perfurações foram seladas com MTA-Angelus e no grupo 3
com IRM, ambos subdivididos em 10 com matriz interna e 10 sem matriz interna de
colágeno. Em seguida, os dentes foram imersos em solução de azul de metileno por
24 horas. Após análise em espectrofotômetro, concluíram que, o ProRoot MTA
possui excelentes propriedades seladoras se usado com ou sem matriz interna; o
MTA- Angelus pode ser usado com matriz interna para reparar perfurações e o uso
do IRM tem indicações limitadas e, se usado, deve ser com matriz interna.
Huang et al. (2008) analisaram o efeito de um agente acelerador no tempo de
presa, alteração de pH e força de tensão do MTA. Comprovaram que, usando
solução de fosfato de sódio dibásico a 15% o tempo de presa do MTA diminui 26
minutos em relação ao tempo de presa inicial de 3 horas. Quanto à força de tensão,
promoveu tensão máxima de 4,9 MPa nas primeiras 6 horas e 1 MPa quando o
cimento foi misturado com água. Em relação ao pH, o agente acelerador misturado
ao cimento aumentou o pH de 11 para 13,2, com resultados semelhantes de quando
foi misturado com água. O alto valor de pH não é considerado problemático porque
ele destrói colônias de bactérias que possam estar presentes. Portanto, a solução de
fosfato de sódio dibásico, pode ser usada com agente acelerador do tempo de presa
do MTA.
O material utilizado para selar perfurações de furca, mesmo com excelentes
propriedades, pode extruir para o periodonto, causando inflamação e destruição
óssea. A matriz interna serve como anteparo para este extravasamento e aumenta
as chances de sucesso. Pace, Giuliani e Pagavino (2008) apresentaram os
resultados de cinco anos de acompanhamento de dez casos de perfurações de
furca, seladas com matriz interna e MTA. Depois deste período, nove dos dez
dentes apresentavam aspectos clínicos de reparo e sucesso no tratamento e, em
apenas um caso não foi possível o acompanhamento devido ao abandono do
25
tratamento pelo paciente. Comprovando que, o MTA associado à matriz interna, é
um excelente material para selar perfurações.
Bodanezi et al. (2008) investigaram a solubilidade dos cimentos MTA e
Portland, desde o momento da manipulação até 672 horas após. Para isso, foram
confeccionados anéis de metal que foram selados com os cimentos acima descritos
e submersos em água destilada e em cada tempo experimental (3, 24, 72, 168, 336
e 672 horas) foram pesados. Anéis sem material serviram para o grupo controle. Os
pesos obtidos foram analisados estatisticamente. Somente o cimento de Portland
mostrou perda de peso menor que 3% do valor inicial nas primeiras 24 horas. O
MTA se apresentou com maior peso nos períodos experimentais de 3 e 168 horas.
O peso do MTA foi maior que o do cimento de Portland quando finalizadas 672
horas. Assim, em meio aquoso, o MTA é mais solúvel que o cimento de Portland e
ultrapassa o limite de peso mínimo considerado aceitável pela norma ISO 6876 de
2001.
Também no ano de 2008, Reiss-Araújo et al., realizaram um estudo
comparando o comportamento histológico do MTA e o cimento de Portland, em
função da composição similar de ambos os materiais. Para isso, utilizaram dois
grupos de cinco ratos Wistar (Ratus novergicus) que foram submetidos à cirurgia
para a inserção de tubos de polietileno contendo MTA (lado esquerdo) e cimento de
Portland (lado direito). Após a sutura, os animais foram isolados por dois diferentes
períodos (2 e 12 semanas). As peças foram submetidas à análise histológica, onde
os resultados mostraram-se similares entre os cimentos. Concluindo que, a
utilização do cimento de Portland como alternativa ao MTA pode ser considerada.
Meire e De Moor (2008) descreveram um caso clínico de uma perfuração na
raiz mesial do segundo molar inferior causada por reabsorção interna e tratada com
MTA. Na região já havia intensa perda óssea, comprovada com o auxílio do
localizador apical e radiografias. Previamente ao tratamento definitivo, foram feitas
trocas de hidróxido de cálcio porque o tecido de granulação não foi completamente
removido com a instrumentação mecânica. Após três semanas, o MTA foi
condensado no local da reabsorção e os canais radiculares foram obturados com
guta percha. No acompanhamento de dois anos, o sucesso do tratamento foi
constatado através de exames clínicos e radiográficos. Houve completo
desaparecimento da lesão e estabelecimento de um novo ligamento periodontal.
26
Ainda no ano de 2008, Saghiri et al. avaliaram a microinfiltração do MTA no
selamento de canais radiculares previamente expostos a vários meios ácidos
durante a hidratação. Para isso, utilizaram 70 dentes unirradiculares divididos em 4
grupos experimentais
e
2
grupos
controle.
Todos os
espécimes foram
instrumentados e tiveram os ápices seccionados. As cavidades foram seladas com
MTA nos grupos experimentais e os grupos controle não foram selados. Logo após,
os dentes foram expostos ao meio ácido com valores alternados de pH (4,4; 5,4; 6,4
ou 7,4) por três dias. A microinfiltração foi avaliada através da imersão dos dentes
em solução de proteínas bovina e diariamente, a quantidade destas proteínas era
detectada através de reagentes. Assim, se estabelecia uma correlação entre a
coloração do reagente e a infiltração apical, uma vez por dia, durante 80 dias. Os
resultados mostraram que a infiltração ocorreu primeiramente no meio em que o pH
era de 4,4, seguido pelos pH 5,4; 6,4 e 7,4 respectivamente. Portanto, a infiltração
necessitou de um longo período para ocorrer nas amostras em que o pH era mais
alto. Assim, como o MTA se mostrou menos resistente à infiltração quando exposto
ao meio ácido, é aconselhável utilizá-lo com matriz em situações em que o material
entra em contato direto com lesões, e não somente fazer uso da matriz como forma
de contê-lo, não permitindo o extravasamento.
Shie et al. (2009) investigaram o efeito de duas soluções com diferentes pH
(6.4 e 4.0) e o uso de um agente acelerador do tempo de presa ( 15% de fosfato de
sódio) nas propriedades do MTA branco. Os estudos indicaram que o pH 4.0 possui
efeitos deletérios na morfologia do MTA quando misturado com água e que não
afeta a forma das partículas se o MTA é misturado com solução de fosfato de sódio.
Na imersão em pH 4.0 por sete dias, o MTA misturado com água ou com solução de
fosfato de sódio, apresentou força de tensão de 7,9 e 9 MPa, respectivamente, com
diferença estatística significante para quando foi usado o pH 6,4 (11,2 e 12,0 MPa,
respectivamente). Concluindo que, manipulando o MTA com um agente acelerador,
não ocorre mudança significativa na microestrutura, solubilidade ou força de tensão
do material testado.
Hakki et al. (2009) estudando o MTA, investigaram o efeito deste material
sobre as células, em relação a capacidade de mineralização, sobrevivência celular e
comportamento dos cementoblastos frente a mineralização. Os autores relatam que
o MTA não possui efeito negativo na sobrevivência celular e na morfologia dos
cementoblastos, exceto quando utilizado em concentrações superiores a 20 mg/mL.
27
O MTA é capaz de induzir a biomineralização, sendo favorável para promover a
interação entre a célula e o material no momento do reparo tecidual.
Bortoluzzi et al. (2009) avaliaram a influência da adição de cloreto de cálcio
no tempo de presa, solubilidade, desintegração e pH do MTA e do cimento de
Portland. Em relação ao tempo de presa, o teste foi realizado segundo
especificações da ADA. Para avaliar a solubilidade, desintegração e pH, anéis de
Teflon foram selados com os cimentos testados e pesados após a presa final dos
materiais. Após, foram imersos em solução aquosa por 24 e 72 horas; 7,14 e 28
dias, sempre pesando os materiais nestes intervalos. O pH da solução aquosa foi
medido antes da imersão dos cimentos,
imediatamente após e nos intervalos
citados. A adição de cloreto de cálcio promoveu redução do tempo de presa inicial
dos dois cimentos. O tempo de presa final do MTA reduziu 35,5% e do Portland
68,5%. O MTA com cloreto de cálcio absorveu água e aumentou o peso molecular
com o passar do tempo, aumentando também o valor de seu pH . A adição de
cloreto de cálcio ao cimento de Portland reduziu sua solubilidade e também
aumentou o pH. Concluindo que, o cloreto de cálcio em ambos os cimentos, reduziu
o tempo de presa dos materiais e a solubilidade, promovendo um aumento inicial do
pH.
Asgary et al. (2009) compararam a composição do MTA, cimento de Portland
e um novo cimento endodôntico (NCE). No estudo, foram investigadas as
características destes materiais quando imersos em solução salina por uma semana.
Os materiais foram analisados através de scanner microscópico e técnica de
dispersão de raios X. Os achados clínicos revelaram que os componentes do MTA e
do cimento de Portland são os mesmos, exceto pelo óxido de bismuto presente
somente no MTA; a cor diferente entre os cimentos cinza e branco é devido à menor
quantidade de ferro nos cimentos tipo branco; o NCE difere quimicamente do MTA e
Portland; o fósforo se apresenta em maior quantidade no cimento NCE e em
contraste aos outros materiais testados, o NCE apresenta composição química
similar a dentina.
Kao et al. (2009) examinaram o efeito de aditivos nas propriedades físicoquímicas do MTA, chamando- o de MTA-like. Foram utilizadas matrizes de óxido de
silício, óxido de cálcio e trióxido de alumínio e aditivos contendo óxido de zinco,
óxido de magnésio e trióxido de ferro. Depois de realizados os testes para avaliar as
alterações nas propriedades do novo material, os autores constataram que: o MTA-
28
like apresentou significante diminuição no tempo de presa (menos 14 minutos)
quando foi manipulado com água e comparado ao MTA comum, entretanto houve
redução na força de tensão de 0,9 para 3,1 MPa em comparação ao MTA comum
(4,4 MPa). Quando foram misturados os aditivos ao MTA-like ocorreu um aumento
significativo da força de tensão. O pH inicial do MTA-like foi de 11, aumentando para
13, resultados similares ao MTA comum. Assim, futuras análises do MTA-like são
necessárias antes de considerá-lo um material viável para a prática odontológica.
Em revisão de literatura, Cogo et al. (2009), analisaram os materiais que
estão sendo utilizados para o tratamento de perfurações endodônticas. Segundo os
autores, o MTA possui algumas limitações, tais como a dificuldade de manipulação e
a possibilidade de reabsorção do material antes da ocorrência do reparo,
principalmente nos casos em que uma contaminação pode tornar o ambiente
demasiadamente ácido. E, em relação aos materiais adesivos, como o ionômero de
vidro e as resinas compostas, que também são opções no tratamento de
perfurações, relatam que em presença de umidade têm o uso comprometido e uma
matriz atuaria como barreira evitando o extravasamento destes materiais e o contato
com a umidade. Assim, vários materiais estão disponíveis atualmente para este fim,
resta analisar cada caso em particular e escolher o melhor deles para iniciar o
tratamento, os autores relatam ainda que, o tempo decorrido entre a perfuração e o
seu selamento é o fator mais importante para a obtenção do sucesso.
29
3 OBJETIVOS
-Avaliar a capacidade seladora de três diferentes materiais utilizados no
tratamento de perfurações radiculares na região de furca (Vitremer, MTA-Angelus e
cimento de Portland).
30
4 METODOLOGIA
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O projeto, após apresentado, foi enviado ao Comitê de Ética da Universidade
Ingá/ Uningá e obteve aprovação na data de 29/05/2009, sob n° 0016-09 (ANEXO
A). Todos os pacientes que doaram dentes, assinaram um termo de doação de
dentes (Apêndice I).
4.2 TIPO DE ESTUDO
Estudo quantitativo experimental.
4.3 AMOSTRA
Foram utilizados 40 dentes molares humanos extraídos superiores ou
inferiores, separados de forma aleatória, com raízes completamente formadas e
separadas, mantidos em solução aquosa de formol 10% até o momento de sua
utilização.
4.4 PROJETO PILOTO
Visando minimizar as falhas durante a fase experimental, previamente foi
confeccionado um projeto piloto composto por seis dentes, selecionados de forma
aleatória. Os espécimes foram divididos em grupos de dois dentes cada, os quais
tiveram as perfurações confeccionadas conforme descrito no item 4.6 e seladas com
MTA-Angelus, cimento de Portland e Vitremer, respectivamente.
4.5 MATERIAIS UTILIZADOS
4.5.1 Cimento MTA-Angelus® (Angelus Soluções Odontológicas – Londrina - PR,
Brasil).
31
Apresenta embalagem composta por um vidro contendo 2 gramas de pó e um frasco
contendo água destilada (figura 1). O tempo de presa inicial, segundo o fabricante, é
de 2 horas e 29 minutos e o final é de 3 horas e 37 minutos.
Figura 1- Cimento MTA, MTA-Angelus®
A sua fórmula apresenta a seguinte composição:
Pó: Dióxido de silício, Óxido de potássio, Alumina, Óxido de sódio, Óxido férrico,
Trióxido de enxofre, Óxido de cálcio, Óxido de bismuto, Óxido de magnésio e
resíduos insolúveis (sílica cristalina, óxido de cálcio, sulfato de potássio e sulfato de
sódio).
Líquido: Água destilada.
A p roporção utilizada no experimento foi a recomendada pelo fabricante, como
sendo, uma medida de pó para uma gota de água destilada. Após a mistura obtinhase um cimento arenoso e úmido.
4.5.2 Cimento de ionômero de vidro – Vitremer (3M ESPE do Brasil Ltda, Sumaré –
SP, Brasil).
Apresenta embalagem contendo um vidro de pó com 9 g e um vidro de líquido com 8
ml (figura 2). Segundo o fabricante, apresenta tripla presa: fotopolimerizável,
autopolimerizável e reação ácido-base do ionômero de vidro. Com polimerização
garantida em qualquer situação clínica, mesmo na ausência de luz.
32
Figura 2- Cimento de ionômero de vidro, Vitremer®
A sua fórmula apresenta a seguinte composição:
Pó: cristais de fluoraluminiosilicato, persulfato de potássio, ácido ascórbico e
pigmentos.
Líquido: ácido polialcenóico, grupos metacrilatos, água, HEMA e canforoquinona.
A proporção utilizada foi a recomendada pelo fabricante, de uma colher de pó para
uma gota de líquido. Após a espatulação obtinha-se um cimento viscoso.
4.5.3 Cimento de Portland CP ll – E - 32 (Votoran®,Votorantim Cimentos Ltda., São
Paulo, SP, Brasil)
É um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que
endurece sob ação da água (figura 3). Na pesquisa foi misturado com água
destilada, como no MTA-Angelus. Após a mistura, obtinha-se um cimento de
consistência arenosa.
33
Figura 3- Cimento de Portland, Votoran®
A sua fórmula apresenta a seguinte composição:
Pó: Dióxido de silício, Óxido de potássio, Alumina, Óxido de sódio, Óxido férrico,
Trióxido de enxofre, Óxido de cálcio, Óxido de magnésio e resíduos insolúveis.
Líquido: água destilada.
A proporção utilizada foi a de 1 colher de pó para 1 gota de água destilada, como na
manipulação do MTA-Angelus.
4.6 PROCEDIMENTOS
Os dentes foram lavados em água corrente para eliminar os traços de formol
e depois, foram seccionados com disco de carborundum. Logo após, tiveram as
coroas removidas em um nível acima do assoalho da câmara pulpar, e as raízes
seccionadas logo abaixo da região de furca (figura 4). Em seguida, receberam duas
camadas de esmalte para unhas, visando à impermeabilização. Os grupos foram
divididos em: grupo I, 12 dentes selados com Vitremer® (3M ESPE); grupo 2, 12
dentes selados com MTA-Angelus® (Angelus) e grupo 3, 12 dentes selados com
cimento de Portland Votoran® (Votorantim), totalizando 36 dentes. Além disso, seis
dentes foram utilizados para a confecção do projeto piloto e quatro dentes para os
grupos controle positivo/negativo sendo que, o grupo controle positivo não recebeu
impermeabilização e o grupo controle negativo recebeu impermeabilização
completa.
34
Figura 4- Secção dos espécimes, acima do assoalho e abaixo da furca.
Previamente a perfuração, os dentes foram incluídos em base de silicona
pesada para simular o alvéolo (figura 5). Uma bolinha de algodão foi posicionada
frontalmente dando aspecto de umidade e resistência a compressão dos tecidos de
suporte, buscando simular condições clínicas (SILVA NETO, 2002).
Figura 5- Base de silicona pesada simulando alvéolo.
Perpendicularmente, no assoalho de cada espécime, foi confeccionada a
perfuração com broca esférica nº 1012 (KG Sorensen) e para padronizar o diâmetro
desta, foi feita sua ampliação com broca Gates- Glidden nº 4 (SybronEndo), com
constante irrigação de hipoclorito de sódio 2,5%.
Logo após, foi realizado o selamento das perfurações com os materiais
descritos (Tabela 1). No grupo 1, após a manipulação seguindo orientação do
fabricante, o material foi inserido com auxílio de uma seringa Centrix ( DFL Indústria
e Comércio S.A) e ponta agulhada e em seguida fotopolimerizado por 20 segundos.
Nos grupos 2 e 3, os materiais foram manipulados conforme instruções dos
fabricantes, inseridos com o auxílio de um porta-amálgama nº 1 e condensados com
35
um condensador de Paiva nº 2. Sob o assoalho da câmara pulpar foi assentado uma
camada de Cimpat ® (Septodont Brasil LTDA.) e sobre esta foi colocada uma
camada de cera nº 7 (Probem) derretida, complementando a impermeabilização dos
espécimes.
Tabela 1 – Distribuição dos espécimes e identificação dos grupos de acordo com os
materiais utilizados
Grupos
Cimentos
№ de espécimes
1
Vitremer
12
2
MTA-Angelus
12
3
Portland
12
Teste piloto
Idem grupos 1, 2 e 3
6
Controle positivo
-
2
Controle negativo
-
2
Total
46
Imediatamente após, todas as amostras foram imersas em corante rodamina
B a 0,2%, com pH 7,0 e imediatamente armazenados em estufa a 37ºC, por 48
horas. Após a lavagem em água corrente por 12 horas e remoção da camada de
impermeabilização com o auxílio de uma espátula Lecron, os espécimes foram
seccionados longitudinalmente, com disco de carburundum adaptado em uma peça
reta e sem irrigação, no sentido mésio-distal, em direção ápico-cervical, com o
objetivo de expor as perfurações e as possíveis marcas de infiltração. De forma
delicada, os dentes foram novamente lavados para remover possíveis resíduos
formados pelo seccionamento.
A seguir, cada uma das amostras seccionadas foi fotografada com um
aumento de 10 vezes, utilizando uma câmera digital Nikon D-40 adaptada a um
microscópio óptico DF Vasconcellos M 900 (ambos pertencentes à Clínica de
Endodontia do CEOM- Centro de Estudos Odontológicos Meridional, Passo FundoRS). As imagens dos dentes seccionados foram transferidas para um computador
para análise da infiltração linear do corante, pelos observadores (figuras 6, 7 e 8).
36
Três observadores, com experiência em endodontia, participaram desta
leitura, atuando independentemente um do outro, com o mesmo tempo para
observar cada imagem e atribuir os escores.
Considerou-se como medida da infiltração o comprimento do traço de corante
de maior extensão que seguia na interface material selador-dentina, desde a porção
mais apical do material obturador até sua porção mais cervical.
A análise da capacidade seladora proporcionada pelos materiais seladores foi
realizada utilizando-se de escores numéricos:
0- Não houve infiltração
1- Infiltrou até o primeiro terço do trajeto da perfuração
2- Infiltrou até o segundo terço do trajeto da perfuração
3- Infiltrou totalmente
Figura 6 - Hemisecção do espécime selado com cimento Vitremer, após imersão em
rodamina B
37
Figura 7- Hemisecção do espécime selado com cimento MTA-Angelus, após imersão em
rodamina B
Figura 8- Hemisecção do espécime selado com cimento de Portland, após imersão em
rodamina B
Os resultados foram tabulados e submetidos à análise de variância (ANOVA)
e teste comparativo de Tukey a 5% de significância.
38
5 RESULTADOS
As médias dos escores atribuídos à infiltração marginal do corante rodamina
B a 0,2%, constatadas nos 12 dentes de cada grupo, cujo N totalizou 101 amostras
estão representadas na Tabela 2.
Em caso de dúvida ao atribuir os escores para cada espécime analisada, os
observadores simplesmente não responderam, isso explica a diferença no número
de dentes de cada grupo.
Utilizando para a análise estatística o programa de computador SPSS versão
14.0, primeiramente foi aplicado o teste de Lavene, onde foi detectada normalidade
entre os grupos. Quando aplicado o teste ANOVA, para análise de variância,
constatou-se diferenciação entre os três grupos de cimentos testados. Para saber
qual o material se mostrou diferente em relação à infiltração, foi aplicado o teste de
Tukey.
Não foi detectada diferença estatisticamente significante na análise da
infiltração de corante nos cimentos Portland e Vitremer, já o cimento MTA-Angelus
teve a maior infiltração, com diferença estatística quando comparado aos outros dois
grupos.
Tabela 2 – Médias de infiltração de corante observada nos 3 grupos testados
Materiais
N
Infiltração
Vitremer
34
1,32 ± 0,98 a
Portland
35
1,53 ± 0,80 a
MTA-Angelus
32
2,43 ± 0,70 b
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si (Tukey a 5% de
significância).
Nenhum espécime do grupo controle negativo apresentou infiltração de
corante no trajeto da perfuração, enquanto que o grupo controle positivo apresentou
completa marcação das paredes do trajeto da perfuração.
39
6 DISCUSSÃO
6.1 DISCUSSÃO DA METODOLOGIA
Existe no Mercado, uma grande variedade de materiais para o selamento de
perfurações dentárias. A procura pelo material ideal é muito grande. Sendo a
capacidade seladora uma das propriedades físicas mais estudadas nos materiais
endodônticos, é conveniente avaliá-las em materiais que são oferecidos para este
fim, como é o caso dos cimentos MTA- Angelus, Portland e Vitremer.
Inúmeras técnicas e materiais têm sido empregados, tendo como metodologia
de comparação: avaliações de biocompatibilidade em animais experimentais,
acompanhamentos clínicos e radiográficos de propostas terapêuticas em humanos e
estudos in vitro analisando as propriedades físicas dos materiais selantes
(SHIMABUKO, 2000).
Dentre as metodologias, podemos citar o modelo utilizado por Weldon Jr. et
al. (2002), Hardy et al. (2004), De Deus et al. (2007), chamado de “fluid transport
model”, onde se força a passagem de água sob pressão por um canal obturado e
essa infiltração é quantificada pelo movimento de uma bolha de ar em um capilar
preenchido com água ligado à outra extremidade da raiz, exigindo para este fim um
complexo equipamento laboratorial.
Outro método foi o de análise de infiltração de corante, o que se mostrou um
método de execução possível no laboratório de Endodontia do CEOM. Este método
foi utilizado por autores como Shimabuko (2000), Kuga et al. (2002), Cunha et al.
(2002), Silva Neto; Moraes (2003), Souza et al. (2003), Tanomaru Filho; Mazotti e
Tanomaru (2003), Tanomaru Filho;Tanomaru e Ishikawa (2003), Páttaro; Amaral e
Gavini (2004), Tsatsas; Meliou e Kerezoudis (2005), Valera et al. (2006), Coneglian
et al. (2007) e Orosco et al. (2008).
O método de infiltração bacteriana, que determina o tempo necessário para
que o microorganismo penetre em uma determinada espessura do material testado,
foi avaliado por Soares; Bramante e Soares (1993), Trindade; Oliveira e Figueiredo
(2003), Ferris e Baumgartner (2004), Broon et al. (2006), Ribeiro et al. (2006), Min et
al. (2007) e Holland et al. (2007).
Cada um desses métodos possui vantagens e desvantagens. A técnica da
penetração de corante com o seccionamento dos espécimes para verificar a
40
infiltração parece ser a mais fácil e freqüentemente mais utilizada. Por este motivo,
optamos por ela na realização desta pesquisa.
Muitos autores, pesquisando perfurações radiculares na região de furca,
utilizaram-se de molares inferiores e superiores, devido a maior ocorrência destes
acidentes nestes grupos dentários (Shimabuko, 2000; Weldon Jr. et al., 2002; Cunha
et al., 2002; Daoudi e Saunders, 2002; Souza et al., 2003; Silva Neto e Moraes,
2003; Hardy et al., 2004; Páttaro, Amaral e Gavini, 2004;
Tsatsas, Meliou e
Kerezoudis, 2005; De Deus et al., 2007). Assim como, no estudo de perfurações
laterais ou retrocavidades, foram utilizados dentes monorradiculares pelos seguintes
autores: Coneglian et al., 2002; Kuga et al., 2002; Tanomaru Filho, Mazotti e
Tanomaru, 2003; Valera et al., 2006; Orosco et al., 2008.
Optou-se pelo armazenamento dos dentes em solução aquosa de formol
10%, visando à fixação e estabilidade da matéria orgânica, mantendo-os hidratados
conforme metodologia utilizada por: Silva Neto, 2002; Valera et al., 2006. Coneglian
et al., 2007; Orosco et al., 2008.
Outros materiais poderiam ter sido utilizados, como o soro fisiológico (Weldon
Jr. et al., 2002; Hardy et al., 2004; De Deus et al., 2007) com o objetivo de manter os
dentes hidratados somente. Neste caso, previamente deveria ser feita a desinfecção
dos espécimes. Alguns autores utilizam o hipoclorito de sódio 1% para promover a
desinfecção e depois o soro fisiológico para a hidratação (Daoudi e Saunders, 2002;
Tanomaru Filho, Mazotti e Tanomaru, 2003).
De acordo com a metodologia proposta por Silva Neto (2002), as coroas
foram removidas em um nível logo acima do assoalho da câmara pulpar, e as raízes,
logo abaixo da região de furca, de maneira que o segmento relacionado com o
assoalho da câmara pulpar permanecesse intacto e facilitasse a manipulação
durante as fases da pesquisa, permitindo condições semelhantes de trabalho em
todos os espécimes.
Optou-se por uma avaliação in vitro em dentes molares humanos extraídos,
que apresentassem raízes distintas, o que possibilitou também uma análise das
bifurcações/ trifurcações.
A impermeabilização externa, com uma ou duas camadas de esmalte, é a
mais utilizada nos trabalhos, a fim de impedir eventuais infiltrações em áreas
inadequadas (Tsatsas, Meliou e Kerezoudis, 2005; Valera et al., 2006). Optou-se por
41
esta técnica, que se mostrou bastante eficiente, visto que os controles negativos não
apresentaram nenhuma infiltração de corante.
Outras opções para
a
impermeabilização são: o cianocrilato de etila
(Shimabuko, 2000; Páttaro, Amaral e Gavini, 2004), associação de araldite com
esmalte para unhas (Tanomaru Filho, Tanomaru e Ishikawa, 2003; Silva Neto e
Moraes, 2003; Coneglian et al., 2007).
A utilização de silicona pesada para simular alvéolos artificiais mostrou-se
bastante eficaz, não permitindo a movimentação dos dentes no momento da
colocação do material. Se comparada ao alginato, que também é muito utilizado
para este fim, a silicona pesada possui um maior tempo de trabalho e é de fácil
manipulação, facilitando a confecção dos alvéolos artificiais. Este modelo foi
utilizado por autores como: Shimabuko, 2000; Silva Neto, 2002; Páttaro, Amaral e
Gavini, 2004.
Os dentes foram perfurados perpendicularmente no centro do assoalho da
câmara pulpar com brocas esféricas nº 1012, em alta rotação, receberam irrigação
com hipoclorito de sódio a 1% e a perfuração foi ampliada com uma broca GatesGlidden nº 04, com o objetivo de regularizar e estabelecer um diâmetro padronizado
de acordo com o trabalho de Silva Neto (2002).
Foram utilizadas bolinhas de algodão padronizadas, umedecidas com água e
colocadas na porção frontal da peça de silicona, simulando condições clínicas
quanto ao aspecto de umidade e resistência a compressão dos tecidos de suporte,
como citam os trabalhos de Silva Neto, 2002; Daoudi e Saunders, 2002; Weldon Jr.
et al., 2002; Hardy et al., 2004; Hashem e Hassanien, 2008. Já Nandini, Ballal e
Kandaswamy, 2007; utilizaram gelfoam para este fim, e Tsatsas, Meliou e
Kerezoudis, 2005; utilizaram uma esponja umedecida.
Alguns autores afirmam que os insucessos no tratamento de perfurações
radiculares são referentes à extrusão de materiais para os tecidos periodontais.
Autores como Pace, Giuliani e Pagavino, 2008; Mittal, Chandra e Chandra, 1999;
Coneglian et al., 2007; Zenóbio et al., 1997; Páttaro, Amaral e Gavini, 2004; Hashem
e Hassanien, 2008; sugerem a utilização de uma matriz para conter esses materiais,
evitando a presença de umidade, atuando como barreira no extravasamento e
permitindo uma condensação mais eficiente do material selador. Essa matriz pode
ser de gesso Paris, hidroxiapatita (Martin, 1996; Zenóbio et al., 1997); hidróxido de
cálcio (Coneglian et al., 2007); Cavit (Páttaro; Amaral; Gavini, 2004); gelfoam
42
(Ibarrola, Biggs e Beeson, 2008); de colágeno (Hashem e Hassanien, 2008). Como
essa matriz refere-se principalmente a prevenção da extrusão do material e não na
melhoria da capacidade de selamento, não foi utilizada neste trabalho e, portanto,
não será muito discutida.
Para avaliar o selamento das perfurações foram escolhidos os cimentos MTAAngelus®, Vitremer® e Portland Votoran®.
O cimento de Portland é um material utilizado na construção civil, que possui
as mesmas propriedades físico-químicas do MTA e tem a biocompatibilidade
confirmada por vários autores, entretanto não possui radiopacidade (Moraes, 2002).
Usado em concreto e argamassa no estado plástico, endurecendo horas depois pela
perda de água. Possui como componentes básicos silicatos de cálcio, aluminato e
ferroaluminato de cálcio, compostos alcalinos e sulfatos (Moraes, Aragão e Heck,
2002).
O MTA-Angelus (versão brasileira e mais barata do ProRoot-MTA, Dentsply),
é um material semelhante ao hidróxido de cálcio, endurece após 2 horas e 45
minutos aproximadamente por ação higroscópica, apresenta um pH ao redor de 12,5
e possui como vantagem funcionar como material permanente, não necessitando de
trocas (BRAMANTE et al., 2003). Diferencia-se do cimento de Portland por
apresentar óxido de bismuto em sua composição, dando aspecto radiopaco, o que
para a odontologia se faz necessário. Segundo Tsatsas, Meliou e Kerezoudis (2005),
o pH de aproximadamente 12,5 é provavelmente obtido com a presença de óxido de
cálcio em sua composição. Estudos relatam sua excelente adaptação nas margens
da perfuração, biocompatibilidade e capacidade de neoformação cementária.
O Vitremer, terceiro material utilizado, é um ionômero de vidro modificado por
resina, apresenta boas perspectivas em relação à infiltração marginal, maior
facilidade de inserção e boa adaptação na cavidade. Segundo informações do
fabricante, permite polimerização na ausência de luz, sendo desnecessária sua
aplicação em camadas. Segundo Shimabuko (2000), observa-se a ausência de uma
maior avaliação histológica e clínica no uso deste material no selamento de
perfurações radiculares, sendo que, entre os poucos relatos verificados na literatura
à seu respeito, houve presença de resposta inflamatória aguda, reabsorção óssea e
proliferação epitelial, constantemente. Porém, em seu trabalho o ionômero de vidro
obteve uma boa adesão junto à parede dentinária, decorrente da formação de uma
ligação química entre íons cálcio da dentina e o ionômero de vidro. Sua fluidez
43
causou um melhor escoamento e conseqüentemente uma melhor adaptação. Houve
um melhor controle do material, não permitindo extravasamento. De acordo com
Páttaro, Amaral e Gavini (2004), o ionômero de vidro possui boa resistência à
compressão e baixa solubilidade.
Segundo Trindade, Oliveira e Figueiredo (2003), o MTA tem sido utilizado
para o tratamento de perfurações radiculares, capeamentos pulpares, pulpotomia,
apicificações e como material obturador retrógrado nas apicetomias. O cimento de
Portland é um material experimental, com reduzido custo quando comparado ao
MTA.
O uso de corantes como marcadores da infiltração marginal tem se mostrado
bastante simples, entre eles podemos citar o nitrato de prata (Tsatsas, Meliou,
Kerezoudis, 2005), tinta da Índia (Daoudi e Saunders, 2002), nanquim (Souza et al.,
2003), azul de metileno 1% (Páttaro; Amaral; Gavini, 2004), azul de metileno 2%
(Cunha et al., 2002; Kuga et al., 2002; Tanomaru Filho, Mazotti e Tanomaru, 2003;
Tanomaru Filho, Tanomaru e Ishikawa, 2003; Tanomaru Filho, Figueiredo e
Tanomaru, 2005); rodamina B 0,2% (Shimabuko, 2000; Silva Neto, 2002; Valera et
al., 2006; Coneglian et al., 2007; Orosco et al., 2008).
Segundo estudo de Tanomaru Filho, Figueiredo e Tanomaru (2005), a análise
da capacidade seladora é influenciada pela solução corante. O uso do azul de
metileno para avaliar a infiltração de corante tem sido questionado quando utilizado
com substâncias alcalinas. O pH alcalino e agentes redutores podem transformar o
azul de metileno em uma substância incolor mascarando os resultados reais da
infiltração.
No presente trabalho, utilizou-se o corante rodamina B 0,2%, pH 7,0
(tamponado com fosfato). De fato, podem-se observar com os grupos controle
positivos a eficácia deste. E com os grupos controle negativos a eficácia da técnica
de impermeabilização, pois todas as estruturas dentárias não foram coradas.
Utilizou-se um período de imersão de 48 horas conforme estudo de Silva Neto
(2002). Optou-se pelo seccionamento longitudinal dos espécimes com disco
diamantado, também de acordo com este autor, no sentido M-D, para expor o
material utilizado para selar as perfurações. Assim como outros autores, Tanomaru,
Figueiredo e Tanomaru (2005); Páttaro, Amaral e Gavini (2004); Valera et al.(2006);
Coneglian et al.(2007); Tsatsas, Meliou e Kerezoudis (2005); Shimabuko (2000).
44
Apoiado no trabalho de Silva Neto (2002), as leituras das infiltrações foram
realizadas tomando como referência a pigmentação pelo corante na interface
material-parede dentinária, a partir da porção mais apical da perfuração, até a
porção mais coronal.
Neste trabalho as imagens foram digitalizadas e observadas por três
examinadores, que atuavam no mesmo tempo de respostas, gerando uma média
que se acredita ser a expressão real daquilo que realmente ocorreu na interface
dentina/material.
6.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na análise da tabela 1, que contém as médias dos escores das infiltrações
marginais do corante rodhamine B 0,2% nos espécimes preenchidos com os
cimentos, verifica-se que os grupos do cimento de Portland e Vitremer,
apresentaram as menores médias de escores de penetração do corante (1,53 e
1,32; respectivamente), enquanto que o grupo MTA-Angelus, apresentou média de
2,43.
Com o auxílio do programa de computador SPSS versão 14.0, primeiramente
foi aplicado o teste estatístico de Lavene, onde detectou-se normalidade nos grupos
testados.
Sob avaliação do teste ANOVA (p 0,001), detectou-se homogeneidade de
variância, e, quando submetidos ao teste de Tukey a 5%, observou-se que os
espécimes preenchidos com Vitremer e Portland não tiveram diferença estatística
entre eles, mas em relação ao MTA-Angelus, sim.
Daoudi e Saunders (2002), avaliando o reparo em perfurações na região de
furca utilizando os cimentos de ionômero de vidro Vitrebond e MTA, constataram
que o MTA infiltrou significantemente menos que o ionômero, ao contrário do
presente trabalho.
Tsatsas, Meliou e Kerezoudis, (2005), também avaliando o reparo em
perfurações na região de furca, utilizaram os seguintes materiais: MTA, Super-EBA,
Vitremer, Hermacol com Super-EBA, Hermacol com Vitremer, tricálcio fosfato com
AH 26, Cavit e amálgama. Mostrou que o MTA e o Vitremer com hermacol obtiveram
menores índices de infiltração de corante. Sendo que, neste caso, a esponja de
colágeno (hermacol) pode ter influenciado positivamente o selamento com Vitremer.
45
Shimabuko (2000), diz que a fluidez do ionômero de vidro fotopolimerizável
pode ocasionar um melhor escoamento e conseqüentemente maior adaptação por
toda a cavidade, melhorando o selamento. A fluidez do material selante além de
possibilitar um vedamento marginal adequado, pode causar menor dano clínico, uma
vez que o material, quando extravasado, não se posiciona junto ao osso
interradicular, mas sim, flui sob a superfície radicular, com efeitos deletérios em
menor intensidade. O autor utilizou o amálgama de prata para comparar com o
ionômero de vidro e obteve, como no presente trabalho, os melhores resultados para
o ionômero de vidro.
Oliveira et al. (2007), comparando a composição química do MTA e do
cimento de Portland, concluíram que estes materiais possuem similaridade em seus
constituintes, sendo possível o uso do cimento de Portland como alternativa ao MTA.
Por isso, é válido analisar o comportamento de ambos em relação à capacidade
seladora.
O selamento das perfurações depende, dentre outros fatores, da capacidade
de penetração do material nos túbulos dentinários. Optamos por avaliar o cimento de
Portland apoiados nos estudos de Komabayashi e Spangberg (2008), que
analisaram as partículas deste material em relação ao seu tamanho e formato. Os
autores comprovaram que pequenas partículas do cimento de Portland possuem
maior poder de penetração nos túbulos dentinários e este vedamento está
relacionado com a proporção das partículas e sua forma.
Trindade, Oliveira e Figueiredo (2003), analisando os cimentos M T A e
Portland, mostraram não haver diferença estatística entre os materiais testados. O
cimento de Portland se mostrou um excelente material, com boa tolerância por parte
dos tecidos, além da diminuição do grau de infiltração no decorrer dos tempos
experimentais. Ao contrário de nosso estudo, em que estes materiais apresentaram
diferença estatística e o MTA se mostrou inferior ao cimento de Portland no que diz
respeito à capacidade seladora.
Coneglian e t a l .
(2007), avaliaram o selamento apical de tampões
confeccionados com MTA branco, MTA cinza e cimento de Portland. Neste estudo, o
MTA branco se mostrou inferior aos outros materiais. Ao contrário do nosso trabalho,
em que o MTA foi o menos eficiente. O autor relatou haver diferença na comparação
dos dois tipos de MTA.
46
Tanomaru Filho, Mazotti e Tanomaru (2003), estudando o ionômero de vidro
Vitrebond para selar perfurações através do método de infiltração de corante,
constataram que quando comparado ao Sealer 26, Sealapex com óxido de zinco e
N-Rickert, este material se mostrou inferior aos demais, exceto em relação ao NRickert. Mesmo sendo o ionômero de vidro fotopolimerizável, apresentando maior
facilidade de inserção e boa adaptação a cavidade e que segundo informações do
fabricante, permite polimerização na ausência de luz, sendo desnecessária a sua
aplicação em camadas. Entretanto, em nossa pesquisa o ionômero de vidro foi
comparado ao MTA e cimento de Portland e obteve os menores índices de
infiltração de corante.
Souza e t a l . (2003), evidenciaram que o MTA-Angelus e o cimento de
Portland, comportaram-se de maneira semelhante, sem diferença estatística frente a
capacidade de selamento. Muitos resultados mostrados na literatura evidenciam o
MTA e o cimento de Portland com comportamento similar, em nosso trabalho o MTA
se mostrou inferior ao Portland, com diferença estatística.
Ratificando os resultados obtidos no presente estudo, Páttaro, Amaral e
Gavini (2004), também avaliaram o cimento de ionômero de vidro, que apresentou
menor índice de penetração do corante na extensão da perfuração quando
comparado a resina composta e amálgama adesivo e amálgama com Cavit. O
comportamento do ionômero de vidro pode estar relacionado às suas propriedades
físicas, como capacidade de adesão a superfície dentinária, bom escoamento, boa
resistência à compressão e baixa solubilidade, o que indicaria a menor porcentagem
de infiltração de corante.
Silva Neto e Moraes (2003), comparando os cimentos MBP-C, MTA-Angelus,
ProRoot-MTA e Super-EBA, também encontrou resultados inferiores para os grupos
de MTA. Os autores ressaltam que o MTA apresenta excelentes resultados
clínicos/biológicos e que os resultados encontrados in vitro, nem sempre exprimem
exatamente o que acontece na intimidade dos tecidos, onde os materiais podem se
comportar diferentemente.
Valera et al. (2006), avaliando os cimentos MTA, Portland e Sealapex, no que
diz respeito à capacidade seladora, concluiu que os três materiais não apresentaram
diferença estatística significante. Sendo que nenhum impediu totalmente a
infiltração. Embora em nosso estudo todos os materiais apresentassem um
47
determinado índice de infiltração, houve diferença estatística entre o MTA e cimento
de Portland.
Em acordo ao trabalho realizado, Bernardes, Fava e Machado (2005),
afirmaram que o ionômero de vidro possui bons resultados para selar perfurações, e
tem sido muito empregado por suas propriedades físicas, pela liberação de flúor e
por ser de fácil manipulação.
A maior infiltração observada com o grupo em que se utilizou MTA-Angelus
não é suficiente para condenar o uso deste material. Sua característica de
endurecimento tardio, necessitando de umidade, provoca uma expansão do material
melhorando o selamento. O que pode ter ocorrido, é que o corante penetrou nas
primeiras horas de imersão dos espécimes, antes da expansão total do material.
O Vitremer, que obteve os menores índices de infiltração, juntamente com o
cimento de Portland, se mostrou um excelente material para selar perfurações. Ele é
de fácil aplicação e quando fotopolimerizado exerce a função de selamento.
Conscientes das limitações deste experimento in vitro visualizam-se a
necessidade
adicional
de
ensaios
clínicos
e
biológicos,
para
avaliar
o
comportamento dos tecidos de suporte frente aos materiais utilizados para selar
perfurações, complementando os resultados obtidos nesta pesquisa.
48
7 CONCLUSÃO
Em relação ao tratamento das perfurações ocorridas na região de furca, aos
materiais utilizados para o vedamento das mesmas e, tendo como base os
resultados obtidos neste trabalho, são válidas as seguintes conclusões:
1. Observou-se infiltração de corante rodamina B 0,2% em diferentes níveis
nos três grupos experimentais e no grupo controle positivo.
2. O cimento de ionômero de vidro (Vitremer) e o cimento de Portland
apresentaram os menores índices de infiltração marginal, sem
diferenças estatísticas entre eles.
3. O M T A - Angelus foi o material que apresentou o maior índice de
infiltração, com diferença estatística entre ele e os outros dois
materiais testados.
49
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54
APÊNDICE A
TERMO DE DOAÇÃO DE DENTES HUMANOS
Eu, _______________________________________________________________,
RG ________________, residente a _____________________________________,
nº_____, aceito doar o (s) dente (s) _______________________________________
para a cirurgiã-dentista Danielly Flamia, ciente de que o (s) mesmo(s) será (ão)
utilizado(s) para estudos e treinamento. Estou ciente de que o (s) dente(s) foi (foram)
extraído(s) por indicação terapêutica para a melhoria de minha saúde, como
documentado em meu prontuário. Caso este(s) dente(s) seja(m) utilizado(s) em
pesquisa, esta deverá ter sido previamente aprovada pela Comissão Científica e de
Ética da Faculdade de Odontologia e, a seguir, pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Faculdade Uningá.
Passo Fundo, ___ de __________de ______.
____________________________________
Assinatura do doador
____________________________________
Testemunha
55
ANEXO A
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Danielly Flamia