Qualidade de vida e saúde do estudante de medicina: uma revisão de literatura Lívia Graziella Oliveira Zadra 1 ([email protected]) Jhonson Tizzo Godoy 1 Ana Cláudia Leite da Silva Ferreira 1 1 PUCMINAS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (R. do Rosário, 1.081 Bairro Angola - Betim - MG - CEP 32604-115) Introdução O interesse na definição e mensuração de qualidade de vida (QV) consolida-se com o crescimento e o desenvolvimento econômicos ocorridos após a Segunda Guerra Mundial. Na última década foi observada uma tendência de se utilizar definições que abranjam toda a extensão conceitual de QV.1 O tema QV quando aplicado à realidade do estudante de medicina, é amplamente discutido por toda a comunidade científica, sendo encontrados na literatura atual incontáveis trabalhos que buscam, enumeram e analisam as nuances responsáveis por mudanças dessa qualidade de vida. A sistematização de tais achados possibilitará a compreensão do atual cenário em que o estudante está inserido e subsidiará a proposição de ações concretas e eficazes para a melhora de sua QV. Consumo de álcool e outras drogas O consumo de substâncias psicoativas, principalmente do álcool e do tabaco, vem crescendo em toda a população. Diversos estudos obtiveram como resultado o grande consumo de álcool e tabaco entre os estudantes de medicina, mantendo a média encontrada na população geral. A terceira droga mais consumida é a maconha e concluiu-se que o ambiente universitário influencia o uso de drogas. Constatou-se que há o aumento do consumo de ansiolíticos em detrimento da diminuição do consumo de estimulantes ao longo do curso, indicando desgaste no domínio psicológico dos estudantes ao longo dos seis anos de curso. Sendo assim, o consumo de drogas de abuso causa considerável interferência nas atividades diárias de alunos e representam risco de dependência química, maior incidência de morbidades psiquiátricas e comprometimento da atuação profissional. 2-5 Depressão, ideação suicida e transtornos mentais Ser estudante universitário agrega ao jovem fatores de risco para o desenvolvimento de quadros de neurose e depressão, por estar constantemente exposto a situações de estresse, além de viver o paradoxo de se sentir adulto mas não estar socialmente maduro para exercer o papel para o qual é destinado. Para o acadêmico da medicina há aumento dessavulnerabilidade relacionada aos padrões curriculares impostos pelo curso. Estudos apontam que cerca de metade dos estudantes de medicina apresentam sinais de transtorno depressivo e que, na medida em que avançam no curso, a tendência é de apresentarem mais sintomas depressivos. A incidência de transtornos mentais é superior à média da população brasileira, e de países industrializados e maior do que a encontrada em outros cursos da área da saúde como odontologia e nutrição. 6,7 Já em relação à ideação suicida aponta-se que a perda da onipotência, da onisciência e da virilidade idealizadas ao longo do curso de medicina, aliados à crescente ansiedade pelo temor de falhar são os responsáveis pela ideação suicida entre médicos e aspirantes. 8-9 Stress e enfrentamento do stress Pesquisas demonstram a presença de fatores estressantes na educação médica e sua consequência para a saúde dos estudantes. A redução do estresse e a melhoria da qualidade de vida do estudante são uma forma de promover neles a criatividade e a iniciativa, capacitandoos a lidar melhor com as necessidades psicossociais dos pacientes.9 Conclusão Diversos caminhos podem ser utilizados para promover a qualidade de vida do estudante de Medicina. Cabe também aos educadores da área da saúde a responsabilidade do cuidado no ensino e na prática da relação médico-paciente/comunidade, da relação profissional e da relação educador-educando, pois as atitudes do cotidiano são mais efetivas do que o aprendizado da teoria durante as aulas. Além disso, a universidade deve dispor de suporte psicológico e pedagógico, em especial àqueles que passam por dificuldades. REFERÊNCIAS 1 - SEIDL, Eliane Maria Fleury; ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Quality of life and health: conceptual and methodological issues. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, abr. 2004. 2 - PADUANI, Gabriela Ferreira et al. Alcohol and tobacco use among medical students of the Federal University of Uberlândia. Revista brasileira de educação médica, Rio de Janeiro, v. 32, n. 1, mar. 2008. 3 - PETROIANU, Andy et al. Prevalence of alcohol, tobacco and psychotropic drug consumption by medical students of the "Universidade Federal de Minas Gerais". Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 56, n. 5, 2010. 4 - TOCKUS, Deborah; GONÇALVES, Priscila Samaha. Detection of drugs abuse among Medicine students in a private university. Jornal brasileiro de psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, 2008. 5 - ALVES, João Guilherme Bezerra et al. Quality of life among first and last-year medical students: an evaluation using Whoqol-bref. Revista brasileira de educação médica, Rio de Janeiro, v. 34, n. 1, mar. 2010. 6 - REZENDE, Carlos Henrique Alves et al. Prevalence of depressive symptoms among medicine students of the University Federal of Uberlândia. Revista brasileira de educação médica, Rio de Janeiro, v. 32, n. 3, sept. 2008. 7 - COSTA, Edméa Fontes de Oliva et al. Depressive symptoms among medical intern students in a Brazilian public university. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, vol.58 no.1, jan./feb., 2012. 8 - MELEIRO, A.M.A.S. Suicídio entre médicos e estudantes de medicina. Revista da Associação Medica Brasileira. São Paulo, v. 44, n. 2, jun. 1998. 9 - ZONTA, Ronaldo; ROBLES, Ana Carolina Couto; GROSSEMAN, Suely. Stress coping strategies developed by medical students of the Federal University of Santa Catarina. Revista brasileira de educação médica, Rio de Janeiro, v. 30, n. 3, dec. 2006.