Guia do Professor “Quando procuramos oferecer aos jovens uma visualização da beleza e da grandiosidade deste mundo, decerto temos também a expectativa de estar despertando neles o interesse pelos elos e correlações internas.” (K.Lorenz, A demolição do homem. São Paulo, Brasiliense, 1986) Introdução A utilização das ferramentas da Química na interpretação do mundo é importante que seja apresentado e explicado com dinamismo. Assim, o conhecimento químico não deve ser independente, como gavetas que se abrem e fecham conforme o conteúdo é dado, mas sim uma construção de uma plataforma estruturada da mente humana em contínua mudança. Essa atividade simula o ciclo da água e da chuva ácida, e suas principais reações e algumas das suas conseqüências para o homem e o meio ambiente. A chuva ácida é muito comum e traz uma grande preocupação ambiental, pois com o grande aumento de automóveis, indústrias, usinas, etc. houve uma elevada emissão de gases poluídores, afetando todo ciclo da água e seus diversos fenômenos naturais. Alguns dos exemplos seria alteração do pH da água, a acidez do solo, destruição de grandes plantações e florestas, a degradação de monumentos históricos de mármore e pedra sabão, corrosão das estruturas metálicas, etc. A finalidade desta atividade é fazer com que o aluno tenha uma visão mais específica das transformações químicas que ocorrem lentamente no seu cotidiano, contribuindo para uma visão crítica do mundo que o cerca. Antes de iniciar a atividade no computador, é importante e desejável que o professor aborde aspectos gerais sobre a chuva ácida e suas conseqüências. A abordagem poderá ser por meio de um texto introdutório com algumas questões que facilitam a leitura e propiciam aos alunos a oportunidade de discussão de aspectos relacionados aos causadores da poluição e seus efeitos, percebendo como a Química é importante nos aspectos social, ambiental e sócio econômico. Objetivos 1. Identificar alguns óxidos, suas estruturas e suas reações específicas; 2. Identificar alguns ácidos pelo conceito de Arrhenius e suas reações; 3. Ler e interpretar informações e dados apresentados em diferentes linguagens ou forma de apresentação, como símbolos e fórmulas; Página 1 4. Compreender a chuva ácida, suas conseqüências e suas evidência que estão relacionadas no cotidiano; 5. Conhecer e aplicar o conceito de pH. Pré-requisitos 1. Conhecer conceitos relacionados a funções inorgânicas. Tempo previsto para a atividade Uma aula de 50 minutos na sala de aula e duas aulas de 50 minutos na sala de informática. Na sala de aula Na sala de aula sugere-se a leitura de um texto introdutório que aborde os aspectos gerais da chuva ácida em suas conseqüências, sendo uma atividade inicial desse estudo. Ao longo do texto propostas de algumas questões que facilitam a leitura e propiciam aos alunos a oportunidade de discussão de alguns aspectos relacionados a chuva ácida e sua conseqüência. 1. Texto sobre a chuva ácida Objetivo Compreender as conseqüências da chuva ácida Material: Texto Descrição da atividade A sugestão para o trabalho deste texto envolve uma leitura em grupos pequenos, para que os alunos possam discutir as questões, e uma discussão final envolvendo toda a turma. Na discussão final, sugerimos que o professor solicite a exposição de cada grupo para que haja a emergência da diversidade de respostas. A chuva ácida (texto) A chuva, segundo os meteorologistas, é um fenômeno físico atmosférico que consiste na precipitação de gotas de água sobre a superfície da Terra, e é fundamental para a vida. Na atmosfera não contém somente nuvens (conjunto Página 2 visível de partículas minúsculas de água no estado líquido ou de gelo), mas também são compostas por gases como dióxido de carbono, nitrogênio e oxigênio. O dióxido de carbono que é produzido pela respiração dos animais e em diversos fenômenos naturais pode dissolver em água formando ácido carbônico. Esse ácido torna a chuva levemente ácida com valores de pH entre 7,0 e 5,6 que são considerados normais. Porém na presença de outros gases pode tornar o pH menor que 5,6 prejudicando a fauna, a flora e o ecossistema. Neste caso dizemos que a chuva é ácida. O termo chuva ácida foi usado pela primeira vez por Robert Anguns Smith, químico e climatologista inglês. Ele usou essa expressão para descrever a precipitação ácida que ocorreu na cidade de Manchester no início da Revolução Industrial. Com o desenvolvimento e o avanço industrial, os problemas inerentes às chuvas ácidas têm se tornado cada vez mais sério. Diversos gases, em diferentes regiões, gerados por usinas geradoras de energia elétrica movidas a combustíveis derivados de petróleo ou carvão (ou usinas termelétricas), fundições não ferrosas, refinarias de petróleo, fábricas de ácido sulfúrico, automóveis, queimadas, assim qualquer poluente gasoso lançado na atmosfera tem contribuído para a chuva ficar cada vez mais ácida. Varias fábricas possuem chaminés altas para liberação desses poluentes em grande altitude a fim de que os ventos das alturas dispersem ao máximo possível todos os gases poluídores gerados, o que não adianta nada, pois esses gases podem ser transportados por centenas de quilômetros pelas correntes de ar se movimentando para locais distantes de onde foi produzido, agravando ainda mais a situação, podendo cair em locais afastados dos centros urbanos, em áreas naturais que não suportam uma acidez elevada. Os principais gases são dióxidos de enxofre, SO2, dióxido de carbono, CO2, trióxido de enxofre, SO3, e o dióxido de nitrogênio, NO3. Esses gases reagem na atmosfera com o oxigênio e a água da chuva, formando ácidos. A chuva ácida é responsável por inúmeros problemas ambientais, e pode ser verificados: • • • • Lagos e riachos, pela grande mortalidade de peixes onde o pH normal para a vida aquática está entre 6,5 e 9,5. A maior parte da vida aquática desaparece quando o pH da água fica inferior a 5,0, e lagos inferiores a pH 4,0 ficam praticamente mortos; Excesso de nitrogênio lançado pela chuva ácida em determinados lagos também pode causar crescimento excessivo de algas, e consequentemente perda de oxigênio, provocando um significativo empobrecimento da vida aquática. Em florestas onde suas árvores sofrem corrosão tanto nas folhas quanto nos galhos; Com a acidez elevada, a fotossíntese torna-se mais lenta, podendo causar morte de plantas; As conseqüências danosas desses gases não são percebidas somente na natureza. Na cidade os efeitos podem ser percebidos: Página 3 • • • • Deterioração de monumentos históricos feito de mármore ou pedra sabão; Corrosão de estruturas metálicas; Aparecimento de trincas na superfície dos prédios; Quebra de artefatos de náilon; E também danos à saúde como a ingestão de água potável acidificada, por longos períodos, podem causar a doença de Parkinson e de Alzheimer, a hipertensão, problemas renais e principalmente em crianças, danos ao cérebro. Portanto quando a acidez da chuva é alterada, observamos diversos problemas ambientais que geram condições insalubres para as pessoas que estão expostas a tal empecilho. Questões para discussão 1. Sugiro que haja uma discussão com os alunos sobre as evidências de chuva ácida a) Qual evidência de chuva ácida que já foi observada no seu cotidiano? b) Também é aconselhável que se discuta se os alunos tinham conhecimento sobre esse assunto; 2. É importante Relacionar alguns geradores de gases poluidores (fábricas, automóveis, usinas...) da região que poderiam estar emitindo gases para contribuir para a formação da chuva ácida. a) Quais são os outros danos ao meio ambiente, na sua cidade e na saúde sobre esses geradores? b) Relacione aos danos do meio ambiente com sua região com grandes centros urbanos. c) Discuta o que poderia fazer para acabar ou amenizar esse quadro de poluição dentro das cidades e no campo; Na sala de computadores Preparação Na sala de informática, sugiro que os estudantes se organizem em grupos de dois alunos em cada computador. Esta organização facilitará a troca de idéias e discussão entre os estudantes. Se preferir poderá utilizar o quadro para uma eventual dúvida do estudante. Material necessário Na sala de informática, sugiro que os professores utilizem projetores ou quadronegro para tirar eventuais dúvidas que os estudantes podem ter em comum ou se preferir explicar algo que possa acrescentar na atividade. Página 4 Requerimentos técnicos 9 9 9 9 9 9 9 Conexão com a Internet a 56 Kb/s. Leitor de CD ROM (24x ou superior) Intel Pentium® II (III recomendado) 64 MB RAM Placa de Vídeo 16 bits SVGA configurado para 256 cores. Resolução mínima de 800 X 600 pixels. Sistema operacional mínimo necessário: 9 Microsoft® Windows 98 9 Macintosh Aple® OS 8.5 Versão mínima de navegador (browser): 9 9 9 9 9 9 Internet Explorer versão 6. Netscape versão 7. Mozilla FireFox 1.0.2 PLUG-INS que obrigatoriamente devem estar instalados no computador: Plug-in do Flash 7.0 Acrobat Reader 5.0 Durante a atividade Esta atividade é composta por três fases: atividade inicial de aprendizagem, o desenvolvimento e a aprendizagem de avaliação. A primeira delas introduz o aluno na temática motivando-o com questões que se constituem em desafios para desenvolver a atividade proposta. Na segunda fase, inicia-se a atividade propriamente dita (tela4), o aluno realiza as simulações dos ciclos para responder ao desafio. Na tela (ciclo da água) sugiro que você interfira a atividade iniciando uma discussão sobre o efeito do pH no ciclo da água, pergunte para o aluno o que ele observou e por que a chuva é levemente ácida. Após a (tela da reação) é importante que se discuta acidez do óxido e o ácido formado com uma analise microscópica, nesse momento, caso ache necessário, você pode relembrar conceitos de cinética química pedindo para o aluno ver o comportamento das moléculas dentro de um líquido. Recomendo você auxiliar o aluno a equacionar a reação, nesse momento sugiro tirar algumas dúvidas dos alunos podendo utilizar o quadro negro. Se o aluno estiver despreparado recomendo ele repetir o ciclo novamente. Os textos contidos nas telas indicam o modo como à atividade deve ser conduzida, certifique-se que os alunos estejam acompanhando corretamente. Após a tela (ciclo da poluição) recomendo uma discussão sobre a diferença entre os dois ciclos e o efeito do pH neste ciclo, pergunte sobre outras conseqüências que poderia ter ocorrido. Após a (tela de reação poluição) aconselho uma discussão sobre a acidez dos Página 5 ácidos formados e compare a acidez deles com o ácido que é formado no ciclo da água. Você pode fazer perguntas sobre qual daqueles ácidos é o mais forte. Na análise microscópica da chuva, caso você queira, relembre os conceitos de íons. Recomendo você auxiliar o aluno a equacionar as reações, nesse momento sugiro tirar algumas dúvidas dos alunos podendo utilizar o quadro negro. Se o aluno estiver despreparado recomendo ele repetir o ciclo novamente. Na parte do barquinho afundando seria apropriado fazer um breve comentário, sobre reações de oxi-redução explicando sobre a corrosão de metais. Por fim, serão realizadas resoluções de algumas questões, onde será necessária a aplicação de conceitos que foram trabalhados durante a atividade. Aqui, se achar conveniente, insira novas questões para os alunos refletirem sobre o assunto, para assim encerrar a atividade. *Dica: aconselho que durante a atividade que você leve um material complementar para o laboratório caso haja alguma duvida mais complexa ou exemplos para despertar a curiosidade. No final desse guia tem um tópico para saber mais onde você poderá pesquisar. Depois da atividade 1. Sugiro uma discussão com os estudantes o que poderia ser feito para evitar ou amenizar o problema da chuva ácida*. Ao longo da discussão mostre para os estudantes que a química não é apenas causadora de problemas, mas ao contrario, ela está para auxiliar o ser humano a ter uma vida com qualidade. *Dica: um exemplo seria a presença de catalisadoras como ródio, Rh(s), como conversores de gases no escapamento ou a utilização de outros recursos para a fabricação de energia. 2. Se preferir uma discussão sobre as reações presentes na atividade e como neutralizá-las, mostrando como as reações de neutralização e controles de pH são comuns principalmente em sistemas biológicos. *Dica: poderia sugerir com o professor de biologia para comentar sobre o mesmo conteúdo dado para os estudantes, demostrando a interdisciplinariedade entre elas. Dica Caso você queira alterar e principalmente acrescentar questões para abordar outros tópicos que estão relacionados com chuva ácida, reações químicas ou pH, como por exemplo, equilíbrio químico, reações de oxi-redução, estequiometria, concentração, etc. poderão fazê-lo através do XML. A explicação de como fazê-lo estão no arquivo XML. Sugiro que se for feito essas alterações que utilize especialmente a animação do barco afundando, ela foi colocada para promover a abordagem desses outros temas. Um dos vários exemplos seria para achar a concentração de ácido do lago, sabendo que o casco do Página 6 navio é feito de alumínio e pesa 200 Kg, ou ainda, para equacionar a reação de oxi-redução que ocorreu. Avaliação Não esqueça que a avaliação acontece durante todo o processo. Ela não acontece em um momento estanque. Por isso é importante a observação dos grupos no desenvolvimento das atividades. Durante a mesma o professor poderá avaliar a participação e o interesse dos alunos. Há, também, os questionamentos propostos na atividade e as anotações dos alunos que poderão ser analisados pelo professor para avaliar não só o desempenho do aluno, mas também a própria atividade e o desempenho do professor, numa perspectiva de melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Desse modo, a avaliação se configura como um procedimento contínuo que possibilita conhecer melhor o aluno, julgar a aprendizagem durante o processo e julgar globalmente o resultado de um processo didático. Atividades complementares Uma sugestão seria a elaboração de um projeto interdisciplinar com os professores de biologia e geografia para a visita de nascentes de córregos locais, identificando as mudanças ambientais e a degradação provocada pela ação humana. Essa analise ambiental deve seguir de um relatório e ser repassada para órgãos governamentais responsáveis denunciando problemas e solicitando providências, visando melhorar a qualidade de vida da comunidade e engajando o estudante para os projetos comunitários. Para saber mais CARDOSO, A. A.; FRANCO A. Algumas Reações de Enxofre de Importância Ambiental, Química Nova na Escola, v.15, p. 39-41, 2002. MARTINS, C. R.; de ANDRADE, J. B. Química Atmosférica do Enxofre (IV): Emissões, Reações em Fase Aquosa e Impacto Ambiental, Química Nova, v. 25, p.259-272, 2002. MARTINS, C. R.; PEREIRA P. A. P.; LOPES W. A. de ANDRADE, J. B., Ciclos Globais de Carbono, Nitrogênio e Enxofre: a importância na química da atmosfera, Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, v. 5, p.28-41, 2003. MOZETO, A. A. Química da Atmosférica: A Química Sobre Nossas Cabeças, Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, v.1, p.41-49, 2001. Sites relacionados www.mma.gov.br Página 7 Ministério do Meio Ambiente. Neste site você poderá consultar bibliotecas, jornais, revistas que estão relacionados na preservação do meio ambiente. www.sbq.gov.br Sociedade Brasileira de Química. Neste site você poderá consultar artigos das revistas Química Nova, Química Nova na Escola e Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola gratuitamente. Bibliografias Consultadas ATKINS, P. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente, Porto Alegre: Bookman, 2001. BRADY, J. E; HUMISTON, G. E. Química Geral, 2a ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, v. 1, 1986. BRADY, J. E.; HUMISTON, G. E. Química Geral, Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, v. 2, 1986. KOTZ, J. C; TREICHEL, P. J. Química e Reações Químicas, Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, v. 1, 1998. KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. J. Química e Reações Químicas, Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, v. 2, 1998. REIS, M. Completamente Química, Ensino Médio, São Paulo: FTD, v.1, 2001. SANTOS, W. L. P. et al. Química e Sociedade, Ensino Médio, São Paulo: Nova Geração, v. único, 2005. Página 8