Por que faltou a frase mágica: “o estado da nação é bom”?
Escrito por Olívia Massango
Quarta, 24 Junho 2009 12:53
Missão cumprida. Entre elogios e críticas que soaram ontem e continuarão a ecoar hoje,
amanhã e nos próximos dias, apenas uma certeza pode brotar: no antinente à alínea (b) do
artigo 159 da Cons­tituição da República, o Presidente da República já não deve nada. Já
prestou contas dos seus cinco anos de governação. E mais uma vez, mas com a estratégia
reformulada, isto é, sem usar as palavras habitu­ais, mas dizendo..., fez uma avaliação positiva
do estado da nação.
Infelizmente, como tinha dito no meu artigo sobre o informe do ano passado, que não ansearia
pelo último, porque supunha que para além do que tinha sido dito naquele dia, apenas uma
meia dúzia de palavras seria acrescentada, hoje testemunhei o meu prognóstico. Mas, com
felicidade de não ter ficado decepcionada como ficara no passado.
Hoje, compreendo que não compreendia o Chefe do Estado e, tal­vez, menos ainda o sistema
político nacional. Hoje, compreendo que as expectativas criam-se em função do nível de
conhecimento que temos sobre as coisas. Portanto, se o mar é azul, porquê sonhar em acordar
com um mar vermelho? Teimo ser masoquista e continuar a fantasiar a minha realidade...
Assim, a expectativa de um informe mais analítico e pouco descri­tivo ficou hóspede do
passado num espaço vedado para a liberdade como se de prisão perpétua se tratasse. E, por
essa razão, aprecio o último informe do Chefe do Estado sobre o estado geral da nação,
porque respeito a sua génese e compreendo o seu alcance. Afinal, ninguém deixa a casa suja
quando quer receber visita. E, num ano eleitoral como este, a apresentação dos problemas
pode ser adiada para o começo de um novo mandato. Até porque faz sentido come­çar um
mandato apresentando os problemas (para fugir às críticas) e terminar com os loiros (também
para fugir às críticas).
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Por que faltou a frase mágica: “o estado da nação é bom”?
Escrito por Olívia Massango
Quarta, 24 Junho 2009 12:53
Fazendo valer a minha memória selectiva, deixei emergir no meu pensamento uma frase que
ouvira de Armando Guebuza: “o mundo não é branco nem preto é cinzento”. Ontem, ganhei
mais lucidez sobre o valor desta expressão, no sentido em que a uns cabe pintá-lo de branco e
a outros de preto e, de imediato, o que se vê é um mundo cinzento. E cumprindo com a sua
função no sistema, o Chefe do Estado fez a sua parte (com pincel branco) e os críticos farão a
sua (com pincel preto).
Assim caminha o mundo...
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