RELATÓRIO SEMESTRAL 1º SEMESTRE / 2015 CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 EUROPA maior contribuição ao resultado veio do consumo das famílias, seguido dos investimentos empresariais e dos gastos dos governos. A Alemanha, maior economia da zona do euro cresceu 0,3% na comparação trimestral e 1,1% na comparação anual, a França 0,6% e 0,8%, a Itália 0,3% e 0,1% e a Espanha, com desempenho mais robusto 1% e 2,7% respectivamente. Embora ainda não estejam disponíveis os da- Para a zona do euro, o semestre teve início com o anúncio da adoção do agressivo programa de estímulos quantitativos implementado pelo Banco Central Europeu – BCE, visando a recuperação da atividade econômica na região e o combate à queda continuada dos preços nas economias, fenômeno conhecido como deflação. A partir de março, cerca de € 60 bilhões por mês passaram a ser injetados no mercado financeiro, na compra de títulos da dívida de governos da própria zona do euro que possuem grau de investimento, em Fonte: www.tradingeconomics.com poder de instituidos relativos ao segundo trições financeiras e de investimestre do ano, sabe-se que dores. Esse programa deem junho, o setor privado da verá se estender até setemregião expandiu-se no ritmo bro de 2016, quando cerca mais rápido dos últimos de € 1,1 trilhões terão sido quatro anos, sugerindo uma emitidos para esse fim. Fesolida recuperação. Pesquilizmente, os efeitos da forte sas da Alemanha e da França expansão monetária, aliada também mostraram que ao baixo preço da energia, já tanto as indústrias quanto o puderam ser percebidos. De setor de serviços desses paíjaneiro a março, o Produto ses cresceram mais rapidaInterno Bruto – PIB da região mente que o esperado. Já o evoluiu 0,4% sobre o trimesReino Unido, membro da tre anterior e 1% sobre o União Europeia – UE, teve mesmo período de 2014. A crescimento do PIB de 0,4% 1 sobre o trimestre anterior e de 2,9% em base anual, enquanto o da Rússia encolheu 1,29% e 2,2% respectivamente. Já a taxa de desemprego na zona do euro, de acordo com a Eurostat, agência oficial de estatísticas da região, recuou de 11,3% no final de fevereiro, para 11,1% no final de maio, o que significa 17,6 milhões de desempregados no bloco econômico. Entre as maiores economias, a menor taxa de desemprego foi a da Alemanha, 4,7% e a maior a da Espanha, 23,8%, onde 49,3% dos jovens até 25 anos não encontraram trabalho. No Reino Unido, membro da UE, a taxa de desemprego era de 5,5% no final de abril. Por seu turno, a inflação na região do euro, que com os estímulos fiscais se acelerou, teve em junho um leve recuo, na medida em que os custos de energia foram mais brandos e os preços dos alimentos subiram com CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 menos força. Em base anual, o índice de preços ao consumidor subiu 0,2%. Dessa forma, em sua reunião de junho, o BCE manteve a taxa básica de juros, que referencia os empréstimos em 0,05% a.a. e a taxa para os bancos depositarem no banco central em - 0,2% a.a. Ao mesmo tempo, o Banco da Inglaterra também manteve a sua taxa de juros na Fonte: www.tradingeconomics.com mínima histórica de 0,5% a.a. Por outro lado, sem representar uma surpresa, a situação da Grécia se agravou dramaticamente e como membro da zona do euro ela se tornou a primeira economia avançada a ser declarada oficialmente em moratória, ao não realizar o pagamento da parcela de € 1,6 bilhão de sua dívida com o Fundo Monetário Internacional – FMI. Efetivamente, a Grécia deve cerca de € 323 bilhões para países da União Europeia, principalmente a Alemanha, para o FMI, além de bancos da Europa. Desde 2010, o governo grego vinha dependendo do socorro financeiro do BCE e do FMI. Juntos, já repassaram ao país € 240 bilhões e uma última parcela de € 7,2 bilhões ficou bloqueada desde agosto de 2014, na medida em que as reformas exigidas pelos credores não estavam sendo implementadas. Para a maioria dos analistas, a origem dos problemas da Grécia antecede a introdução do euro, quando os gregos já estavam gastando muito além das suas possibilidades. Os salários do setor público aumentaram muito mais que o de outros países da região e a dívida interna cresceu significativamente, sobretudo com a realização das Olimpíadas de 2004 em Atenas. Com a chegada da crise financeira de 2008, a situação se agravou drasticamente e a Grécia teve que obter volumosos empréstimos, cujas condições de liberação, como o corte de 2 gastos previdenciários, o aumento de impostos e a obtenção de superávits primários crescentes acabaram por agravar mais ainda a delicada situação da economia. Segundo a Eurostat, a Grécia devia, no final do ano passado, o equivalente a 174% do seu PIB e tinha uma taxa de desemprego superior a 25% da população economicamente ativa. Com um discurso contra a austeridade imposta ao povo grego, em janeiro de 2015, Tsipras, amparado pelo partido Syriza e uma coalização de esquerda assumiu o governo com a promessa de renegociar os termos impostos pelos credores. No entanto, os recursos financeiros do país foram se exaurindo e recentemente, para que a Grécia pudesse ter acesso a novos recursos, os credores endureceram as exigências quanto às reformas a serem implementadas. Tsipras não cedeu e fez ameaças quanto à permanência do país na zona do euro. Criado o impasse e diante do estrangulamento financeiro, o governo decidiu fechar os bancos e impor medidas de controle de capital, restringindo os saques nos caixas eletrônicos a € 60 diários. Decidiu também convocar um referendo para o dia 5 de julho, para que o CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 povo diga se aceita as exigências do FMI e dos demais credores, como o aumento de impostos e cortes na aposentadoria, para que nova ajuda financeira possa ser recebida. Fora da zona do euro, a economia russa também continua passando por momentos difíceis, prejudicada pelos baixos preços do petróleo e pelas sanções que lhe foram impostas pelos Estados Unidos e União Europeia, como consequência da crise da Ucrânia. O PIB da Rússia encolheu 3,2% nos primeiros cinco meses do ano e a taxa de inflação atingiu 15,3% em junho, em base anual. veis, o Departamento de Comércio do país já deu indicações que o crescimento está acelerando, com o maior dinamismo do consumo e do setor imobiliário. Responsável por dois terços da atividade econômica, os gastos com o consumo subiram 0,9% em maio, a maior alta desde agosto de 2009. O maior destaque coube ao segmento de bens duráveis, leiam-se automóveis, cujas vendas saltaram ao maior nível em nove anos, suge- Embora a expansão do emprego tenha desacelerado em junho, a economia americana gerou pelo menos duzentos mil postos de trabalho não rurais em treze dos últimos quinze meses, com avanços generalizados em todas as regiões do país e em quase todos os setores, exceto no de energia, afetado pela queda nos preços do petróleo. O índice de desemprego caiu para 5,3% em junho, o nível mais baixo em sete anos, conforme o De- EUA A economia americana teve uma ligeira contração de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, em relação ao trimestre anterior. O inverno rigoroso, o dólar valorizado, os cortes de gastos com energia e as paralisações nos portos da costa oeste do país foram os fatores que mais impactaram o resultado. Se comparado ao mesmo período do ano anterior, o PIB cresceu 2,9%. Embora as estatísticas referentes ao segundo trimestre ainda não estejam disponí- Fonte: www.tradingeconomics.com rindo a preferência dos consumidores quanto ao que foi poupado com o menor preço dos combustíveis. Já a construção de imóveis novos se recuperou fortemente em junho, apresentando um aumento de 9,8% sobre o ano anterior. As vendas de imóveis novos superaram as previsões dos analistas e atingiram o nível mais alto desde fevereiro de 2008 e as de imóveis usados tiveram o melhor desempenho desde 2009. 3 partamento de Trabalho. Já os salários seguiram com um crescimento modesto, apresentando um aumento de apenas 2% com relação ao ano anterior. A inflação, medida pelo índice de preços ao consumidor avançou 0,3% em junho, depois de ter subido 0,4% em maio. Desconsiderada a variação dos preços dos alimentos e da energia o indicador avançou 0,2% sobre o mês anterior e 1,8% em doze meses. Com a inflação CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 ainda abaixo da meta de 2%, o banco central americano, FED, decidiu, em sua última reunião no dia 17 de junho manter a taxa básica de juros entre 0% e 0,25% a.a., taxa que vigora desde dezembro de 2008. ÁSIA Depois de ter crescido 7% em base anual, no primeiro trimestre do ano, o PIB da China apresentou evolução idêntica no segundo trimestre, conforme o Escritório Nacional de Estatísticas. Na realidade, foi o ritmo mais baixo de crescimento desde o primeiro trimestre de 2009, mas igualou a meta estipulada pelo governo para o ano. Diante da fraqueza de importantes parceiros comercias da China, como a União Europeia e o Brasil, por exemplo, o governo teve que tomar uma série de medidas de política monetária, sobretudo, para garantir o resultado e estimular o mercado interno. Desde o final de 2014, o governo chinês promoveu em quatro oportunidades a redução de suas taxas de juros, sendo que na última delas, no final de junho, objetivou, além do estímulo à atividade atenuar as fortes quedas das bolsas locais. A taxa de juros dos empréstimos foi então reduzida de 5,1% a.a. para 4,85% a.a. Já o índice de preços ao consumidor apresentou em junho uma alta de 1,4% em base anual, impulsionado principalmente pela elevação dos preços dos alimentos. No entanto, permaneceram os temores de que o país entre em uma fase deflacionária. Os indicadores de inflação dos seis primeiros meses do ano se mantiveram ainda muito distantes dos objetivos do governo chinês, que fixou para o ano uma meta de inflação de 3%. Ainda de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas a taxa de desemprego do país era de 4,1% em maio. Por seu turno, a economia do Japão se expandiu acima do esperado, entre janeiro e março, apresentando um crescimento de 1% sobre o trimestre anterior e de 3,9% sobre o mesmo período de 2014. Aumentaram os investimentos das empresas, sobretudo das não industriais, na expectativa de que o consumo privado vá efetivamente se recuperar. O índice de inflação se manteve baixo, 0,5% em base anual e a taxa de desemprego estabilizou-se em 3,3% no final de maio. Maior vigor foi apresentado pela economia da Índia que cresceu 4,1% 4 no primeiro trimestre, em relação ao anterior e 7,5% em relação a 2014. A inflação de junho, anualizada, foi de 5,4% e a taxa de desemprego, conforme o último dado divulgado era de 4,9%. RENDA FIXA Para o mercado internacional de títulos governamentais (gov. bonds), o mês de junho trouxe importantes observações. As significativas altas verificadas no rendimento desses títulos ao redor do mundo, para os maiores níveis do ano, não refletiram apenas os sinais de melhoria das condições econômicas das nações mais desenvolvidas. O aspecto liquidez também passou a ter sua influência. Por razões regulatórias que restringem o montante de ativos que podem dispor em suas carteiras, os grandes bancos americanos e os grandes negociadores institucionais (dealers), passaram a carregar menor quantidade de títulos (bonds) em benefício dos fundos de investimento, que praticamente dobraram as suas posições. Como o objetivo dos fundos é o de manter esses títulos em suas carteiras, diminuíram as transações. Em reuniões recentes, membros do FED discutiram mudanças na estrutura do CENÁRIO INTERNACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 Fonte: www.tradingeconomics.com mercado de títulos, ao mesmo tempo em que avaliaram os riscos dessas mudanças para a estabilidade financeira dos mercados. Assim, o rendimento dos títulos de 10 anos emitidos pelo governo britânico (UK Gilt) passou de 1,60% a.a. no final do primeiro trimestre, para 2,05% a.a. no final do semestre e o dos títulos do governo alemão (Bund) de 0,30% a.a. para 0,83% a.a. Por sua vez, os títulos de 10 anos do governo americano (Treasury Bonds) passaram a render, no mesmo período de 1,90% a.a. para 2,40% a.a. e os de 30 anos de 2,50% a.a. para 3,04% a.a. Já os títulos corporativos, emitidos pelas empresas americanas com grau de investimento (investment grade) que tinham rendimento médio de 3,3% a.a. no final do primeiro trimestre passaram a render 3,4% a.a. e o das empresas com maior grau de risco (high yield) subiu de 6,3% a.a. para 7,07% a.a. RENDA VARIÁVEL Para as bolsas europeias em geral, o primeiro semestre foi favorável, dados os estímulos quantitativos adotados pelo BCE, apesar de terem perdido força ao longo do segundo trimestre. O índice Dax 30 (Alemanha) subiu 11,62% no se- em 12 meses. Já o RTS Index (Rússia) subiu 18,87% no ano, mas apresentou queda de -31,20% em 12 meses refletindo a situação instável do país. Nos EUA, novos recordes foram atingidos, porém as rentabilidades acumuladas pelas bolsas no ano, não foram sedutoras. O índice S&P 500 acumulou alta de 0,20% no primeiro semestre e alta de 5,25% em 12 meses, enquanto o Dow Jones acumulou baixa de 1,14% no semestre e alta de 4,71% em 12 meses. Na Ásia, o índice BSE Sensex 30 (Índia) subiu 1,02% no ano e 9,31% em relação ao ano anterior, o índice Nikkei 225 (Japão) 15,96% e 34,01% respectivamente e o índice Shanghai SE Composite S&P 500 2500,00 2000,00 1500,00 1000,00 500,00 0,00 Fonte: finance.yahoo.com mestre e acumulou uma alta de 11,31% em 12 meses, o CAC 40 (França) 12,11% e 8,31%, respectivamente e o FTSE 100 (Grã-Bretanha) caiu -0,69% no ano e -3,50% 5 (China) subiu 32,23% no ano e exuberantes 94,28% em 12 meses, desempenho que será comentado mais adiante, nas perspectivas para o país. CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 De acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional – FMI, refeitas já no mês de julho, o mundo deverá crescer 3,3% em 2105 e não mais 3,5% e 3,8% em 2016. O PIB dos países em desenvolvimento e das economias emergentes crescerá 4,2% em 2015 e 4,7% em 2016 e o dos países desenvolvidos 2,1% e 2,4% respectivamente. Para diversos analistas internacionais já se percebe maior robustez nas expectativas de inflação de longo prazo, apesar dos declínios nos preços do petróleo, o que retrata, por conta do crescimento da demanda, uma melhor perspectiva para o crescimento global. No entanto, algumas incertezas ganharam maior importância. Como reagirão os mercados quando os EUA elevarem as suas taxas de juros? E a Grécia sairá da zona do euro? Quão intensa será a desaceleração da economia da China? E o Brasil, conseguirá promover o ajuste fiscal? Perderá o seu grau de investimento? A atividade econômica se enfraquecerá ainda mais? No segundo semestre, algumas respostas virão. EUROPA O FMI, assim como o Banco Central Europeu – BCE, projeta o crescimento do PIB da zona do euro em 1,5% em 2015 e 1,7% em 2016. O programa de compras de ativos de € 60 bilhões mensais, adotado pelo BCE, prosseguirá até setembro de 2016 ou até que a inflação acelere em direção da meta de 2% em base anual, conforme declaração recente de seu presidente. Na ocasião foi elevada a expectativa da inflação em 2015 para 0,3%, refletindo alguma recuperação no preço da energia, uma retomada no crescimento e o impacto dos estímulos adotados. Para a Alemanha, a maior economia da zona do euro, o FMI estima um crescimento de 1,6% em 2015 e 1,7% em 2016. Para a França 1,2% e 1,5%, para a Itália 0,7% e 1,2% e para a Espanha 3,1% e 2,5% respectivamente. Para o Reino Unido estima que o PIB vá evoluir 2,4% em 2015 e 2,2% no ano que vem. Já para a Rússia, a estimativa é de uma forte contração em 2015, -3,4% e uma modesta alta de 0,2% em 2016. Cabe lembrar que a economia da Rússia entrou em processo de forte decrescimento por conta da queda acentuada dos preços 6 da energia, o seu principal produto de exportação e das sanções que lhe foram impostas pela comunidade internacional, por conta da sua política expansionista, que culminou com a crise ucraniana. Quanto aos produtos energéticos, principalmente o petróleo, os preços permanecem no baixo patamar de US$ 50 o barril e com o relaxamento das sanções impostas ao Irã, com a questão nuclear, a Rússia terá nesse país um forte concorrente no mercado europeu. O principal petróleo russo, conhecido como Urals, tem especificações semelhantes às do petróleo bruto iraniano que as refinarias da Europa importavam antes das sanções. Além disso, parece que prossegue a saga expansionista russa. Já em meados de julho, a Geórgia, antiga república soviética, acusou Moscou de haver deslocado marcas fronteiriças com a Ossétia do Sul, república separatista georgiana com posicionamento pró Rússia, assim como a Criméia, região separatista da Ucrânia. Não será surpresa se no futuro próximo a Rússia estiver no epicentro de uma nova crise política internacional. Capítulo à parte merece a crise da Grécia. Segundo o presidente do BCE, Mario CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 Draghi, ela expôs a fragilidade da zona do euro e a necessidade de uma integração mais forte dentro do bloco. Ele também declarou que a união é imperfeita e sendo imperfeita é frágil, vulnerável e não entrega todos os benefícios que pode- a moeda para melhor competir no mercado internacional. Em recente e dramática declaração o presidente da França, François Hollande afirmou que os 19 países que adotaram o euro necessitarão de um governo único, com parlamento e Fonte: www.tradingeconomics.com orçamento únicos, de forma a superar problemas como os trazidos pela crise grega. Assim, é de difícil prognóstico o desenrolar dessa crise, no que diz respeito à própria Grécia. No início de julho, através de referendo, o povo decidiu não aceitar um acordo com os credores internacionais nos termos propostos. Entretanto, o país mudou o tom e em seguida quis voltar a negociar empréstimos de emergência, sem os quais o governo estaria insolvente, acenando com a adoção de reformas nas pensões e no sistema tributário. Após uma extensa negociação os líderes da zona do euro chegaram a um acordo para iniciar ria se fosse completa. Além das economias mais conhecidas da zona do euro, a Finlândia, por exemplo, país que tem finanças sólidas enfrenta o oitavo ano de recessão, que já cortou o PIB per capita real em 10% e que não dá sinais de terminar. É uma situação que tem a ver com a baixa demanda por produtos florestais, ainda uma importante exportação nacional e com os tropeços da manufatura finlandesa, sendo o caso da Nokia, que não aguentou a concorrência com a Apple e a Samsung, o mais relevante. Ao aderir à zona do euro, a Finlândia não pode desvalorizar 7 as negociações de um terceiro pacote de empréstimos de até € 86 bilhões com duração de três anos e que permita à Grécia permanecer na zona do euro. Até a liberação dos novos recursos, o Eurogrupo, que reúne ministros da Economia e Finanças da região, autorizou o desembolso de € 7 bilhões para que a Grécia honre suas obrigações financeiras urgentes. Posteriormente o parlamento da Alemanha, a maior credora, aprovou as negociações realizadas e o parlamento grego a adoção da primeira parte das reformas exigidas. Surpreendendo a todos, o FMI declarou ser inviável o plano da comunidade europeia para a Grécia, sem que seja considerado o perdão de parte da sua dívida. Sem uma anistia será muito difícil evitar o colapso econômico. Por enquanto, o ressurgimento da crise grega causou transtornos bastante limitados nos mercados financeiros internacionais e esperase que assim continue. CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 EUA Para o FMI a economia americana deverá crescer 2,5% em 2015 e 3% em 2016. Por sua vez, em recente declaração no Congresso, a presidente do banco central (FED), Janet Yellen, disse que são boas as perspectivas para a melhora continuada do mercado de trabalho e que está otimista que a inflação ao consumidor subirá até a meta de 2%, estabelecida pelo FED. Disse também que a autoridade monetária continua na trajetória para elevar a taxa de juros ainda neste ano, se a Fonte: www.tradingeconomics.com economia evoluir como o previsto e se as fragilidades externas não se acentuarem. Em outro pronunciamento reiterou esperar que fosse apropriado em algum momento deste ano dar o primeiro passo para elevar as taxas de juros e começar assim a normalizar a política monetária. Para ela muitos dos fatores subjacentes da atividade econômica são sólidos e devem levar a uma subida do ritmo de crescimento nos próximos anos. O fato é que diversos economistas já vislumbram pressões inflacionárias decorrentes das melhorias nos padrões de consumo do cidadão americano e que poderão se acentuar com a elevação esperada dos níveis salariais. Mesmo com a capacidade que os mercados financeiros possuem, no sentido de antecipar os acontecimentos, fica a dúvida quanto a sua efetiva reação quando a ele- vação das taxas de juros nos EUA for um fato. Espera-se que paralelamente à continuidade da valorização do dólar internacionalmente, acentue-se o fluxo de recursos para investimento nesse país, em prejuízo, sobretudo, dos países emergentes e daqueles com desequilíbrios fiscais. Cabe lembrar 8 que sempre que os EUA promoveram alterações na sua política monetária, os países com menor solidez econômica foram os mais prejudicados. ÁSIA O FMI projeta, para a China, um crescimento de 6,8% em 2015 e 6,3% em 2016. Para o governo chinês a meta é crescer 7%. Para isso adotou uma série de medidas econômicas, incluindo o relaxamento na política monetária. O fato é que depois de ter crescido com taxas acima de dois dígitos durante anos, ficou cada vez mais difícil essa sustentação. Como a segunda maior economia do mundo, a China passou a vivenciar problemas advindos do crescimento acelerado que vão desde desajustes estruturais no seu sistema de crédito, passam pela supervalorização dos imóveis e se estendem até as questões ambientais ainda mal resolvidas. Para corrigi-los o governo teve que promover certa desaceleração da economia e depois reativa-la para evitar CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 uma queda acentuada. Para o Escritório Nacional de Estatísticas o pior já passou. A produção industrial voltou a crescer, bem como a venda de produtos de consumo. Embora a melhora dos indicadores seja inicial, ainda é cedo para se baixar a foi consequência da multiplicação dos investimentos governamentais em reação à crise de 2008, que acabou provocando uma elevação excessiva dos preços dos imóveis. Como no início de 2014 os preços começaram a cair, os investidores passa- Fonte: www.tradingeconomics.com ram a transferir seus recursos do mercado imobiliário para o acionário, elevando continuadamente os preços dos papéis. A alta passou a atrair ainda mais investidores, muitos deles recorrendo a empréstimos bancários para comprar ações, aumentando o volume de negócios e impulsionando ainda mais os preços. Quando o governo tentou limitar o valor dos empréstimos a no máximo quatro vezes o capital do investidor, os índices das bolsas já tinham chegado ao pico. Na primeira semana de julho, alguns bancos passaram a limitar o crédito para que investidores endividados ou guarda. Esforços árduos são necessários para consolidar a estabilização econômica e assegurar que a meta de crescimento seja alcançada. Para o mercado financeiro internacional, o início de julho trouxe sérias preocupações. Depois de ter quase dobrado de valor em um ano, os índices das Bolsas de Xangai e de Shenzhen, as maiores do país, caíram 32% e 40%, respectivamente, em menos de um mês. Embora a valorização em 12 meses seja ainda significativa, o movimento de venda desenfreada sugeriu o estouro de uma bolha. Cabe lembrar que a valorização acentuada 9 empresas que deram os seus papéis como garantia de empréstimos, cumprissem exigências de garantia feitas pelas bolsas. Tiveram então que vender ações provocando certo pânico que levou outros acionistas a venderem os seus papéis, derrubando ainda mais os preços. Em resposta o governo acelerou o programa de compra de ações, ampliando de US$ 19 bilhões para US$ 42 bilhões o capital de um fundo de emergência, suspendeu as ofertas iniciais de ações (mercado primário), suspendeu a negociação de metade das ações listadas (mercado secundário) e criou linhas adicionais para que os investidores cumpram as exigências de garantia pedidas pelas bolsas. Para a população em geral, o efeito é limitado na mediada em que pequena parcela da poupança chinesa está no mercado acionário e a valorização acumulada ainda é expressiva. Na China as ações equivalem a apenas cerca de 20% da riqueza das famílias e o consumo, que poderia ser afetado, desempenha uma função menor no PIB do que em outros países. Mas há temores de um risco maior para o sistema finan- CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 ceiro, o que deve gerar novas medidas de sustentação do mercado. Para Stephen Roach, professor da Universidade de Yale e um dos maiores especialistas em economia chinesa, o susto com a bolsa chinesa e a crise na Grécia irão aumentar ainda mais a aversão a risco dos investidores internacionais, complicando ainda mais a situação de países emergentes como o Brasil. Para ele a recuperação recente nos preços das ações chinesas são fruto de interferência do governo, o que não significa que a situação esteja sob controle. “Quando bolhas da magnitude da chinesa estouram, elas assumem vida própria e é difícil detê-las”. Ele acredita que o impacto na economia real deve ser negativo, porém limitado. A continuidade das reformas, especialmente na área financeira, não será interrompida já que precisam substituir a alocação de capital determinada pelo governo por alocação de capital determinada pelo mercado. De qualquer forma, o Partido Comunista da China irá se reunir em outubro para discutir o desenvolvimento econômico e o próximo plano de cinco anos. Já para o Japão, o FMI estima o crescimento do PIB em 0,8% em 2015 e em 1,2% em 2016. Para o banco central japonês o crescimento será de 1,7% neste ano. Para a Índia, o FMI estima o crescimento de 7,5% em 2015 e 2016. RENDA FIXA Em condições normais de mercado, o que determina o rendimento presente e futuro de um título de renda fixa (Bond) é a expectativa quanto à evolução da taxa de inflação ao longo do tempo. Nesse aspecto, o aquecimento da economia americana reascende os temores inflacionários. Pela primeira vez em quinze anos, a demanda na maior economia do planeta tende a superar a oferta de bens e serviços. E como uma grande parte dos investidores parece não estar antecipando uma alta nas taxas de inflação, ao aceitar baixa remuneração para os seus investimentos, a percepção da possibilidade dessa ocorrência pode desencadear uma mudança significativa na precificação dos ativos financeiros e do seu rendimento. Quando uma recuperação econômica é sucedida pelo fortalecimento da demanda, boas notícias se transformam em más notícias para os mercados financeiros. Os juros sobem e o 10 preço dos títulos cai. Tal fato, no entanto, não afetará a importância dos títulos do governo americano como o porto mais seguro para os investidores internacionais, dado o baixíssimo risco que representam. RENDA VARIÁVEL Na Europa, principalmente na zona do euro, a continuidade do programa de estímulos quantitativos tende a continuar favorecendo uma evolução positiva das principais bolsas de valores. Já para o mercado acionário americano, segundo o Departamento do Tesouro, os riscos são moderados, mas crescentes. A queda das reservas internacionais de alguns países, como a Rússia, o lento crescimento e os desequilíbrios da balança de contas correntes de grandes países emergentes, como Rússia e Brasil, por exemplo, é uma fonte de preocupação. Isso num momento em que o valor das ações americanas é muito elevado, o lucro das empresas não tem empolgado e o banco central se prepara para elevar os juros. Fatores a serem considerados dados o tamanho do mercado financeiro dos EUA, cerca de US$ 25 trilhões e o seu envolvimento CENÁRIO INTERNACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 com outros mercados. Para as ações chinesas o momento é delicado e a interfe- Fonte: www.tradingeconomics.com rência do governo nas cotações revela a delicadeza da situação. Para as commodities a situação não é boa. Atingiram os preços mais baixos desde 2002. As commodities metálicas apresentaram quedas expressivas com o dólar se valorizando, além das quedas das bolsas chinesas. A recuperação dos preços deve ser lenta. Para o preço do petróleo o cenário tam- bém não é animador. A produção da commodity continua em alta, reforçada pela produção recorde do Iraque e da Arábia Saudita, sem falar no retorno do Irã ao mercado exportador. Para Hassan Qabazard, exdiretor de pesquisa da OPEP, o barril do petróleo Brent custará de US$ 40 a US$ 50 no quarto trimestre do ano. Há um sério excesso de oferta no mercado. Já para os preços das commodities agrícolas, enfraquecidos por conta da situação chinesa e do aumento da oferta global de alimentos, questões climáticas poderão vir a pressiona-los. Além das fortes chuvas que tem prejudicado o cultivo da soja nos EUA, a possibilidade da ocorrência de um forte El Niño, no segundo semestre deste ano, poderá afetar as colheitas, principalmente na Ásia e na América do Sul. BOLSA TREASURY BONDS 10Y DÓLAR JUROS 11 CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 ATIVIDADE ECONÔMICA O PIB brasileiro teve queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, em relação ao anterior e queda de 1,6% na comparação anual. Enquanto a agropecuária cresceu 4,7%, a indústria recuou 0,3% e os serviços 0,7%. Pela ótica da despesa, a de consumo das famílias 18,5%. Já as vendas de veículos tiveram o pior semestre desde 2007 e recuaram 19,8%. Já o comércio varejista em geral, teve o pior semestre desde 2003, com uma alta de 2,6%. De forma geral, se não fosse a forte contribuição do agronegócio a atividade econômica no país estaria muito mais deprimida. Fonte: www.tradingeconomics.com recuou 1,5%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo (investimento) e a despesa de consumo do governo recuaram ambas 1,3%. Já em maio, o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB teve leve alta de 0,2%, porém acumulou uma baixa de 4,75% em relação ao ano anterior. Com a atividade se enfraquecendo ainda mais no setor industrial, a produção de veículos no Brasil caiu 12,5% em relação a maio e 14,8% em relação a 2014. A queda acumulada no primeiro semestre foi de EMPREGO E RENDA Para a geração de empregos no Brasil, o primeiro semestre de 2015 apresentou um importante revés. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, a taxa de desemprego no país subiu para 8,1% no trimestre encerrado em maio, quando no ano anterior havia sido de 7%. Isso significa que 708 mil pessoas perderam o status de trabalhadores formais e outras 310 mil o de 12 informais. O setor de construção civil foi o que mais cortou o número de empregados. Foram 636 mil vagas a menos na comparação com o mesmo período de 2014. Já os setores de agricultura, produção florestal, pesca e aquicultura reduziram em 223 mil o número de empregados. Já pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), em que o IBGE coleta os dados em seis regiões metropolitanas, o desemprego chegou a 6,9% em junho, sendo que era 4,8% no mesmo mês do ano anterior. O rendimento médio real (corrigido pela inflação) foi de R$ 2.149,10 com queda de 2,9% comparado a junho do ano passado, a maior queda em mais de uma década. SETOR PÚBLICO Com a arrecadação em baixa e as despesas em alta ficou improvável atingir a meta até então estipulada para o superávit primário em 2015, de R$ 66,3 bilhões ou 1,1% do PIB. Até o mês de maio, o superávit primário acumulado (gerado pelo governo central, pelas empresas estatais e pelos governos municipais e estaduais) foi de R$ 25,5 bilhões, sendo que em 2014, no mesmo período havia sido de R$ 31,5 CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 bilhões. No acumulado de doze meses, foi registrado um déficit primário de R$ 38,5 bilhões, ou 0,68% do PIB. De janeiro a maio a arrecadação de impostos atingiu a cifra de R$ 510,2 bilhões, apresentando uma queda de real de 2,95% em relação a 2014. No período, a renúncia fiscal por conta da tentativa de estimular a economia foi de R$ 47,1 bilhões. Já pelo lado das despesas do governo central, o Tesouro informou que elas alcançaram R$ 425,5 bilhões no ano, apresentando um aumento real de 8,2% em relação ao ano anterior. Altas expressivas tiveram as despesas com os juros da dívida pública no período, com os aumentos da taxa Selic. Atingiram o montante de R$ 198,9 bilhões, enquanto no ano anterior a cifra era de R$ 101,6 bilhões. Em doze meses os juros nominais totalizaram R$ 408,8 bilhões, ou 7,22% do PIB. Dessa forma o déficit nominal, que inclui o resultado primário e os juros somou no ano R$ 173,4 bilhões, enquanto nos cinco primeiros meses de 2014 era de R$ 70,1 bilhões. Já a dívida líquida do setor público alcançou R$ 1,9 trilhão ou 33,6% do PIB. A dívida bruta do governo geral (governo federal, INSS, governos estaduais e municipais) alcançou R$ 3,5 trilhões, ou 62,5% do PIB. É importante lembrarmos que os esforços do governo para que a meta fiscal fosse atingida, se concentraram muito mais no aumento da arrecadação do que na diminuição das despesas. Desde que Joaquim Levy tornou-se ministro uma série de mediadas foram anunciadas. Entre elas as mudanças nos benefícios sociais, como o seguro desemprego, o auxílio doença e a pensão por morte, que já passaram pelo crivo do Congresso Nacional. Bem como o aumento da tributação sobre a folha de pagamento, que ainda tramita no legislativo, além da alta dos tributos sobre a gasolina e os automóveis, do lucro dos bancos, das operações de crédito, de produtos importados, etc. O fato é que em cinco meses as contas do Tesouro 1,40% Nacional 1,20% tiveram o 1,00% pior resul- 0,80% tado para 0,60% o período 0,40% desde 0,20% 1998. O 0,00% governo central Fonte: IBGE conseguiu até maio poupar R$ 6,6 bilhões ou cerca de 10% da 13 meta de superávit primário para o ano todo. É preciso lembrar que os estados e municípios também sofrem quedas em suas arrecadações e assim a sua colaboração para o resultado primário pode ficar bem comprometida. Para piorar, a maioria dos estados estão perto de atingirem o limite de alerta nos gastos com servidores, ou seja 49% da receita corrente líquida. Para a agência internacional de rating Fitch, o Brasil está numa situação pior que países com o mesmo rating do Brasil (BBB), sendo que a piora parece não ser temporária, mas um problema estrutural muito sério. INFLAÇÃO Com o aumento de 0,79% em junho, a inflação medida através do Índice Nacional de Preços ao ConIPCA sumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE e que abrange as famílias com CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 2017, mas reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual, ao invés de 2 pontos percentuais. elevação de juros foi anunciada no final de junho pelo governo, que estabeleceu a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), praticada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES nos empréstimos às empresas, em 6,5% a.a. Foi a terceira elevação seguida e valerá para o período de julho a setembro. JUROS Em sua última reunião no início de junho, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu por unanimidade elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 13,75% a.a. É a maior taxa desde dezembro de 2008 e foi o sexto aumento seguido da Selic. É CÂMBIO E SETOR EXTERNO A taxa de câmbio dólar x real, denominada PTax 800, que é calculada TAXA DE CÂMBIO - DÓLAR 3,40 3,20 3,00 2,80 2,60 2,40 2,20 Fonte: comdinheiro.com importante lembrarmos que a taxa Selic é uma taxa de referência para o mercado financeiro e remunera os investimentos em determinados títulos públicos, por exemplo. Para o consumidor, as taxas de juros dos cartões de crédito chegaram a 360% a.a. e as do cheque especial a 235% a.a. Outra 14 jun-15 mai-15 abr-15 mar-15 fev-15 jan-15 dez-14 nov-14 out-14 set-14 ago-14 jul-14 jun-14 2,00 mai-14 renda mensal ente um e quarenta salários mínimos, acumulou alta de 6,17% no semestre, a maior taxa desde 2003, enquanto em 12 meses foi de 8,89%. Desta vez, as maiores pressões sobre o índice de preços vieram dos alimentos, dos jogos de loteria e das passagens aéreas, sendo que no ano os preços da energia também tiveram forte contribuição. O índice de difusão dessa inflação, que mede o percentual dos itens pesquisados que tiveram aumento de preços se situou um pouco abaixo de 70%, de acordo com o Valor Econômico. Já a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também calculado pelo IBGE abrangendo famílias com renda mensal entre um e cinco salários mínimos, subiu 0,77% em junho, acumulando uma alta de 6,80% no semestre e de 9,31% em doze meses. Pior ainda foi a inflação da baixa renda, calculada pela Fundação Getúlio Vargas através do Índice de Preços ao Consumidor – Classe1 (IPC-C1). Ela subiu 7,21% no ano e de 9,52% em 12 meses. Em sua reunião no final de junho, o Conselho Monetário Nacional – CMN fixou a meta de inflação medida pelo IPCA em 4,5% para pelo Banco Central do Brasil, fechou o primeiro semestre de 2015 cotada a R$ 3,1026, acumulando uma valorização de 19,20% no período. Em 12 meses a alta do dólar frente ao real foi de 41,19%. Como aplicação financeira, foi a mais rentável no semestre e em 12 meses. A expressiva valorização da moeda decorreu da expectativa do aumento da taxa de juros CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 nos EUA, da crise na Grécia e da situação interna do Brasil, principalmente. Já a Balança Comercial encerrou o semestre com um superávit de US$ 2,2 bilhões, enquanto no mesmo período em 2014 havia sido registrado um déficit de US$ 2,5 bilhões. Entretanto o resultado foi obtido devido a uma queda maior das importações do que das exportações. De janeiro a junho as exportações totalizaram US$ 94,3 bilhões, com uma redução de 14,7% em relação ao mesmo período do ano anterior e as importações alcançaram os US$ 92,1 bilhões, com uma queda de 18,5%. Em relação ao Balanço de Pagamentos, as transações correntes apresentaram um déficit de US$ 2,5 bilhões em junho, acumulando em seis meses o saldo negativo de US$ 38,3 bilhões e em 12 meses um déficit de US$ 93,1 bilhões, ou o equivalente a 4,36% do PIB. Os investimentos diretos no país (IED) totalizaram US$ 30,9 bilhões no ano e US$ 81,9 bilhões em 12 meses, ou 3,84% do PIB. Já os investimentos estrangeiros em carteira (renda fixa e ações) atingiram no ano o montante de US$ 27,3 bilhões. As reservas internacionais, ao final de junho, pelo conceito de liquidez eram de US$ 372,2 bilhões e a dívida externa bruta US$ 345,2 bilhões. RENDA FIXA Para os títulos prefixados de renda fixa, o primeiro semestre de 2015 foi caracterizado pela alta volatilidade dos seus preços e taxas, quando considerado o valor de mercado. E essa volatilidade foi crescente quão mais longo o prazo de vencimento dos títulos. Uma NTN-B (título emitido pelo Tesouro Nacional) com vencimento em 2045 ou 2050, por exemplo, atingiu um patamar de volatilidade (risco) ainda maior do que o índice Bovespa (ações). Apesar da disparada da inflação, da alta continuada da taxa Selic e da cotação do dólar, das consequências dos erros da política fiscal recente e dos escândalos de corrupção, os estrangeiros compraram títulos brasileiros emitidos em reais, em volume recorde, inclusive as NTN-B mais longas. Não fosse esse importante fluxo de compra, provavelmente as taxas desses papéis estariam sendo precificadas pelo mercado em patamares ainda mais altos e os seus preços, consequentemente, em patamares mais baixos. 15 Dessa forma, as NTN-B poderiam ter repetido o ano de 2013 e punido os investidores com rendimentos negativos. Atualmente os não residentes no Brasil detém cerca de 21% da dívida pública em reais, sendo que no final de 2011 essa participação era de cerca de 11%. Essa forte demanda decorreu das altas taxas de juros pagas no Brasil, em um momento que as taxas de juros no exterior estão próximas as mínimas históricas. Mesmo com todas as adversidades do cenário local, o investidor estrangeiro entende que a alta remuneração obtida é a compensação do risco, além do fato do desinvestimento poder ser feito a qualquer tempo, diferentemente do investimento produtivo. Já no caso dos RPPS, que como entidades previdenciárias possuem uma meta anual a ser atingida e um limite de risco a ser obedecido, o mercado não foi favorável. Consideradas as aplicações em fundos de investimento de renda fixa que lhes são permitidos, apenas as realizadas em fundo referenciado no IDkA 20 teriam superado a variação de 9,31% da meta atuarial equivalente a IPCA+6% a.a., no primeiro semestre. CENÁRIO NACIONAL – 1º SEMESTRE 2015 Em função do fator risco, seNas tabelas abaixo, podetre de 2015 em 53.081 ponria impensável uma carteira mos constatar o desempetos, apresentando no períde investimentos com essa nho dos principais indicadoodo uma valorização de concentração. A título de res de renda fixa que refe6,15% e em 12 meses uma ilustração, uma carteira de renciam os fundos de invespequena desvalorização de renda fixa que poderia supetimento disponíveis para os – 0,14%. Dessa forma, teve rar a meta atuarial com um RPPS, no semestre, em doze no período, um desemperendimento de 9,34% no see em vinte e quatro meses, nho ligeiramente superior mestre, teria 10% dos seus além dos rendimentos dos ao do CDI que evoluiu recursos em fundos de intítulos públicos também no 5,92%. Com a forte valorizavestimento que tivessem primeiro semestre. ção do dólar, as ações brasirendimento idêntico leiras ficaram ainda Rentabilidade dos Indicadores ao do IDkA 20 e 90% mais baratas para o dos recursos em Indicadores investidor internacio2015* 12 Meses 24 Meses fundos com rendinal e com isso o inIPCA + 6% a.a. 9,31% 15,43% 30,34% mento idêntico ao gresso de capital esINPC + 6% a.a. 9,96% 15,87% 30,27% IMA-B 5+. Ainda as- IRF-M 1 trangeiro para a com5,60% 11,16% 22,01% sim, o risco seria IRF-M 1+ pra de ações brasilei4,95% 8,89% 19,94% IRF-M Total 5,18% 9,68% 20,61% muito alto. Outra ras alcançou a expresIMA-B 5 7,46% 12,08% 23,96% possibilidade de se IMA-B 5+ siva cifra de cerca de 9,03% 14,37% 19,37% alcançar o mesmo IMA-B Total US$ 12 bilhões no 8,34% 13,31% 21,12% IDKA 2 (IPCA) 8,01% 12,38% 25,43% rendimento de ano. Esse fluxo acaCDI 5,92% 11,81% 22,63% 9,34% seria alocar POUPANÇA bou permitindo o de3,70% 7,40% 14,53% 55% dos recursos no *Rentabilidade referente 01/Jan a 30/Jun de 2015 sempenho positivo IDkA 20 e os 45% Fonte: IBGE do índice em um ceRendimento dos Títulos Públicos em 2015* restantes em funnário de inflação e judos de investiros ascendentes e de Títulos / Títulos / Rendimento (%) Rendimento (%) mento que tives- Vencimento atividade econômica Vencimento sem rendimento em queda. Ou seja, Prefixados Indexados ao IPCA idêntico ao DI (caso LTN 2016 propiciou uma situa4,93% NTN-B 2017 7,93% 4,79% NTN-B 2020 7,62% isso fosse permi- LTN 2017 ção semelhante à viNTN-F 2017 11,81% NTN-B 2024 8,20% tido aos RPPS em vida no mercado de NTN-F 2021 4,44% NTN-B 2035 10,18% função da Resolu- NTN-F 2023 renda fixa e confir4,22% NTN-B 2045 10,98% ção 3.922). E cabe mou a máxima de Indexados ao IGP-M NTN-B 2050 11,90% NTN-C 2017 6,21% Indexados a SELIC relembrar que o DI, quem governa o merNTN-C 2021 6,42% LFT 2017 6,89% como um ativo livre cado financeiro é o NTN-C 2031 8,72% de risco, estaria *Rentabilidade referente 01/Jan a 30/Jun de 2015 fluxo de recursos e Fonte: Tesouro Nacional reduzindo significanão necessariamente tivamente o risco total da os fatos. RENDA VARIÁVEL carteira. Mesmo assim, principalmente com o atual ceO índice Bovespa nário, seria irresponsável tal terminou o primeiro semesalocação. 16 CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 ATIVIDADE ECONÔMICA Para o Fundo Monetário Internacional – FMI, a economia brasileira irá decrescer 1,5% em 2015 e apresentará um crescimento de 0,7% em 2016. Para o os economistas que militam no mercado financeiro, conforme revela o último Relatório Focus do Banco Central, de 17 de julho último, a atividade econômica no país terá uma retração de 1,7% em 2015 e uma modesta alta de 0,33% em 2016. Para o próprio governo, a queda do PIB em 2015 será de 1,49%, que significaria o pior resultado em 25 anos. Sem recursos para investir e sem ter sucesso na implementação do ajuste fiscal necessário, inclusive por questões políticas, a margem de manobra do governo para incentivar a economia ficou extremamente restrita. O Programa de Investimento em Logística – PIL, através do qual o governo pretende viabilizar, através de concessões, investimentos de R$ 198,4 bilhões, em ferrovias, rodovias, aeroportos e portos é uma tentativa. Dos investimentos do setor privado também pouco se pode esperar, enquanto o cenário econômico for tão adverso. Falta a confiança necessária para que o espírito empreendedor prospere. Para a população em geral, a percepção da situação do país também não colabora. Desde abril de 2004, quando a Associação Comercial de São Paulo começou a fazer a pesquisa do Índice Nacional de Confiança (INC), não foram registrados níveis tão baixos. O único setor de atividade que enseja uma melhor expectativa é o agropecuário. No seu Relatório Trimestral de Inflação, de junho, O Banco Central elevou de 1% para 1,9% o crescimento do PIB do setor. Aliás, as expectativas são muito boas inclusive no longo prazo. Tanto a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO, estimam que em 2024, o Brasil será o maior exportador agrícola do mundo. A safra irá crescer com a melhora da produtividade e expansão das lavouras. Boa parte desse crescimento virá da cana-de-açúcar, da soja e do algodão. Quanto ao emprego, a situação é muito delicada, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria, um terço delas ainda deverá fazer demissões ainda em 17 2015. Para evitar um aprofundamento do desemprego, o governo criou um programa que permite a redução de até 30% da jornada de trabalho, com a redução de salários e visa, principalmente, o setor industrial. SETOR PÚBLICO Para as finanças públicas está criada uma armadilha. Com a atividade econômica em queda, o Tesouro Nacional arrecada menos e com os juros em alta gasta mais, sem falar das despesas que já foram contratadas, com base na expectativa de receitas mais elevadas. Com o orçamento desequilibrado o governo perde a sua capacidade de investimento e também acaba por provocar inflação, que por sua vez geram perdas no poder de compra dos trabalhadores e acabam por inibir o crescimento, que por sua vez, prejudica a arrecadação. Por outro lado, o espaço de manobra para cortar despesas, sem consequências sociais sérias é reduzido e o espaço de manobra para se criar novas receitas através de impostos requer o apoio do legislativo, diante do quadro político atual. Assim, o governo teve CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 que desistir da meta de perseguir um superávit primário de 1,1% do PIB ou de poupar R$ 66,3 bilhões, para ajudar a pagar as despesas com os juros da dívida pública em 2015. Pela lei, o governo tem que a cada semestre reavaliar suas receitas e despesas para assegurar a sua meta de poupança e submeter essa reavaliação à aprovação do Congresso. Dessa forma, no dia 22 de julho último, o governo anunciou as novas metas de superávit primário. Para 2015, a meta de R$ 66,3 bilhões foi reduzida para R$ 8,7 bilhões, sendo R$ 5,8 bilhões a da União e o restante dos estados e municípios. Ou seja, ela caiu de 1,1% do PIB para 0,15%. Foi também anunciado um corte adicional de R$ 8,6 bilhões no Orçamento deste ano, totalizando o contingenciamento em R$ 79,4 bilhões, distribuído entre todos os poderes. O governo também decidiu encaminhar ao Congresso, projeto de lei que flexibiliza ainda mais a política fiscal e permite que as contas fechem o ano com déficit de até R$ 17,7 bilhões, se algumas receitas extraordinárias não se realizarem. Pelo projeto, o governo também pretende que, pela primeira vez, a economia feita por estados e municípios, acima da meta fixada, seja usada para compensar uma eventual frustração no superávit previsto para a União. Para os próximos anos, a recomposição das contas públicas também será mais lenta. O governo fixou a meta fiscal de 2016 em 0,7% do PIB, a de 2017 em 1,3% e somente em 2018 ela será de 2% do PIB, valor considerado pelo Ministro Levy, como o necessário para colocar a dívida pública em trajetória de queda. No dia seguinte ao comunicado das novas metas, a maior agência de risco local, Austin Rating anunciou o rebaixamento da nota de crédito de longo prazo do Brasil, em moeda estrangeira, de BBB- para BB+. Assim, o país perdeu, para essa agência, o grau de investimento, que o qualifica como bom pagador e como porto seguro para investimentos. Justificou que o rebaixamento da nota do Brasil está fundamentado na “acentuada e contínua piora dos resultados das contas públicas, com destaque para o baixo nível de superávit primário, que é incapaz de reduzir ou neutralizar o avanço do endividamento público que resulta no elevado nível de déficit nominal”. Para as três principais agências internacionais 18 (Moody’s, Fitch e Standard and Poor’s), o Brasil ainda segue com o grau de investimento, no entanto, o mercado financeiro já opera com a perspectiva de uma redução do rating soberano pela Moody’s para o último patamar dentro do grau de investimento. Há o temor de que seja também atribuída uma perspectiva negativa para a nota, o que aumentaria o risco da perda do grau de investimento no curto prazo. Já a Fitch informou que já está em processo de reavaliação das tendências fiscais do país e que as metas propostas são menores dos que as estimadas em abril, quando a agência decidiu colocar em perspectiva negativa a nota de crédito BBB do Brasil. Para a Standard and Poor’s o rating atual, BBB- é o mais baixo ainda dentro do grau de investimento. Efetivamente, a redução das metas de superávit primário nas magnitudes anunciadas surpreenderam os que militam no mercado financeiro, dado o pessimismo altamente preocupante que os números sinalizam. Provavelmente não haverá cortes adicionais nos gastos e o governo dependerá de receitas extras para fechar as suas contas. Depois de ter vendido ações do Banco do Brasil, ao longo de CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 julho, em poder do Fundo Soberano Brasil, o governo estuda a regularização de recursos de brasileiros não declarados ao fisco, que estão no exterior, prepara a abertura de capital da Caixa Seguradora e do Instituto de Resseguros do Brasil – IRB, bem como um novo programa de pagamento de dívidas das empresas com a Receita Federal, que poderão ser quitadas com o uso de créditos tributários e etc. Portanto o cenário fiscal é altamente negativo e como dissemos o clima no legislativo para a aprovação da alta de impostos é demasiadamente ruim. INFLAÇÃO Conforme o último Relatório Focus, o mercado financeiro estima que o IPCA vá subir 9,15% em 2015 e Fonte: www.tradingeconomics.com 5,40% em 2016. Para o Ministério da Fazenda a alta será de 9% neste ano. O fato é que com a redução do superávit primário e o tamanho do desequilíbrio nas contas públicas que a medida revelou, o risco da inflação em 12 meses superar um número de dois dígitos aumentou significativamente, apesar da economia fraca. É a estagflação assumindo contornos ainda mais nítidos. Mesmo com as taxas de juros cada vez mais altas, que implica em custos mais altos para todo o país, o repasse de preços em uma economia ainda indexada traz de volta a iminência de uma espiral inflacionária, cuja inércia é de dificílima interrupção. Para os consumidores residenciais de São Paulo, o mês de agosto se inicia com uma alta de 17,04% das tarifas de energia elétrica. Para os alimentos, chuvas atípicas em algumas regiões e a falta dela em outras, já prejudicam os trabalhos no campo. Existe a previsão de um El Niño severo para o segundo semestre, com efeito global. O 19 IPCA-15, que é uma prévia da inflação, revelado no final de julho, mostra um aumento de preços de 9,25% em 12 meses, o maior desde 2003. JUROS O último Relatório Focus também revela que o mercado estima a taxa Selic em 14,5% no final de 2015 e em 12% no final de 2016. Independentemente das consequências que o estabelecimento das novas metas fiscais enseja a menor tolerância do afastamento da meta de inflação, para 2017, já sugere que o Banco Central terá que apertar ainda mais a política monetária para que a credibilidade possa ser recuperada. Em declaração recente, o Diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu, afirmou que a autoridade monetária fará o que for necessário para reduzir a inflação para 4,5% no final de 2016 e que não há limite para a elevação dos juros, apesar da atividade econômica fraca e da queda no emprego. Após o anuncio das novas metas fiscais as taxas de juros dispararam no mercado financeiro, principalmente as taxas de prazos mais longos que revelam a expectativa de uma política monetária CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 restritiva por mais tempo do que antes se imaginava. Para a próxima reunião do Copom, no final de julho, espera-se uma nova alta da taxa Selic de 0,5 ponto percentual, o que a levaria para 14,25% a.a. CÂMBIO E SETOR EXTERNO Também de acordo com o Relatório Focus, o mercado estima que o dólar esteja valendo R$ 3,23 no final de 2015 e R$ 3,40 no final de 2016. Porém, ainda como consequência do anúncio da redução das metas fiscais, o dólar comercial, mesmo com a atuação do Banco Central, atingiu a cotação de R$ 3,34, o maior nível em mais de doze anos. Já há instituições financeiras que acreditam que as cotações se aproximem de R$ 3,60 nas próximas semanas. Para engrossar as expectativas de um real cada vez mais desvalorizado, ainda temos a perspectiva da alta dos juros americanos em setembro, o que mantém o dólar se valorizando internacionalmente, além das turbulências ocorridas na Grécia e na China que também acabam por aumentar a demanda por dólares. Para a Balança Comercial o mercado estima um superávit de US$ 6 bilhões neste ano e de US$ 14 bilhões em 2016. Ainda no final de junho, o governo anunciou medidas para recuperar a capacidade de exportação do país, com uma ofensiva comercial que prioriza os mercados dos países mais desenvolvidos e que consolida os mercados em que o Brasil já está presente, como o Mercosul. O fato é que, sem um acordo comercial há anos, o país está ficando para trás no acesso aos grandes mercados mundiais. O Brasil é um dos países que menos possuem acertos tarifários e de facilitação do comércio entre os membros do G-20, grupo das maiores economias do mundo. A nossa pauta de exportações é dominada por produtos primários, com pouco valor agregado, enquanto outros países, como o México, por exemplo, têm investido na sofisticação da sua estrutura produtiva. Para as contas externas, em geral, fica a apreensão com as consequências das mudanças fiscais. O Brasil depende do fluxo externo, tanto do de investimento direto, quanto dos investimentos em carteira para fechar as suas contas externas, apesar do bom nível das reservas cambiais. Até agora, neste ano, o fluxo vinha sendo favorável. Daqui 20 para frente é difícil a previsão. Com as notas de crédito atuais, o país já representa um risco pior do que o do Cazaquistão e do que o do Panamá. Com um provável rebaixamento, é melhor nem falar. RENDA FIXA Dada perspectiva de aumento da inflação e da taxa básica de juros pelo Banco Central, além do provável rebaixamento da nota de crédito do Brasil, os juros pagos aos investidores deverão se elevar, desaconselhando as aplicações financeiras prefixadas, sobretudo, as de maior prazo. A diversificação da carteira de renda fixa deve contemplar aplicações em fundos referenciados no DI, bem como em fundos compostos por NTN-B, de curta duração, pois são ativos de menor risco e corrigidos pela inflção, IPCA, que deverá se elevar. Quanto aos títulos públicos mais longos, as possibilidades de perdas poderão ser amplificadas com a saída de investidores estrangeiros descontentes com as medidas adotadas pelo governo no front fiscal. Esse movimento intensificaria a queda de preço dos títulos e a consequente rentabilidade negativa, quando precificados CENÁRIO NACIONAL – PERSPECTIVAS 2015 a valores de mercado. Vide abaixo a tabela de alocação sugerida para as aplicações financeiras. ALOCAÇÃO OBJETIVO IMA-B 5+ | IDKA 20 0,00% IMA-B | IMA-G 0,00% IMA-B 5 | IRF-M 1+ 10,00% IDKA 2 | IRF-M 20,00% IRF-M1 15,00% DI / (não CP) 15,00% FIDC / CP 15,00% MM 5,00% Ações 10,00% FIP 5,00% FII 5,00% resultados mais satisfatórios. Ou seja, para os investidores, muitas ações de boas empresas, com bons fundamentos, ficarão mais barra- Com a elevação dos juros, os fundos multimercados ganharão maior atratividade, pois objetivam a superação desse indicador. Para os funIbovespa 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000 50.000 45.000 40.000 35.000 30.000 25.000 INFLAÇÃO JUROS TAXA PRÉ-FIXADA IMA-B RENDA VARIÁVEL O mercado acionário brasileiro começou o segundo semestre em clima bastante desfavorável. O cenário interno, bem como o externo se tornou muito complicados para o investimento em ações e apenas aquelas empresas com competências para administrar crises, ou que se beneficiem da alta do dólar, deverão ter Fonte: BM&F tas ensejando boas oportunidades de compra. Há excelentes fundos de ações disponíveis no mercado brasileiro, cujos gestores saberão captar as boas oportunidades que surgirem. Provavelmente, investidores estrangeiros também poderão se desfazer de ações brasileiras, criando boas oportunidades para os investidores locais, principalmente para aqueles de longo prazo, como os RPPS. A título de ilustração, hoje o valor de mercado da empresa norte americana Apple isoladamente, supera o de todas as empresas brasileiras de capital aberto, com ações negociadas na Bovespa. 21 dos imobiliários e os de participações, o mercado também poderá trazer boas oportunidades. BOLSA DÓLAR Disclaimer Este Relatório foi preparado pela Plena Consultoria de Investimentos Ltda para uso exclusivo do destinatário, não podendo ser reproduzido ou distribuído por este a qualquer pessoa sem expressa autorização da Empresa. As informações aqui contidas são somente com o objetivo de prover informações e não representa, em nenhuma hipótese, uma oferta de compra e venda ou solicitação de compra e venda de qualquer valor mobiliário ou instrumento financeiro, esta é apenas também uma OPINIÃO que reflete o momento da análise e são consubstanciadas em informações coletadas que julgamos confiáveis. A Plena Consultoria de Investimentos Ltda não se responsabiliza pela utilização destas informações em suas tomadas de decisão e consequentes perdas e ganhos. As informações aqui contidas não representam garantia de exatidão das informações prestadas ou julgamento sobre a qualidade das mesmas, e não devem ser consideradas como tais. As opiniões contidas neste Relatório são baseadas em julgamentos e estimativas, estando, portanto, sujeitas a mudanças. As informações deste Relatório procuram estar em consonância com o regulamento dos produtos mencionados, mas não substituem seus materiais regulatórios, como regulamentos e prospectos de distribuição. É recomendada a leitura cuidadosa tanto do prospecto quanto do regulamento, com especial atenção para as cláusulas relativas ao objetivo e à política de investimento dos produtos de investimento, bem como às disposições do prospecto e do regulamento que tratam dos fatoras de risco a que o fundo está exposto. Todas as informações sobre os produtos aqui mencionados, bem como o regulamento e o prospecto, podem ser obtidas com seu gerente, com o responsável pela distribuição ou em seu site na internet; A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura, os produtos estruturados possuem, além da volatilidade, riscos associados à sua carteira de crédito. Os Institutos devem estar adequados à PORTARIA Nº 440, DE 9 DE OUTUBRO DE 2013 - (Publicada no D.O.U. de 11/10/2013) “Altera a Portaria MPS/GM nº 519, de 24 de agosto de 2011, que dispõe sobre as aplicações dos recursos financeiros dos Regimes Próprios de Previdência Social instituídos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e dá outras providências.” 22