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Heitor da «Lu?, demonstrou dcscmfoccr pontos essenciais da obra «le íomic t t Ignora. p»«r escmpto. haver Ciunte proposto fa/er do estudo das generalidades vieniifkas uma csprtttalklâdc a mais, visando a minorar •* efeitos da cvpwtaliraçâo «*sagerada, Jamais pretendeu Comte os sonibm-&*% tr*audavsem tuda de que ••¦'-¦ as ciências' f violentar demais o seu pensamento _iributr<lhc tio absurda intenção, Ele próprio odarece. na pagina 20 do I.0 volume du «Turvi Je Fdnuitia Paülaa 15„* ed.l. nâo pretender dar ai um curso de ciências ;¦:!¦....• i.rcfa unpowivd para qualquer cérebro, mav de tilatafia das ciências. Considerava indispen* vivei o conhecimento do que e uma "««bvervar**. do "lei", do que k que k "concepção uma ptniiha" I...I. Nada melhor do que iranscrcvermos as "Ê palavras do práppo filósofo: impossível deisar de rectinhecer os inconvenientes capitais acarretadov pela divisão do trabalho intelectual & vista da escesviva panicularidade das idéias que exclusivamente ocupam cada inteligência individual... Tratemos de remediar o mal. antes que se torne maiv grave... Basta, paru tal. lazer da estudo das generalidades cientificas uniu grande especialidade a mais". Para maiores esclarecimentos veja-se o primeiro volume do Curso de Filosofia Positiva, pgv. 22 a 2h da edição citada. (...1 Nu que ve refere á teoria dav probabilidades, reconheço ler havido de minha parte uma impropriedade de rtpfnvV ao duer ser essa trona "a ¦ ¦¦¦•¦¦•¦¦> da estatKiSYa rm*terna*% Sa verdade, k apenas um do% -eus impor* i_nit-s invttumenios Errou, entretanto, o articultvitt sw» afirmar que Cumte nào considerava a teoria das prvtbaMltdadcs ilusória'•* em si f .'...«-.«lu.-»..!• • quem ser a mesma nloapeoâv ¦ ' ¦¦¦*¦•¦ \a mas também uma pretenva «slncia e uma aberração do• pensamento W«jv»*«fWo Vejamos, no 2 volume do Curso, nota ã página 282.° "Quanto a concet „ - "'••••»IVi -»vobre a qual repousa uma tal doutrina, considerou radicalmente falsa e vuvcetivel de çondu/ir âs mais ahsur> das consequenciav «Nào falo apenas da •ptkacâo cvidcntcmcnie ilusória que. ci>m Irequirncia. m* tem icniado fa/er dela para o pretenso apeifcicoamento «Ias ciências sociais...r? u noçúo tundementai da probabilidade avaliada que mr parr*e diretamrnttf irmeional e mesmo iathtka jul»*>» _ esvençialmen* te imprópria para regular nossa conduta em qwilquer caso. a nio ser. quando rnuito%«n *¦--.-* dc arar". Nâo invivto e remeto as intcressadtH ao quarto volume do Cursa omle a fiknofo se manifesta com a monta veemência contra a teoria das prohabtltdaiies. t..J ••PedanlocralJl,, * Finalmente, c preciso querer distorcer muito o meu pensamento para di/er que transformei A. Comte em precursor da ONU! Na realidade, referi-me apenas á semelhança dc finalidades entre esva instituição e os aliov objetivos do filósofo quando proclama a necessidade dc uma doutrina geral sobre as relações eletivas das nações. Em outro ponto apresenta o articulista mais um equivoco. O f RECEBA EM CASA OS ÚLTIMOS LANÇAMENTOS Este é um novo serviço da Editora Inúbia. Enviando de cheque visado pelo Correio o anúncio acompanhado ou vale postal, você recebe, sem qualquer acréscimo ou despesa, as últimas novidades editoriais pelo mesmo preço das livrarias. Por favor mandem-me o(s) livro(s) assinalados no anúncio Nome: Estado: Cidade: D vale postal* no valor de Cr$ * vale postal pode ser adquirido em qualquer agência de Correio. Basta trorar a quantia em dinheiro a ser mandada por um documento para - ZC 20 Editorat Inúbia Ltda. Rua Abade Ramos, 78. Jardim Botânico - Rio de Janeiro - GB • mg opinião IIOAÇAO Uma publicação da Editora Inúbia Ltda. Fernando Gasparian D ECONOMIA, PAZ E HUMOR, John Kenneth Galbraith, Artenova, CrS 25.00 - 26 ensaios sobre economia, política externa americana e figuras políticas contemporâneas. D OS ÚLTIMOS DIAS DA MONOGAMIA. Louis Pauwels e Laslo Havas, Artenova, Cr$ 20.00 D MEIOS ECONÔMICOS E FINS SOCIAIS, Robert L. Heilbroner, Ex- quêspressão e Cultura, Cr$ 20,00 moderna, tionamento da economia cada vez mais apoiada na econometria. O autor propõe uma economia voltada para o homem. EPISTEMOLOForense, Cr$ Roger (DirOKS.AUISTIMTIS Arbndo Mongioli Ab»»l Silva Carlos Jurrxy Ài*>drod« Marcos Co<rti Castilho Ano Maria rV.sola Antônio José M«nd*« _va Salm Flâvio Lora Holona Dodorio là Amado João liiardo Maria Villda Nâd-a Voad Moreno R«jS*ina lamot Ronaldo Brito conisroNOCOTU. Alb»Kla Carbono (Am#r<a latina). Bornordo KuonsW. (Londros) José Bossa [Paris) Júlio César Monlonoaro (Brasília) Paulo Froncil (Nova York). Vanno Srocca (M,ldo|. Hamillon Almeida Ivan Maurício (Rocifo). Toooomiro (Salvodor) Braga (Bolo Hontonlo) Da- G O DIREITO DE SER HOMEM, seleção de textos organizada por Jeanne Hersch, Editora Conquista, Cr$ 50,00 - textos sobre o homem, o poder e seus limites, a liberdade, direitos sociais, servidão e violência, que inspiraram a Declaração dos Direitos dc Homem. D SEMEADURA E COSMO, Erich von Daniken, Melhoramentos, CrS 18,00. . Vold.r do Oli*«ira Câis«o lor.dano (dostrocrjos] Ditei Slvm (assiHantti) ,, noATons DIRETOR Concluindo, observamos que também o sr. Heitor da Luz "incorreu no wzo escolasiicista" que tanto condena, ao apontar o pioneirismo de Comte em vários setores. Esqueceu-se ademais o ilustre critico que ele próprio, na qualidade de jornalista, incide no desagrado do fundador da Religião da Humanidade e de seus fiéis adeptos do Apostolado Positivista do Brasil que sempre condenaram o jornalismo e a participação nele... De qualquer forma, merece aplausos B .;¦—_'->: Râd"gu*l Pviairo SEaiTAtIO Ot «DAÇiO A/iio".o Carlos F*r>«>ia Ríodc Janeiro. GB "Veio ctcolaMicisU" IDITOttSÇOHHIIUIlWtS Ag_ moldo Vvo Alort>c ÍÍQndí Gonon Tollor Gomo* Joon-Oaudo BornorrJol Sérgio Augusio tono» Sofia Beatrti Mt» Pelsoto No que dis respeito à preterição do sr. Heitor da Lur contra a Unher* sidade. k sem dúvida uma reminiscência do Apostolado Positivista do Brasil, onde um de seus fundadores. Teiseira Mendes, em IM*. csunbaieu vcemeniemente o protelo de criação de uma UnHer* sidade em nosso país, Talver haja contribuído para esta atitude de Teiseira Mendes o fato dc ter sido ele. com Miguel Lemos, suvpenvo por doic artos do curso de engenharia pdo diretor da Escola Politécnica. Visconde do Rio H;..!¦..«• I nâo é só, 0 próprio Comte. que tanio entusiasmo inspirou a Teiseira Mendev. encheu-se de rancor contra o ensino oficial e contra as Universidades por ter fracassado a sua aspiração dc ser catedráiico da Escola Politécnica de Paris. D-ECOLOGIA GERAL, joz. Vozes, Cr$ 40.00. D cheque visado por ter apresentado uma critica que revela leitura dos Qpúteumt e uma rrflesào pessoal, frtsratto D PSICOLOGIA E GIA, Jean Piaget, 20,00. ZC Endereço: "•Jdkioso" termo ptdmtotrttê nlo foi . i -.-. • - por Comte. mas sim por Stuan Mili. a quem o filósufo, em cana de 2*) de maio de Ih42. pede licença para empregar o referido vocábulo em suas «?nras, ADMINIJTtAÇAO CIKNTI AOMINliTMMVO Raimundo Androdo Assinatura para o Brasil, C/S 1*0 00 a anual • Ot 65 00 o somostral, poro o o-lorior. USS 30 a anual • USS ' 5 o somostral Envio por via oéroa ou pólos wrviçot postau do ontroga rápida Rodoçoo fluo Abado Ramas. 78. Jardim Botânico Rio do Janoiro. •«Itfonos 1*ib 7*bb a 7-6-17.4 Administração, i.l.lon. Abril i. A. 3.41324 Dnlfibu,(9o Cu"ufQl • Industrio! Rua Emílio Gaoldi. 375. lapa. Suo Paulo Composto • Improsso na Editora Mary Lido.flua do Rosondo. 65 Rio do Janoiro, Hetpondenda a Sofia Beatriz Peixoto: errada ao Heeanhecemat haver"eípeeteltdudes supor que a exptestão a mait" nâa podia ser de Comte. Lrmbremui. parem, gue hà nâa um Comte. mas dais. seperadot par um <:¦¦-!"• de paranóia em gue a filótafo nào hciita.a em asunar-w Napoleâo Bonaparte. como qualquer louca de piada, a segunda Comte ê em certo temida a negação da primeiro I que a palavra usada pria socióloga — minorar — rrur pela rui: a idéia de Comte. que • '..¦• remediar. Sâo caiou muíio diferentes, e diferente será o «•mino. segunda sise a ter um mem paliativa au um real remidio para o espeeiaUsmo. Quanta á teoria das probabilidades, a sociiduga. parece-nos. não nota que a frase de Comte. i. pelo menos aparentemente, contraditória leomo a teoria das probabilidades pode ser "diretamente irracional e mesmo sofistica", e ao mesmo tempo ser ..;¦'(« -¦• ¦ / «inda que "quando muito", nos jogos de azar? 0 absurdo tem aplicaçties?). A solução da contradição não é porém lão dijicil. para quem se der ao trabalho de estudar o desenvnlvimento histórico dessa teoria Comte condenava uma doutrina metafísica, oriunda de especulacm-s como a Jamosa "aposta" de Pascal, e não a que hoje os Jisicos utilizam na Termodinâmica e na Mecânica Quàntm, O iUnsafa noa podia condemtr a que nem sequer vtdumkruiê A airmuisàa da esprruào pedatt è um erro dr feto locrata u Comte "torcer a Irneneaa dt pmsemmta noa o-r aa considerar ilegiume e aprasimaeâo entre a seerrdheia comtieno r a ONU, Contínuo a considerar absurda em comparação .'•¦/•/•*• ittnoru — e pout cause — o que nu/u Comte era u própria bate de i*J-ta4 pragretúiia a separação do do iemjrarel. poder espiritual"prrsencaa" contra a Quanta à "'rtmindcênciaf' úa unntrudade e âi Aptataloda Pasinsista da Braul lcom o qual nâo tenho cotia alguma a vrrl. não pano deixar de considerar unttanàtka tua atitude de dizer que Teixeira Mendes e Miguel Lemas taram idunoi induciplinadai. punidos par grave suspensão: e que o próprio Comte foi um ambiciosa levado ao rancor peto fracassa, A verdade acerca desses fatos — que lançam sombra nâo sobre Teixeira Mendes. Miguel Lemos e Comte. mat sobre as instituições autortlàriat que ot puniram — está ao dispor de quem quiser insrstigà-lus. Digamot apenai que Comte \oi perseguido, como professor, por causa de suas idéias ptdiiicas. não foi qualquer insufieiincia profissional que o levou ao "fracasso". E que TM e ML foram punidos por denunciarem uma atitudr ao mesmo tempo demagógica e autoritária do Visconde de Rio Branco: a edição de centenário do Jornal do Commercio informa detalhadamente do que aconteceu. A esses três se aplicariam muito bem os versos irônicos de La Fontaine: "Este animal é muito mau — quando lhe batem, ele se de defende". Mas a instituição, para certas pessoas, lem sempre razão. IHeitor da Luz) D MEMÓRIAS, Agnp.no Gneco. G O CÓDIGO DOS SONHOS . CharEditora Conquista, volume 1 - Cr$ les Maillant, Civilização Brasileira. Cr$ 30,00 - confrooto das imagens 25,00 e volume 2 - Cr$ 30,00. oníricas com as diferentes interpretaD O DESAFIO DO FUTURO, Den- ções sugeridas pela tradição, o folcloms Gabor, Expressão e Cultura, Cr$ re, as teorias psicanal (ticas clássicas, 20,00 - as invenções cientificas e modernas e as decorrentes da medieitecnológicas e as inovações econòmi- na. cas, sociais e políticas dos próximos G OS GRAUS DA LOUCURA, Léon 50 anos. Michaux, Civilização Brasileira, CrS D ASPECTOS NEGATIVOS DA CO- 25.00. LONIZAÇÃO PORTUGUESA, Sa- D HITLER ANTES DE HITLER, muel de Paula, Brasiliense, Cr$ Jacaues Brosse, Artenova, Cr$ 20,00. 12,00. D O ESTRUTURALISMO E A MlDA RAZÃO. Carlos Nelson SÉRIA DA LIBERDADE, D O MITO B.F.Skmner, Edições Bloch, Cr$ Coutinho, Paz e Terra, Cr$ 20,00 concepe às ao estruturalismo crítica 17,00. ções de Lévi-Strauss, Michel FouG O HOMEM E A EVOLUÇÃO, cault, Roland Barthes e Althusser. John Lewis, Paz e Terra, Cr$ 18,00. D DEMÔNIOS DA LOUCURA, AlD O MILAGRE BRASILEIRO: dous Huxley, Companhia Editora CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS, Paul Americana, Cr$ 28,00. Israel Singer, Cadernos Cebrap, Cr$ D OS DIREITOS DO SEXO E DO 10.00. MATRIMÔNIO, vários autores, Vo— mudança dos conD CAMUS, VIDA E OBRA, Vicente zes, Cr$ 25,00 e matrimônio no catode .eitos sexo Barreto, José Álvaro Editora, Cr$ licismo. 14,00. G O JOGADOR, Dostoievski, Edi- G DIAS DE CLICHY, Henry Miller, Companhia Editora Americana, Cr$ ções Bloch, Cr$ 16,00. 15,00. G A GRANDE VIAGEM, Jorge Sem- Q A IGREJA E O ABORTO, Vozes, - coletânea organizaria pela prun. Edições Bloch, Cr$ 20,00. Cr$ 4,00 CNBB de declarações das conferénQ O AFOGADO, Abel Silva, José Ál- cias episcopais de diversos paises sobre o aborto. varo Editora, Cr$ 15,00 ALÉM DA EDIÇÃO BRASILEIRA OO LE MONDE OPINIÃO PUBLICA AINDA UMA SELEÇÃO DE ARTIGOS DOS SEGUINTES JORNAIS E REVISTAS «2^c toasl)tii9ton jj)0í>t CTARDIAN The New Tork Review ofBooJu aa^aatBaa>aaAaiaaV«aSsSs»<Jata^^ **^W"ailf«Wa?rW^! O escolhido "O candidato tm qut me detrit «-tcocht. dc mede *uperabui*dantt. sts pre**upostos. havendo a mais mpltta segurança dt qut nio rmittrè. uma «ti rn*tstrde na «tidtncra da República, sofra iilqucr desvio a filosofia eeorsômiei. ciai t política a que se filia a ordem «"ItHi-.niru "Ouero refenrme ao nome. sob oi ;uros ilustre», do general Ernesto ctstl". )as palavras duas pelo presidente «*>/)'» Gamwusu Stidtci durunte eumão au* mameve com os memhms "j Comissà** I««-.uh.a Sactonal da \Rt.SA, segunda-feira, dia In dr unho passado! nação recebeu o comunicado A «le que •• seu futuro presidente da República será o general de Exército reformado Erne*to Geisel. b5 anos em 4gmt<«. da arma de Anilharia, atual prcstdenre da Pctrobras. ex-chefe do Gabinete Militar (cargo equiparado ao de ministro «le E*la*do) d«» presidente Humberto Castello Branco, irmão mais noso do ministro do Exército general Orlando Geiscl, Outra vez. repetindo o que aconteceu em outubro de i •¦'• quando foi escolhido para a presidência da República o general Emílio Garrastazu Mediei, as pessoas mais modestas se confundirão e errarão ao repetir o nome — Gatsel na pronúncia correta — do noso chefe de Estado. Para a quase totalidade dos brasileiros tnicia-se nesta semana um longo c lento processo de conhecimento da fisionomia, da personalidade, do estilo, da biografia do futuro tm processo de presidente, conhecimento que antigamente se consumava parcialmente durante a campanha eleitoral em que os candidatos disputavam o voto popular e se faziam revelações sobre as intenções e o passado dos que pretendiam governar a nação. Para uma boa parte, talvez a maioria, dos participantes da seleta minoria dos que acompanham com alguma atenção os acontecimentos políticos nacionais, a escolha do general Ernesto Geisel não foi exatamente uma surpresa. Não se sabe em virtude de quais indiscrições, esse nome já era citado com notável conslância há mais de dois anos. nas discretas previsões das rodas políticas, entre jornalistas, empresários, e outras pessoas interessadas nesse gênero de especulação. Mesmo esses, porém, que haviam ouvido falar na possibilidade de Ernesto Geisel vir a ser o sucessor de Emílio Mediei, pouco ou quase nada sabem a respeito do homem que será oficialmente lançado candidato na convenção da ARENA em meados do segundo semestre, que será eleito por um Colégio eleitoral basicamente formado pelos membros do Congresso Nacional em janeiro de 19T4. e a 15 de março subirá solenemente a rampa do palácio do Planalto para governar o país de uma grande sala de três ambientes que fica no terceiro andar. § Para todos, a grande questão do momento é traçar de forma razoavelmente segura o perfil políticoadministrativo do futuro presidente, descobrir o que vai mudar no Brasil depois da sua posse. Enfim, o que representa para cerca de 100 milhões tle brasileiros a ascensão desse general de testa larga cortada por longas rugas horizontais que desde abril de 1964 deixou a caserna para exercer as altas funções de chefe do Gabinete Militar da presidência da República, de ministro do Superior do Tribunal Militar e de presidente da maior empresa do país? Embora a cogitação do nome tenha sôfrega criado uma enorme, curiosidade em torno da figura de Ernesto Geisel nos últimos meses, os elementos disponíveis para responder a essa pergunta são ainda insuficientes. Tudo indica que quase nada mudará desde logo na vida desses milhões de brasileiros. O general Geisel. segundo algumas pessoas que o conhecem melhor, embora seja o que se costuma "um homem de idéias definir como próprias", é pouco afeito a rompimentos drásticos. E a transferência de p»4er que agora st enuncie esti muito tone* de representar um destro radical nm r«ajno* do atual «josemo Gèvkho de Bem o Gonçalves (Uno dc — lídta Hwtmann e Augusto («odbermc Getsci — dr rtltglio luicraka, Ernesto, da mesma forma que tiots dos seu* ires irmãos, ingressou na carreira militar e ter» minou o curso da Escola Militar do Rcalenií»» em l**2b, um ano depus do presidente Mediei, dois anos depois que seu irmão Orlando No exército, tez todos os cursos exigidos part shegar a general > Aperfeiçoamento. E*tado»Maior e Escola Superior de Guerra) e mai* o The Army Çomanded and General StatT College. no* E*tado* Unidos Em sua carreira foi adido militar no Uruguai, adjunto do Estado» maior da* Força* Armada*, membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra, chefe da 2a. Secção do E*tado»Maior do Exército. Ma* o general Ernesto Geisel exerceu também sinos cargos e cumpriu tarefa* mai* *ignificativa* para quem deseja situá-lo do ponto de vista político. Em l*»35 foi secretário da Fazenda do gosemo da Paraíba e 20 ano* depois, quando Café Filho assumiu a presidência da República depois do suicídio de Getúlto Vargas..foi subchefe da Casa MilitarDurante o governo de Juscclin/ Kubitschek participou de ur*-^~aat*»-**iio importante que tornou pública sua atuação habitualmente discreta. Um episódio relacionado ao petr«Mco. setor ao qual Ernesto Geisel viria a ligar grande parte da sua vida. e que ficou conhecido como o caso da refinaria de Capuava O grupo Soares Sampaio, antes do monopólio criado em 1953. havia ganho a concorrência para instalar em São Paulo a refinaria Capuava. com capacidade para refinar 10 mil barris por dia. Como quase sempre acontece, tratando-se de petróleo, era um excelente negócio. Dois anos depois da concorrência, em 1948. o grupo Soares Sampaio recebeu (segundo alguns conseguiu receber) um agradável e por isso mesmo estranho ultimato: estava obrigado a construir uma refinaria não mais para 10 mil barris dia. mas para 2i> Sabedores da importância da definição de capacidade naauele momento, em que poderia licar definitivamente estabelecido quem comandaria um setor absolutamente fundamental para os destinos do pais. os dirigentes do grupo fizeram um projeto não para 20 mil barris dia porém para 40 mil. Com a criação do monopólio estatal e. em ly>*. da Pctrobras. surgiu a questão de permitir ou não que Capuava trabalhasse acima da quota que lhe havia sido destinada. E em 1956 esse assunto foi tratado no Conselho Nacional tio Petróleo (CNP). O processo |á tinha 25 volumes c foi organizado o 2b.°.Na ocasião o relator designado, coronel Macedo Costa, deu a parecer favorável a que tendo refinaria uma capacidade nominal de 20 mil barris dia mas sendo a capacidade real superior (em média estava refinando 31 mil) lhe fosse permitido produzir nos limites da capacidade real. Contra esse parecer insurgiu-se o conselheiro Jesus Soares Pereira, represesentante do Ministério da Viação. Soares Pereira sugeriu que Capuava fosse compelida a refinar tanto quanto pudesse, ou seja. 40 mil barris/dia. mas que passaria a produzir para si próprio apenasjd que lhe era permitido pela concessão (20 mil) devendo entregar o excedente ao monopólio estatal mediante uma remuneração por serviços prestados que seria posteriormente estabelecida. Embora se afirmasse na época que o presidcnie da República não gostaria de desagradar o grupo Soares Sam-' em virtude paio. a verdade é que talvez da grande movimentação que o caso resolveu (contra provocou. Kubitschek CNP do que havia a recomendação seguir o relator) do voto o adotado caminho proposto por Soares Pereira. Logo depois desse incidente o coronel Macedo Costa, representante do ministério da Guerra (hoje do Exército), era substituído pelo coronel Ernesto Geisel num ato considerado de Assunto liquidado A tucottõo viste do Polòclo dio Plorsolt© i dois meses atrás, no »'*:*• tio do Planalto, nio sc tocata nem no problema nem na solução. Sim» plesmcnte nâo se fa'a*a de sucessão, ou quando se falava era para desmentir especulações ou desafiar com reticências soluções ditas irreversíveis; a palavra do presidente da República, hi um ano. na inauguração do Palácio do Ministério da Justiça, havia fixado uma data e somente a partir do segundo semestre de I9*>3 o nome do candidato e o processo da sucessão presidencial senam discutidos. Sio se esperavam grandes e generosas sur* presas como o restabelecimento do soto direto. Mas mesmo quanto is possíveis surpresas de pequeno porte, disputas maiores em torno de um ou <«ulr«t •¦••¦•- de general, criou-se uma notisel curiosidade nos meios políticos. Havia apostas na rua e dúvidas dentro do próprio g«nerno. Na verdade, muito poucos acreditavam que o prazo estabelecido por Mediei tosse respeitado. Uma afirmação quase inacreditável no entanto, começou a ser repetida no "O Palácio: presidente nâo falou de sucessão, nem com os chefes da Casa Civil. Casa Militar e SNT*. E. se um assunto de Estado, no governo Mediei, não i tratado nem nas duas reuniões diárias de Mediei com seus três colaboradores mais Íntimos está-se. com toda a certeza, diante de sinal evidente de um segredo indevassável. como nâo se conheceu outro no atual governo. Pelas especulações, tentativas de articulações dc nomes (que chegaram a envolver jornais, que passaram a projetar personalidades civis e militares na tentativa de transformalos em soluções), pelos boatos e intrigas, tudo indica que o próprio Mediei foi o principal responsável pelo cumprimento da decisão de confinar ao segundo semestre de 1973 o problema da sua sucessão. Na semana passada, vencido de quase dias a barreira do primeiro semestre, o próprio presidente ultimou definitivamente o curto (pelo menos na sua pane visível a olho nu) processo de encaminhamento da sua sucessão. E os que confiaram no favorito, sem se iludir com a ás vezes tentadora filiação das segundas forças do páreo, já podem recolher o resultado das suas apostas. Na conclusão desse processo, segundo colaboradores diretos do Palie» do Planalto. Mediei nada mais fci do que aplicar seus conceitos militares; para um chefe militar a dualidade de comando é um perigo tio grande quanto o inimigo, E dessa dualidade ninguém sc livra *c o chefe, com prazo para deitar o comando, tem o *uce*sor conhecido muito cedo. ou simplesmente é ameaçado por um sucessor adverso ou írwliferente. O presidente, de ac«»nfo com *cu* auxiliares. fixou a meta de dirigir pessoalmente a sucessão e forçou um plano, que foi deflagrando aos poucos, O primeiro passo fot adiar o problema. Hi pouco mais de um mês. no entanto, aproximando-se a data estabelecida, uma noticia inesperada alvoroçou o Palicio do Planalto: o presidente da República havia quebrado o jejum sobre o assunto proibido e conversado com o chefe da Ca*a Militar, general Joâ«> Batista Figueredo. Era uma revelação tão *en*acional quanto impostivel de se •tptirar. jà que «»chelc da Casa Militar jamais quebrou seu absoluto alheiamento público de problemas governamentais fora do terreno militar, sua área exclusiva. Mas a revelação — anunciada confiden* cialmente por fontes muito bem colocadas e interessadas na preser* vaçào da autoridade de Mediei — foi um indício suficiente de que o assunto amadurecia. Dias depois, a crise com a renúncia do ministro Cirne Lima. da Agricultura, seguida da viagem do presidente a Portugal, no lugar de adiar o problema, apenas estimulou-o. O epistáío da chamada a Lisboa do general l.yra Tavares, embaixador em Paris, e sua longa conversa reservada com o presidente, inspirou muitas hipóteses, logo desfeitas por artificiais. Há 15 dias. porém, o próprio presidente Mediei para alguns dos seus auxiliares pintou o retrato falado do homem que desejava indicar para sucedc-lo. E deu como traço fundamental não ser alguém abertamente interessado no posto, mantendo a tese dequea presidênciada República é uma missão, náo um fim de carreira a ser perseguido. Tese coerente com o seu comportamento e pronunciamento público em 1969. Os outros contornos nào divulgados não são difíceis de imaginar. Ao mesmo tempo, estabeleceu um cronograma do processo sucessório que desejava cumprir: primeiro se fixaria num nome e procuraria convencê-lo a aceitar a missão. Depois o nome escolhido seria submetido aos chefes militares para a necessária consagração, por um sistema de consulta que só o presidente e os ministros militares conheceriam. tendência nacionalista. E Geisel foi imediatamente incumbido de estudar e relatar a forma de remuneração de Capuava pelo excedente refinado para a Petrobrás. A fórmula proposta por Geisel apesar de considerada in-^ suficiente pelos interessados foi tida como justa pelos chamados setores nacionalistas então empenhados no fortalecimento da Petrobrás. Depois de março de 1%4 Ernesto Geisel veio a ocupar o seu mais alto posto de governo, a chefia do Gabinete Militar do presidente Castello Branco. Como de hábito, seu desempenho foi reservado. Sua participação mereceu maior publicidade numa missSo extremamente delicada, que tem servido para indicar o seu estilo em assuntos dessa natureza. Diante das denúncias de que pessoas presas no nordeste não estariam recebendo um tratamento condizente com a dignidade humana, Castello determinou a Geisel que procedesse a uma investigação local. Depois de visitar a região, ouvir os presos e as autoridades, e tomar conhecimento do que se passava Geisel apresentou um • relatório negando a ocorrência das irregularidades apontadas. Os que discordavam dos termos desse relatório contudo admitem que apesar de existentes as irregularidades e de ninguém haver sido punido, os fatos denunciados diminuíram de inten- sidade logo após a visita de Geisel. Depois de deixar o Gabinete Militar Ernesto Geisel foi para o STM. Lá sua atuação foi mais uma vez discreta, bem ajustada à consciência dos rumos do movimento de 1%4. O seu voto não se contava eomumente entre aqueles que de forma constante concediam os "habeas-corpus" solicitados por presos civis submetidos a inquéritos policiais militares. Com o advento do governo Mediei, Ernesto Geisel foi nomeado para a presidência da Petrobrás-^ aposentando-se no STM. Há informações bastante verossímeis de que ele tentourecusar o cargo. Teria dito então que não tinha nenhuma aspiração em assumir o posto. Mediei porém insistiu, alegou que ele próprio não queria ser presidente da República, que só havia aceitado a investidura como uma "missão a cumprir" e que da mesma forma estava delegando uma missão, nesses termos, irrecusável. E diante disso Geisel teria finalmente aceito. Sua primeira sugestão ao Conselho Nacional de Petróleo, no dia em que foi agradecer o comparecimento dos conselheiros à sua posse na Petrobrás, relembra os idos da década de 50. Sugeriu que o pagamento à refinaria de" Capuava pelo excedente refinado para a Petrobrás que tinha sido majorado durante o governo Costa e Silva retornasse aos níveis por ele Na quinta-feira da semana passada. 14 dc julho, ao desembarcar do One Eksen presidencial no Aeroporto Militar de Brasília. Mediei ji havia cumprido grande parte do seu cronograma *uce**Ario. ao menos o primeiro, e pane do segundo itens. Solenemente. ou*iu o arranjo resumido do Hino Nacional, recebeu continências e concedeu longas audiências ao vtcc-prcstdente Augusto Rademacker. ao ministro da Aeroniutica. brigadeiro Joelmír dt Araripe Macedo, ao minittro da Justiça. Alfredo Buzaid. c ao presidente da ARENA e do Congresso Nacional. Filinto Strubling Muller. Demorou »*e no Aeroporto por mai* de "•D minutos, para ter todas c**a* conversas. No Rio. no Acrop.no do Galeão, eom «• One Elcsen impedido de lesan* lar s.V» des ido á nésoa seca. o presidente conversou longamente, por quase duas horas, a sos. com os ministros general Orlando Geisel e almirante Adalberto de Barro* Nune*. do Exército e da Marinha, que ali foram para as despedida* protocolares. Como a escolha d«» noso pre*idcnte. de acordo com a Emenda n.u I da Constituição dc l%".seri feita por um colégio eleitoral, a regulamentação do referido colégio eleitoral foi con* siderada pelo governo um ato do processo sucess&io e. portanto, in* cluído entre as providências que Mediei programou para o segundo semestre de 19"3. Foi em sirtude disso que o chefe da (asa Civil, protessor Leitão de Abreu, instruiu o então presidcnie em exercício da ARENA. senador Petrõnio Portela (Muller estava na Argentina) a obstar o seguímento do projeto Marcelo Medeiros para aguardar a apresentação do projeto do executivo. E. para transmitir a orientação oficial e dos andamentos ao processo legislativo de aprovação Leitão de Abreu convocou os líderes da ARENA para uma reunião e pediu a Muller que indicasse logo o presidente da Comissão Mista do Congresso, que no prazo dc 45 dias apreciará e votará a regulamentação do Colégio Eleitoral. O escolhido foi o senador Daniel Krieger. curiosamente o líder do governo Castelo Branco no Congresso, politicamente afastado das decisões revolucionárias desde dezembro de 1%8. Pouco depois das 18 horas de quinta-feira passada, quando os parlamentares deixaram o Planalto e atravessaram a pé a Praça dos TTês Poderes. a questão sucessória já podia um assunto ser considerado definitivamente resolvido. propostos no governo Kubitschek. E depois da construção da sua refinaria em Paulínea para atender ao mercado paulista a Petrobrás apresentou ao CNP a segunda proposta determinando que cesse a obrigação de Capuava de produzir para o monopólio retornando a refinaria particular para os 20 mil barris diários previstos na concessão. O argumento foi o seguinte: se alguém tem que trabalhar com capacidade ociosa que seja a empresa privada que pretendeu exceder os limites da sua concessão e não a empresa pública. E esse é o personagem que na segunda-feira desta semana foi solenemente apresentado como candidato oficial á sucessão do general Emílio Garrastazu Mediei e que, dentro de poucos meses, entrará para o cotidiano de todos os brasileiros. Leia e assine opinião _\ ll«^|i««i.iiijiwii!^^ viagem que o ministro Gibson A Barbosa, das Relações Exteriores, inicia nesta vcgundadcira a paises andinos será uma sondagem bilateral, sobre as tendências e disposições de cada um dos países a serem visitados. O trabalho será basicamente de aproximação e os projetos que serão negociados tím a função de tornar 'substanciais conversações que poderiam parecer excessivamente abstraias. Realizada em duas etapas (a primeira inclui a Colômbia e Venezuela, encerrando-sc no dia 13: a segunda, o Peru. Bolívia e Equador, em julho), a viagem do chanceler é um esforço no sentido de uma das linhas mais reiteradas pelo Itamaraty nos últimos anos: o estreitamento político com o continente. Alguns projetos, conduzidos sob sigilo, como a construção dc um gasoduto ligando a Bolívia ao Brasil, sofrem restrições às vezes, profundas por pane de setores econômicos do governo, embora sejam entusiasticamente conduzidos pelos negociadores do Itamaraty. Acontece que além de um gasoduto — que por si pode nào significar um grande negócio — existe um enorme complexo de intercâmbio econômico que aproximará bastante os dois países. As autoridades do Itamaraty definem a missão de Gibson como "um trabalho dc abrir avenidas para o intercâmbio binacional". E não estão falando apenas em sentido figurado: serão examinadas as assinaturas de acordos sobre marinha mercante, transporte aéreo, na Venezuela, a implementação da declaração assinada pelos Presidentes Mediei e Caldera sobre estradas de rodagem. Diplomatas atribuem o súbito interesse brasileiro pela comunicação com seus vizinhos amazônicos ao novo interesse que a região passou a ter para o desenvolvimento nacional, com a "ocupação de um território que antes era um verdadeiro deserto". Só a ifjfe' f&JZrV M Mm &. -ip i f *J i) r a$frjB: enmm Colômbia possuí 2.IH quilômetros de fronteira com o Brasil, inteiramente dentro da Amazônia. Ainda que otimista, com o aumento do volume dc exportações para a Colômbia, que triplicou nos últimos dois anos. o Itamaraty considera acentuada a diferença entre as relações mantidas com países do Pacto Andino e com os da Bacia do Prata. Mas acredita que até o final desta década haverá a mesma intensidade pelo menos entre os da Bacia do Prata c da Bacia Amazônica. Muito vai depender porém da disposição dos andinos em receberem as manifestações do governo brasileiro durante a viagem do chanceler Gibson Barbosa. A Venezuela, por exemplo, deu na semana passada alguns indícios de 1 qual poderá ser \eu comportamento cm relação ao Brasil: em despacho da agencia Luliu. assinado por Jorge Sethson e publicado por O Estado de São Paulo, foi anunciada a intenção venezuela de pbr em prática, durante a visita do ministro brasileiro, uma "politica da indiferença". No dia seguinte, o embaixador Altredo Baldo reunia apressadamente os jornalistas em Brasília e distribuía uma nota desmentindo categoricamente as informações do repórter venezuelano. Se, por um lado o desmentido categórico contentou os diplomatas brasileiros, a notícia do dia anterior já havia sido um significativo de um estado de ânimo que. mesmo não sendo a tônica dos encontros, pode ser pressentido, pairando no ar. O remorso do voto em branco indica que em 1974 nas Tudo eleições gaúchas para o Senado não haverá o impressionante volume de votos em branco que em 1970 foram responsáveis pela derrota de pelo menos um dos candidatos do MDB, deputado Paulo Brossard. Na semana passada, os trabalhistas do Rio Grande do Sul mostravam-se muito inclinados a rever a posição que os levou, em 1970, a fazerem campanha em favor do voto em branco. "Queremos um candidato vinculado ao antigo PTB, mas em último caso o próprio Brossard poderá ter o nosso apoio", disse para OPINIÃO um dos principais líderes da campanha de 1970. Este poderá ser no Rio Grande do Sul, o principal dado das eleições de 1974, para o Senado, porque nem mesmo uma seleção prévia de 15 précandidatos, elaborada no último domingo de maio pelo MDB gaúcho, parece suficientemente capaz de encobrir a tendência definitivamente majoritária entre os oposicionistas: fazer do advogado Paulo Brossard o seu principal candidato a vaga do senador Guido Mondim. "Em 1970, o Brossard não tinha grandes compromissos com o MDB. mas agora a posição é completamente diferente", assegurou o líder oposicionista Carlos Gastai. E como Gastai, outros deputados do MDB, como a professora Suely Oliveira, estão hoje patrocinando a candidatura de Brossard. um antigo líder do Partido Libertador, liderado Raul. pelo recém-falecido Pilla. Brossard surge como o mais legítimo sucessor de Raul Pilla e já '.lin Uma multidão aglomerada em tomo do antigo Assembléia minaire ficou otiiitlndo e pacato e vítorioio greve de um dio dot empregedot da Construtora Atraco m v SKjf*íM saí/Ni!'*** *©' .i.ii., i nppa.li ¦ ¦»lP«ai*i|WBppp*|pirp«*f A greve pacata A visita de Gibson Preocupodo cem tua imagem dot gottoda. os Ettodot Unidos confiarem eo Ireiil a eo ArWiico a tarefa de opailguar a América latina ipniL superou velhas rivalidades que o afastavam do trabalhismo. Caso venha a conseguir sua indicação, eliminando da disputa outros 14 nomes também selecionados pelo MDB, o advogado Paulo Brossard provavelmente encontrará como adversário o ex-governador Peracchi Barcelos, um dos atuais diretores do Banco do Brasil. Com Brossard de um lado e Peracchi Barcelos de outro, as eleições gaúchas do Senado serão as mais importantes dos últimos 10 anos. E sem o recurso da sublegenda — condenado pelo próprio Peracchi — dificilmente a ARENA conseguirá repetir a aplastante vitória que conseguiu em 1970. Desta vez os trabalhistas históricos não votarão em branco. A grande maioria dos 11 nomes previamente selecionados pela Executiva Regional do MDB não passa, ao que parece, de uma espessa cortina de fiimaça. Foram selecionados os nomes do próprio presidente regional do MDB, Pedro Simon, o único que efetivamente teria condições de reunir o apoio unânime de todos os oposicionistas, mas também o de outros com poucas condições eleitorais. A lista inclui o professor Geraldo Brochado da Rocha, candidato ao Senado em 1970, o deputado João Carlos Gastai, o pecuarista Leocádio Antunes, os deputados Aldo Fagundes, Lidovino Fanton e Jairo Brum, o exdeputado arenista Brito Velho, o jornalista Mário Lima, o ex-ministro Cirne Lima e o advogado Paulo Brossard. Estes quatro últimos, antigos membros do Partido Libertador. Brossard ou qualquer outro escolhido terá uma dura tarefa pela frente. Para a vaga de Mondim, o MDB enfrentará o próprio Mondim. que ao precipitar a indicação do seu próprio nome e receber o apoio de Tarso Dutra e Daniel Krieger. pretendeu vencer pesadas restrições que vinham lhe fazendo os setores mais jovens da ARENA reunidos no GERA — Geração Revolucionária — que deseja a renovação dos quadros partidários. . Além do GERA, Mondim, um pintor dc talento discutível, enfrenta agora as pretensões de Peracchi Barcelos, que controla metade do diretório regional da ARENA no Rio Grande do Sul. A situação c inversa a de 1970: agora quem vacila é a ARENA, debatendo-se entre Guido Mondim e Peracchi Barcelos, que ainda não ousou confirmar suas pretensões. O MDB não apenas conciliou tendências opostas (emedebistas puras, trabalhistas históricas e libertadores) mas está com uma profusão de nomes para concorrer. "Desta vez não ficaremos sem bons nomes", garantiu o vice-líder - Rospkk-Neto. Em 1970, quatro dos primeiros nomes selecionados não deram em nada, porque recusaram a candidatura, sucessivamente, o pecuarista Leocádio Antunes,* o banqueiro Egydio Michaelsen, o professor Ruy Cirne Lima c o trabalhista Pedro Simon. (Paulo Bustos) sempre atrasado nos Pagamento últimos meses, os direrores da Construtora Avicca nâo se cansavam "Segunda de repetir aos operários: leira a gente paga'. A construtora foi contratada pela Prefeitura de Belo • • H«-* para reconstruir o prédio da amiga Assembléia Legislativa dc MG. onde funcionará a Câmara dos Vereadores. No dia H último, sexta feira, os 38 operários da obra decidiram não ' esperar mais. Chegaram cedo. bateram o cartão dc ponto de iodos os dias. mas. nào se encaminharam para os locais de trabalho como sempre Reuniram-se num corredor na entrada do prédio e anunciaram ao encarregado geral que só voltariam ao trabalho quando o pagamento, atrasado há 4 semanas, fosse regularizado. A greve não chegou a surpreender ninguém. Dois dias ames. uma comissão dc operários havia ido até o DOPS levar ao delegado David Ha/an suas queixas e preocupações, manifestadas também junto ao comando local do Exército c no Sin* dicato dos Trabalhadores na Cons* irução Civil. Fracassadas as primeiras .«-.. ciaiivas. os trabalhadores desivtirarr dc esperar soluções de gabinete e an tccipando'SC a reunião no sindicato, "Todos )i partiram para a (greve. evtávamos passando dificuldades, principalmente os cavados. Naquela vesta feira eu sai de casa sem tomar café. Estava sem um roíròo no bolso" disse um operário. Fcrramcnrav na mão. de pe. Ikaram no corredor esperando Almoçaram pãe/inhov comprados num bar próximo, As duas horas da tarde chegou o engenheiro Marco Amonio Bernardcv. fiscal da prefeitura. O engenheiro imediatamente telefonou para a Secreraria de Obras da prefeitura. Duas horas depois chegavam duas viaturas policiais. Tiveram recepção pouco amistosa e nâo entrar. preferiram *As cinco e meia. uma multidão espremia-se nas imediações da velha assembléia, no centro da cidade, para acompanhar os acontecimentos. Finalmente, chegou a folha de pagamento, E. á medida que recebiam os vencimentos, os operários dispersavam*se. No dia seguinte o trabalho prosseguiu normalmente na obra. Contudo, agora persiste o clima de desconfiança e ameaças, Jadir Vicente, o encarregado geral, está procurando os lideres do mos intento. Os operários anunciam nova greve se : - cortado o pagamento de sexta-feira em que nào trabalharam e do domingo seguinte de folga, como deseja a construtora. iTeodomint llragul Uma injeção na cultura depender de dinheiro — afãs"subjetivos" — Se tados os aspectos o Plano Nacional de Cultura será um sucesso. Em esboço no Departamento de Assuntos Culturais do MEC. 3 ser posto em execução a partir dc julho próximo, o plano destina à cultura nacional, além dos recursos normais previstos no orçamento do Ministério (CrS 58 milhões), uma verba compiementar de CrS 95 milhões. Oue será liberada no biênio 73'74. para. segundo o professor Renato Soeiro. "evitar a dispersão diretor do DAC. atual do setor cultural brasileiro". Trata-se de "sensibilizar a opinião pública, nos recantos mais remotos do país. promovendo a criação livre e o desenvolvimento cultural e har"uma mônico": e também dc dar injeção de coramina no DAC. antes impossibilitado de promover atividades culturais, a não ser nas cidades mais importantes". No total, o MEC patrocinará 115 eventos, do folclore à co-edição de livros. A intenção é dinamizar uma área cultural em que o marasmo dificilmente pode ser negado: grupos teatrais, por exemplo, percorrerão cidades pequenas, exibindo-se até em circos. O que, segundo o professor Soeiro, teria a vantagem colateral de "financiar as pequenas companhias circenses, atualmente em situação mais do que precária e tendendo a desaparecer". Já de posse do Plano, o Conselho Federal de Cultura deverá aprová-lo na íntegra, ou fazer modificações secundárias. Os CrS 25 milhões a serem liberados neste semestre se distribu»-m, segundo as áreas: cinema 2,4 milhões; espetáculos (bailei e circo), CrS 1.580 mil; folclore (danças regionais), CrS 1.250 mil; música (sinfônica, de câmara, corais, ópera, recitais e bandas), CrS 4.194 niil; preservação de monumentos e museus. CrS 6.192,5 mil: teatro. CrS L615 mil. O restante, CrS 5.531,5 mil, destina-se às atividades de apoio — transportes de trou pes, aluguéis de teatros, por exemplo. Antes que as críticas surgissem, o professor apressou-se a afirmar que não há intenção de tolher a liberdade de criação, ou de impor um dirígismo " cultural. "Ao contrário. diz ele. "o que se busca é a participação coordenada nos organismos interessados na ação criadora, programando uma linha de promoções que atinjam todas as classes sociais e repercutam em reações afirmativas, proporcionando o efetivo desenvolvimento, cultural brasileiro". Com tal intenção de atingir amplas áreas, a televisão se impõe como veiculo próvilegiado; será usada "como veiculo de máxima importância para a divulgação dos espetáculos realizados. filmando-os e mostrando-os em todo o território nacional". Três linhas prioritárias foram estabelecidas: documentários: filmes culturais (folclore, música e teatro); e os chamadoscinc-museus, que mostraram os principais acervos de arte do país. Público amplo, liberdade de criação. Boas intenções, mas cuja realização nàoé fácil. Antes de mais nada, há que contar com os critérios impostos ao cinema e aos espetáculos, e que podem frustar, pelo menos cm parte, os propósitos do plano; em segundo, é preciso levar em conta fatores "subjetivos": o bullet. por exemplo, tem condições de interessar o povo. ainda mais se apresentado num circo, onde as condições de acústica, prespectiva e iluminação não podem deixar de prejudicá-lo? Outro ponto digno de nota é o esquecimento total em que ficou a música popular. Ela é destituída de valor artístico e cultural? Não importa "coordení-la" com os-outros campos de "ação criadora"? As razões da omissão não ficam claras. Pode-se criticar também o montante da "atividades de quantia destinada a apoio" (mais de 5,5 milhões ). Uma utilização modesta e eficiente dos recursos locais tenderia talvez a reduzir essa quantia, liberando verbas para as atividades artísticas propriamente ditas. Parece, portanto, que o Plano padece de um certo elitismo e de uma certa preocupação exagerada em financiar atividades de fraca penetração ou mesmo simplesmente acessórias. Mas, como disse o próprio professor Soeiro, o Plano será, em sua primeira fase, um experimento*( Joaquim Jodeli da Silva Pinto) Sangue c elegância na platéia mineira ot anos .••»• data marcada alia a Tatiot sociedade de Bebi llunzoni* m* rriifie em %eu acontecimento mui* "ihostealte": uma concorrido, o r«iiS. «¦> anistica 'oo quasei da parte meii leleta do quvm-é-quem de Belu Horizonte, Shnas. senhoras, senhoras «• rapazes montam e interpretam uma espécie da teaim de resista que ha 10 unos w*** aonhando os man entuiiàsticoi aplausos de umo platéia liei e participante. Coincidentemente, naieeu junto com "ihtmcuite" um ••!«*"• tipo de 0 eribicão do alia sociedade mineira. Embora nem rffo regular nem tâo motensisa quanto a grande lesta, essa prumoçãu nada lha a deser quanto ao sucesso garantido de publico e de palmas no final, A alia sociedade de Belo Horiituile lem treq\ueniado o banco dos réus eom uma assiduidade assustadora, «Voi últimos anos três retumbantes crimes de morte agitaram o grand monde mineiro e o último deles, ocorrido no principio da semana passada, envolveu na mesma e alé agora misteriosa trama nada menos que uma belíssima, jovem e comentada senhora desquitada. um famoso milionário quareniáo e casado, e um modesto pouco mais que adolescente vigia preto, quase sem dentes. De lato. ao que tudo indica, ot elegantes de Minas estão matando muito. Essa lamentável série de ocorrências penais começou em lfti2 "Crime do Chico Rei". com o célebre Foi quando as irmãs t.dina Póni de Mello Vianna «• Elhel Póni mataram a tims Maria de l.uurdes Calmou ida alta sociedade pernambucana! no Pouso du Chico Rei. um pequeno porém aristocrático hotel de Oum Preto. Maria de l.uurdes era amante do ex-marido de Edina. o muttimilionário Fernando de Mello Vianna. Cm ewàodafa com njn% i,% hms, in' era da " — alta lociedtde lEdina .já tinha citosiodu consagradoramente da Una dai dn man de Ibmkim %urd{ quem morreu lambem «-*« ««««i memórias passagens pelai colunas ¦ — ••>¦ do Rui e de Recite, r o /nt4 além da fortuna, carrega um subrenume rom i/Vrtl r/««t e d>M rnr\ imp»rtaniíssnnu na ;•..' lica e na bisolrta de Minas Gerais Em um prato cheto — ea platéia nu*» tez cerimônia enintu e panidptm de tudo, /''¦ ¦¦•¦<¦ em flagrante, as irmãs I" aguardaram na cadeia n dia do julgamento E quando chegou este dia lá estasa a platéia, ávida, indócil pettnia a não perder um oi detalhe ide preferência escabmsul do excitante acontecimento de sangue e elegância. O julgamento entrou pettt dia. atravessou a mate. irnadiu a manhã E com a manhã toram chegando u* esperados jumais. As colunas sociais iâ faziam os primeims comentários. Um cronista elugiasa a postura e a elegância das rés — Edma chegou a ser comparada a Greta Garbu Outm escreveu que para aquele npo de acMiiecimenio a moda adequada era "tal e qual a que estava sendo seguida ali nos trabalhos du lulgamenlo. Fm uma glória. Absolvidas as irmãs Idefesa da honrai, a plaiêia quase s-eio abaixo estourou numa inesperadu. lalsez intempestiva, mas estmnda salva de palmas, l.ra u nascimento du «./¦«»>. um novo e prmligtoso sucesso social. O puhlicu. nãn laliuu. cumu nau taltaram as fofocas, ns palpites, a partuipaçàn coletiva. 0 promotor recorreu «• as irmãs toram a novo julgamento. Novamente absolvidas, turam nutra vez aplaudidíssimas. de pé. fn-la hulhenia e 0 grande espetáculo do júri de assassinatos e suo espetacular populorldade junto o sociedade de Belo Horlionte selecionada sociedade mineira ali presente e insaciável: /¦;... indeítrutiselmente criada a elaque turidito-criminal oVi elegantes Ità dou anos. também em Belo Horizonte. « empreitetm Roberto lobato maluu a tims sua ex-mulher "Jo" de Souza Lima, Outm Juseiina o assassino escândalo imenso conheadtsitmo na cidade e a morta riquíssima, finem e bonita. Era a grande bomba. Cumecasa tudo de novo. "urrii res a sequiosa assistência lena um bom e suculento espetáculo. Levado a julgamento. Lobato foi absolvido fdejesa de honrai e delirantemente aplaudido por centenas de pessoas que sararam dia e noite nas desconfortáveis dependências do fórum de Belu Horizonte. Desta ve:. porém, a crônica social preteriu ignorar »s latos e manteve uma discreta distância. E iá a partir dai a pmpria imprensa passou a trabalhar de turma diferente muna. assassino e n-speclisas tamihas mereceram um umo ¦'/*¦ d«* cobertura jornalística, frustrante para u\ repórteres cujas narrativas eram atentamente contruladus pelas din-ções comerciais dos jornais, preocupadas em nãn criar atritos com us influentes anunciantes porventura interessados no caso. novo exigiu A promotoria Universidade aberta-para onde? A abertura da universidade brasileira não é uma questão de conteúdo ou de método, mas de condições de ingresso. Suo função social não será alterada. Brasil, não existe uniNoversidade fechada. A abertura da universidade é no sentido de que não terá vestibular". Assim o ministro "Jarbas Passarinho colocou o problema da abertura universitária: não é tanto uma questão de conteúdo ou dos métodos do ensino quanto das condições de acesso. A expressão "universidade aberta" deve portanto ser entendida no sentido do inglês open house: uma festa em que a porta não está fechada. Donde não se deve deduzir que o que se passa lá dentro tenha qualquer relação definida com a vida quotidiana dos que participam da reunião, ou sobretudo das outras pessoas. Mas não seria justo afirmar que as autoridades não se preocupam com a "abertura", no sentido amplo — contato e ação mútua da sociedade e da universidade. 0 governo age nesse "campi avançados", o sentido, com os Projeto Rondon,etc. cujo objetivo, segundo o ministro Costa Cavalcanti, "proporcionar ao do Interior, é universitário o aprendizado através da prática orientada na prestação de serviços...criar meios para a adequação do exercício da profissão às peculiaridades da região, visando à abertura de novos mercados de trabalho... e assessorar os órgãos municipais, com vistas à implantação de programas de desenvolvimento local integrado". A natureza da "abertura" é portanto clara, e corresponde a uma opção consciente das autoridades brasileiras: trata-se de tornar a universidade mais eficiente como instrumento de lormação de profissionais; capazes de agir como elementos executores do processo desenvolvimentista; não de devolvê-la a suas ambições de ser a consciência da sociedade, onde se ousavam discutir as não só questões mais fundamentais, "exatas" como ciências nas chamadas "humanas". nas ditas opção da A natureza "profissionalista" acarreta, por sua vez. uma conseqüência necessária: a de que a instrução superior não se tornará nunca, sequer idealmente, um beneficio gozado por todos os membros da sociedade. A menos que imaginemos uma sociedade da qual tenham sido eliminadas inteiramente as profissões de nível médio e as não especializadas, e que. até agora, não saiu das páginas dos romances de science fiction. Se o ensino superior tem — tanibém — outro sentido que não o do treinamento profissional, concebe-se que o operário ou o lixeiro possam recebê-lo. num dia feliz e distante em que os excedentes forem suficientes para produtivos "luxos" a todos; mas. se é oferecer lais apenas um treinamento para a tarefa prática de cada um. para que ensinar coisas sem aplicação imediata? Vestibular 0 problema do vestibular apresentase, assim, a uma luz mais definida. Se o curso superior é e deve continuar a ser oferecido apenas a certo número de é pessoas, algum meio de seleção necessário. O vestibular pretendia sê-lo. Mas quase ninguém ousa afirmar, hoje, que ele selecione com justiça. Ainda mais numa situação em que a defasagem entre o ensino superior e o que gerou o secundário é tão grave"cursinhos". No dos fenômeno exótico atual regime de vestibular, o.peso dos fatores econômicos é preponderante: "cursinho" quem nâo pode pagar o dificilmente obtém " sucesso em seu esforço a instruir-se. O projeto de aleri.r o valor do candidato pela soma de seus resultados ao longo de toda a vida escolar é portanto positivo: diluindo o julgamento por um período amplo, e o entregando a »árias pessoas — os — capazes de fazer os professores devidos descontos, segundo o aluno enfrente dificuldades econômicas e familiares maiores ou menores, tende a reduzir o papel dos fatores econômicos no julgamento. O computador que corrige as provas do vestibular não é capaz de distinguir o candidato inteligente e esforçado, mas bloqueado por uma vida de problemas financeiros. do medíocre e ignorante. O Colégio Universitário — um ano de estudo prévio, já dentro da universidade — é uma medida de transição; sua existência não se Mas justifica, abstratamente. "curcorresponde, na prática, a um sinho" gratuito, e tende portanto a diminuir as vantagens injustas de que gozam os jovens ricos, em sua comÉ um petição com os pobres. reconhecimento, sem dúvida, de que algo não funciona, no curso secundário. Resta o fato de que a filosofia da universidade-empresa é contestável, e que a função dessa instituição pode ser mais ampla que a que lhe é atribuída pelas autoridades brasileiras. Con"insiderar o ensino superior um vestimento a prazo médio", e tratá-lo segundo critérios econômicos determinados por uma organização particular da sociedade é claramente o sinal de uma opção conservadora. Pois. de outra maneira, seriam favorecidos, ou pelo menos tolerados, aqueles aspectos da universidade que, longe de desenvolver a sociedade ao longo das linhas já estabelecidas, tendem a mudar-lhe a direção e parecem, portanto, no mínimo inúteis, para quem julga de acordo com padrões rígidos e indiscutíveis. Ê preciso agir para a satisfação das necessidades evidentes e imediatas, e o Brasil tem problemas que não se resolvem com abstrações. Mas a falta de dúvida é apontada, desde Sócrates, como a erro. IHeitor Luz) própria raiz do lulgamrHiu r o réu — ornamente ahstJlstd» •**• aplaudido de pé diante do atéantu fui: e du% boquiaberto* ad' sugados, a ¦ ¦• muro*r Lobato aguarda atualmente a icnltfwa «roí tribunais dt Imtica que pudera livra"' lo detlnitisamente ou mandá-lo au drrradeim ¦-.»¦¦ 0% ;....» eilàu garantidoi. mai elejé não ê a grande «edele, u Ídolo da platéia de fé de ludu % ot julgamentos, Agiifa «» grande nume ê Artur Vale I ¦¦-. Mendes, milionário, **i/t»'f* zifttf. ilibo de José Mendei Jr„ dono da imensa empreiteira Mendes Jr Vai ser morte do mndanie da lulgadu pela "pantera" mineira Angela cata da Ihmz Em defesa da bunra e da inregridade física J> sua amante, diz a mais recente irrtào dfs tatus. Tuca Mendes maluu o sigia com um lim certeiro que entrou peta boca e panai nu cérebro da sinma, E tudo começa mais uma res stdtam à cena oi adsugados, juizes. policiais e a imprensa. Retoma a platéia a seleta mulltdãu dui elegantes. 0 escàndaln está servido. Desta vez o espetáculo Cem enriquecido de mil tutucas ensnkendu a tida amnmsa da deslumbrante Angela, lançada com incrível srimio aos 15 anos na arena da alia sociedade de Belu Horizonte /-¦/•» baile de debutantes dn Cassino da Vam pulha, cm/m rosto .de uthos puxados e sorriso de covinhas já enleitttu a capa de revistas culnridas. Os são detalhes sensucioitulisias divulgados por uma parte da imprensa que preferiu ignorar o bom senso dos departamentos comerciais e adotar a cor marrom dos relatos escandalosos. Levanta-se o panu Tuca matou o rondame de Angela quando este se prefhirata para arrombar a alcuva da bela elegante. Tuca «*• casado, considerado um homem atraente. Angeia é ITaMi ^^m ^Êmmm W\r ' >m U W\^* ^*B"»l ^Ul ****"*"*"™ .-o Mondos desquiiada. solicitada e independente — •' de saída tentuu enganar a policio assumindo a culpa do crime, um desprendimenlu que lhe xaleu logo a admirasân dn grande público. Os lumalislas estão divididos enire o escândalo marrom e os interesses iumerciais du, patrúey A platéia não entende bem u que se pasta mas espera nãn fatiar nu dia dn julgamento. Haverá aplausus? E quase certn que sim. Pelas informações ias aié o momento a legitima defesa será uma tese hem mais verossímil do que nus episódios anteriores. E certamente nau faltará quem esteja disposto a bater palmas para o grande espetáculo em que mudam «o cenártos.ns participoutes «• o mteiro mas nãn muda a elegância, o charme, o veneno e a violência. lAngelo Prazeres» Preocupações contraditórias general Ismarth Araújo de O Oliveira — coordenador das Operações de Apoio aos trabalhos de construção da Transamazônica — atualmente exercendo o cargo de presidente interino da FUNAI, enquanto o general Bandeira de Mello não volta da Europa, fez há poucos dias duas conferências em Cuiabá, sobre aspectos da política indigenista oficial. Na primeira delas na Assembléia Legislativa de Mato Grosso, o general teve que enfrentar as perguntas de alguns deputados profundamente preocupados com a sorte de proprietários e arrendatários de terras próximas às reservas indígenas ou em regiões onde ainda existam índios arredios. Na segunda, no auditório da Universidade Federal de Mato Grosso, teve que. igualmente, responder às indagações de alguns jovens, também profundamente preocupados, mas com o destino dos índios. Estrategicamente apoiado por uma equipe de seis pessoas (antropólogo, agrônomo, jornalista, economista, técnico em telecomunicações e assessor especial), o general Ismarth não teve dificuldades em rebater as perguntas "pesadas", consideradas mais pois. sempre que isso ocorria, era socorrido pela equipe que. usando conceitos que variavam desde a antropologia ao direito processual, a tudo respondiam. E geralmente em linguagem bastante rebuscada. ü general expôs, por quase duas hora-> seguidas, o que há de mais positivo, atualmente, nas realizações da FUNAI e defendeu-se também de algumas acusações, como, por exemplo, a de que o órgão pretende sempre acelerar o processo de integraçãodo índio à sociedade nacional: "de "Não participamos", disse, discussões absolutamente estéreis". "Respeitamos, isso sim, as opiniões que possam servir à crítica cons- «ruiiva". E revelou que o novo estatuto do índio, ora em tramitação "vai fixar as pelo Congresso Nacional, condições básicas para que o índio se integre, efetivamente, á comunidade nacional. O estatuto fixa. também, as atividades do índio, mas isso não é o suficiente. Se a comunidade envolvente não estiver preparada para absorvê-los. a integração será. na verdade, catastrófica, e ele, o indio. acabará por se transformar, de fato. num quisto social. A tarefa de conscientizar a população, todavia, não é responsabilidade da FUNAI. mas sim dos governadores, prefeitos e líderes da comunidade, ê nesse momento que faço um alerta às elites brasileiras no sentido de que atentem, urgentemente, para o problema de integração do nosso indígena, pois eles têm interesse de. verdadeiramente, se tornar cidadãos" Na Universidade, o general Ismarth repetiu quase tudo que havia dito aos deputados mato-grossenses. Ao final de sua exposição, recebeu dezenas de perguntas por escrito, e explicou ainda que. com a abertura da Transamazônica. da Perimetral e da "a FUNAI Cuiabà-Santarém, poderá prestar uma assistência efetiva ao índio" Uma pergunta dirigida ao general sobre "conseqüências da integração" foi respondida pelo antropólogo Olimpio Serra; um dos assessores. Serra afirmou que a FUNAI vive hoje "uma situação de emergência", onde somente ii dos 143 grupos indígenas dão alguma tranqüilidade relativa ao órgão, "assim mesmo por serem índios isolados ou em contato permanente". O resto, afirmou, "é um verdadeiro pesadelo para a FUNAI". E argumentou ainda que. nos tempos atuais, essa situação é conseqüência do precioso tempo que foi perdido pelos órgãos em busca de uma infraestrutura. A ECONOMIA "Paixões malsàs" "do |esde a »emana passada o rosto Grão.Mestre òeral do Grande Oriente do Bratil. Moacir Arbcx Dinamarco. com »ua» co»teletai e bigodes lano», nâo mai» enfeita a parede do Palácio Maçônico da rua Kto de Janeiro, em Bdo Horizonte. A retirada »tmbMica do retrato marcou o de»ligamento da» loja» maçonicat de Mina» Gerai» do comando nacional do Grande Oriente do Brasil. No IO.0 andar do Palácio mineiro, 103 da» 143 loja» maçónica» subor* dinada» ao Grande Onente de Mina» realizaram no dia 9 pa»»ado uma convenção para analisar a crite que te arrasta há doi» ano» na maçonaria do pai». Alem do retrato dc Dinamarco. os maçon» mineiro» resolveram ca»sar*lhe o titulo de Gào-Mcstre de Honra e repudiar duas medida» tomada» por ele: a »u»pcnsãodo» direitos maçônico» do Grão-Mcvtre de Minas. Athos Vieira de Andrade, e a tntenenção na maçonaria mineira. A convenção autorizou ainda o Grande Oriente dc Minas a formar uma nova Federação Maçónica com mai» nove Grandes Orientes estaduais lll que se rebelaram contra os resultados oficiais da última eleição para renovação do poder central da maçonaria. realizada em fevereiro. Embora não seja a primeira, esta parece ser a mais grave crise na M*ciedade antes resguardada pelo manto do sigilo e aparente honorahilidade de seus membros. O escândalo surgiu quando foram anunciados os resuliados das eleições, cm que duas chapas disputaram uma campanha cujos limites e discrição tinham sido rompidos por violentas acusações reciprocas que iam da prática de abuso do poder até corrupção. t) deputado mineiro Alhos Vieira de Andrade, um pastor presbiteriano de 44 anos de idade, encabeçava a chapa dc oposição ao candidato oficial, dentista Osmane Vieira de Rezende, da Guanabara. Os resultados apresentaram números divergentes: para a oposição. Athos era o vencedor com 7.175 votos, contra 3.820 de Eleitoral Osmane. O Tribunal Maçônico, entretanto, pelo processo de anulação das atas. inverteu o resultado beneficiando Osmane,que ficou com 2.120 votos e Athos com 1.10". A anulação de cerca de 80"*i dos votos teria como motivo dívidas das lojas com o Grande Oriente, cadastros (títulos eleitorais) irregulares e atas remetidas fora dos prazos. Esses resultados foram contestados inicialmente com o recurso ao Tribunal Maçônico. sem qualquer efeito. Posteriormente, foi convocado uma reunião para o dia 2" de maio. no Rio. onde se tentaria um acordo na seguinte base: renúncia de todos os candidatos, anulação do pleito e a escolha de um candidato único. O encontro foi presidido polo Grão-Mestre Dinamarco, que leu um discurso an"gravidade ticonciliatório falando da últimas ocorrências desendas cadeadas no seio da Ordem pelas paixões malsãs de certo urupo de descontentes que. engajados no propósito de solaparem o secular At terras que a so|a ocupou 'ém 1 Ifl Lm ai PM w rÁm\ I aw.a m mm ¦I/MnAJ mm. tMmm,fa H,- ÀMmTjÊ _. *| m\mm\ """•¦¦ af| f,>*fl I f •' mm -'#¦ *~Hr i^B^Lm^Lm^LmV m*^mmmwr mmm\^s\ amMfl »*-*mmMí ]•] t*mm ^ r-m. mm ,m a*a» mmm , TMmMVa ¦_J^^^ mu ^^orOÁ Bífc. amm^mj ^ê » __ -* ^•w^***-**» • ^mm ^I^H • •-?¦—J H ,^>HH m\^m^^^^^mm\ Lm« mmmw ama MM ^M ^1 ^V***j'^~--'b^L^L^~-'b^--b^L^L^'bi emY+^ot i • wmmm ¦ . ^^iMw m\ ' ^gfmm^r^^^^^^À m\ssmmmmw^mm\ LmVám^âm~**Ba^>a*BM-i**Bmml Lm« M^Ámmt «^ *à»P«t^^^^^^H ^BjH ^^^*a-*a^Ll Lm* * ¦*"¦"¦*•- ^LV iH ^\mmWl^mm\ ^H ¦¦ ~a^i^H am^iM^iM^H mm I W Ai m lamaròtf dr vrmprr vG o Ori«ni« robolde Donylo do óculos, e Athos. centro. prestigio da maçonaria no mundo profano, vem investindo contra a segurança interna da Ordem". E. no dia seguinte, investiu contra os "descontentes" suspendendo seus direitos maçõnicos e nomeando inter* sêniores nos Grandes Orientes de Minas. Rio Grande do Sul. Paraná e São Paulo. Apesar da fidelidade e do respeito juraram ao Grão-Mesirc Geral, os dirigentes de 10 Grandes Orientes estaduais tomaram como "descabidas" as palavras de Dinamarco c lançaram uma proclamação conclamando as lojas estaduais à cisão. Na verdade, o grande pomo de divergência entre as duas facções da maçonaria c o dinheiro. Athos afirma que o interesse de Dinamarco cm impedir que a oposição saísse vencedora nas eleições "se prende . prestação de contas da atual diretoria". Em seu amplo gabinete no Palácio da Lavradio. no Rio. o atual GrãoMestre Geral responde com certo descaso ás acusações da oposição. "São apenas 10 Grãos-Mestres que estão fazendo subversão ao se rebelarem contra a decisão da Justiça Eleitoral Maçónica", Para Dinamarco o movimento rebelde começou em maio do ano passado, quando loram cassados os direitos maçõnicos do Grão-Mestre de São Paulo: Danylo José Fernandes, acusado pela Loja "Francisco Glicério" de ter-se apropriado de 279 mil cruzeiros, que deveriam ter sido recolhidos ao Grande Oriente do Brasil. Danylo. alegando que o débito 180 mil importava apenas em cruzeiros, ainda tentou um acordo: comprometia-se a pagar 150 mil em bônus do Estado de São Paulo e 30 mil em dinheiro, se fosse reintegrado no cargo de Grão-Mestre. O acordo não foi aceito e Danylo aliou-se a Athos Vieira, lançando sua candidatura ao poder central. Essa união, contudo, representava muito mais do que uma aliança política. Danylo e Athos passaram a convocar as lojas niaçônieas a-não ehvi- ar mais as contribuições rcgulare» ao "pois Grande Oriente, quando eu for eleito, dizia Athos. resolverei todos o» "a problemas". Segundo Dinamarco. omissão no envio dos metais leufemivmo maçônico para designar dinheiro), soma que hoje alcança quase um milhão dc cruzeiros, prejudicou a» lojas que tiveram seus votos anulados". Dinamarco reservou as acusações mais violentas para Athos, um inexpressivo deputado cujo estranho passado político agora relembrado, inclusive por Dinamarco que recomendara o nome de Alhos aos maçons. nas eleições estaduais de 1970. "Para que ele ultrapasse os umbrais dc nossas lojas c se projete o apoio de todas as classes sociais", dizia Dinamarco numa conclamação "aos maçons do Brasil". Para seus inimig«w. de hoje. Alhos conseguiu maior projeção quando loi preso em Cuba por contrabandear dólares, duranie uma visita que fez acompanhando uma delegação brasileira de 120 pessoas. Ele é acusado também de em dois anos nunca ter prestado contas do dinheiro do aluguei de várias lojas comerciais do edifício pertencente ao Grande Oriente dc Minas Gerais, na rua Rio de Janeiro no centro de Belo Horizonte. Segundo Dinamarco, a renda mensal desse edifício é de cerca de. 13 mil cruzeiros o que cm dois anos há minto dinheiro" De qualquer turma, a cisão entre as 900 lojas maçónicas brasileiras nào é mais uma simples ameaça de um "grupo de descontentes" e pequeno dentro de alguns dias deverá se tornar um fato concreto com a criação de uma nova federação com sede em Brasília — sonho acalentado há vários anos por alguns maçons. Dinamarco, aparentemente ignorando todo o escândalo, já começou a distribuir na semana passada convites para a posse de seu substituto. Osmane Vieira de Rezende, marcada para o dia 24 de junho. (Qenilson Cezar) tll São Puniu. Ris Grande do Sul. Suma Catarina. Paraná. Maio Grosso. Estado do Rio, Ceará. Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Uma sociedade outrora secreta das antigas corporações Média, Nascida de pedreiros da Idade inicialmente com o objetivo de guardar os segredos dos métodos de construção e, com o passar dos tempos, para "reformar a conduta moral" dos homens, a maçonaria não é mais hoje o que se chama comumente de sociedade secreta. Além da já desgastada mística do sigilo, alguns rituais, símbolos e emblemas (esquadro, martelo, compasso, avental), e da filantropia, pouco restou da antiga grande influência maçónica. Hoje. a maçonaria marca sua presença muito mais pela publicidade, ostensiva presença em festividades e importantes e comemorações de desfiles paramentados promoção espalhafatosamente. O atual Grande Oriente do Brasil, criado em 17 de junho de 1822. acredita que com esse ,K ¦¦ ¦ ¦ •!¦ .¦,¦.. da carne e do leite, Depois agora t o feijio que começa a faltar na mc«a do consumidor bratileiro. E por rarões muito parecida»; fundamentalmente desido ao aumenio da cultura da sob. produio de alto preço e fácil colocação no mercado internacional. A'"carne esca»»eou com o aumento da» exponações. o leite fatiou depois que algun» pecuaristas decidiram »um* tiiuir o gado leiteiro pelo gado de cone tou por atividades agrkola» mai» rendttsa». ligada» ao mercado externo). O feijão sofreu um destino semelhante e aumentou de preço em razão da escassez provocada pelo irrcvistivel apelo do consumidor estrangeiro, mai» interessado na soja. novo procedimento tornará a maçonaria mais aceita por todos. Apesar da discussão do problema ter sido iniciada há pouco tempo já há fatos concretos de uma aproximação da maçonaria â Igreja Católica. Em Sergipe, o arcebispo de Aracaju dom Luciano Duarte e a Loja Maçónica Cotinguiba compraram em comum uma Fazenda Comunitária para abrigar famílias de retirantes. E num fato inédito dentro da Igreja Católica, dom Luciano compareceu a uma loja maçónica pra fazer uma palestra. £ verdade que enquanto se fortalece externamente abrindo suas lojas ao público e aproximando-se da Igreja, internamente crescem as divisões. Já em 1927 a maçonaria brasileira sofria sua primeira grande cisão, dividindo-se em Grande Oriente do Brasil e Grande Loja. embora as diferenças de princi- pio sejam mínimas. 0 Grande Oriente conta com 900 lojas enquanto a Grande Loja 600. agregando amb»s um total de três milhões de maçons segundo as estimativas otimistas dos entre ativos e próprios maçons, inativos. Se a divisão for levada a efeito é provável que o poder do Grande Oriente fique mais diluído ainda. A nova federação deverá ter pelo menos 80% das 900 lojas que formam o Grande Oriente, localizadas nos 10 Estados. Além disso, Athos Viera, que vai chefiar o novo órgão em Brasília, já iniciou entendimentos com o GrãoMestre da Grande Loja. coronel José Lopes Bragança, para a fusão dos dissidentes atuais com os de 1927, criando uma organização incomparavelmente mais poderosa que a matriz original.(G. C.) Com isso. a produção interna torna-se insuficiente para atender o consumo, os preços aumentam c o governo, para evitar a alta excessiva, t obrigado a restringir as exponações — caso da carne — ou tmponar do exterior — caso do leite (em pó) e do feijão. As mesmas justificativas para os casos da carne c do leite se repetem para explicar a falta de feijão nos mercados. Os intermediários (varejistas e atacadistas) colocam a culpa nos produtores alegando que eles estão retendo a produção com o objciivo de aumentar os preços. Os setores do governo responsáveis pelo abastecimento airibuem a escassez à queda da safra do Paraná — o maior produtor nacional — devido à praga do ácaro branco c an excesso de chuvas. Os produtores respondem com a mesma reclamação de sempre: falta de incentivos ao setor e baixo preço pago pelos atacadistas. Menos feijão plantado Numa situação dc descapitalização. nada melhor do que procurar uma atividade mais rendosa, e a soja. cujo consumo no mercado internacional está em expansão (depois do café e do açúcar ela ficou em terceiro lugar na lista de exportações brasileiras dc produtos alimentícios, em 1972». tem ¦.í.i.. a alternativa preferida de muito» agricultores. O reJaiõrio de 1972 da Comissão de Finannamcntoda ProduçãodoMim»**. no da Agnculiura moura, no relatorio de 1972. a diminuição da área plantada de feijão, que caiu de 2.8 para .' ¦ milhôe»* de 2.2 para 2.1 milhão de tonelada». Como o potencial de con»umo. calculado pela Fundação Getúlio Vargas* eslava situado, cm 1972. por volta de .1 milhões de tonelada», o produto começou a faltar. Calcula-se um déficit de aproximadamente 850 mil toneladas, quase a metade da prtxluçáo e a própria Comissão de Financiamento da Produção advene sobre as conseqüências dc uma escassez demorada: "Sendo o feijão alimento básico da população brasileira, principalmente das classes de menor nivel dc renda, i necessário que a defasagem entre a produção <.- o consumo seja coberta, uma ve/ que essas classes não dispõem de muitas opções na dieta alimentar". A solução da importaçúo I*o ano passado para cá. os poucos estoques colocados á venda quase que dobraram dc preço. Em junho de 1972. a saca de 60 quilos do feijão uberahinha custava CrS 79.95. Em junho dc I973. está a CrS 190.00. no Rio de Janeiro. A saca de feijão prelo comum, que custava CrS 57,81, em junho passado, subiu para CrS l"2.00 este mês. O tipo manteiga, a CrS 87.68 no ano anterior está agora a CrS 250.00. Como um meio muito eficaz de impedir uma elevação ainda maior dos preços, alguns atacadistas sugeriram a imponação de feijão, e o ministro Delfim Netto já autorizou a Caccx a liberar licenças para a compra no exterior. A curto prazo a medida surtiu alguns efeitos. Luis Pilar Zurita Fernandes, presidenle du Bolsa de Ce* reais do Estado de São Paulo, diz que a noticia já provocou uma queda média de CrS 30,00 |x>r saco dc 60 quilos, no mercado atacadista do Estado. E ainda poderá contribuir para o reaparecimento de alguns estoques inexplicavelmente fora do mercado. O discutível acordo do ferro gusa conhecerem um período de Após relativa prosperidade, caracterizado pelo aumento do consumo interno e das exportações, os produtores de ferro gusa sofrem dificuldades. Os possíveis lucros com o aumento da produção e das vendas tornaram-se ilusão devido ao intlacionamento do preço do carvão vegetal. lf>h"o em apenas em dois anos. Limitados pelo férreo tabelamento do Conselho Interministerial de Preços — C1P — e pressionados pelos produtores de carvão, que contribuem com mais da metade do custo final da produção, os guseiros passaram a ver as razões da queda de lucratividade de seu negócio longe dos fornos de suas usinas. A razão dividida Os mineiros acusam os paulistas de praticarem concorrência desleal rompendo acordo de 1972 que estabelecia CrS 40,00 para o metro cúbico de carvão vegetal. Segundo eles, os fornecedores estão obtendo CrS 60,00 por metro cúbico e é natural que dêem prioridade às indústrias do sul. Para não serem obrigados a parar, os mineiros também passaram a pagar o preço pedido, mas insistem na impossibilidade de manter essa situação. O CIP tabelou o ferro gusa a CrS 340,00 a tonelada destinada à siderurgia e a CrS 450,00 a tonelada para as fundições. Como para produzir uma tonelada de gusa são necessários quatro metros cúbicos de carvão, só aí estão gastando CrS 240.00. E ainda têm que pagar todos os outros custos. Os industriais paulistas têm uma outra versão: o aumento das exportações e do consumo interno provocou a escassez. A alta não é fruto de deslealdade mas uma lei natural du mercado. As sutilezas que diferenciam as interpretações mostram que a razão está dividida. A produção de carvão sempre foi desordenada, com o corte indiscriminado de árvores, sem nenhuma preocupação de repor as reservas dizimadas. O aumento das exportações ¦— no ano passado elas atingiram 255.712 toneladas contra 112.919 toneladas em 1971 — apenas agravou repentinamente a crônica escassez. Individualmente mais 'poderosos, embora menos numerosos que os mineiros, os guseiros paulistas iniciaram a corrida dc preços, mas certamente também têm seus lucros diminuídos e se mantêm no jogo apenas para garantir a continuidade dos negócios até que melhorem. A pressão já começa a ser aliviada com a proibição governamental de exportar até o final deste ano. Mas isso não chega a ser propriamente uma solução e os mineiros já pensam numa espécie de cooperativa de compras para obter preços melhores e garantia de fornecimento. Meia volta e passo à frente O poit dava 10 bilhõot do dolorot oo axtarlor. No tomono pois odo rolirou quolquor obl tóculo o entrodo do novo» empréstimo» o oumantou o proio poro pogomonto do divido. outra da mesma época — o prazo mínimo de seis anos, E po* em prima o que parece ser uma orna política dc endisidamento estemo — na verdade muito coerente — nde o governo "alongar" o protura perfil da divida lutura. ou *eja. di*trtbuir melhor a* amortizaçòe*.#h4ijc concentrada* em prazo* muito curtos, e continuar absurscndo quantidade* crescentes dc capital estrangeiro. IW que s***as ninas mcdtdav? terça-feira da semana pas» Nasada o Conselho Monetário Nacional decidiu, numa atitude aparentemente contraditória, eliminar a obrigação dos empréstimo* estrangciri»* deixarem 25% de depósito compulsório no Banco Central (i*to é. facilitar as c«*ndiçôe* para tomada* dc recursus ru» exterior), c aumentar de seis para oito anos o prazo mínimo para inicio de pagamento desses empréstimos listo é. suspender a entrada de empréstimo* a prazos mais curtos). Com is*n. o Conselho anulou uma medida «le outubro passado — a exigência d«« dep««sii«t — e reforçou Boi» dr neve Parece que o errado do regime anterior era a elkíência e*agcrada do depósito e a insuficiência do prazo corno instrumento* restritivos: O primeiro prazo mínimo para empréstimos foi fi*ad«« em outubto já com a intenção de adiar •• pagamento da* amortizaçtVs. iJc protelar o* vencimentos «ia divida contraída a partir daquele momento. Desde 1%"". como mostra ici.i!.n. recente d«» Banco Central sivbre "üet«»r externo e desenvolvimento da economia nacional". «»s vencimento* vinham *c concentrando nos primeiros cinco ano* dcp«>is da contrataçà«« dos empréstimo* e »brigando a um giro muito ripido do dinheiro Logo •;.-. a obtençio de um primeiroemprésiimo. era precise pegi< Io com um segundo A bola dc ne*e srcsçia«kpres*adcma»* Para diminuir sua progre*sáo. o go*emo julgou bastante *u*pendcr o* empréstimos a prazo mais curto do qut •¦<•- anos, Ledo engano O ritmo empréstimo*'tncimento*empréstlmo continuou muito ripido. e a* autoridades foram obrigada* a pi*ar de noso no freio, aumentando em mai* doi* ano* o prazo mínimo para o cndisidamenio, li com «• depósito compul*6rio aconteceu o contrário. A medida também foi tomada para conter a avalancha de dinheiro que. no *egundo semestre d«t ano pa**ado. ameaçava eles ar a divida a níveis acima de qualquer controle ide junho a outubro entrou *••• pais mais de l SS I bilhão). Mas seus efeitos, ao que parece, foram traumáticos O «!ep«*stt«» compulsório, congelando I 4 do dinheiro tomado no exterior, encarecia tanto a operação ¦que . > banco* dc inse*timcnto empresa* particulares reduziram substancialmente seu* pedidos de empréstimo, e com isso a entrada dc dólare* no Brasil. Daí. provavelmente. A remoção da montanha mineira "... a (hiz do\ pieo\ históricos de Minus quando havia picos históricos de Minas" — Carlos Dniminond de Andrade, em ma coluna numa edição da semana passada do lomal Estado de Minas. talvez, uma coincidência Foi. mas o poeta lembrou dos picos históricos de Minas exatamente na semana dos mais visos debates pela suaves colinas que preservação das circundam pelos lados do poente a cidade de Belo Horizonte. Como o pico de Itabira. cidade onde Drummond nasceu, parte da serra do Curral vai desaparecer pelas vorazes escavadeiras tia Minerações Brasileiras Reunidas (MBK). "Ides vão destruir o suficiente para formar uma garganta na serra", denunciou na semana passada o presidente do (entro de Conservação da Natureza de Minas Gerais. Hugo Werneck. Com a dele. outras indignadas reações ocuparam a imprensa e a Assembléia Legislativa do Estado até obrigar o governador Rondou Pacheco a percorrer a serra do Curral para verificar se os mineradoras estavam respeitando os limites estabelecidos na licença de lavra. Acompanhado de uma comissão formada por 10 deputados, Rondon Pacheco, n.i última quinta-feira, inspecionou os trabalhos que ameaçaram a desfiguração do paredão que cerca "a mais Belo Horizonte, perfeita muralha ile ferro construída por Deus. um cinturão verde protegendo a capital no sentido leste-oeste" — segundo o geólogo norte americano John V an Uorr II. Embora tendo nomeado uma comissão de técnicos para acompanhar o desenvolv imeiilo do projeto visando preservar a paisagem, o governador declarou estar bastante satisfeito com a MBR. fiel cumpridora dc suas obrigações. Entretanto, nào será fácil a adoção de medulas em defesa «Io ambiente. O governador mineiro, no inicio dc seu mandato, .issinou contrato de exploração das ja/idas com a Minerações Brasileiras Reunidas e Traja no Azevedo Antunes, previdente tia companhia, foi homenageado, pela iniciativa, com o título de Empresário do Ano. conferido pela Associação Comercial de Minas Para atingir uma capacidade de exportação de minério de terro de 30 milhões de toneladas anuais até 1980 (o projeto, dedicado inteiramente á exportação, prevê a extração de 10 milhões de toneladas este ano. 15 no próximoe30 nos subsequentes) a MBR terá ile investir USS 150 "0milhões — 80 no terminal milhões na mineração e de Sepetiba. A Rede Ferroviária Federal investiu mais USS 130 milhões para adaptação do trecho tle 640 quilômetros ligando Águas Claras (próxima a Belo Horizonte) ao litoral do Estado do Rio (porto de Sepetiba» evitando assim as linhas de tráfego intenso na área do Rio de Janeiro. A MBR é um consórcio formado pela leomi. Cru/.ul. St. John D'F.l Rey Mining Co. e Companhia de Mineração Novalimense. Suas ja/idas mineiras encontram-se dentro do "quadrilátero ferrífero". onde existem cerca de 4 bilhões de toneladas de minério de ferro de alto teor. Deste total a MBR possui 1,5 bilhões de toneladas distribuídas em 36 minas. Algumas estão na serra do'Curral, em Águas Claras, e suas reservas são estimada-, em 375 milhões de opinião DESEJO FAZER UMA ASSINATURA DE OPINIÃO BRASIL Q anual: CrS 120,00 Q EXTERIOR PI anual: USS 30,00 [~] semestral: CrS 65 00 semestral: USS 15,00 Nome Rua _ Estado Cidade Incluo Cheque visado pagável no Rio de Janeiro ? | ZC | vale Postal no valor assinalado acima Ltda. - Pua Abade Remeter seu pedido de assinatura para: Editora Inúbia Janeiro Ramos, 78 -- jardim Botânico-- Riode - Paris XII 186, Av. Dau L-snil - London NWS "Zibeline A .encies" - 17, Belgrave Gardens toneladas, lavráveis a céu aberto e com teor médio dc W» «le ferro e 0.051*"* de fósforo. Um dos maiores contratos da MBR é com o Japão e çreve a exportação de 105 milhões dc toneladas de minério nos próximos 15 anos. "Agora e tarde" Para obter a licença de Iavr3 na serra «Io Curral a MBR se comprometeu a reconstituir a vegetação nas áreas de onde retirará a hematita e o ttabirito. Esse cuidado, entretanto, não constitui propriamente um respeito à ecologia regional. Ao mesmo tempo que telacionava os grandes números do projeto, o engenheiro Ary Marchesini Santos, diretor regional da MBR. afirmou, na semana passada, perante a comitiva do governador Rondon Pacheco, que o pico onde está instalada a torre da companhia telefônica ficará cerca de 20 metros mais baixo depois de retirado o minério. E teve o cuidado de observar que a área será inteiramente retlorestada. Segundo os técnicos, o rebaixamento da serra do Curral provocará alterações no clima de Belo Horizonte pois vai permitir a penetração dos ventos trios do sul- fogo abaixo das "mata do Jambreiro" — o ia/idas. a respiradouro da cidade, segundo o conservacionista Hugo Werneck — já foi duramente atingida pelas máquinas. As árvores cederam lugar a estradas e galpões e não há mais n 'da para impedir a enxurrada de água barrenta que desce da serra. Quando começou o desmatamenro. o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal mandou um emissário — José Cândido cie Mello Carvalho — inspecionar a situação da área. t Seu relato foi lacônico e melancólico: "Agora é tarde". A vida animal, na mata do Jambreiro. tornou-se quase impossível. Os bairros de Serra. Mangabeiras, Sion e Acaba Mundo, mais próximos da lavra, são os primeiros a sofrer com a poluição. Lincoln Continentino. urbano e professor de saneamento de Federal Universidade da rural Minas Gerais, diz que a poeira da mineração causa moléstias alérgicas e silicone nos moradores desses locais. A poluição afeta também as nascentes de água que banham a cidade. A comissão de sindicância formada o pelos deputados pretende impedir se e, desses agravamento problemas possível, evitar um rebaixamento excessivo da serra do Curral. Para Hugo Werneck, entretanto, a defesa da "na faixa das causas perárea está didas". Cr. B.) 0 fato da divida esrerna brasileira, segundo todos os pronunciamento fttictais. continuar hoje nm mesmos 10 bilhiVes de dólares do ano passado Os efeitos restntis». da medida chc|aram a um p»m- «pie o -.<¦•« foi obrigad» a revogada para manter o indispen» sável lluio de capitais do esterior. Torneira conjuntural A outra interpretação para a eliminação do depósito compulsório loi dada na quinta»fcira pelo diretor do Banco Central para a área de câmbio. Paulo Pereira Lira —O tluso de ingresso de capitais do exterior atualmente ;* é compatível nio só com os meios de pagamento com» também com o nível de en* dividamento do pais, considerado globalmente. Como é que isso pôde acontecer? Foi o tluso de capitais que diminuiu ou foram os meios de pagamento que aumentaram? Isto é. foram os em* préstimos estrangeiros que espon* taneamente deixaram de ser oferecidos aos tomadores brasileiros em volume perturbador, ou foi a capacidade brasileira de pagar empréstimos em grande volume que aumentou somha** Como a segunda depende dos primeiros, pode-se concluir que foram os c.";¦«*-.• .»*-..,-. que diminuíram E diminuíram por st mesmos, o que I mais delicado Alguma coisa na conjuntura internacional, alguma corsa que o Brasil nio controla, alguma «rasa como o interesse .maior em especular sobre a alta dos preços das matérias» primas ou do ouro. atraiu • atenção dos emprestadores de dinheiro e '-•..¦*-. um pouco a torneira do crédito internacional Naus circunstância*, para manter a capacidade de pagar a divida Já contraída, para nào ver minguar sas preciosas reservas — garantia in» dispensável de empréstimos futuros — o gosemo foi levado a «liminar o obstáculo do depósito compulsório e a íactlitar de noso a entrada de capitais. Medida que, espera Paulo Lira — e mesmo considerando o aumento do pra/o minimo dos empréstimos .— ajudará a economia brasileira a "receber este ano um influxo de capitais, sob a rorma de empréstimos a particulares, em ordem de grandeza semelhante á do ano passado"-(Grrson Toller Gomes). A fórmula mágica das exportações semanas atras, as expecta* Duas risas de aumentar vigorosamente as exportaçfses de manufaturados devido 30s efeitos dos decretos-leis 1210 e 1236 pareciam prestes a se confirmar. A maior indústria automobilística do Brasil, a Volkswagen, teria assumido (ver OPINIÃO n.° 32) compromissos com o governo de vender anualmente ao exterior cerca de 3i milhões de dólares em veículos desmontados, motores e peças. Houve especulações a respeito das intenções da indústria e algumas versões davam conta de que ela estaria negociando a importação de novos equipamentos através do BEFIEX. beneficiando-se da isenção de impostos concedidos pelo decreto-lei 1219 para importação de equipamentos, componentes, máquinas e matérias-primas destinados a produção de bens para exportação. Na semana passada, um técnico governamental desmentiu as notícias: • A VW conseguiu aprovação do Conselho de Desenvolvimento Industnal (CD!) do Ministério da Indústria e Comércio para importar máquinas e equipamentos sem similar nacional. Como todas as que se beneficiam da lei de similaridade (do decreto-lei 108" e não do decreto-lei 1219 — BEFIEX), a empresa está isenta do IP1. ICM e do Imposto de Importação: Até o momento a VW não apresentou nenhum projeto ao BEFIEX para importar máquinas e equipamentos com similar nacional, matérias-primas, peças. etc. gozando das isenções concedidas pelo decretolei 1219. Não assumiu também nenhum compromisso de exportar anualmente 33 milhões de dólares. Tudo ainda está no campo das intenções e das consultas, embora seja provável a entrega de um projeto nesse sentido. Ásperas desinteligêneias A versão vem esfriar as discussões em torno da debatida política de transplante de fábricas e de isenções para importação de equipamentos, que já provocou momentos de áspera desinteligência entre o Ministério da Fazenda e setores da indústria nacional. O primeiro decreto, 1219. criando o BEFIEX — Benefícios Fiscais e Programas Especiais de Exportação — foi publicado em maio do ano passado. de sua antes agosto, Em regulamentação, o Ministério da Fazenda elaborou outro decreto (1236) permitindo o transplante de conjuntos industriais completos para o Brasil desde que sua produção se destinasse essencialmente à exportação. Fórmtda mágica A regulamentação das duas leis só ocorreu cm outubro de 19~2. após a reação enérgica mas semi-sigilosa dos empresários nacionais, principalmente do setor de bens de capital (máquinas e equipamentos) que se sentiu ameaçado pelas brechas que o 1219 abria na protetora lei da similaridade. O setor de autopeças também protestou especialmente contra o decreto 1236. pois a lei permitia venda de pane da produção no mercado local em concorrência vantajosa para as indústrias transferidas. A política, uma fórmula mágica para aumentar as exportações, deu resultados inferiores aos previstos. Nestes oito meses, a única empresa a solicitar os benefícios do 1219 foi a Ford — que importaria máquinas e equipamentos para a produção de seu novo carro, o Maverick. e cumpriria seus compromissos especiais de exportação de sua subsidiária, a Philco. A Fiat também pretende aproveitar as facilidades, mas ainda está nas preliminares com autoridades do BEFIEX. Mistérios Ao decreto-lei 1236 (transplante de tábricas) existem apenas três empresas habilitadas. Mas seus nomes, ramos de atividades e características dos projetos permanecem num mistério cuidadosamente guardado. Possivelmente devido as reações da indústria nacional, que encara essa política de incentivos como um petardo de efeito retardado mais ainda capaz de provocar inúmeros prejuízos. a Entre tantas desinformações, única coisa absolutamente .correta em relação ao 1219 e 1236 é que as empresas quç têm maiores chances de aproveitá-los são as estrangeiras. Para obter os benefícios do BEFIEX é * necessário assinar um compromisso de venda ao exterior de 20 milhões de dólares anuais, pelo prazo mínimo de 10 anos. Para isso é preciso dispor de um mercado cativo e não existe fábrica nacional capaz de conquistá-lo e mantê-lo por tempo tão dilatado. Quanto ao 1236, é difícil para uma empresa nacional transplantar uma fábrica do exterior para o Brasil. embora isso não seja impossível através de associação com uma indústria estrangeira. A fábrica contra a fazenda principio era fácil, A única No¦ih;»» ¦«,••« para exportar estava na capacidade d»»* indí»** em cortar madeira, do* negros em cortar cana. do* »«=»iír »«ir»cm plantar cale Tudo, ou qua*c indo. que a economia brasileira produzia, e que linha aceitação nt» exterior, erra dc*pa«,'h«d«» *em maiore* preocupa*»»e*, Nenhuma eviiríncia dti mercado interno, nenhum çomnromisso aniiinflacionário. impunham, no Brasil, a necessidade de limitar a* cxpunaçtV*, O pai* lunctttnasa e»*mt uma grande la/enda moderna, que tivesse em • :-¦-.- um pequeno quintal subdesen» i oi. ido Na fa/cnda <a /»»na da co*ta e da* mina*), a mio-de*obra especializada produ/ia os artigos nobre* destinados quase que exclusivamente aos consumidore* estrangeiros: pau»bra*il. açúcar, algodão, café. cacau e também ouro. I no quintal to interior pobre) os que nio tinham conseguido emprego na la/enda. ou que não tinham sido capturados pelos fazendeiros, plan» tavam de qualquer Jeito a mandioca, o feijão, o milho que serviam para alimentar a todos. O que faltava — produtos manufaturados — era comprado do exterior, com o dinheiro das esportaçòes. O controle recente Ao longo do tempo, a população da fa/cnda foi crescendo. A renda de alguns ocupantes cresceu junto, dando margem a que o pais se industrializasse. E ao lado da fa/enda apareceu uma grande fábrica, destinada cm parte a atender às necessidades dos fazendeiros c da mãode-obra especializada, e em pane. ela também, a exportar. O aumento da população, da renda nacional, c a construção de indústrias fizeram naturalmente com que o consumo interno crescesse. Com isso. uma fração da rica produção agrícola e mineira teve que ser desviada para atendê-lo. As grandes cidades c as indústrias nacionais queriam comprar quantidades crescentes de alimentos c matérias-primas, precisavam disso para sustentar sua atividade. E o rendimento do quintal, da zona pobre da economia rural brasileira, além de estagnado, não oferecia todos os produtos procurados pelo mercado que se criava. A produção da fazenda teve assim que ser dividida em duas partes. Uma destinada às novas necessidades do mercado interno, e outra para continuar atendendo ao mercado externo, e obter as divisas indispensáveis para importar. A partir de então, o consumidor estrangeiro já não era o único interessado. fissa situação durou, sem maiores problemas, até o princípio da década de 1970. De vez em quando, uma investida dos consumidores estrangeiros sobre a produção nacional diminuía a parte dos consumidores brasileiros e criava problemas de abastecimento interno. Era o que acontecia toda vez que o mercado internacional se mostrava faminto de produtos alimentícios e de matériasprimas industriais. A mercadoria desaparecia ao sair da fazenda, e os consumidores brasileiros tinham que pagar altos preços (os mesmos que os consumidores estrangeiros ofereciam) para ficar com alguma coisa. Foi o que sucedeu, por exemplo, nos anos que se seguiram à Guerra da Coréia, em meados da década de 1950. Mas nessa época, apesar da industrializ.ação acelerada, o consumo interno brasileiro ainda era baixo para criar maiores problemas; não havia grandes preocupações em conter alta de preços e controlar inflação. Os produtos rareavam e os preços subiam até que diminuísse a avidez do mercado internacional, e tudo voltava à ordem. Antes de 1970, as poucas oportunidades que o governo teve de intervir para limitar a saída de certos ¦ produtos exiMtram mais por ra/tV* tttotVigteat do que txomtatca*. As e*p»»naç»»e* de pele* e <msro% de animai* *cl*agcn«. por esemplo, foram «ubmetidas a licenciamento e*pc*nal peto Ministério da Agricultura, para e*iiar a extinção de cenas espécies, A* c*p»»r?-. •¦ > de madeira e*tã>» dc*de longo tempo contingeneíada* pelo ln*tttuio Brasileiro de I>c*ensi»lvtrnen' to Rorestal — IBDF — para impedir o arrasamento das matas (embora já *e note ai o intere**e de garantir matéria» prima para a indú*tria nacional). Ue ire* ano* para cá. no entanto, a : ... brasileira c*lá *e tendo num . dilema *éri«» De um lado. a indústria, estimulada pelt» gmerno. entrou em fase de rápida expansão. *uperando de longe as taxas de crescimento da agricultura c exigindo cada ver mai* matérias.primas. Parte dc**as matérias»pnma* e produtos inter» mediar,.** pode ser tmponada — como é. efetivamente, no caso do cobre.»do carvão mineral, do papel e de outros artigos de produção nacional inexistente ou insuficiente. Mas parte deve e •> th ser atendida pela fa/enda. não só porque a produção é grande c os 1' • i j ; : "" "í "> I ; ii i i Primoiro. ogovorno limitou ot oxpoiiocòot do pólos do onco: dopoit do modoiro: dopols do couro; dopoit do corno; dopoit do tojo: dopoit do algodão dopoit do forro guto. Soro quo o*portor não é molt o tolucõo? câmbio, por exemplo, ou a isenção de ICM em cenos Estados), e. afinal, contribuindo para o objetivo prioritário de obter divisas no exterior, os f a/endetros exponam cada \ei mais. Como no caso do crescimento in» dustrial c do consumo de matérias» prtmas. o aumento dessas esponaçòes rem sido muito maior do que o crescimento da produção agrícola mn últimos anos. A escassez e a alia de preços das matérias»primas agravam» in i ' ~"-~~~ • aawt- ^•Y*'4Y*s&ZJéZLà *«BMBF«lTff \Mfl ; ¦ ~~ h^ AbbJ i i ¦ ¦ ¦ { ; j ¦ J m-. •..¦».*<¦ o prec*» da» matéria*» primas, está havendo um rksequifib*».» agudo entre a oíma e a demanda de matérias-primas vegetai* e animais. Os pafses mduvt rialttOOi eMao novamente ávidos de modulo* primários, com» prando fiado que encontram, e a qualquer preço. Isso agrava a coniradiçio que já e»t*iia ne**e ponto entre os interesses do* industriai* e dos prráutures» esponadore* dentro du Brasil, e actna a di*puta entre oi mc*mos industriai* e os impunadore* estrari^eiro* pela posse das matérias-primas. O industria! argumenta que o in» teresse maior du pai* é mdusiriali/ar» *e. e não esponar. Ou se é esponar. que sejam os produtos industrializados que ele fabrica, e não os produtos primários que consome. Di/ também que não pxlc compelir com industrial de pais desenvolvido pela posse da matéria-prima. Para isso. teria que pagar ao produtor tanto quanto ele. com difícil para um empresário de pais *ubdcscn*ol»tdo. O produfor-exportador de matériasprimas di/ que sem a receita de exportação que ele produ/ (c que representou 7rír& da receita total em 1972). há menos dinheiro para com» prar no exterior as máquinas e as matérias»pnmas que o pais nâo fabrica (existe sempre o recurso das importaçtxs financiadas). E sem máquinas e matérias-primas importadas, nao pode haver industrialização. Di/ também que a conjuntura internacional esta mais favorável do que nunca para quebrar recordes na exportação. Que este nao c i» momento de hesitações. E enfim que é uma injustiça tirar do "pequeno" rural, em beneficio da produtor "grande indústria", essa oportunidade extraordinária de lucros. -b^b^^ As exportações e a divida *èê. m\ \\m\ \y^a\\\ . KE? '»)Y^BMBfr aàSâmLuwaVÍt'' * wAwBp ¦ Rs;/ SjBUW ¥--^:*?&mmh*íxmmMP~i preços mais em conta, como também porque não é possível importar tudo o que o país consome, inclusive matériasprimas produzidas internamente. O déficit na balança comercial (exportações menos importações) — verificado em 1971 e 1972 — aumentaria assustadoramente. De outro lado. no entanto, os produtos dessas mesmas matériasprimas, igualmente estimulados pelo governo, e animados pelos altos preços que oferece o mercado externo, tèm multiplicado suas vendas ao exterior, diminuindo a parte já escassa que cabe à indústria nacional. Obedecendo ao lema oficial "exportar é a solução", aproveitando os estímulos às exportações que também se estendem aos produtos primários (a taxa flexível de i se com a saída acelerada das exportações. Em certos casos, se o governo não interve'm para moderar o ímpeto dos exportadores, fica próxima a hipótese de toda a produção ser vendida aos consumidores estrangeiros, com exceção de uma pequena parte duramente disputada pelos consumidores nacionais capazes de enfrentar a concorrência. Desde o princípio do ano passado, a competição entre consumidores nacionais e estrangeiros pelas matérias-primas produzidas no Brasil está cada vez mais difícil, em decorrência da falta desses produtos no mercado mundial. Por razões diversas, que vão desde as cheias do Mississipi (queda na produção de algodão dos Estados Unidos) até a especulação com Argumentos de peso. esses do produtor-exportador. mas que ultimamente não lhe têm valido muito. Na difícil arbitragem que se vê forçado a executar agora, o governo tem. na verdade, se inclinado mais para o lado do industrial. Desde 1971. nada menos de 36 produtos tiveram sua exportação limitada por cotas, taxada, condicionada a vendas no mercado interno. ou simplesmente proibida. Por ordem cronológica, e nâo considerando a madeira, os produtos são: arroz, couro cru. carne fresca e industrializada. farelo e tona de soja. de caroço de algodão, de milho, de trigo, e de babaçu: farinhas de peixe, de ostras, de carne, de ossos e de sangue: grãos de soja. de milho, de sorgo e de amendoim; amêndoa de babaçu: óleo de mamona; linters de algodão; algodão em rama; piaçava-, mate de cobre, cobre em bruto e sucata de cobre; sucata e desperdícios de níquel, alumínio, magnésio. zinco, estanho. ferro, aço,' ferro fundido e ferro gusa. Nessa relação não entram o café e o açúcar, produtos de exportação permanentemente controlada pelo governo. Por que essa boa vontade oficial para com os industriais? Terá o "exportar é a governo desistido do solução"? Em certa medida, parece que sim. Embora não faltem pronunciamentos oficiais sobre a necessidade de manter as exportações crescendo no mínimo de 15-18% ao ano, a verdade é que o governo descobriu uma nova fonte de receita cambial muito mais farta do que o comércio exterior para cobrir as despesas de importação. Esta fonte são os banqueiros estrangeiros que concedem empréstimos ao Brasil, e os fornecedores que financiam nossas -compreis no exterior. Conforme mostra trabalhos repe-nte do Banco Central sobre a dmda externa, 22% das nossas importações de mercadorias em 1972 foram financiadas com capital estrangeiro. O mesmo capital serviu para cobrir o déficit de 236 milhões de dólares na balança comercial (mer- cadtmasi e o.dcflcit de i.l bilhão na balança d* serviços tfretes. seguro* nnoliies etc) I ainda sobraram 2 4. Nlhúes para se pintar às reversa* .ambiats do Brasil no esterier OtJaO» lácteo Se o governo insiste em colocar o .Texctmcnto das expanacnes como objetivo fundamental, nio é sim* I ¦'¦¦¦ ente para obter divisa* Ino que os produtos primários são tão cfka/e* quanto os produtos manufaturados!, mas para tender no estrangeiro a produção industrial que nao tem mercado dentro do pais. Isto é. os calçados, os têxteis, os produto* alimentícios industrializados e outros bens não duráveis, em principio de consumo popular, mas que ficam limitados, no Brasil, pela baixa renda da maior pane da população. Por mais elegante que seja um indivíduo que ganha 20 ou 30 milhões por més. ele não pode usar dois pares de sapato ao mesmo tempo, nem vestir duas camisas. Nio é razoável também que almoce duas vezes por dia. por mais que veja o seu aperite. Pode sim trocar de automóvel uma vez por ano. comprar TV a com e absorver todos os gadjets da sociedade de consumo. E por isso a indústria de bens de consumo duráveis prospera sem exporrações. Mas a indústria de bens não duráveis, ou artigos de consumo popular, precisa de um mercado muito amplo — em termos de indivíduos e nao de renda — para se desenvolver. E esse mercado só existe somando os consumidores nacionais aos estrangeiros. Por isso as exportações de bens de consumo popular — da fábrica, e nâo da fazenda — sâo fundamenrais para o crescimento da economia, ta! como ci3 está constituída. E por isso os industriais têm preferencia sobre os produtores-exportadores de matériasprimas. Sobretudo quando essas matérias-primas sâo necessárias para seus produtos de exportação (o couro para os calçados, o algodão para os têxteis, a soja em grão para o óleo, o ferro gusa para os forjados). Além dessa importante vantagem, os industriais têm a seu favor um aliado tático e um compromisso de honra do governo. O aliado tático é o consumidor brasileiro, a dona de casa que vai comprar carne no açougue, e ou não encontra, ou só consegue comprar a preços astronômicos. O homem da rua, que entra num restaurante e tem que pagar CrS 10,00 por um frango. O brasileiro de modo geral, que se veste com tecido de algodão cada vez mais caro e reclama da carestia. O governo, nas palavras do presidente Mediei e do ministro Delfim Netto, está interessado em proteger essa figura, em "dar ao consumidor nacional prioridade absoluta sobre o consumidor estrangeiro" — declaração do presidente. Para tanto, é preciso não só conter a alta dos preços dos produtos manufaturados provocada pela alta das matérias-primas exportadas — caso típico do tecido de algodão — como também limitar o aumento dos produtos primários de consumo, igualmente exportados — caso da carne fresca. Isso se faz reforçando os mecanismos de controle e repressão do Conselho Interministerial de Preços — CIP — chamando os empresários para reuniões persuasivas, lançando campanhas antiinflação, liberando as importações de certos produto*, e limitando — ou taxando, ou condicionando, ou proibindo — as exportações de outros. Com essa última medida, o governo afirma que o industrial e a dona de casa não terão que diputar a golpes de dinheiro matérias-primas e produtos de consumo com seus concorrentes estrangeiros. Entre o mercado interno continua na página ao lado <o«t.«wot«j© éa QOQmi ms itade ? ii mcnailo rvtemo é criada uma ••arretra que dilkulta a evasão de verto* produtos, garante lano abastecimento tniernn e impede aumenio .•-» prev»«s R o comprimiisso de honra? Nio a outro que os I2**"* de tasa anual de ¦ml jc j- que o governo prometeu para o linal de IU"X Im dos obs« lâculos em atingir tal objetivo <? a inltação estema. que se infiltra na economia nacional airavtH dov preços dos produtos exportadas- Se o comèrcto desses produtos é livre, qualquer aumento nos preços externos se refletira imediatamente nos preços inernos. não importa a cauva do aumento Como ji foi dito. o produtor* exportador venderi a quem der mais, Sc no mercado externo alguém lhe paga o equivalente a mil cruzeiros por uma unidade do seu ••••'.ele não tem nenhuma ra/ão para vender no mercado interno por 900, Sé entregará sua mercadoria ao comprador brasileiro une lhe otetecer o mesmo — e provavelmente um pouco mais, considerando as vantagens adkrtonaix da esrjortacao, Fssc obstlcub a*»x li** deve ver elimtn.ido, na atual .-¦•¦-;<-•¦• tura, pela rcsinçã.» de certas expor» lacòcs e o aumenio lorçado da olerta no mercado iniemo, A reunião de iodos xxxcx objetivos a »av».r das rcxinçócs — crescimento da industria, proteção ao consumo, política antiinltaçtonátia — vo podia ganhar contra a simples argumentas*» dos csportadtires de produtos I pelo que di/em ov primários assessores econômicos do ministro Delfim Netto — "estamos com um olho no computador dos preços e um j»é nu Ireio das exportações" — a livia dos produtos limitados nâo vai tkar em Vi. Apesar das restrições já lerem atingido todos os principais produtos da paula dc cvportaçõrs que mais ersecram cm - -'.' ainda restam muitos candidatos. O turno em tolhas, por >*••;»•-.i*»!- treto h *< o ministro esti •ctuto >•<'»>*;*'!- a pisar, Fssa c. rertameme uma dav COS* irailHocs piais graves que a politica wmAmitra firovoeou nos Últimos an««s Um* não tanio prtos eleiiov imediato* — ?• goiera»* começou a revifin»*«r realmente as esponaç»**» em l*>"3.e ru» priiftciro trtmcstre «b» am» o valor exportado ainda progrediu $2*» em ¦•>.-¦ ai» am* passado — «orno pela dc dermuiviraçã*» que e impossHcl, cm abrir a economia subtlesenvolvido, pais estabilidade o manter e exterior para <v<*>"»it- tniema, A «(•«..» que a economia que ?« abre lenha condisiWs para determinar a seu lavor os preços internacionais, os llusos de capual. a política comercial de outros paises. e demais variáveis que compõem a conjuntura mundial «exemplo único na atualidades Estados Unidos! a menos que a economia seja bastante poderosa para neutralizar os eleitos negativos das oscilações bruscas e Irequenres nessa coniuntura. ela nio exemplo cuio preço mtfdio por toneladas esportadas do Hrasil aumemotr majs ile •'*¦ »•¦>»»» entre |«t"| c IU"|. Qu o couro curtido, a pedidos da industria de calçados Ou in produtos sblerúrgitos, já que parece existir uma crise interna de abastecimento com a alta de presos externos ia prmbiçã»» «le exportar (erro lundido demonstrou que o «coverno não .'¦'¦tuic lUar so na limitaçã** de matérias-primas não elaboradaxi. Oue não se tire dal. entretanto, a conclusão de uue o gmcrrio lar isso alegremente Restringindo av vendas de soja. carne c algodão, para ctrar os ires principais, ele esta atingindo produtos que representaram, no ano passado. I T.4«» das exportações basileiras. justamente itens que se mostraram mais dinâmicos no ano que passou. A receiia do algodão cm rama cresceu em l*>"2 *trr%. a da carne Ircsca r»n**. a dc farelo e tona de soja Mr*i. c a de soja em grão ajír***, São números que dão uma idéia da pode chateiem ligações fumlamer»' tais com o estersor sem se Mibrneter a , flutuações indesejáveis No caso •wrvrme a duiwatào r... para cima. os inter* mercado subiram no lircct* nacional, criando pressões inttactonártas e obrigaom* o gosemo a recuar na política de c«pona«,*-es, para picsersar sua meta antuntlaciwnaria tcaso comparável cm toda a sua extensão com as rrstrtçõcs à entrada de iaptiais a curto pra/oi Isto c. o .. .c»«- • Un levado a atenuar um pouco suas ligações fundamentais eram o exterior, para evitar efeitos negamos vobre a economia Mas o que aconircena se esses eleiim negativos persistissem, se a pressão mllaciunárta do mercado internacional <ou da entrada de capitais ou dc qualquer laior alcatõrtoi ameaçasse seriamenie a fsiahttdadc inter*--' O governo continuaria atenuando ligações eon* sideradas lundamentais para o fun* câinamemo do modelo?'Cmorr Tnller Cometi. Principais produtos com exportações limitadas Cada restrição significa mais matéria-prima pare o industrial, mais alimento paro o consumidor, e menos receito para o exportador iXPOsTTAÇAO ^''"^¦níii eslwãÊÜÊk ctreiiolòeke (US$1000) MOTIVO HSTttCAO em 1972 estimado em 1*73 ^^r^^«m ÕVl»e^Sje^B^e^S^BS^By :r - '***"*¦ •*'¦• ' . WSfíC' - __^_ Exportação 1972 Arrox Vr:!^^wBffl Cerne fresca e industriolizodo Farinha de peixe, farelo de trigo, farelo o torta de caroço de algodão da região centro-su! de 5,5 °: limitado em anual Exportação janeiro de 1973 a 70 mil t. mais tarde ampliada para cerca de 90 mil, t 200 dólares de confisco por exportada. Exportação suspensa em 7,0°co 0,3' 0,2% 152 Crise de abastecimento interno Necessidades dos curtumes e da indústria de calçados poro exportaçõo Crise de abastecimento interno Exportação limitada em levereiro a 3-4 do produção comercializada, cobrança de !CM no exportação Necessidades ração animal das indústrias Na melhor das hipóteses, a mesma do ano passado, considerando a alto dos preços internacionais e a parinmaior ticipação do carne dustnalizoda 1.536 de Necessidade das indústrias de ração Exportação limitada em fevereiro 100 mil t. cobrança de ICM no animal exportação Exportações suspensas em fevereiro 11.600 219.714 • Crise de abastecimento interno janeiro Exportação limitada em fevereiro ao volume exportado em 72 ípara o babaçu) ea 80° o desse volume (para Farelo e torta de babaçu, farelo e torta de algodão do nordeste Necessidades ração animal das indústrias de Necessidades ração animai das indústrias de 281.275 13.026 Cerca de 600 milhões de dólares por da aumento causa do grande internacionais dos e preços produção Pro'xima à do ano passado por causa interdos preços aumento do nacionais 8.500 3.000 Um pouco maior do que a de 72 por causa do aumento dos preços internacionais o caroço de algodão; Algodão linter (subproduto do algodão em rama) Exportação 1973 rfe Algodão em reme. abril Exportação suspensa em agosto de 1972 (ò exceção de pequena coto para o NE) Boi em pé Milho em grãos eom farelo em 0,3% i Soja em grãos, Iorelo o torto suspensa 0,9% suspensa em março de Exportação limitada em maio ao 1972 em exportado (a volume exportação do centro-sul também foi limitada, mas só depois que toda a foi vendida ao safra exportável indústrias das Necessidades químicas e de mobiliário Necessidades da indústria têxtil 1.860 33.000 Largamente superior ò de 72, na medida em que os preços continuem subindo ou permaneçam estáveis no mercado internacional exterior Exportação suspensa 5, Forro gusa 0,3% em junho Exportação suspensa em junho por 6 meses Necessidades metalúrgica da Necessidades metalúrgica da indústria n d ú s t r i a 300 11.765 A CACEX ainda não informou exportações em janeiro/maio as 10 O MUNDO Argentina: o caldeirão fervente .•>* •» ••<¦ jynho foi nwrto NoA14o R»»roano ucrttário do »-»4»-!•• •!"» !?«¦«;«» tt Boctsos Aires Romano foi mucto num bairro a ctrca dc 15 *,-='- í «*-ctr»n «Io cem ro da cidade, por lhof >'-«*í'-«í•!•• 4c -«« carro * A $0 metros •! c» k- logat hi I anos. um pelotão dc fuzilamento •Jcscarregata suas armas contra um grupo «íc peronistas acusados dc participar do frustrado les ame comandado pelo general Juan José Valle. comra os militares que bastam inaugurado a autodenominada "Revolução Libertadora" Se o fuzilamento marcou o inicio dc uma longa luta que terminaria par* cialmemecom a sitrVia pcronHia de 11 dc marco, a <•.;¦. Ae R«>mano. um dos ¦¦--:¦¦• i burocratas sindicai», sempre nas boas graças do goterno. marcou também o pomo mais alto das sérias divergências entre a juventude peronista, a guerrilha e os grêmios combativos com o poderoso aparato ca CGT tCon federação Geral dos Trabalhadores) e os setores mais direitistas do heterogêneo movimento justicialista, Nas últimas semanas essa tensão foi traduzida numa série de lutas, cm todos os nbeis. que se traduz, nos slogans adotados. Enquanto a juventude peronista apela para "Perdn-Evita-pátria socialista", os e os setores refor* grupos sindicaiv "Perdn-Evita-pátria mistas gritam como peronista". E acrescentam, "Nem advertência aos jovens radicais: ianques, nem marxistas — peronistas". No momento, a ofensiva publicitária está nas màos da burocracia sindical c da direita. Desde 25 de maio os jornais advertem contra o perigo "da in* liliraçãn irptskista" no movimento, uma qualificação que oculta o temor dc que a juventude nos setores radicais ¦'¦- sindicalismo e da guerrilha da pretresso «*.%uma **FV»a a condusàV* ;*•!»•**¦¦ :-u*!f ,-i ima sido comprovada pelos sindicalistas tradicionais jtratét de síria* cspcfiétxMv A 25 df maio. por cscmplo, por presvãu Aos setores mais radicais, o gosemo decretou o indulto para todos os presos políticos e garamiu o respeito pelos pregos dos artigov ir c«*nsum*> popular e a ••':¦-.*¦¦ de'•«? ••» públKo* c privados por radicais que esigtam desde a cspulsãodas amigas autoridades até a aplicação de novos modos de fun» cionamento. Entre esses locais públicos e privados cnconiranvsc hospitais, escolas, universidades, fábricas, repantcôcs do Estado, rádios, canais de televisão e até instituições de assistência e habilitação ílsica. onde os "rengos peronistas" engem a in* troducão de melhorias, Por outro lado. essas lutas serviram para mostrar a posição da CGT. ôrgio que coma com -prosimadamcntc dois milhões de trabalhadores e que parece ser seu único instrumento de expressão e que durante (7 anos esteve condenada ao ostracismo político. Sua vigência real ji foi questionada quando leve inicio a longa serie de insurreições nas províncias do interior do pais. Posteriormente, o crescimento de grupos contesiadores. sem atacar diretamente a CGT em si. questionou seriamente seu funcionamento e gestão frente aos militares. Em seguida, os grupos contestadores passaram a ação direta contra vários dirigentes da CGT. tendo sido alguns deles assassinados. Também é questionada a supostr força de um fogão cujo secretário geral. José Rucei, membro de um O procetio orgontlno. otuolmonfo caótico e conluio, é um dotal io onda oito •ondo legado o destino do 24 milhõof do argentino.. sindicato com 250 mil afiliados, obteve sua representação numa eleição onde participaram apenas 20 mil trabalhadores. Essa luta interna que ameaça culminar com lutas maiores e mais graves começará a se definir a partir da chegada de Pcrdn na Argentina, no dia 30 Assim, tanto para uma tendência quanto para a outra, a prova de fogo estará em demonstrar, através da mobilização, quem é realmente maioria e como se expressam as necessidades e aspirações dos trabalhadores. No entanto, como dc bobo nâo tem nada. Pcrdn já na sua última viagem fez apelos á juventude e em sua volta, se prometeu que. "reorganizar o dedicaria a movimento", isto é. estimular o que define como "superação de gerações", substituindo os velhos dirigentes pela nova geração. Isso não será fácil. O que Perón pode conceder, o que a juventude exige e o que uma burocracia (acostumada ao manejo de cifras multimilionárias de arrecadações sindicais) não está disposta a outorgar sio coisas tão discrepantes como os interesses do Ministro da Fazenda. José Gelbard (próspero empresário) e as necessidades de um cancro tucumano. cujos filhos tomam, em mêdia. 8 litros de leite por ano. Os preços fixos de Nixon Ao anunciar na semana passada seu novo plano para tentar conter a inIlação nos listados Unidos, o Ninguém acredita Nixon não deixou por presidente"Estamos quo o congelamonto atravessando — menos: de preços decretado afirmou — um dos melhores períodos da nossa história". Mas não pode por Nixon irá deixar de reconhecer que "os preços realmente conter (dos produtos alimentícios) estão se a inflação nos elevando a taxas inaceilavelmente Estados Unidos. altas". Para deter esse aumento. Nixon decidiu congelar por 60 dias os preços pagos pelos consumidores, exceto os dos produtos agrícolas nã'o presidente conseguirão um resultado semelhante ao que seria obtido se o processados; os salários não foram Papa fosse encarregado de fazer um congelados porque, na sua opinião, de natalidade. não constituem importante fator in- plano de controle acertada a decisão considere Embora flacionário. de congelar os preços. Galbraith acha Segundo Nixon. a razão principal do ela de nada adiantará se os salários aumento de preços foi a inusitada que não forem também congelados. demanda estrangeira de produtos Eliot Janeway, outro conhecido agrícolas americanos. Edward Cohan. economista americano, disse que a "a dó The íVciv York Times, diz que medida "foi muito pouco e muito demanda externa provou ser uma força tarde, além de excessivamente intlacionária muito mais forte do que a política" que a decisão de Nixon visa a Administração pensava há seis meses Contrabalançar os efeitos negativos, atrás". O motivo dessa grande a opinião pública, do caso junto demanda foram as duas Watergate. desvalorizações do dólar (em dezembro Congelando os preços, mas deixando de 1971 e fevereiro-março de 1973), os salários aumentarem. Nixon que fizeram com que os produtos prejudica a indústria e o comércio e americanos ficassem mais baratos para beneficia os consumidores. E os os estrangeiros. Por isso, explica americanos perguntam até que ponto Cohan, Nixon quer que o Congresso isto poderá causar um ciclo econômico aprove um novo sistema de controle desfavorável nos Estados Unidos que das exportações de produtos a indústria e o comércio terãojá seus alimentícios. custos elevados e suas receitas Os 60 dias de congelamento congeladas. propostos por Nixon representam, na verdade, uma medida destinada a Ceticismo e desprezo ganhar tempo: nesses dois meses seus assessores tentarão elaborar um O representante democrata Henry sistema mais eficiente de controle dos Reuss nota, por sua vez, a contradição preços. entre a necessidade que têm os Estados Dará certo o plano (ou o tratamento Unidos de aumentarem suas exporde choques) de Nixon? Para John tações para equilibrar a balança de > Kenneth Galbraith. famoso pagamentos e as restrições à venda de economista americano, de modo produtos agrícolas para o exterior. Também nos meios sindicais o plano nenhum. Segundo ele "os economistas foi recebido com desagrado e o Nixon assessoram atualmente que ironia. Lconard Woodcock. presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automobilística, disse que "a decisão do presidente é uma marcha-a-ré no seu programa econômico e não resolverá os problemas da nação". Barney Weeks. presidente do Conselho da Central Sindical Americana AFL-CIO , disse duvidar de sua eficácia. I. W. Abel. presidente do Sindicato da Indústria do Aço. considera que se devia "ter atuado muito antes contra a inflação". As mesmas dúvidas foram mencionadas até por assessores de Nixon. George Schultz, secretário do Tesouro, e John T. Dunlop. diretor do Conselho do Custo de Vida, disseram repetidas vezes que congelamento — de preços e/ou salários — não resolvem nada, porque não combatem as causas da inflação. As medidas propostas por Nixon foram alvo também de uma saraivada de críticas em todos os setores da economia americana, indo desde a reprovação mais enérgica até o ceticismo e o desprezo quanto à sua eficácia. Até uma entidade tradicionalmente conservadora como a Câmara de Comércio dos Estados Unidos não poupou críticas a Nixon, insinuando que o sistema de preços livres foi transformado por Nixon em bode expiatório das falhá*s da política oficial anti-inflação. Enquanto as críticas prosseguem, John Connaly,. ex-secretário do Tesouro, que se transferiu no começo do ano do Partido Democrata para o Republicano, isolou-se no hotel Mayflower a cinco quarteirões da Casa Branca, para trabalhar no futuro plano de Nixon, a ser lançado em agosto e que deverá aprofundar o esquema hoje em vigor. Connaly, responsável pelo congelamento dos preços, acha que a inflação deve ser tratada com energia — e como um problema polítrco: enquanto ela aumenta o caso Watergate reduz a confiança dos americanos na administração. Essa atualização do mosim«rnio os prosirnos meses Oa pautará ' .NI ;>.u Ae Perón dr «j* rsiraJfgt. em conciliar esse promsu interno com soa proposta dt forjas uma aliança com os países do Terceiro Mundo contra a hegemonia dot in* dusirialtrados depende, em grande a concretização desse parte, "socialismo nacional", até agora indefinido. Desafio Dessa reformulação e da correção de sua aplicação depende, em grande parte, a Argentina, para que em poucos meses não se chegue a uma situação dc grave dissenção interna. As diferençav aiirfgem a iodos, aos tontos e aos apressados, e atualmente para cada impulso há um freio. f também dentro desse esquema que se poderá entender a eventual reação dos conservadores argentinos, tanto no setor privado como entre as Forças Armadas. No momento, o silüncio é a únicj reação dos conser* vadores que. em seus meios de comunicação, limitam-se a se dar conta das vitórias, sem ouvir nenhuma opinião abenamente adversa. Le Sación é complacente com o aumento concedido aos trabalhadores (20 mil pesos, pouco menos de 19 dólares!, medida que serviu para estimular os primeiros atritos entre a equipe econômica e as bases sindicais, visto que dada a margem de exiguidade do mesmo (foi aprovada no dia seguinte uma série de aumentos em serviços públicos c no item alimentação) toma-' se totalmente inoperante num pais onde nos cinco primeiros meses do ano a inflação foi além de 30%. A satisfação do La Naciôn k semelhante à satisfação expressa por um porta*-» da Casa Branca qut iimN« anunciou o Nnepláftfo do governo de Nisoo prevendo uma *-* Ae prosperidade para a Argentina", talvez tenha sido uma rtfWsáo apressada Vtntr e quatro horas mais tarde anunciava*** a apresentação de •<'¦projetos de» «4ei referentes á nacionalização dos depósitos bin* cários, ao com/rcio eaterfor • à reforma das normas para o» in» sMtimcoros estrangeirot. Nesse sentido, são consideradat como "nacionais" as empresas que tenham Wr% de capitais kicais, Até o ntomento era considerada nacional a empresa que tivesse 51*&. O mesmo projeto decreta que não serio ad* miiidm in.cstimentot estrangeiros em enjornais, revistas, publicidade, lidades financeiras e "atividades relacionadas com a segurança nacional". O projeto limita seriamente o envio dc utilidades para o etterior e propõe sanções àqueles que "atuarem como mandatários ocultos a fim de dissimular o caráter estrangeiro de um investimento". Foi decretada também a nacionalização dos depósitos bancários. medida cuja instrumentação será conhecida dentro de poucos dias. Estas medidas, juntamente com as adotadas no campo social, as con* trapõem ás medidas no campo da economia, onde a mencionada equipe econômica parece continuar fun* cionando através da ótica do liberalismo, da qual participa o ministro Gelbard. Visto dentro do seu contexto global, o processo argentino, atualmente caótico e confuso, é um desafio onde esti vendo jogada o destino de 24 milhões dc argentinos. (Alberto Carbone) Franco e Manco, caudilho e sombra Pela primeira vez cm 35 anos. o general Franco aceita renunciar a uma parte importante dos poderes absolutos que detinha. F. certo que há anos ele só se limitara a dar seu parecer e suas ordens sobre os problemas maiores do Estado, deixando os casos comuns sob a administração de fato do almirante Carrero Blanco. vicepresidente do governo desde 1967, e que foi nomeado primeiro-ministro a 8 de junho. As pressões da família c dos amigos foram muito fortes para que o caudilho, cuja aparência não pára de definhar sob o peso da velhice, afinal admitisse, com a idade de 80 anos, que o começo do fim do seu reinado absoluto tinha chegado. Ele ainda se reservou uma última oportunidade explorando ao máximo a extrema complexidade da Constituição espanhola. O almirante Blanco foi nomeado por cinco anos. Mas tudo poderá voltar atrás se o general Franco, que continua como Chefe do Estado, decidir instalar no trono o príncipe Juan Carlos, que por enquanto foi simplesmente informado da nomeação do almirante. Tudo indica que essa nova fase de mudanças internas do pós-franquismo foi claramente preparada pelo almirante e não surpreendeu ninguém em Madri. O novo primeiro-ministro, de 70 anos, é um dos mais fiéis colaboradores do general Franco desde 1940. Paciente, taciturno, obstinado, preferindo a sombra e a discrição, mesmo quando se dignava dar, na imprensa, seus pontos de vista acerca das grandes opções do momento, ele usava um estranho pseudônimo. Mais do que" ninguém, no círculo dirigente, ele mereceu o nome de eminência parda, que aliás cultivou com carinho. Galgando a vice-presidfncia do governo em setembro de 1967, depois da saída do capitão-general Muiioz Grandes, já naquela ocasião Blanco incitava o general Franco a designar o prímajpe Juan Carlos como o sucessor oficial do caudilho à frente do Estado. Ele preparou igualmente, em outubro de 1969, a formação de um governo coerente, onde os jovens tecnocratas, tinham as mãos livres para construir a imagem de uma Espanha em plena expansão econômica e decididamente voltada para o mundo exterior. Alguns ministros inteligentes e dinâmicos dessa nova equipe, mal acolhida pela velha guarda falangista, desejavam favorecer a integração da Espanha no Mercado Comum, na expectativa de que a prosperidade acabaria por enfraquecer as contradições. Mas é ilusório construir umaeconomia dinâmica se se recusa teimosamente a atender, ainda que em parte, às aspirações naturais e profundas de uma sociedade nova, moderna e já europeizada. Hostil às idéias liberais, ferozmente apegado, como o caudilho, ao credo que inspirou a guerra civil, o almirante Blanco não deixou de responder, imediatamente, e com a força, aos que reivindicavam o exercício natural das liberdades sindicais e políticas. E a ,igreja da Espanha, que empreendeu sua liberalização, deu uma lição a um regime preso por estruturas po'íticas superadas. No entanto existem aqueles que acham que o goverrfo ainda é muito fraco, que a abertura para o Leste é perigosa c que os tecnocratas não têm mais nada a dar. A composição do novo governo indica uma certa perda de influência dos tecnocratas do Opus Dei, associação religiosa, nos negócios internos da Espanha, embora o ministério das Relações Exteriores continue com um membro do Opus Dei, Lsureano López Rodo, que substitui o chanceler Gregório López Bravo, responsável pela política de aproximação com os Estados Unidos e com o mundo comunista. A presença de sete falangistas no novo gabinete é sinal de uma certa reação das forças políticas mais tradicionais. (Le Monde) EDtCAO SEMANAL BMttlBRA /(fcwfy A irritação israelense /Wr^t^T Wr*r & II o 25 de (unho de If73 * •oadesnoi»ens t*»«•.**•»••« ? -o-» «ja 2S% OA POPULAÇÃO AMEAÇADA PIlA FOME ¦' • i¦Md cinco anos de seca <-joto uma prat*. • »«*«• dlrim«*n 3/4 ria «banha b*.»lr«. reais da metade «ia» rabrrat e «telha» t quaae a»«galaaaéated>aaaca«»a»ttoéapehi a montarIa preferida ém «)****dh***.-** i«j*^t.n»^*»d**»qiieta^lmHir«**e-lt wbrctlttr c st fitar***» itaa rab«*»*eU fattlat urbana* qut podem ter alcançada» pela caridade Intertwiofltd. alguns as dificuldades Para dos habitantes de Air começaram hi 2(1 an«n. para <»uiros em l%8. mat todot apontam a metma causa: a teca. O que torna a situação alarmante é a contcrgéncia de doit fatores. I'«>r um lado. a desenificacão de ronat outrora férteis e o prolongamento do deseno cm direção ao sul; por outro, a seca que hi 20 anot tem aumentanto a tua incidência, tendo-te agravado nos últimot cinco anot. Trinta anot atrit. a média de precipitações em Agades chegava a 164 milímetros num total de 24 dias de chuva por ano. Desde 1%*) o Índice de prccipíiaç«*»cs atingiu 86.7 milímetros, chegando em l*)?0 ao teu mínimo, qu Fronçoift Monique teji. '»'•" mitimetrot subindo em IVI para *0.*» mdlmctros, 0 ndmcrt de dias de chuva, por sua te/, caiu em i'•*•'• para M dtat por ano. Outra estatística demonstra que Agades nâo tese nesses rnS últimos anos. ou seja.entrv l%*>c l*)"2. senão 46% das precipitações cm período normal. Hi alguns anos Air conseguia se sustentar bem. No fundo do vale de Tel» a. de Agadet a Iferouane. magníficos canteiros bem irrigados e cheios de palmeiras permitiam o abastecimento regular da população com produtos honigranjeiros Batata, tomate, cebola, pimenta eram cultivados juntamente com as lamarcirat que criavam um clima propicio. Atualmente tudo mudou. Ot diversos poços estão tecos, não per* mhindo mait a irrigação dot canteiros. K quando não falta água. faltam os bois utili/ados para acionar o poço. fazendo II de ministros *»- rece* (seu. durante tua reuni**» wmaaal 0<».h»*|Hm de domina um pequeno comunicado 4a sra ftdda Meir sobre a ttttta do , ? h.< i !*..•.:>t*- alemá» WiiU Brandt em Israel A tisiia t*?rmir*»*y «*m dia dtpols. tetrundadeira II. com uma cntnrttsta de Brandt com o minitir»» da (Mesa israelense general Dat an Até mi*'», Brandi rctthcri o diploma de d«JUtor boot*rii~-tauxa do Instituto Wai/man. importante centro dc ptrsquitas ctcntilkas. fundado pelo primem» presidente d«» Esi*d»« de descer ao lundo do solo um recipiente para retirar dal água 0 rchattamenio do nbel do lençol ! Israel, e situara o rocheti» de Matsada. d'água o»mpr»»metc o futuro dos n¦ {-. nante local da htttiVta «Jo ;¦ ¦ »«bomhc*r A capacidade de palmcirait, \ lodeu. noc«»raçài»dodeserto da Judéia a água do subsolo lesa a que centenas O balançt* da iiagcm estava marcado de palmeiras sequem e definhem. para ser *p****«nt.*d«» a«»s mcmbr**s ào Anualmente, ponanti o uue resta dos *•- nrmo israelense na reunia** de canteiros do Air tão palmeiras «•ntcni. Mas muito antes apareceram abandonadas c terras incultas. Em alguns sinais de irritação que ji não se Timia e Iferouane a situação è a tenta mais esconder nos meios ofíciait metma. tubstituindo apenas algumas de Jerusalém pouca- culturat dada a estttència de Nas numerosas declarações que o '*•/ em discrsas poçot ainda utilizisett. M«*smo o chanceler alemão palmeiral de In Call. famoso tanto por circunstâncias, não satisfez a seus tua beleza e por tua qua!ídadc,cncon* anfítnõcs israelenses. Segundo o diirio ira-te em sia dc destruição Dasar. que é bastante ; r tim« dos Acatá»trtfedel968 Para a pecuiria as dificuldades tfreram inicio em 1968. antes mesmo do primeiro ano da teca. Durante o més de abril chuvas torrenciait inundaram a região, provocando a germinação das plantas. O surgimento continuo na póg>no 13 círculos gmernamentais. o sr. Brandi nâo pareceu consertado de que ot israelenses estão prontos a fa/crem at concetstVs necovims para conteguir .-. pa/ com seus si/inhos ir abes Foi este ceticismo do visitante alemão que o lesou a repetir, em tirias ocasiões, que procuras a obsenar uma política de equilíbrio «rstre Israel e o mundo árabe. Brandt disse também que devia "a mesma língua" nos doit falar campos. Jerusalém nao esperou o final da '¦»¦•¦» pètè «rtpfimir •-*- «wedume quanto a tss«% Um"a alto juPí^oârio ihub* peitado". itraeknse tugtrto. admmr que a diflcil fite parecia que Alemanha pudesse *4»u* uma atitude . »; t-.*(f.'t Wfaicacmreiaçloaot beligerantes, na medida em "nao que. no st árabes, aos respeito di* que rem «le esquecer o assassinado u seis milhões de seus irmãos"» A t*rutalidadc desta afirmasio «urprccn* deu a todos dado o clima amtgisci em sa «ksenndou a ttagem do sr randr Mas ela dete ter tttado a Sue «aiisfa/er a necessidade sentida em Jerusalém de frear « procesw. con* siderado demasiadamente ripido. de "normaliraçâo" das relações israe lente«alemàt Isso fio claro quando se lembra que o chancekr Brandt reiterou disersat seres a necessidade de se definir as relaç<**es entre os dois países, o que protocou ranger de dentes. Entre o e a desejo alemão de normalização "relações obter de intenção israelense apresentou a especiais". Brandt"Relações normais vcguinte fórmula; resetttdat de um caráter especial". A declaração á imprensa feita pelo alto funcionirio israelense parece indicar que em Jerutalém predomina a recusa em te fazer esta distinção apenat no plano da teminrica. Parece também que. se for preriso. as serdades. mesmo as mait desagradaseit. serão ditas nosamente cada sez que ot israelenses acharem que isto seja nee**ssário. O que parece ter sido o cato desta vez. ENERGIA, VELOCIDADE E JUSTIÇA SOCIAL II • O preço do tempo e o monopólio da i No primeiro artigo deita térle — Energia. Vctocidade c Justiça Social, — o publicado no número anterior sociólogo Ivan Illich, autor do livro Uma Sociedade sem Escola, mottra "crise de energia" e um que a fórmula eufemismo, ocultando desperdício e consumo obrigatório provocado pela indúatria do transporte. Neate artigo, ele mostra como o usuário dot transporte» fica preso ás falsas necessidade* criada* pelo monopólio radical desta Indústria. um certo nivel de energia, a indústria de Ultrapassado consumo do transporte passa a ditar a configuração do espaço social. Quando os grandes caminhões atingem uma aldeia dos Andes, uma parte do mercado local desaparece. E quando a escola média chega à vila, através da estrada asfaltada, um número cada vez maior de jovens parte para a cidade, até que não haja mais nem uma família que não esteja esperando alguém que está a centenas de quilômetros, mais perto do litoral. Pelo seu impacto geográfico, a indústria molda definitivamente uma nova espécie de homens: os usuários. 0 usuário vive num mundo que não é o das pessoas que gozam da autonomia. O usuário é consciente da e.xasperadora escassez de tempo engendrada pelo recurso diário ao trem. ao carro, ao metrô, ao elevador, tudo dentro' de um raio de 15 quilômetros. Ele conhece as variantes e desvios que os privilegiados usam para escapar ao desespero provocado pela circulação e ir para onde desejam. O usuário sabe que está limitado pelos horários do trem. mas ele vê os senhores da corte se deslocarem e viajarem quando e como entendem. O usuário fica exasperado pela desigualdade crescente, a falta de tempo e a sua própria impotência, mas tolamente ele pie toda a sua esperança em mais, em \\úox quantidade da mesma coisa: líiais circulação pela mesma espécie de.transporte. Espera a sua salvação de mudanças de ordem técnica que afetariam a concepção dos veículos, das estradas, ou a organi/aão da circulação: ou então ele espera uma revolução que transfira a propriedade dos veículos para a coletividade e. através de taxação dos salários, possa manter uma rede de transportes gratuitos. Ele mede o custo da operação que consiste em substituir a utilização privada dos veículos por um tipo de transporte público que permitisse um deslocamento mais rápido. A noite, o usuário sonha. Sonha com anéis rodoviários gigantescos, trevos, viadutos e desvios prodigiosos, titânicas vias múltiplas animadas pelo lluxo incessante de milhares de veículos. Sonha com elevadores deslizando entre camadas vibrantes de energia cinética estratificada. Sonha com o dia em que. jogado por propulsáo de uma rede de trânsito para a outra, programado para encontrar seus semelhantes, ele será definitivamente assumido pelos serviços especiais da rede de transportes. O credo do usuário O usuário não tem controle sobre a demência inerenteaosistemade trânsito fundado sobre o transporte. Sua percepção natural do espaço/tempo foi objeto de uma distorção industrial. Ele perdeu o poder de se considerar outra coisa que não seja usuário. Intoxicado pelo transporte, perdeu a consciência dos poderes tísicos, sociais e psíquicos de que o homem dispõe graças aos seus pés. O usuário toma por um território o que é apenas uma paisagem já gasta. Ele não sabe mais marcar o espace dos seus domínios com as suas pegadas nem encontrar outra pessoa na estrada. O usuário já náo acredita que pode encontrar alguém: e também não acredita que pode ficar sozinho entre quatro paredes. Eis o seu credo: I — creio no desenvolvimento conjugado do poder 2 — político e da rede de transportes; creio que só há uma liberdade de locomover-se, a de ser transportado; 3 — creio que não há outra democracia senão o controle democrático do tráfego dos transportes e da comunicação à distância sob todas as Ivan Illich suas formas. E eis a sua declaração de direitos: o direito do usuário a uma melhor maneira de locomover-se é o direito de um cliente a um melhor serviço.Ê melhor comprar um produto melhor do que deixar de ter necessidade do produto. Muito pelo contrário: é urgente que o usuário tome consciência de que. quando ele pede que o processo se acelere, precipita a irreversível corrupção da equidade, do tempo livre e da autonomia pessoal. O progresso com o qual ele sonha é apenas destruição mais completa e acabada. Em toda sociedade onde o tempo é pago. a equidade e a velocidade de locomoção tendem a variar em proporção inversa uma à outra. Os ricos são os que podem se locomover mais. ir onde bem entendem, parar onde querem. Com efeito, a velocidade é demasiado cara para ser realmente partilhada: todo aumento da velocidade de um veículo acarreta um aumento correspondente do consumo de energia necessário à propulsão desse veículo por cada quilômetro percorrido, mas há também no caso um aumento proporcional do espaço necessário a cada usuário em movimento. É assim que os americanos precisam, para os seus próprios movimentos e para os das suas mercadorias, uma soma de energia superior à totalidade da energia de que dispõem, para todos os seus fins úteis, ti índia e a China juntas. Ora, quando a energia necessária ao usuário ultrapassa um certo limite, o tempo de alguns passa a custar muito caro enquanto se deprecia o tempo da maioria dos outros. Em Bombaim, uns poucos veículos automotores bastam para atrapalhar a circulação de milhares de bicicletas e de carrocinhas e para reduzir a sua velocidade: mas um desses raros automobilistas pode. em apenas uma manhã, ir a uma capital de província, trajeto que. há duas gerações, levaria uma semana inteira. O que é verdade a respeito da índia, que tem uma renda per capita de Ob dólares, é também a respeito de Boston, onde o trânsito se tornou mais lento d«) que no tempo dos carros puxados a cavalo. Mas uma minoria de habitantes de Boston pode tomar um avião para um simples almoço em Nova York. Com efeito a demanda de circulação cresce mais rapidamente do que os meios de satisfazê-la. Depois de um certo limiar, a produção da indústria do transporte custa à sociedade mais tempo do que pode poupar-lhe. A utilidade marginal de um aumento de velocidade, acessível a um pequeno número de pessoas, tem como preço uma diminuição crescente da utilidade da velocidade para a maioria. ê assim que. ultrapassado esse limiar crítico, ninguém pode ganhar tempo sem que necessariamente faça alguém perder tempo. O fato das pessoas se deslocarem em massa, a mais de 20 quilômetros por hora. data de apenas um século. As primeiras estradas de ferro eram lentas. Afetavam consideravelmente a paisagem humana mas não instituíram nenhuma discriminação espetacular. Pouco a pouco, elas libertaram o operário do horizonte estreito da cidade operária, criando o conceito de usuário. Contribuíram assim também para desenvolver as favelas urbanas mas. no começo, o transporte em si não suscitava privilégios. No máximo, os privilégios estabelecidos se viam confirmados pela criação de uma "primeira classe-'. Vinte anos depois, a velocidade já se tinha tornado o grande fator de discriminação. No fim do século passado, o expresso mais caro já andava três vezes mais depressa do que o trem comum. Mais 20 anos e o homem da rua começava a ser o seu próprio motorista: o ganho de todos em velocidade tornava-se a base de privilégios mais custosos reservados a novas elites. O avião, o automóvel de aluguel, a livre escolha do local de trabalho e de residência e. pri-ncipalmente. o condicionamento desses produtos proporcionam essa vantagem marginal que tenta pela sua raridade. seu custo e a discriminação que subentende. A velocidade apróxima as zonas de escritórios, os espaços residenciais e as estações turísticas de luxo dentro da órbita de sonho da comunicação televisionada, protegendú-as dos olhares indiscretos. Cria-se uma hierarquia dos destinos acessíveis segundo a velocidade que se é capaz de atingir, e cada categoria de classe uma destino define correspondente de usuários. Além disso, cada nova rede traz como efeito a degradação das redes de menor velocidade. Aqueles que só podem contar com o seu próprio corpo para se deslocar são considerados como marginais ou doentes. Dize-me a que velocidade andas e te direi quem és "dize-me (adaptação do provérbio: com quem andas e te direi quem és"). De meio século para cá o automóvel tornou-se o símbolo do sucesso social, da mesma maneira que os diplomas são sinais de seleção social. Em toda parte em que a indústria do transporte fez com que os seus passageiros transpusessem um limiar críticos de velocidade, ela cravou diferenças sociais, realçando um pequeno número para esmagar ainda mais um número bem maior. Em todos os níveis, o cúmulo do poder produz a sua própria justificação, é assim que uma pessoa é justificada por consumir fundos públicos que '"quantidade" anual das aumentam a suas viagens, pela soma de fundos públicos já consagrada a aumentar a duração da sua escolaridade. Pelo fato dessa pessoa capitalizar o saber, seu valor potencial como ferramenta de produção intensiva lhe assegura o direito de capitalizar a estrada e o céu. Fatores de ordem ideológica podem também abrir ou fechar o acesso a um avião, a um automóvel de representação. a servir para racionar uma mercadoria de luxo. adquirida no entanto graças ao dinheiro do Estado, isto éjcom o dinheiro e o trabalho de toda a coletividade. Se é verdade que a linha justa de Mao precisa agora de aviões a jato para se espalhar pela continua na página 12 12 II - O preço do tempo e o monopólio da indústria coA<it»woçdo do pOQ.no 11 China, hno só pode tifnifkar o surgimento de um espaço'tempo próprio dos quadros e dtferente do espaço tempo da» massas. A supressão dos nivcis de velocidade intermediários na China cenamenie tornou a concen* traçio do poder mais eficiente c mais racional, Nem por tato ela deixa de fri»ar que o tempo do homem que »e deixa transportar por seu búfalo vale muito menos do que o tempo do homem que sa fax transponar por um jato. A velocidade concentra a energia e o poder sob o assento de alguns e compensa a massa dos outros, que tem cada v« menos tempo, insinuando ndes o sentimento de estarem no fim da (Ba. Num pjano mais geral, a argumentação em favor da etisténda de minorias privilegiadas numa sociedade indu»trial tem uma dupla face: a situação privilegiada seria um fator de impulso da situação global ou o reverso de uma carência. Já se viu que a existência de transportes especiais de grande velocidade, reservados a uma minoria de pessoa». nâo determina, a longo prazo, nenhum efeito de nivelamento ma», ao contrário, cria uma necessidade maciça de transpones motorizados e toma daro que não se pode. ao mesmo tempo, buscar a equidade e consumir a energia em altas doses. Das informações que reunimos resulta que. em toda parte do mundo, quando a velocidade de certos veículos ultrapassou o limiar dos 20 quilômetros por hora. a escass** de innpa ligada ao desenvol»imenio do iranvpone começou a crescer, Depot» que a indústria atingiu esse brotar critico de produção por cabeça, o tran»pone ter da rtoroem o fantasma iue conl-<cemos: um ausente t]ue se ,*sforça diariamente por atingir um destino que é inacessível através unicamente do» seu» meio» iHteo» Atualmente as pessoas trabalham uma boa pane do dia para pagar os deslocamentos necessários para chegarem ao «eu trabalho. O tempo dedicado ao transpone cresce, numa sociedade, em funçio da velocidade do» tramportes públicos em período de rusk O Japão está á frente dos Estados Unidos nos dois domínios. O tempo vital, sorrateiramenie comido pda àrcutaçào. o homem deslocado, a distorção do espaço, tudo isso é obra de veículos superpo»»antes. Que a máquina seja pública ou particular nlo muda grande coita: ultrapassar um novo limiar de velocidade significa renunciar a outra fração de tempo lote. aceitar uma maior quantidade de atividade programada. Re»ta*nos ainda mostrar que o estabelecimento de redes de circulação eficientes, justas e sadias depende da tomada de cons* ciência política dos níveis que não se deve ultrapassar. Luta produtha Quando se fala em teto de velocidadea nâo ser ultrapassado, devese distinguir entre dreulação. trans- parta • trimíto. Por etnideeão eu ileugno todo movimento de pessoa» de um lugar para outro; chamo de irenüio os movimentos que empregam a energia meiàbèltca lenergia transfor* mada pelo corpo humano, ou seja 2 md calunav por dia. das quais 1$** podem ver con «grada» ao» nsosimentos do corpo com »i»ta a uma tarefa deter* mtoada'; e chamo de transpone os movimentos que recorrem a outra» fontes de energia. Uma ver que o animal t o companheiro de fome e o <w a vdeulo do hornem num mundo vuperpovoado. »lo os motores que engendram, de maneira inumana, o mtmmeMo da humanidade. Nessa perspectiva, o trantpone aparece como o modo de circulação baseado sobre uma utilização intensiva de capital, e o trânsito aparece como o modo dc circulação baseado »ebrc um recurso intensivo ao trabalho do corpo. O transpone é um produto da in* dústria. o que o trán»ito nlo é. Eu devigno como usuários os clientes dessa indústria. O transpone é um bem dotado de um valor de troca, sub* metido á raridade por definição: um ganha o que o ouiro perde. O trânsito é um bem dotado por definição de um valor de uso para o viajante, não precisando ser acrescido de nenhum valor de troca. Há escassez de trânsito quando se nega is pessoas a possibilidade de utilizarem sua capacidade natural de mover-se e não quando se lhes nega máquinas de propulsão. Qualquer progresso no . trânsito de um membro da coletividade melhora a sorte de conjunto. Assim, a luta para aperfeiçoar o trfittito toma a (tema de uma operação em que finatmerue i»*4o mundo sai ganhando Os males da circulação contem' porlnea sio devido» ao nsonopôlio cscrctdo pela indústria des trampor. •<¦•¦ A circulação mecânica nio tem aperta» um efeito de destruição sobre o meto*ambienie tísico, ela também cava rm»o» »ociais. determina dkfunçoe» econômicas e frustrações p»(quicas. f essa a amarga »itôria que o tran»pone. baseado numa uiiliraçio industrial tnicnstva do capital, ganhou sobre o trânsito, baseado na uiiliraçio in* divsdual do trabalho do corpo. MoiMpôloradkal Toda a sodedade que torna a velocidade obrigatória arruina, o trinsito em provdto do transpone motorizado. Por toda pane onde nlo semente o exercício de privilégios ma» a própria sathfaçlo das necessidades mais elementares estão ligados ao emprego de veículos superpossanies produ/*se uma aceleração involuntária dos ritmos pessoais. A indústria tem o monopólio da circulação quando a vida de cada dia passa a depender de deslocamentos motorizados. Por seu caráter dissimulado, por seu entricheiramento em posições escondidas, por seu poder de estruturar a sociedade, esse monopólio me parece radical : ele satisfaz de maneira industrial uma necessidade dementar, até então objeto de uma resposta pessoal. O consumo obrigatório de um bem de troca (o transpone motorizado) restringe as «jndKÒes de goro de um valor de uto »iaserabundanictacapacidade inata de tramito), A circulação nos «erse de exemplo aqui para formular uma lá econômica ueral: uuando um produto excede um ceno nhel de con»umo dc energia por cabeça, ek exerce um monopàbo radical tobre a satisfação de uma necessidade Esse monopólio t ms* tituido pda adaptação da sociedade a* objetivos daqueles que consomem o maior lotai de quantia de energia, e é i*cforçado pela obrigação impoua a todos de consumirem o quantum mínimo «em o qual a máquina nlo poderia funcionar. O limiar critico de produção dc quema dc energia pode não ser o mesmo de um produio para outro, mas é determinásd para cada fjrande classe de produtos. Momento de condulr f tempo de tomar consriência de que existe, no domínio dos transpones. limiares de velocidade que nlo devem ser ultrapassados. Do contrário, nào apena» o mcio-ambiente tísico con* tinuará a ser saqueado mas também o corpo social continuará a ser ameaçado pela multiplicação dos fossos sodais nele cavados e a ser minado diariamente pela usura do tempo dos indivíduos. A partir desses dados, é fádl medir a degradação da circulação numa determinada sociedade: basta estabelecer a relação da velocidade motorizada (do deslocamento) com a velocidade metabólica (do trânsito). A conclusão se impõe por si mesma. III - As virtudes da bicicleta que a pesquisa se onenta Porpara cada vez mais transporte, e mais depressa, em vez de determinar as vcloddades de circulação que podem ser consideradas ótimas? Para isso há duas razões: por um lado. a ordem de grandeza dessas velocidades, por outro, o método a ser empregado para a sua determinação. Uma velocidade ótima de transpone poderá parecer arbitrária ou autoritária ao usuário, enquanto aos olhos do cavaleiro ou do delista parecerá tão rápida como o vôo da águia. Quatro ou seis vezes a velocidade de um homem a pé é um .nível demasiado baixo para ser tomado em consideração pelo usuário, e demasiado elevado para representar um'limite possível para os três quartos da humanidade que ainda se deslocam por si mesmos. Idéia estranha O conselheiro para o desenvolvimento. do alto do seu jipe. fica com pena do camponês peruano que está levando seus porcos ao mercado, recusando-se assim a reconhecer as vantagens relativas de se andar a. pé. Mas ele tende a esquecer que, indo ao mercado, esse peruano dispensa dez outros homens da sua aldeia de fazerem a mesma coisa e de perderem seu tempo nos caminhos, enquanto o conselheiro e todos os membros da sua família. cada um separadamente, precisam estar sempre correndo pelas estradas. Para esse espírito, acostumado a conceber a mobilidade humana em termos de progresso indefinido, não poderia haver uma taxa ótima de circulação, mas unicamente uma num unanimidade passageira determinado es: ágio de desenvolvimento técnico. instaurar um limite de velocidade é ameaçar o homem intoxtcadò pelo consumo de altas doses de energia industrial e proibir a maioria da humanidade de gozar de urn bem do qual ainda não gozou. Ha outro obstáculo aind.? mais evidente para essa determinação das velocidades ótimas. O usuário foi a crer que somente um condicionado , especialista pode compreender por que o seu trem de subúrbio pane às8hl5m c ás 8h4lm. e por que convém empregar essa ou aquela mistura no carburador. A idéia de que. por um processo político, se possa redescobrir uma ordem de grandeza natural da qual não se possa esquivar e tendo valor de limite, tal idéia permanece estranha ao mundo das verdades do usuário. bidcleta. que ele conservará durante muito tempo, do que um americano para a compra de um carro que brevemente estará no ferro-velho. Os equipamentos públicos necessários para as bicicletas custam propordonalmcnte mais barato do que para os carros. Eficiência esquecida Por exemplo: Não são necessárias estradas asfaltadas nas zonas de circulação densa, e as pessoas que moram longe da estrada não estão isoladas como estariam se dependessem dos ônibus. A bidcleta alarga o raio de ação pessoal do homem sem limitar o seu andar. Quando ele não pode andar na sua bidcleta, empurra-a com as mãos. Beneficiário de um conforto que não faz distinção de classes, ele pode até carregar outra pessoa no quadro ou no portabagagem. Um delista pode atingir novos destinos de sua livre escolha sem que o seu instrumento de transporte crie distâncias proibindo-lhe ao mesmo tempo de atingi-las. Pode-se dizer de certa maneira que a bicicleta duplica o raio de ação do homem mas eleva ao quadrado suas possibilidades. Além disso, ela produz velocidade sem tomar espaço. Á bicicleta e o veículo a motor foram inventados pela mesma geração, mas são os símbolos de dois usos opostos do avanço moderno. A bicicleta permite a cada um controlar o emprego da sua energia metabólica; o veículo a motor rivaliza com essa energia. O respeito dos especialistas que não se conhece se transforma numa submissão cega. Se se pudesse resolver de maneira política os problemas criados pelos especialistas no campo da circulação, então seria possível aplicar o mesmo tratamento às questões de educação, de saúde ou de urbanismo. Se assembléias representando a população determinassem, para todos os fins úteis e sem a ajuda de especialistas, os limiares críticos de velocidade, então seria abalada a própria base do sistema político sobre o qual estão construídas as sociedades industriais. O homem pode se deslocar eficientemente sem a ajuda de nenhum objeto. O transporte de cada grama do seu próprio corpo, num quilômetro percorrido em dez minutos, lhe custa 0,75 caloria. O homem é uma máquina termo-dinâmica mais rentável do que qualquer veículo motorizado e mais eficiente do que a maioria dos animais. é assim que ele se estabeleceu no mundo e fez. a sua história. Com essa taxa de rendimento, os camponeses e os nômades consagram respectivamente menos de 5% e menos de 10% de tempo social para circular fora de sua casa ou de seu acampamento. Energia utilizada há um século apareceu Mas á bicicleta. Ela fez corr. que o movimento do corpo atingisse um último limiar, que é também o seu limite, pois ela constitui um maravilhoso instrumento que tira perfeitamente partido da energia metabólica para acelerar a locomoção. Além disso, uma bicicleta não custa caro. Apesar do seu baixo salário, um chinês emprega menos horas de trabalho para a compra de uma Um outro limite Somente um processo político ao qual a população seja associada pode permitir descobrir se o avanço técnico leva a uma prisão dourada ou abre novos horizontes. Distinção necessária Os homens nascem dotados de uma mobilidade mais ou rn^nos igual. Essa capacidade inata de deslocamento pede urna igual liberdade na escolha do destino. A noção de equidade pode servir de base para defender de qualquer diminuição esse direito fundamental. Numa tal perspectiva, pouco importa saber o que ameaça o livre exercido desse direito: prisão, proibição de sair de um pais. ou prisão dentro de um ambiente que atenta contra a mobilidade natural da pessoa, com o único objetivo de transformá-la em usuário. O falo dc nossos contemporáneos estarem, na sua maior parte, amarrados à sua cadeira por um cinto dc segurança ideológico não basta para tornar caduco o direito fundamental à liberdade de movimento. O movimento humano é a única medida-padrão pela qual podemos medir a contribuição do transporte à circulação. Falta sublinhar a distinção entre as formas de transporte que mutilam o direito ao movimento e as que alargam esse direito. Relações O transporte pode entravar a circulação de três maneiras: quebrando o seu fluxo, isolando categorias hierarquizadas de destinos e aumentando a perda de tempo ligada à dreulação. Já se viu que a chave das relações entre o transporte e a circulação é a velocidade do veículo. Viuse também que, ultrapassado determinado limiar de velocidade, o transporte afeta a circulação de três maneiras: entravando, com a saturação de vias e de veículos, um meio físico desfigurado; transformam do o território num emaranhado de circuitos fechados e estanques; e finalmente roubando ao indivíduo o tempo dc viver para dá-lo como aumento à velocidade. Funções opostas O inverso também é evidente: dentro d* certos limites de velocidade, os veículos a motor podem ser para a circulação um fator de ajuda ou de melhoria, quando permitem a realização de tarefas fora do alcance do pedestre ou do ciclista. Esses veículos podem, por exemplo, transportar os doentes, os velhos e os preguiçosos, e fazer isso na mesma estrada ou rua empregada pelos ciclistas. A coexistência de veículos a motor e de veículos que dependem apenas da energia humana será pacífica se os últimos tiverem absoluta precedência. O teleférico pode transportar as pessoas aos cumes dos montes contanto que não atrapalhe os alpinistas cm suas escaladas. Os trens podem alargar o domínio do viajante sem exigir o tempo do sedentário, mas sob a condição dc ir a uma velocidade cm que o tempo da viagem fique à medida do viajante. A indústria pode ter a sua parte na produção global, mas sob a condição de conservar um papel subsidiário cm relação à produtividade de cada um. melhorada (como pode ser) pela bicicleta e por outros instrumentos de técnica avançada mas que consomem pouca energia. Esse movimento inato do homem nos servirá de critério de distinção entre os países subdesenvolvidos do ponto de vista da indústria do transporte e aqueles onde essa indústria é superdesenvolvida a ponto de ter efeitos sociais destruidores. Questão de prioridade Sob esse aspecto, um país é subequipado quando não pode fornecer uma bicicleta a todos os compradores eventuais, possibilidade de boa velocidade a quem transporta outra pessoa na sua bicicleta, transportes públicos gratuitos às pessoas que precisam se deslocar para mais longe. Não há nenhum motivo técnico ou econômico para se tolerar, em qualquer lugar que seja, em 1975, a manutenção de um tal atraso devido ao subequipamento. Seria inadmissível que as pessoas sejam limitadas em sua mobilidade e nao atinjam a idade da bicicleta. Um país pode ser considerado süperindustrializado quando a sua vida social é dominada pela indústria do transporte, que determina os privilégios de classe, acentua a escassez de tempo, amarra mais estreitamente as pessoas às redes construídas por ela. Somente a comunidade deve decidir a respeito do limiar preciso do máximo de energia por cabeça além do qual algum desses efeitos se torna intolerável. Mas uma coisa é bem clara: a • energia limpa ou as- novas invenções técnicas são insuficientes para continua na página 13 13 («MtrssMKSe éa ***** ao 'ode despertar a v*c«KÍfn*mc*>Jti*afr^o fato <k csat o Itmur criti» s* foi ultrapassado, essa tarefa depende da amem dada pala própna oslttiridadt ás disfinvâe» ge^átVa» t tociaif provocadas ptla indostria dot trans* portts° Tendo investido o seu dwheire nessa organiiaçio dos transporits. a ssciedade se deita prender numa falsa lógica dc reniaMBdade « procura desesperadamente. por uma servidão voluntária, recuperar o que ela supõe serem oi teus jura. Entre o subequipamcnto a snpcrmdustriahfaçao há lugar para ura mundo pás-induttnal eficiente em que o modo industrial dc producio complete a producio social tem m«»rwp»»li/i Ia Há lugar, em outras palavras, para um mundo de maturidade tecnológica. Para a dr* culaçâo. é o mundo dot homens que aumentaram seu rato de ação diário cm uns 10 quilômetros pedalando suas bicicletas, f. também o mundo correspondente aos sistemas motorizados dc avançar mais: nas distâncias médias, ji muito longas para a bicicleta, elas transportam melhor sem prejudicar a equidade nem a liberdade. £ igualmente o mundo das viagens a grande distância, um mundo aberto no qual todos os lugares sio acessíveis a todos os homens, â sua vontade, â sua própria velocidade, sem pressa nem medo. por meio de veículos que atravessam o espaço sem ferir a sua integridade. Do ponto em que estamos, dois caminhos conduzem a essa maturidade tecnológica: um passa pela liberação da abundância, o outro pela liberação da falta. Eles chegam ao mesmo destino, isto é. a uma remodelação do espaço social dc maneira a proporcionar a cada um. ininterruptamente, a experiência de que o centro do mundo c exatamente ali debaixo dos seus pés. A circulação da abundância lesa atualmente os indivíduos de uma a outra ilha dc circulação e lhes oferece como meio social companheiros de estrada que vão cada um para lugar diferente. O começo da libertação dessa solidão da abundância é visível nas ilhas dc supercirculação. onde os abastados se encontram agora face a face. A medida que se estendem essas ilhas, se as pessoas recuperarem sua capacidade inata dc mover-se em seu meio vital, os meios sociais ainda poderão conhecer um desenvolvimento conjugado em harmonia. Os usuários quebrarão as cadeias do transporte superpossante quando recomeçarem a amar como um território sua ilha de circulação e a temer afastar-se dela freqüentemente. A liberação em relação à falta nasce, pelo contrário, quando o cerco da vila pelo vale é quebrado, quando cessa a solidão imposta pelo enjôo de um horizonte estreito e pela opressão de um meio reduzido. Estender o raio de ação da vida diária para além do círculo das tradições sem se deixar cair na armadilha da velocidade é um objetivo que todo país pobre poderia atingir em alguns anos. Mas só se pode chegar a isso rejeitando a idéia-mestra do desenvolvimento industrial apoiado na ideologia do crescimento indefinido Oa energia. Só nos libertaremos dessa dependência em relação ao monopólio radical da indústria sob a condição de, por um processo político, darmos prioridade à defesa do modo de circulação pessoal. Uma análise concreta da circulação pode conduzir assim ricos e pobres à tomada de consciência da realidade subjacente à crise de energia: a produção de quanta de energia multiplicados è condicionados à escala da indústria tem. sobre o meio social, efeitos de usura e de dependência, embora esses efeitos entrem em jogo antes mesmo das ameaças de esgotamento dos recursos naturais, de poluição do meio-ambiente e de extinção da raça se tornarem realidade. Nota — No primeiro artigo desta série, Energia, Velocidade e Justiça Social, n.°32. página 1.4, 3." coluna, segundo "Os ecologistas têm parágrafo, leia-se: razão quando afirmam que toda energia não metabólicp é poluidora". Niger: cinco anos de seca continuatAo da paa**o 11 oa pastos abundantes t sardejanttt em plena citação teca foi a causa Oa catástrofe mtt sc seguiu, O capim ree^m nascido fot todo derrubado peto santo c queimado pelo sol. Além de sc tornar inotil para a alimentação do gado o capim nio voltou a crescer na estação umrda, Dessa forma, o gado privado dc capim numa época cm que etc I indispensável â sua tobrcsnéneta. após vários metes de intensa teca. começou a enfraquecer. Na estação seca que ta seguiu, em março de l%9. tudo aconteceu como se nio tivesse havido uma cstaçio ámida. I entio. o gado foi nsorrendo. Alguns dados podem dar uma tdésa das perdas sofridas: J/4 de bovinos. 2/3 de cabras, carneiros e atnos. metade dos cavalos e 1/5 dos camelos morreram na catástrofe c suas carcaças ressequidas ficaram estiradas ao lado dos poços e ao longo das estradas. Depois de quatro anos muito desfavoráveis, de l%9 a 1972. os pastos eram quase inexistentes. A diminuição do número de animais e a queda de produtividade dos que restaram não chegaram a levar ao desespero os criadores que. até o mês de outubro, tentaram reconstruir, de vale em vale. seus rebanhos. Os serviços da República de Niger ligados â pecuária previam para o ano de 1972 uma rcconsrituiçío. pelo menos parcial, do rebanho, pois os bezerros que sobreviveram â crise de 1968 ji seriam então bois. A reprodução do rebanho dando-se em condições precárias lesou a que 80% dos bezerros nascidos entre abril e junho de 1972 morressem. Desse modo espera-se que a reconstituição do rebanho se dé apenas cm 1978. Para isso, no entanto, é necessário que haja estações normais de chuva para renovar os pastos. A extrema miséria em que se encontra a população de Air — 80 mil habitantes, em sua maioria nômades — constitui uma responsabilidade cada vez mais pesada para as autoridades de Niger que têm que se preocupar também com outras regiões mais povoadas e que atravessam igualmente um período difícil-. £ o caso de Diffa. à beira do lago Tchad ou o de Tahoua, no outro extremo do país. na fronteira com o Mali. O governo de Niamey, no entanto, já providenciou para que todos os recursos disponíveis sejam mobilizados para auxiliar as populações vitimadas. Várias medidas foram tomadas para suprir a carência alimentar que já se torna aguda. Como uma primeira medida lançou se uma campanha de solidarsedade que fot difundida por to4a o pais Essa campanha que começjou antes mesmo que o resto do mundo itteste tomadu tontscctrnento da struaçlo do pais jé conseguiu recolher cerra de 1 milhas dc francos francetet tapro* timidamente 4.5 roílMes de cru* atbosX O segundo passo dado pelo govertro foi a fítaçjb autoritária do preço de venda de certos gêneros básicos *« francos para o mimo sorgo ao invés de 675 e i mil francos para o milho comum, ao bises de 2200. que era o preço anterior. O governo espera, cora ttso. deter a aha dos preços. No entanto, um pais pobre por natureza como o Niger nio poderá enfrentar sozinho uma catástrofe tio grande como essa que atinge aproximadamente um milhio de habitantes, ou seja. 1/4 da população total. Terá que contar, necessariamente, com a ajuda dos países amigos, de instituições inter» nacionais e organizações de caridade. A ajuda alimentar prometida pdo exterior parece ser suficiente em termos globais e em grande quantidade para enfrentar a estação seca. Cerca de 81 mil toneladas de gêneros alimemicios. entre os quais milho, arroz, farinha de trigo e outros, é o suficiente para satbfazer a necessidade da população por vários meses. O Canadá, a Alemanha, a Nigéria, a França. Argélia e os Estados Unidos prometeram/: alguns até já enviaram, uma substancial ajuda alimentar. Outros, como a Arábia Saudita, por exemplo, concorrem com ajuda financeira. As organizações internacionais, por sua vez. vêm associando em grande número ao movimento de solidariedade. O programa Alimentar Mundial das Nações Unidas — PAM — que tem um orçamento de 10 milhões de dólares anuais para ajudas de urgência, dedicará 80% desse montante aos países afetados pela seca. O Niger receberá 1.8 milhão de dólares c Agades ficará com 1/3 dessa ajuda. Ouanto ao Air, o programa prevê uma ajuda sob forma de 3 mil toneladas de víveres que serão distribuídos gratuitamente ou de baixos preços. Com isso calcula-se fornecer mais de 50 mil rações alimentara de 400 gramas por pessoas durante 150 dias. A FED. a Cruz Vermelha e a Caritas Internacional contribuíram também com uma considerável ajuda. As dificuldades para encaminhar issas ajudas são grandes. Das 81 mil toneladas prometidas apenas 30 mil chegaram a seu destino. Dessas 30 mil ttMiJadit quase a metade, ou seja. 14 ml. ferara cassadas priot Estado* Umdot tendo a FE© cittiado 7 ml toneladas an toses dat 15 ml f. difktl socorre? um palt tnieriorano como o Niger- Mesmo dentro do pais a precariedade dot trantportet dat curadas prejudica a distribuição destas ajudas. A França emprestou doisivtSes ao Slifcr. e as companhtas L*TA e África pensam em estabelecer uma ponte aérea entre ot pabet doadores c at zonas sinistradas» A UTA colocou á dttpotiçio dos órgios francetet transportes de urgência para os paltcs interessados c organiiou plano de transporte que entrou em vigor a 21 de mato, Tanto a França quanto at companhias aéreas te deram conta das dificuldades em atender o Niger, inclusive devido â grande extensio de seu território. Sendo alto o custo dos transportes por causa das grandes distâncias dos trajetos, a FED e a PAM ajudam a financiar o transporte interno ou fazem das mesmas o transporte dos gêneros E o caso da Argélia que por fazerlimite cora o Niger pôde encaminhar tua ajuda atrases do Saara utilizando*sc de 42 caminhões, dot quais 14 para o Niger. 14 para o MaJi e 14 para a Mauritânia. Outro sistema adotado é vender a baixos preços os gêneros fornecidos. A renda obtida com essa venda é. então, utilizada para cobrir o custo do transporte, ou seja. o próprio con* sumidor financia parte desse custo, o que nio é muito vantajoso devido ao baixo poder aquisitivo das populações. £ isso. no entanto, que explica por que uma parte da ajuda é distribuída gratuitamente e outra é vendida. Das 30 mil toneladas até hoje distribuídas, apenas 4.300 foram gratuitas, sendo que Agades recebeu 1.300 dessas toneladas. Um esforço nadorul Essas ajudas em bens alimentícios chegam aos portos da costa, a Cotonou ou Lagos e têm que ser reunidas para se fazer uma distribuição racional. £ nessa etapa que intervém o Departamento dos Produtos Minerais do Niger. Tentando dissuadir os especuladores de lucrar com a seca, esse órgão propôs ao governo um programa de distribuição que estabeleceu a ordem de prioridades e canaliza a ajuda para as zonas mais afetadas. Esse Escritório funciona como o centralizador da ajuda, sendo também seu distribuidor. £ dessa segunda etapa, a distribuição, que depende o êxito ou fracasso da assistência às populações. O que é .difícil ne<se sentido é atingir as populações nonsades tradictonannejtta espalhadas entre ot poucos oáttt No. A«r foram ertadot 44 centra de di«ributçáo. tendo muitos delet na cidade de Agades. Etet ttm conto funcio distribuir diariamente af rações de sberes A diurmurçio I íctia diariamente pois du contrário a eficácia da operacio ficaria cera* prometida devtdo â notória tm* pretdencia dot habitantes da rtftio. Essa diunbuiçâo é uma operação romplexa. c os estudantes do primário e secundário sâo mobilizados a fim de manter em dias ot cadernos de distribuição A raçio alimcotar consiste em 200 gramas de ar.oz por dia, e 500 de milho miúdo de sorgo e ''*' de milho comum em dias alter* nados, sendo que diariamente te fornece um litro de leite por pessoa. A distribuição é fdta por família. Cada qual possui um cartão que pode ser renovado caso o chefe da família abandone a casa. em busca de uma regiio mais demente, o que é bastante freqüente. £ díficil dizer com precisão quantas pessoas sào beneficiadas com essa distribuição, Uma coisa, no entanto, é certa. Ela atinge as áreas mais distantes de Air. ou seja. as comunidades isoladas. A maior pane da população se beneficia, atualmente, com essa assistência, embora o nomadismo prejudique a operação. Além da seca há um problema mais geral — o êxodo rural — e a lormaçio de um "urbano" miserável. proletariado Em dois meses Agades teve sua população duplicada, passando de 7 mil habitantes a 15 mil. O mesmo ocorreu em Arlft. Essas cidades, in* vadidas pelos flagelados, constituem uma espécie de "favelas do deserto" e favorecem a sedimentação, contribuin* do para liquidar com o nômade. Esse desenraizamento se dá também ao nível familiar. Várias famOias se desintegram, indo parte para o norte pane para o sul do país. Enquanto o pai se encaminha para outro lugar, a mãe fica sobrecarregada tendo que atender às múltiplas necessidades da famQia. Nas ruas de Agades e dc Arlit. Iferuane ou In-Gall pode-se encontrar mulheres vendendo seus últimos pertences para poder comprar um pouco de comida. Cidades tristes, com velhos, mulheres, adolescentes transformados muito cedo em chefes de família c crianças sem proteção. Suas roupas esfarrapadas denotam a pobreza que não lhes permite mais nem comprar os dois gêneros fundamentais, o chá verde e o fumo de mascar. Será que a seca fará desaparecer os orgulhosos tuaregs? Será que dessa zona ressequida só restarão carcaças? £ o risco que correm seus habitantes. CHINA TENTA CONSOLIDAR RELAÇÕES COM O JAPÃO Missão chinesa em visita a Tóquio Robert Guillain chefe de uma importante misO são chinesa no Japão declarou, às vésperas de voltar a seu país, ter a esperança de que, em breve, Pequim e Tóquio assinem um tratado de paz e amizade. Essa declaração foi feita por Liao Cheng-chih, colaborador direto de Chou En-lai e seu principal representante no que se refere às relações sino-japonesas. Liao acaba de passar um mês no Japão, à frente de uma delegação de 55 chineses, representantes dos mais variados "missão áe boa setores, reunidos numa vontade", em princípio não oficial. Na corrente A amizade entre o Japão e a China, segunao Liao, é uma permanente na história dos países e nenhuma força externa poderá destruí-la. O representante chinês fazia. provavelmente, alusão à União Soviética, mas também a certos setores políticos e econômicos japoneses, defensores das posições de Taiwan e Chiang Kai-shek e adversários de Pequim. Liao encontrou-se com o primeiro ministro Tanaka e, segundo informações extra-oficiais. lhe teria transmitido a satisfação de Chou Enlações lai com o progresso das amigáveis entre os dois países. Na realidade, as relações entre os governos pouco avançaram ;\esde o reconhecimento diplom nco de setembro do ano passado. 0 primeiro objetivo proposto, ou seja. a conclusão de um acordo sobre navegação aérea e a abertura de uma linha direta TóquioPequim ou Tóquio-Xangaí, não foi levado a efeito, apesar uas prolongadas negociações. Essa foi uma séria derrota pois deveu-se à falta de receptividade do governo japonês às condições impostas pelos chineses. Estes exigiam uma ruptura, ou quase isso, das atuais relações aéreas entre o Japão e Formosa, contra o que pelo menos uma parte da maioria governamental de Tóquio protesta. No entanto, os chineses são especialistas em desenvolver, oficial, paralelamente à diplomacia uma segunda diplomacia, a "de povo a povo", que tenta ultrapassar a primeira, é esse segundo tipo de diplomacia que Liao representa e. nesse sentido, demonstrou grande habilidade e eficiência. Durante um mês inteiro, todo o Japão, desde os meios acadêmicos e intelectuais até os operários, entrou em contato com os representantes chineses, que em se pequenos" grupos ou sozinhos esforçaram por serem amigáveis, envolventes, exemplos admiráveis de uma China transformada. À imprensa japonesa deu uma considerável cobertura á permanência dos chineses no Japão, acolhimento que a população japonesa, facilmente conquistada pelo sentimento, dispensa aos seus visitantes. Durante o mesmo período outra demonstração análoga era feka em Tóquio por representantes da Ásia na conferência da ECAFE (Comis .ão Econômica das Nações Unidas para a Ásia e o Extremo-Oriente). realizada na capital japonesa. Os delegados dos países asiáticos que, pela primeira vez. viam Pequim particioar de uma grande reunião sobre a cooperação internacional na Ásia constataram com surpresa que a China não se apresentava como portavoz da revolução comunista mas como grande potência sábia e moderada, pronta para desempenhar um papel ao mesmo tempo participante e prudente. Não menos surpreendenre para os representantes asiáticos não comunistas foi o excelente acolhin nuo que o Japão dispensou à delegação, chinesa. Não se pode esquecer, no entai.to, todas as dificuldades latentes e que podem se manifestar quando se passar das palavras à ação. Mas, de sua pai i , a missão de Liao demonstrou, uma vez mais, como a China está interessada em se aproximar do Japão e em enfatizar mais os possíveis pontos em comum, deixando de lado os motivos de divergência ou desconfiança. u '•''. ¦ PIIRftE DAIX DIANTE DE SOt JINITSVN A descoberta de Ivan Denissovith Muita* reses, na etenesefneiu J,*bn*mi «/«o eampos. no #«,*«* dr uma ,*duna de / »i»i«.«»tro quando a linha das luzr* (orruvu u fVumiJ *Ai gvui/u ma uma emeta em mis a ouvem? de /si/«nniv uni* ctoruWioiroí de ter íiftlud** fsjra o mundo inteiro, %e e que m munJn mirtm pudena ouvir algum de mn\ lh» discurso du Prêmio Sohel de \>J~u,tuii primeiro contato com SolIeu rrnitsvn data* do começo de •Ic/cnibrode i ***¦-' ralvc/dos primeiros dias d*« mes ou mesmo do Um de novembro. Seria preciso saber a daia da chegada a França do volume de .Vi. Mir ircvíxta literária soviética! contendo Vm Dia na Vida de Ivan l)eiii%%ntiich. Risa Tnolei acabara dc ler. de um só fAlego, esse pequeno romance e foi incumbida imediatamente da tradução que as edições Jultiard queriam as pressas, sob a interferência da embaixada soviética. 0 embaixador, sem dúvida obedecendo a instruções do próprio Kruschev. considerava que a difusão rápida desse romance seria importante para a honra e o prestigio do seu pais. lisa. deixando tudo de lado. me procurou. Treze anos ames. eu rinha recusado acreditar na existência dc campos de conceniração na União Soviética. Do contrário, minha deportação para Mauihau-.cn e a morte de tantos dos meus companheiros no combate não teria mais sentido. Sem dúvida, eu teria preferido morrer de angústia a viver daí cm diante com a idéia dc que o comunismo havia chegado àquela abjeçâo. Depois, ocorreu a repetição dos mesmos fatos perturbadores — o processo Slansky. onde foram condenarios amigos que me eram caros, o caso dos médicos judeus e. menos dra túnicas porém sintomáticas, as condições da condenação do retrato de Stalin. feito por Picasso. que nós havíamos publicado na revista Lettres Françaises. Tudo isso tinha criado em mim a possibilidade de uma critica da minha cegueira. Desde o outono de 1953. Elsa linha me falado sobre o retorno dos primeiros deportados siberianos. Descobri então que havia leito coro com as feras supondo defender a honra da causa pela qual eu linha lutado. Aqueles que voltavam eram os meus. os nossos. Pouco a pouco, sempre graças a Elsa. fui me tornando capaz - de calcular a enormidade e o horror das várias etapas do terror stalinista. O que me sustentou então foi que julgaram e executaram Béria e membros do seu aparelho, que exigiram contas dos escritores cúmplices e que se perfilava, ao mesmo tempo em que se percebia melhor a extensão da tragédia, a perspectiva de correções de toda a trajetória do socialismo. Kruschev visitou Tito. O Congresso do PCUS mergulhou a fundo no drama. Depois veio uma pausa e mesmo uma regressão na desestalinização. Mas o XXII Congresso, em 1962, colocou as coisas no lugar, aprofundou o esforço teórico. No intervalo, acompanhei o trabalho de Aragon, que escrevia uma parte da História Paralela e tentava refletir essa imensa restauração do pais. No entanto, quando entrei no pequeno salão do hotel da rua de Varene onde Elsa recebia seus visitantes, tive a impressão de que não sabia mais nada. Mal cheguei a dominar a minha emoção. Pela primeira vez eu ia ter a oportunidade de ouvir a voz vinda de baixo e estava pronto para escutar, para recebê-la como a de um irmão. Fu tinha bombardeado Elsa com perguntas, cada vez que ela retornava de Moscou, mas ela sempre me dizia a mesma coisa. Os que voltavam dos campos estavam estranhamente mudos. Eles voltam, se reinstalam, "como se tivessem cometido o engano cie uma viagem muito maior do que o previsto".. "Você acredita que puderam proibilos de falar"? Eiva lesaniou os ombros, Proibido? "Voei sabe. Ftcrrc. ludo o que não esiá cxprcsxamenic permitido".,. Ela me respondeu principalmente que não se podia saber ao certo; que esses retornos em massa colocavam, inevitavelmente, imensos problemas, privados e sociais. Fazem pensar naqueles cm que se acreditava desaparecidos para sempre: nos que suas mulheres nào esperavam mais. enfim, no que se passou quando do nosso próprio retorno dos campos nazistas* I também naqueles que tiveram seu apartamento tomado e o emprego perdido: naqueles que se reencontravam lace aos seus denunciadores. seus acusadores. Além disso, me disse ela. era preciso levar em conta o orgulho nacional rusvt que não .¦-'¦> de *e referir ao que lhe é negativo c desagradável; «- •«•v-o- «-o» t-onr,i lambem luOos at-u-..-.* «jui. <•»•....... não gostam de que se loque muito no passado. De fato. esse retomo em massa durou mais de dois anos sem que nada ou quase nada trans* parecesse na imprensa ocidental. Nós tivemos uma organização de sobreviventes dc Mauthauscn. Sem a participação de nenhum soviético, malgrado nossos esforços. Depois, durante o verão de 1955. eles fizeram sua aparição, exatamente como se até aquela data se tivessem extraviado os convites. Nào foi senão bem tarde que eles reconheceram terem retornado da Sibéria, dc campos para onde tinham sido enviados, como todos os prisioneiros de guerra, sem levar em nenhuma consideração a sua luta... E eis que. pela primeira vez. um testemunho é publicado na União Soviética ... Eu pensei, conforme diziam os jornais, que se tratava de um testamento semelhante aos que tinham sido publicados sobre os campos nazistas. Elsa estava ao telefone. Eu tentava calcular, ou melhor, imaginar a coragem necessária para romper a barreira do silêncio. Já fazia 10 anos que Stalin tinha morrido.A conversa de Elsa demorava. O número do Novy Mir estava sobre a mesa. Eu o apanhei. Supunha encontrar um russo simples, o russo dos jornais que eu decifrava facilmente. O começo da narração me era totalmente incompreensível. Não somente o vocabulário me faltava como não chegava a reconstituir as frases. Eu as sentia profunda e lentamente ritmadas. rigorosamente desdobradas. O sentido continuava a me escapar. "ê Proust e Flauber". Eu não tinha ouvido Elsa se aproximar. O que ela acabava de dizer me pareceu absurdo. Ela riu de meu ar embaraçado. "Ê a grande prosa russa, Pierre. Um verdadeiro clássico, ê extraordinário. Eu não sei como lhe explicar. É como se nos debruçássemos sobre o primeiro livro cie um desconhecido, de quem tivéssemos ouvido apenas falar, e de repente descobríssemos que não se tinha escrito a língua francesa daquela maneira desde Proust, desde Flaubert. E eie é os dois juntos. Acrescente Celine para a linguagem popular. É de uma riqueza... É exatamente intraduzívei". Eu caí das nuvens: "Mas todo mundo fala de um testemunho, quase de uma reportagem"... "Porque são pessoas incultas, que talvez nem mesmo o leram, que estão apenas encarragadas de publicá-lo. Eles falam como se tivessem recitando uma lição. Tremem de medo que se ande muito ligeiro. Estão prontos para garantir que qualquer estudante de russo pode entendê-lo. Nós não temos o . direito de aceitar esse assassinato literário.. Devido à excessiva pressa que a embaixada tinha em fazer aparecer essa tradução, não se tinha tido tempo de procurar um especialista em nisso capa/ de aperfeiçoá-la. Além disso, o tradutor certamente não conhecia grande coisa da realidade dos campos, cometia erros na procura de equivalentes específicos, e talvez se confundisse também nas implicações políticas. O tradutor ideal seria uma pessoa que. tendo vivido esse gênero dc problemas, soubesse encontrar o equivalente em francês, Enfim. Elsa propôs que eu me servisse da primeira iraduçffo de maneira lilerai e me esforçasse, ames de urdo. por ver Ikl ao lom. ao riimo-, por recriar uma con* linuidade liierãria em trances, Ru seria ajudado, fiara o vocabulário e 6 controle dav dificuldades de sintaxe, por uma equipe que rclena o texto depois dc mim, fumamos a primeira página da revivia, A leitura demorou mais de um i hora. I hico a pouco se delineava um iccido verbal denso e forte, mas quando nós paramos tínhamos produzido somente um esboço. Faltava o ritmo, por exemplo. Votiei para casa impressionado com esse texio. E*crcvi sem demora duas. ires versões diferentes, assim como quem fa* escalas musicais. Nenhuma se adaptava O tempo passado em francês, apesar da sua diversidade, tornava o lexto pesado, sem vitalidade. Eu invejava os pretéritos russos, ligeiros, fluidos, musicais. De repente, inc a'klêia de escrevê-lo no presente. Me pareceu que Chukhov Finalmente ganhava vida. Apesar do avançado da hora. telefonei para Elsa. Foi a vez dela nio entender. No presente? Mas qual presente? O presente do indicativo... Talvez. E preciso ver. Ela fez bem em esfriar meu entusiasmo. Eu nem tinha lido ainda o romance todo. Retomei o texto traduzido para não mais deixá-lo. Há 18 anos de distância, eu me senti novamente em Mauthauscn. o Mauthauscn do dia-a-dia. do isolamento c dos comandantes brutais. Com algumas poucas diferenças, mas pouco significativas, eu podia me colocar no lugar dc Chukhov. no de César, o intelectual. Eles viviam como nós. tinham os nossos problemas, só viviam no seu próprio pais, e que os comunistas eram prisioneiros dc outros comunistas. Eu ouvia, pela voz de Chukhov. alguns dos meus amigos operários da época, homem límpidos e honestos como ele. Eu me lembrava também daqueles com quem nós tínhamos vivido nos campos de trabalho forçado franceses da ocupação, vigiados pelos próprios guardas do nosso país. e do olhar que lançávamos então para os que passavam do lado de fora. Eu não conseguia mais colocar as idéias no lugar. Até então eu tinha concluído que o stalinismo era assim como uma espécie de câncer do socialismo. Kruschev tinha feito a operação cirúrgica. O corpo são se restabeleceria. E eis que. de repente, não havia socialismo no mundo de Chukhov. Em nenhuma pane no horizonte e nem no passado. Não se tratava de reencontrar o socialismo mas de construí-lo... Eu não tive a possibilidade de refletir mais profundamente. Elsa ficou satisteita com a minha tentativa de usar o ¦"presente do indicativo". Ela me impôs como prefaciador da edição francesa, ao lado de Aragon. Passei mais de dois meses trabalhando de 12 a 14 horas por dia. tentando aperfeiçoar as 2(X) páginas do texto. Eu não conseguia me desligar; e se tivesse tido a possibilidade, teria escrito tudo novamente nos ritmos do final. Mas o tempo que nós demoramos quase se tornou escflndalo internacional. Poderia chegar o momento em que começariam a falar da minha atitude passada. Isso, aliás, foi o que me levou a não ser co-signatário da tradução, a lim de evitar qualquer polêmica acerca da versão francesa. Hoje eu lamento ter feito isso, porque do contrário teria podido, nas reedições, fazer alguns retoques. A primeira redação do prefácio que mostrei a Elsa fazia da publicação oficial na União Soviética de Um Dia na Vida de Ivan Denissovitch um acontecimento irreversível no processo ile desestalinização. Uma espécie de marco balisando o itinerário, ou melhor, a nova partida para o socialismo. O interesse diplomático em torno do texto me parecia ser também o profundo interesse do partido e do' eoverno soviético em autorizar esse ;»i.!.- de vista. Fia me fe/ notar que não havia nenhuma esperança desse gênero no texto de Soljcniisvu. Oue o próprio tratamento desse texto pelo regime soviético, a pressa febril para produ/i-ln como uma prova, sua dcsqualifkaçáo literária, nada disso uma confiança exagerada. permitia "O embaixador procede como diante da última resolução do hurtau político. Mas as resoluções são lambem rapidamente esquecidas. Pierre. Eu não sei bem o que pensa esse Snljcnhvyn. Talvez Tvardovski compartilhe com seu otimismo, mas o prefácio dele. no Swy Mir. t muito comedido. Ele não quer irritar ninguém"... Tive as vezes a oportunidade de que Elsa fizesse uma primeira leitura dos meus manuscritos. Eu a encontrava lá. rigorosa e gentil, exigente quanto ao lexto. ajudando a esclarecer o meu próprio pensamento. Além disso, com a força do homem na mulher, a fineza, a inteligência critica que são freqüentemente um apanágio feminino, ao mesmo tempo que esse gosto pelo imaginação, pelo absoluto, que se considera viril. Escrevi portanto uma segunda versão. O livro de Soljcniisyn significava que pelo menos nào haveria jamais campos de concentração na União Soviética. Na verdade, como imaginar que o livro de Soljenitsyn. oficialmente difundido, pudesse perpetuar o sistema, mesmo que fosse numa escala reduzida? Oue se chegasse a ler o romance nos campos... "Mas de onde voefi tirou essa idéia"? me perguntou Elsa. Ê inadmissível, vamos ver. Nada é inadmissível na União Soviética, Pierre. Eu tinha pensado na França, mas Elsa frisou bem. "Você nâo acredita que Kruschev"... Ela me interrompeu: "O que que ele governa? Ele muda homens na cúpula do enorme aparelho do partido, porém mais longe, nas províncias... Ele não faz senão tocar superficialmente na imensa massa da Rússia. Ele não a controla verdadeiramente".. Anos mais tarde, no momento em que ela escrevia para Les Lettres Françaises uma apreciação sobre o manifesto de Sakharov. Elsa me confiou: "Há momentos em que eu penso que tudo foi esquecido na Rússia. Mesmo Outubro, mesmo Lênin. Mesmo todos esses milhões e milhões de mortos da época de Stalin"... Eu acabava de publicar um artigo sobre a longa noite na história, sobre os movimentos subterrâneos á escala do século e dos séculos, imperceptíveis à análise tradicional e que a moderna se de trazer a luz. Ela me falou: preocupa "Existe a longa noite russa. Pierre. Eu gostaria de saber ao certo até quando ela vai. Foi você quem me falou que Courtade. pouco antes de morrer, depois de ter passado anos na Rússia, lhe disse que aquele país era um Congo com foguetes termònudeares"... Ela não me falou mais de Kruschev. E continuou o mais tranqüilamente possível: "Ora, Pierre. sempre existem campos. Não podem deixar de existir campos. Esquecemos que há uma polícia mais forte do que o comitê central. Ela é subordinada ao comitê central. Mas ela prende quem quer que esboce alguma crítica. Não é mais terror de antigamente, no tempo de Stalin, mas deve fazer o mesmo efeito"... Elsa se mostrou mais crítica: "Não matam mais. Passou mais c clima de delação. Não há mais aquele medo do dia de amanhã. As pessoas falam um pouco mais. Mas isso é a convalescência do câncer? Você antes já esteve entusiasmado. Pierre; portanto seja agora a própria prudência. Limite-se apenas a cli/er o que o livro c. Num país sem opinião pública., essa publicação compromete Soljêiiitsvn c \ anlovski", Leia e assine opinião m r« M -B ^^ mmü. -s © Le Monde 1972 Distribué par Opera Mundi Paris Tons droits reserves 18 UM MilO DE AVAUAR O ENVOLVIMENTO OO PRESIDENTE O impeachment de Nixon I. F. Stono. oditor contribulnto do New York Roviow of Bookt. o um dot moit brilhontot comentaristas político» dot EUA, onolito o discutido (o potffvel) impeochment do Ni «on. Constituição norte-americana A abre uma exceção na doutrina da separação dos ;¦•••<-. permitindo "uma imcr-rciação em certos parcial" "necessária à casos espcetais. medida defesa mútua dos diversos membros do gtncrno. un* contra ti* outros". Assim, n presidente adquiriu o direito de veto sobre o legislativo, e o Congresso, o tle impra* mem como poder "meio judicial de acabar com eventuais abusos do executivo". Há duas ra/ões para considerar seriamente o impeachment de Richard Nixon. Uma delas é que este parece ser «» línico meio legal pelo qual a cumpticidade de Nixon no caso Watergate e cscándakn relacionados poderá ser integralmente determinada. A outra é que somente um expediente desta naturc/a servirá de exemplo para que outros presidentes não incorram mn mesmos delitos atribuídos á atual administração da Casa Branca. O poder presidencial aumentou tanto nos últimos anos — especialmente após a guerra da C«>rcia. cm W$Q — que as tentações para o chefe do governo e seus auxiliares diretos tornaram-se incontroláveis. Agora, só o impeachrnenit e a retirada forçada dos cargos de chefia conseguirão deter a onda de Césares na Casa Branca, os quais, como nos lembra Gibbon. governavam segundo sua própria e única vontade, sem nenhuma perturbação exterior. A primeira das razões para considerar o impeachment resulta da dificuldade de garantir a presença do presidente como testemunha diante de qualquer corte comum de justiça, menos ainda diante de grande júri. Existem cinco ou seis outros processos criminais em andamento em diversas regiões do país. além de Watergate e dos Documentos do Pentágono, segundo as informações do promotor Co.\. Se o presidente fosse um cidadão comu m. certamente seria convocado em quase todos ou todos esses processos, porque, a cada dia que passa, eles assumem maisoaspectode uma conspiração integrada, com todos os caminhos e atalhos levando inquestionavelmente à Casa Branca. Talvez não seja possível avaliar o grau da responsabilidade de Nixon sem interrogá-lo. Por outro lado. é muito possível que alguns funcionários da Casa Branca sobre os quais pesam sérias acusações não possam ser condenados por falta do testemunho de Nixon. ou porque documentos essenciais desapareceram misteriosamente sob a alegação da "segurança nacional". Recentemente, a Casa Branca teve um acesso de fúria porque uma "fonte do Departamento de Justiça não identificada" e "outra fonte digna de crédito" ousaram dizer ao Washington Post o que é absolutamente óbvio para quem segue as notícias: primeiro, que existe "uma série de indícios" que levantam questões sobre o papel do presidente no caso Watergate: e, segundo, que "o presidente deveria ter a oportunidade de explicar-se". O Po5f informou que os promotores haviam declarado ao Departamento de Justiça que há justificativa para convocar o presidente a depor diante ' do grande júri. mas eles não sabiam como fazê-lo. Pouco depois, <> assessor de imprensa Ronald Ziegler revelou que Nixon não responderia ás perguntas da acusação nem verbalmente nem por escrito, o que parece eliminar tanto a hipótese de comparecimento voluntário quanto o -•ompulsório. Ziegler explicou que respondê-las seria ''constituçionalmehte inadequado". Tudo indica queo únicomeio de chegar à verdade é 0 impeachment. Nada na Constituição coloca o © 1973. NYREV Inc. presidente acima da lei. dí/endo que é "inadequado" apre*entar*lhe uma convocação formal para prestar esclarecinicnim. ou isentando o de qualquer processo legal. Aliás, há muitos itens que sugerem exatamente o ctintrártt» Em rdação aos principio* monárquico* hritàntcm. cm que "o rei nâo presta* a contas de seus atos á sua administração", a Convtituiçâo none» americana foi elaborada com* outro espirito: não se permitiu ao presidente colocar-se numa categoria inaleançávcl, A singularidade do poder executivo foi instituída iustamente para tornar mais fácil . tdenrificar qualquer atitude ilegal suficiente para justificar a remoção do cargo ou aplicação de outras punições. Mas. fora do impeachment. há meios de compelir o presidente a responder em corte de justiça sobre atos seus e de seus auxiliar»»? Esta é uma velha controvérsia, que foi de cena forma eliminada por uma nota anexada a decisão da Suprema Corte sobre o caso de Earl Caldwell. ano passado. A noia. escrita em lhOT. reitera o principio de que "o público lem o direito de conhecer provas e depoimentos", exceção feita apenas para pessoas protegidas por privilégios estatuários. constitucionais «ou atribuídos pela lei comum. E. segundo a nota. nem o presidente tem estes jeflcr*oniano%, Eles sempre »n*istiram cm que o presidente nã<» era um rei. e várias se/es acusaram ¦** fcdcralhta* de fa/erem dele um monarca *em corria, Prender por desacato? Alguns federalista* achavam que o presidente nâo poderia responder a nenhum processo Judicial, exceto por imptwhment Ma* o juis Marshall alegou que *A uma pessoa poderia ser excluída do* prtMr**os criminais: o rei. "Este é. um principio da Constituição hrtiámca: o ret nao pode agir erradamente, c embora ele possa prestar depoimento, apresentar-se em O jur> Marshall, no entanto, não toncordou com isto, O verdadeiro ttbstácultt ás suas intcnçüc* não eram constitucionais; este se encontrava na ;•;¦¦¦-» nature/a do poder O que faria o jufc se o presidente se recusasse a obedecer? Prcndèlo por desacato? Ifcixá»k» na cadeia até» que se dispusesse a depor? Marshall emitiu a \uhpornô duees lecum — que obrigaria Jefferson a depor e apresentar documentos confidenciais — mas ela jamais foi aplicada ao presidente. Tanto Jefferson quanto Marshall c*naram um «.nnflito direto. Neste, como em outros casos'. Marshall tomou —_ ^V~ \u\A ^aammm*^ atender a todas as convocações significaria "deixar a nação sem o setor execumo. o único que a Constituição considera nece**áno estar constan» temente em função". Com isto. Jeffcr» son alegou que não seria constuucionalmente legitimo afastar*se de *ua* ftinçtV*. aintia que a pedido de autoridades constituídas. Ele. no entanto, ofereceu-se a depor — oferta que jamais foi cobrada pela defesa. Dfcpoi* de conhecer a decisão de Marshall, o presidente adorou posição mab restrita, embora apenas numa carta ao promotor encarregado do caso de Burr c não publicamente. Ele insistiu em que "o principio fun«lamentai' da Constituição era a independência de cada um dos três poderes componentes do governo. "Seria o executivo independente do "se judiciário" — argumentou — t-stbessc sujeito ás ordens do segundo e â prisão por desobediência; se as diversas cortes do pais exigissem sua presença, dcslocando-o de norte a sul, de leste a oeste, afastando-o inteirameme de suas obrigações constitucionais"? Este foi um exagero típico do estilo nixoniano. porque Marshall certamente não estava "deslocá-lo de none a sul. pretendendo leste a oeste". Apesar de tudo — desafios de poder e ameaças veladas — Jefferson ter- Agora, só o impeachment e a demissão forçada de altos funcionários conseguirão deter a onda de Césares na Casa Branca O que faria o juiz se o presidente se negasse a obedecer? Prendê-lo por desacato até que se dispusesse a depor? "O juiz Marshall declarou privilégios: oportunas, o circunstâncias em que. presidente dos EUA poderia receber uma iniimacão". O processo Burr. em 1807. foi a única ocasião em que um presidente norte-americano recebeu uma intimação. E a decisão do juiz Marshall é "lei" a única precisa e direta sobre a Aaron Burr estava sendo questão. julgado por traição. Poucos meses antes, o presidente Thomas Jefferson declarara ao Congresso — baseado numa carta a ele escrita pelo general "caráter inJames Wilkinson. um tragável" — que a culpa de Burr era absolutamente indiscutível. Jefferson foi. então, intimado a prestar depoimentos e a apresentar a carta de Wükson. Ê difícil imaginar circunstâncias mais adequadas a uma intimação. Jefferson e Burr eram antigos adversários políticos e inimigos declarados; em 1800. eles ficaram praticamente empatados na votação do colégio eleigoral, o que levou a decisão à Câmara dos Deputados. Jefferson quase perde a presidência. Declarar Burr culpado antes do julgamento foi um evidente abuso de poder. Segundo Leonard Levy, que escreveu Jefferson e as Liberdades Civis: O Lado Mais Obscuro, o presidente assumiu o papel de promotor passando por cima do recolhimento de provas, da localização de testemunhas, da tomada de depoimentos e dos trâmites de um julgamento guiando as opiniões como se fosse juiz e jurado da nação. O caso Burr não foi apenas uma disputa entre ele e Jefferson. mas também entre Jefferson. o democrata radical, e Marshall, o téderalista conservador. A intimação ao come a parecimento de Jefferson apresentação de documentos baseou-se num princípio defendido pelo próprio presidente e por todos os democratas minou por apresentar o tão desejado documento ao promotor, voluntariamente. Mas. contudo. Jefferson configurou privilégios executivos que Nixon poderá também querer utilizar. Jefferson escreveu que "todas as nações acharam necessário manter a cargo exclusivo do presidente algumas questões executivas, c a ele cabe julgar quais, dentre elas. deverão ser divulgadas ao público". Jefferson esqueceu-se apenas de que nem "todas as nações" serviam como exemplo de liberdade para a nova República. Este foi o efeito do poder, mesmo sobre um homem como Jefferson. quando se tratou de derrotar definitivamente um adversário. O que a História mostra é que o presidente que decide desafiar uma intimação. como Nixon disse que fará. acaba se saindo bem, apesar das demissões que aumentam a cada dia em sua volta, das polêmicas, do escândalo. Resta o impeachment. e mesmo assim o presidente não pode ser compelido a prestar declarações ao Senado sobre as acusações que lhe são feitas, e nem mesmo a depor, se ele decide não tazê-lo. Porém, não responder as acusações significa abandonar qualquer possibilidade de defesa e tornar praticamente impossível sua recuperação política. O impeachment é uma forma de processo a cargo do poder legislativo. Suas raízes são encontradas bem longe no passado, quando os parlamentos da França e da Inglaterra funcionavam maisJcomo cortes de justiça que como órgãos legisladores. A medida que o poder político do Parlamento britânico aumentou, o impeachment começou a ser aplicado aos auxiliares tirânicos do rei. A Câmara dos Comuns apresentava as acusações e a dos Lordes as julgava. O primeiro im- ^oaan^aw9Namwlm9gauz^uuam^àB^*^-m^m^^^^mySSI^S ., „., JT— '^—.or «^-'' tt^ .. •. ^»*»|M^PjH^B|fgj|, j —¦¦¦ ¦ *-*^ — ¦ r~ ¦ t t*?1 ^_—— LEVINE - NEW YORK REVIEW-OPERA MUNDI corte é incompatível com sua dignidade". O juiz explicou aue uma das diferenças entre rei e presidente é que o último pode ser impedido e obrigado a deixar o posto. Alexander MaeRae, assessor de Jefferson, admitiu que "o presidente deve ser intimado como qualquer outro cidadão", mas argumentou que ele não "comunicações conpoderia revelar fídenciais". Os promotores de Burr — houv dois processos consecutivos conr a ele: um por traição e outro por corrupção — concordaram em que o presidente estava submetido a uma intimação geral, isto é, tinha obrigação de se apresentar em corte e prestar depoimentos, mas insistiram em que o presidente não teria que levar consigo nenhum documento que ele con,,-.=•---= siderasse confidencial. ;„--¦- todas as precauções para não levar as prerrogativas que o poder judicial lhe conferia a um nível que prejudicasse os princípios que ele estava tentando estabelecer. Jefferson. por seu lado. não desejava colocar-se numa posição onde teria que negar seus princípios democráticos — no caso particular, considerar a presidência acima da lei. Ainda que a subpoena doces tecuni tivesse sido apiícada, Marshall deixara uma saida para Jefferson, ao escrever "a responsabilidade que pela intimação cabe ao poder judicial, mas ao presidente cabe indicar se suas obrigações executivas constituem uma razão suficiente para não obedecê-la". Pouco antes de Marshall anunciar sua decisão, Jefferson alegou que Burr estava sendo processado em Saint Louis e outras cidades do Oeste, e continua na página 16 14 •wntittuotoo do oerj.no i. peachment .'«..>.!-kaapUcado no caso do Cemlc dc Suffotfc, em I J*o No resolucfemarto século XVII. o impruehmeni foi utilizado pelos Comuns para aterrorizar os minivtr«*s o«» rei e. finalmente. rMabdccer a supremacia parlamentar uma sez atmgitJa. o impeachment por motivos ,»!...-. fiti caindo cm ilcvuui O último julc-tmcnto por tmpeaehmeni na Inglaierra data de li** A historio mostro quo o prot idorrto decidido o dot ofior umo intimoçôo ocobo to toindo bom. E Nixon sobo bom dias o Ov redatores da Constituição norteamericana estavam bavtante conscien. les a respeito dos abusos ocorridos nos processos feitos pelo legislativo e decidiram tomar providencias para evitar os excesos. A Constituição proíbe o julgamento por impeachment para cidadãos comuns e crimes comuns. A aplicação do tmtieachment foi limitada a julgamentos do "todos os presidente, vice-presidente c funcionários civis dos EUA". Em caso de condenação, a pena muitas vezes não ultrapassa a "demissão do cargo e desqualificaçâo para («copar qualquer posto de honra, confiança ou remuneração especial do governo norte-americano". Qualquer outra punição p«»r crime comum envolvido no processo só pode ser -mposta após um outro prtvcsso cm corte comum dc justiça. O impeachment seria um meio dc controle da conduta dos funcionários do governo. O problema central do impeachment são as próprias ambigüidades da Constituição. No Artigo II. seção 4. diz-se que o presidente deve ser destituído de suas funções por im"'traição, suborno, peachment. por outros crimes graves e má conduta". Nada poderia ser mais vago: o que "crimes significam graves e má conduta"? F. preciso fa/er uma retrospectiva histórica para entender essas ambigüidades. No período de elaboração da Constituição. Madison achou in"incluir uma cláusula para dispensável defender a comunidade contra a incapacidade, negligência ou má fé do chefe executivo". O impeachment determinava a destituição do "traição ou presidente apenas por suborno", originalmente, embora tivesse incluído em versão anterior a "corrupção". A nova Constituição já tra/ia itens especiais sobre a traição, com o objetivo de regular «>s trâmites ilo julgamento, a fim de evitar o abuso resultante dá lei britânica e seus impeachments. Na época, a acusação de traição era utilizada para suprimir oponentes e restringir liberdades fundamentais, tanto em processos comuns quanto nos impeachments parlamentares. Nos debates sobre a cláusula impeachment durante a redação da Constituição, o coronel Mason se opôs "traição e suborno". à sua limitação à "as tentativas de subverSegundo ele. ter a Constituição poderão adotar outras formas que não as de traição. , conforme detalhadamente definidas em outros artigos". Ele propôs acrescentar "má administração", termo que Madison rejeitou por "muito vago". Então o coronel Mason "crimes substituiu-o por graves e má conduta". Quais são exatamente os delitos passíveis de impeachment de acordo com a Constituição norte-americana? Infelizmente, até hoje esta questão não foi respondida- Asher Hinds dedica 38 páginas de seu Precedentes da Câmara dos Deputados à questão, sem chegar a nenhuma conclusão definitiva. O "crimes significado das palavras graves e má conduta", segundo o deputado "provocou longos debates no Cooley. ea*© do presidente Andrew Jonhson. cm IteJt; apesar deles, não se chegou a nenhum resultado preciso, a nenhum regulamento conclusivo". A respovia rstá em algum ponto de uma estensa falsa, limitada de um Ud«» pela definição du» que defendem o imz«rtfi'áitiritr e de outro pela definição dos que defendem a "sitima" do »m/»«i_«*i»t«-nf. A primeira definição foi eipressa pelos republicanos que tentaram impedir o juiz Douglas, em abril de WVi, O lldcr republicano Gcrald Ford declarou que "a única resposta honesta a esta questão é que a maioria da Câmara é quem julga se um delito é ou nio passível de impfuehment. num deter minado momenio histórico, e que a maioria do Senado é quem decide se ou delito ou delitos é ou são suficientemente graves para requerer a deposição do acusado dc seu cargo". F<>rd terá muiio que se lamentar de vua*. opiniões se o impcaehment de Nixon vier a ser considerado seriamente, Evte é exatamente o ponto de vista dos que quiseram impedir, o presidente André* Johnson, e nio' o conseguiram porque faltou um voto á maioria necessária para depor Johnson. A outra definição, igualmente clássica, quase que sempre apresentada pela defesa, foi formulada pelo ex-juiz Súnons Rifitind. de Nova York. advogado do juiz Douglas. Rifkind argumentou que "só as violações á lei federal eram passbeis de impeachiimii". Acrescentou que "nem a Constituição nem a prática consagrada dos princípios constitucionais sugerem que os juizes federais podem ser impedidos por conduta criminal. Isto é confirmado pela proibição ás leis de efeito retroativo e pela separação dos poderes". ê irônico — mas nãn estranho — que o mesmo argumento a favor dê um dos juizes mais liberais da história norte-americana tenha sido apresentado cm defesa dc um dos mais odiados e menos liberais: Samuel Chase, o juiz da Suprema Corte, a — mais uma quem se tentou impedir vez sem sucesso— por sua conduta nos julgamentos contra os que violaram a Lei de Lei de Sedição e a Regulamentação dos Atos dc Estrangeiros e as leis comuns contra calúnia sediciosa e criminal. A comissãu encarregada do caso Douglas concluiu que não adotaria nenhuma das definições contraditórias "as investigações não porque descobriram provas suficientes para configurar um delito passível de impeachment". A Câmara aceitou este veredito e absolveu o juiz Douglas. Anteriormente, porém, a comissão havia tomado uma posição intermediaria entre as dos acusadores e defensores «le Douglas: que "os crimes graves e má conduta referem-se a atos que não são necessariamente de natureza criminal" O impeachment de Nixon poderá basear-se em três motivos políticos. O primeiro: sua incapacidade para controlar operações de organizações secretas que ele próprio criou, suficiente para justificar sua remoção da chefia do governo, ainda que não se possa provar sua responsabilidade de direta na invasão da sede do Partido Democrata. O segundo: sua insistência. se o Congresso finalmente aprovar o projeto Eagleton de proibição a qualquer despesa para continuar a guerra na Indochina, em desviar fundos destinados a outras funções para financiar, os bombardeios, alegando seus poderes de comandantechefe da nação. E o terceiro: o evidente abuso de Nixon na prática do que ele chama seus poderes "inerentes", tais como privilégio executivo; nenhum outro presidente da história dos EUA ousou exercer tais poderes tão ampiamente quanto Nixon o faz. Esta última categoria é a mais difícil de definir com precisão, e ao mesmo tempo a que mais justifica a aplicação de uma medida tão grave quanto o impeachment de um presidente. Os "inerentes" do chefe do poderes governo foram sempre determinados ao longo da história norte-americana diante de situações específicas, permitindo ao presidente uma certa flexibilidade de decisões para resolver unanimemente consideradas questões "urgentes". Todos os progressistas norteamersíantn aplaudiram quando Truman e Kisenhooer imocaram seus privilégios ctcfuttvos pata livrar seus ausiliares de governo da "raça às hrusas". psummida pot Nixon no fim .'.¦>. amts<*0c depois por MeCarthv nos anos SO. Aplaudiram também, quando, nos conflitos com o completo militar industrial do pais. Truman. i isenl «et- c Kenneds recusaram-se a aprovar fundos para muitos projetos para acorrida armamentista. Estes sio i*¦«--••» ¦:•'•¦ inúmeros exemplos da aplicação «k um poder cvideniemenie ambíguo, que devem ser analisados ames de se concluir se os atuais abusos representam uma violação dará da Constituição e um risco para a sobrevivência da República. Deve-se levar cm conta também que a% in«cviigaç«'ies sobre o Waicrgaic e o caso dos Documentos do Pentágono revelaram violações das leu bancárias, dc segurança e das que regulam as campanhas eleitorais federais; dos estatutos federais que proíbem obstruir a justiça ou esconder provas de crimes: as leis que garantem o julgamento livre: edos esiatutos que limitam a jurisdição e as atividades da CIA e do FBI. Estão lambem incluídos os crimes dc conspiração destinados a violar estas leis e estatutos, ainda que nenhum crime resultante dos primeiros chegue a ser cometido. As acusações de conspiração podem ou nio envolver Nixon. Se envolverem, o julgamento por impeachment poderá ser solicitado com bases mais amplas. A categoria suborno — uma das fundamentais para a aplicação do impeachment. segundo a Constituição — parece ter agora caldo no O compromotimonto do podor judiciário torna inviávol qualquor julgamonto honosto. Agora ou no futuro esquecimento, apesar do caso polêmico do juiz Byrne. que presidiu durante meses o julgamento de Ellsberg c Russo no caso dos Documentos do Pentágono. O juiz Byrne recebeu de Ehrlichman. o ex-assessor para assuntos internos de Nixon. uma oferta de importante cargo no governo. A oferta — feita no dia 5 de abril erriSan Clemente e reiterada no dia 7 em Santa Monica — a um juiz que estava presidindo um processo que colocava em risco o "bom nome" do governo não poderia deixar de ser considerada como suborno. Os detalhes do caso e a evidente participação nele do presidente Nixon .— que. segundo o próprio Byrne. entrou ostensivamente na sala onde ele estava reunido com Ehrlichman. em San Clemente — deveriam ter sido mais amplamente explorados. Apesar dos aspectos obscuros sobre os encontros entre Byrne e Ehrlichman. sabe-se o bastante para demonstrar que a tentativa de interferir num julgamento livre e imparcial não poderia passar impune. A seqüência dos fatos é por si eloqüente: a visita de Byrne a San Clemente foi revelada pelo Washington Star-News de 30 de abril, quatro dias depois que o juiz Burne leu em corte o memorando sobre a invasão do consultório do psiquiatra de Ellsberg, em Los Angeles, por Liddy e Hunt. que trabalhavam diretamente sob as ordens de Ehrlichman. Ê útil notar, para o entendimento dos acontecimentos posteriores, que o procurador-geral da comissão judiciária do Senado, Richardson. declarou no dia 22 de maio que Nixon estava informado sobre a invasão do consultório do "o final psiquiatra de Ellsberg desde de março". Byrne, no entanto, recebeu as provas do ocorrido apenas no dia 26 de abril. Quando ele se reuniu com Ehrlichman, ainda não sabia sobre a invasão, mas Nixon sabia. A revelação sobre o encontro de Byrne com Ehrlichman deve ter sido. feita pela própria Casa Branca, uma vez que o Star-News — embora tenha criticado o Watergate tão severamente quanto o Washington Post — é um dos dois únicos jornais de Washington que "boni Mfmof" ainda se mantém em epsersm A noticia, assinada com o 0'Uary» nio Jeromy pelo lomalista nsenciona ffhrlkhman e sugere a responsaNIidade direta do presidente Nixon. Se foi o próprio Ehrlichman que deu a informação ao su» \v«. «rste foi um de seus últimos atos como assessor de Nixon. porque exatamente no dia 30 a Casa Branca anunciou ler »csú\o as renúncias de Ehrlichman e ttaldcman, Av repercussões da noticia do julgamento foram imediatas. O conselheiro da defesa. Charles Nesson. idefonou imediatamente ao juiz Bvmt para avisá-lo sobre as revelações do Star-Sests. Bj/mc chegou ao tribunal 20 minutos atrasado com uma dedaração pronta, que leu assim que a sessão começou, explicando que "mal* pretendia esclarecer qualquer entendido" a respeito de sua entrevista com Ehrlichman. Segundo Byrne. Ehrlichman telefonou*lhe de San Clemente mareando um encontro para o dia $ de abril, para discutir um assunto "que nio linha relação alguma com o caso dos Documentos do Pentágono" e sugeriu a possibilidade de oferecer-lhe um futuro cargo oo governo. Byrne disse que durante a reunião foi rapidamente apresentado ao "nós meramente presidente Nixon — trocamos cumprimentos formais, durante um minuto ou pouco mais que isso" — e que sua "reação inicial á proposta de Ehrlichman foi adiar qualquer consideração sobre um posto governamental para após o término do julgamento. O juiz. calculava, na ocasião, que o julgamento duraria ainda um mês. Por que fazer estimativas do gênero se a oferta não foi feita com intenção de deixar cm aberto considerações futuras? E. por acaso, está de acordo com a ética judicial presidir um julgamento que denuncia delitos do governo e ao mesmo tempo considerar secretamente uma oferta feita por membros deste mesmo governo? Bvme acrescentou que manteve outra rápida conversação com Ehrlichman. na qual confirmou seu ponto de vista original. Onde. como e quando teve lugar este segundo encontro só se veio a saber dois dias depois. E Byrne provavelmente só o revelou porque no dia primeiro de maio a defesa pediu sua demissão em um documento redigido com muita cautela, lido em cortes pelo advogado de defesa Leonard Boudin: "O interesse fora do comum que a Casa Branca demonstrou neste caso poderia caracterizar a oferta como uma tentativa de suborno — realizada na presença virtual do presidente dos EUA — que foi frustrada simplesmente porque o juiz Byrne recusou-se a aceitá-la". Menos cautelosa e mais precisamente, a oferta não foi frustrada, foi apenas aliada. O juiz não se recusou a aceitá-la; ele se recusou a considerá-la até que o julgamento chegasse ao fim. Byrne. pressionado, revelou então que manteve um segundo encontro com Ehrlichman, no dia 1;%em Santa Monica. e que o cargo que lhe ofereciam era a direção do FBI. Ainda assim, muitas questões continuaram sem resposta: Quem marcou o segundo encontro? O que levou o juiz a confirmar sua "reação inicial"? Por acaso' sua primeira resposta não fora suficientemente firme? Por que a proposta ficou sujeita a futuras considerações? Como disse o procurador da defesa Leonard Weinglass, ele teria sido preso se oferecesse um cargo importante ao juiz durante o julgamento. Se Ehrlichman não fosse um dos principais assessores do presidente, Byrne teria, de início, encarado a oferta como suborno. Em corte, no dia primeiro de maio. o advogado Boudin, ao argumentar sobre a moção formal para a destituição do juiz Byrne, responsabilizeu diretamente a Casa Branca: "Nâo é possível minimizar os feitos do incidente em San Clemente. A conduta do presidente comprometeu o poder judiciário a um ponto que tornou inviável a realização de qualquer julgamento honesto, agora ou no futuro. Teria sido infinitamente mais prudente o juiz Byrne não comparecer a uma reunião em San Ctrmenit durante um julgamento que tahva seja o mais importante n_. Hivtóría pulitira «leste sérióu O fato de que Byrne só revelou os encontros depois que eles foram inesperadamente divulgados pela imprensa demonstra que os juizes, como todos os seres humanos, tém* fraquezas, E são exatamente estas fraquezas que impedem que o juiz Byrne continue a presidir o julgamento, Nenhum ser humano tem o direito de apagar de sua consciência acoBMtimenitH passados que poderão MijMcnctar sua conduta futura, A Casa Branca comprometeu a Corte ao tomar a iniciativa destes encontros'' A«tsvnlorii No dia 4 de maio, a defesa apresentou um memorando completo com o argumento de que a visita do juiz Byrne a San Clemente era um motivo suficiente para sua destituição. No mesmo dia. porém, o juiz negou a validade do argumento, dizendo our ele não fora influenciado gc^a» proposta. No dia 7. os jornais de Los Angeles informaram que a defesa estava preparando uma ação para derrubar a decisão do juiz. que seria encaminhada á Nona Corte de Apelações. A Cone. se desse parecer favorável á ação. poderia exigir uma audiência especial sobre a visita a San Clemente e a proposta de. Ehrlichman. Poderia suspender o julgamento de Ellsberg e Russo até que a questão fosse resolvida. Poderia convocar Ehrlichman como testemunha. Poderia, inclusive, pedir o depoimento do presidente. Nada disso ocorreu porque o juiz Bvme tomou a iniciativa de abandonar o caso no dia 11 de maio. O fez. porém, sem nada esclarecer de definitivo sobre os encontros em San Clemente e Santa Monica. incluindo-os apenas no que chamou de "acontecimentos bizarros que prejudicaram inevitavelmente o processo". O significado real dos encontros é que Nixon já sabia, no dia 5 de abril, que o consultório do psiquiatra de Ellsberg fora invadido por membros de seu governo. E previa que McCord ou Dean — que declararam a Nixon, no dia 20 de março, que pretendiam "contar tudo" para salvar a presidência — revelariam o acontecimento no tribunal do Juiz Byrne. De fato. Dean contou toda a história ao promotor federal Silbart. no dia 15 de abril, deixando a Nixon a alternativa de submeter a informação ao juiz Byrne ou suprimir as provas. Nixon parece ter favorecido a segunda Nenhum outro presidente dos Estados Unidos ousou lançar mão de tantos privilégios quanto Richard Nixon hipótese, até que as pressões aumentaram. De qualquer maneira, se a defesa não tivesse desistido de sua apelação, apesar da renúncia do juiz Byrne, muitas coisas poderiam ter sido esclarecidas. Ter-se-ia descoberto, por exemplo, se Ehrlichman tomara decisões tão sérias, como a de tentar subornar o juiz Byrne, sem a autorização expressa do presidente. Será possível que Nixon, criador da administração mais^ centralizada da 'cauteloso história dos EUA, até na majs elementar delegação de autoridade, se tornou, de repente, alheio a tudo o que se passava na Casa Branca? Estaria Nixon tão estratosfericamente elevado acima dos problemas mundanos no dia 5 de abril, na Casa Branca de San Clemente*: que foi capaz de encontrar Ehrlichman reunido com o juiz de um processo fundamental como o dos Papéis do Pentágono, cumprimentar Byrne e nem ao menos perguntar-lhe o que estava acontecendo? Só um idiota acreditaria nesta versão. Ainda assim, apenas o julgamento por impeachment poderá revelar a verdade desta e de outras questiÕes. & 17 Vietnã, o acordo repetido do comunicado con* AhitriWta junto (como foi chamado) atunado em Parti na quana feira da temana patsada ê wmelhame à do Acordo dc CetsarFogo para o Vietni dc 27 de janeiro Apenas 24 horas apot a assinatura do comunicado, ocorreram 21 violações, segundo Saigon. O documento da semana passada realmente nada acrescenta ao anterior, Apenat o reforça. De seus 14 anigos. três tâo apcoalmcnie importantes. O primeiro prevê o fim imediato dat hostilidades no Vietni do Sul, entre as forças do Governo Revolucionirio Provisório (GRP) e dc Saigon. Ettat bostilidades (violações ao Acordo dc 27 de janeiro) *».** mil monos, já causaram mais de feridos c desaparecidos. Ot outros doit pontos sio o resultado das muitas acusações que a República Democrática do Vietnã (RDV) fez aos RUA desde fevereiro. Segundo a RDV. os RUA não cumpriram o acordo quanto á retirada das minas e quanto aot "'¦"» tobre território vietnamita. Rmbora clatttficadot como "tõos de reconhecimento" pelos norteamericanos, essas incursões não estavam prcsittat not acordos iniciais. Agora, com o novo documento attinado pelas quatro panes, os RUA "devem pôr um fim imediato, completo e indefinido aot »«5ot de reconhecimenro sobre território do Vietnã". Além ditto. num prazo de cinco diat. os none-americanos devem reiniciar a retirada das minas colocadas em portos c rios do Vietnã do Norte. O eomunicodo da trmana patsada. como o acordo oV V de janeiro, resultou das comcrtaeòct tecretat entre Kissinger e o representante da RDV. U Duc Tho c. como em janeiro. Sai|on heshou enf attinar. A principio. Thieu nio queria o termo "temiisrío". para designar suas áreat e at do GRP. pms itso denotaria que o Vietni do Sul está dtsididu Para ele. a et pressão deteria ter "área tob controle müitar temporário". Acabou ficando "área tob controle". Até o Mútuo momento Saigon tentou dificultar o noto acordo. No dia an* terior á atsinatura do comunicado, o eomando das forçai armadat tul* viernamitat convocou ot jornalittat pra a divulgação de um "boletim especial", em que denunciava uma "grande ofensiva comunista". O vietcong colocaria em açio o plano "cabeça de rato. rabo de elefante". Na primeira pane do plano ("cabeça de rato"), o vietcong atacaria nas fronteiras, atraindo as forças tul-tietnamitat concentradat na cidade. A tegunda pane ("rabo de elefante") incluiria maciços ataques is cidadet irtdcfctat. Segundo o jornal The Wasbingum Post. at autoridades do terviço secreto none-americano receberam o boletim com "cones eeticitmo". pois os relatórios sindot do Vietnã do None e os referentet it atividades da Frente Nacional de Libertação indicam que ambos, not últimos doit meses, estão mais preocupadot com o desensolvimento político c econômico. Thieu fez tudo para impedir a assinatura do comunicado. Apesar de proibida qualquer oposição a seu regime, e apesar dos pritioncirot poliitçot. alegava que nio assinaria o documento por nao ter tiolado o acordo de 27 de janeiro, Finalmente, entretanto, at prettõet norte* americanas convcnccram*no a autorizar seu representante em Paris. Ngusen üiu Vien. a attinar o comunicado conjunto Attim como o Acordo dc 27 de ianetro. porém, ette também nio foi cumprido logo not primeiros diat de rigéncia. Até o inicio desta temana. os combates continuavam em boa pane do território do Vietni do Sul. etpecialmente no delta do rio Mekong Um dot anigos do comunicado pretê o contato direto entre os comandantes de unidadet de tropas de Saigon e da FNL Mas 4* horas depoit da assinatura, muitas unidades de Thieu nem sequer tinham tido notificadas da sigéncia do documento. Rtte artigo, aliit. foi incluído a contragosto de Thieu. Para de. ot entendimentot deveriam ser estabelecidos entre comandantet de drvitõ«*t. para evitar contatos amistosos do GRP «rom o pessoal de nivd mait baixo dat forças de Saigon. A semelhança entre o comunicado conjunto da temana pastada e o acordo de 27 de janeiro é. de fato. muito grande. Tanto que Kissinger —demonstrando uma cena dose de realismo, ou pelo menos alguma criticas preocupação com possíveis futuras — declarou; "Nio sou tão ingênuo a ponto de crer que uma reafirmação baste para garantir a paz". A morte fora de combate janeiro dc l%l até o fim Dc de março deste ano. 45.958 norteamericanos morreram em combate, no Vietnã, mas o número total dc homens e mulheres dos EUA mortos, durante o mesmo período, foi quase 25 por cento maior.Segundo dadosdo Departamento da Defesa, durante o mesmo periodo. houve 10.303 mortes de "causas não hostis", no Vietnã. Para os militares, essa classificação tem uma importáncia essencialmente burocrática: os soldados monos cm combate são condecorados pos-morten: os outros, não. Os dados foram pedidos ao Pentágono. em fevereiro deste ano, pelo senador democrata Robert Byrd, que desejava obter informações sobre o que teria levado os soldados à indisciplina e. consequentemente, aos fraggings. Embora as causas naturais e os acidentes expliquem a maioria das mortes "não hostis", um grande número de soldados morreu por suas próprias mãos ou pelas de seus companheiros. Houve 1.163 homicídios, em geral a bala. Destes. 973 foram classificados como "acidentais" c 190 como "intencionais". Foram 793 os casos dc "autodesiruiçâo acidental" e 379 os de suicídio. Explicando as mortes como "fenômenos do conilito do sudeste asiático", o relatório do Pentágono revela 3.060 mortes em acidentes aéreos. I.075 em acidentes com veículos motorizados. 1.015 mortes por afogamento e asfixia, e 1.07b em conseqüência de queimaduras, malária, hepatite/ataques cardíacos c outras doenças. Embora o problema da heroina existisse desde a metade da década passada, os dados referentes ao exagerado consumo de drogas sé abrangem os anos de 70 a 72: 102 mortes. Mas o relatório do Pentágono consegue revelar um certo otimismo. Como prova disso, diz que as deserções, dentro do exército norteamericano, decresceram de 340.955 em 1971 para 257.453 no ano passado. O relatório não oferece, entretanto, o decréscimo do número total de soldados que compõem as forças armadas. E prossegue com outra informação otimista: o número de punições foi de 491.897 em 1971, e de 415.550 no ano passado. Etn I9T0 houve 163.500 convocações para o exército, e esse número diminuiu bastante: % mil em 7t, 5f. mil em 72. e nâo haverá nenhum alistamento este ano. Obviamente esses d3dos precisam ser considerados, para sc chegar a qualquer conclusão otimista. Se o número dc alistamentos diminuiu, o número de deserções, e mortes acidentais diminuiu também. O relatório do Pentágono concluiu, entretanto, que. "quanto à moral e à disciplina, os soldados tiveram aproximadamente os mesmos problemas que a sociedade norteamericana: aumento dos crimes, abuso do álcool e drogas, agitação racial e violência". O que não chega a ser exatamente correto, pois a média de acidentes e doenças fatais foi nove vezes maior do que a média do mundo todo, no mesmo período. Embora os povos do Vietnã. Camboja e Laos tenham sofrido — e estão sofrendo — perdas muito maiores, o preço pago pelos EUA foi imenso: 56 mil mortos e mais de 300 mil feridos. Aborto: todos descontentes ((aBomos todos abortistas", gri3a*tava uma multidão de duas mil pessoas há algumas semanas, em Grenoble, na França. Organizada pelos militantes do Movimento pela Liberalização do Aborto e da Anticoncepção (MLAC), a manifestação era um desagravo às constantes perseguições policiais sofridas pelos médicos abortistas e se propunha a um final espetacular: realizar um aborto em público. Essa atitude dc extrema contestação foi suspensa,mas a simples ousadia de anunciá-la contribuiu bastante para aumentar a grande expectativa criada em torno da reforma da lei anti-aborto de 1920 que foi reformada, na semana passada, pela Assembléia Nacional francesa. De agora em diante, os debates que já eram ásperos • devem aumentar sua intensidade pois o projeto apresentado pelo governo e aprovado na Assembléia Nacional conseguiu um parecer unânime de todas as correntes *3b1fticas e religiosas envolvidas na questão: é decepcionante. r Pela nova lei, o aborto é permitido apenas em três circunstâncias: se existir perigo para a saúde física, psíquica ou mental da mãe; se estiver fora de dúvida o nascimento de um ser anormal; se a gravidez for precedida por violação, incesto ou crime similar. Essas hipóteses estavam incluídas nas propostas de todos os grupos liberais mas a elas se acrescentava mais uma "sempre permitindo o aborto que se colocar um problema social sem solução imediata para a mãe ou para a família". A» divergências Essa dimensão do problema, nem sequer mencionada na nova lei, era um dos principais pontos da posição comunista. Os comunistas, entretanto, não eram os defensores mais aborto, por eles conavançados do "última solução" e não siderado uma uma solução para problemas sociais ou um meio essencial â libertação feminina como pretendiam outras correntes mais radicais. O Partido Socialista Unificado (PSU), por exemplo, propunha que a nova lei permitisse a "qualquer mulher, de qualquer idade, realizar o aborto até a 24.a semana de gravidez" embora mais tarde tenha recuado limitando a 18 anos a idade das candidatas. No setor religioso, a questão chegou a ser considerada como uma ameaça ao ecumenismo, de tal forma pareciam inconciliáveis as divergências entre católicos e protestantes. A Igreja Católica manteve sua posição de sempre enquadrando o embrião no "não matarás". Os preceito protestantes perguntavam se não seriam posições rígidas como essa dos católicos as responsáveis pelo número cada vez maior de abortos. Por razões bastante diferentes, os grupos anti-abortos também ficaram desgostosos. Um deles, o grupo "Deixem-nos Viver" considera a nova lei a "legalização de uma medida de desespero". At nacionalizações do "irmão-coronel" primeiro dos cinco objetivos O prioniinot fUadot pelo goterno do coronel Muamar Kadhafi ("riactonalirar a exploração e a wmcrcialiMçào do petróleo da Ubia"» (II continuou a ter rcatuado na temana patsada. quando ele anunciou a nacionalização da empresa notxe^ amcrkana Bunker Hum Oil A espropriaçio. entretanto, nio foi de grande pone. apesar dc significativa, A companhia nactonaluada é a menor empresa petrolífera estrangeira na Ubia — mantém operações dc 140 mVhòes de dólares e produz apenas ISO mil barris por dia. equivalentes a cinco por cento da produçio do pais. 'a Oásis, outra grande companhia none*americana. produ; oSO mil. ino é. um terço da produçio total da Ubia.) A ocasião da divulgação da medida foi bastante favorável. Comemorava* ve. em Trlpoli. na scgunda*feira da semana pattada. o terceiro aniversirio da expulsão dot none-americanos da Bate Aérea de Whedut. "Chegou o momento de ot irabes ameaçarem seriamente os interesses dos Ettadot Unidos no Oriente Médio", ditse Kadhafi. A teu lado encontravam-te os pretidentet de Uganda. Idi Amin. da República Centro-Afficana. Jean —• Bedel Bokasta. e do Egito. Anuar Sadat. Este. ao discursar, lembrou que a nacionalização da Bunker Hunt Oil é o "começo de uma batalha rontra os interesses norte-americanos em toda a região árabe". Sadat porém não foi a Tripoii apenas para as comemorações. A foto publicada nos jornais do dia seguinte 'Kadhafi e Sadat de mãos dadasi tem um grande significado para a Líbia e o Egito: está prevista para 1.° de setembro deste ano a união dos dois "A união com o Egito", diz o países. ministro das relações exteriores iibio. Mansur Kikhia. "não é apenas uma aspiração política, é um imperativo econômico". A Líbia ainda é um pai pobre. Com um território duas vezes maior do que o da França, e apenas dois milhões de habitantes concentrados nos oásis e no litoral do Mediterrâneo, no inicio da década de 50 tinha 90To de analfabetos c uma renda per capita de 35 dólares que. em 1966. atingiu 250 dólares Apesar de independente desde 1951 e da descoberta do petróleo em 1959. a Líbia só começou a sofrer algumas transformações em suas estruturas tradicionais em 1969. No dia 1.° de setembro daquele ano subiu ao poder o "irmão-coronel" (como passou a ser chamado posteriormente) Muamar Kadhafi, jovem oficial de 28 anos que instalar na Líbia um regime pretendia "puro e duro*'. A primeira nacionalização veio em dezembro de 1971. A British Petroleum tentou impedir a veada do petróleo rtactonaarado, sob • alcgaça» dc qut ot Ifbk» nlo têm direito a cie (Como resultado, apeoaa o Braol c a Grécia. atualmente, sie.tjpmpradorct do petróleo produzido ai ata* ciproprtada por Kadaü em 1971,} Muros eram ot problemas con* tlifaam com ¦ coasecuçio dos "rrhltaaros pnontirtot" De toda a população do pais. por eacmpb. apenas S0*% tinha mate de 20 anot de idade, e destes. ciduJdos nômades, mulheres, telhoi e tetilrdot. poucos eram ot trabalhadores produtivos. Em vinude dessa grave fruta dc mio-de obra. a presença de egípcios é marcante. etpecialmente de operirios etpecialtradot. Para realixar tua ambiciota tarefa de "reduzir ao miximo a dependência do pab em relação ao estrangeiro". 6 conselho revolucionirio que levou Kadhafi ao poder colocou em pritica uma téne de medidas, de cariter claramente nacionalista, conhecidas por tuas caracteriaicas is vezes pitorescas. Organizou-se uma espeta: de happening perman«*nt«*JEm apenas dois mesa. foi realizado um congresso de escritores llbios. um congresso dot filósofos irabes e. mais recentemente, uma "revolução cultural": fo« suprimida toda a literatura não tslimica existente no pab. com a finalidade de "purificar" os seguidores do islamismo. i Segundo alguns, ess. medida foi uma manobra de Kadhat para eliminar a oposição marxista a regime.) A união com ot egípcio* As autoridades libias, apareniemen te. não tém dúvidas quanto a viabilidade e ao sucesso da uniio com r Egho. Alegam que os libios não conseguirão fazer tudo sozinhos, e que "a cooperação entre os dois países rentável, fará baixar os preços e criara um vasto mercado, contribuindo pari a melhoria do nível de vida". Ma; certas camadas da população lfoia sc opõem. Indagam se não seria melhor adiar a unificação por alguns anos, "para permitir que os dois povos s» conheçam melhor e se acostumem urr. com o outro". Quando o problema é colocado nesses termos, porém, os dirigentes libios respondem que a união é um "imperativo político" não somente do ponto de vista "da nação árabe", mas também no plano internacional. IH Os outros quatro objetivos prioritários: desenvolver a agricuhura: promover a industrialização: itensificar a escolarízação e a formação pmfissionat reforçar o controle do Estado sobre os setores de importação e distribuição. A reforma da OEA rumores que circularam na Os semana passada, em Washington, sobre uma possivei retirada da Argentina da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) até o fim do mês só fizeram aumentar ainda mais a expectativa pela reunião da comissão especial que estudará a reforma da OEA. A comissão especial, formada por 12 países membros, se reunirá na quartafeira desta semana, em Lima, com a finalidade de "estudar o sistema interamericano e propor medidas para sua reestruturação". A mesma Terceira Assembléia-Gera; da OEA, que criou a comissão e estabeleceu seus objetivos em 15 de abril deste ano, fixou também o prazo (30 de novembro) para que essa comissão apresente os resultados de seus estudos. A "insatisfação geral quanto ao funcionamento e resultados do Sistema Interamericano" aumentou, sem dúvida, na última assembléia-geral. Na ocasião, alguns países manifestaram-se favoráveis à retirada das sanções impostas pela OEA a Cuba. O delegado peruano, Juan Caile, falando sobre "pluralismo ideológico", condenou os "ostracismos e incompatibilidades por motivos d: ideologia, como as que ainda pesam sobre a República irmã de Cuba". A Argentina, com sua decisão unilateral de reatar relações diplomáticas com Cu6a, aumentou o número dos que pretendem alterações mais profundas na OEA e fez fortalecer, na semana passada, os rumores sobre sua retirada da OEA e da ALALC. Segundo esses boatos, os peronistas desejariam a criação de uma federação latino-americana que substituiria as duas organizações existentes. As restrições de Campora i OEA não são pequenas. "A OEA esti em profunda crise e não cumpriu seus objetivos", disse o presidente argentino, "ê um organismo antihistórico, que não vê o mundo como de coexistência - pacifica e de multipolarismos". II <k dirig-mt**** &< emnomes de Centenas p r c V a s as»u«tadoramenie lamtliarc» aos ou» ido» russos — como IBM, ITT. Bank o! Amcnca Chrsslei Ou Pow e IVp»i Cola — abrem, ou se prrparam para abrir, es»;nu*r*«i*** %»«mcrciai» em Moh-ou. o Chave Manhattan Bank tnvtala**,nadama«»nada rneno» que **•• numero I da praça Karl Mars: o vccretári*».geral do Pantdo CVmunivta da CR"»*». Leonid Brejncv — nesta «emana »i»ttando ••*- H \ onde foi assinar e divcuiir »ârto» »c»*fd«H — declara que .*» negiVim entre seu pai» e vis americano» podem, deniro de dua» década», pular da mi*desta quantia de pouco mai» de >«* milhões de dõlarev para .*•**• Nlhôe», O que está acon* tecendo* Parece que a frase com que um compenetradn pensador* alemão abriu um manifesto de denuncia do» erro» evtruturais do nascente ..••**..!•..•". europeu em IM» e»ti "um espectro curtttvanientc invertida: ronda a 1'nião So»toica.oe»pcciro do capitalismo". Fm maio do ano pavsado. Richard Sison evtcve em Mitscou c »ua» prolongada» iimversaçõe» com os dirigente» vovtéticos foram anunciada» como uma nova era. nâi» sa na tmtória da» rclaçor» entre o» doi» paises ma» talvez ate na tvitória da humanidade. Nison assinou com »»• ruvvo» uma vénc de acordo» — para projeto» conjunto» no espaço, troca de inlormaçõe» no campo da medicina e controle da poluição c para a melhoria «ta» regras de navegação — ma» aparentemente fracassou no seu propósito maior, estabelecer ao mesmo tempo a» bases definitivas do» grande» tratado» comerciais que abrissem o mercado soviético aos investimentos americanos. A Nova Era. caracterizada por alguns teóricos com o pitoresco adjetivo de iransideológica. tinha assim um inicio relativamente falso. Da p.isxagem de Nixon pela URSS naquele» dias agitados que ve seguiram ao bloqueio naval de Haiphong pela trota americana até esta semana, em que Brejnev passeia pelos Estados Unidos, muna coisa mudou. A imagem de Nixon. por exemplo, nào tem mais nada da antiga grandeza do homem que. se nào te/ a paz no Vietnã, pelo menos trouxe de volta a seu pais até o último piloto aprisionado na guerra. Brejnev pode verem qualquer aparelho de televisão um espetáculo raro para seus hábitos de chefe de Estado de país comunista: o presidente dos Estados Unidos da America sendo acusado de crimes que vão da omissão à corrupção, passando pela espionagem. Neste ano que separou as duas reuniões de cúpula dos líderes das duas mais poderosas nações do planeta, contudo, um fenômeno se fortaleceu e deu força aos profetas da Nova Era. Em outubro dc ano passado, depois de longas negociações, foram assinados os grandes e esperados acordos comerciais entre os dois países. A eles se seguiram centenas de visitas de empresários americanos à URSS e de técnicos soviéticos aos Estados Unidos. David Rockfeller foi a Moscou abrir a agência do Chase a firmar a Aleksei Kossigin. entre taças de champanha e "o mundo guloseimas de caviar, que inteiro está mudando rapidamente". O Pravda declarou que a expansão do comércio com os americanos "representa um caminho promissor para a elevação da eficiência da economia soviética" e. consequentemente, do padrão de vida do povo russo. Boris Strelnikov, um de seus correspondentes em Washington, cruzou os EUA de costa a costa e descreveu para os leitores soviéticos seus empolgados 16 mil quilômetros de contatos com as rodovias, motéis, restaurantes e postos de beira de estrada da opulenta sociedade americana. O esperto dr. Armand Hammer, 75 anos, autodefinido como amigo de Lênin, dono da 36.a grande companhia americana, a Occidental Petroleum Corporation, assinou com os documentos os soviéticos contratos para dos preliminares exploração de gás soviético da Sibéria, para render, nos próximos anos. 8 bilhões de dólares, mais. por exemplo, que toda a poupança brasileira do ano passado. é seguramente temerário acompanhar os teóricos da iransideologia e dizer que esses fatos indicam que Nixon e Brejnev. E os outros. ^mw sX ImmuÁM^* >\â*a*bái Am\ xcfy\/ m\ mL^mX ri ímTj( §E\ \fl*x®TaV ^^^mK^^mmmW ^*Z^m\St9^m^ IEVINE NEW YORK WÜ REVIEW 'OPERA comunismo e capitalismo perderam seus antigos significados e que as novas relações EU A-URSS são o sinal dessa transformação. Este. complexo e excitante fenômeno da história contemporânea ainda provoca mais perguntas do que respostas. O que segue é uma tentativa de responder a algumas de suas indagações. Mesmo deixando de lado a ambição de sa1 ber se capitalismo americano e socialismo russo caminham em direção a é algum comum, ponto está dizer que possível acontecendo uma mudança qualitativa nas relações entre os dois países? bastante razoável acreditar E que sim. Russos e americanos falam dessa "nova etapa". "Agora existem todos os fundamentos para assinalar que na história do pós-guerra começou uma época crucial na qual se realiza a reavaliação das teses sobre política exterior ocidental", diz Dmitri Ardamatski. comentarista político da agência Novosti. Os acordos para limitação das armas estratégicas assinados em maio do ano passado em Moscou são "sem precedentes no século nuclear", diz a agência norteamericana para o desarmamento. Um reexarne da história das relações URSS-EUA fortalece a impressão de mudança. De 1917, ano da revolução bolchevique na Rússia tzarista, até 1933. os Estados Unidos não reconheceram o regime soviético. Depois de um curto período de colaboração durante a Segunda Guerra, quando lutaram juntos contra o fascismo, americanos e russos se separaram novamente. A América, preocupada com a vitória dos exércitos vermelhos, que semearam regimes comunistas até a metade da Alemanha, bloqueou as relações entre seus aliados "uma e os países do novo regime, com cortina de ferro". Do fim da guerra até anos recentes, desenvolveu-se surdamente entre os dois mundos a "Guerra política conhecida como de -S \-¦ m^.''*' *<Jm Wr Quais são os princi* pais acordo* firma* 3 dos até agora entre os dois paises e o que eles significam? MUNDI Fria". Os americanos acreditavam que os russos estavam por irás de todas as rebeliões contra governos que eram seus aliados. Os comunistas "patrocinam guerras dirigidas a raptos, distância, guerrilhas, assassinatos, bombardeios e assaltos a bancos", diz Eugene Rostow, teórico entusiasta da política americana nesse período. A corrida aos foguetes e às bombas nucleares aumentou a tensão dessa "Guerra". Os americanos explodem sua primeira bomba-A,em julho de 1945; os russos, em julho de 49. Os americanos explodem sua primeira bomba-H em novembro de 1952; os soviéticos, em agosto de 1953. Em outubro de 1957, os russos colocam em órbita o primeiro Sputnik, revelando assim que tinham resolvido os problemas técnicos da construção de um foguete balístico intercontinental (capaz de viajar mais de 8 mil quilômetros — e portanto de despejar uma bomba atômica no solo americano a partir de um lançamento do solo soviético). O Sputnik e a rapidez com que os soviéticos tinham se recuperado de seu atraso de quatro anos na construção da bomba-A alimentam as imaginações mais férteis, que viam as metrópoles americanas arrasadas por mísseis vermelhos. Os dois lados constróem então, freneticamente, arsenais nucleares que em pouco tempo são avaliados como tendo a capacidade de destruir, numa guerra de poucas horas, todos os principais aglomerados humanos do adversário, várias vezes. "técnico" (Para os americanos, o termo é first strike capability, que mede a quantidade de vezes que o pais pode destruir seu principal adversário, se for capaz de dar o primeiro golpe.) O absurdo desses arsenais torna-se um fato público justamente no período do degelo da Guerra Fria. Em 1963 — um ano depois que a presença de foguetes soviéticos ofensivos em Cuba tinha levado o presidente John Kennedy a decretar o bloqueio da ilha e com isso provocar uma ameaça iminente de guerra nuclear —, os dois países, juntamente com a Grã Bretanha, assinam um acordo banindo os testes nucleares na atmosfera. Em novembro de 1%9, assinam também o tratado de não-proliferação das armas nucleares, pelo qual convidam os êmpst o ftraú m <fw****r»a dejuruttki por stus mem no» **umm anos E que. pmstooatJo tam outras coisas por síktssWos fracassos na irfttat t»s et mo-krntrar a agricultura «ettttka. t-conid Srcpifs e su* ala dentro do soviético Partido Comunista -«•sorveram optar per uma potlitca dt utUiração da teefrdogta e dinheiro do OdfJfMM Ocrevimemoda economia «estética *' • Índice mais feaito o em I9?2 fot de desde a Segunda ttmrte A csponaçio de produtus manufaturado» sosteticos. que *ont»popdia a 2" a**" do comércio esterooem \*Tl, caiu para liJ>% em ' ••' / O PNB. que correspondia a 54% *-."¦ do americano, em 1*171. saiu para *'.' No campo, a pruduçào ,jf em f fcnili/antcs, a despdto de 20 anos de r»torçu». pare» »er ainda metade da americana e a produtividade do trabalhador agrícola. 5 ve/es menor Além disso, o» soviéticos optaram por accleno- o dcscnvohtmento de suas área» inesplorada». como a Sibéria, onde pretendem, vegunito seu último Piam* Ü línq - ' -" empregar W* de seus imotimcntos gMtai» fque n«r Plano sio da ordem de 500 hilhões de dólares). Ao mesmo tempo, o aumento das esigencias de consumo de seus habitantes torna a economia mais complesa de dirigir e leva os soviéticos a se sentirem mais atraídos pela tecnologia ocidental. Com o recurso ao ocidente,os russo» pensam obter várias vantagens ao mesmo tempo:' desen* volver vasta» regiões inexploradas, como a Sibéria: modernizar sua tecnologia: e criar um grande potencial de exponações para o futuro. outros paises a renunciar, sob supervisão internacional, à fabricação e posse de armas nucleares Em julho de 1969, os americanos chegam a lua e os últimos temores de uma inferioridade em foguetes — que tinham sido alimentados pelos propagandistas da Guerra Fria — tornam-se praticamente insignificantes. Dentro desse quadro, quando Nixon toma posse em I%9 e anuncia a "verdadeira necessidade de um entendimento mútuo norte-americano", ele não está praticamente tomando uma iniciativa, mas dando prosseguimento a uma tendência histórica de mudança. apontar possível um dos dois lados 2É como mais interessado nessa reaproximação? Ou, o que é quase a mesma coisa, algum dos lados julga ter mais vantagens nessas novas relações? russos, aparentemente, são Os os mais interessados. As limitações das relações comerciais entre os dois mundos foram decretadas pelo lado mais poderoso, no caso os Estados Unidos. Em 1921, quando resolveu reformular a política econômica do Estado soviético, Lênin convidou industriais europeus e norteamericanos a investirem na URSS. Apenas os alemães — que tinham sido derrotados na Primeira Guerra Mundial e com isso excluídos do poder na Europa através do Tratado de Versalhes — interessaram-se pelo comércio com o Estado socialista, relações que permaneceram durante o tempo de Stalin. Os russos têm um interesse especial "Desenvolver a pela eficiência. sociedade socialista é, diz o Pravda, antes de mais nada, velar pelo desenvolvimento da economia. Quanto mais eficazmente os países socialistas conduzirem a construção econômica, tanto mais fortes serão no plano econômico e político, e tanto maior será sua influência na orientação e na cadência do desenvolvimento histórico". As últimas indicações que se tem é de que a economia soviética não foram assinados vários — e Já esla semana devem ser assinados novos — tratados para melhorar as EUA. Há relações entre URSS e também diversos acordos importantes entre firmas americanas e o Estado soviético. Acordos de Estado para Estado: ai Comerciais: Esses acordos foram estabelecidos logo que os russos aceitaram o pagamento da dívida que tinham com os EUA pelo auxilio recebido durante a guerra. O total desse débito, segundo os americanos, era de II bilhões de dólares — mas os russos se recusavam a saldá-lo, alegando que suas perdas (da ordem de 20 milhões de mortos, comparados com cerca de 700 mil norte-americanos) não tinham preço. Uma prova do interesse em restabelecer as relações é o acerto do pagamento da divida, reduzida para 722 milhões, pagáveis em prestações anuais até o ano 2.001. Outros pontos-chaves dos acordos: As duas nações se comprometem a taxar as importações de uma para a outra com as tarifas que concedem aos países mais favorecidos de seu comércio/ou seja, impor para a outra as menores tarifas possíveis. (Embora o governo Nixon tenha assinado esse acordo, ele depende da aprovação do Congresso americano. Boa porcentagem de congressistas quer condicionar a aprovação a uma garantia da União Soviética de não' impedir e não dificultar — cobrando taxas, por exemplo —.a salda de judeus do país. Numa concessão sem precedentes, há algumas semanas a URSS suspendeu a cobrança de taxas para os judeus que queriam emigrar.) Extensão ao outro assinante do acordo dos créditos comerciais geralmente acessíveis u um dos lados. Com isso, por exemplo, os soviéticos tornam-se aptos a solicitar créditos ao Export-Import Bank, controlado pelos EUA. a Construção de um complexo com em hotel-apartamentos-e-escritórios Washington e Moscou para que representações comerciais dos dois países possam ter onde ficar quando em missão de visita ou permanentemente. continua no u-àgiria ao I tf totwmraijao th e+i«+ oo lodo Ao mesmo tempo. Nitott retirou da lista de produtos «rxtrairgvçv-K — t portanto oe comete» prmbtdo eum a t Mss — mais dt J art- Htm nos diurnos tempos. Graças • itso. «merseanos que (kavam esperando «nos por automação do gostrno para fechar negócM com russas, agora esperam vemanaa, Uma historia que "Na ilustra esse clima de mudança; metade dc I*»».*- a Gtcaton Worfcs". "recebeu um áit o WuêlSirtei Journal «"«"«" compra de um para pedido equipamento de 22.S mdbóex de dólares e icve de esperar uuasc dois anos para obter a autorização de cvponaçeo do governo, Mas para uma ordem de 13 milhões de dólares de um equipamento idêntico recebida no fim do ano passado obteve a permissão entre seis e oito semanas". Outro aspecto da mudança dc ainda pelo posição americana, citado Wall Street Journal "Ao invés de considerar uma fábrica de caminhões uma fonte potencial de transporte milhar" tcomo fazia no tempo da Guerra Fria)", agpra o governo dos EUA vc os caminhões como os veículos utilizados petos soviéticos para levar bens para seus consumidores". essas Como resultado de todas atitudes e acordos, o comério URSS— EUA pulou de modestos 200 milhões de dólares para mais de SOO milhões cm um ano. de 1971 para 1972. (Atê 1°7|. todo o comérico doi EUA com o bloco comunista não passava de 600 milhões de dólares, o mesmo volume de negócios existente entre os EUA e a Colômbia.) hl Outros acordos Cooperação espacial — provavelmente em junho de 1975 astronautas russos e americanos acoplarão no espaço uma nave Apoio a uma Soyuz. As naves tripuladas dos dois países passam a ter de agora em diante um anel de engate padrão, de forma que uma possa engatar e rebocar a do outro pais em caso de necessidade. Cogita-se também numa viagem conjunta a lua e em troca de informações científicas sobre os planetas. Ciência e tecnologia~os dois países tentarão desenvolver projetos conjuntos de tecnologia muito avançada, como comunicações globais c talvez até mesmo a construção de instalações nucleares. Pesquisa médica — aumento do intercâmbio de cientistas e informaçôes. especialmente em combate ao câncer e doenças ambientais, cardiologia e urologia Transporte e navegação — nesta semana deve ser assinado um convênio sobre a cooperação no setor de transportes, aéreo e ferroviário; em maio do ano passado, os acordos assinados estabeleceram regras de percurso, para evitar problemas de tráfego marítimo e aéreo; Agricultura — nesta semana também deverá ser assinado acordo para troca de informações e estatísticas agrícolas dos dois países, particularmente sobre as respectivas safras, o que tornará mais fácil para os EUA suprir eventuais necessidades soviéticas em determinados anos. (O acordo neste ponto ajudará a resolver problemas como o do ano passado, quando a URSS fez as maiores compras de cereais de sua história, 25 milhões de toneladas, das quais 18 milhões de trigo, devido a uma das piores safras agrícolas de seus últimos 100 anos.) Desarmamento: ver pergunta adiante. Negócios entre o Estado socialista So4 viético e empresas capitalistas americanas: como funcionam? nesse campo que estão os açorE dos mais promissores e aparentemente desconcertantes. Pepsi Cola, ITT, Avon, IBM, Fiat, Chrysler, General Electric e outros nomes, que um russo menos avisado qualificaria de "trustes imperialistas", estão correndo em busca do mercado soviético. Recentemente, uma caravana de 800 empresários americanos esteve na URSS procurando oportunidades para negócios. No começo do ano, 2 mil empresários americanos reuntiios em Nova York no Congresso do Conselho Nacional do Comercio Eateroe dos EUA aprovaram a ampliação do comércio amcncano-soviêtico Hi duas semanas, para st aproveitar puMicitariameme dessav tendências, a resista Time enviava oito de seus diretores dc publicidade iniemanonal para viajar e negociar pela URSS, A resista terminava dizendo que as mudanças scram tão grandes que jl se podia coguar de uma edição russa do Time, Os contratos da URSS com em* presas americanas privadas sio de quatro tipos* a) Os russos compram conjuntos industriais completos para equipar fábricas gigantescas. O mais conhecido nesie setor é o projeto da fábrica de caminhões do no Kama. anunciada para ser a maior do mundo. Várias empresas americanas estão recebendo pedidos para montar setores dessa tábrica ou fábricas subsidiárias para supri-la de autopeças, Só um dos projetos csiima*sc que chegue a 200 milhões de dólares A produção de carros e caminhões na URSS deve ter um impulso extraordinário nos próximos anos. segundo os planos oficiais. Hoje. existem na URSS 2 8 milhões de carros icerca de I para 100 pessoa», contra 45 carros para 100 pessoas nos EUA), dos quais I milhão são carros oficiais. Embora técnicos russos declarem que os amencanos são escravizados pelo automóvel e que não pretendem seguir seu exemplo, o Kremlin dedicou II bilhões de rublos (mais ou menos a mesma quantia em dólares) para a indústria automobilística no período I%5-I975. Até 1975. o total de carros na URSS deverá triplicar. b) Um segundo tipo de pedido soviético trará dos EUA fábricas praticamente completas para produzirem na URSS bens de consumo variados. Os americanos constróem a fábrica nos EUA. fazem-na funcionar na presença de técnicos soviéticos, desmontam e despacham para a URSS onde as remontam e deixam funcionam do com técnicos russos. Não se sabe quantos pedidos os soviéticos farão nesse campo, mas se sabe que serão muitos e em campos variados. Alguns dos mais curiosos: A Pepsico Inc. instalará uma fábrica em Novorossiisk. peno do mar Negro, com capacidade para 70 milhões de garrafas de refrigerantes por ano. Nixon interveio pessoalmente para a entrada da Pepsi na URSS. Em l%0. quando perdeu as eleições para Kennedy. Nixon foi convidado para ser presidente da Pepsi por Donald Kendall. dono da empresa e amigo particular do atual presidente dos EUA. Nixon não aceitou, mas seu escritório ficou com os serviços júridicos da Pepsi. Já em 1959, a pedido de Kendall. Nixon forçou Kruschev a beber uma garrafa de Pepsi no stand da firma numa exposição em Moscou, o que lhe valeu abundante promoção. "Nixon não só colocou a Pepsi dentro da URSS. ele salvou meu emprego^diz Kendall, que na época ainda lutava pelos mais altos postos dentro da companhia. Na eleição passada, Kendall foi diretor do Comitê de indústria e Comércio para a arrecadação de fundos para a eleição de Nixon. Fábrica de talheres: a Alliance Tool and Die Corp. e a Atlas Fabricators Inc. instalarão em solo soviético 5 fábricas (35 milhões de dólares) que produzirão talheres de prata e aço inoxidável, cafeteiras, bules para chá e açucareiros. "Os atuais talheres soviéticos são grosseiros para os nossos padrões; sao pesados e pouco atraentes, de certa forma parecidos com talheres do exército", diz um industrial americano ligado a esses projetos.. Não será surpreendente que as fábricas a serem importadas para produzir bens de consumo, como essas citadas e como foi a da Fiat em 1965, dediquem-se a setores ainda mais inesperados (para a URSS ortodoxa de hoje). As hordas de capitalistas que peregrinam pela União Soviética em busca de bons negócios hoje são extremamente variadas e nelas se incluem a British-American Tobacco, a National Cash Register, a Avon, Du "Os russos Pont, Chrysler e outro::. pensam stnamtMt rm comprar nossa tecnokvgu e nossos produtos", disse um diretor da General Utecinc ao Wall 'Street Jmtmal depois de ter discutido "importante* com esses clientes" uma ampla faisa dê produtos e) A terceira categoria de compras de bens de capual soviéticas envolve equipamento especial para construção, mineração e outros projetos E templo; a International Harscsicr de Çhxago enviara i URSS um pedido de «0 milhões de dólares equivalente a 4S0 tratores de esteira, dos quais um terço será usado para transportar oleodutos até os locais de instalação dl O quano tipo de negócios é de longe o mais espetaculoso* trata de transações gigantes para o desen* voivimento dos recursos naturais soviéticos Os russos querem firmas estrangeiras que entrem com o equipamento e a iccnologia e aceitem - como pagamento produtos dos poços, minas c usinas. Os mais adiantados c famosos desses projetos são os que vtum a exploração das fantásticas reservas de gás natural da Sibéria. Americanos e japoneses já realizaram as negociações preliminares para. construção de dois gasodutos. dois ponos. usinas de liquefação de gás e duas frotas de navios. Os projetos passam de 20 bilhões de dólares (cerca da metade do PIB brasileiro) e estima* se que provocarão ao longo de seu desenvolvimento a criação de I milhão de empregos. O lado americano desses negócios foi conduzido por Armand "5 Hammer. o médico de anos que se diz amigo de Lêntn e que conseguiu transformar a modesta Occidental Petroleum numa das maiores empresas do mundo, graças a manobras (consideradas pelo menos truculentas) na obtenção de concessões para explorar as jazidas de petróleo da Ubia. Há duas semanas o governo soviético. Hammer e o dirigente de uma companhia associada a ele. a El Paso Natural Gas. assinaram o acordo de intenções do empreendimento, estimado em 10 bilhões de dólares. Os americanos construirão a frota de 20 superpetroleiros, o porto e serão responsáveis pela comercialização do gás nos EUA. Receberão a sua parte do investimento em gás. Reservas tfoa-stais. minas de cobre, de minerais atômicos, de petróleo: para todos esses recursos, também considerados abundantes na Sibéria, já se cogita de empreendimentos conjuntos. soviétíco-americanos ou soviéticojaponeses. E todos eles se situam nas alturas estratosféricas dos bilhões de dólares. Esses contratos com os russos são do mes* 5 mo tipo dos que as empresas americanas fazem, por exemplo, com os países subdesenvolvidos para a exploração de seus recursos naturais? a mesma pergunta foi Armand Hammer pela feita a Quase revista L Express, em setembro do ano passado, depois de uma de suas viagens a Moscou." Quer dizer que a sua companhia terá concessões na URSS como tem na Líbia e Nigéria"? A resposta de Hammer foi negativa. "Juridicamente, absolutamente não. Não há possibilidade da URSS ceder direitos territoriais de exploração para empresas estrangeiras. Mas ela nos garantirá um pagamento sobre o petróleo que contribuirmos para extrair". Da mesma forma, as fábricas — como a Fiat, a Pepsico, as instálações do rio Kama — pertencera aos soviéticos. Os bancos que vão operar em território soviético são apenas pontes para os negócios das comerciais representações estrangeiras. Não têm direito de receber depósitos nem fazer empréstimos a juros para cidadãos soviéticos, por exemplo. (Há atualmente seis bancos estrangeiros em Moscou:, um francês, um finlandês, dois alemães e dois americanos — o Chase Manhattan e o Bank of America. "Mas", diz o Wall Street Journal, "cerca de 150 bancos e instituições financeiras estão procurando entrar nesse tipo de negócio com a URSS e os países do leste europeu" Em Londres, fala-se numa movimemaçáo nos meios flnaneeirov para se conseguir 15 wmòes de (core) dólares pata financiar negócios *,# URSS no ocidente« Na Europa orsemal ot planejadores limite mostrado mais disposios que os russos • darem autonomia a suas empresas a lim de que elas possam ter mais podem para fazer arranjos comeretats com empresas do ocideme sem serem atrapalhados por csecsstva burocracia Romênia e l*olonia tem permitido inspeções periódicas, pelos americanos, das fábricas construídas a base desse tipo de cooperação Moscou, até o momento, não tem sequer permtiido que os americanos verifiquem ov depósitos de gás natural cuja produção oferece como garantia para pagar ov créduos amencanos, Um economista polonês. Zbigniew Kameckt. recentemente sugeriu uma fórmula que contornaria as regras de Varsóvia contra propriedade conjunra de fábricas no mundo comunista pelo Estado e empresas capitalistas do ocidente: uma fábrica poderia se estabelecer na Polônia por uma firma ocidental, operada por uma companhia holding com escritório centrai no ocidente, mas tecnicamente penencerne á Polônia. O autor Samuel Pisar {Comerem e Coexistência) sugere que esses híbridos sejam a chave para o aumento do comércio leste-oeste. Diz a resista Time que. no momento, a Culf Oil discute um projeto de 3.5 bilhões de dólares para exploração dos campos petrolíferos de Tyumen. na Sibéria, num empreendimento conjunto da Culf. de grupos japoneses e da URSS. Fora da URSS. uma firma do Estado soviético, a Techmashexport está construindo com a North Atlantic Oil. dos EUA. c a Carbonaphta. francesa, uma refinaria de petróleo nas Antilhas (120 a 250 milhões de dólares). Esse empreendimento empregaria operários, seria baseado na exploração de suas mais-valias — contrariando um principio básico da propriedade comunista? Nesse nível as distinções entre empresas russas e americanas teriam de ser feitas com mais cuidado. Os soviéticos tor* nom-se dependermos 6 de alguma forma dos americanos ou vice-versa? senador americano apresentou Umproposta ao Congresso visando impedir que o governo conceda créditos à URSS enquanto esse país continuar impedindo a livre emigração de seus cidadãos, especialmente os judeus. Aparentemente para conseguir que o Congresso americano aprove o que concede a URSS projeto de Nixon "nação mais favorecida", as tarifas de o Kremlin teria suspendido o pagamento das ' as de emigração para os judeus iue querem deixar o país. Esse tipo de concessão, evidennessas está implícito temente, negociações comerciais. Quando estava em Moscou, no ano passado, logo depois do bloqueio de Haiphong, os jornalistas perguntaram a Kissinger se os EUA não teriam cobrado dos "bom comportamento" no russos um Vietnã, em troca da assinatura dos acordos comerciais. Kissinger desmentiu. Afirmou que a URSS era uma "nação decente" à qual não se em fazer uma podia sequer pensar"Mas é evidente", proposta desse tipo. "que, na medida em disse Kissinger. que nossas relações em geral melhoram, podemos acelerar o progresso em outras áreas, seja comercial, seja qualquer outra". O secretário de Comércio de Nixon naquela época disse mais ou menos a mesma coisa, de forma mais explícita. Explicou que a dependência que o "você faz comércio cria não é do tipo isso e então eu faço aquilo", como se os EUA dissessem aos russos por exemplo para deixar de enviar armas ao Vietnã para que pudessem ter créditos- para explorar o gás da Sibéria. "A ligação é de outro tipo, como numa cadeia", disse o secretário "'Se formos exapandir o créPeterson. dito e o comércio de nosso país, será muito importante queo povo apoie a' medida. E que o presidente esteja por trás dela E. mm importante ainda, que o Congresso a esteja apoiando, jl oue ele é que fera de aprovar as decísars Creio que se a situação do Vietnã estivesse melhor graças aos soviéticos, isso auiiliarta nossas relações comerciais, seria um faror posiiito, mas isso não I o mesmo que dizer que haja uma ligação especial emre Vietni e mlacdtf comerciais, como alguns jornalistas sugerem". "Sem dúvida alguma, essa necessidade de uma atuação positiva dos soviéticos no Vietni terta sido colocada a eles em conversas par* tteulares por Nison e Krssíngcr". ali o çumemanvta I, E. Stone a respeio das reuniões de Moscou e concessões feitas pela URSS. Stone diz mais ainda: que os acordos emre as duas superpotências os interesses do Terceiro prejudicam "Os Mundo. paises menores sempre dependeram da nvalidade das duas potências. O Plano Marshall não teve sentido econômico ou humanittico. Seu propósito foi apenas an* ikomunista. ou seja. salvar a Europa Ocidental dos vermelhos. Cuba sobreviveu porque a Guerra Fria possibilitou*lhe que passasse da dependência americana para a soviética. O poder de barganha do Terceiro Mundo se enfraquece com a aproximação EUA-URSS". Situação caótica O argumento está longe de ser absurdo. Um repórter de um jornal de Washington informou do Vietni. logo depois dos encontros de Nixon com Mao Tsé-tung e Brejnev. que o Pentágono tinha preparado milhões de boletins com os apenos de mão e os sorrisos entre Nixon e os líderes das duas potências comunistas. Esses panfletos seriam jogados nas áreas de guerrilheiros vietcongs para desmoralizar suas lutas. O significado da mensagem seria mais ou menos "'vejam, vocês se matam enquanto esse: nós acenamos as coisas com seus lideres e aliados". Um professor de economia da GregDry Universidade de Berkeley. Crossman. num artigo para a revista americana Ne* Republic. comentando a visita de Brejnev aos EUA. tem outro argumento que poderia ser acusado "A URSS não é um apenas de utópico: pais relativamente rico. que já demonstrou que pode desenvolver grandes projetos por conta própria, embora demore mais e seja custoso para ela? Por que a URSS não pode dispensar os capitais americanos, já que outros países necessitam muito mais deles"? Outra observação estranha: o professor Grossman tem como ponto pacifico que os EUA consideram o fornecimento de petróleo pela União Soviética muito mais seguro que pela Líbia, ê uma situação realmente exótica, se fosse vista por um observador acostumado aos anos da Guerra Fria: hoje os Estados Unidos parecem preferir depender, pelo menos em parte de suprimento de petróleo russo — petróleo da (outrora?) perigosa "ameaça vermelha" — que de um país subdesenvolvido. Os russos só compram know-how e exportam 7 matéria-prima bruta, como os países subdesenvolvidos? exportações russas pra os As EUA são praticamente insignificantes: cerca de 60 milhões de dólares em 1971. De um modo geral, também as trocas soviéticas com os países do Mercado Comum e o Japão são pequenas, um por cento de seu Produto Interno, 5 bilhões de dólares. O comércio exterior americano é da ordem de 80 bilhões de dólares, 8 por cento do Produto Interno situado em torno de 1 trilhão de dólares. Parte de tudo isso decorre de razões históricas. O bloqueio imposto à URSS pelos EUA e seus aliados durante a maior parte da vida da primeira nação comunista levou-a a construir sua economia baseada quase que exclusivamente nos recursos internos. A URSS possui tecnologia própria — que é evidentemente muito avançada continua na página 20 f*i.HWHI»»'.' .«ajaawai». *M»*a3| NCIAS E CULTURA 20 rantiniiaçto da porj-no lt na questio «te roguttcs e pesquisa espacial ou nuclear, mas é deficiente em setores dedicados ao consumo A ttvnologu russa esivtc também — c bastante desenvolvida — nas in* dústrías .!«• base. corno as siderúrgicas e metalúrgicas de um modo geral "Sào há dús ida de que os russos têm alguma tecnologia dc que nos podemos beneficiar'', dir um pertto em patentes da U. S Steel, ao Wall Sirtet Journal, A t Kss tornou-se em l*)**2. pela primeira ser. a maior produtora de aço do mundo, Quando executivos de empresas americanas passaram a procurar usinas de aço na Europa Ocidental para descobrir seus novos processos, verificaram que na Inglaterra. Itália. Suécia e França se usava alguma tecnologia soviética, J. L. Rcvnolds. vice-presidente executivo da Reynolds Metals, disse recentemente que ficou perplexo de encontrar na Rússia em Leningrado. um Instituto onde 4 mil técnicos trabalhasam em pesquisa básica de alumínio, Contudo, durante longo tempo, nas relações com os EUA os russos terão de se contentar com uma posição de fornecedores de matérias-primas. A vantagem é que. atualmente, no campo da energia, especialmente, e dos minérios, o mercado é mais favorável ao vendedor que ao comprador, uma situação completamente diferente dos tempos da Guerra Fria. por exemplo. A incapacidade dos russos de espertarem manufaturados para os EUA pode constituir-se também num empecilho ao suposto extraordinário crescimento das relações comerciais entre os dois países. Atualmente a produção de petróleo e gás natural na URSS não está crescendo a uma velocidade suficiente para suprir o aumento de consumo interno e das necessidades dos paises aliados do COMECON. o "mercado comum" europeu do bloco socialista. Isso significa que a URSS terá dificuldades com seus aliados se a produção dos novos campos da Sibéria ficar pesadamente comprometida para os consumidores americanos. 8 O ajve ot tyeéetew . Wa*iviefs*ra pvmmm cvittw* merer not egortlot g-l igfcl mã I aa! Saaráa aaSS^atãSmáSSàMa» aS*^a»a)nSSVaBfc_. nvcleeret celebredoi recentemente entre ot dwoi tuperpoténcleif primeiros acordos nucleares Os— o dc banimento das explosões nucleares na atmosfera, de i *•? V e o de nài» proliferação das armas nucleares ¦ despeito de significarem de i •*-¦* algum asanço no sentido de afastar a ameaça de um desastre nuclear, eram acordos de superpotências impostos ás nações mais fracas- Com o primeiro, russos e americanos nào renunciaram a muita coisa — e seguramente nio se privaram do direito de continuar a fa/er tantas bombas e tantos mísseis quantos quiseram. Com isso. a China e a Franca denunciaram violentamente o acordo e nào o assinaram, E é facilmente compreensível porque chineses e franceses sc afastaram muito, especialmente nessa época, de seus antigos grandes aliados. Com o tratado de não-prolíferaçào. URSS e EUA impediam principalmen* te que as armas nucleares caíssem em mãos de instáveis ou possiselmente agitados lideres do Terceiro Mundo. E os soviéticos. especiatmen*e. impediam que elas caissem em mios alemãs — que por essa mesma razão até agora não ratificaram o tratado no Bundestag. Foi natural também que Japão. Itália. Espanha. Brasil e Memanha protestassem e nào assinassem na época o acordo. De I %° para cá russos e americanos têm — do ponto de vista dos subdesenvolvidos — feito algumas concessões mais significativas. A convenção que proibiu as armas biológicas e químicas — embora privasse, muito justamente aliás, as nações belicosas c pobres de suas possíveis armas mais destruidoras e baratas — foi uma concessão que EUA e URSS fizeram sem pedir nada em troca. Em parte, o mesmo acontece com os acordos de Moscou de maio do ano passado, e que agora são implcmentados pelas discussões de Brejncv nos EUA. Em mato dt ITO. as duas superpotências concordaram tm restringir a duas. com 200 foguttai,at suas hatrmas dt ABM tAntlBalloiK Missils. tnUittt*aniimltttit); uma pmtgxndo suas capitais t outra prowgctido os lotais dc suas principais bases dc lançamento dt mísseis inter* çuonnentais ofensivos (para evitar que c:n vfMrn devtruidvn por um ataque dc surpresa) Esse acordo vale por tempo ilimitado e — mesmo sendo uma simples questio de bom senso, porque mesmo tecnicamente nunca se chegou a ter segurança que os antimissets funcionam — sao também uma concessão gratuita feita pelos supergrandes aos poses pobres do mundo A segunda parte dos acordos de mato. sobre as armas nucleares ofensivas — que nào chegaram sequer a ser definidas precisamente tos B-52. por exemplo, nao foram incluídos na classificação» — é uma medida limitada, válida até I977« E que nio impede que os dois países continuem pesquisando nosas armas, que apenas foram limitadas na sua quantidade — pelo acordo, cada pais se comprometeu a manter o mesmo número das atuais armas definidas como ofensivas. Enquanto isso. os dois paises se dedicam com o mesmo soturno entusiasmo á produção de novas armas mais aperfeiçoadas. Crescem — embora não em quantidade, mas em perfeição destrutiva — os MIRV. Multiple Intependently Tareted Keentry Vehicle — os ULMS. Undersea Long-Range Missile System, os 8-1 que tomarão o lugar dos B-52. O que significam esses monstros que os atuais acordos permitem tranqüilamente que sejam aperfeiçoados? O ULMS. por exemplo, é um submarino, do qual estão projetados 30 a um preço de I bilhão de dólares cada — que pode lançar, a cerca de 10 mil quilômetros, de 20 a 24 mísseis, carregando cada um de 10 a 14 cabeças nucleares. Uma bomba-H em cada cabeça, significaria, por exemplo, a possibilidade de destruir, com uma salva de tiros de uma dessas novas criaturas do mar. de 200 a 336 cidades. Os militares peruanos e o poder Depoimento de Carlos Delgado, um dot principais colaborador»*» civis do governo mlUur peruano e atual diretor do Sinamos — Servido Nacional de Apoyo a ia Movilizacidn Social — órgão que procura estruturar o apoio popular ao processo de detenvolvtmento do paia. foi possível ocorrer uma mudança tão decisiva nas Forças Como Armadas do Peru, capaz de transformà-Ia de um mecanismo de força conservadora num instrumento decisivo de transformação? Desde o inicio da década de 50, as Forças Armadas peruanas vinham manifestando tendências significativas em direção a mudanças. A criação do CAEM (Centro de Altos Estudos Militares) não representou apenas uma resposta a aspirações individuais. Sua fundação correspondeu à necessidade sentida por importantes grupos militares de ampliar a formação profissional dos oficiais peruanos. O CAEM respondeu ao desejo de buscar uma redefinição do conceito tradicional de segurança nacional. O ponto de partida para essas novas tendências que surgiam dentro das Forças Armadas peruanas foi a consciência que tomaram de que os problemas externos e internos do Peru não estavam separados. Na realidade os países mais duramente castigados pela Guerra que terminou em 1945, mas que eram mais sólidos internamente, foram precisamente aqueles que superaram mais rapidamente o impacto da guerra. Foi o caso, por exemplo, da Alemanha, União Soviética e Japão. Esta circunstância parecia demonstrar muito claramente que as nações com maior solidez nos campos da ciência, tecnologia e cultura, haviam sido capazes de recuperar rapidamente o terreno perdido e sair da guerra como povos de grande poderio econômico, militar e político. A generalização que dai deriva pode ser expressa nos seguintes termos: a capacidade de garantir a segurança integral de uma nação existe em função de seu próprio desenvolvimento. Em Outras palavras, é impossível garantir a soberania nacional em condições de subdesenvolvimento. O Peru. país subordinado aos interesses econômicos estrangeiros, tinha apenas soberania ilusória. Suas grandes maiorias nacionais encontraram-se à margem de qualquer acesso ao poder, de qualquer forma de riqueza, vivendo em condições de exploração, miséria e ignorância. Essa maioria encontrava-se nas mãos de pequenos grupos capitalistas, subordinados, por sua vez, aos interesses econômicos imperialistas, que tinham, em última instância, amplo poder de decisão nas áreas mais importantes para a vida do país. A tomada de consciência dessa situação levou os militares peruanos a considerarem indispensável enfrentar os problemas básicos do subdesenvolvimento do país. Assim, se decretou o fun do velho mito do apoliticismo, o que levou ao abandono da concepção das Forças Armadas como entidade puramente profissional e alheia à política, ou seja, aiheia ao Estado e à direção do desenvolvimento histórico da nação. E também a^brreu uma profunda revisão na atitude tipicamente conservadora que havia caracterizado até então as Forças Armadas do Peru. No entanto, outros fatores também contribuíram para a mudança: a) A origem social da oficialidade. A imensa maioria dos oficiais peruanos, especialmente do Exército, provém dos setores médios e dos setores tipicamente dominados da sociedade peruana. Trata-se também de uma oficialidade predominantemente proviciana, etnicamente mestiça ou índia. Daí não ter nenhuma vinculação de interesse econômico ou social com os grupos oligárquicos do pais. Nada a vincula com os centros tradicionais do político. Em poder econômico e "popular" da resumo, a origem oficialidade levou-a a unir-se a grupos e setores marginalizados, embora por motivos diferentes. b) Conhecimento do terriório nacional e de seus pmblemas. Por causa do sistema de operações das Forças Armadas do Peru, seus oficiais se deslocam durante a carreira por todo o território do país. Isto permitiu aos oficiais atualmente no poder um conhecimento direto dos problemas nacionais, enquanto os técnicos e intelectuais, por exemplo, tinham um conhecimento referencial e de segunda mão. Por último deve-se destacar as circunstâncias políticas, de 1968. O regime formado após as eleições de 1963 contava com a simpatia do povo, que durante quase 40 anos desejava modificações da ordem social, tradicionalmente baseada na injustiça, na exploração e no favorecimento dos interesses estrangeiros. Os líderes dos partidos vitoriosos nas eleições de 1963, principalmente Belaundistas<| e da Apra — partido reformista do expresidente Haya de La Torre — prometeram levar adiante as transfor-' mações. No entanto, os .políticos nada fizeram. Desde então, e até 3 de outubro de 1968, foi o grupo conservador que dirigiu de fato os destinos do Peru. A capitulação dos partidos reformistas, ou pretensamente revolucionários, levou a uma grande frustração, gerando um vazio político que nenhum i feça organizada quis ou soube preencher. Quando convergiram o processo de maturidade das Forças Armadas, a comprovação do conservadorismo dos partidos governantes, e a intensificação dos problemas sociais e econômicos do Peru, teve lugar a Intervenção militar. Música, pólvora e sociologia musica f-otnn •*•• t comunicação C Ade Mao-w ÍVoias. 145 pó9<«os), se fosse um assunto esoté* rico ou clandestino, a musica Como popular brasileira tem poucos niuoriadores. e um número ainda menor de analistas» Entre estes, coloca» se agora Carlos Alberto Medina. professor de sociologia e membro do Centro Latino» American*» de Pesquisas em Ciências Sociais, órgio da UNESCO sediado no Rio. Sua abordagem sociológica da música popular até certo ponto contrapõe-se •¦*¦ critico — José ao trabalho de Ramos Tinhorio — que também partiu de pontos iniciais fornecidos pela sociologia. O que Tínhorão perde cm profundidade de exame sociológico tque Medina domina com habilidade) ganha, porém, em conhecimento da matéria. Música Popular e Comunicação quando se dirige a seu tema central — a música — demonstra que o autor fez um levantamento bastante superficial do assunto, além de. ao que parece, seu contato com a matéria ser recente e inseguro. Por outro lado. se à maioria dos Iístos de Tinhorão falta, como disse cena vez o ensaísta Ferreira Gullar. "o necessário molejo dialético". Medina excede-se em velocidade dialética, a ponto de desdizer-sç, várias vezes, dando a impjt**são de que o assunto é :7 fluido que nio há como segurá-lo. Na "era do som", que caracteriza a divisão r.inda de Roger Sessions (citada, mas ao que parece não empregada pelo autor), da fragmentação do papel unitário do compositor-intér"intérprete", "compositor" e prete em "ouvinte". Medina pretende fazer sua conceituação apenas com base num dos elementos da música—a letra. Diz ele que "a análise das letras, embora expresse apenas o conteúdo verbal, donde secundário da música, é a que pode permitir o exame de caráter social". Na atual fase da música popular, em que não apenas o som. mas os aspectos visuais (vide televisão. shows. festivais) são indissolúveis da letra, a análise já inicia sua escalada com vários pontos perdidos. O próprio Medina. no capítulo Delimitação do Campo de Estudo, reconhece o parecer evidente "que a popularidade de uma música está mais ligada à natureza da própria música que a seus aspectos de letra ou vocais". Para reforçar esta sua tese bastaria lembrarqueatualmentea música estrangeira (inglesa e americana, especialmente) é mais consumida no país que amúsicanacional—eporumpúblicoque evidentemente entende muito pouco o conteúdo, ou mesmo o sentido literal dos versos ingleses que ouve. Importado é bom Adiante, quando fala da "ação seletiva à distância" efetuada via imitação da cultura estrangeira, Medina opina que "importamos sempre o que possui algum mérito" (pelo fato de tais músicos serem "sucessos" em seus países). Esquece que por trás da difusão sistemática há sempre um seletor de gostos, participante da indústria da música, que na maioria das vezes pauta-se por critérios em nada qualitativos. No mesmo capítulo, o autor fala em "nosso gosto musical", e corrige-se desastrosamente: "não estamos nos referindo a toda a população brasileira, o que seria um total absurdo metodológico. Em recente pesquisa (do próprio autor, para o Centro LatinoAmericano de Pesquisa em Ciência), verificamos que 1940 municípios do total de 3959 no Brasil ainda não tinham um cinema". Medina só não encerra a frase com um ponto de exclamação porque seu estilo * comedido c entuto. mas a inegável tnfase nestes dados omite lomitamentc que a sekulaçio da "entidades culturais", música por como o cinema. «* ínfima, Quantos destes municípios restantes nio terio TV. vitrolas, serviço de alto-falantes ou. no mínimo, radio? Referindo-se acertadamente (cm Dança. fflio, Hilmo e Som Prtmiinm, "civiluada" â apropriação das manifestações irtbais. que de cena forma criam um momento de comunhão te autenticidadel primitiva na complexa sociedade atual. Medina solta a errar pouco depois. Ceneraliaando fero/mente, compara a descaractert/açào que o jazz teria sofrido, nos EUA. a do samba. 4....• de pagina afirma que Em nota de "nosso samba,pé pautado numa tradição oral. como que chegou tarde em sua divulgação, ji encontrando instalado um tipo de música semelhante <• uzz importado) e. quando se caracterizou cumo bossa nova. já tinha se pr/ifieado". Seria taisvz o caso de recomendar ao sociólogo uma audição atenta das músicas de carnaval (a campei do ano Súsgufm Tasca. passado foi o samba "o com mats de mil cruzeiros de direitos autorais arrecadados), hoje em sua maioria constituída de sambas-, enredo, ou sambas de quadra, numa* "sambas autênticos", conserpalavra, sando muito de seu primitivismo. Ou uma ida ás dezenas de "casas de samba", do Rio ou de Sào Paulo. onde. apesar do insólucro turístico, o conteúdo não desmente a panicipação ritual. Em outras partes do livro. Medina faz as confusões de quem ainda não se acostumou ao assunto que está tratando. Falando do processo de seleção (natural e artificial) por que passam as várias músicas compostas antes de serem de fato divulgadas, ele menciona uma estatística da SACEM (Sociedade de Arrecadação de Direito» Autorais da França) e compara-a. para esclarecer o leitor, com a SBACEM local, apenas uma de nossas cinco arrecadadoras. A teve veloz O mérito do livro fica apenas em seus capítulos de conceituação sociológica, capazes sem dúvida de cercar o tema de pontos de apoio e extensões, criando uma ligação do "espaço acústico" com o estado de "perplexidade" diante da "sociedade complexa em que vivemos". Nesse campo. Medina levanta teorias intetessantes como a do tríptico mágico da comunicação formado por criação, espontaneidade e autenticidade; e a do compasso de desespero qüe segue a arte atual — um dos últimos redutos de criação, no sentido amplo da palavra — numa sociedade onde tudo parece determinado de forma abstrata : inatingível. A própria tese central do livro, porém,"demerece reparos. A conclusão de 60 para cá as letras das que músicas (analisa as brasileiras em particular) deixam de focalizar exclusivamente problemas pessoais e passam a tratar de questões coletivas" soa como a descoberta da pólvora em pleno 1973. Além de tudo, o processo de mudança não ocorreu com a velocidade simplista que ele tenta fazer crer. Quando divide numa pesquisa que fez (separou 260 letras de autores nacionais) 40 "antigas" e 220 "atuais", seu corte de análise já é arbitrário. Pior é o fato de, ao que parece, ele não ter selecionado qualquer música de Luiz Gonzaga (Asa Branca e principalmente Vozes da Seca, na década de 40 e 50 já eram canções de protesto no sentido que tem hoje a expressão). Deve ter esquecido do retratista social Noel Rosa, do fotógrafo regionalista Dorival Caymmi, sem contar que canções como Aquarela do Brasi!(Ary Barroso foi um dos mais escalados), além de um conteúdo coletivo, explicitam uma mensagem social e política da época, intrínseca a sua letra ufanista. (Tàrik de Souza) i: íl 21 "selvagem" O que o nos ensina i «tokbf1t'Bro»n morem em "¦>" tmas iamém nomes capitai* da re.tinnê aniroptdtjgia Airrurum r Foaeio na Soeiedade Primitiva constituí, ao lado do Metkml m Sottol Anthropnloay 119*11 seu prtnctpal contributo ao pensamento m» trepot^gico. 0 livro são dote capítulos, com emaioi lidos ou escritos de 1924 a 1949 Tratam de triH temas retaçtks de parmiesco: maga c religião: e construção de uma teoria an» tropológica. Alguns são fortemente if\e.iv<»v Acredito, contudo, que *eu interesse não se restringirá a un* poucos especialistas; há algumas «décadas a antropologia deixou de ser um campo frequentável apenas por seus profissionais Duas razoes explicam este alargamento de interesse: por um lado. o objeto material dâsstco da an» tropologia. as sociedades ditas de em via selvagens, está A antropologia desaparecimento. tenderia á extinção se não se mostrasse capaz de concorrer com sua congênere. a sociologia, mostrando qut das se distinguem não pela natureza material de seus objetos — as sociedades "primitivas" e civilizadas, respectrvamente — mas pela diversidade de seus métodos de indagação. Por outro lado. o confinamento da antropologia "sociedades do outro" às chamadas supunha, menos por pane do antrópologo que da comunidade cienti"sociedade do eu". Le.. fica. que a nossa própria sociedade, tivesse um grau de identificação suficiente para nos tornar a todos razoavelmente semdhantes e marcantemente distintos "outros'*, nos dos que congratulávamos em saber que eram selvagens, bárbaros ou primitivos. Ora. é essa pretensa unidade da civilização ocidental que hoje explode. O meu vizinho, até há pouco considerado uma repetição potencial de mim mesmo, manifesta um gosto irritante pela televisão. Na nia. pelo modo de vestir ou falar, a mesma pessoa será considerada bacana por uns. por outros chamada de pederasta. Não deixa de ser curioso: foi preciso que o Ocidente se massificasse bastante e se unidimensionalizasse. para que só então descobrisse o valor da diversidade, ê esta diversidade que garante à antropologia a permanência de seu objeto. Pela conjugação dos dois fatores, a antropologia adquiriu uma nomeada que os historiadores contam que cercava, no século XVIII, os viajantes. Há contudo uma diferença básica: os nossos antepassados procuravam nas narrações de viagens o exótico. Nós procuramos visualizar outro modo de vida. Afinal, a ausência de automóveis e luz elétrica será assim tão grave? Lemos os antropólogos para que eles nos ajudem a entender que o tédio e a exasperação atuais não são propriedade do viver em sociedade. 1 Como adverte a história em quadrinhos, mesmo o heróico SuperHomem tem pontos vulneráveis. Praticamente elevado a essa categoria superpoderosa. os Ídolos também não são infalíveis, apesar da imagem sólida e os muitos pontos de apoio da figura do mito darem impressão contrária. Semdhante teorema (ou, quem sabe, fábula) ocorreu exatamente com o cantor (e autor do texto adicional) de Mardanita. o superast.ro Caetano Veloso. Senhor absoluto de um público que parece endossar ou permitir-lhe tcJas as audácias. Caetano, quintafeira passada, no Museu de Arte Moderna, do Rio, sofreu, se é que pode ser chamado assim, seu primeiro momento de desequilíbrio. Tudo aconteceu numa cena aparentemente comum, após hora e meia de espetáculo igualmente sem novidades. Caetano e seu público (pouco mais de mil pessoas, no salão desconfortável do Museu) entendiamse às mil maravilhas. Na primeira parte, aplausos para uma seqüência brilhante de músicas agressivas culminando em referências à música aleatória (A Volta da Asa Branca. Pelos, mmhm alegados — caráter técnico de alguns capitulo*, •^pestilmeitte os *>*t*re parenis**,*» íui tostdatk crescente antr a an» tropologia — considerarei em llstruiura e Famema •* aspecto* de íoi*t«*.*c mat* geral A pnmctra coisa que ai tmp»na é que o ctcnnsti inglf* nâo endossa nem a idéia tk as crenças e instituições primitivas serem caótica*, nem o bivtorschmo que ¦-'¦¦". \- ". marcara a u-' .Para eomptoeoúeimm esses dois faro*, v» wsidere vc o ensaio sobre Rehgtoo a Sociedade, de I**4J O* «mudo* sobre a religião constituíram um di* capitulo* lundamcntan da antropologia da segunda metade do século XIX. Radclifíe»Bro*vn trata da rdtgião mas não cnda%*a a perspectt«a desse período A ontropologio. desde olgum tempo. não é mais umo "reservo indígena" om que to só entra com autorizo»; ôo. RadcliHe-Brosvn foi um dos que o abriram. A religião dos primithos. se é que os autores lhes concediam este nome. era um aglomerado de erros e temores. Era assim que um Frazer encarava o totem ismo. A adoração por im grup (clã) de uma espécie de animal ou vegetal era explicado como produto da propagação de crendices, forma rudimentar do que só depois seria o propriamente rdigioso. As explicações podiam dbergir — Tvfor. por exemplo, considerava o totemismo um dos modos pelos quais se manifestava o animismo. i.e.. a crença pelo primitivo em uma alma exterior, que se encarnaria neste animal ou naquela planta. Mas. uma constância se mantinha: o antropólogo se preocupava com a religião dos "primitivos" para buscar a origem e provar a superioridade da religião de sua sociedade. No ensaio citado. Radcliffe-Brown denuncia a ilusão de suas cogitações. Baseando-se na filosofia clássica chinesa e em Durkheim. mostra a importância de. abandonando-se um critério valorativo prévio, acentuar-se a primazia dos ritos religiosos, que desempenham "importantes funções sociais", independentes das crenças quanto à eficácia dos mesmos. Mas no que isso tem um interesse geral? Por duas razões: a) nos imuniza contra a glorificação anterior da sociedade do "branco, adulto e civilizado"; b) nos encaminha para a compreensão do hoje chamado fun- (IHUtUtA I FUNÇÃO NA * . itl.iV tOOfOAOf MlMltlV* SfOM*» voros ?** oa§<'w»*, OI" ?*OÜT •^onalismo. presente tanto na an» tropologia. quanto na tootologia, >-.^.- '-*¦•»» cada um dos dois "pnmntso'* pontos Ao te ç*»oíeber o «um crença* e prática* abvurdas. nlo io nos impedíamos de penetrar em sua sociedade, quanto fazíamos vista grossa ante as rumas própria* pràneas É o que é pior. professávamos um culto ingênuo na e*oluçào da humanidade —• que teria então seu esplendor na atualidade ocidental, Nada disso teria maior utilidade se. entre nõs, o evtilucionismo nâo continuasse mascaradamente presente na chamada intdeetuattdade. uai os equivoco* que pa**am a ser estabelecidos quanto às linhas de pensamento que nao crêem mab na evolução. Botts Intenções Abandonar a «-solução seria um crime contra o humanismo e uma prosa de desprezo pda história. Dai a estranha presença de figuras que. sem saber, combinam pensamento dialético e fé evoluckuitsta. Já se disse que foi em nome da humanidade que se cometeram os piores crimes. Poucos tém oportunidade de reali/á-los. mas. cm cada gabinete, acalentam-se os mesmos planos, com as mesmas excelentes intenções. A Iritura de Radcliffe-Brown servirá para a diminuição de tais equívocos? Acho difícil; basta uma consulta apressada a qualquer enciclopédia de alguma para que o nosso qualidade "humanista" se convença de que este opositor da história cominuista foi. ao mesmo tempo, o introdutor do conceito de estrutura, cm ciências sociais, c um dos pais — nâo imporia que ele negasse esta filiação — do funcionalismo. Ora. o estruturalismo é uma "masturbação de intelectuais" e o funcionalismo, um camuflador da "realidade". Mas até que ponto os slogans dão conta do que falam? Para discuti-los. cabe-nos de início perguntar: por que o conceito de estrutura lhe teria parecido necessário? Porque a observação empírica de uma sociedade qualquer não nos oferece mais que a verificação de relações sociais particulares e estas, pela simples razão de serem observadas, não nos revelam as regras pelas quais se cumprem. As relações sociais supõem uma rede de regras e combinações subjacentes. Qual entretanto o caráter de que elas se revestem? Para o autor, estas regras não se desligam do "Emprego o termo real empírico: 'estrutura social' para designar esta rede de relações realmente existente" ¦i IM, gnfo •***>» p^aimente. tm easn. significa que elas tém uma .-» :•'>..=» tao toocreta e palpável qu**Ho o* <*!«** - ***ti*i* daí utigmadosligado a iradtçao Mantc*: durMtctmiana. para o .m*«'{» »-r ingltis a chave espltcadora áo relacionamento dei «twnponentcs de uma msntuiçá.» qualqutr é sempre e tão *ô a variedade «È ceno que *eu ensaio de 1951 sobre o totemismo. nlo induind» neste volume, indicaria uma compreensã.» diversa de estrutural S-wir *v palavra*, o modo como se agrupam o* elementos de uma m»tftutcio, a tmponãnda que des ai desempenham *o *ão c«phcá*ri* pda lunçaii inetal desempenhada pda instituição Dal a extrema proximidade que nele "e guardam o* t^mcettos de A estrutura estrutura função Jo se diste que foi em nome do humanidade que se cometerom os piores crimes. Poucos tém o oportunidade do realizá-los. mas, nos gabinetes. acalentam-se plonos, com excelentes intenções... corresponde ao conjunto de regrasque presidem as relações soriais. Se não se confundem com elas. se não tém o mesmo grau de visibilidade, pertencem. entretanto, ao mesmo tipo de realidade. Tais regras tém certas funções. Por exemplo, realizado um casamento, o cônjuge pode se relacionar com a família da mulher de dois modos diversos, evitando qualquer forma de contato com os pais da muthcr. para que a amizade nunca seja afetada ou. ao contrário, exercendo um "parentesco por brincadeira", caso em os gracejos e as zombarias são que admitidas, institucionalmente "gelo" da primeira quebrando o solução iSeria interessante notar a correspondência com cenas práticas nossas. No Nordeste, por exemplo, o palavrão, em certos contextos de amizade, perde seu caráter agressivo e adquire sentido de familiaridade). Harmonia social Ê através destas funções que "Oa máquina social permanece ativa. conceito de função supõe, do ponto de vista lógico, o de estrutura (p. 223). Do ponto de vista operacional, contudo, as estruturas são procuradas a partir das funções. £ da observação de certa função que saímos à procura da lei estrutural que explica seu funcionamento. Mantendo a estrutura deste modo presa à sua incidência O superbacana e sua criptonita Épico) e uma reinterpretação do célebre Desafinado, ao pé da letra. Na segunda parte, já haviam sido apresentadas 14 músicas, preparando um clima de relaxamento, e Caetano entoava Menininha do Gantois, ponto de macumba de Dorival Caymmi. No refrão da música ("ai menininha/ menininha do Gantois"), momento em que o cantor insinua misticamente a aparição de Menininha, uma"aaai", jovem da em a começou gritar platéia voz do a com afinado não contracanto ele sereno, A permitiu principio palco. a imervenção. até que ela se tornasse insuportável. Caetano desceu o violão, descruzou as pernas do banquinhoe "Sinceramente, eu não protestou: Seguiram-se imediatos gritos gostei". "Põe de pra fora", partidos de outros reação à atuação da cantos platéia em "Nada disso", da espectadora. "todo mundo tem aparteou Caetano, — direito a tudo". Explicou a seguir — que ainda com certa serenidade Menininha tivera a esperada reação atenciosa das platéias de 23 cidades do "Há muita criptonita no ar verde e vermelha também'' (Caetano Veloso. na gravação Marcianita, 1968) de interior de São Paulo. E, não mais "O resistindo, desabafou: problema do Rio é que todo mundo é palco, não existe platéia". Concluiu seu discurso aos gritos, enquanto se estabelecia um diálogo caótico entre a jovem e outros espectadores, e chamou os músicos para apresentar Gravidade, seguindo o roteiro do programa. Não chegou, porém, ao fim da música. Completamente descontrolado, abandonou o violão e o palco, chorando, após uma "Será que não pergunta patética: posso cantar nessa cidade"? Em minutos, os bastidores estavam repletos, mas Caetano bruscamente tomou a decisão de voltar ao palco e reiniciar o show. Ainda cantou For No One. dos Beatles, em prantos, mas aos poucos retomou algum controle. O espetáculo, no entanto, — ainda interrompido várias vezes pela mesma jovem — não teve o equilíbrio palco x platéia restabelecido. Para um cantor ou compositor comum, mesmo essa talvez nem ocorrência excepcional devesse ser levada em conta. Tratavase. porém, no caso, do principal intérprete da corrente mais atuante da música brasileira. Além disso, a ruptura cresce de importância, se examinados os antecedentes da ocorrência. Com extrema freqüência Caetano e público desentenderam-se (episódios do FIC de 68. com £ Proibido Proibir, e na recente Phono 73. na exibição em dupla com Odair José). Mas nunca antes a quebra de equilíbrio pôde- ser, como no caso, atribuída a fatores subjetivos. Em circunstâncias normais, a reação da espectadora (afinal, a baiana. Sônia Dias, e não uma "carioca") teria sido absorvida pelo artista, ou, como quase sempre acontece nos shows de Gilberto Gil. irfcorporada ao espetáculo. Nos últimos tempos, porém, os exemplos •rmpirica. dda *A pmm dtro que ifansoM • um uso pòsitno (funcional ou negativo Mnfunctonalt Dal que o aur»»r cotactba a •awcdadc. co*»** um todo atual potexiaJincott harm^«i*o "A função de «ktífmtnado coutim* «Mtial é a «ontnbuKáo que este Merece i vida aoctal total orno o lun* etttnamenro do sistema social total Tal mudo de *er implica que ccfto wvtcm* social L.) tem certo tipo de unidade a que podemos chamar de unidade funcional. Podemos defini»lo t*ornu . ¦ ¦mi.».»., pda qual todas as panes do *t*tema *octal atuam juntas com suficiente grau de harmonia ou viinstuéncia interna, isto é. sem ocasionar conflito* persistentes que nem podem ser solucionados nem «aintrolados" «p 2341 Da prenoção da sodedade como todo harmônico ou harmonvitd não sairá o funcionalismo. Para que se eonasse com esta noção falsa era preciso que o* conceitos de estrutura e função fossem melhor separados. Isso *o se dará quando se verificar, com a obra de Lévi»Strau*s. que toda estrutura implica um sistema de tensões. Ê já saindo pois de Radcltffé» Bruvtn que oferecemos um pequeno exemplo. ü'As Luruturai Elementares da Parentesco 11949) LrHr»Strauss observa que o casamento, aparen» temente, é um acordo entre um homem c uma mulher. Na verdade, é um contrato feito entre homens a propósito das mulheres. A aliança matrimonial não gera pois um efeito equilibrado, simétrico. Ao contrário, dele resulta um efdto de tensão: convertidos em objeto, as mulheres são. entretanto, portadoras de vontade. Por isso a qualquer instante podem inverter as regras do jogo. contrárias a disposição dos contratantes. As tensões não surgem apenas na esfera econômica, mas se fazem presentes desde a apropriação social dos impulsos da libido. Assim se cria um conflito que atravessa as sociedades: os homens se esmeram em "educar" as mulheres; estas, quando a situação se lhes apresenta, em se liberarem de sua sujeição. Trouxemos este exemplo apenas para que se mostre por que foi preciso afastar a estrutura do solo empírico em que ainda a mantinha o seu introdutor. Ao fazê-lo. compreende-se por que Radcliffe-Brown nos introduz em um vale que. ao se aprofundar, já nâo nos permite uma visão eufórica da sociedade. Se esta é o produto da interrelação de inúmeras redes estruturais — de ordem econômica, política, administrativa, cultural, etc. — nem elas harmoniosamente se integram, nem. no interior de cada rede, vigora a inevitável imagem do equilíbrio. A sociedade é um palco de tensõe: porque, em seus bastidores, já são tensas as estruturas que a governam. (Luiz Costa Lima) recentes de aparições de Caetano Veloso indicam uma escalada do público. Na Phono, inclusive, a as críticas de Caetano platéia aplaudia 'Z' ("Nada mais que um público classe 'A") a seu próprio procedimento. Até este ponto, o que parecia estabelecer-se era uma ligação, dependente da extrema sensibilidade de Caetano sobre até onde poderia chegar. De qualquer forma, tomado emocionalmente, Caetano fez uma imaginária descida do palco à platéia: dissolvendo a magia, mostrando-se vulnerável, ele quebrou (ou perdeu, ainda que por momentos) seus superpoderes de ídolo. Concentrado na tênue linha de equilíbrio necessária a manter um espetáculo com sucessão tão intensa de clímax e anticlímax, Caetano, supertenso, distendeu-se até a ruptura. Isso, ocorrido num espetáculo onde a própria presença do público e sua receptividade tem uma espécie de parceria nos resultados, é algo significativo. Mostra, pelo menos, que o ídolo deve refletir sobre seus poderes. E — mesmo que se encare o espetáculo do MAM como um happening absoluto — talvez reformulá-los. (7". 5,) 22 Ronald Laing, a saúde esquizofrênica B__ __.-----BaB___w.__0' ________j| _ã__ifSBj||_rW ^_L I m ^____l -_-_-_--------_ _-L--P^*-_'^-P--S _______!___¦ jK-U^^^^W Bs_yW *^í«__^^v _3f ^^__»^e_(W __________________________¦ Ht_-_v ^V_^_^^^^_i_^*> S_____T ^r Jo * ________________________________________l—_____?^_____y__^_W salM __v\ ^^^Rr^^gfJ __kllli_|\ilf_f_nil---C a.--- 0.™.^a__a_^ajp_Bja __T_f/ m/jw Ê-M" aemlrairr^k* ^t__n^1__E' ^™ W/m/ J/f w V m'- '^T:^^ ^-"Vv-P*1^ _r ?'^8_l*^________^^__i»^ »_¦ __p^__p»**^ // Èrí _¦/ _t__j '*' ••-**^__ll ?___¦_¦___•»>_- "' ^-^-" lj|________. 1 ____¦ ____^*^_^_t***^f__|r__________f*v * ' ^_____ 7 8 arj __H __a^^^_t-55í:^________»*_»*_____j ____hi ¦ ___________________», _________!___________£ ____j^_#»***,*>B mT^^J ___l **T^ I .-•Já ___r _f # -^9-----kO^------i---K ^^"*"_-_r a> Wv^^^mW llV I _^^_"__V*M _L a Llm^. «_P^-------. *"*^ ^_-_---k»** ¦ ¦ L-_-_-_-st' ___r7_V ^Cx_V^__^__! ¦Sr1 __________a\ _5r i II \.mil *" *_-_---i ^B^Bk _r _kV V_r llv ____ í _P"« *Í*» J mwmr 1 ¦ I ^___*______-_f»> ¦KBIBflxK, :ç/^;,-.. ___¦ \ | í pouco mais de 10 anos a lou* Hi cura nào permiiia discussões: era sem duvida uma «fococ*. o terror das famílias e da sociedade, era um conceito cientifico, um dos que a razão tinha por inconsicni-sel De todos os modos, a loucura ficava numa região onde o próprio termo humano não era mais discutível. Objeto de pena para o senso comum e de estudo para a ciência, o louco merecia da parte desses dois setores um mesmo cuidado: o intcmamcnto. a vida confinada, a •palavra cassada. Hi pouco mais dc 10 anos teorizar sobre as origens da loucura com o problema político e social pareceria absurdo — coisa de loucos, claro. A esquizofrenia era reservado um lugar i pane entre as pragas que o homem devia combater, por ser — como o câncer — incurável. A cura possível, naquele panorama, estaria vohreiudo na descoberta de suas bases orgânicas. Aos doentes, restava a cvperança do clixir mágico: aos outros, a segurança que lhes dava um organismo sadio. Quando o psiquiatra inglês Ronald Laing evpíVs a teve da esquizofrenia como um distúrbio existencial, que linha suas raízes no psiquismo individual e na vida social, foi o escândalo. A família sentiu-se ameaçada, os psiquiatras, de um modo geral, sorriram o cético sorriso da autoridade. Apoiando-se na fenomenologia existencial, em Freud. e em certos aspectos dc Heiddegger e Sartre. Laing procura, em O Eu Dividido (The Ihvided Sel() chegar a um quadro da esquizofrenia fora do modelo clinico-psiquiátrico tradicional. Para ele. o relacionamento médico-louco está marcado por uma repressão básica: a nâo-aceitaçâo do louco como outra pessoa e a interpretação de veu comportamento a partir de dados prédeterminados. Assim, diagnosticado pelo medico-padrão, internado num e confrontado á hospicio-padrao normalidade-padrão. não resta ao paciente outra saída senão a de se comportar como o louco-padrão. 0 IU WVlOtOO.i 0 lo-ng tfdttOfO Vozes. 231 poomos, OS7S00? Essa posição lesa a psiquiatria e a pstcopatologia a estudar a esquizofrenia apenas a panir de sua deflagração, de um momento critico, As causas, o contexto desse processo são praticamente deixados i margem 0 diagnóstico, legitimo representante da autoridade outorgada pelo saber, substitui esse estudo, trazendo a doença — o desconhecido — para «» âmbito da leoria — o conhecido. f. justamente o processo de transição para a psicose que Laing procura analisar, mostrando essa passagem como resultado de uma reação in* dividual a uma situação familiar particularmente difícil. A esquizofrenia, por exemplo, nada mais seria do que a esperiencia fracassada ile um ceno tipo de indivíduo que ele chama de esqui/óide. O eu dividido de I.¦¦•¦¦ ¦¦ não se refere portanto somente ao psiquismo cindin* do do esquizofrênico, mas também ao indivíduo csqui/óide. que ele define como sendo aquele cuja experiência se "p«»r uma ruptura em seu caracteriza relacionamento com o mundo c por uma ruptura em sua relação consigo mesmo'. O esqui/óide — que estaria perfeitamente esquadrado na chamada sanidade — é a pessoa que se sente "«Hitra" cm sua ação no mundo, e no seu relacionamento consigo mesma <j;i Kimbaud escrevera: Je est un aturei, Nâo se considerando suficientemenle real. verdadeira, cm sua maneira de ser na sociedade, ela teria um psiquismo dividido em duas espécies de eu: um falso, que seria o de sua atitude fria e automática na vida social: e outro intimo, secreto, povoado de fantasias liberaiórias. que seria o verdadeiro, mas que não se indctitiiicu com sua ação na realidade. Essa dualidade típica do esqui/óide pode. no entanto, ser vivida criativamente, e para Laing muitos artistas conseguem ía/él- O desequilíbrio da posição csquizotde é que deiermina a queda na «rv«Jui/ofrenia traze anm ¦.•,«.-. *_»«• lançamento* o cmã» polêmico Ü Eu Ihudtdu de Konatd Laing pode ser acusado de timidez teórica. Numa larga medida, o «lesem «dvimcnto do pensamento dc Laing e as trortraçôrs que continuam a surgir mais ou menos ligadas i sua iniciativa lornam algo inslpidas as 4flrmaç«**es de 0 Eu Diudida, A •,í..i-ij mesmo de Laing na famosa comunidade de Kingylcy Hall —* onde médicos e louc«»s convivem enire si sem hierarquia — e a configuração da Aniipsiquiaina como movimento «•rganir-do. com nurnerosos adeptos e exercendo influência dentro da própria instituição psiquiátrica de alguns paises. vieram a tornar tímidas as idéias que o livro veicula. t ceno também que o Laing de O Eu Dividida, embora o tenha escrito mais preocupado cm espor suas ..bsenaçôes clinicas do que em discutiIas com o devido rigor letVico. estava longe decididamente de ser o seguro mentor da antipstquiatria. Assim, apesar de grande parte de seu discurso criticar o pode*r arbritário do diagnóstico, nas diversas análises que faz dc seus pacientes ele não dispensa o seu. e em nenhum momento parece »»p«»r-se ao conceito da loucura como alg«» a ser curado, do louco como objeto «le cura. Em nenhum momento deixa de utili/ar o aparato de seu saber médico, projetando-o sobre o mistério «Ia loucura. Mas. Minando o livro em l%0. perde-se logo essa sensação de timidez. Ele aparece então como uma estratégica manobra para lentar impor um raciocínio radicalmente contrário .io da grande maioria dos psiquiatras da época. Pode-se lê-lo. a panir daí. como uma inteligente e agressiva tentativa de tomper a distância tradicional entre os médicos e os pacientes: de torná-los nâo tão médicos, nem tâo pacientes. (Ronaldo Britai A literatura pela porta dos fundos Entre o escritor e o público há no Brasil uma parede só penetrável para os monstros sagrados. Por isso três mineiros procuram a porta de trás, livros de 5 cruzeiros, marginais. ss4^*%grau de cultura de um país ^_jrmede-se pelo preço de seus livros", dizia Monteiro Lobato no livro Mr. Slang e o Brasil e Problema Vital. Quase 40 anos depois — apesar do empenho de Lobato e de outros escritores— os livros ainda continuam caros e praticamente proibidos as camadas populares. E. além disso, as grandes editoras do pais preterem publicar best sellers estrangeiros e livros de autores nacionais mais famosos a lançar novos autores, alegando que o público não arrisca empregar CrS 20.00 ou CrS 30.00 na livro de autor compra de um desconhecido. Em todos esses anos, efetivamente raras foram as tentativas das próprias editoras em baixar o preço do livro, o que poderia facilmente ser conseguido, bastando diminuir a qualidade do papel e a sofisticação da impressão e da capa. Ultimamente destacou-se apenas a experiência da Arte e Comunicações Editora, sob o slogan "O povo lendo", com os jomalivros. livros em forma e papel de jornai e ao preço de somente CrS 2,00 o exemplar. Contudo, os jornaliyrõs (atualmente editados pela Espaço Tempo Veículo de Comunicação) também ficaram restritos aos autores nacionais já conhecidos e alguns grandes romances estrangeiros. Entretanto, na semana passada em Belo Horizonte a pequena editora "Livros COPIBEL lançou seu projeto para o povo", através de suas Edições Marginais, livros com formato semelhante aos populares livros-debolso, impressão rudimentar (em mimeógrafo). capa simples e ao preço de CrS 5,00. Os editores também estão experimentando um método de venda marginal: levam o livro às casas, lojas comerciais, mercearias, bancas de revistas, escolas, universidades e até mesmo às fábricas. Estas edições darão preferençialmente oportunidade aos escritores novos e. segundo o escritor Roberto Drummond. constituem uma boa saída para os jovens preteridos pela grande indústria do livro. Segundo Drummond, o público potencial está nas universidades: "A inquietação dos novos autores corresponde à inquietação universitária" diz Drummond. "Já é hora", anuncia ele, "do povo. consumir realmente literatura, como consome televisão". {Teodomiro Braga) numa pesquisa, o leitor tiSe.vesse de citar cinco novos escritores brasileiros, é provável que sentisse dificuldades. A nossa literatura — nunca das mais pujantes — vive uma fase obscura (e exatamente num momento em que nossos vizinhos hispano-americanos vivem a euforia de "movimento" um bobm literário). O brasileiro praticamente se resume a uma ou outra aparição de nossos monstros sagrados: o último best seller de Jorge Amado, o mais recente romance de Érico Veríssimo, as re"clássicos". No edições anuais dos O Ex-Mágico, de Murilo Rubião Tarde da Noite, de Luis Vilela A Morte de D. J. em Paris, de Roberto Drummond (Edições Marginais. CrS 5.00) "jovem escritor" meio. um ou outro tentando desesperadamente botar a cabeça de fora. Mas essa escassez não é privilégio da literatura. O teatro — que não tem sequer o "fase áurea" como a consolo de uma do cinema — assiste à dissolução ou à crise, finaneira ou de idéias, de seus grupos mais representativos. Aos donos de casas de espetáculos fica a saída de um show de música ou uma produção humorística de baixo custo, do tipo "eu sou o espetáculo". Para os atores, a esperança de um papel na última "novela moderna" da Globo. E as artes plásticas? Bem... em Recife, parece, revela-se, embora tardiamente, o talento pietórico de conteúdo prousfiano. do sociólogo Gilberto Freire. As Bolsas de Arte continuam com seu rendoso comércio de assinaturas célebres, e Fernando Legros foi preso. Resta a Música Popular, mas a produção rica e brilhante de alguns de nossos compositores não autoriza a falar em fase propícia. É só ouvir o rádio... Remédio ou sintoma Nesse quadro, é natural a curiosidade e simpatia em torno de notícia do surgimento de um grupo de escritores mineiros dispostos a furar o bloqueio. Esses "jovens escritores" estão reunidos nas Edições Marginais, que em seu primeiro volume apresenta os trabalhos de três contistas: Murilo Rubião. Luis Vilela e Roberto Drummond, O nome da editora parece redundante: cm certa medida, hoje. quase toda literatura no Brasil é marginal, As Edições Marginais pretendem fa/er livros baratos (CrS 5.00). de impressão rudimentar (em mimeógrafo). a serem vendidos em .•asas. lojas comerciais, fábricas. escolas, etc. Há projetos semelhantes. No Rio e em São Paulo têm aparecido edições do mesmo tipo. cie poetas e contistas jovens. Uni deles — Chacal. um poeta de 20 anos— lançou O Preço da Passagem, um trabalho de singela beleza e extrema originalidade. Os alunos da Escola de Comunicações da ÜFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) estão, há algum tempo; editando O Feto. dentro do mesmo processo. É a partir de experiências como estas que os irmãos Haroldo e Augusto de Campos falam numa "semana de arte moderna" provável clandestina. É uma esperança. Mas tais saídas não acabariam se transformando mais em sintoma que em remédio'; Na verdade, os meios de produção não estariam sendo tão ou mais importantes que a própria literatura? É.uma situação singular de nossas dificuldades literárias: o autor, agora, luta tão obstinadamente contra os obstáculos que o separam do público que, praticamente, não lhe restam forças para a literatura propriamente dita. F. vencedor desses obstáculos às vezes inclui no seu texto um conceito de valor. O que é. no mínimo, temerário. No prefácio do seu primeiro lançamento, o responsável pelas Edições Marginais esclarece: "é dispensável apresentar os autores... mais importante é desviar o leitor para o sentido da publicação". "marginais" têm As experiências proliferado. Muito poucas escapam de de extrema u ni nível gerai mediocridade. O que caracteriza uma evidente mistificação do processo. Como se este processo tivesse, por osmose, a capacidade de salvar a literatura que torna pública. Com os contistas mineiros, felizmente, a ênfase na produção não anula nem diminui o valor de seus trabalhos. São três contos simples. O Ex-Mágica, dc Murilo Rubião. é a história tragicômica de um antigo ilusionista reduzido a burocrata e impossibilitado, assim, de criar seus truques. Já em Tarde da Noite, de Luis Vilela, um telefonema anônimo, recebido pela madrugada, obriga o personagem a uma dolorosa revisão de sua vida. O terceiro conto, A Morte de D. .1. em Paris, de Roberto Drummond — vencedor em 1971 do IV Concurso Nacional de Contos do Paraná — é um texto mais sofisticado e complexo. Ora irônico, ora sentimental, Drummond cria um misterioso personagem sufocado pelo desejo que d outro Drummond — o Carlos — chamou de "nostalgia vã": a atração da Europa, de Paris em particular. Luis Vilela e Murilo Rubião. Roberto Drummond não são autores estreantes, nem tão jovens. Pela experiência e pela literatura deveriam ter lugar em nosso tão pobre movimento editorial. O volume com os três nas Edições Marginais tem características de uma denúncia. Fala de uma época de extrema dificuldade "jovem não apenas para o desprezado escritor", mas para o escritor brasileiro de um modo geral. {Abel Silva) 23 A menina prodígio Não se pode esperar o Apocalipse Wttt qut- licitam»» n»** abater Jfc ?»•«¦•• »*ado? I'** que tudo lot i4<» la«'il a»« wtniig»*^ ' » Comu «•» Hl !t,.«''.víi% da SS- c»*m a ajuda de !w i*-K«4«» ucraniam* e »Hiir»tt tant«»s SeoVt. etccuiaram tâo facilmente a •«peração? Titétsem«*t resistido, atravessando»* mu**»s. irrompido para o «*uir»» lad«» d»« gueti». de/enat de mdhares dc sidat se perderiam, mas nàn Jtfri iml"' t -«is palasras cum«» estas o historiador judaico Kingelblum sinteti/a o drama e a miséria de Varsõtia ocupada. Nas palas rat que dcterctem a ct»ragem e dignidade desesperadas d»H últimos owibaicntcs tio gueto «rtli a força d«» lisro de '.... Marstis M«ir**uli»*s. <»...¦ de w#i ru • Ê um irabalh»* histAncn d»»s mait ¦••••» e bem sucedidos que narra a nume e «> ressurgir da Potftnia. um rclatii que tai da Idade Média aos diat «.tint»*mp«»rânc»»s e que fornece mesmo ««t elementos necestários jvara a dissipaçãi» d»*s seus pr»'»prK>s erros e parvulismos llagranies, Marcos Margulies dis ide o seu trabalho cm etapas didáticas: uma "crónka milenar" advertência, uma detalhada e lúcida, uma descrição direta dos métodos de extermínio na/istas. o gueto, sua resistência c seu massacre, finalizando com um rápido c p»»bre discurso pollrico sobre a atualidade. £ notásel. entretanto, que sua leitura jamais se assemelhe a daqueles documentários estatísticos, momentaneamente arrasadores mas que prosiKam antes a perplexidade te inércia) do que um entendimento transformador. Aliando uma facilidade poética de expressão a uma experiência pessoal da psicologia e valores judaicos. Margulies aproxima o leitor desse povo tradicionalmente marginalizado, visto pelo menos como "esquisito" quando não segregado. Bendito sejas, ú Eterno, nosso Deus. Rei dn Universo, que nos acolheste entre ns puxos e nos santijicaste com Teus mandamentos...r'ogo"\ £ assim do lesante do que começa a descrição "Os alemães recuaram E segue: gueto. d«» gueto diante do fogo dos judeus" (...) "Era 19 de abril de 1943. erev 1'esakh. a véspera da Páscoa judaica. Com amor coiicedeste-nos. õ Eterno, nosso Deus. datas festivas para a alegria, dias santos e épocas solenes para o júbilo, e determinaste este dia de Lesta de Paes Azimos. época di'nossa libertação, em memória sagrada da saída do Egito..." (...) "Era data /estiva... Uma moça (quem? Irena Baran? Dorka- Adamowícz? Sabina Coldkorn?) amarrou a sou cinto algumas garrafas cheias de bcn/.ina. incendiou as suas vestes e jogou-se do terraço de um prédio sobre um tanque que passava embaixo pela rua. irmanaram-se na morte a moça judia e <>s super-homens, no supremo ato da conspureação racial proibida pelas leis na/istas. no contato que não geraria a vida. que conduziria à morte. Era data festiva paru a alegria: os judeus conquistavam a dignidade". Abolir as miragens O relato da tragédia do gueto e dos campos de concentração aponta para muitas perguntas. E se tivessem resistido desde o início? Se nunca tivessem confundido a realidade histórica com os preceitos e visões taalmúdicas? Até que ponto o cultivo de uma falsa predestinação divina não afastou os judeus de seu direito e necessidade de se defenderem com unhas e dentes? Por que os judeus, como um todo, não agiram desde o início como Mordechaj Anielewicz, líder da insurreição no gueto, ou como aquela moça anônima? Aquela mesma incongruência de lamentar a escravidão no Egito Antigo enquanto os nazistas penetravam às margens do Vístula, aquela incongruência não será a mesma que aflige ainda agora o povo judeu que se recusa a ver o irmão palestino? Margulies, na sua difícil posição de personagem do próprio livro, mesmo ao criticar o anacronismo ritualístico do seu povo, prefere deixar de lado o problema palestino, esquecendo um princípio que pratica OUITO Di VARSÓVIA iCfdnico SAiltner dt T*ãt s«»***o*»q» d» U'« ?•-!•.. o* Mo'g«l>es 0o'W**O«*'a*>0 i?8 po»|<not OS I6 00i ai» longo da primeira pane do litro -••/..' t•¦-. ¦ Ji*Girmièmtal >• de enten* dcr-c-crmcar. compreender •-» ntotitot de titdat as panes dc um ;¦ •¦-•- es •- I faz questão de assinalar a diferença esistenie enire "Naçào" e "Estado" • • duvidar a complexidade para «• Icrriionabadmintstratisa na Fur»*pa, mas inconwicnicmrnie i«»nu ci»m»« »cr«ladc a pnnn uma identificação entre »» "Kstado" de Israel c a Nação (k>s judeus, estendem!» •¦ concebi» de Esiadi» â noção de v >»crn«« donde ií«Hern«» e nação passam a sc idenlilicar. Observem que tintas as im* possibilidades isejam as materiais ou as culturais) dc resistência dos judeus ás agrcsvVs e humilhações dc uma longa história nã«i apagam, mas pelo contrário, aguçam o genocídio praticado pelo nazismo ou os monicimos e perseguições movidas durante séculos antes da Segunda Guerra. Apenas faz-se necessário abolir as miragens, como propõe o próprio auior. miragens duplamente senenosat porque geraram e ainda geram a passisidade e a incompreensão enire o poso judeu, para não falar na arrogância (injustificada, apesar de compreensísel) para com outros povos acossados. Essas bem forjadas miragens coletivas é que conseguem produzir aberrações catastróficas, de que o maior exemplo foi a contaminação na/ista do povo alemão. A "indiferença" que o autor reclama ter envuKido. na época, o massacre do gueto não pode ser vista como uma "frente mundial antijudaica". De fato. as aspas na indiferença indicam que o nascimento do Estado de Israel em 14 de maio de 1948 não foi uma vitória apenas do povo judeu, nem fruto apenas do seu esforço e sofrimento, mas de todos os que combateram o nazi-fascismo nos quatro cantos da terra.lambem outras populações inteiras foram e são vitimas do furor genocida e não se voltam contra tudoe contra todos mas apenas contra os seus inimigos verdadeiros. Também os vietnamitas lutam há séculos pela independência e o direito á vida. com a diferença de terem sido escravos na própria terra. Deportado para terras alheias, servindo de bode expiatório dos ódios e erros dos outros, o judeu, dentre todos os povos, tem sido um dos muis sofridos. Contudo. Margulies. refletindo o pensamento de grande parte dos judeus em todo o mundo, resolve juntar no mesmo balaio os monstros nazistas e populações historicamente submetidas e acéfalas. "Os alemães, os letões. os ucranianos. os lituanos. os poleneses. conjugados, unidos, juntos lutavam contra o gueto". Esseé. antes de tudo. um erro primário: não perceber por que razões as populações oprimidas, acuadas, seguem cabisbaixas as ordens dos tiranos. Além disso, trata-se de uma injustiça para com a resistência difícil e abnegada dos povos europeus sob o jugo nazista. Em OPINIÃO n.° 29, numa edição comemorativa dos 25 anos de Israel muitos fatos são elucidados, especialmente das causas da longa vitimação judaica: "Expulsões e massacres se sucediam, principalmente na França e na Inglaterra, sob os aplausos de populações felizes por verem assim extintas as suas dívidas e poderem obter bens a baixo custo". (André Fontaine, do Le Monde). Como o próprio Margulies constata, os judeus que serviam à nobreza polaca (na forma de administradores de bens, técnicos financistas, arrendatários, financiadores, etc.) na época da revolta dos camponeses ucranianos e cossacos, estavam, a despeito de sua orientação religiosa, sendo tão opressores quanto os opressores constituídos no ápice da pirâmide governamental Ia nobreza). De tato, os judeus eram parte da máquina de Estado polonesa e. apesar de não darem as ordens supremas, se l»onord BareJon kttcikiasam também de sua pmiçitt, vm «Isirtmcoi»» »i • grande n'a»»»j \uH%*ti\ d««s )oid«*s ric* pn>prt«i% tilimas seculares *U »*prestã** «altcr» riamb» perto»!»» de privilégio — quandti eram dtei* a»i sistema estabelecido — «tm períodos de degradação!. «*s judeus nâ» enirnderam inâo pediam cnicndcri a residia daquela turba? "Lkikb, :<J vtbaka nio vira udnaka" i"P.»).»nê», )udeu. câ«» — :.. mesmo credo sao"i Naquele momenro o judeu era opressor, ainda l<ts*»c conto compensação do que «• "errante" e da inimizade d«»s etilm cristãos, e. por isss»». lot als«» da tuna dos ucranian»*» da mesma forma que >« foi o n»«bre polonês. %*â«« entender cs»,** rctiratnltasda hisuVia stttm&a acabar "p«»»«»s admitir escolhidos", por "guarás sanias", "xupnmt^u* »Ie ndmero da resista (Hess instei um ama** interessai Oúliimi» w *fe Hrriiva. s*»nt »**MnwVt de grandes nurstres s»*be»?»«p»rqué «Ias mulher**» -,'jiçm tadrez ('«••< que ••» homtns !l>«js«* ctp!k**tt*cs gntsteirat * » mulheres t>»gam pb*r porque se In* i**n**»sam mait por bumcns que p»»r tadrez" — fombards, •• j***:.<„• de H*«hbt Ftsehcrr. cs»*«V»m*ças r*A t**rba de treinamento para a Olimpíada que a equipe feminina da lugoslátia «vsvK-u foi ii-ci'.!c «Ia si»nce«Iida a sqiopc nuHulina"!, butlógkjs «"elas o*» !«*m t»«*Kcntra*,áo par.» tadrez compariscl t^A"* homens"! e '^BmHÍHn-> Ittodi-nas « |ogam hjm i«rl*W«q»(jl».« inconsciente j*oqnt ile matar ***« pai" — I,um Htanst Mjs o que •• *ni>>« «Seita «te espitear ou monto mencionar é » dcscmpenh»» .•!,i-.fé!iti.ifu> i- «angular «ias mulheres da GciVgia, Os ensadristas masculinos desta pequena República soviética não tem nada dc etccpcHinal pcl««s padr«*«**s rusv»s. mas na última década a (mirgia pr»»du/tu um tluto cttntinuo de talentos tcmimn<*t. encabeçad»n por Nona Ciaprindashsili. campeã mundial feminina e a única mulher, além da saudosa Vera Mcnchik. a se sair ra/oas cimente bem cm torneios masculinos ão nisel de mestre. Nona tem 32 anos: oito anos mais nos a que ela. Nana Alexandria (outra georgiana) é considerada a terceira jogadora do mundo c possui um estilo de ataque belo c enérgico. Agora estão chegando noticias de um torneio internacional feminino em Tifiis. com uma jogadora que pode vir a suplantar tanto Nana como Nona. A campeã mundial tirou primeiro lugar com 12 pontos em 13. perdendo apenas para uma adversária de 10 anos. naturalmente da Geórgia. Nana rachou o segundo lugar com outra. Mas a heroina do torneio foi uma garota de 12 anos chamada Maia Chiburdanidze (a quem. para simpliticar. chamaremos Maia C de agora em diante). Maia C foi aplaudida pela primeira vez quando, na terceira rodada, conseguiu empatar um delicado final de bispo versus cavalo contra Konoplesa Ique em 1Q"1 quase qualificou-se entre as quatro candidatas ao título mundial feminino). Os espectadores vibraram ainda mais quando ela obteve uma vitória notável contra a campeã da URSS. Martha Schul: e ela recebeu não.só uma terceira ovação como um prêmio de beleza ao derrotar, na partida que reproduzimos abaixo, a mestre feminina internacional Andreeva. Tanto Kónopleva como Schul deverão dar muitas dores de cabeça á campeã feminina da Inglaterra. Jana Hartston. no próximo interzonal feminino, embora Jana seja a única ocidental com alguma possibilidade nessa De modo que os competição. resultados de Maia C. mesmo sem medalhas de ouro. podem ser con-iderados prodigiosos. Sua contagem de pontos, na escala inglesa, é de pelo menos 185 (cerca de 2100 na escala internacional), o que faz dela a melhor jogadora pré-adolescente de todos os tempos, melhor inclusive que Elaine Pritchard. que aos 13 anos de idade aanhou o campeonato inglês feminino de 1939. Num artigo vindouro compararemos este desempenho com o dos grandes jogadores masculinos na sua idade. Entrementes. a partida de Maia C que obteve o prêmio de beleza poderá ter raças", crc. Ktques-lmcnit» Sc a Nação e o Estado são essencialmcntc distintos, como observa Margulies, nada pode. o priori repito, assegurar que o atual goserno de Israel corresponda i mílenarmente almejada nação dos judeus. Acuados e humilhados, despedaçados e esquecidos, muitos judeus solucionaram teu problema da forma mais simples: adotaram a arrogância dos poderosos, em sez da fraternidade. Como aceitar a desgraça de um outro poso. o palestino, como necessária á redenção dos judeut? E é difícil fazer distinções: como distinguir o símbolo judaico de libertação — que é a criação de um território para a grande nação israelita — do atual governo de Israel? Como distinguir o grande poso americano do goserno americano? O grande poso alemão do governo nazista? O povo soviético do governo soviético? Como distinguir o grande povo árabe dos governos árabes? Aparentes identificações entre povos e seus go»ern«»s p«xlem constituir. na verdade, efetivas oposições. Assim como não entenderam a revolta ucraniana. não estarão muitos judeus sem entender o lado palestino da realidade? Dentro desse quadro, acaba-se por ver o conflito no Oriente Médio como uma cruzada de extermínio contra «»s judeus, lesada a cabo pela URSS e os regimes árabes, que se chocam com a união hebraico-norteamericana. Duas grandes potências medem forcas na sua disputa utiliestratégica-econômico-politica. /ando-se da debilidade de pequenos Estados e da presença, na maior parte dos países do Oriente Médio, de regimes retrógrados. opressores e ou expansionistas. E onde ficam os povos judeu, árabe e palestino? Margulies não concede, em especial, uma só palavra à nação palestina. Não será essa uma atitude semelhante ao "esquecimento", nos compêndios de história oficial, da resistência heróica do gueto de Varsóvia. abandonada em troca da narração das grandes batalhas de Rommel, Montgomery e outros? Atos absurdos, paranóicos e inconseqüentes como o massacre de Munique não podem ser confundidos com as reais aspirações do povo palestino, nem muito menos servir como pretexto para sorte. esconder sua Todas essas falhas não anulam a importância desse livro, belo. sintético, direto e penetrante. As parcialidades e erros de análise do livro podem ser eliminados a partir da aplicação completa dos seus próprios espírito e método, que são o da dignidade humana e o do estudo sério. E aquilo que constitui uma advertência central du obra pode servir também para ela: "Num mundo que não cessou, desde a Segunda Guerra, de presenciar genocídios praticados meticulosamente, torna-se questão de vida ou morte, para os povos, aplicar um raciocínio e uma força vivos e claros, profundos e globais, eliminando todo preconceito e artificio de região ou raça. despojando-se das podridões e automatismos cotidianos. Não se poderá mais esperar por novos apocalipses que reafirmem a lição". tMarciis Penehell um impacto m*s metos «ntrressados cm tadre* feminino internacional "Pantda úo Século" parectdoeom »»da *<•» II anos que B««hh» Finhcr »>»g«*u »»««ira rtoflaM Bsra*? em I oV» OiMnitepuHltqueirsta panida nc*4a *»«fHna, um mt"»i*c tnicrnacaotal me «clefonou para di<*er que achava que a partida unha std» forjada Mala thlburdanld/e — Sndrtwa Drfrta Skiliana. «arianir Ptrsh I P4K P4HD 2 P1BD Im lance ainda sem nome. C\ H O'D- Metander disse-me ta/ algum tempo que o *>>n»itiv'ata •« melh»»r para um mestre usar contra a Sitiliana em simultâneas |*sj..t. dc etpcnmcntá-l^ algumas se/es. c»»nc»*nl»« c«*m ele f surpreen* dçntc a quanttda«le de adsersários que »c apatttram e «feitam .«cenin» para as brancas com uma resposta n*> csiil»* 2...P3D — mas Andreeta escolhe a melhiir linha, 2...C3BR * PSR C4D 4P4D PtP s P»H P3D 6 C3BR C3BD * C3B C*C? As negras caem numa armadilha comida nos livros, que pelos lances segumres é conhecida por sua adter* sária. e itso empana um pouco o brilho da partida. As negras deveriam primeiro irocar os peões, depois os casal. % —- embora o finai depois de "...PxP H PxP CxC 9 DxD- dé is brancas possibilidades táticas. Virios mestres, em particular o campeão húngaro Csom. tém-se taido bem como as brancas nerste final. 8 PtC PxP 9 PSD! A refutação. que provavelmente Maia C aprendeu antes da partida com seu treinador. 9-.P5R 10 CSC C4R II CxPR D2B? Era preciso tentar 11...P3R. 12 D4D B2D 13 B3T P3B 14 P6D! D3B IS PxP BxP 16 BxB RxB 17 D4C4 R2B 18 P4BR TRIR As negras claramente jogaram isto esperando 19 CbD+? DxC! 20 DxD C5B + descoberto ou 19 PxC TxP com possibilidades de retomar a peça. 19 PxC TxP 20 0-0-0! Simples e arrasador. 20...TxC 21 TxBf RIR 22 T7R^: Abandonam. Se 22...TxT 23 B5C ganha a dama. Não é páreo para a Byrne-Fischer. mas ainda assim é partida para antologias. Problamo N.9 32 Na 1243 ' ' #' mim M Biwi*9ãEi ••:->?> Mi $m. ¦<:£*.-. av -.mr as -M: --< m-M "ív; ¦', '.'¦!*. 9>grÉ %&& tyã W& Wk >4r ?W. mt /W; i;#j .má •¦j':\ --m?. Í'W- f'íJ- w&i §#< tm m m ^k vízs ¦<'¦¦/-?¦¦ I As brancas dão mate em dois lances , contra qualquer defesa (por G. Guidelli). Como sempre, as brancas jogam de baixo para cima. Solução do N.° 31 I C3C BxC 2 P7R B3D+ 3 R4T BxP 4 B4B P8T (D) 5 B5D -f DxB. Um tema conhecido de estudos de final, mas bem disfarçado. opinião OPINIÃO no exforior No exterior a venda seguintes lugares: i avulsa de OPINIÃO é feita nos Paris —La JoiedeLireda Editora Maspéro40, RueSaint Séverin —Paris V Londres — 48, Old Compton St. — London Wl "Zibeline Agencies" — 17, Belgrave Gds. — London NW8 Cbile — Câmara Latino-Americana dei Libro Casilla 14502 Correo 21 — Santiago. ,. 24 homem que Advoçjodo de John Oeon III: Toromos umo bombo eiplodindo o codo cinco minutos, duronte tréi dlot. Não tora umo coito agradável". i intatigâsel amlaneha de Waiergale çimimua a se despejar suhre a America, Um du% mau altos exauuham da presidência emolvidos nn coto — o ex-mothtru do comercio MaurierStam — fmouvido na semana panada pelo ettmitê do Senado sobre sua participação na* ampla* operações de espionagem. Siam neguu qualquer eniolvimenio no escândalo, e declarou $eu desomheamcnto a respeito de muita* das aiiudades do comitê de reeleição de Sumi. Outro ex-auxiliar de Sixan, o amigo conselheiro Jeb Stuart Magruder. depondo três dias depmt. inocentou o presidente quanto a qualquer participação no planejamento e encohrimenio das investigações. Magruder passou o tardo da responsabilidade para os ombros do ex-secreiârio de Justiça. John Mitehcll. que .'gundo ele teria planejado a invasão e estruturado a tentativa posterior de esconder os tatos. Mas mesmo sem prestar depoimento, pú um outro ex-integrat:le Ja equipe de Nixon. o demitido conselheiro jurídico John Dean. que eonttniiou a merecer a maior atenção no caso Watergate. Dean. que irá depor esta semana perante o Senado, promete apresentar pr-ivas definitivas sobre o enmlvimenio de Nixon. Para o governo americano, esta semana pwiera ser decisiva. I m resumo das principais acusações que. espera-se. serão feitas -mr Dean perante os senadores. 0 que o caso Watergate Epossível esta semana leve o presidente Nixon mais próximo do impeuchment do que em qualquer ocasião anterior. A principal peça de acusação ao presidente, seu ex-conselheiro jurídico John Dean III. começará a depor. O que provavelmente ocorrerá foi descrito desta forma dias atrás por um "Teremos unia de seus advogados: bomba explodindo a cada cinco minutos, durante três dias talvez. Não será uma coisa agradável". Agradável ou não. é incalculável o efeito que elas poderão ter para o presidente. Até agora, tem ocorrido R. uma guerra de palavras. naturalmente, nestas condições o presidente fica em situação vantajosa. Mas esta vantagem poderá ser Dean rapidamente dissipada. procuraria, segundo amigos Íntimos, vuntar sua historia com tal riquera de detalhes e fortalecê-la com tantos documcntos«que mesmo sem provas dcfbiHivas forcaria os demais impiicados a corroborar sua versão. Com este objetbo — rtquera de deialhes — Dean teria passado semanas recentes empenhado cm preparar cronologias, memorandos e notas para si próprio, as quais usaria em seu depoimento, Um dc seus advogado*, Robcn MçCandless. afirmou; )•-¦•¦ Dean vai direr tudo que sabe. e nâo de um modo que sirva a vi próprio Vai admitir qualquer panidpaçâo. ou possível participação sua no cavo. Vai contar tudo que lembrar sobre a atmosfera que produziu Watergate e o en« cobrimenio dc Watergaic". Dean. 34 anos. tem sido descrito amplamente, nos círculos mais variados, como o "ponto focai", o centro da operação de encobrimento da Casa Branca, iniciada apôs as prisões dos invasores de Watergate.*háa 17 de junho dc l°^2. ou seja. exatamente um ano atras, domipgo passado. Foi ele quem serviu como a principal ligação da Casa Branca com o Departamento de Justiça c o FBI nos primeiros meses do inquérito. Dean lambem recebeu cópias dc todos os relatórios do FBI a respeito, e passou as informações pertinentes a (pelo menos) dois dc seus três superiores hierárquicos na Casa Branca, os conselheiros John Ehrliehman e II. Haldeman. que. juntamente com Dean. deixaram seus cargos a 30 de abril IO terceiro homem é Nixon), Dean ligou Nixon. diretamente e indiretamente, ás tentativas de encobrimenio das investigações, o que o presidente nega publicamente. Segundo Dean. os dois discutiram aspectos do encobrimento no inicio deste ano. Em cena altura. Nixon teria indagado: quanto custaria o silêncio dos presos em Watergate? Dean teria respondido: um milhão de dólares. O presidente, segundo a versão, encerrou a conversa dizendo que isso não seria problema. Dean tem sido também citado como tendo conhecimento de muitas outras atividades ilegais anteriores a Watergate. incluindo escuta telefônica e levantamento ilegal de fundos para a campanha de reeleição de Nixon. O advogado MçCandless acha que o testemunho de Dean poderá durar três dias. No primeiro dia. ele pretende "como explicar aos senadores Watergate pôde acontecer". Disse o "Dean as advogado: quer preparar'Aqui condições ideais. Ele que: dizer está a atmosfera que existia no país durante a administração Nixon'. e explicar como Watergate foi apenas um sintoma". vee gaepete ssssse emtmmt d» FBI ra» cano wnruagean» aewmaa) ma twasaem ».H nfl ^*a m~ ? *Hmm - -x*^'\'9ÊmmJF" -liSI i VsL..: ^1 ítm .II ml ¦^r* í^umw^F^r m\ afl .iitmSV**- • Jfl Rf V Tmt-^SÍrft. m% *^ÊmV mwf* km mm mmm\ m W *b mw ^^B mm, ^^m m^L^^^^Í^^^^^Ê^^Ê m^ÊmW^'^^mmmm ^mmt HHm«^ *~— ' sV U^a^^K". $' Hl B*0>' ^u i^JJL kv * ^J-J^Gm - (mwk. .^n) vim** a^ikmrw ^^Mmmwi rèmmWJf* ^L*\l- ^B m\ Nixon tinha conhecimento direto de que a contribuição secreta da industria de laticínios para sua campanha ck reeleição, em 1971, visava a influenciar o governo para que aumentasse o preço do leite. Os deialhes da doação (322 mil dólares) teriam sido acertados no próprio escritório do presidente, c os industriais do leite teriam deixado o dinheiro em alguma parte da própria Casa Branca. A Casa Branca pressionou o juiz federal que presidia a ação civil (do partido democrata) sobre Watergate para que desse uma decisão "favorável". O juiz. Charles Richey, teria mantido conversações secretas com auxiliares da Casa Branca, o que constitui uma violação da ética jurídica. Um dos auxiliares da Casa Branca, Charles Colson, propôs certa vez que o "policia secreta" da Casa grupo da Branca invadisse o Instituto Brookings para conseguir alguns documentos guardados no cofre. SJêÍ/f «t^^j A operação teria sido planejada no verão dc 1071. quando a Casa Branca tentava descobrir como os "papéis do Pentágono" haviam chegado à imprensa. Ela estava interessada na possível participação de Morton Halpertn. funcionário do Instituto Brookings. que tinha feito trabalhos para Henry Kissinger. Mas os papéis náo chegaram a ser roubados do cofre. Segundo um levantamento da revista Newsweek, as principais acusações que Dean fará perante os senadores são as seguintes: • Nixon sabia pessoalmente do encobrimento das Investigações, e tanto ele quanto seus auxiliares mentiram freqüentemente a respeito. Dean. teria documentos e memorandos que. apesar de não comprometerem definitivamente o presidente, indicariam um padrão claro do envolvimento presidencial. Ele estaria de posse também de fitas gravadas com conversações de altos funcionários da Casa Branca, o que, em sua verão, constituía um fato rotineiro. • pRaaas. O relatório «tintava, cm forma de anedota, como Franalw D. Rooscveh. Itarry Truman. John Kennedy e Ivrvdon Johnson usaram ou abusaram «!.- >ltl Mas. curiMamentc. omitia a ação de IVight rTJsenhovvcr. o protetor de NUon. Algum fautcsttâflea de Cata Branca plaewjarain o aaaaialoau da rhefe de Galado d» Paoaaat, Segundo Dean. a administração suspeitava que ahos funcionários panamenhos «tivessem envolvidos no tráfico de drogas para os Estados Unidos, c estavam tamScrn preocupado*, com a atitude nio cooperadora do general Ornar Torrijos quanto à renegociação do tratado do canal do Panamá. Assim, alguns funcionários viram cm Torrijos um foi abo duplamente atraente. A missão interrompido quando a "equipe" encarregada de cumpri-la já se encon* trava no México. A Caaa Branca prepara ¦ ama acãa por sonegação de ianpostee castra o irmão do governador Geargt Walace, Gcrald, a fim de costacgoJr certa» vantagens efeborab. Agentes federais passaram dois anos investigando Gerald Wallace. entre outros, em ligação com algumas contribuições de campanha para o governador, feitas por companhias que tinham negócios com o Estado. A parte de Wallace na barganha teria sido participar das eleições primárias democratas, a fim de confundir os democratas e garantir o voto dos eleitores de Wallace para Nixon. O governador nega que tenha tomado parte neste esquema. Estas são as mais explosivas bombas de Dean. Elas colocaria o presidente, na opinião de um dos senadores do comitê, cm posição "indefensável". Como se não bastassem as atuairevelações de Watergate. na quintafeira passada um novo elemento de sensação veio incorporar-se ao caso. Segundoo detetive particular Sherman Skolnick, um avião conduzindo 12 pessoas envolvidas em Watergate. e que caiu em dezembro próximo a Chicago, matando 45 passageiros, teria sido sabotado. Os passageiros implicados em Watergate tinham assistido em Washington a uma reunião na qual ameaçaram denunciar o ex-secretário de Justiça John Mitchell por sua participação na espionagem. Um dos passageiros era a mulher de Howard Hunt. condenado pela invasão de Watergate, e que levava 50 mil dólares em dinheiro e 2 milhões em cheque, que seriam utilizados para "comprar" o silêncio dos implicados. San Clemente e o fio do novelo O diário conservador Register, de janta Ana, Califórnia, não é propriamente um jomal influente, .Mas no mês passado, o Register teve o seu momento de glória nacional, quando informou que investigadores federais estavam tentando descobrir se o presidente Nixon usara nada menos que um milhão de dólares em eontribuições da campanha eleitoral de 1968 para comprar sua opulenta casa de veraneio de San Clemente, Califórnia. A Casa Br, nea prometeu uma contestação em 24 horas e quando a divulgou, 11 dias mais tarde, levantou mais indagações do que as colocadas pelo Register. "a versão da Casa acordo com De Branca. Nixon, a princípio, desejava comprar apenas a casa e um pedaço de terreno de 5,9 acres, mas o proprietário. Henry ÇottohJ insistiu em vender toda a propriedade, que cobre 24,6. acres. Para garantir a compra. Nixon concordou em pagar o preço pedido. I..4 milhão de dólares, sendo 400-mil dólares em dinheiro e um milhão em hipotecas. Nixon tomou os 400 mil dólares emprestados de seu amigo Robert Abplanalp. Em 1970 fez um segundo empréstimo, após ter comprado um pequeno terreno adjacente à casa. Os dois empréstimos totalizaram uma dívida de 625 mil dólares para com Abplanalp, em notas promissórias com juros de 8%. Segundo a Casa Branca, Nixon pagou os empréstimos em dezembro de 1970, vendendo 18,7 acres do terreno "uma comde San Clemente para panhia de investimento criada pelo sr. Abplanalp". Nesta transação, Abplanalp considerou saldado o débito de 625 rpil dólares e ficou de posse de hipotecas no valor de 624 mil dólares. Isso significou que Abplanalp pagou a Nixon 1.249.000 dólares pelos 18,7 acres. No final das contas, Nixon acabou ficando com a casa e com os restantes 5.9 acres pelo preço líquido de apenas 251 mil dólares, e mais 123 mil dólares em melhoramentos, ou seja, a diferença entre o preço de compra original e a quantia paga por Abplanalp. Sem contar os pagamentos de hipotecas, a quantia desembolsada por Nixon parece ter sido de apenas 34.514 dólares. Sem contar que Abplanalp não usou até agora — nem parece interessado — os 18,7 acres que comprou de Nixon. Na semana passada, Nixon foi mais uma vez acusado. Segundo o diário nova-iorquino Newsdáy, ele teria gasto 7h rn.il dólares (CrS 456 mil) dos cofres públicos em obras de jardinagem na casa de San Clemente. Essa quantia se somaria a uma verba anterior de 100 mil dólares, gasta pelo governo em obras que valorizaram a mansão do presidente, e que teriam sido executadas, segundo a Casa Branca, "razões de segurança". por As obras de jardinagem e as demais reformas em San Clemente foram feitas em 1969. Os 100 mil dólares foram empregados na construção de uma luxuosa cabana na praia par- ticular de 100 metros, em uma cerca de madeira, na cobertura de um galpão e num sistema de calefação elétrica. Dificilmente se poderia argumentar que estes melhoramentos tenham significado alguma coisa para os agentes de segurança do presidente — como alegou a Casa Branca. É possível que o presidente Nixon lembre hoje com amargura o momento em que, inflado pelo entusiasmo de sua mulher Pat, deixou de lado qualquer cautela de classe média e decidiu comprar, em maio de 1969, a magnífica vivenda em estilo espanhol pousada sobre uma falésia à beira do Pacífico. Dificilmente Nixon poderia ter pensado _qu«, junto com a agradável mansão de paredes brancas e telhas romanas, 10 aposentos, um grande jardim e bucólicas varandas, estava comprando um futuro problema nacional. Quando as linhas gerais da tran-. sação foram conhecidas, poucos ficaram satisfeitos com as explicações apresentadas pela Casa Branca. O jornal The New York Times? por exemplo, pediu, em editorial, uma declaração mais precisa da "para dissipar o nevoeiro presidência, de confusão sobre San Clemente". Pode constituir motivo de embaraço pára um presidente, disse o jornal, reconhecer que tem uma dívida pesada "mas é para com um amigo rico, sempre mais fácil viver com à verdade do que com as mistificações deliberadas que a Casa Branca emprega para confundir o caso". Um presidente, como qualquer outro funcionário, disse o jornal, tem uma posição mais forte quando evita enredamentos privados desta natureza. Palavras sensatas, mas é duvidoso que o presidente possa, nesta altura dos acontecimentos, se guiar por elas. Como um gato enredado no fio de um novelo, a posição de Nixon parece se complicar a cada movimento que faz, enquanto o fio vai perigosamente chegando ao fim.