UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Relatório Final Título do Projeto: Estudo Integrado de Conservação de Águas e Solo, Saneamento Ambiental e Conservação Florestal em Microbacia Experimental na Bacia do Rio Doce Edital: Edital MCT/CNPq/CT AGRONEGÓCIO/CTHIDRO - Nº 27/2008 - Seleção Pública de Propostas para apoio a projetos que promovam a conservação dos recursos hídricos e o aumento da produção de água em unidades rurais de base familiar Coordenador: Edmilson Costa Teixeira. Professor Associado do Departamento de Engenharia Ambiental da UFES. Processo/CNPq: No. 574679/2008-1 Abril de 2011 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego Sossego....................................................... 7 Figura 02: Oficinas com produtores. Aplicação de metodologia participativa (River Basin Game – Jogo da Bacia Hidrográfica) e discussão em grupos sobre o problema local. ..................................... 15 Figura 03: Oficina com instituições........................................................................................................ 16 Figura 04: Oficina com produtores e instituições juntos ....................................................................... 16 Figura 05: Visita técnica de especialistas na bacia do Sossego ........................................................... 18 Figura 06: Palestra sobre conservação de água e solos. ..................................................................... 28 Figura 07:. Demonstração sobre processos erosivos ........................................................................... 28 Figura 08: Apresentação das ocorrências de processos erosivos da microbacia do córrego Sossego ................................................................................................................................................. 29 Figura 09:. Apresentação do diagnóstico dos processos erosivos da microbacia ............................... 30 Figura 10: Apresentação de vídeos de planejamento conservacionista ............................................... 30 Figura 11: Prática de mapeamento participativo com produtor rural .................................................... 31 Figura 12: Trabalho de campo para checar as práticas agrícolas. ....................................................... 32 Figura 13: Trabalho de campo para checar as práticas agrícolas ........................................................ 32 Figura 14: Exemplo da ortofoto da propriedade utilizada na oficina ..................................................... 33 Figura 15: Exemplo do mapa de perda de solos da propriedade utilizada na oficina. ......................... 34 Figura 16. Prática realizada com os produtores rurais.......................................................................... 34 Figura 17: Córrego Santa Helena.......................................................................................................... 44 Figura 18: Córrego Médio Sossego....................................................................................................... 44 Figura 19: Pontos escolhidos na Bacia do Sossego ............................................................................. 46 Figura 20: Fotografando o curso de água da figura 21 ......................................................................... 47 Figura 21: Seção do Córrego Baixo Sossego ....................................................................................... 47 Figura 22: Córrego Médio Sossego....................................................................................................... 48 Figura 23: Córrego Matutina - Foz ........................................................................................................ 48 Figura 24: Córrego Alto Sossego – Cabeceira ...................................................................................... 48 Figura 25: Córrego Alto Sossego .......................................................................................................... 49 2 Figura 26: Córrego Médio Sossego....................................................................................................... 49 Figura 27: Pintura da calha para medições de vazão ........................................................................... 49 Figura 28: Córrego Baixo Sossego ....................................................................................................... 50 Figura 29: Córrego Baixo Sossego ....................................................................................................... 50 Figura 30: Apresentação do projeto de pesquisa no auditório na cidade e Itarana .............................. 50 Figura 31: Ponto de monitoramento ...................................................................................................... 51 Figura 32: Ponto de monitoramento ...................................................................................................... 51 Figura 33: Ponto de monitoramento ...................................................................................................... 51 Figura 34: Identificação do PI ................................................................................................................ 52 Figura 35: Medição da largura da seção ............................................................................................... 52 Figura 36: Seção Identificada (PI e PF) ................................................................................................ 52 Figura 37: Colocação do pontalete ....................................................................................................... 53 Figura 38: Pintura do Pontalete ............................................................................................................. 53 Figura 39: Seção instalada – Curso de água do Córrego do Bananal.................................................. 53 Figura 40: Tamponamento do curso de água ....................................................................................... 54 Figura 41: Medição de volume .............................................................................................................. 54 Figura 42: Medição de Volume de água utilizando balde graduado e cronometro ............................... 54 Figura 43: Determinação da seção transversal no curso de água ........................................................ 55 Figura 44: Distância longitudinal (cronometragem do flutuador percorrendo o curso de água) ........... 55 Figura 45: Instalação da calha .............................................................................................................. 56 Figura 46: Fluxo pela calha ................................................................................................................... 56 Figura 47: Medição lamina de água na calha ....................................................................................... 56 3 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Ponto de monitoramento quali-quantitativo dos recursos hídricos superficiais na bacia do Sossego. ........................................................................................................................................... 45 Tabela 02: Resultados do monitoramento de qualidade de água - rio Santa Joana. ........................... 58 Tabela 03: Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Barra do Sossego. ................................................................................................................................................ 60 Tabela 04: Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Matutina .... 61 Tabela 05: Resultados do monitoramento de qualidade de água - Bacia do córrego Sossego ........... 62 Tabela 06: Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Santa Helena. .................................................................................................................................................. 63 Tabela 07: Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Bananal .... 64 Tabela 08: Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Penedo ..... 65 Tabela 09: Resultados do monitoramento de qualidade de água - Fonte do Careca. ......................... 66 LISTA DE QUADROS Quadro 01: Critérios e Subcritérios definidos e utilizados na aplicação da Análise Multicriterial. ........ 17 Quadro 02: Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas à irrigação. ....................................................................................................... 20 Quadro 03: Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas à oferta hídrica. ................................................................................................ 21 Quadro 04: Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas à conservação de água e solo ........................................................................ 22 Quadro 05: Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas ao reflorestamento/à recuperação de áreas degradadas ............................... 37 4 ANEXOS Anexo I: Apresentação do Laboratório Vivo na Câmara de Vereadores de Itarana Anexo II:. Apresentação do Laboratório Vivo no Conselho Estadual de Meio Ambiente do Espírito Santo Anexo III: Lista de espécies nativas indicadas para a recuperação de áreas degradadas na microbacia do Córrego do Sossego Anexo IV: Proposta de Recuperação de Áreas Degradadas Anexo V: Incentivos Positivos e Negativos Fornecidos pelo Código Florestal ao Cumprimento da Obrigação de Reserva Legal (RL) e Área de Reserva Legal (APP) de Propriedades Rurais Anexo VI: Levantamentos sanitários na Bacia do Córrego do Sossego Anexo VII: Relatório GEARH-NES Anexo VIII: Resultados de análises laboratoriais Anexo IX: Monitoramento das águas superficiais e subterrâneas Córrego Sossego – Itarana/ES Anexo X: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da pesquisadora colaboradora do presente projeto de pesquisa, Anna Paula Ribeiro (curso de graduação em economia, pela UFES, em fase de conclusão). Anexo XI: Dissertação de Mestrado intitulada “O uso de escalas de análise para compreensão de dinâmicas sócio-espaciais na bacia hidrográfica do córrego do sossego – Itarana-ES”, tendo Laura Mariano Quarentei Anexo XII: Dissertação de Mestrado intitulada “Desenvolvimento e aplicação de procedimento metodológico em suporte ao planejamento participativo para redução de perda de solos em pequenas bacias hidrográficas com emprego da EUPS”, tendo Diogo Poloni Anexo XIII: Tese de Doutorado “Avaliação de usos racionais da água na agricultura: desenvolvimento de modelos conceituais e de procedimento metodológico em apoio à co/autogestão de microbacias”, tendo Marcos Lopes como autor e Edmilson Teixeira como orientador Anexo XIV: Relatório do bolsista Sirlei Oliveira Anexo XV: Relatório da bolsista Cíntia Henker 5 SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 7 I.1 CONTEXTO ............................................................................................................... 7 I.2 EQUIPE EXECUTORA ............................................................................................... 11 II.OBJETIVOS............................................................................................................... 12 II.1GERAL................................................................................................................... 12 II.2 ESPECÍFICOS ....................................................................................................... 12 III - APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS POR OBJETIVO ESPECÍFICO ................. 13 III.1. ESTUDAR IMPACTO/EFEITO DE AÇÕES ESTRUTURAIS E NÃO-ESTRUTURAIS NO AUMENTO DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA E NO MANEJO DE IRRIGAÇÃO. ............................. 13 III.2. AVALIAR INSTRUMENTOS, MECANISMOS E ESTRATÉGIAS RELACIONADAS COM INCENTIVOS VOLTADOS PARA PRESERVAÇÃO/CONSERVAÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL. .................................................................................................................................. 24 III.3. AVALIAR A QUALIDADE ESPAÇO-TEMPORAL DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS E DE SUA ADEQUAÇÃO AOS USOS ATUAIS E PRETENDIDOS, BEM COMO PROPOR MEDIDAS VOLTADAS PARA A EFETIVAÇÃO DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES. ............................................................... 41 III.4. TRANSFERIR CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS QUANTO AOS ASPECTOS AGRÍCOLAS, FLORESTAIS E SANITÁRIOS PARA A COMUNIDADE LOCAL / REGIONAL. .............................. 68 VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 71 VI – REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 72 6 I. INTRODUÇÃO O presente relatório apresenta os resultados obtidos na pesquisa “Estudo Integrado de Conservação de Águas e Solo, Saneamento Ambiental e Conservação Florestal em Microbacia Experimental na Bacia do Rio Doce”, desenvolvido no período de 2008 a 2011, sob a coordenação do Laboratório de Gestão de Recursos Hídricos e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Espírito Santo. I.1 Contexto A bacia hidrográfica do Córrego Sossego, localizada na porção espírito-santense da bacia do Rio Doce (Figura 1), tem sido utilizada como bacia experimental desde 2002, com a realização da pesquisa intitulada “GEARH-NES” (GEARH, 2003), para fins de desenvolvimento de estudos científicos e tecnológicos de gestão integrada de recursos hídricos com foco no desenvolvimento sustentável local (TEIXEIRA et al., 2007). Figura 1: Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego Sossego. 7 A referida bacia foi selecionada a partir da consideração dos principais fatores de degradação e conflitos em uma bacia hidrográfica, ilustrados por critérios sociais, econômicos e ambientais pré-determinados, tais como a “carência de recursos hídricos para abastecimento público e para outras atividades importantes para o desenvolvimento regional; condições de saneamento básico que pudessem comprometer os recursos hídricos; degradação da qualidade dos corpos d’água; degradação da bacia hidrográfica; condições sócio-econômicas desfavoráveis por influência da disponibilidade hídrica (qualidade e / ou quantidade)” (CASTRO et al., 2002; GEARH, 2003). Desde os estudos iniciais, as atividades desenvolvidas no Sossego apresentam caráter multidisciplinar e interinstitucional envolvendo organismos com políticas públicas distintas. As ações de pesquisa e integração entre instituições parceiras e comunidades são hoje abrigadas pelo “Projeto Sossego” - Desenvolvimento Regional Sustentável e Gestão das Águas na Bacia do Córrego do Sossego Bacia do Rio Doce, que objetiva aplicar modelo de desenvolvimento regional visando estimular e fortalecer as atividades produtivas que utilizam os recursos hídricos da Bacia do Córrego do Sossego de forma sustentável e participativa. O Projeto Sossego foi uma iniciativa estruturada sob a forma de proposição metodológica voltada para o desenvolvimento regional sustentável com foco na gestão de recursos hídricos, por meio da articulação de instituições de diversos setores, seguindo a nova dinâmica proposta pela Política Nacional de Recursos Hídricos. Grandes contribuições já podem ser observadas por meio das atividades do Projeto Sossego. Dentre elas, ressaltam-se à crescente integração dos e cooperação entre os parceiros, constituídos por diversos setores e com políticas públicas distintas; a participação/mobilização crescente dos moradores e produtores da bacia do Sossego, cada vez mais engajados e pró-ativos; o fortalecimento institucional local, conseguido pela reestruturação da associação dos produtores da bacia (Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Sossego - Apeprus); o aumento das alternativas de comercialização dos 8 produtos locais, em grande parte possibilitada pela capacitação em empreendedorismo na propriedade rural possibilitada pelo Projeto. Como principais resultados obtidos citam-se o diagnóstico finalizado da irrigação praticada na bacia, que possibilitou trazer concretamente ao produtor rural a idéia do mau uso da água e dos equipamentos de irrigação na grande maioria dos casos; a proposição de medidas de adequação nos equipamentos de irrigação, como por exemplo, a substituição por equipamentos mais eficientes ou melhorias no sistema como um todo; as melhorias sanitárias e ambientais implementadas decorrentes das medidas estruturais já implantadas. Os pontos frágeis identificados pelo Projeto Sossego na área (aumento da cobertura florestal nativa e exótica e garantia da vazão mínima no Córrego Sossego) foram os motivadores da proposição e desenvolvimento do projeto a que se refere este relatório. Inicialmente diagnosticou-se que a causa desta realidade poderia estar relacionada à falta de entendimento, por parte da maioria dos produtores, da importância da conservação dos recursos naturais para a manutenção das atividades agrícolas desenvolvidas na bacia e para a própria qualidade de vida dos seus moradores. Por não haver conscientização coletiva, a autoregulação do uso dos recursos pelos próprios produtores acabava não ocorrendo. Eventos como a construção de barragens inadequadas ao longo dos cursos d’água, a não conservação de áreas de preservação permanente e de reserva legal, bem como a disposição inadequada de efluentes domésticos no Córrego, eram recorrentes na região. O escopo do projeto ora relatado visou, portanto, contribuir especificamente com estudos acerca destes aspectos, conforme explicitado em seus objetivos geral e específicos. O Laboratório de Gestão de Recursos Hídricos e Desenvolvimento Regional (LabGest-Ufes), onde este projeto foi realizado, caracteriza-se pelo desenvolvimento de estudos/pesquisas do tipo "ação participativa" na área de 9 "gestão de recursos hídricos & desenvolvimento local por microbacia hidrográfica", com ênfase na integração de políticas públicas, especialmente as ambiental, florestal, agrícola e de saneamento. Volta-se, portanto para o entendimento e para proposições metodológicas centradas na integração de políticas e na participação social como vias de efetivação das políticas de recursos hídricos atuais. Por iniciativa do grupo gestor do Projeto Sossego (composto pelas instituições parceiras) e do grupo coordenador da comunidade (composto por representantes das treze comunidades presentes na bacia), houve a proposição de reconhecimento da área como Laboratório Vivo, objetivando dotar o estado do Espírito Santo de bacia hidrográfica experimental para o desenvolvimento de estudos de interesse público, possibilitando, entre outros, subsidiar o embasamento técnico-científico quanto à avaliação e/ou adequação de políticas de cunho sócio-ambiental (florestal, agrícola, recursos hídricos, etc.) às especificidades estaduais; ampliar o potencial de sustentabilidade do Projeto Sossego, especialmente no que concerne à ampliação das possibilidades de captação de recursos em nível internacional, nacional e estadual e facilitar o entendimento da população quanto ao caráter experimental / metodológico das atividades desenvolvidas no âmbito do Projeto Sossego. Este reconhecimento deu-se já em nível municipal, por meio de sua aprovação na Câmara de Vereadores de Itarana (ANEXO I), em nível estadual, por meio de sua aprovação no Conselho de Recursos Hídricos do Estado do Espírito Santo (ANEXO II) e está tramitando em nível federal, para aprovação no Conselho Estadual de Meio Ambiente. O contexto de mobilização social na localidade, de reconhecimento do Laboratório Vivo pelas instâncias competentes e a ênfase metodológica na integração de políticas e na participação perpassam todo o desenvolvimento da presente pesquisa. 10 I.2 Equipe executora Contribuíram na execução do projeto pesquisadores, técnicos e instituições, abaixo relacionados. Pesquisador Instituição Formação/Atuação profissional Eng. Civil, Ph.D. em Recursos Hídricos. Eng. Agrônomo, Mestre em Fitotecnia – UFLA Geógrafo, Mestre em Engenharia Ambiental – UFES Eng. Agrônomo, Mestre em Engenharia Ambiental – UFES, Doutorando em Engenharia Ambiental Eng. Civil; Ph.D. em Recursos Hídricos. Eng. Civil; Doutora em Saneamento. Eng. Ambiental, Mestre em Engenharia Ambiental Edmilson Costa Teixeira LabGest/UFES Sirlei de Oliveira LabGest/UFES Diogo Medici Poloni LabGest/UFES Marcos Eugênio Pires de Azevedo Lopes LabGest/UFES Antônio Sérgio Ferreira Mendonça DEA/CT/UFES Edumar Ramos Cabral Coelho DEA/CT/UFES Rogério Zorzal LabGest/UFES Amanda de Barros Amaral Anna Paula Lage Ribeiro LabGest/UFES LabGest/UFES André Assis Cíntia Henker Ana Tereza Galvagni Loss Gisele Girardi ESFA ESFA ESFA DGEO/UFES Laura Mariano Quarentei LabGest/UFES Jean Carlos Daré Incaper Julio Venturini LabGest/UFES Graduando em Silvicultura Mauricio Pogian LabGest/UFES Graduando em Engenharia Ambiental Engenheira Agrônoma Tecnóloga em Saneamento Biólogo Bióloga Bióloga Geógrafa, Doutora em Geografia Geógrafa, Mestre em Geografia Eng. Agronômo, Mestrando em Eng. Agrícola Participaram como colaboradores representantes da comunidade e profissionais das instituições parceiras do Projeto Sossego e os membros da comunidade da bacia do Córrego Sossego. 11 II.OBJETIVOS II.1. Geral Avançar no desenvolvimento de estudos de gestão integrada voltada para a sustentabilidade da pequena propriedade rural e da microbacia hidrográfica associada, considerando aspectos relativos á conservação de água e solo, saneamento ambiental e recuperação/conservação florestal. II.2. Específicos Considerando como área experimental a bacia piloto do Córrego Sossego/ES, em auxílio ao desenvolvimento dos estudos: II.2.1. Estudar o impacto/efeito de ações estruturais e não-estruturais no aumento de disponibilidade hídrica e no manejo de irrigação. II.2.2. Avaliar instrumentos, mecanismos e estratégias relacionadas com incentivos voltados para preservação/conservação da cobertura florestal. II.2.3. Avaliar a qualidade espaço-temporal das águas superficiais e subterrâneas e sua adequação aos usos atuais e pretendidos, bem como propor medidas voltadas para a efetivação do enquadramento dos corpos de água segundo os usos preponderantes. II.2.4. Transferir conhecimentos adquiridos quanto aos aspectos agrícolas, florestais e sanitários para a comunidade local / regional. 12 III - APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS POR OBJETIVO ESPECÍFICO III.1. Estudar impacto/efeito de ações estruturais e não-estruturais no aumento de disponibilidade hídrica e no manejo de irrigação. O desenvolvimento das atividades relacionadas a este objetivo específico foi fundamentado num esforço conjunto entre atores locais (produtores/moradores e instituições), especialistas e pesquisadores, de formações diversas, participantes nesta pesquisa, a fim de que propostas mais condizentes com a realidade local fossem construídas. Cinco metas (com respectivos indicadores) foram estabelecidas inicialmente para este objetivo específico, a saber: Meta 1: Proposta de “rodízio” de irrigação entre os produtores Indicador - 01 Estratégia de “rodízio” de irrigação entre os produtores definida Meta 2: Proposta de estratégia de transferência de informações (clima, solo, dentre outras) para o manejo adequado Indicador - 01 Estratégia de transferência de informações (clima, solo, dentre outras) para o manejo adequado definida Meta 3: Proposta de adequação de barragens para fins agrícolas Indicador - 01 Proposição de adequação das barragens para fins agrícolas realizada Meta 4: Implantação de caixas secas e de outros dispositivos de drenagem Indicador - Aumento na adesão pela implantação de caixas secas e outros dispositivos de drenagem pelos produtores do Sossego 13 Meta 5: Monitoramento e diagnóstico da disponibilidade hídrica da bacia do Córrego Sossego Indicador - 01 Estratégia de monitoramento da quantidade das águas da bacia do Córrego Sossego concluída Em decorrência da metodologia adotada para o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos para as Metas 1 a 4 serão apresentados de forma integrada. Já os resultados da Meta 5 serão apresentados no item que descreve o desenvolvimento da meta 6 do objetivo específico 3, uma vez que foi feita a opção pela abordagem quali-quantitativa do monitoramento e diagnóstico das águas. Metas 1, 2, 3 e 4 Basicamente, abordou-se as propostas de rodízio (Meta 1) e de transferência de informações (Meta 2), de adequação de barragens (Meta 3) e a implantação de caixas secas e outros dispositivos de drenagem (Meta 4), a partir das discussões e informações levantadas por meio da realização de oficinas participativas. Desde então, estão sendo discutidas na comunidade, na medida em que as atividades estão inseridas no Projeto Sossego, que prossegue mesmo com o fim deste estudo. As oficinas, em seqüência cronológica, foram: => oficinas (4) apenas com produtores/moradores locais, abrangendo todas as comunidades inseridas na área de estudo, onde foram levantados problemas, alternativas e limitações na visão dos produtores/moradores (Figura 2). Nesse caso, foi aplicada metodologia participativa de linguagem mais acessível aos produtores (River Basin Game – Jogo da Bacia Hidrográfica) e Análise 14 Multicriterial em auxílio à sistematização da problemática e em suporte à decisão. => oficina apenas com instituições atuantes no local e afins à temática trabalhada, onde foram levantados problemas, alternativas e limitações na visão dos produtores/moradores (Figura 3). Foi aplicada Análise Multicriterial em auxílio à sistematização da problemática e em suporte à decisão, da mesma forma que o aplicado na oficina com produtores. => oficina com produtores/moradores e instituições juntos, onde foram formadas, voluntariamente, comissões de acompanhamento, compostas por representantes de ambos os grupos, para os temas prioritários, definidos a partir das oficinas iniciais, para a construção de estratégia para definição de plano de ação para o local (Figura 4). Foi aplicada mais uma vez Análise Multicriterial em auxílio à sistematização da problemática e em suporte à decisão. Figura 2 – Oficinas com produtores. Aplicação de metodologia participativa (River Basin Game – Jogo da Bacia Hidrográfica) e discussão em grupos sobre o problema local. 15 Figura 3 – Oficina com instituições. Figura 4 - Oficina com produtores e instituições juntos. Os temas prioritários (Quadro 1), sistematizados em critérios e subcritérios (a fim de serem utilizados também na Análise Multicriterial), agrupados após as atividades com produtores e especialistas foram: 16 Critérios Manejo de irrigação Subcritérios Práticas de reservação/distribuição de água Práticas de conservação de água e solo - Melhoria de sistemas de irrigação - Melhoria de manejo de irrigação - Planejamento para plantio (oferta/demanda de água) - Construção/adequação de barragens - Construção/adequação de reservatórios - Mecanismos de distribuição de água - Construção e manutenção de caixas secas - Adoção de práticas conservacionistas Reflorestamento/recuperação de nascentes e áreas degradadas - Reflorestamento e recuperação de nascentes e áreas degradadas - Renaturalização do córrego/reversão de dragagem Ações não-estruturais (temas transversais) - Melhor/maior atuação de instituições - Melhor/maior atuação de produtores - Capacitação e comunicação Quadro 1 – Critérios e Subcritérios definidos e utilizados na aplicação da Análise Multicriterial. Além das discussões promovidas pelas oficinas e conseqüente sistematização de informações acerca da problemática referente ao uso da água na agricultura irrigada, foram levantados dados pertinentes por meio de análise exploratória de trabalhos já realizados na área de estudo (LABGEST, 2010a,b,c,d; POLONI, 2010; QUARENTEI, 2008, 2010; GIRARDI e QUARENTEI, 2008; SEBRAE, 2006; GEARH, 2003), bem como, por meio da aplicação de ferramenta computacional em suporte à definição de manejo de irrigação e do uso de metodologias de análise de desempenho de sistemas de irrigação, foi possível realizar avaliação global do problema local, integrando aspectos diversos (técnicos, ambientais, sociais, político-institucionais, etc.). Além disso, como atividade suplementar às descritas acima, foram realizadas visitas técnicas (Figura 5) com especialistas de formações diversas e afins aos temas prioritários levantados1, vinculados a instituições de pesquisa, fiscalização e assistência técnica, federais e estaduais, atuantes no local. 1 Engenheiro Civil, especialista em recursos hídricos e hidrologia – UFES; Engenheiro Agrônomo, especialista em práticas de conservação de solo e água – INCAPER; Engenheiro Agrônomo, especialista em licenciamento de barragens e reservatórios para fins agrícolas – IDAF; Geógrafo, especialista em práticas de conservação de solo e água e legislação florestal – IEMA; Engenheiro Civil, especialista em recursos hídricos e hidrologia – UFES; Administrador de Empresas, especialista em gestão rural – INCAPER; Engenheiro Agrícola, especialista em 17 Figura 5 - Visita técnica de especialistas na bacia do Sossego. Discussão detalhada acerca das atividades referentes a este objetivo específico é encontrada em tese de doutorado concluída recentemente e com defesa confirmada para o dia 14 de abril do corrente ano (LOPES, 2011). Serão comentadas, na seqüência, as atividades realizadas e resultados obtidos quanto à adoção de medidas não-estruturais (Metas 1, 2 e 3) e estruturais (Meta 4). Quanto a medidas não estruturais, representadas pelas Metas 1, 2 e 3, a partir das oficinas com produtores e visitas técnicas com especialistas, foi possível mapear alternativas, limitações e oportunidades para que propostas mais condizentes à realidade local sejam aplicadas e gradativamente aprimoradas. manejo de irrigação e gestão de microbacia – UFES; Engenheiro Agrônomo, especialista em gestão agrícola – INCAPER; Engenheiro Agrícola, especialista em manejo de irrigação – IFES; Biólogo, especialista em recuperação de áreas degradadas – ESFA; Engenheiro Florestal, especialista em silvicultura – IFES. 18 Por exemplo, a proposta de rodízio foi uma das alternativas apontadas durante as oficinas que poderá ser (ou não) adotada a depender das circunstâncias observadas ao longo do tempo, a saber, em períodos mais secos ou mais chuvosos e de acordo com a capacidade de reservação e do planejamento para plantio realizado. A proposta de estratégia de transferência de informações também segue a mesma dinâmica. Isto é, a partir do levantado nas atividades do projeto, estão sendo discutidas as melhores formas de se promover um melhor manejo de irrigação, por exemplo, adotar equipamentos para definição de manejo de irrigação que possam ser assimilados pelos produtores locais, dentro de suas realidades, ou estruturar a associação local de produtores para que esta atue como um centro de disseminação de informações necessárias para a definição de um manejo de irrigação adequado. Nesse sentido, os Quadros 2, 3 e 4 apresentam o material levantado por produtores e por especialistas agrupado por temas críticos predominantes apontados pelos produtores. 19 QUESTÕES RELACIONADAS À IRRIGAÇÃO PRODUTORES ESPECIALISTAS -Diminuir desperdício na irrigação; -Aumento da assessoria técnica; -Qualificação técnica dos produtores; -Contratação de profissional dedicado exclusivamente ao Sossego; -Vistoria/manutenção dos equipamentos; -Estar mais aberto às propostas técnicas; -Diminuir número de regas; -Mudar tipo de irrigação; utilizar os que gastam menos água (microjet/gotejamento); -Adotar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC); -Necessidade de manejo controlado; -Atuação do INCAPER/Prefeitura com técnicos; -Conscientização do que é viável economicamente; -Reduzir valor dos juros para adequar sistemas de irrigação; -Há a necessidade de considerar a realidade do produtor para a troca de equipamentos; -Acesso facilitado ao IEMA; -Realizar rodízio; -Estudo de uso da água por propriedade; -Fiscalização para garantir rodízio; -Estar mais aberto às propostas técnicas; -Cultivar de acordo com as condições da propriedade; -Assistência para entendimento da capacidade do que se pode produzir; -Tratos culturais de acordo com cada cultura; -Diversificação de culturas; -Planejar o que vai plantar; -Realizar controle do plantio principalmente no período seco; -Ação de controle do poder público (recorrer à justiça caso necessário); -Financiamento e assistência para regularizar projetos; -Contratação de técnicos para realizar estudos para regularização de financiamentos; e -Isenção de taxas de juros para o pequeno proprietário. -Redução de desperdícios de água em sistemas de irrigação; -Diagnóstico; -Avaliação; -Manejo correto; -Outorga - comitê de bacias; -Responsabilidade técnica dos projetos de irrigação (CREA); -Retirar menos água; -Poupar água com melhores práticas de irrigação; -Criar alternativas de renda que não seja agricultura irrigada; -Criar alternativas de produção agrícola que utilizem menos irrigação; -Manejo adequado (técnico); -Uso eficiente da água na agricultura; -Manejo de irrigação; -Formação de agentes multiplicadores atuando em propriedades modelo; -Projeto elaborado por diferentes profissionais; e -Avaliar os projetos de irrigação identificando possíveis falhas de projeto. Quadro 2 – Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas à irrigação. 20 QUESTÕES RELACIONADAS À OFERTA HÍDRICA PRODUTORES -Construção de barragens; -Diagnóstico com levantamento/identificação de possíveis locais; -Estudo de viabilidade técnica e financeira; -Projeto e execução da obra; -Negociação com proprietários; -Escolha de área com pouco cultivo que permita acúmulo de água; -Obra do Poder Público, acompanhada pelos produtores ; -Represas no leito do rio (2 barragens); -Barragens no leito do rio de 1000 em 1000 metros; -Barragens fora do leito do rio (encostas e valões) e depois dentro do leito do rio; -Barragem em pedra; -Barragens no leito do Córrego Sossego, construídas por especialista; -Barragem comunitária; -Adequação de barragens irregulares; -Construção de reservatórios; -Diagnóstico com levantamento/identificação dos locais apropriados;-Estudo de viabilidade técnica e financeira; -Projeto e execução da obra; -Empréstimo; -Adquirir máquina para o Sossego; -Reservatórios em cada propriedade; -Reservatórios nas cabeceiras em toda a bacia; -Poço com lona; e -"Autosubsistência da água", sem utilizar o rio (nascentes e poços). ESPECIALISTAS -Barragens de concreto seqüenciais (Matutina e outros); -Construção de barragens superficiais e subterrâneas; -Levantamento topográfico; -Poços escavados; -Compensação com construção de caixas secas; -Aumentar volume armazenado em alguns casos; -Elaboração de projeto; -A partir do diagnóstico, pesquisa de locais para implantação de novos reservatórios coletivos; -Operação de reservatórios de forma a priorizar o uso público; -Construção de barragens subterrâneas; -Operação de reservatórios de médio porte de forma a beneficiar, além do proprietário, usuários situados a jusante (ex.: reservatório situado no córrego Matutina); -Controle dos desvios de água e captações em poços escavados/reservatórios em períodos de baixas/médias vazões; -Operação alternada de sistemas de captação; -Avaliação quantitativa com monitoramento de vazões e estimativa de volumes de armazenamento de água; -Cadastro de usos e de usuários da água; -Diagnóstico de recursos hídricos; -Construção de Barragens em cursos dágua efêmeros e em microbacias com reduzido tempo de concentração e/ou baixa capacidade de infiltração; -Controle de nível/ vazão libearação de vazão mínima após enchimento dos poços (escavados); -Redução da área dos poços (escavados) para redução do espelho d'água; -Controle de vazão, com estabelecimento de vazão mínima em determinados períodos; -Aumentar armazenamento de água com barramentos; -Criar barragens acima do nível do lençol freático (não escavadas); -Aumentar armazenamento de água no lençol freático; -Promover práticas para aumentar a infiltração; -Eliminar poços escavados no possível; e -Armazenamento de água (barragens, açudes, poços/caixas/tanques secos, etc.). Quadro 3 – Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas à oferta hídrica. 21 QUESTOES RELACIONADAS À CONSERVAÇÃO DE ÁGUA E SOLO PRODUTORES ESPECIALISTAS -Construção e manutenção de caixas secas; -Diagnóstico com levantamento/identificação de possíveis locais; -Estudo de viabilidade técnica e financeira; -Projeto e execução da obra; -Apoio técnico-estrutural para construção; -Manutenção; -Parceria para maquinário: prefeitura-governo-produtor; -Vias públicas e particulares; -Utilizar sedimentos retidos nas cx. secas para cobrir valas/erosões; -Construção ser "custo zero", pois o benefício é coletivo; -Todas as estradas e carreadores das propriedades; -Combater erosão; -Terraplanagem das estradas adequadamente; -Profissionais habilitados; e -Adequação de estradas. -Valorizar práticas edáficas e vegetativas (ex. uso e manejo de pastagens); -Assistência técnica; -Análise de solos; -Programa de distribuição de calcário e compra conjunta de adubos; -Utilização da faixa de terra entre as matas naturais e implantadas e o café e demais culturas; -Isolamento do sistema radicular da mata; -Implantar unidades demonstrativas; -Intervenções para aumento da infiltração no solo e recarga do aqüífero; -Manejo de pastagens e plantios visando infiltração e redução de erosão; -Construção de terraços; -Instalação de cordões de infiltração em áreas de pastagem/ em áreas degradadas e à jusante de áreas de afloramentos rochosos; -Construção de cxs de captação de chuvas em áreas concentradoras de água; -Revegetação de áreas de cortes, aterros e empréstimos; -Manutenção de cobertura vegetal morta sobre o solo na transição de culturas, em culturas temporárias e em renovação de pastos; -Controle do escoamento superficial; -Adubação verde das lavouras; -Manejo de solo; -Recuperação de pastagem; -Ocupação do solo; -Subsolagem/cordão de contorno/terraceamento; -Elaborar um mapa de aptidão agrícola dos solos da bacia hidrográfica em escala adequada aos proprietários rurais (Modelo SAAAT, Ramalho Filho e Beek, 1995); -Contratação de técnicos ou desenvolvimento de teses/dissertações que produzam este levantamento na forma de um mapa digital com banco de dados; -Adequação de estradas rurais com a construção de caixas secas; -Desenvolvimento de programa de implantação de caixas secas; -Construção de caixas secas em estradas; e -Adequação de estradas rurais (caixas secas, banquetas de infiltração, vegetação de carreadores, etc.). Quadro 4 – Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas à conservação de água e solo. 22 Quanto a medidas estruturais, representadas pela Meta 4, a partir do maior envolvimento e conhecimento da comunidade acerca do tema, da visita de especialistas e da formação de comissões de acompanhamento, incluindo a que trata das questões relacionadas à Meta 4, tais medidas serão concretizadas gradativamente e de forma mais contextualizada às especificidades locais. Exemplo disso é a aprovação de projeto junto ao governo estadual 2 por meio do qual estão previstos recursos para a implementação de práticas de conservação de água e solo (fato não previsto no presente projeto de pesquisa) com o devido apoio e interesse do Grupo Coordenador da Comunidade do Projeto Sossego 3, respaldado pela comunidade do Sossego de forma geral. Ressalta-se ainda que as oficinas mencionadas neste objetivo específico, além das atividades relativas a este objetivo, subsidiaram também outras metas propostas nos demais objetivos específicos e que serão detalhadas no decorrer deste documento, a saber: - Proposta de recuperação das matas ciliares de nascentes, córregos e áreas de recarga (Objetivo Específico 2); - Proposição de alternativa à Lei de Reserva Legal, em sintonia com a Lei Estadual de pagamento pela prestação de serviços ambientais (Objetivo Específico 2); - Educação ambiental com foco na importância da conservação das florestas (Objetivo Específico 2); - Busca de incentivos à adesão para a recuperação/preservação (Objetivo Específico 2); - Subsídios ao entendimento da relação “interesse individual x interesse coletivo”, pela conservação de florestas (Objetivo Específico 2); 2 Edital FUNDÁGUA n.º 02/2010: “Projeto de recuperação e conservação de floresta, solo e água, participativo, na microbacia do Córrego Sossego” 3 No âmbito do Projeto Sossego foi realizada eleição democrática de 3 a 4 representantes para cada uma das 12 comunidades inseridas na bacia para compor o Grupo Coordenador da Comunidade – GCC. Não havia restrições para os candidatos, e apenas a solicitação de que pelo menos uma mulher deveria ser representante. 23 - Desenvolvimento de ações de educação sanitária e ambiental na propriedade e avaliação do seu impacto na coletividade (Objetivo Específico 2); e - Realização de atividades coletivas (oficinas) de levantamento quanto ao que se pretende com relação aos recursos hídricos que estejam em sintonia com os usos preponderantes e sensíveis (Objetivo Específico 3). III.2. Avaliar instrumentos, mecanismos e estratégias relacionadas com incentivos voltados para preservação/conservação da cobertura florestal. Cinco metas (com respectivos indicadores) foram estabelecidas inicialmente para este objetivo específico. São abaixo apresentados e discutidos os resultados para cada meta/indicador. Meta 1: Proposta de recuperação das matas ciliares de nascentes, córregos e áreas de recarga Indicador - Aumento na recuperação de áreas de recarga, e de matas ciliares de nascentes e contribuintes do Córrego Sossego O contínuo desenvolvimento de estudos e atividades na microbacia do Córrego do Sossego permitiu aumento do conhecimento e culminou na elaboração de proposta de restauração ambiental em alguns pontos da microbacia. Com conceitos e justificativas gerais, além de aspectos executivos, aponta para a implantação de ações que visem ao aumento da cobertura florestal, com proteção do solo contra erosão e, consequentemente, uma maior infiltração da água no solo. Para restauração das matas ciliares de nascentes e córregos, foram definidas sete áreas estratégicas/prioritárias no intuito de potencializar a recuperação 24 hídrica. Para tanto utilizou-se os resultados do estudo de Poloni (2010), baseado na equação universal de perda de solos e sistema de informação geográfica. Devido à especificidade de cada área com relação à implantação de espécies florestais na recuperação, fez-se necessário um detalhamento da vegetação regional. Para tanto foi desenvolvida uma pesquisa que teve por objetivo conhecer a flora local a partir de levantamentos florísticos e fitossociológico. O mesmo gerou uma lista de espécies indicadas para a recuperação na microbacia do Córrego Sossego (Anexo III), considerando seu grupo ecológico (pioneiras, secundárias, clímax) e preferência hídrica (higrófila, xerófitas). O anexo IV (Proposta de Recuperação de Áreas Degradadas) foi desenvolvido com base nas características da microbacia alvo deste projeto e com as demandas apresentadas pela própria comunidade, sendo apresentado de forma generalizada. Portanto, devido às diferentes condições de degradação encontradas na bacia a proposta deve ser adaptada para cada região/área de implantação. Visando avançar tanto no embasamento científico quanto em termos de intervenção prática na bacia do córrego Sossego no tema em questão, iniciativas formam tomadas por alguns membros da equipe técnica do presente projeto de pesquisa, as quais resultaram na aprovação de dois projetos, um de pesquisa (intitulado: “Aprimoramento de processos de adequação ambiental de propriedades agrícolas de base familiar com aplicação de metodologias de compartimentação da paisagem e do manejo da agrobiodiversidade em sistemas agroflorestais”, Edital 058/2010 – CNPq) e outro de intervenção (intitulado “Projeto de Recuperação e Conservação de Floresta, Solo e Água, Participativo, na Microbacia do Córrego Sossego”, Edital 02/2010 - Fundágua/ES). O projeto de pesquisa está em fase inicial de execução e o de intervenção em fase final de contratação. 25 Meta 2: Proposição de alternativa à Lei de Reserva Legal, em sintonia com a Lei Estadual de pagamento pela prestação de serviços ambientais Indicador - 01 Proposição de alternativa à Lei de Reserva Legal em sintonia com a Lei Estadual de pagamento pela prestação de serviços ambientais A necessidade de preservação dos recursos naturais aliada ao desenvolvimento econômico vem balizando discussões envolvendo a legislação ambiental, no sentido de torná-la mais efetiva em sua aplicação, cumprindo o papel conservacionista. Dentre as discussões recorrentes, encontra-se aquela ligada à manutenção da Reserva Legal em pequenas propriedades rurais. No anexo V são apresentadas reflexões sobre essa temática, com indicação do uso da ferramenta de pagamento pela prestação de serviços ambientais como alternativa para a efetividade do código florestal. A continuidade da realização de pesquisas na localidade de estudo deverá subsidiar decisões políticas acerca do uso e ocupação do solo em bacias hidrográficas, uma vez que a microbacia do Sossego está sendo transformado em um “laboratório vivo”, com passíveis legais para experimentação, com bases científicas, de preceitos da legislação ambiental visando analisar a sua efetividade e, eventualmente, propondo adequações à mesma. Meta 3: Educação ambiental com foco na importância da conservação das florestas Indicador - 02 Palestras de educação ambiental com foco na importância da conservação das florestas realizados 26 As ações de educação ambiental na microbacia foram realizadas por meio de oficinas e palestras envolvendo os proprietários locais, visando apresentar e discutir conceitos básicos sobre a temática, bem como aspectos diagnosticados da realidade local e práticas conservacionistas. No aspecto das ações formais de educação ambiental, foi desenvolvido um conjunto de atividades interconectadas: Oficina de Capacitação, Visita Técnica e Oficina de simulação de cenários alternativos de perdas de solo nas propriedades rurais, descritos a seguir. Oficina de Capacitação Em 29/05/2010 foi realizada oficina para produtores rurais da bacia do córrego Sossego, sobre “conservação do solo e da água”. Teve como conteúdo programático: a) sistema “solo - ciclo hídrico - cobertura vegetal” e processos erosivos; b) realidade dos processos erosivos da bacia do córrego Sossego; c) apresentação do diagnóstico dos processos erosivos na bacia do córrego Sossego e planejamento conservacionista; e) convite aos participantes da oficina para realização de planejamento prático em suas propriedades. As atividades e resultados desta oficina são apresentados a seguir. - Sistema “solo - ciclo hídrico - cobertura vegetal” e processos erosivos: Foram abordados conceitos fundamentais sobre o tema. Teve-se como instrutor da oficina especialista em conservação ambiental. As figuras 6 e 7 mostram momentos da oficina envolvendo palestra abordando fundamentação teórica e prática demonstrativa, respectivamente. 27 Figura 6: Palestra sobre conservação de água e solos Figura 7: Demonstração sobre processos erosivos – Realidade dos processos erosivos da bacia do córrego Sossego: Nessa parte da oficina foram apresentadas algumas ocorrências desses processos diagnosticados na bacia. A apresentação foi realizada por engenheiro agrônomo, técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural 28 (INCAPER), seção local do município de Itarana, utilizando, entre outros, fotografias da área (Figura 8). Figura 8: Apresentação das ocorrências de processos erosivos da microbacia do córrego Sossego. – Apresentação do diagnóstico dos processos erosivos na bacia do córrego Sossego e planejamento conservacionista: Foram apresentados os resultados dos estudos já produzidos, elaborados no âmbito desta pesquisa. Essa etapa foi realizada por pesquisador do presente projeto, por meio de: Exposição de conceitos básicos da Equação Universal de Perda de Solos – EUPS, com linguagem adequada ao público da oficina; Apresentação de práticas agrícolas conservacionistas e seus aspectos econômicos por meio da análise custo benefício de valor de prática v.s valor de solos, bem como dos benefícios a longo prazo com o incremento da produtividade, entre outros (Figura 9); Apresentação de gráficos ilustrando resultados dos levantamentos técnicos; 29 Utilização de técnicas de visualização cartográfica para a compreensão espacial do processo erosivo; Apresentação de dois vídeos com exemplos práticos de planejamento conservacionistas de propriedades rurais desenvolvidos pela EMBRAPA e disponíveis com acesso livre nos links: http://hotsites.sct.embrapa.br/diacampo/programacao/2007/planejamentoconservacionista-da-propriedade-agricola (Figura 10); Figura 9: Apresentação do diagnóstico dos processos erosivos da microbacia. Figura 10: Apresentação de vídeos de planejamento conservacionista. 30 Após a realização dessas atividades com o objetivo de capacitação, foi feito convite aos participantes da Oficina para realização de planejamento prático nas suas propriedades. A adesão foi voluntária. Dos 16 produtores rurais participantes da oficina, 14 aceitaram participar do prosseguimento do trabalho. Visita técnica às propriedades Nessa etapa foram realizadas visitas técnicas às 14 propriedades, no período de 08 a 11 de junho de 2010, para delimitação geográfica, atualização do uso do solo e conhecimento das práticas conservacionistas de cada produtor. Na visita foram utilizados os seguintes materiais e procedimentos: Mapa impresso com ortofoto na escala 1:15.000, onde foram aplicadas técnicas de mapeamento participativo para delimitação da propriedade e atualização do uso do solo (Figura 11); Figura 11: Prática de mapeamento participativo com produtor rural. Após o mapeamento da propriedade aplicava-se um breve questionário semi-estruturado para registrar quais eram as culturas, as práticas agrícolas, se haviam acumulações hídricas, se possuíam reserva legal averbadas, e se possuíam alguma área com processos erosivos que gostariam de apresentar. 31 Em seguida, continuava a visita técnica na propriedade com registros fotográficos e de coordenadas geográficas com GPS, bem como registrando anotações em formulário próprio e informações fornecidas de forma oral pelos produtores rurais (Figuras 12 e13). Figura 12: Trabalho de campo para checar as práticas agrícolas Figura 13: Trabalho de campo para checar as práticas agrícolas. 32 Oficina de simulação de cenários alternativos de perdas de solo nas propriedades rurais A oficina foi desenvolvida com as seguintes etapas: 1) revisão do processo de planejamento, incluindo-se revisão/reforço da fundamentação teórico-prática; 2) verificação, por parte dos participantes, da veracidade das informações compiladas sobre o uso do solo das propriedades/da bacia: foi entregue para cada produtor uma folha com a ortofoto de sua propriedade (exemplo na figura 14), com a demarcação e sigla do tipo de uso do solo, uma tabela com a legenda da sigla e uma tabela com os quantitativos do seu uso do solo. Então foi solicitado que checassem a veracidade da informação. Figura 14: Exemplo da ortofoto da propriedade utilizada na oficina. 3) Identificação de áreas de maior contribuição quanto à perda de solos na propriedade: foi solicitado aos produtores que demarcassem, na ortofoto, as áreas de sua propriedade nas quais indicavam haver maior perda de solo, o que revelou o saber destes acerca da temática tratada. 4) Delimitação, em mapa, das áreas das classes que representavam as maiores perdas de solos. Foi entregue aos produtores um mapa da perda de solos em suas propriedades, na mesma escala da ortofoto (exemplo na figura 15), e foi-lhes solicitado que demarcassem em folha transparente sobreposta a este, as áreas que representavam as maiores perdas de solos. Esta folha transparente foi, então, sobreposta à ortofoto (Figura 16), para que dessa forma pudessem ser 33 avaliadas as coincidências na integração do saber local com o científico. Figura 15: Exemplo do mapa de perda de solos da propriedade utilizada na oficina. Figura 16: Prática realizada com os produtores rurais. 5) Planejamento para minimização de perda de solo na propriedade. Foi solicitado aos produtores que delimitassem as áreas onde poderiam ser realizadas, em sua propriedade, alternativas de usos e/ou práticas conservacionistas para a redução de perda de solos, considerando que as ações seriam realizadas pelos próprios proprietários, sem apoio institucional. Foi explicitado que não haveria, naquele momento específico, implementação de projetos do planejamento, mas se travava de exercício de simulação, para embasar estabelecimento de metodologias. 34 Além da ação acima detalhada, foram realizadas ações de educação ambiental não formal, de maneira constante e horizontal durante as diferentes campanhas de campo da equipe do Projeto, orientando e conscientizando a população acerca de questões relacionadas ao meio ambiente e recursos hídricos. 4) Meta: Busca de incentivos à adesão para a recuperação/preservação Indicador - Aumento nas opções de incentivo à adesão para a recuperação/preservação As diferentes ações do projeto na bacia do Sossego têm conseguido aumentar a adesão dos proprietários e de parceiros institucionais, que se reflete em esforços visando melhorias ambientais, a partir da busca de financiamentos ou outras formas de participação. O Quadro 5, apresenta como o tema relacionado às questões de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas foi abordado em oficinas realizadas na bacia visando a construção coletiva de plano da microbacia hidrográfica em prol do desenvolvimento local. Foi possível entender com maior detalhe as percepções dos produtores e instituições locais quanto a tal tema, na medida em que foram levantadas limitações e possibilidades específicas do local. Por exemplo, ficaram explícitas algumas limitações referentes à atual Lei de Reserva Legal que talvez não sejam aplicáveis ao local. Por exemplo, grande parte das propriedades produz em áreas de APPs, seja nas margens dos córregos ou em topos de morros. Entretanto, algumas dessas práticas foram incentivadas ao longo dos anos por programas federais como o PROVÁRZEA, que visou a drenagem de várzeas inundáveis para a produção agrícola. 35 Produtores de todas as partes da bacia, com a facilitação de pesquisadores, discutiram/compartilharam problemas e alternativas de solução. Foi possível observar que grande parte dos produtores já está consciente da importância da preservação e recuperação de áreas florestais, contudo, por limitações diversas (financeiras, mão-de-obra, etc.) e outras resistências culturais, muitas vezes legítimas (ex., falta de garantia da mudança de culturas produzidas/sistemas de produção), a retórica não se concretiza em prática. Ao se entender melhor os problemas enfrentados e as potencialidades locais, será possível definir mecanismos mais adequados na busca de incentivos à adesão para a recuperação/preservação. A seguir são indicados exemplos dessa adesão, obtidas no último ano (2010). 36 QUESTÕES RELACIONADAS AO REFLORESTAMENTO/RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PRODUTORES ESPECIALISTAS -Reflorestamento e recuperação de nascentes e áreas degradadas; -Diagnóstico com levantamento/identificação das nascentes; -Mobilização/treinamento/conscientização dos produtores; -Orientação técnica; -Aquisição de materiais (mudas, cerca, etc); -Verificar onde há mais necessidade (áreas degradadas, não produtivas; -Reverter erosões críticas (exemplo, Anúncio Palazzo); -Utilizar mão-de-obra da comunidade para plantio; -Obrigação de cada proprietário, evitando poluição e destruição da mesma; -Áreas íngremes e próximas às nascentes; -Plantio de mudas nativas; -Isolamento de áreas degradadas/improdutivas ("Deixar formar capoeira"); -Necessidade de acordos com o proprietário; -Prefeitura poderia ceder mudas; -Produtores deveriam definir as áreas; -O Código Florestal deveria ser revisto; -Plantio de eucalipto; e -Renaturalização do córrego/inversão de dragagem. -Levantamento de áreas propícias para reflorestamento,considerando o balanço hídrico; -Levantamento de zonas de recarga e descarga de aqüíferos -Recuperação de áreas com pastagem degradada -Revegetação/ de áreas de cortes, aterros e empréstimos. -Recuperação de áreas com solo degradado e/ou pouco produtivo -Aumento da largura das faixas ciliares -Reflorestamento de topos de morro (recarga) -Recuperação de áreas erodidas -Incluir o Sossego no Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (Produtores de Água), contactar governador e apresentar o projeto e a comunidade; -Produção de madeira -Ampliação da cobertura vegetal em cabeceiras -Diversificação -Marcação de matrizes florestais para coleta de sementes com o objetivo de plantar árvores em áreas de recarga e de risco ambiental (APP) sempre associando a possível exploração econômica deprodutos não madeireiros nestas áreas (ex . Cacau, Pimenta-do-reino, Seringueira, Ornamentais, etc); -Contratação de técnicos ou desenvolvimento de teses, dissertações e tcc's que produzam estes resultados; -Ampliar a cobertura florestal para aumentar a infiltração nas áreas de recarga e combater a erosão, principalmente no baixo e médio sossego; -Uso de SAF (sistema silviagricola, silvipastoril ou agrossilvipastoril), usando espécies alimentares voltadas para a produção na indústria familiar (Ex. banana, abacaxi, cacau); medicinais (para produção de fitoterápicos) exóticas palmeiras exóticas para retirada de palmito (açaí, pupunha, palmeira imperial); e espécies arbóreas florestais para coleta de sementes; -Financiamento externos para esse tipo de projeto (ex. Proj Corredores Ecológicos; Editais MMA; MDA, etc); -Aproveitar parceria com outras instituições (Ex. Fundágua-IFES); e -Utilizar viveiro local para produção de mudas no local. Quadro 5 – Agrupamento dos temas prioritários levantados nas oficinas e visitas técnicas: Questões relacionadas ao reflorestamento/à recuperação de áreas degradadas. 37 O Espiríto Santo ainda conta com outros instrumentos legais que buscam incentivar a preservação/recuperação das propriedades rurais. Como exemplo temos o FUNDÁGUA que é um fundo financeiro público cujo objetivo principal é fornecer suporte a Gestão de Recursos Hídricos no Estado do Espírito Santo. Os recursos do fundo são aplicados nas seguintes modalidades: Programas e Projeto, Programa de Pagamento por Serviços Ambientais e Financiamentos. Também existe o programa estadual Florestas para a Vida, o qual tem como objetivo a conservação da biodiversidade e a melhoria quali-quantitativa dos recursos hídricos através do aumento da cobertura vegetal, principalmente no estímulo a recuperação florestal e conservação de florestas já existentes através do Pagamento por Serviços Ambientais; na adequação ambiental de propriedades rurais através da adoção de práticas amigáveis de uso do solo, com implementação de boas práticas agrícolas e pecuárias, fornecimento de assistência técnica e custeio para a transição, além de outros objetivos. Nesse sentido, reassalta-se a aprovação do Projeto: “Recuperação e conservação de floresta, solo e água, participativo, na microbacia do Córrego Sossego”, aprovado pelo Edital FUNDÁGUA n.º 02/2010, que possui ações de intervenção direta na recuperação de uma área degradada localizada na microbacia em questão. Dentro dos objetivos deste projeto para o FUNDÁGUA, encontra-se a ação de recuperar os mananciais e ampliar a cobertura vegetal na sub-bacia do Córrego Boa Vista, afluente do Córrego do Sossego (Itarana-ES), por meio da aplicação integrada e participativa de técnicas de recomposição florestal e de práticas mecânicas de conservação de solo e água como subsídio à avaliação de desempenho de metodologias para a adequação ambiental de propriedades rurais e de micro bacias adjacentes. Dentre suas atividades específicas encontram-se: ações de adequação ambiental nas propriedades alvo do projeto na microbacia piloto do córrego Boa Vista; avaliação do desempenho das técnicas de recomposição florestal e das práticas mecânicas de conservação de solo e água consideradas no 38 projeto; e avaliação dos níveis de envolvimento e formas de participação nas ações de adequação ambiental na microbacia do córrego Boa Vista. Outro avanço importante alcançado dentro da meta em questão foi o aumento da adesão de parceiros junto ao “Projeto Sossego”, tanto localmente, com a disponibilização de áreas degradadas por parte dos proprietários para desenvolvimento de ações de recuperação, como em nível governamental, pelo apoio do órgão ambiental estadual (IEMA/SEAMA). Indicações de Possíveis Alternativas para Aplicação na Região do Sossego/Itarana-ES As características socioeconômicas, fundiárias e culturais da região do Sossego - pequenas propriedades de base agrícola familiar e com modo de produção de acordo com as características culturais da região – induz ao questionamento quanto à possibilidade de análise da introdução destes mecanismos de fomento à obrigatoriedade do Código Florestal. Uma alternativa é o fomento à prática da servidão florestal, uma vez que o cumprimento do percentual disposto na legislação para áreas de Reserva Legal não é obedecido por grande parte dos proprietários. Mas quando se observa a região em caráter de microbacias, verifica-se que na totalidade há o cumprimento da área de Reserva Legal obrigatória. Assim, a implantação desta ferramenta é viável, e além de gerar os benefícios ambientais previamente deduzidos, tem a possibilidade de propiciar benefícios sociais e econômicos para a região, por meio dos incentivos pagos aos proprietários que possuem excedente de área de conservação. Outras indicações são a promoção do manejo florestal sustentável em regiões de Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais e a introdução dos mecanismos de pagamento pela prestação de serviços ambientais implantados pelo estado, o Projeto Produtores de Água/ES e Programa Florestas para Vida. 39 5) Meta: Subsídios ao entendimento da relação “interesse individual x interesse coletivo”, pela conservação de florestas. Indicador - Subsídios ao entendimento da relação “interesse individual x interesse coletivo” pela conservação de florestas conseguidos. O desenvolvimento desta meta agregou-se a outras, conforme já explicitado, particularmente no desenvolvimento das oficinas descritas relativas ao objetivo específico 1 (item III.1) e relativas ao objetivo específico 2 (item III.2). O que se observa é um crescimento paulatino da conscientização da comunidade e das instituições em prol da necessidade do pacto coletivo pelas águas. Esta ênfase foi trabalhada transversalmente em todas as atividades realizadas no âmbito do Projeto Sossego, desde os encontros de mobilização até as oficinas de simulação do planejamento da aplicação de práticas conservacionistas na propriedade. Nesta abordagem o tema recuperação/conservação florestal vem também se desenvolvendo. 40 III.3. Avaliar a qualidade espaço-temporal das águas superficiais e subterrâneas e de sua adequação aos usos atuais e pretendidos, bem como propor medidas voltadas para a efetivação do enquadramento dos corpos de água segundo os usos preponderantes. Seis metas (com respectivos indicadores) foram estabelecidas inicialmente para este objetivo específico, a saber: Meta 1: Realização de cadastramento sanitário nas propriedades rurais e na bacia do Sossego Indicadores - 01 Cadastramento sanitário nas propriedades rurais e na bacia do Sossego realizado Meta 2: Proposição para realocação/adequação dos sistemas de coleta (fossa, sistema de esgoto, etc.) do esgoto gerado Indicador 01 Proposição para realocação/adequação dos sistemas de coleta (fossa, sistema de esgoto, etc.) do esgoto gerado realizada Meta 3: Desenvolvimento de ações de educação sanitária e ambiental na propriedade e avaliação do seu impacto na coletividade Indicador - 02 Palestras de educação sanitária e ambiental (incluindo o tema “uso e aplicação de agrotóxicos”) na propriedade e avaliação do seu impacto na coletividade Meta 4: Realização de atividades coletivas (oficinas) de levantamento quanto ao que se pretende com relação aos recursos hídricos que estejam em sintonia com os usos preponderantes e sensíveis Indicador Meta 5: Definição de proposta de enquadramento dos corpos de água Indicador 41 - 01 Proposta de enquadramento dos principais cursos d’água da bacia do córrego Sossego definida. Meta 6: Monitoramento e diagnóstico da qualidade das águas Indicador - 01 Diagnóstico da qualidade das águas do Córrego Sossego realizado - 01 Estratégia de monitoramento da qualidade das águas do Córrego Sossego definida As metas 1 e 2 foram realizadas articuladamente, em parceria com a FUNASA, no âmbito do Projeto Sossego. Os resultados são apresentados no anexo VI. Foram levantadas e diagnosticadas informações sobre a bacia do córrego Sossego no que se refere: ao destino dos dejetos das comunidades; ao abastecimento de água; à população e à condição de ocupação das unidades domiciliares visitadas; ao destino do lixo coletado nas comunidades; às condições de saneamento nas escolas e nos estabelecimentos de Saúde; e ao programa de controle da esquistossomose, endêmica na região da bacia. A partir do diagnóstico foram propostas ações de melhorias sanitárias por comunidade/sub-bacia, expressas em um mapa. A meta 3 foi realizada como ações de educação ambiental não formal, de maneira constante e horizontal durante as diferentes campanhas de campo da equipe do Projeto, bem como durante a realização de oficinas junto à comunidade da bacia do Sossego, apresentadas na seção III.1. e III.2, orientando a população acerca de questões relacionadas ao meio ambiente e recursos hídricos. As metas 4 e 5 foram reprogramadas em virtude do próprio processo de mobilização para autogestão comunitária das águas. No âmbito do Projeto Sossego, como já mencionado, está sendo construída uma estratégia de gestão participativa, que envolve instituições e grupo de representantes das comunidades. Estas ações tem se desdobrado em oficinas e encontros nos 42 quais a comunidade aponta e dialoga sobre suas demandas e sugestões com vistas a um pacto comunitário pelas águas. Em virtude, ainda, de outros estudos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa, particularmente em relação ao processo de enquadramento de corpos d’água como instrumento central da gestão integrada de recursos hídricos de forma participativa, avaliou-se que o desenvolvimento pleno destas metas implicaria em antecipar, com evidentes prejuízos, o processo de discussão em curso no Projeto Sossego. Ademais, o grupo avaliou que para a escala com que se trabalha, informações mais detalhadas são requeridas no que se refere aos aspectos quali-quantitativo das águas para tomadas de decisões que envolvem o processo de enquadramento de corpos d’água e estas informações ainda não estão disponíveis. A estratégia utilizada foi a da integração com outros projetos que estão estudando metodologias participativas de enquadramento, sem, contudo, propô-lo neste momento. Vale ressaltar que, um dos aspectos mais determinantes de um bem sucedido processo de enquadramento, segundo diretrizes da Política de Recursos Nacional e Espírito-Santense de Recursos Hídricos, o da participação da sociedade em todas suas fases, está bem avançado no âmbito da bacia do córrego Sossego, em parte fruto do desenvolvimento das atividades do presente projeto de pesquisa. A meta 6, cuja ênfase era a qualidade das águas, foi agregada à meta 5 do objetivo 1, conforme já apontado, cuja ênfase era a quantidade de água. Para o desenvolvimento destas metas foram efetivadas as seguintes etapas: verificação da situação dos pontos escolhidos para o monitoramento; verificação de qual modelo de molinete se adequaria melhor para realizar as medições das baixas vazões existentes na bacia; verificação dos possíveis locais para instalação de postos de monitoramento de quantidade de água; realização da campanha Quali-Quantitativa de recursos hídricos superficiais. Estas etapas foram realizadas por meio de campanhas que envolveram visitas técnicas de reconhecimento/planejamento, preparação e monitoramento, detalhadas a seguir. 43 Campanha 1 Na campanha 1 foram realizadas três visitas técnicas visando à escolha dos melhores pontos de monitoramento para obtenção de informações sobre os parâmetros de qualidade e quantidade de água superficial da bacia. Estes locais foram previamente definidos em mapa hidrográfico da região. Foram visitados três cursos de água, Córrego Bananal, córrego Sossego e Córrego Santa Helena (figura 17). Posteriormente foram visitados mais dois afluentes do Sossego, o Córrego Baixo Sossego e Córrego Matutina. E a terceira visita no Córrego Penedo e trechos do Córrego Médio Sossego (figura 18). Figura 17 – Córrego Santa Helena Figura 18 - Córrego Médio Sossego Foram selecionados 29 pontos de monitoramento em 6 cursos de água, com as seguinte localizações (Tabela 1): 44 Ordem 1 2 4 21 3 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 22 23 24 25 26 27 28 29 Nome do ponto SS_1 SS_2 SS_3 SS_4 SS_5 SS_6 SS_7 SS_8 SS_9 SS_10 SS_11 SS_12 BN_1 BN_2 PN_1 PN_2 PN_3 SH_1 SH_2 SH_3 SH_4 MT_1 MT_2 MT_3 MT_4 MT_5 MT_6 BS_1 BS_1 Curso de água Local do ponto Corrego Sossego Corrego Sossego Corrego Sossego Corrego Sta Helena Corrego Sossego Corrego Sossego Corrego Sossego Cor. Sossego/Matutino Corrego Sossego Cor. Sossego/Santa Rita Corrego Sossego Corrego Sossego Corrego Bananal Corrego Bananal Corrego Penedo Corrego Penedo Corrego Penedo Corrego Sta Helena Corrego Sta Helena Corrego Sta Helena Corrego Sta Helena Corrego Matutino Corrego Matutino Corrego Matutino Corrego Matutino Corrego Matutino Corrego Matutino Corrego Barra Sossego Corrego Barra Sossego Alto Loriato - Casa Rosa Lariato - Ponte ( Paulo Loriato , irmão de Davi) Ponte ( Zé nicodemos) Junção Sta Helena/ Sossego Ponte Pesque -Pague Sossego / Marques Chicão Sosssego ponte ( cotovelo) Junção (Sossego/Matutino) Ponte - Portão azul em frente Junção Barra do Sossego / Sossego Ponte ascesso Santa Rita - Lamasal Ponte Madeira - Ultimo ponto Ponto visita coleta Antônio Sergio Ponte estrada _ Dupla ponte Bambuzal ( Qualidade Estrada (Cural) Ponte Estrada Deusídio Urlig ( Milho seco ) Qualidade Colombo Bambuzal Colombo 2º Bambuzal Estrada -Ponte dona Rosa Perto da Igreja ( Ponte) Cruzamento Lambert ( elias Básilio Estrada Lambert Ponte na estrada - Rerserva Ponte casa do viera ponte pasto Corrego no cafezal de Prop. Estevao Joaquim Corrego no cafezal de Prop. Estevao Joaquim X 297815 299353 300875 301215 301369 301105 301865 301692 301707 301563 301576 302402 296243 297466 297456 298287 299611 300478 300836 300931 301385 298738 298904 298918 299319 300635 301273 300858 300858 Y 7792722 7794966 7797811 7798227 7799002 7800075 7801908 7802297 7803419 7803540 7803590 7804021 7792868 7793861 7797065 7797015 7796954 7793776 7794486 7794699 7796979 7799985 7800999 7801024 7801220 7801309 7801840 7802492 7802492 248 197 169 168 167 159 158 155 146 143 142 139 Data marcação 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 13/05/2010 13/05/2010 13/05/2010 13/05/2010 13/05/2010 13/05/2010 13/05/2010 207 226 194 182 439 422 401 200 527 513 509 508 196 159 150 150 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 13/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 25/05/2010 Altitude Tabela 1: Ponto de monitoramento quali-quantitativo dos recursos hídricos superficiais na bacia do Sossego 45 Os pontos escolhido foram lançados no mapa da Bacia do Córrego do sossego (Figura 19). Figura 19 – Pontos escolhidos na Bacia do Sossego. 46 Para a localização dos pontos de monitoramento, inicialmente foi escolhido o melhor local de implantação do mesmo (Figura 19) e verificados alguns detalhes importantes como, por exemplo: 1) se o local é de fácil acesso, para que posteriormente não atrapalhe o processo de coleta de dados; 2) se o local escolhido representa bem cada um dos cursos de água existente, de forma que se obtenha dados bem distribuídos para toda a bacia em estudo; 3) se é possível a instalação de equipamentos para medições de vazões; 4) se o dono da propriedade (produtor) autoriza a colocação dos marcos para localização da seções de monitoramento das vazões e possibilita o acesso para coleta das amostras de água para realizar os testes de parâmetro de qualidade. Campanha 2 Nesta campanha foi realizada visita técnica na qual se percorreram todos os pontos que estavam previamente cadastrados para realização do monitoramento. A finalidade foi realizar a verificação dos níveis de água nos cursos de água e a obtenção de subsídios para fazer o planejamento da campanha de monitoramento. Foi realizado registro fotográfico dos locais onde seriam feitas as medições e as coletas de amostra de água, conforme Figuras 20 e 21. Figura 20 – Fotografando o curso Figura 21 - Seção do Córrego Baixo Sossego de água da figura 21 Nesta visita foram observados que alguns pontos que estavam marcados para realização do monitoramento, não possuíam água, ou seja o curso de água estava seco (Figuras 22 e 23). 47 Figura 22 – Córrego Médio Sossego Figura 23 - Córrego Matutina - Foz Já em outras localidades o volume de água era bem pequeno: Figuras 24, 25 e 26. Figura 24 – Córrego Alto Sossego – Cabeceira 48 Figura 25 – Córrego Alto Sossego Figura 26 Córrego Médio Sossego Em virtude das baixas vazões encontradas no período seco em alguns cursos de água, foi construída uma calha para ser utilizada nas medições das vazões em alguns pontos de monitoramento (Figura 27). Figura 27 – Pintura da calha para medições de vazão Campanha 3 Esta campanha constou de duas visitas técnicas: - A primeira visita objetivou a verificação de qual modelo de molinete se adequaria melhor para realizar as medições das baixas vazões existentes na bacia e os possíveis locais para instalação de postos de monitoramento de quantidade de água. Procurou-se nesta visita percorrer os principais cursos de água da bacia. Estes locais visitados foram pontos escolhidos de visitas anteriores. Procurou-se escolher locais nas cabeceiras dos cursos de água e próximo à desembocadura da bacia (Figura 28). Nessa visita foi utilizado para teste um micromolinete (modelo 8.110 C/HEL.9.149) (Figura 29). 49 Figura 28 – Córrego Baixo Sossego Figura 29 - Córrego Baixo Sossego A segunda visita objetivou a verificação de para quais pontos da bacia seria propensa a instalação de limnígrafos para realização das medições de vazões, bem como a apresentação da Bacia do córrego Sossego aos professores colaboradores do projeto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professores Dr. João Batista Dias de Paiva e Dra. Eloisa Maria Cauduro Dias de Paiva. Além deles estiveram também presentes os Professores Dr. Edmilson Costa Teixeira e Dr. Antonio Sérgio Mendonça, Coordenadores do projeto de pesquisa pela Universidade Federal do Espírito Santo, o Engenheiro Agrônomo do INCAPER, Jean Carlos Daré, os Pesquisadores Marcos Eugênio Lopes, Rogério Zorzal e Sirlei de Oliveira. Foi feita uma breve apresentação do histórico do projeto de pesquisa aos professores convidados (figura 30). A equipe de pesquisadores percorreu parte dos pontos de monitoramento previamente selecionados para verificação do melhor local para instalação do equipamento para medições das vazões da bacia (figuras 31, 32 e 33). 50 Figura 30 – Apresentação do projeto de pesquisa no auditório na cidade e Itarana Figura 31 – Ponto de monitoramento Figura 32 – Ponto de monitoramento Figura 33 – Ponto de monitoramento Durante as visitas à bacia, foram verificados alguns locais que poderiam ser úteis. Marcaram-se as coordenadas geográficas dos locais escolhidos para o monitoramento fazendo uso de um GPS. Esses locais foram cadastrados em uma planilha com as informações do local e localização do ponto. Campanha 4 Nesta visita objetivou-se a realização da coleta de água para análise dos parâmetros de qualidade de água e medições de vazões dos cursos de águas nos pontos de monitoramento previamente selecionados na visita anterior. Foram montadas seções de monitoramento em alguns pontos com a instalação de PI (ponto inicial) e PF (ponto final). Em locais que existiam pontes de concreto, 51 utilizou onde possível a viga da ponte como referência para instalação das seções, com a identificação do ponto de monitoramento, conforme registro fotográfico das figuras 34, 35 e 36. Figura 34 – Identificação do PI Figura 35 – Medição da largura da seção Figura 36 – Seção Identificada (PI e PF) Em locais abertos, foram colocados pontaletes entre as margens do curso de água para identificação do ponto da seção. Foi realizada a pintura de marcos e identificação do ponto (figuras 37, 38 e 39) 52 Figura 37 – Colocação do pontalete Figura 38 – Pintura do Pontalete Figura 39 – Seção instalada – Curso de água do Córrego do Bananal Em virtude das baixas vazões encontradas foram utilizadas duas técnicas de medições. A primeira volumétrica, onde foi realizado o tampomanento do curso de água e colocação de um tubo extravasor de 100mm. Após o tamponamento do curso de água, foram realizadas 10 medições de volume, utilizando-se um balde graduado e um cronometro. Com os dados de volume e tempo de enchimento do balde obteve-se a vazão do curso de água, para aquele instante. As figuras 40, 41 e 42 ilustram a técnica empregada. 53 Figura 40 – Tamponamento do curso de água Figura 41 – Medição de volume Figura 42 – Medição de Volume de água utilizando balde graduado e cronometro. Em locais onde não foi possível a realização do tamponamento do curso de água e as vazões de água eram pequenas foi empregada outra técnica. Para obtenção da vazão nesses pontos, foi estabelecida uma distância longitudinal de um trecho do curso de água e traçado três seções transversais entre essas distâncias. Com a média da área das três seções transversais e o tempo de deslocamento de um flutuador de isopor na distância longitudinal conhecida, obteve-se a vazão do curso de água para aquele instante. Nas figuras 43 e 44 e pode ser visualizada a técnica empregada. 54 Figura 43 – Determinação da seção transversal no curso de água Figura 44 – Distância longitudinal (cronometragem do flutuador percorrendo o curso de água) Foi também realizado um teste com a calha desenvolvida para medição das vazões. Em um ponto da cabeceira do Córrego sossego foi realizada a instalação da Calha (figuras 45, 46 e 47). 55 Figura 45 – Instalação da calha Figura 46 – Fluxo pela calha Figura 47 – Medição lamina de água na calha Com a medida da altura da lamina de água na calha obtém-se a vazão do curso de água, utilizando-se a equação da calha. Além da medição por meio da calha também foi realizada uma medição volumétrica desse trecho com a finalidade de confrontar as duas vazões e verificar a confiabilidade de uso da calha desenvolvida para medição da vazão e fazer a sua calibragem. 56 Os resultados da campanha estão de acordo com os obtidos no “ESTUDO DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA X DEMANDA E DEFINIÇÃO DE ÁREAS CRÍTICAS QUANTO AOS RECURSOS HÍDRICOS PARA A BACIA-PILOTO DO CÓRREGO SOSSEGO”, desenvolvido pela FEST/GEARH/UFES, dentro do CTHIDRO, cujo relatório foi publicado em fevereiro de 2003 (anexo VII). Naquele estudo, foi concluído que as demandas de água em período seco poderiam facilmente exceder as disponibilidades naturais, o que se observa na atualidade. Para determinação dos parâmetros de qualidade de água nos pontos de monitoramento, foram realizadas coletas de amostras de água e enviadas para laboratório especializado (os resultados são apresentados no anexo VIII). Além dos pontos de monitoramento de vazões foram escolhidos outros dois pontos, um no rio Santa Joana, que recebe as águas da Bacia do Córrego Sossego, e outro em uma região de nascente da Bacia do Córrego do Sossego. O Monitoramento Qualitativo contemplou os seguintes parâmetros: Temperatura, Oxigênio Dissolvido, pH, Cor real, Cor Aparente, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Cloreto, Fósforo Total, Série Nitrogenada, Sólidos Dissolvidos Totais, Sólidos Suspensos Totais, Turbidez, Alumínio, Cromo Total, Ferro Total e Coliformes Termotolerantes. A coleta e a preservação de amostras foram feitas de acordo com o “Manual de Coleta e Preservação de Amostras” publicado pela CETESB. As análises foram realizadas de acordo com o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”, publicado pela APHA et al. (1985). Os parâmetros pH e Temperatura foram monitorados "in situ", com o uso de equipamentos portáteis. A partir dos resultados do monitoramento, foram calculados Índices de Qualidade Água (IQAs), de acordo com metodologia da National Sanitation Foundation (EUA), adaptada pela CETESB. Com a utilização dos valores de nove parâmetros (pH, Temperatura, OD (oxigênio dissolvido), DBO5 (Demanda Bioquímica de Oxigênio), Sólidos Totais, Turbidez, 57 Nitrogênio Total, Fosfato Total e Coliformes Termotolerantes), foram calculados os Índices de Qualidade de Água – IQAs dos pontos monitorados. O IQA/CETESB é determinado pelo produtório ponderado das qualidades de água de cada um dos parâmetros mencionados acima, conforme apresentado na equação abaixo (CETESB, 1993): n IQA qiwi i 1 onde: IQA: índice de qualidade das águas; qi: qualidade do i-ésimo parâmetro obtido da curva média de variação de qualidade correspondente wi : peso referente ao i-ésimo parâmetro, cujo somatório é igual a 1; n: número de parâmetros que entram no cálculo do IQA. As faixas de IQA estão definidas como: Ótima (entre 80 e 100) Boa (entre 52 e 79) Aceitável (entre 37 e 51) Imprópria (entre 20 e 36) relativamente ao abastecimento após tratamento convencional e Imprópria (entre 0 e 19). Tabela 2 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - rio Santa Joana PARÂMETRO Oxigênio Dissolvido pH Temperatura da Amostra Tubidez Cloreto UNIDADE SJ mg/L (O2) ºC 6,8 6,16 23,5 NTU 7,53 - mg/L Cl 5,32 mg/L Pt/Co mg/L Pt/Co 32,2 16 DBO5 Fósforo mg/L O2 mg/L P < 2,00 0,03 Nitrato mg/L NO3 0,43 Nitrito Nitrogênio Total mg/L NO2 mg/L N < 0,05 0,89 Cor Aparente Cor Real 58 Continuação Tabela 2 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - rio Santa Joana PARÂMETRO Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos Sólidos Totais Alumínio Cromo Total Ferro Total Coliformes Termotolerantes UNIDADE SJ mg/L mg/L mg/L mg/L Al mg/L Cr mg/L Fe 34,8 6 46,8 < 0,03 0,03 0,85 10.000 NMP/100 ml IQA 60,0 Tabela 3 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Barra do Sossego PARÂMETRO BS1 BS2 8,8 5 5,57 5,61 22,6 25,7 2,77 22,04 mg/L Cl 42,6 3,55 Cor Aparente mg/L Pt/Co 32,2 294,9 Cor Real mg/L Pt/Co 19,3 149,8 DBO5 mg/L O2 < 2,00 2 Fósforo mg/L P 0,042 0,05 Nitrato mg/L NO3 0,26 0,44 Nitrito mg/L NO2 mg/L N < 0,05 < 0,05 0,39 0,86 mg/L 152,4 63,6 mg/L 6 25 Sólidos Totais Alumínio mg/L mg/L Al 166,4 93,6 < 0,03 0,07 Cromo Total mg/L Cr Ferro Total mg/L Fe < 0,03 0,71 < 0,03 16,7 Coliformes Termotolerantes IQA NMP/100 ml Oxigênio Dissolvido pH UNIDADE mg/L (O2) - Temperatura da Amostra Tubidez ºC NTU Cloreto Nitrogênio Total Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos - 2.000 300 64,0 62,6 59 Tabela 4 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Matutina PARÂMETRO MT1 MT2 MT4 MT6 5,6 7 7,5 8,8 6,7 7,37 7,4 6,86 22,3 25,1 22,8 27,2 5,37 8,95 6,44 4,41 mg/L Cl 3,55 5,32 3,55 5,32 Cor Aparente mg/L Pt/Co 69,2 45 24,1 24,1 Cor Real mg/L Pt/Co 6,4 25,7 20,9 16 DBO5 mg/L O2 < 2,00 < 2,00 < 2,00 < 2,00 Fósforo mg/L P 0,044 0,05 0,04 0,037 Nitrato mg/L NO3 0,12 0,21 0,21 0,07 Nitrito mg/L NO2 mg/L N < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,12 0,21 0,21 < 0,10 mg/L 28,9 24,6 21,2 43,2 mg/L 4 3 3 3 Sólidos Totais Alumínio mg/L mg/L Al 38,9 35,6 29,2 52,2 0,04 0,08 0,07 0,03 Cromo Total mg/L Cr Ferro Total mg/L Fe 0,04 3,12 0,05 0,4 0,049 0,71 < 0,03 0,52 Oxigênio Dissolvido pH UNIDADE mg/L (O2) - Temperatura da Amostra Tubidez ºC NTU Cloreto Nitrogênio Total Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos Coliformes Termotolerantes IQA - NMP/100 ml 200 100 100 100 72,5 78,3 79,1 79,9 60 Tabela 5 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - Bacia do córrego Sossego PARÂMETRO SS1 SS4 SS6 SS11 7,8 < 0,10 7,6 4 6,46 6,03 6,73 5,81 23,2 26,3 26,8 23,2 2,46 15,93 10,63 14,51 mg/L Cl 1,8 26,6 7,1 10,6 Cor Aparente mg/L Pt/Co 1,5 203 33,8 136,9 Cor Real mg/L Pt/Co < 1,00 51,5 20,9 25,7 DBO5 mg/L O2 < 2,00 30 < 2,00 2,2 Fósforo mg/L P 0,047 0,05 0,047 0,041 Nitrato mg/L NO3 0,17 0,28 0,21 0,3 Nitrito mg/L NO2 mg/L N < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,17 8,05 0,24 0,75 mg/L 43,8 167,4 39,6 81,9 mg/L 3 28 6 11 Sólidos Totais Alumínio mg/L mg/L Al 51,8 204,4 52,6 96,9 0,05 0,05 0,06 0,03 Cromo Total mg/L Cr mg/L Fe < 0,03 0,41 < 0,03 17,08 < 0,03 1,03 0,05 Ferro Total Coliformes Termotolerantes IQA NMP/100 ml Oxigênio Dissolvido pH UNIDADE mg/L (O2) - Temperatura da Amostra Tubidez ºC NTU Cloreto Nitrogênio Total Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos - 4,28 400 40.000 74,4 22,3 100 78,5 150 61,2 61 Tabela 6 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Santa Helena PARÂMETRO SH2 SH5 7,6 < 0,10 7,33 6,14 23,5 24,8 2,43 7,25 mg/L Cl 1,8 14,2 Cor Aparente mg/L Pt/Co 20,9 157,9 Cor Real mg/L Pt/Co 14,4 17,7 DBO5 mg/L O2 < 2,00 46 Fósforo mg/L P 0,049 0,05 Nitrato mg/L NO3 0,39 0,26 Nitrito mg/L NO2 mg/L N < 0,05 0,08 0,41 3,52 mg/L 26,4 111,2 mg/L 2 15 Sólidos Totais Alumínio mg/L mg/L Al 33,4 134,2 0,04 0,04 Cromo Total mg/L Cr Ferro Total mg/L Fe < 0,03 0,34 0,05 8,15 Coliformes Termotolerantes IQA NMP/100 ml 100 6.000 Oxigênio Dissolvido pH UNIDADE mg/L (O2) - Temperatura da Amostra Tubidez ºC NTU Cloreto Nitrogênio Total Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos - 79,7 24,0 62 Tabela 7 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Bananal PARÂMETRO Oxigênio Dissolvido pH UNIDADE BN2 4,5 mg/L (O2) 6,6 - Temperatura Amostra Tubidez da 21,4 ºC NTU Cloreto 8,11 - mg/L Cl 4,97 Cor Aparente mg/L Pt/Co 79,9 Cor Real mg/L Pt/Co 48,3 DBO5 mg/L O2 3,1 Fósforo mg/L P 0,05 Nitrato mg/L NO3 0,24 Nitrito mg/L NO2 mg/L N < 0,05 Nitrogênio Total Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos 0,82 mg/L 107,4 mg/L 10,5 Sólidos Totais Alumínio mg/L mg/L Al 125,4 Cromo Total mg/L Cr Ferro Total mg/L Fe 0,05 Coliformes Termotolerantes IQA NMP/100 ml < 0,03 7,21 100 67,0 63 Tabela 8 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - Sub-bacia do córrego Penedo PARÂMETRO Oxigênio Dissolvido pH UNIDADE PNA1 4,8 mg/L (O2) 6,16 - Temperatura da Amostra Tubidez 20,1 ºC NTU Cloreto 10,71 - mg/L Cl 5,32 Cor Aparente mg/L Pt/Co 40,2 Cor Real mg/L Pt/Co 27,3 DBO5 mg/L O2 3,1 Fósforo mg/L P 0,046 Nitrato mg/L NO3 0,16 Nitrito mg/L NO2 mg/L N 0,05 Nitrogênio Total Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos 0,33 mg/L 93,6 mg/L 12 Sólidos Totais Alumínio mg/L mg/L Al 114,6 Cromo Total mg/L Cr Ferro Total mg/L Fe < 0,03 2,24 Coliformes Termotolerantes IQA NMP/100 ml 100 0,05 - 64 Tabela 9 - Resultados do monitoramento de qualidade de água - Fonte do Careca PARÂMETRO Oxigênio Dissolvido pH UNIDADE Fonte do Careca 7,1 mg/L (O2) 6,17 - Temperatura da Amostra Tubidez 23,1 ºC NTU Cloreto < 1,00 - mg/L Cl 3,55 Cor Aparente mg/L Pt/Co 1,5 Cor Real mg/L Pt/Co < 1,00 DBO5 mg/L O2 < 2,00 Fósforo mg/L P < 0,03 Nitrato mg/L NO3 1,04 Nitrito mg/L NO2 mg/L N < 0,05 Nitrogênio Total Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos 1,04 mg/L 70,8 mg/L 2 Sólidos Totais Alumínio mg/L mg/L Al 77,8 Cromo Total mg/L Cr Ferro Total mg/L Fe Coliformes Termotolerantes IQA NMP/100 ml 0,05 < 0,03 0,14 AUS 88,16 Resultados do monitoramento quali-quantitativo Os resultados da campanha de monitoramento quantitativo de recursos hídricos, realizada no período de 20 a 23 de setembro de 2010, mostram as condições precárias de abastecimento de água superficial no córrego Sossego e em suas subbacias. 65 Diversos pontos se apresentaram sem fluxo ou com vazões muito pequenas, indicando a baixa disponibilidade de água na bacia do córrego Sossego em períodos secos. A falta de fluxo em ponto situado mais a jusante na bacia, próximo à foz do córrego Sossego, é indicativa de que o referido curso de água apresenta caráter atualmente intermitente, secando em períodos de baixas precipitações pluviométricas. Reservatórios são usados para acumulação de água para uso em propriedades. A retenção de água com finalidade de reserva de água para atendimento aos interesses individuais de proprietários interfere muito significativamente com os regimes hídricos do córrego Sossego e de seus afluentes, chegando a transformálos em intermitentes, em períodos de baixas precipitações pluviométricas. Essa intermitência, segundo moradores da bacia, tem se agravado ao longo dos anos, em função, principalmente, dos aumentos de demanda de água para abastecimento de sistemas de irrigação e da construção de reservatórios para atendimento a demandas de água em propriedades individuais. De acordo com os índices de qualidade de água (IQAs) obtidos, as águas superficiais, como brutas para abastecimento público após tratamento convencional, apresentaram classificações entre "Imprópria" e "Boa". Contudo, mesmo apresentando classificação "Boa" para diversos pontos, ocorreram valores de parâmetros fora dos respectivos limites, de acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, para águas doces Classe 2. O córrego Matutina foi o único que apresentou todos os pontos com classificação "Boa para abastecimento após tratamento convencional e com todos os parâmetros monitorados dentro dos limites CONAMA 357/2005. Os córregos Barra do Sossego, Santa Helena e Sossego e o rio Santa Joana, do qual o Sossego é afluente, apresentaram violações do limite para Coliformes Termotolerantes. Mesmo os pontos apresentando valores dentro do limite da legislação também apresentaram índices que podem ser considerados significativos. 66 Os resultados do monitoramento de qualidade de água realizado mostram a presença de águas ácidas e com diversos parâmetros fora dos limites preconizados pela Resolução CONAMA 357/2005. Dentre os parâmetros que apresentaram valores fora dos respectivos limites, em no mínimo um ponto têm-se: Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, pH, Cor Real e Coliformes Termo Tolerantes. Estes resultados são indicativos de que as condições sanitárias na bacia não são adequadas. Os valores de Coliformes Termotolerantes está relacionado com a falta de sistemas de tratamento de esgotos sanitários adequados. As baixas vazões e a presença de trechos de cursos de água secos ou em forma de poças de água observadas na campanha, inclusive no trecho final do córrego Sossego são indicativas das baixas capacidades de diluição e autodepuração dos cursos de água e da necessidade de ações sanitárias. Os resultados da campanha corroboram com aqueles obtidos no “ESTUDO DE DISPONIBILIDADE HÍDRICA X DEMANDA E DEFINIÇÃO DE ÁREAS CRÍTICAS QUANTO AOS RECURSOS HÍDRICOS PARA A BACIA-PILOTO DO CÓRREGO SOSSEGO”, desenvolvido pela FEST/GEARH/UFES, dentro do CTHIDRO, cujo relatório (anexo VII) foi publicado em fevereiro de 2003. Nas campanhas, realizadas em 2002, a quase totalidade dos pontos monitorados na bacia do córrego Sossego apresentou valores de Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Coliformes Fecais e Fosfato Total fora dos limites preconizados para águas doce Classe 2. Os IQAs, calculados de acordo com a metodologia desenvolvida pela National Sanitation Foundation (NSF/USA) e adaptada pela CETESB, nas campanhas de 2002, se situaram dentro das mesmas faixas observadas na campanha atual. Quanto às águas subterrâneas, o Anexo VIII apresenta análise relativa aos principais usos e diagnóstico quanto ao uso de agrotóxicos na bacia. 67 Cabe ressaltar relatos de um proprietário a respeito do fato de que a água proveniente do poço artesiano apresentava-se com gosto e cheiro diferentes dos usuais, fazendo com que se deixasse de consumi-la, passando a utilizá-la somente para lavagem de utensílios e roupas e para banho. III.4. Transferir conhecimentos adquiridos quanto aos aspectos agrícolas, florestais e sanitários para a comunidade local / regional. Pelo processo e pressupostos descritos, pode-se dizer que não houve somente uma transferência unilateral de conhecimentos, mas uma troca entre conhecimentos da comunidade e conhecimentos técnico-científicos, o que é fundamental em processos que pressupõem participação. As oficinas tiveram esta característica, de construção de conhecimentos valorizando os saberes locais e dialogando com estes. Além disso, a educação ambiental foi uma ação transversal e contínua do projeto. Ainda sobre a disponibilização de informações para a comunidade, destaca-se a contratação de técnico agrícola, que é morador da comunidade, por meio do Edital MCT/CNPq N º 10/2010 – Apoio Técnico, que tem o papel de elo entre demandas da comunidade e a produção técnico-científica. Destaca-se, por fim, a elaboração de cartilhas com o objetivo da mobilização da comunidade para discussão das questões atinentes a este projeto de pesquisa, no âmbito do Projeto Sossego (Anexo IX). V. PRODUÇÃO CIENTÍFICA VINCULADA AO PROJETO Como metas de produção científica, tinham-se: - 03 Artigos em congressos nacionais e/ou internacionais Publicados LOPES, M. E. P. A. ; TEIXEIRA, E. C. . Discussão de modelos RacionalHegemônico e Contra-Racional-Hegemônicos : reforçando outras alternativas de uso/gestão da água na agricultura irrigada. In: IX Congreso Latinoamericano y del Caribe de Ingeniería Agrícola - CLIA 2010/XXXIX 68 Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2010, 2010, Vitória. Anais do IX CLIA 2010 / XXXIX CONBEA 2010, 2010. LOPES, M. E. P. A. ; TEIXEIRA, E. C. . Qual uso racional da água (na agricultura irrigada)? sustentabilidade. discussões In: XVIII à luz do desenvolvimento SIMPÓSIO BRASILEIRO DE e da RECURSOS HÍDRICOS, 2009, Campo Grande. XVIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS. São Paulo : ABRH, 2009. GIRARDI, G. ; QUARENTEI, L. M. Territoriality and geocartographical analysis: scales of interpretation as a tool for the understanding of water resources management conflicts. In: 24th INTERNATIONAL CARTOGRAPHIC CONFERENCE, 2009, Santiago. Conference proceedings, 2009. p. 1-13 POLONI, D. M. ; TEIXEIRA, E. C. ; GIRARDI, G. . Mapa isoerodente para subsídio ao planejamento conservacionista de microbacia hidrográfica: aplicação na microbacia do Córrego Sossego, em Itarana ES. In: XXIV Congresso Brasileiro de Cartografia, 2010, Aracaju. Anais do Congresso Brasileiro de Cartografia, 2010. p. 1-9. Aceitos para apresentação oral e publicação # 10º Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Oficial Portuguesa (26-28/09/2011; Pernambuco/Brasil): 1- “Experimentação prática do paradigma gestão integrada de recursos hídricos – o caso das bacias do Sossego/Brasil e Movene/Moçambique” (autores: Edmilson Teixeira, Dinis Juizo, Marcos Lopes, Gisele Girardi, Francisco Saimone, Fatima Mussa); 2- “Avaliação de processos sociais e institucionais envolvidos na constituição de “Laboratório Vivo” para o desenvolvimento de estudos/pesquisas sobre gestão integrada, participativa e adaptativa de recursos hídricos” (autores: Edmilson Teixeira, Gisele Girardi, Marcos Lopes, Sirlei Oliveira, Jean Dare); 3- “Contribuições da abordagem territorial em bacias hidrográficas no contexto da gestão participativa de recursos hídricos” (autores: Laura Quarentei, Gisele Girardi, Edmilson Teixeira); 4- “Proposta de construção e utilizacão de indicadores de gestão de recursos hídricos em subsídio à autogestão local” (autores: Marcos Lopes, Edmilson Teixeira). 69 Submetidos para apresentação e publicação # XIVth IWRA World Water Congress (25-29/09/2011; Pernambuco/Brasil): 1- “Utilisation of the River Basin Game in a Brazilian catchment as an incentive tool to participation and adaptivity in support of solving water use conflict” (autores: Marcos Lopes, Edmilson Teixeira, Bruce Lankford); 2- “Development of global and local conceptual models in support of the “rational” use of water in irrigated agriculture” (autores: Marcos Lopes, Edmilson Teixeira). - 02 Artigos em periódicos Serão submetidos, até final deste mês (abril de 2011), dois artigos em fase de elaboração, que são: 1- “Small reservoirs and smallholder agriculture in Brazilian Southeast: constraints and opportunities towards decentralized and participative water resources management” (Water Alternatives; autores: Edmilson Teixeira e Marcos Lopes); e 2- “Utilization of multicriteria method in support of water management in local level: constraints and opportunities observed in the pilot-catchment of Sossego creek (Espirito Santo State Brazil)” (Water Science and Technology; autores: Marcos Lopes e Edmilson Teixeira). Até meados de junho dois outros artigos deverão ser finalizados, um para submissão a revista tipo Qualis A e outro Qualis B (classificação CAPES). Esses artigos fazem parte do plano de trabalho de “licença capacitação” da Profa. Gisele Girardi, pesquisadora membro da equipe técnica do presente projeto de pesquisa. Os títulos dos trabalhos e as revistas para submissão dos artigos ainda não foram definidos. - 01 Trabalho de conclusão de curso de graduação O projeto apoiou e foi subsidiado por Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da pesquisadora colaboradora do presente projeto de pesquisa, Anna Paula Ribeiro (curso de graduação em economia, pela UFES, em fase de conclusão – Anexo X). - 02 Dissertações de mestrado (Engenharia Ambiental e Geografia) 70 O desenvolvimento da pesquisa subsidiou, e foi apoiado, por duas Dissertações de Mestrado, uma vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFES (intitulada “O uso de escalas de análise para compreensão de dinâmicas sócio-espaciais na bacia hidrográfica do córrego do sossego – Itarana-ES”, tendo Laura Mariano Quarentei como autora Anexo XI) e outra vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da UFES (intitulada “Desenvolvimento e aplicação de procedimento metodológico em suporte ao planejamento participativo para redução de perda de solos em pequenas bacias hidrográficas com emprego da EUPS”, tendo Diogo Poloni como autor - Anexo XII). Laura foi orientada por Gisele Girardi e co-orientada por Edmilson Teixeira e Diogo por Edmilson e coorientado por Gisele, como forma de promover a integração de áreas de conhecimento e fortalecimento de grupo de pesquisa (ambos os orientadores são coordenadores do LabGest/UFES). A pesquisa ainda apoiou, e foi apoiada por, trabalho de tese de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da UFES (intitulada “Avaliação de usos racionais da água na agricultura: desenvolvimento de modelos conceituais e de procedimento metodológico em apoio à co/auto-gestão de microbacias”, tendo Marcos Lopes como autor e Edmilson Teixeira como orientador – anexo XIII). VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS - Conseguiu-se um elevado nível de realização técnica dos objetivos do projeto, graças ao suporte/envolvimento de parceiros do Projeto Sossego na sua execução. Essa parceria levou, também, à não utilização de parte significativa dos recursos financiados pelo CNPq para o desenvolvimento da pesquisa (a exemplo da não necessidade de aquisição de imagem de satélite de alta precisão para a bacia do córrego Sossego). - Entre as principais dificuldades encontradas na busca de cumprimento dos/das objetivos/metas do projeto têm-se: níveis de estiagem severos na região da bacia hidrográfica piloto (do córrego do Sossego/Itarana-ES) ao longo dos dois anos de vigência do projeto, que, associados ao elevado consumo local de água para irrigação, impediu à realização de segunda campanha de monitoramento quali71 quantitativo de recursos hídricos, correspondendo à estação chuvosa; e aprovação de apenas 50% dos recursos orçados para essa finalidade (realização de campanhas campo de monitoramento de quantidade e qualidade de água) – nesse sentido pode-se dizer que o número de campanhas de campo realizada (apenas uma) está compatível com os recursos disponibilizados pelo CNPq. - Entre os principais aspectos positivos do desenvolvimento do projeto incluem-se: envolvimento tanto da comunidade da bacia do córrego Sossego quanto das instituições públicas municipais e estaduais atuantes no Município de Itarana, parceiras do Projeto Sossego; o fortalecimento do espírito de coletividade no âmbito da bacia do córrego Sossego; sua contribuição para o reconhecimento público, em nível municipal (Câmara de Vereadores do Município de Itarana/ES) e estadual (Conselho Estadual de Recursos Hídricos), da bacia do Sossego como Laboratório Vivo para o desenvolvimento de estudos e pesquisa sobre o tema “recursos hídricos & desenvolvimento local/regional”, por microbacia hidrográfica; contribuição técnicofinanceira na formação de pessoal em nível de pós-graduação (mestrado e doutorado), que certamente apoiarão nas avaliações, pela CAPES, dos cursos de pós-graduação da Geografia e da Engenharia Ambiental, ambos da UFES; fortalecimento do Grupo de Pesquisa LabGest/UFES e da sua atuação no tema “recursos hídricos e desenvolvimento local/regional por micro-bacia hidrográfica”. O projeto contou ainda com a participação dos pesquisadores Sirlei Oliveira e Cíntia Hencker que atuaram como bolsistas, e cujos relatórios encontram-se nos anexo XIV e XV. VI – REFERÊNCIAS Nota: As atividades de revisão bibliográfica, que fundamentaram todas as componentes da pesquisa encontram-se disponíveis nas dissertações de mestrado, TCC e Tese de doutorado que seguirão em anexo ao Relatório (Anexo X, XI, XII E XIII), com suas respectivas bibliografias. Segue a relação de trabalhos citados neste relatório. APHA – AWWA - WPCF. Standard Methods for examination of Water and Wastewater. 19 ed. Washington: American Public Health Association, 1985. CASTRO, C. B.; PEREIRA, C. B.; TEIXEIRA, E. C.; MENDONÇA, A. S. F.; AHNERT, F.; RIBEIRO, C. B. M.; SILVA, J. G. F.; SILVA, W. M.; BRITO, R. A. C.; 72 GIACOMIN, R. W. Metodologia aplicada à escolha de bacias-piloto para estudo sobre gestão de recursos hídricos. In: VI SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO NORDESTE, Maceió – AL. Dezembro de 2002. CETESB (1993). Manual de Coleta e Preservação de Amostras. São Paulo. GIRARDI, G.; QUARENTEI, L. M. Mapa de conflito de uso da água como instrumento de apoio da gestão de recursos hídricos: estudo metodológico aplicado à Bacia Hidrográfica do Córrego do Sossego – Itarana/ES. Fundação Espiritosantense de Ciência e Tecnologia - FAPES. Relatório final de pesquisa. 2008. GRUPO DE ESTUDOS E AÇÕES EM RECURSOS HÍDRICOS – GEARH. Departamento de Engenharia Ambiental/Centro Tecnológico/Universidade Federal do Espírito Santo (DEA/CT/UFES). Desenvolvimento de Instrumento para a Gestão de Recursos Hídricos do Norte do Espírito Santo - GEARH-NES. Edital CT-HIDRO/FINEP 01/2001. Relatório Final. v. 1. 2003. LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL–LABGEST (Departamento de Engenharia Ambiental/Centro Tecnológico/Universidade Federal do Espírito Santo - DEA/CT/UFES). Estudo da influência do manejo da irrigação na produtividade de café, banana e inhame na bacia experimental do Córrego Sossego – ES. Edital MCT/CNPq 15/2007 - Universal. Relatório final de pesquisa. 2010a. LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL– LABGEST. Racionalização do uso da água na agricultura irrigada de café, inhame e banana na bacia hidrográfica piloto do córrego do Sossego – bacia do rio Doce / Itarana – ES. Fundação Espiritosantense de Ciência e Tecnologia - FAPES. Relatório final de pesquisa. 2010b. LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL– LABGEST. Racionalização do uso da água na agricultura irrigada no Brasil e em Moçambique considerando aspectos tecnológicos, sociais, econômicos, ambientais e culturais. Edital MCT/CNPq nº 006/2007. Relatório final de pesquisa. 2010c. LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL– LABGEST. Estudo da relação entre produtividade agrícola e 73 volume de água aplicada na irrigação na bacia experimental do Córrego Sossego – ES. Fundação Espiritosantense de Ciência e Tecnologia - FAPES. Relatório final de pesquisa. 2010d. LOPES, M. E. P. de A. Avaliação de usos racionais da água na agricultura: desenvolvimento de modelos conceituais e de procedimento metodológico em apoio à co/auto-gestão de microbacias. Projeto de Tese (Doutorado em Engenharia Ambiental) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES, 2011. (a ser defendida em 14/04/2011). POLONI, D. M. Desenvolvimento e aplicação de procedimento metodológico em suporte ao planejamento participativo para redução de perda de solos em pequenas bacias hidrográficas com emprego da EUPS. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES, 2010. QUARENTEI, L. M. Elementos para a discussão do conflito de uso e gestão de água na bacia hidrográfica do córrego do sossego, Itarana/ES. Monografia (Graduação em Geografia), Vitória-ES, Universidade Federal do Espirito Santo. 2008. QUARENTEI, L. M. Território e territorialidades na bacia hidrográfica do Córrego Sossego: o uso de escalas de análise para a apreensão de conflitos de gestão de recursos hídricos Dissertação (Mestrado em Geografia), VitóriaES, Universidade Federal do Espirito Santo. 2010. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO À MICRO E PEQUENA E EMPRESA – SEBRAE. “Projeto GEOR: desenvolvimento regional sustentável e gestão das águas na bacia do córrego do Sossego, bacia do rio Doce, Itarana-ES”. Relatório T0. Vitória-ES. 2006. TEIXEIRA, E. C. ; RESENDE, M. ; LOPES, M. E. P. de A. ; FRAGA, M. R. ; DARÉ, J. C. . Projeto Sossego: integrando experiências de gestão de recursos hídricos e desenvolvimento sustentável local.. In: SIMPÓSIO EXPERIÊNCIAS EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS POR BACIA HIDROGRÁFICA, 2007, São Pedro. ANAIS SIMPÓSIO EXPERIÊNCIAS EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS POR BACIA HIDROGRÁFICA, 2007. 74