Disciplina: Aplicações de Informática Prof.: Luís Moreira Índice: Tipos de média ....................................................................................................... 3 O que é multimédia? ............................................................................................... 5 Características dos sistemas multimédia ................................................................ 6 Modos de divulgação de conteúdos multimédia ..................................................... 8 Tipos de produtos multimédia ................................................................................. 8 Tecnologias multimédia ........................................................................................ 10 Modelo de referência para as tecnologias multimédia ...................................... 10 Informação digital e interactividade....................................................................... 17 Representação digital da informação ................................................................ 18 Sinais analógicos e sinais digitais......................................................................... 22 Processo de digitalização.................................................................................. 25 AMOSTRAGEM ................................................................................................ 25 CODIFICAÇÃO ................................................................................................. 30 VANTAGENS DA REPRESENTAÇÃO DIGITAL .............................................. 32 DESVANTAGENS DA REPRESENTAÇÃO DIGITAL ....................................... 34 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Tipos de média A combinação de vários meios audiovisuais ocorre quase sempre que o ser humano apreende informação do mundo exterior através de todos os sentidos em simultâneo. Os sistemas e aplicações multimédia combinam os seguintes tipos de informação multimédia, também designados por tipos de media: Texto Gráfico Imagens Vídeo (imagens em movimento) Animação Áudio (som) Texto é o meio dominante para a apresentação de informação, quer nos documentos convencionais quer nas aplicações multimédia. O texto digital pode assumir dois tipos de formatos: formato básico (plain text) usado nos ficheiros de texto criados a partir de processadores de texto simples e o formato mais elaborado (rich text) que se encontra nos livros, revistas e jornais e que é criados com recurso a processadores de texto mais avançados. Os gráficos ou imagens que surgem nas aplicações ou documentos multimédia podem ser comparados, respectivamente, com desenhos e com fotografias que surgem em documentos convencionais, tais como revistas ou livros. O vídeo digital que surge nos documentos multimédia podem ser criados a partir de uma câmara de vídeo digital ou digitalizando o vídeo proveniente de uma câmara de vídeo analógico ou de uma televisão. Os clipes de vídeo digital podem igualmente ser gerados directamente no computador, através de operações designadas por rendering de animação e designa-se por vídeo sintetizado. O áudio digital também pode resultar de som que é digitalizado a partir de fontes sonoras ou podem ser sintetizado directamente por computador. As sequências de animação que surgem nos documentos multimédia são normalmente sintetizados por computador e têm o cinema de animação (vulgarmente designados por desenhos animados) como seu correspondente nos documentos convencionais. Pág. 3 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Sendo assim e segundo o esquema seguinte este classifica os tipos de informação multimédia de acordo com a sua natureza espácio-temporal e distingue os tipos de media (texto, imagens e gráficos) dos tipos de media dinâmicos (áudio, vídeo e animação). Origem Estáticos Dinâmicos Imagem Vídeo - Áudio Texto - Gráficos Animação Natureza Capturados Sintetizados Tabela 1 – Classificação dos tipos de informação multimédia Na tabela anterior os tipos de informação multimédia estão classificados como já foi referido, de acordo com a sua natureza espácio-temporal e distinguem-se em dois grandes tipos: media estáticos (texto, imagem e gráficos) e media dinâmicos (áudio, vídeo e animação). Podemos também classificar os tipos de informação multimédia de acordo com a sua origem. A seguinte figura esquematiza a classificação: Imagens Fotografias Gráficos Desenhos/Esquemas Áudio (digital) Som (analógico) Vídeo (digital) Vídeo (analógico) Animação Desenhos animados Revistas Jornais Livros Programas de TV Clips de Vídeo Cinema Cinema de Animação Esquema 1 – Documentos multimédia (à esquerda) vs convencionais (à direita) O esquema classifica os tipos de informação multimédia de acordo com a sua origem, e divide-os em tipo de media capturados do mundo real (imagens, vídeo e áudio) e tipos de media sintetizados por computador (texto, gráficos e animação). Na prática este esquema encontra-se desfasado da realidade, visto que, o áudio e o Pág. 4 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 pode ser sintetizado por computador e o texto pode ser capturado do mundo real através de dispositivos de reconhecimento óptico de caracteres (OCR). Os tipos de media estáticos são, portanto, constituídos por elementos de informação independente do tempo, enquanto que os tipos de media dinâmicos incluem os tipos de informação multimédia cuja apresentação exige uma reprodução contínua ao longo do tempo. O que é multimédia? O termo multimédia refere-se a uma forma de comunicação que engloba vários tipos de meios para transmitir uma mensagem. Partindo da uma análise etimológica pode-se concluir que a palavra multimédia significa múltiplos intermediários ou múltiplos meios. A palavra multimédia pode ser usada de duas formas: na expressão “a multimédia é uma nova área tecnológica”, a palavra é utilizada como um substantivo do género feminino, já na expressão “documento multimédia”, encontramos a palavra a cumprir a função de adjectivo. Os sistemas e as aplicações multimédia integram, ou combinam, vários tipos de informação multimédia. Será então possível combinar um qualquer par de tipos de media e obter uma apresentação multimédia? Na realidade, nem todas as combinações de tipos de media podem ser designadas de multimédia. Existe uma restrição importante à combinação dos media que define o que se pode classificar como multimédia: os sistemas e aplicações multimédia combinam, na maioria dos casos, pelo menos um media estático com um media dinâmico. De acordo com esta restrição, um documento de um processador de texto que inclua texto, desenhos e imagens não se considera um documento multimédia. A incorporação desta restrição na definição de multimédia digital apresentada permite definir multimédia do seguinte modo: Multimédia designa a combinação, controlada por computador, de texto, gráficos, imagens, vídeo, áudio, animação e qualquer outro meio pelo qual a informação possa ser representada, armazenada, transmitida e processada sob a forma digital, em que existe pelo menos um tipo de media estático (texto, gráficos ou imagens) e um outro tipo de media dinâmico (vídeo, áudio ou animação). Pág. 5 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Características dos sistemas multimédia É possível enumerar 5 características principais, associadas aos sistemas multimédia, no contexto da informação manipulada por computador (digital), do seguinte modo: 1. A informação manipulada pelos sistemas multimédia representa-se sob a forma digital, mas os media são independentes entre si. 2. Os sistemas multimédia combinam obrigatoriamente pelo menos um media estático com um media dinâmico. 3. Os sistemas multimédia são controlados por computador. 4. Os sistemas multimédia são integrados. 5. A interface oferecida pelos sistemas multimédia ao utilizador final pode permitir interactividade. A representação digital da informação e a característica essencial e implica que em multimédia se utilize um único formato para representar todos os tipos de dados envolvidos: Lima sucessão de dígitos binários. Como consequência desta característica, os vários media, embora integrados, podem ser tratados de Lima forma independente. Aparentemente, esta afirmação e contraditória, mas se analisarmos um exemplo, verificamos que a contradição não existe. Tomando como exemplo um meio analógico de gravação, tal como um gravador de cassetes VHS, verifica-se que o som e as imagens se encontram misturados de uma forma definitiva. Isto significa que não existe nenhuma maneira simples de manipular, isto e, extrair e modificar, apenas o conteúdo sonoro. Ao invés, nos sistemas multimédia, cada tipo de media pode ser tratado de Lima forma totalmente independente de todos os outros. No entanto, todos são representados por intermédio de sequências de dígitos binários e, se necessário, são facilmente integráveis no mesmo dispositivo de gravação digital. A segunda característica dos sistemas multimédia restringe-os em termos dos tipos de media que combinam. Como já foi visto, para que um sistema possa ser classificado como multimédia, deve obrigatoriamente combinar um tipo de media estático (texto, gráficos ou imagem) com um tipo de media dinâmico (vídeo, áudio ou animação). Pág. 6 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 A terceira característica dos sistemas multimédia – sistemas controlados por computador – implica que, pelo menos, a apresentação da informação ao utilizador final e controlada por um computador. Contudo, todas as actividades subjacentes a criação dos conteúdos e da apresentação multimédia, um processo que globalmente se designa por autoria multimédia, pode igualmente ser controlado por computador. A quarta característica dos sistemas multimédia refere-se a integração, e implica que a quantidade e o tipo de sistemas informáticos envolvidos c mínimo. Por exemplo, estamos perante um caso de integração quando se utiliza o mesmo monitor de computador para apresentar texto, imagens, vídeo, animações e áudio (Fluckiger, 1995). A integração e, pois, um aspecto essencial de um sistema multimédia e requer que os vários media estejam de tal modo bem integrados que possam ser apresentados via Lima interface unificada e manipulados através de um único programa ou aplicação informática. Para que haja integração, e necessário que exista Lima infra-estrutura que permita acomodar vários tipos de media diferentes e um meio de os apresentar em conjunto ao utilizador final. Por exemplo, a World Wide Web assenta sobre um formato (a linguagem HTML - hypertext Markup Language) que permite acomodar vários tipos de media, e recorre a um Web browser (urna aplicação) que permite apresentar os vários media ao utilizador. Finalmente, a interactividade é a característica dos sistemas multimédia que permite ao utilizador final controlar como e quando os elementos de informação são apresentados. Ao contrário das anteriores, a interactividade é a única característica que não é obrigatória para que os sistemas possam ser designados por multimédia. È uma característica bastante frequente, mas nem todos os sistemas multimédia são interactivos. Tal como ficou descrito, multimédia designa a combinação, controlada por computador, de texto, gráficos, imagens, vídeo. Áudio, animação, sendo que existe pelo menos uni tipo de media estático (texto, gráficos, ou imagens) e uni tipo de media dinâmico (vídeo, áudio, ou animação). Sempre que o sistema multimédia permite que o utilizador final controle os elementos, ou conteúdos, que são apresentados, bem como os momentos em que a sua apresentação ocorre, é possível conceber uma aplicação que tire partido destes meios de controlo – nestas situações diz-se que estamos perante um sistema multimédia interactivo e uma Pág. 7 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 aplicação multimédia interactiva. Se, para além disso, a aplicação multimédia interactiva proporcionar uma estrutura de elementos interligados que pode ser percorrida, ou navegada, pelo utilizador final, a aplicação multimédia interactiva pode igualmente ser designada por hipermédia, uma noção que também é defendida por Vaughan (2001). Modos de divulgação de conteúdos multimédia As aplicações multimédia criam um espaço de informação que combina vários tipos de media digitais, mas dependem de um ambiente tecnológico para serem distribuídas e utilizadas. As diversas tecnologias ópticas CD e DVD proporcionam o meio de armazenamento ideal para a distribuição offline de aplicações multimédia. As aplicações multimédia em redes de computadores, são normalmente designadas por aplicações on-line. Estas aplicações são as aplicações Web e consistem normalmente em sítios da Web que permitem aceder, normalmente através da Internet, à informação multimédia disponibilizada por computadores designados por servidores Web. Tipos de produtos multimédia A representação digital da informação é a característica essencial e implica que em multimédia se utilize um único formato para representar todos os tipos de dados envolvidos: Uma sucessão de dígitos binários. Como consequência desta característica, os vários media, embora integrados podem ser tratados de uma forma independente. Aparentemente esta afirmação é contraditória, mas se analisarmos um exemplo, verificamos que a contradição não existe. Tomando como exemplo um meio analógico de gravação tal como um gravador de cassetes VHS, verifica-se que o som e as imagens se encontram misturados de uma forma definitiva. Isto significa que não existe nenhuma maneira simples de manipular, isto é, extrair e modificar, apenas a conteúdo sonoro. Ao invés, nos sistemas multimédia, cada tipo de media pode ser tratado de uma forma totalmente independente de todos os outros. No entanto, todos são representados por intermédio de sequências de dígitos binários e, se necessário, são facilmente integráveis no mesmo dispositivo de gravação digital. Pág. 8 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 A segunda característica dos sistemas multimédia restringe-os em termos dos tipos de média que combinam. Para que um sistema possa ser classificado como multimédia deve obrigatoriamente combinar um tipo de media estático (texto, gráficos ou imagem) com um tipo de media dinâmico (vídeo, áudio ou animação). A terceira característica dos sistemas multimédia – sistemas controlados por computador implica que, pelo menos a apresentação da informação ao utilizador final controlada por um computador. Contudo, todas as actividades idades subjacentes à criação dos conteúdos e da apresentação multimédia, um processo que globalmente designa por autoria multimédia pode igualmente ser controlado por computador. A quarta característica dos sistemas multimédia refere-se à integração e implica que a quantidade e o tipo de sistemas informáticos envolvidos é mínimo. Por exemplo estamos perante um caso de integração quando se utilizes o mesmo monitor de computador para apresentar texto, imagens, vídeo, animação e áudio. A integração, é pois, um aspecto essencial de uni sistema multimédia e requer que os vários media estejam de tal modo bem integrados que possam ser apresentados via uma interface unificada e manipulados através de um único programa ou aplicação informática. Para que haja integração, é necessário que exista uma infra-estrutura que permita acomodar vários tipos média diferentes e um meio de os apresentar em conjunto ao utilizador final. Por exemplo, a World Wide Web assenta sobre um formato (a linguagem HTML – Hypertext Markup Language) que permite acomodar vários tipos de media, e recorre a um web browser (uma aplicação) que permite apresentar os vários media ao utilizador. Por ultimo a interactividade é a característica dos sistemas multimédia que permite ao utilizador final controlar como e quando os elementos de informação são apresentados. Ao contrário das anteriores, a interactividade é a única característica que não é obrigatória para que os sistemas possam ser designados por multimédia. É uma característica bastantes frequente, mas nem todos os sistemas multimédia são interactivos. Pág. 9 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Tecnologias multimédia Multimédia não pode ser experimentada sem a tecnologia, pois é a tecnologia que cria a experiência – multimédia não se limita à mensagem, mas é igualmente unia função do meio, isto é, da tecnologia (Gonzalez, 2000). Isto significa que para se poder definir, e conhecer o que é multimédia, é incontornável obter conhecimento sobre as tecnologias que lhe dão forma. Modelo de referência para as tecnologias multimédia Para perceber o relacionamento entre o número crescente de tecnologias multimédia, é útil classificar as tecnologias de acordo com um modelo de referência, que permita caracterizar conjuntos de tecnologias afins, agrupando-as na mesma área tecnológica. Uma das formas possíveis para conceber tal modelo é situar e classificar as áreas tecnológicas em termos da proximidade que as respectivas tecnologias possuem em relação ao utilizador. Por exemplo, ao nível mais baixo (mais longe do utilizador) situam-se as tecnologias de base que suportam a representação digital da informação multimédia. Por outro lado, ao nível mais elevado (mais próximo do utilizador) incluem-se as tecnologias que suportam a criação de conteúdos e de aplicações multimédia e as próprias aplicações com as quais o utilizador interage directamente. A figura ao lado mostra um modelo de classificação das áreas tecnológicas associadas a multimédia, identificando claramente os níveis a que as áreas tecnológicas se situam em relação ao utilizador final. Analisando a figura ao lado, é ainda possível reconhecer que as tecnologias de Figura 1 - Modelo de referência para a classificação de tecnologias multimédia Pág. 10 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 representação de informação multimédia suportam a representação dos média digitais que são manipulados, isto é, processados, armazenados e transmitidos pelos sistemas multimédia. Por sua vez, os sistemas multimédia suportam o fornecimento de serviços multimédia, que são utilizados pelas aplicações multimédia para apresentar conteúdos multimédia, que combinam os vários media, ao utilizador final. A tabela 2 resume os objectivos e características associadas a cada uma das quatro áreas das tecnologias multimédia identificadas no modelo de referência, indicando ainda exemplos concretos dessas tecnologias. Como se pode observar na tabela seguinte, o grupo das tecnologias de representação de informação multimédia inclui as técnicas de digitalização da informação, os formatos de representação de cada media, incluindo as técnicas de compressão que lhes estão associadas, e os aspectos relacionados com o hardware necessário para a obtenção de uma plataforma multimédia, como por exemplo as placas de som, as placas gráficas e as placas de vídeo. ÁREA TECNOLÓGICA EXEMPLOS DE TECNOLOGIAS OBJECTIVO DAS TECNOLOGIAS Técnicas de digitalização Digitalização da informação Técnicas de compressão de informação Representação de informação Representação dos media Formatos de imagem, gráficos e texto multimédia Hardware para multimédia Formatos de vídeo, áudio e animação 1. Plataformas multimédia Processamento de informação multimédia Sistemas de armazenamento óptico Armazenamento de informação multimédia Sistemas de bases de dados multimédia 2. Apresentação de informação multimédia Servidores de media Sistemas multimédia Transmissão de informação multimédia Linguagens de programação Sistemas operativos Redes de comunicação de dados Vídeo-a-pedido Utilizações específicas de funções fornecidas 3. Serviços multimédia pelos sistemas multimédia Videoconferência Análise de conteúdo Segurança Protocolos de transferência de informação Tipos de aplicações, tais como livros electrónicos, Utilizações de multimédia 4. Aplicações conteúdos multimédia Produção multimédia – criação de conteúdos e de aplicações multimédia Design de interfaces multimédia interactivas quiosques multimédia, jogos educação, formação, tv interactiva, realidade virtual Projecto de aplicações Ferramentas de autoria Tecnologias interactivas para a criação de interfaces e da navegação Tabela 2 – Características e exemplos das tecnologias multimédia Pág. 11 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 O grupo das tecnologias de sistemas multimédia inclui as técnicas associadas ao processamento, armazenamento apresentação e transmissão de informação multimédia. Por exemplo, os suportes de armazenamento óptico, tais como o CD e o DVD, constituem o sistema de armazenamento mais utilizado para aplicações multimédia cuja distribuição é feita de modo offline. Por outro lado, as bases de dados multimédia fornecem funcionalidades que permitem armazenar de um modo estruturado os vários tipos de media. O grupo das tecnologias de serviços multimédia inclui as técnicas que permitem implementar utilizações específicas de um dado sistema multimédia que fornece uma ou mais funções. Por exemplo, as técnicas de sincronização temporal dos média são essenciais para a criação de aplicações multimédia e assentam nas funções fornecidas pelos sistemas operativos sobre os quais as aplicações são instaladas. Outro exemplo é o vídeo-a-pedido – um serviço utilizado, por exemplo, no contexto das aplicações de televisão interactiva (aplicações multimédia), que assenta nas funções fornecidas por bases de dados multimédia e servidores de media (neste caso, servidores de vídeo). Finalmente, o grupo das tecnologias de aplicações e conteúdos multimédia inclui as técnicas que permitem produzir, isto é, conceber e desenvolver, aplicações multimédia incluindo as técnicas para o desenvolvimento de um projecto multimédia, os paradigmas de autoria de aplicações multimédia e as técnicas específicas para a autoria de cada media. Este grupo inclui ainda a caracterização de aplicações multimédia de acordo com o seu objectivo e área de aplicação, e as técnicas de criação de interfaces interactivas. Utilizando o modelo proposto, é possível identificar as tecnologias multimédia abrangidas por este livro, incluindo: A digitalização da informação e os formatos de representação de texto, gráficos, imagem, vídeo, áudio, fala, música sintetizada e animação, na área da representação de informação multimédia; Pág. 12 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Os suportes ópticos para o armazenamento de informação multimédia, na área dos sistemas multimédia; As técnicas de sincronização dos media na área dos serviços multimédia; A caracterização das aplicações multimédia, as fases do projecto multimédia, os paradigmas de autoria de aplicações multimédia, as técnicas de autoria de cada media e as técnicas de criação de interfaces interactivas, na área das aplicações e conteúdos multimédia. Aplicações multimédia Tem-se vindo a referir sistematicamente a noção de aplicação multimédia, mas é importante distinguir as "aplicações multimédia" das "áreas de aplicação das tecnologias multimédia". No âmbito deste livro, aplicação multimédia designa o programa, ou a aplicação informática, que controla a apresentação dos conteúdos de vários tipos de media ao utilizador final, isto é, o software que realiza a reprodução das combinações de media (apresentação multimédia). À semelhança do que sucede com a definição de multimédia, também não existe uma definição universal de aplicação multimédia, variando conforme o contexto tecnológico em que OS autores desenvolvem o seu trabalho. A definição que acabou de ser apresentada coloca a ênfase na apresentação da informação, sendo igualmente adoptada em (Chapman & Chapman, 2000) e (Vaughan, 1996). Já Fluckiger (1995) define aplicação multimédia com base nas funcionalidades fornecidas ao utilizador por um dado sistema multimédia. As áreas de utilização da tecnologia multimédia são as áreas de actividade humana nas quais um dado tipo de aplicação multimédia é utilizado. As áreas onde a utilização de aplicações multimédia se tem destacado incluem o entretenimento, a educação, a área empresarial e a área da informação ao público. Por exemplo, na área do entretenimento encontramos jogos interactivos, tais como os jogos de aventura e acção, e as aplicações de realidade virtual. Já na área da educação encontramos aplicações multimédia, tais como os livros electrónicos e as aplicações Pág. 13 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 de ensino interactivo. Na área empresarial encontram-se cada vez mais aplicações de formação profissional, bem como as apresentações multimédia. Obviamente, uni jogo interactivo difere de um livro electrónico quer em termos dos seus objectivos, quer das características que inclui. No capítulo 3 faz-se unia classificação das aplicações multimédia de acordo com as áreas de utilização a que se destinam e descreve-se um conjunto de características associadas a cada tipo de aplicação multimédia. É importante notar que a criação de verdadeiras aplicações multimédia requer uma aproximação sistemática á concepção da estrutura do espaço de informação que será fornecido ao utilizador. Por outras palavras, a aplicação multimédia deve incluir mais do que a mera composição de uni conjunto arbitrário de media – a aplicação deve antes constituir uni "espaço de informação funcional, concebido de modo a reduzir a sobrecarga cognitiva imposta ao utilizador (Gonzalez, 2000), isto é, a aplicação multimédia deve: Facilitar o acesso aos conteúdos Facilitar a compreensão da informação Minimizar a complexidade e a consequente desorientação do utilizador quando navega pelo espaço de informação. Para isso, é necessário desenvolver uma concepção atenta de cada uni dos componentes do espaço de informação, incluindo: a estrutura lógica da informação, os conteúdos e a disposição espacial e temporal dos mesmos. No contexto das aplicações multimédia é igualmente importante notar que não é a combinação dos media que distingue uma apresentação multimédia das formas tradicionais de combinação dos media, tais como os programas de televisão, as peças teatrais ou o cinema, mas sim o facto de todos os media em multimédia serem digitais, isto é, serem representados por zeros e uns. Isto permite que os media sejam processados por intermédio de programas informáticos, o que por sua vez, permite que os programas controlem a ordem pela qual os media são Pág. 14 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 apresentados, bem como a forma como se combinam. Isto conduz necessariamente à interactividade: o programa informático controla a apresentação e a combinação da média em resposta a comandos do utilizador. Isto significa que uma aplicação multimédia pode ser interactiva em contraste com, por exemplo, um noticiário televisivo ou unia peça teatral. Para terminar a apresentação da noção de aplicação multimédia, é útil estabelecer a distinção entre "multimédia" e "multimodal". Esta distinção pode ser estabelecida partindo do ponto de vista do utilizador. É sabido que os seres humanos percepcionam media diferentes de maneiras diferentes. Por exemplo, as pessoas lêem texto, observam as fotografias e ouvem o som. Os media constituem os meios pelos quais a informação é apresentada e não devem, por isso, ser confundidos com os sentidos humanos que estimulam. No exemplo acima, o texto e as fotografias estimulam o sentido da visão, ao passo que o som estimula o sentido da audição. Isto significa que as percepções para as imagens e texto diferem das percepções para o som. Costuma-se designar os vários tipos de percepção por modalidades. Ora os seres humanos são multisensoriais na medida em que empregam os sentidos da visão, audição, tacto, olfacto e paladar quando comunicam. Assim, um sistema multisensorial, também designado por multimodal, difere de um sistema multimédia, já que uni sistema multimodal estimula vários sentidos, quer em termos de apresentação, quer em ternos de interacção cone o utilizador, ao passo que uni sistema multimédia utiliza vários média combinados para apresentar informação. Por vezes um sistema multimédia pode ser também multimodal, na medida em que os media utilizados pelo sistema multimédia estimulem mais do que um sentido em simultâneo. Por exemplo, uma aplicação multimédia que utilize texto, imagem e áudio é multimédia e multimodal, já que estimula a visão e a audição em simultâneo. Contudo, uma aplicação multimédia que utilize texto, imagem, vídeo e animação não é multimodal, apesar de ser multimédia (combina media estáticos com dinâmicos), pois apenas estimula uma modalidade – a percepção relacionada com o sentido da visão. No entanto, tal aplicação tem a virtude de enriquecer o conjunto de media que estimulam o único sentido da visão. Pág. 15 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Figura 2 – Sistemas multimédia versus sistemas multimodais A figura anterior permite ilustrar claramente a distinção entre sistemas multimédia e sistemas multimodais. Os sistemas multimédia veiculam informação apenas no sentido do computador para o utilizador, isto é, apenas apresentam informação ao utilizador. Por outro lado, os sistemas multimodais funcionam em ambos os sentidos, isto é, podem apresentar informação ao utilizador estimulando vários sentidos (por exemplo, através de uma aplicação multimédia que inclua imagem e áudio), podendo também capturar o input do utilizador que é fornecido utilizando várias modalidades (por exemplo, combinando a utilização de uni teclado com o reconhecimento de voz ou uni capacete de realidade virtual que detecte o movimento dos olhos, combinado coai uma luva que detecta o movimento das mãos do utilizador). Pág. 16 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Informação digital e interactividade A representação digital da informação é a primeira característica dos sistemas multimédia. Isto significa que, em multimédia, o conjunto de estímulos sensoriais associados ao texto, às imagens e objectos gráficos, ao vídeo ao áudio e à animação são reduzidos a padrões de dígitos binários que são manipulados pelos computadores. Esta transformação permite a utilização de programas para armazenar, modificar, combinar e apresentar todos os tipos de media. A representação digital permite ainda transmitir os dados por meio de redes informáticas ou armazená-los em suportes ópticos, tais como os discos CD-ROM e os discos DVD-ROM. A segunda e a terceira características dos sistemas multimédia vêm restringir e indicar claramente qual o âmbito de multimédia, isto é, quais os contextos de utilização da informação digital englobados em multimédia. Por um lado, a segunda característica obriga a que as combinações integrem pelo menos um média digital estático com um media dinâmico. Por outro lado, a terceira característica indica que os sistemas apenas são multimédia se forem controlados por computador. Ao considerar a terceira característica, deve-se notar que os computadores não são os únicos dispositivos com capacidade para manipular os dados digitais. Por exemplo, os leitores de CD que se encontram integrados em aparelhagens de altafidelidade reproduzem áudio digital que se encontra armazenado em discos CD-DA (Compact Disc Digital Audio), CD-R ou C D-RW. Contudo, a única forma de adicionar interactividade a unia apresentação multimédia passa pela utilização de uni computador. Por exemplo, a televisão digital, que na Europa assenta numa tecnologia designada por DVB (Digital Áudio Broadcasting), requer uma caixa que possui unia arquitectura interna muito semelhante à de uni computador pessoal (PC), designada por Set-Top Box (STB), que permite a reprodução e a interacção, através de uni controlo remoto e uni televisor, com os conteúdos multimédia digitais. Outro exemplo é constituído pelos leitores de DVD, que também permitem a existência de interacção. Para além disso, tanto a produção como a utilização de multimédia constituem operações que dependem da utilização do computador. De uma forma geral, os sistemas multimédia envolvem a utilização de um computador, ou de um conjunto de computadores, na produção da informação Pág. 17 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 multimédia, na sua apresentação e na interacção com o utilizador. Os computadores são ainda utilizados para suportar o armazenamento da informação multimédia e a sua transmissão através de sistemas de telecomunicações baseados em computador, também designados por sistemas telemáticos. A quarta característica dos sistemas multimédia baseados no computador assenta na noção de integração: o sistema multimédia é capaz de lidar com os vários meios necessários à produção armazenamento, transporte e apresentação de informação, mas tende tanto quanto possível, a executar estas funções de unia forma integrada, minimizando o número de dispositivos diferentes que são utilizados. Por exemplo, um sistema com uni grau elevado de integração deve ter sido dimensionado de tal modo que: cada dispositivo de hardware se encontre ligado a e seja controlado por, uni único computador: o sistema apenas utilize um único tipo de dispositivo de armazenamento digital; e todos os media sejam apresentados recorrendo a um único dispositivo como por exemplo um monitor com colunas integradas. Para se atingir a integração, isto é, para minimizar a quantidade de dispositivos de apresentação e armazenamento, a informação multimédia deve ser representada sob a forma digital. A representação da informação sob a forma digital tem, pois, um papel preponderante na realização dos sistemas multimédia e das aplicações multimédia. Por outro lado, a única forma de adicionar interactividade a uma apresentação multimédia passa pela utilização de um computador. Neste capítulo faz-se uni estudo mais aprofundado das características da representação de informação no domínio digital e caracteriza-se com mais pormenor a noção de interactividade. Representação digital da informação Todos os média que integram uma aplicação multimédia existem necessariamente na forma digital. Os computadores lidam com informação codificada sob a forma de unia sucessão de dígitos binários. ou bits, que assumem apenas um de dois valores: 0 ou 1. Qualquer valor numérico, letra_ carácter ou outro tipo de informação, pode ser codificado sob a forma de uni conjunto de bits, no que se designa genericamente por informação digital. A representação digital, ou binária, da informação é o aspecto que permite utilizar o computador conto um processador simbólico. Um dos aspectos essenciais para compreender o funcionamento de uni Pág. 18 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 sistema ou aplicação multimédia é, pois, perceber como é representada a informação. No âmbito da Informática existem dois momentos fundamentais no que diz respeito à representação da informação: o primeiro momento ocorre no século XVIII, quando Leibnitz introduz a numeração binária que utiliza 2 símbolos (0 e 1), isto é, o sistema de base 2. O segundo momento ocorre no século XIX, quando Boole, que estudou a simbologia do pensamento humano, introduziu a lógica binária com uma álgebra própria: a Álgebra de Boole. No contexto dos sistemas de numeração o zero (0) representa a ausência de unidade, a base representa o número de símbolos utilizados e a unidade é a diferença entre dois símbolos consecutivos. Urna quantidade é o resultado da representação da quantidade física de unidades correspondente por intermédio de um número, isto é de um símbolo ou de um conjunto de símbolos. Para se atribuir um valor a um símbolo, este valor depende do valor absoluto do símbolo e da posição do símbolo no número. Uni exemplo da equivalência entre os sistemas de numeração binário e decimal é dado a seguir, demonstrando igualmente as técnicas de conversão de binário para decimal e de decimal para binário, conforme a tabela Pág. 19 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Tabela 3 – Equivalência entre os sistemas de numeração binário e decimal Com base nestes exemplos de conversão, é possível concluir que a transformação de uma quantidade de uma base para outra, depende precisamente do valor do símbolo e da posição em que ocorre. Por exemplo, na passagem de binário para decimal, multiplica-se o símbolo binário (0 ou 1) pela posição a que corresponde na base dois, começando pela primeira posição – potência 2° e assim sucessivamente. A passagem de decimal para binário segue um processo de divisão pela base 2, sendo que o resto de cada divisão (um valor 0 ou 1) fornece o dígito binário. Para concluir a conversão decimal – binário, o número binário obtém-se iniciando a leitura pelo resto da última divisão efectuada. A tabela seguinte mostra a equivalência entre valores numéricos que representam as mesmas grandezas para os sistemas de numeração decimal e binário. Por exemplo, é possível observar que para representar o valor 8 decimal, já é necessário utilizar quatro símbolos no sistema binário. O número 8 decimal deve ler-se "oito”, pois é esse o sistema de numeração que se utiliza. O seu equivalente em binário deve ser lido como - um-zero-zero-zero- binário (e não mil). No universo dos computadores utilizam-se ainda outros sistemas de numeração, tais como o sistema octal e o sistema hexadecimal (Baptista-2002). DECIMAL BINÁRIO 0 0000 1 0001 2 0010 3 0011 4 0100 5 0101 6 0110 7 0111 8 1000 9 1001 10 1010 11 1011 12 1100 Tabela 4 – Equivalência entre os sistemas de numeração decimal e binário O sistema binário constitui pois, o modo de representação, ou codificação, da informação utilizado internamente pelo computador. Este sistema foi escolhido principalmente porque a sua simplicidade facilita a representação da informação Pág. 20 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 através da existência, ou não de una tensão eléctrica: o símbolo binário 0 corresponde a 0 Volt., isto é, à ausência de tensão eléctrica. O símbolo binário 1 corresponde, por exemplo, a 5 Volt em alguns processadores ou a 3 1, volts em outros, isto é, à existência de unia tensão eléctrica. NÚMERO DE BYTES CAPACIDADE DE MEMORIA 8 x 1 bit (1 b) 1 Byte 1024 x 1 Byte 1 KByte (2 Bytes ou 1.024 Bytes) (kilo Byte) 1024 x 1KB 1 MByte (2 Bytes ou 1.048.576 Bytes) (Mega Byte) 1024 x 1MB 1 GByte 10 20 (2 30 Bytes ou 1.073.741.824 Bytes) 1024 x 1GB h3 (2' (Giga Byte) 1 TByte Bytes ou 1.099.511.627.776 Bytes (Tera Byte) Tabela 5 - Capacidades de memória Todos os dados, e todos os programas, são representados, ou codificados em binário e armazenados na memória principal do computador sob essa forma. Por isso, a capacidade de memória de um computador mede-se em Bytes. Sempre que é necessário guardar dados e instruções de programas na memória de computador estes vão ocupar um espaço correspondente à quantidade de informação respectiva, que é medida em Bytes, utilizando-se os sufixos apresentados na tabela. O bit é a designação que se atribui a uni dígito binário (valor 0 ou 1). Por sua vez. o Byte é a designação que se atribui a um grupo de 8 bits (octeto). Assim, com um Byte é possível representar até 256 valores binários diferentes (de 00000000, = 0,0 a 11111111 (2) = 255(10). Unia palavra binária ou word corresponde à associação de 2 Bytes. Visto que todos os media são representados por sequências binárias, os bits que constituem, por exemplo, uma imagem devem ser interpretados de forma Pág. 21 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 distinta dos bits que constituem um clipe de áudio. Assim, a sequência binária 110 101 10 pode representara cor e o brilho de uni ponto de uma imagem, desde que exista um programa que a interprete desse modo. A mesma sequência binária pode corresponder a um som se for interpretada por um programa de manipulação de áudio digital. Para se obter uma representação digital da informação associada aos média, é necessário proceder à sua digitalização. A digitalização da informação define-se como sendo o processo pelo qual se transforma um sinal analógico num sinal digital. Sinais analógicos e sinais digitais O sinal analógico corresponde a um valor físico que varia continuamente no tempo e/ou no espaço. O fenómeno físico que estimula os sentidos humanos pode ser medido por instrumentos, designados por sensores, que transformam a variável física que é capturada muna outra variável física medida, geralmente uma tensão ou unia corrente eléctrica, igualmente dependente do tempo ou do espaço, que é designada por sinal. Se este sinal for contínuo, diz-se que é análogo à variável física medida, isto é, diz-se que é um sinal analógico. Assim, os sinais analógicos correspondem a medias físicas que variam com o tempo e/ou o espaço, sendo representados por funções dos seguintes tipos: • s = f(t) - o sinal "s" varia apenas em função do tempo, isto é, dos instantes "t". • s=f(x,y,z) - o sinal "s" varia apenas em função do espaço, isto é, das coordenadas "x, y e z". • s=f(x,y,z,t) -- o sinal "s"" varia em função do espaço "x, y e z" e do tempo "t”. Pág. 22 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Figura 3 – Exemplo de obtenção de um sinal analógico Tal como se ilustra na figura seguinte, o sinal analógico é produzido por um sensor, por exemplo uni microfone, que detecta o fenómeno físico, por exemplo a variação da pressão do ar, e que em seguida, o transforma numa medida. Normalmente, esta medida toma a forma de uma corrente eléctrica ou de uma tensão eléctrica, tal como se verifica no exemplo da figura acima. Os valores medidos expressam-se com uma precisão que depende do tipo de sensor e das suas características, e variam entre dois limites bem definidos. Em processamento de sinal, o valor do sinal designa-se por amplitude. Deve-se notar que a amplitude corresponde ao valor instantâneo do sinal, isto é, ao valor que o sinal toma em cada instante, e não apenas ao valor máximo que pode ser assumido pelo sinal analógico. A figura seguinte mostra a representação gráfica de uni sinal analógico: unia tensão eléctrica (medida em Poli) que varia no tempo. Em termos de representação gráfica, o tempo ou o espaço representam-se por meio de valores expressos no eixo horizontal (eixo Horizontal), ao passo que a amplitude de uni sinal se representa por meio de valores expressos no eixo vertical (eixo vertical). A forma da representação gráfica de uni sinal analógico costuma designar-se por forma de onda. Pág. 23 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Figura 4 – Exemplo de um sinal analógico Os sinais analógicos possuem duas propriedades essenciais: 1. São funções contínuas do tempo ou do espaço. 2. São definidos em qualquer instante de tempo ou posição do espaço. Afirmar que um sinal analógico é uma função contínua do tempo ou do espaço significa que o sinal produzido pelo instrumento de captura pode assumir qualquer valor dentro dos limites do instrumento de medida. Por isso, o valor do sinal analógico pode ser expresso por qualquer número real dentro da gama de valores disponível, também designada por range. Em termos matemáticos, o sinal analógico é uma função contínua de unia ou mais variáveis. Por outras palavras. não existe nenhuns mecanismo que possa evitar que o sinal adquira qualquer valor possível. Por isso, diz-se que os sinais analógicos são contínuos em amplitude. Por exemplo, é possível observar que o sinal analógico da Fig. 2.2 assume todo e qualquer valor da gama de valores entre -3 Volt e 2,5 Por outro lado, a amplitude de um sinal analógico define-se para qualquer valor possível da variável tempo ou espaço. Por exemplo, a amplitude do som, ou a intensidade da luz, não existem apenas em determinados instantes de tempo_ ou em determinadas posições do espaço. mas em todos e quaisquer instantes e posições espaciais. Por isso, em processamento de sinal diz-se que uni sinal analógico é contínuo no tempo e/ou no espaço. Por exemplo. é possível observar que o sinal analógico da FiÍg. 2.2 se encontra definido em todo e qualquer instante de tempo entre os instantes 0 e 10. Um sinal analógico é portanto um valor físico que varia continuamente com o tempo e/ou cone o espaço e define-se em qualquer instante de tempo e/ou cm qualquer posição do espaço. O sinal digital é urna sequência de valores codificados ern formato binário, dependentes do tempo ou do espaço, que resulta da transformação de um sinal analógico. Contudo, ao contrário dos sinais analógicos, os sinais digitais são discretos em amplitude e discretos no tempo e/ou no espaço, como se descreve a seguir. Pág. 24 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Processo de digitalização Como foi visto, os computadores lidam somente com sequências de dígitos binários ou bulis. A digitalização é o processo que permite obter tais sequências binárias, através da transformação do sinal analógico em um sinal digital. A digitalização, também designada por conversão A/D, pode ser efectuada de várias maneiras. A técnica mais comum designa-se por PCM (Pulse Code Modulation) e processa-se em duas fases: 1. Amostragem – corresponde à retenção de um conjunto finito (ou discreto) de valores assumidos pelo sinal analógico. A retenção de valores realiza-se em intervalos de tempo, e/ou de espaço, regulares. A amostragem também se designa por discretização no tempo e/ou no espaço e produz um sinal que se designa por sinal amostrado. 2. Quantificação – processo pelo qual o sinal amostrado é convertido num outro sinal: o sinal quantificado. Este novo sinal assume apenas um determinado número de valores, pelo que a quantificação também se designa por discretização de valores ou da amplitude. O sinal quantificado já pode ser codificado em binário. A codificação é processo que toma cada valor resultante da quantificação e lhe associa um grupo de bits, também designado por palavra de código ou simplesmente código, transformando o sinal quantificado no sinal digital final. AMOSTRAGEM A amostragem consiste na retenção de um conjunto de valores discretos a partir da gama contínua de valores assumidos pelo sinal analógico. A fig. 5 mostra um exemplo de como se pode proceder à amostragem do sinal analógico da Fig. 4. Tal como se ilustra na fig. 5, a periodicidade com que se amostra o sinal analógico, ou taxa da amostragem (Ta), deve ser constante. Por outras palavras, os valores analógicos devem ser capturados a intervalos de tempo e/ou de espaço regulares. Outra forma de exprimir a taxa de amostragem é indicando a frequência com que se amostra o sinal, isto é, o número de vezes por segundo que se retém Pág. 25 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 unia amostra do sinal. Esta frequência costuma designar-se por frequência de amostragem Figura 5 – Exemplo de um sinal amostrado Quando se amostra um sinal analógico, a questão principal está em determinar quantas amostras é necessário reter para assegurar que não se perde nenhuma da informação contida no sinal analógico original. De um modo geral, para preservar toda a informação contida no sinal analógico original, é necessário amostrar o sinal com uma frequência de amostragem que deve ser sempre superior ao dobro da maior frequência presente no sinal analógico original (pois são necessárias duas amostras por sinal sinusoidal, una para cada metade da onde sinusoidal). Este teorema, introduzido por Nyquist, é conhecido por teorema da amostragem. O valor limite correspondente ao dobro da maior frequência do sinal original é conhecido por frequência de Nyquist. Assim, de acordo com o teorema, qualquer sinal analógico pode ser reproduzido fielmente por um sinal digital, desde que a frequência com que o sinal analógico foi amostrado seja, no mínimo, maior do que o dobro da maior frequência que este contém. Para perceber o teorema da amostragem, é possível recorrer a um exemplo simples, que consiste na amostragem de uni sinal analógico que contém unia única frequência, tal como se mostra na fig. 6. Neste caso, é possível observar que, periodicamente, o sinal vai assumindo os mesmos valores de amplitude. O intervalo de tempo que decorre entre duas repetições sucessivas do mesmo valor da Pág. 26 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 amplitude designa-se por período e representa-se por T. Por exemplo, pode-se observar que a amplitude do sinal toma o valor 1 Volt em t = 0 segundos e, de novo, em t = 0,0628 segundos (assinalado por uma seta na representação gráfica do sinal da fig. 5. Neste caso, o período do sinal é T= 0,0628 s. Outra forma de expressar o período deste sinal é referir o número de vezes por segundo que um dado valor do sinal se repete, ou a frequência com que o sinal volta a assumir uni valor idêntico – o número de ciclos por segundo. Ora, neste exemplo, cada valor de amplitude do sinal repete-se em cada 0,0628 segundos, isto é, cada ciclo dura 0,0628 segundos, o que significa que em cada segundo o sinal volta a assumir o mesmo valor aproximadamente 16 vezes – em cada segundo o sinal efectua aproximadamente 16 ciclos. A relação entre o período e a frequência do sinal é dada por: f = 1 T Neste caso, facilmente se verifica que a frequência do sinal analógico é f=15,9 Hz. A unidade Hz lê-se hertz e representa ciclos por segundo. Figura 6 – Exemplo de um sinal analógico com uma única frequência Pág. 27 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Sabendo que a frequência do sinal da figura é de 15,9 Hz, atendendo ao teorema da amostragem, a frequência com que este sinal deve ser amostrado, de modo a preservar a sua informação, deve ser superior ao dobro da maior, e neste caso única, frequência do sinal analógico, isto é, fa> 2 x 15,9 ou seja fa > 31,8 Hz. Isto significa que durante a amostragem deste sinal é necessário reter pelo menos 32 amostras em cada segundo. A amostragem também se designa por discretização no tempo para sinais que, tais como o som, apenas variam no tempo; por discretização no espaço para sinais que, tais como as imagens, apenas variam no espaço; ou por discretização no espaço e no tempo para sinais que variam no tempo e no espaço, tais como o vídeo. Figura 7 – exemplo de um sinal quantificado A quantificação é o segundo passo da digitalização e consiste num processo de conversão de um sinal amostrado nuns outro sinal que apenas pode assumir uni número limitado de valores – o sinal quantificado. A quantificação também se designa por discretização da amplitude. A Fig. 7 mostra um exemplo de como se pode proceder à quantificação do sinal amostrado da Fig. 4. Na figura representam-se por círculos cinzentos os valores que foram amostrados do sinal analógico original e por círculos negros os valores que resultam da quantificação. O objectivo da quantificação é, essencialmente, o de restringir o número de valores que o sinal digital poderá tomar, de modo a reduzir o espaço de armazenamento em Bytes que o sinal digital ocupará. Pág. 28 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Considere-se então que cada amostra do sinal da figura Fig. 5 vai ser armazenada ou codificada sob a forma de 2 bits. Ora, com 2 bits apenas é possível representar 22, isto é, 4 valores distintos: 00, 01, 10 e 11. Isto significa que as amostras do sinal da Fig.5 apenas podem assumir um destes quatro valores. Para se proceder à quantificação das amostras, isto é, à associação de um destes 4 valores a cada amostra, pode-se proceder como se mostra na Fig.7. A alternativa mais comum para a quantificação é começar por definir-se sobre a gama de amplitude do sinal amostrado tantos intervalos quanto o número de valores que se irá dispor para quantificar as amostras. Neste caso, teremos 4 intervalos, representados por tracejados na Fig. 7. A largura de cada intervalo, também designada por Step Size, obtém-se do seguinte modo: Neste caso, o sinal varia entre -2,5 Volt e 2 Volt, resultando em uma amplitude máxima de 4,5. Assim, utilizando a expressão indicada, a largura de cada intervalo será dada por: Definindo o primeiro intervalo a partir de -2,5 Volt temos que o limite superior desse intervalo se situa em -2.5 T 1,125, isto é, -1,375, tal como se indica na Fig. 7. Tomando agora este valor como limite inferior do segundo intervalo, o limite superior do segundo intervalo obtém-se somando a largura 1,125 e assim sucessivamente para todos os intervalos. Em seguida, torna-se o valor médio de cada intervalo como nível de quantificação. Neste caso, tomaram-se os valores indicados na Fig.7 como N1, N2, N3 e N4. Finalmente, a quantificação do sinal amostrado corresponde a substituir os valores das amostras pelo nível de quantificação correspondente sempre que unta amostra se situa no intervalo correspondente. Por exemplo, a primeira amostra do sinal situa-se dentro do quarto intervalo, pelo que se substitui pelo valor do nível N4. Pág. 29 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Já a terceira amostra cai dentro do terceiro intervalo, pelo que se substitui pelo valor do nível N3, processo que se encontra indicado na Fig.7 através de uma seta. Neste exemplo, o sinal quantificado, que na figura corresponde ao conjunto de pontos assinalados como círculos negros, é bastante diferente do sinal amostrado, assinalado por meio de círculos cinzentos. Claro que se fosse aumentado o número de níveis de quantificação, a largura de cada intervalo de quantificação seria menor e o sinal quantificado resultante corresponderia mais fielmente ao sinal amostrado. Contudo, o aumento do número de níveis de quantificação implica o aumento do número de bits que se utiliza para representar cada amostra, aumentando portanto o espaço de armazenamento ocupado pelo sinal digital. Por exemplo, se aumentássemos o número de níveis de quantificação de 4 para 8, passaríamos a ter 3 bits para representar cada amostra, já que 23=8. CODIFICAÇÃO Na sequência da quantificação, a codificação consiste em associar um grupo de dígitos binários, designado por palavra de código ou simplesmente código, a cada um dos valores quantificados. Este processo gera unta sequência de códigos binários, designada por sinal digital, e que corresponde ao sinal analógico original. Uma forma de codificar um sinal é converter de decimal para binário o valor de cada nível de quantificação. Uma forma alternativa de codificação consiste em associar um código binário a cada um dos níveis de quantificação e, portanto, a cada valor do sinal quantificado, tal como se ilustra na figura seguinte. Neste caso, temos quatro níveis de quantificação, pelo que é possível, por exemplo, associar o código binário 00 ao nível N1, o código 01 ao nível N2, o código 10 ao nível N3 e o código 11 ao nível N4, tal como se mostra na figura 7. O sinal codificado resultante corresponde ao sinal digital e obtém-se juntando todos os códigos pela ordem de ocorrência das amostras quantificadas: 1111100011101111110101. Pág. 30 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Figura 8 – Exemplo de um sinal codificado A figura 8 mostra ainda, com um traço contínuo, que o sinal analógico que se pode reconstruir a partir do sinal digital, utilizando uma técnica de conversão D/A designada por, sample and hold, não corresponde fielmente ao sinal analógico original, assinalado a tracejado na figura. Isto permite concluir que, neste caso, a representação digital não corresponde com toda a precisão à representação analógica. Neste caso, diz-se que a digitalização conduziu à perda de informação. Esta perda será evidente precisamente na altura em que se converte o sinal digital, por exemplo o áudio, num sinal analógico, o som, para ser apresentado ao utilizador. O sistema de codificação binário PCM constituído por estes dois passos, a amostragens, seguida da quantificação e da operação de codificação, é o sistema de digitalização mais comum, porque pode ser utilizado para digitalizar qualquer tipo de sinal, não sendo contudo o sistema de digitalização reais eficiente. O resultado é unia sequência de valores codificados no formato binário (palavras de código) que são dependentes do tempo e/ou do espaço. Por outras palavras, a digitalização de uni sinal analógico envolve a sua amostragem (discretização no tempo e/ou no espaço), seguida da sua quantificação (discretização de valores ou da amplitude) e da subsequente codificação. Toda a informação multimédia é representada internamente no formato digital. No entanto, como os sentidos humanos apenas reagem a estímulos sensoriais, é necessário convertê-la num sinal analógico antes de a apresentar a um utilizador humano, um processo designado por conversão D/A. Pág. 31 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 A necessidade da digitalização, isto é, da conversão A/D, depende essencialmente dos tipos de media considerados: 9 O texto, os gráficos (desenhos vectoriais) e as imagens geradas no computador não necessitam de conversão A/D, pois são gerados directamente em formato digital (ou em binário). 9 O texto impresso, as fotografias, o som proveniente de instrumentos musicais e o vídeo proveniente de filmagens analógicas são exemplos de tipos de media que necessitam de uma conversão A/D antes de poderem ser integrados em aplicações ou utilizados em sistemas multimédia VANTAGENS DA REPRESENTAÇÃO DIGITAL A maior vantagem da representação digital da informação consiste na universalidade da representação. Dado que qualquer tipo de media é codificado de uma forma única (uma sequência de bits), todos os tipos de informação podem ser manipulados da mesma forma e pelo mesmo tipo de equipamento, isto é, pelo mesmo hardware. Para além disso, as transformações operadas sobre a informação digital são operações sem erros, ao passo que as transformações analógicas introduzem ruído e distorções. Ao nível do armazenamento de informação, a maior vantagem da representação digital da informação é o de permitir a utilização do mesmo dispositivo de armazenamento digital para todos os media. Do ponto de vista do armazenamento, a única característica que permite distinguir os media é o espaço de armazenamento exigido por cada tipo de media: de um modo geral, as imagens, o áudio digital e o vídeo digital exigem maiores volumes de armazenamento do que o texto, os gráficos e a animação, por motivos que se relacionam com a forma como são representados, tal como se verá mais adiante. Tal como foi visto, os dispositivos de armazenamento digital mais adequados para informação multimédia incluem os discos ópticos, tais como o CD-ROM e o DVD-ROM, os discos rígidos de grande capacidade e muito rápidos e os suportes de armazenamento que comunicam através de ligações USB, tais como as drives USB. Pág. 32 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Ao nível da transmissão de informação, a grande vantagem da representação digital é permitir a utilização de qualquer sistema de comunicações com capacidade de transportar informação digital (bus), já que este possui o potencial necessário para transmitir informação multimédia digital. Por exemplo, a Internet é constituída por um conjunto de redes que interligam computadores dispersos por várias localizações geográficas e pode ser utilizada para transmitir informação multimédia. Já a RDIS (Rede Digital de Integração de Serviços) é unia rede de comunicações que foi desenvolvida com o propósito específico de integrar o transporte de todos os tipos de media. A maior vantagem da representação digital da informação consiste na universalidade da representação. Dado que qualquer tipo de media é codificado de unia forma única (unta sequência de bits), todos os tipos de informação podem ser manipulados da mesma forma e pelo mesmo tipo de equipamento, isto é, pelo mesmo hardware. Para além disso, as transformações operadas sobre a informação digital são operações sem erros, ao passo que as transformações analógicas introduzem ruído e distorções. Ao nível do armazenamento de informação, a maior vantagem da representação digital da informação é o de permitir a utilização do mesmo dispositivo de armazenamento digital para todos os media. Do ponto de vista do armazenamento, a única característica que permite distinguir os media é o espaço de armazenamento exigido por cada tipo de media: de um modo geral, as imagens, o áudio digital e o vídeo digital exigem maiores volumes de armazenamento do que o texto, os gráficos e a animação, por motivos que se relacionam com a forma como são representados, tal como se verá mais adiante. Tal como foi visto, os dispositivos de armazenamento digital mais adequados para informação multimédia incluem os discos ópticos, tais como o CD-ROM e o DVD-ROM, os discos rígidos de grande capacidade e muito rápidos e os suportes de armazenamento que comunicam através de ligações USI3, tais como as drives USB. Ao nível da transmissão de informação, a grande vantagem da representação digital é permitir a utilização de qualquer sistema de comunicações com capacidade de transportar informação digital (bus), já que este possui o potencial necessário para transmitir informação multimédia digital. Por exemplo, a Internet é constituída por um conjunto de redes que interligam computadores dispersos por várias Pág. 33 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 localizações geográficas e pode ser utilizada para transmitir informação multimédia. Já a RDIS (Rede Digital de Integração de Serviços) é unia rede de comunicações que foi desenvolvida com o propósito específico de integrar o transporte de todos os tipos de media. 9 Os sinais digitais são menos sensíveis ao ruído de transmissão do que os sinais analógicos. 9 O processo de regeneração do sinal, isto é, o processo pelo qual o sinal, que foi atenuado devido a transmissões a longas distâncias, é fortalecido ou amplificado, torna-se muito mais simples. 9 Quer a detecção, quer a correcção de erros de transmissão, podem ser implementadas com maior facilidade. 9 A cifragem da informação, muito importante para assegurar a segurança das trocas de informação, torna-se igualmente muito mais simples. Ao nível do processamento de informação, dado que toda a informação reside nos computadores, esta pode ser manipulada, analisada, modificada, alterada e complementada por programas de computador. Este é o aspecto em que o potencial da representação digital é mais elevado. DESVANTAGENS DA REPRESENTAÇÃO DIGITAL A maior desvantagem da representação digital da informação reside na distorção introduzida durante a digitalização ou conversão A/D. O processo da amostragem, seguido da quantificação e codificação dos valores amostrados pode, como se viu, introduzir distorções e conduzir a perdas de informação. Como resultado, o sinal que se obtém após a conversão D/A. e que é apresentado ao utilizador final tem poucas probabilidades de ser completamente idêntico ao sinal original. As formas de se reduzir a distorção introduzida pela digitalização incluem: 9 Aumentar a taxa de amostragem, aumentando assim a fidelidade da discretização no tempo e/ou no espaço; 9 Aumentar o número de bits utilizados para codificar as amostras, aumentando a fidelidade da discretização de amplitude. Pág. 34 / 35 Multimédia AP.I. – 2005 / 06 Contudo, aumentando a taxa de amostragem e o número de bits por amostra obtém-se um maior número de bits por unidade de tempo e/ou de espaço, isto é, um maior débito binário – um valor que também se designa por débito binário ou bit rate. Em suma, aumenta-se o número de bits necessários para representar a informação. No entanto, existem limites tecnológicos ao aumento do bit rale. Por um lado, a capacidade de armazenamento é finita e escassa e_ por outro, os sistemas de transmissão de informação possuem larguras de banda limitadas. Unia forma de resolver este problema consiste em balancear a precisão da amostragem e da quantificação (que determina o bit rate) com as distorções que são perceptíveis aos utilizadores, isto é, aumentar gradualmente a taxa de amostragem e o número de bus por amostra apenas até a um ponto em que as distorções deixem de ser perceptíveis. Contudo, deve ter-se em mente que reduzir as distorções ao mínimo perceptível não significa eliminá-las por completo, o que implicaria uma taxa de amostragem e um número de bus por amostra excessivamente elevados. Pág. 35 / 35