DISCIPLINA: IBB057 – ECOLOGIA / CURSO IB14 – CIÊNCIAS NATURAIS / UFAM O MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO / 2 SEMESTRE 2010 O AMBIENTE FÍSICO O AMBIENTE FÍSICO Propriedades da Água A água e suas propriedades constituem o elemento essencial para a manutenção da vida, sendo também o elemento básico, junto com o clima para a conformação dos biomas. Uma propriedade especial da água – enquanto todas as outras substâncias se tornam mais densas em temperatura mais baixas, a água se torna menos densa à medida que resfria abaixo de 4 oC e se expande. Nos organismos, a estabilidade dos tecidos, substâncias e enzimas está em grande medida associada as propriedades térmicas da água (conceitos de calor sensível e latente). Luz, Fotossíntese e Carbono A luz é a fonte primária de energia para a bioesfera. Na fotossíntese a medida que o Carbono é reduzido, o Oxigênio é liberado de sua forma na água para a sua forma molecular (O2). A fotossíntese utiliza a parte visível do espectro de luz, que corresponde ao comprimento que varia entre aproximadamente 400 nm (violeta) e 700 nm (vermelho). Este intervalo é chamado de região fotossinteticamente ativa (PAR – photosynthetically active region) do espectro. A absorção de luz na água é limitada com o aumento da profundidade. A zona estreita próxima à superfície onde existe luz suficiente para a fotossíntese é chamada de zona eufótica. Além disso, a água absorve com maior facilidade os comprimentos de ondas mais longos; a maior parte da radiação infravermelha desaparece nos primeiros metros de água. Em água do mar pura, o conteúdo de energia da luz na parte visível do espectro diminui para 50% a uma profundidade de 10 metros e cai para 7% a 100 metros. 1 DISCIPLINA: IBB057 – ECOLOGIA / CURSO IB14 – CIÊNCIAS NATURAIS / UFAM O MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO / 2 SEMESTRE 2010 O AMBIENTE FÍSICO Temperatura A temperatura em associação com aspectos pluviométricos conformam os biomas terrestres. Mais além disso a relação dos seres vivos com este parâmetro do ambiente físico levou a seguinte classificação: - as plantas e as espécies animais, em sua maioria são ectotérmicos, ou seja, contam com fontes externas de calor para determinar o ritmo do seu metabolismo. Essa categoria inclui invertebrados e também peixes, anfíbios e répteis; - outros animais, principalmente aves e mamíferos, são endotérmicos, isto é, regulam sua temperatura e seu metabolismo, gerando calor corporal. A distinção entre ectotérmico e endotérmico em alguns casos pode ser pouco definida. Alguns ectotérmicos típicos, como os insetos podem controlar a temperatura corporal por meio de atividades musculares. Por outra parte, alguns endotérmicos também típicos, como ratos-silvestres e morcegos, experimental uma acentuada queda de temperatura corporal quando estão em processo de hibernação. A maioria das espécies estão restritas a uma faixa estreita de temperatura. Em temperaturas extremamente altas, enzimas e outras proteínas tornam-se instáveis, se decompõem e o organismo morre. Entretanto, podem surgir dificuldades antes que esses extremos sejam atingidos. Em temperaturas altas, os organismos terrestres são refrescados pela evaporação da água (transpiração), mas isso, por sua vez, pode acarretar problemas sérios, talvez letais, de desidratação; ou, como as reservas de água escasseiam, a temperatura do corpo pode subir rapidamente. Mesmo onde a perda de água não é um problema, como ente organismos aquáticos, por exemplo, a morte é geralmente inevitável se as temperaturas forem mantidas por longo período acima de 60oC. As exceções, determinados fungos termófilos e arqueobactérias podem viver nestas temperaturas. Por outra parte, a temperatura está bastante associada com a velocidade das reações, em particular as de natureza bioquímica e de solubilidade de gases dissolvidos na água, em particular o Oxigênio. Oxigênio O oxigênio abundante na atmosfera, é relativamente escasso na água, onde sua solubilidade e taxa de difusão são baixas. A partir da atmosfera, o Oxigênio se dissolve nos ecossistemas aquáticos devido à diferença de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela lei de Henry, que define a concentração de saturação de um gás na água, em função da temperatura e da pressão exercida pelo gás sobre a superfície do líquido. A salinidade também interfere na taxa de saturação do Oxigênio dissolvido (OD). Assim, a taxa de saturação do OD é diretamente proporcional à pressão atmosférica e inversamente proporcional com a salinidade. Para facilitar o entendimento das variabilidades deste elemento nas águas, se utiliza a sua expressão em termos de porcentagem de saturação, embora seja habitual também expressar em termos de concentração por volume (mg/litro). 2 DISCIPLINA: IBB057 – ECOLOGIA / CURSO IB14 – CIÊNCIAS NATURAIS / UFAM O MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO / 2 SEMESTRE 2010 O AMBIENTE FÍSICO O oxigênio é o elemento precursor do processo de reação química denominado por oxidação. Este termo possui uma variedade de significados para os químicos, mas no intemperismo químico ele se refere às reações com oxigênio que resultam na formação de um óxido (um ou mais elementos metálicos combinados com o Oxigênio) ou, se a água estiver presente, um hidróxido (um elemento metálico ou radical combinado com OH). Por exemplo, o ferro metálico quando combinado com o oxigênio para formar o óxido de ferro hematita: potencial Hidrogeniônico (pH) O potencial Hidrogeniônico (pH), representa a atividade do hidrogênio na água, resultante inicialmente da dissociação da própria molécula da água e posteriormente acrescida pelo hidrogênio proveniente de outras fontes (ácidos, nitritos, clorídricos, etc) resultantes da dissociação de ácidos orgânicos como o ácido acético, que resulta da “fase ácida” da decomposição anaeróbia da matéria orgânica, dentre outros. O pH é medido em uma escala logarítmica, variando entre 0 e 14. Quando a concentração dos íons de Hidrogênio e de hidróxidos são iguais, o pH é neutro ou pH = 7. Das importâncias deste parâmetro, cabe destacar que as águas ácidas acumulam substâncias húmicas que, por sua vez, têm efeitos sobre a vida dos organismos aquáticos, de forma direta ou indiretamente. A preferência das bactérias por águas alcalinas (pH > 7.0) e dos fungos por águas ácidas, está a base de muitas diferenças ecológicas entre ambos tipos de extremos de águas. De todo modo, o pH de um ecossistema aquático é um bom indicador para um conjunto de importantes propriedades relacionadas com a distribuição biológica, que podem ser utilizadas como base de um estudo limnológico regional . Ácido estomacal Bebidas carbonatadas Chuva ácida Maioria dos Ecossistemas de águas Continentais (rios, lagos, etc.) Sangue humano Oceanos Lagos alcalinos 3 DISCIPLINA: IBB057 – ECOLOGIA / CURSO IB14 – CIÊNCIAS NATURAIS / UFAM O MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO / 2 SEMESTRE 2010 O AMBIENTE FÍSICO Acidez, industrialização e chuva ácida A acidez indica concentração de íon de hidrogênio e é medida na escala de pH. Um pH igual a 7 é neutro, enquanto valores menores que este, indicam condições ácidas, e valores maiores indicam condições alcalinas ou básicas. Uma chuva normal possui um pH de cerca de 5.6 , tornando-a levemente ácida. A chuva ácida é definida como uma precipitação atmosférica, com um pH de valor menor que 5.0 . A água e o dióxido de Carbono na atmosfera reagem para formar ácido Carbônico que se dissocia e produz íons de Hidrogênio e de bicarbonato. O efeito dessa reação é que todas as precipitações são levemente ácidas. Vários processos naturais, incluindo o vulcanismo e as atividades das bactérias do solo, introduzem gases na atmosfera, que causam a chuva ácida. As atividades humanas, no entanto, produzem tensão atmosférica adicional. Por exemplo, a queima de combustível fóssil (petróleo, gás natural, carvão e seus derivados) tem acrescentado dióxido de Carbono à atmosfera. O óxido de Nitrogênio (NO) da combustão interna das máquinas e o dióxido de Nitrogênio (NO2), que é formado na atmosfera do NO, reage para formar o ácido nítrico (HNO3). Embora o dióxido de Carbono e os gases de Nitrogênio contribuam para a chuva ácida, o maior culpado é o dióxido de Enxofre (SO 2), que é primordialmente liberado pela queima do carvão que contém Enxofre. Quando o carvão, é queimado, o enxofre se oxida para formar o dióxido de Enxofre (SO2): S (no carvão) + O2 (gás) → SO2 (gás) As instalações para a queima de carvão liberam o dióxido de Enxofre na atmosfera, onde ele reage com o Oxigênio para formar o trióxido de Enxofre (SO3): 2 SO2 (gás)+ O2 (gás) → 2SO3 (gás) E, finalmente, o trióxido de Enxofre reage com as gotículas de água da atmosfera para formar ácido sulfúrico (H2SO4), o principal componente da chuva ácida: SO3 (gás)+ H2O (líquido)→ H2SO4 Os efeitos da chuva ácida variam. O solo e ecossistemas aquáticos tornam-se ácidos à medida que perdem a capacidade de neutralizar a precipitação ácida. Com o aumento da acidez, todos os processos biológicos que de alguma forma estão condicionados por este parâmetro, sofrem modificações. 4