10. Transformações de fases em metais e microestruturas - Conceitos básicos - Alterações microestruturais das ligas Fe-C e propriedades (curvas Temperatura-TempoTransformação). 1 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS Resfriamento fora do equilíbrio EFEITOS DO NÃO-EQUILÍBRIO Ocorrências de fases ou transformações em temperaturas diferentes daquela prevista no diagrama Existência a temperatura ambiente de fases que não aparecem no diagrama Cinética das transformações equação de Arrhenius: r=A exp-Q/RT 2 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS TRANSFORMAÇÕES DE FASE COM DIFUSÃO Sem variação no número e composição de fases Ex: solidificação metal puro e transformação alotrópica o Com variação no número e composição de fases Ex: Transformação eutética, eutetóide... o SEM DIFUSÃO o Ocorre com formação de fase metaestável Ex: transformação martensítica A maioria das transformações de fase no estado sólido não ocorre 3 instantaneamente, ou seja, são dependentes do tempo Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS CURVAS TTT As curvas TTT estabelecem a temperatura e o tempo em que ocorre uma determinada transformação Só tem validade para transformações a temperatura constante 4 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS CURVAS TTT início final 5 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS Ex 1: CURVA TTT PARA AÇO EUTETÓIDE Temperatura de austenitização Martensita -Como +Fe3C Perlita a martensita não envolve difusão, a sua formação ocorre instantaneamente (independente do tempo, por isso na curva TTT a mesma corresponde a uma reta). 6 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS EX 2: CURVAS TTT PARA AÇO EUTETÓIDE COM AS DUREZAS ESPECIFICADAS DAS MICROESTRUTURAS Perlita grossa ~86-97HRB Perlita fina ~20-30HRC Troostita ~30-40HRC Bainita superior ~40-45 HRC Bainita inferior~50-60 HRC Martensita 63-67 HRC 7 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS Ex 3: ALGUMAS CURVAS DE RESFRIAMENTO A TEMPERATURA CONSTANTE, PARA UM AÇO EUTETÓIDE, E AS RESPECTIVAS MICROESTRUTURAS FORMADAS PARA CADA UM DOS CASOS 8 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS Ex 4: ALGUMAS CURVAS DE RESFRIAMENTO CONTÍNUO, PARA UM AÇO EUTETÓIDE, E AS RESPECTIVAS MICROESTRUTURAS FORMADAS PARA CADA UM DOS CASOS A (FORNO)= Perlita grossa B (AR)= Perlita + fina (+ dura que a anterior) C(AR SOPRADO)= Perlita + fina que a anterior D (ÓLEO)= Perlita + martensita E (ÁGUA)= Martensita No resfriamento contínuo, as curvas TTT deslocam-se um pouco para a direita e para baixo 9 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS Ex 5: CURVAS TTT E MICROESTRUTURAS PARA AÇOS HIPOEUTETÓIDE E HIPEREUTETÓIDE 0,35% C 0,9 %C 10 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS MICROESTRUTURAS RESULTANTES DO RESFRIAMENTO RÁPIDO MARTENSITA - A martensita se forma quando o resfriamento for rápido o suficiente de forma a evitar a difusão do carbono, ficando o mesmo retido em solução. Como conseqüência disso, ocorre a transformação polimórfica mostrada ao lado. Como a martensita não envolve difusão, a sua formação ocorre instantaneamente (independente do tempo). - AUSTENITA Cúbico de face centrada TRANSFORMAÇÃO ALOTRÓPICA COM AUMENTO DE VOLUME, que leva à concentração de tensões MARTENSITA 11 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS MICROESTRUTURAS RESULTANTES DO RESFRIAMENTO RÁPIDO MARTENSITA - É uma solução sólida supersaturada de carbono (não se forma por difusão) -Microestrutura em forma de agulhas - É dura e frágil (dureza: 63-67 Rc) - Tem estrutura tetragonal cúbica (é uma fase metaestável, por isso não aparece no diagrama) Na martensita todo o carbono permanece intersticial, formando uma solução sólida de de Ferro supersaturada com Carbono, que é capaz transformar-se em outras estruturas, por difusão, quando aquecida. MARTENSITA REVENIDA - É obtida pelo reaquecimento da martensita (fase alfa + cementita) - A dureza cai - Os carbonetos precipitam - Forma de agulhas escuras 12 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS MARTENSITA (dureza: 63-67 Rc) Martensita no titânio Martensita nos aços A transf. Martensítica ocorre c/ aumento de volume 13 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS MARTENSITA REVENIDA 14 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS Fotomicrografia de uma liga de memória de forma (69%Cu-26%Zn-5%Al), mostrando as agulhas de martensita numa matriz de austenita 15 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS PERLITA FERRITA Perlita fina: 20-30 Rc Perlita grossa: 86-97 RB 16 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS MICROESTRUTURAS RESULTANTES DO RESFRIAMENTO FORA DAS CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO BAINITA - Ocorre a uma temperatura inferior a do joelho - Forma de agulhas, contendo ferrita e cementita, que só podem ser vista com microscópio eletrônico Dureza: bainita superior 40-45 Rc e bainita acidular 50-60 Rc ESFEROIDITA - É obtida pelo reaquecimento (abaixo do eutetóide) da perlita ou bainita, durante um tempo bastante longo TROOSTITA - os carbonetos precipitam de forma globular (forma escura) - Tem baixa dureza (30-40 Rc) 17 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS Microestrutura da Bainita contendo finíssimas agulhas das fases 18 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS TRANSFORMAÇÕES AUSTENITA Resf. lento Perlita ( + Fe3C) + a fase próeutetóide Resf. moderado Bainita ( + Fe3C) Resf. Rápido (Têmpera) Martensita (fase tetragonal) reaquecimento Ferrita ou cementita Martensita Revenida ( + Fe3C) 19 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS FATORES QUE AFETAM A POSIÇÃO DAS CURVAS TTT NOS AÇOS Teor de carbono Tamanho do grão da austenita Composição química (elementos de liga) 20 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS TEOR DE CARBONO Quanto menor o teor de carbono (abaixo do eutetóide) mais difícil de se obter estrutura martensítica 21 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS COMPOSIÇÃO QUÍMICA/ELEMENTOS DE LIGA Quanto maior o teor e o número dos elementos de liga, mais numerosas e complexas são as reações Todos os elementos de liga (exceto o Cobalto) deslocam as curvas para a direita, retardando as transformações Facilitam a formação da martensita *** Conseqüência: em determinados aços pode-se obter martensita mesmo com resfriamento lento 22 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS EFEITO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA/ELEMENTOS DE LIGA NAS CURVAS TTT AISI 1335 AISI 5140 23 Mesmo teor de carbono mas com diferentes elementos de liga Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS COMPOSIÇÃO QUÍMICA/ELEMENTOS DE LIGA AISI 4340 neste aço é possível obter bainita por resfriamento contínuo 24 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS COMPOSIÇÃO QUÍMICA/ELEMENTOS DE LIGA AISI 1321 cementado as linhas Mi e Mf são abaixadas. Neste aço a formação da martensita não se finaliza, levando a se ter austenita residual a temperatura ambiente. 25 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS TAMANHO DE GRÃO DA AUSTENITA Quanto maior o tamanho de grão mais para a direita deslocam-se as curvas TTT Tamanho de grão grande dificulta a formação da perlita, já que a mesma inicia-se no contorno de grão Então, tamanho de grão grande favorece a formação da martensita 26 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS TAMANHO DE GRÃO DA AUSTENITA No entanto deve-se evitar tamanho de grão da austenita muito grande porque: Diminui a tenacidade Gera tensões residuais É mais fácil de empenar É mais fácil de ocorrer fissuras 27 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS HOMOGENEIDADE DA AUSTENITA Quanto homogênea a austenita mais para a direita deslocam-se as curvas TTT Os carbonetos residuais ou regiões ricas em C atuam como núcleos para a formação da perlita Então, uma maior homogeneidade favorece a formação da martensita 28 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS TRATAMENTOS TÉRMICOS E CONTROLE DA MICROESTRUTURA Finalidade: Alterar as microestruturas e como consequência as propriedades mecânicas das ligas metálicas 29 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS OBJETIVOS DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS - Remoção de tensões internas - Aumento ou diminuição da dureza - Aumento da resistência mecânica - Melhora da ductilidade - Melhora da usinabilidade - Melhora da resistência ao desgaste - Melhora da resistência à corrosão - Melhora da resistência ao calor - Melhora das propriedades elétricas e magnéticas 30 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS PRINCIPAIS TRATAMENTOS TÉRMICOS DOS AÇOS Recozimento Normalização Têmpera e revenido Coalescimento ou esferoidização 31 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS RECOZIMENTO Objetivos: - Remoção de tensões internas devido aos tratamentos mecânicos - Diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade - Alterar as propriedades mecânicas como a resistência e ductilidade - Ajustar o tamanho de grão - Melhorar as propriedades elétricas e magnéticas 32 - Produzir uma microestrutura definida Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS NORMALIZAÇÃO Objetivos: Refinar o grão Melhorar a uniformidade da microestrutra *** É usada antes da têmpera e revenido 33 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS TÊMPERA E REVENIDO Objetivos: Obter estrutura matensítica que promove: - Aumento na dureza - Aumento na resistência à tração - redução na tenacidade *** A têmpera gera tensões deve-se fazer revenido posteriormente 34 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS REVENIDO *** Sempre acompanha a têmpera Objetivos: - Alivia ou remove tensões - Corrige a dureza e a fragilidade, aumentando a dureza e a tenacidade 35 Eleani Maria da Costa - DEM/PUCRS ESFEROIDIZAÇÃO OU COALESCIMENTO Objetivo Produção de uma estrutura globular ou esferoidal de carbonetos no aço melhora a usinabilidade, especialmente dos aços alto carbono facilita a deformação a frio 36