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ESCOLAS DIFERENTES, FOCOS DISTINTOS:
ESCOLHA A MELHOR METODOLOGIA
16 de Setembro de 2012
Em uma escola de São Paulo, a porta da sala de aula se abre e, em sinal de
respeito, todos os alunos levantam para receber o professor. Enquanto isso, no
Rio de Janeiro, uma turma de terceiro ano do ensino médio começa a resolver
dezenas de exercícios matemáticos. Em Porto Alegre, a professora conversa sobre
a visão da igreja católica a respeito da homossexualidade. De volta ao Rio, em outra
instituição, a atenção está voltada a atividades práticas relacionadas à mecânica. A
grade curricular é semelhante em todas essas escolas – segue as determinações
do Ministério da Educação (MEC). A diferença, no entanto, está na forma como
tratar os conteúdos.
Para acertar na hora de escolher o colégio onde matricular os filhos, é fundamental
que a família conheça as expectativas que os jovens têm em relação a seu futuro,
orienta o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB)
Remi Castione. “Muitos não são atraídos pela faculdade, não querem um curso
bacharelesco. Aí, é melhor fazer algo mais voltado para a função que querem
desempenhar. A partir disso, e conhecendo o que as escolas oferecem, fica mais
fácil identificar aquela que acompanha o que a família espera de uma instituição
de ensino”, acrescenta, ressaltando que a escola deve estar de acordo com o perfil
familiar.
Outra ferramenta que pode ajudar os pais são indicadores educacionais, como
o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e a nota no Exame
Nacional de Ensino Médio (Enem). “São formas importantes de conhecer melhor
a escola”, aponta Castione. Saber a opinião de conhecidos também pode dar mais
tranquilidade. “Vale a pena conversar com quem já passou por lá”, recomenda. A
seguir, conheça instituições que se encaixam em quatro diferentes perfis – da visão
humanista ao ensino técnico.
Religião
A tradição religiosa de muitas escolas brasileiras atrai pais que procuram uma
formação baseada nos princípios da igreja. Nesse caso, a grade curricular reserva
espaço para aulas que tratem de temas ligados aos ensinamentos de Jesus Cristo,
líderes religiosos, projeto de vida, profetas, ritos, mitos e símbolos, por exemplo.
É o que acontece no Colégio Anchieta, de Porto Alegre (RS). Na instituição mantida
por padres jesuítas, alunos das séries iniciais ao ensino médio têm dois períodos
de ensino religioso por semana. Em datas especiais, como Páscoa e Natal, eles
participam de missas. O colégio também oferece preparação – não obrigatória –
para a primeira comunhão e crisma, além de promover ações de voluntariado, como
apadrinhamento de crianças em situações de vulnerabilidade. “Nosso objetivo é
formar cidadãos conscientes, críticos e comprometidos, que compreendam a
realidade e tentem mudar as coisas erradas. O ensino religioso é um parceiro dentro
da nossa proposta”, diz a orientadora pedagógica do Anchieta, Tatiana Furlanetto.
Segundo Tatiana, a maioria dos alunos é católica, e os pais normalmente já
conhecem a filosofia da instituição ao matricular seus filhos. “Não há problemas quanto
a isso. Temos um cuidado muito grande para nos colocarmos sempre como uma
escola católica. Isso nem sempre influi nas outras disciplinas, mas o professor tem
liberdade para conversar com os alunos sobre o assunto”, diz. Temas considerados
tabu, como sexo, recebem atenção especial. “Quando trabalhamos a sexualidade,
por exemplo, temos um serviço de orientação religiosa junto. Há temáticas bem
difíceis de abordar, porque são muito polêmicas, mas sempre falamos pelo viés da
igreja”, afirma. Tatiana diz que a instituição não tem preparação específica para o
vestibular. “Acreditamos que o bom aluno da 3ª série consegue passar essa barreira.
No Anchieta, essa é uma questão tratada como uma etapa da vida”, destaca.
Vestibular
Vestibular, vestibular, vestibular. Para as famílias que sonham ver o nome dos
filhos no listão de aprovados, há escolas onde todas as atenções estão voltadas
para os exames das grandes universidades. No Colégio Elite do Rio de Janeiro, a
preparação começa já no ensino fundamental. “Nesse início, o foco é permitir que
o aluno tenha uma base boa, que desenvolva o raciocínio lógico e a capacidade
interpretativa”, diz o diretor de ensino da instituição, Hélio Apostolo.
O colégio oferece apenas turmas a partir do 6º ano. “Até o 8º ano, ele tem aulas
em turno regular, com carga horária como qualquer outra escola. Temos projetos
extraclasse, como aulas de teatro, feiras científicas e outros projetos artísticos. Tudo
visa à socialização e integração do aluno”, explica.
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No 9º ano, chega a hora de optar entre a carreira militar e a acadêmica. Além da
preparação para o vestibular – no caso de Rio, o da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), além do Enem –, existe a possibilidade de focar em provas para
Exército, Escola Naval e Academia da Força Aérea. “É aí que nós aumentamos a
carga horária e de exercícios e a resolução de provas e simulados, dependendo do
objetivo do aluno”, diz.
No ensino médio, a lógica se repete: nos dois primeiros anos, os alunos têm aulas
regulares e de reforço, se necessário. No terceiro ano, a rotina abre espaço também
a aulas em contraturno e simulados aos sábados. “Para nós, o aluno é que aprende.
Essa é a nossa filosofia. Fazemos com que ele entenda que nós somos apenas um
veículo de transmissão do conteúdo, mas a função de aprender é dele. Ele recebe
orientações de como estudar, mas nós ensinamos que é o trabalho dele que faz
com que chegue onde quer. A meta é dele, não nossa”, diz.
O Elite estuda a implementação das séries iniciais de ensino fundamental.
“Queremos preparar desde a alfabetização. Acreditamos que o trabalho para o Enem
não pode ser feito apenas perto da realização da prova. É um concurso que precisa
que o aluno tenha capacidade interpretativa, e isso vem desde cedo”, destaca.
Tradicional
“Somos um colégio careta.” É assim que o diretor, José Carlos Pomarico, define o
Joana D’Arc, de São Paulo. Com cerca de 600 alunos, é o que se pode chamar de
colégio tradicional. “Nós achamos que devemos manter as tradições da sociedade
e passar isso aos nossos alunos. Somos caretas porque prezamos pelo respeito.
Nem sempre os alunos gostam disso, mas é o que muitos pais procuram”, diz.
A instituição preza pelos valores humanistas – mas não há aulas de religião.
“Somos um colégio laico, sem qualquer orientação religiosa. Queremos formar
alunos educados”, destaca. No Joana D’Arc, além do uso obrigatório do uniforme,
os alunos – de maternal a ensino médio – devem se levantar sempre que o professor
entrar na sala de aula. “É uma questão de respeito, e é proibido abrir exceções
nesse caso. Nós somos quadradinhos”, diz. O mesmo vale para os alunos que
visitam a sala do diretor. “Sempre os recebo de pé”, afirma.
A grade curricular não é muito diferente dos outros perfis de colégio – no entanto,
existe um cuidado especial em relação ao comportamento dos alunos durante as
aulas. O colégio aposta em campanhas para estimular a participação e o respeito
ao professor. “Queremos fazer entender que o professor tem o dever de ensinar e o
aluno, de aprender. É maravilhoso unir essas pessoas. Para isso, contamos com a
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família, que deve preparar os filhos para ter aulas. Ele não pode vir para cá como se
fosse a um campo de futebol ou ao cinema. A aula é um instante de entrega, para o
qual ele deve se concentrar. Mas isso não acontece de graça. A educação começa
em casa”, diz.
De acordo com o diretor, as famílias que procuram o Joana D’Arc são de classe
média, e geralmente recebem indicação de pais de alunos ou ex-alunos. “Está
havendo uma transferência de valores, e muitos pais acham que, se disserem ‘não’
para os filhos, vão perder seu amor. Nós não pensamos assim. Ele tem que sair
daqui com todos os atributos de cidadão prontos”, destaca.
Mercado
Eles nem sempre vislumbram uma vaga na universidade, mas buscam algo além
das tradicionais grades curriculares de ensino médio. Quem se matricula em um
curso técnico quer se preparar para o mercado de trabalho – muitas vezes com o
objetivo de se tornar independente ou de aumentar a renda da família. Mesclando
disciplinas da grade curricular tradicional e aulas práticas que preparam para o
exercício de determinadas profissões, as escolas técnicas têm carga horária superior
a instituições regulares.
Com cerca de 1,6 mil alunos, a Escola Técnica Rezende-Rammel (ETRR)
oferece cursos de química, eletrônica, eletrotécnica, mecânica, mecatrônica,
telecomunicações, petróleo e gás, informática e gestão empresarial. “O aluno que
procura um ensino médio técnico vem influenciado pela família, que espera que
ele saia da escola formado e inserido no mercado de trabalho”, diz a coordenadora
geral da ETRR, Ana Cristina Guimarães. “Poucos sabem realmente que profissão
querem seguir, e o técnico acaba servindo também para que ele descubra as áreas
em que tem mais ou menos habilidades”, acrescenta.
A rotina dos alunos combina aulas de disciplinas tradicionais, como português
e matemática, e lições sobre automobilismo e desenho técnico, no caso do curso
técnico em Mecânica. Depois, a teoria é aplicada na prática, em oficinas e mostras
tecnológicas. Ao final dos três anos de aulas, o aluno realiza estágio em uma das
empresas parceiras.
Quando se trata de inserção rápida no mercado de trabalho, o vestibular, um dos
maiores temores do ensino médio, deixa de ser o foco principal. “Nós atendemos ao
que o MEC entende que deve ser exigido para o ensino médio, e geralmente só isso
não prepara o aluno para o vestibular. Mas, para que façamos técnico com médio,
precisamos diluir em nossa carga horária tanto as disciplinas regulares, quanto as
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disciplinas técnicas”, explica Ana Cristina. A coordenadora diz que a maior parcela
de estudantes da instituição é de classe C. “A família que nos procura quer que
o filho comece a trabalhar já, ao menos para suprir suas despesas. Nossa maior
missão é a capacitação de profissionais para o ingresso no mercado de trabalho, e
o curso técnico cumpre essa função muito bem”, diz.
Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/educacao/escolas-diferentes-focos-distintos-escolha-a-melhor-metodolo
gia,6a5c42ba7d2da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>. Acesso em: 29 abr. 2013.
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escolas diferentes, focos distintos: escolha a