CONCLUSÕES DA REUNIÃO EMPRESARIAL PORTUGAL - ESPANHA 22 de junho de 2015 UMA UNIÃO EUROPEIA MAIS FORTE A União Europeia deve contar com um quadro institucional estável e eficaz que lhe permita concentrar-se nos atuais desafios, tais como: alcançar uma economia altamente competitiva; aproveitar as oportunidades da globalização e ter uma voz forte no mundo. Para tal, são necessárias instituições fortes, estáveis, eficazes e em condições para defrontar os múltiplos e diversos desafios que, atualmente, convergem para a saída definitiva da crise. Nos próximos dias 25 e 26 de junho, o Presidente do Governo de Espanha e o Primeiro-Ministro de Portugal participarão no Conselho Europeu. A CEOE e a CIP esperam que a referida cimeira represente um passo em frente na implementação das reformas nacionais e na melhoria da governação económica. Será fundamental que o referido encontro resulte num compromisso firme de aprofundamento da União Económica e Monetária (UEM), baseado num roteiro claro. Há que evitar que a melhoria económica conduza a atrasos na implementação deste projeto de convergência. Será igualmente muito importante garantir que o necessário aprofundamento da UEM, a longo prazo, seja totalmente compatível com o progresso, a curto prazo, para uma maior integração do mercado único europeu. A NECESSIDADE DE CONTINUAR A APLICAR REFORMAS ESTRUTURAIS A CEOE e a CIP consideram que os objetivos das reformas não podem ser descurados. A aplicação de reformas é fundamental para acelerar a saída da crise, lançar um sinal de confiança aos investidores e fortalecer a capacidade das economias nacionais e europeia para crescer mais e criar mais emprego. Uma boa gestão da crise económica implica a aplicação determinada de reformas estruturais, através de um maior compromisso nacional. As Recomendações Específicas por País têm uma aplicação tímida e incompleta, o que agrava os efeitos da crise económica e financeira na atividade económica e no emprego. A CEOE e a CIP apelam aos seus respetivos Governos para que assumam um maior compromisso nacional e assegurem uma maior participação dos parceiros sociais na elaboração e no acompanhamento dos Programas Nacionais de Reformas (PNR). 1 Este processo de reformas estruturais permitiu às economias espanhola e portuguesa corrigir importantes desequilíbrios e lançar as bases para a recuperação. Após um forte ajustamento, Espanha e Portugal já registam taxas de crescimento positivas e mesmo superiores às da média da Zona Euro. Por isso, apelamos a prosseguir neste caminho, cujos resultados positivos já são visíveis, para que a recuperação se reflita plenamente na economia real. POLÍTICAS ORÇAMENTAIS RESPONSÁVEIS E QUE PROMOVAM O CRESCIMENTO Valorizamos positivamente o compromisso com o cumprimento dos objetivos para o défice público e o esforço de consolidação orçamental. Contudo, os défices públicos espanhol e português são ainda superiores à média da Zona do Euro e as previsões para 2015 apontam na mesma direção. A redução do défice público é uma prioridade face à necessidade de conter o crescimento da dívida pública. O elevado endividamento, além do respetivo encargo com juros (3,1% do PIB no caso de Espanha e 4,9% no caso de Portugal, contra 2,5% do PIB na Zona Euro), aumenta a vulnerabilidade das nossas economias a episódios de incerteza nos mercados financeiros. Sendo uma prioridade, a consolidação orçamental deverá ser conciliada com o estímulo ao crescimento económico necessário à resolução do problema do desemprego, nomeadamente através da redução da carga fiscal, de medidas de fomento do investimento privado e da existência de investimento público estratégico. Tal só será possível mediante a redução estrutural da despesa pública corrente, pelo que reiteramos a nossa opinião de que a consolidação orçamental pressupõe avançar na reforma do setor público. Há que reconhecer que se progrediu na melhoria da eficácia do funcionamento da Administração e também se têm levado a cabo medidas de racionalização da despesa, no entanto, este processo não está ainda concluído e deve prosseguir. Os nossos sistemas tributários têm de estar orientados para a melhoria da competitividade, favorecer o investimento e a criação de emprego, sem envolver subidas de impostos na busca de uma ampliação das bases tributáveis que aumente a arrecadação de receitas fiscais. Por isso, apelamos a ambos os Governos a comprometerem-se com uma redução mais significativa de impostos, especialmente os que recaem sobre a atividade empresarial e, por isso, reduzem a margem de manobra das empresas para realizar investimentos e criar emprego. É também essencial reduzir as contribuições sociais das empresas. 2 UMA POLÍTICA AMBIENTAL E ENERGÉTICA COMPATÍVEL COM A COMPETITIVIDADE Os empresários estão bem conscientes da crescente preocupação dos europeus pela proteção do meio ambiente. Neste sentido, são parte fundamental da solução e não do problema ambiental, e prova disso são os investimentos efetuados em tecnologias cada vez mais limpas. A solução para os problemas ambientais deve assegurar que quaisquer medidas necessárias para proteger o meio ambiente sejam compatíveis com a competitividade das empresas, já que, de outra forma, estas não exerceriam a sua atividade num plano de igualdade a nível internacional, com a garantia de mercados globais abertos e competitivos, e cujas regras sejam respeitadas por todas as partes. A política de alterações climáticas adquiriu um protagonismo muito importante a nível mundial e representa, atualmente, uma das mais importantes prioridades aos níveis europeu e internacional. Fora da UE, os países com maiores responsabilidades na luta contra as alterações climáticas, pelo volume que representam no total mundial, não estão nem nunca estiveram sujeitos a compromissos de redução de emissões equivalentes aos comunitários. É necessário alcançar um acordo internacional equilibrado e juridicamente vinculativo no final de 2015, em Paris, que envolva todas as economias - desenvolvidas e em desenvolvimento - e que o seu contributo seja função das respetivas responsabilidades e capacidades. Ou seja, esforços semelhantes que envolvam as indústrias globalizadas a fim de preservar um adequado nível de competitividade industrial. Além disso, é necessário envolver os cidadãos para que estes também assumam a sua parcela de responsabilidade para com o meio ambiente. Em matéria de energia, as nossas sociedades enfrentam um desafio de grande importância. A transição para uma economia de baixo carbono até 2050 preconizada pela União Europeia e o sistema energético que dela resulta, não devem ser um entrave à competitividade das nossas empresas, muito pelo contrário. O novo modelo energético deve ser caracterizado por proporcionar um fornecimento garantido a preços competitivos e que, ao mesmo tempo, respeite o meio ambiente. Neste modelo energético, todas as fontes, sem qualquer exclusão, devem desempenhar um papel adequado. No que respeita, especificamente, ao sistema energético ibérico, por ocasião da cimeira empresarial que teve lugar em junho de 2014 entre a CEOE e a CIP, procedeuse à elaboração de uma declaração conjunta sobre energia cujo conteúdo se mantém plenamente atual e que será revista e atualizada periodicamente. Entre as propostas da mesma há que destacar: Pugnar pela transparência na operação dos sistemas energéticos ibéricos, para que os operadores de ambos os sistemas possam usufruir de igualdade de oportunidades. 3 Prosseguir a integração de ambos os sistemas elétricos até se atingir o ótimo económico de um único sistema ibérico com dois operadores nacionais. Avançar, também, com a criação de um "hub" gasista ibérico que apresente sinais de preços transparentes e representativos. Persistir na necessidade de dispor de capacidade suficiente de interligação entre a Península Ibérica e o resto da Europa. FORTALECER O DIÁLOGO SOCIAL PARA APOIAR O CRESCIMENTO A salvaguarda dos pilares social e ambiental da Estratégia para o Crescimento e o Emprego exige uma sólida sustentabilidade económica. Assim, as Instituições Europeias devem orientar a sua atuação no sentido de reforçar esta sustentabilidade, criando um enquadramento mais favorável ao aumento da competitividade das empresas. Para o efeito, os governos de Espanha e Portugal, bem como a U.E., devem estar atentos às preocupações das empresas e das organizações que as representam respeitando a autonomia do Diálogo Social Europeu; observar a diversidade da Europa no que se refere à aplicação de certos aspetos da política social; e reformar os sistemas de proteção social para que sejam viáveis e sustentáveis. Para além disso, deve ser assegurado aos parceiros sociais o papel que lhes compete, fundado no seu estatuto legal, representatividade e legitimidade, distinguindo claramente a sua esfera de atuação da de outras organizações da sociedade civil. UM IMPULSO FIRME AO INVESTIMENTO E À INTERNACIONALIZAÇÃO O investimento é uma das vias principais para impulsionar o crescimento da economia, em Espanha e Portugal, mas não só. Para tal é necessário criar um enquadramento favorável que atraia ao nosso continente os investidores estrangeiros e que encoraje os investidores europeus a financiar bons projetos empresariais. Neste sentido, o Plano de Investimento para a Europa, que pretende mobilizar até 315 mil milhões de euros, é considerado positivo. As múltiplas iniciativas desenvolvidas no âmbito deste Plano terão um impacto direto e imediato na competitividade das nossas empresas, sendo por isso necessário reforçar o diálogo com os setores empresariais. Para além disso, é necessário um impulso firme à colaboração entre os setores público e privado para levar a cabo projetos, contando com a participação tanto do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos como dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. A parceria público-privada em matéria de construção de infraestruturas é reconhecida internacionalmente como um instrumento eficaz para afetar recursos financeiros do mercado ao desenvolvimento dos países, com a aplicação de mecanismos competitivos de instrução e de gestão ao longo de toda a vida do projeto. 4 A promoção da internacionalização e da atividade exportadora constituem os principais instrumentos para consolidar a recuperação económica e fixar as nossas empresas, em particular as PME, nos mercados externos. A CEOE e a CIP apelam a ambos os Governos para desenvolverem estratégias conjuntas no contexto da Política Comercial da União Europeia que permitam unir esforços em regiões de interesse mútuo, tais como a América Latina ou a Africa Subsariana. Tal como acordado na Cimeira Empresarial Portugal-Espanha de 4 de junho de 2014, foi criado o Observatório do Mercado Ibérico, no âmbito do qual a CEOE e a CIP têm vindo a desenvolver inquéritos às empresas baseados na metodologia do projeto da CEOE. Deste trabalho conclui-se que as principais dificuldades referidas pelas empresas consultadas são: normas técnicas, operações comerciais, concorrência desleal, acondicionamento e embalagens e espaço jurídico europeu. Nos próximos meses, as Confederações irão prosseguir com os trabalhos no sentido de detalhar estas dificuldades e encontrar propostas de solução para as mesmas. Os resultados serão transmitidos aos nossos respetivos Governos. 5