Coluna do Alexandre COLUNA Google Wave: mais do que uma onda? O Wave pode ser a “cola” que faltava para unir os ótimos produtos do Google. H á cerca de dez meses, o Google lançou o Wave, uma plataforma Open Source cujo apelo parece estar se tornando maior, já que ela está um pouco mais elaborada. Honestamente, costumo ver com bons olhos as criações do Google, pois a empresa tem uma característica que eu, particularmente. gosto: não tem medo de errar. Todo início de desenvolvimento é muito difícil, pois as pessoas envolvidas não sabem ainda como tornar concreto aquilo que têm em mente, não sabem quais direções dar ao projeto e muito menos se estão no caminho correto ou não. Tudo que o Google faz abre uma enorme expectativa, e isso às vezes pode atrapalhar a própria equipe, pois sempre é esperado algo espetacular. Esse é o mesmo “problema” que vive a Apple nos dias de hoje: todos querem ser surpreendidos com seus produtos e, mesmo quando estes são interessantes, o efeito nem sempre é alcançado (a exemplo do iPad). O Google Wave é uma plataforma colaborativa (e por que não dizer totalmente multimídia?) na Internet, que faz de tudo um pouco: serve como email, troca mensagens instantâneas com a devida contextualização da conversa, armazena e visualiza documentos, possibilita o compartilhamento de fotos, serve como fórum de discussão, possibilitando verificar a ordem em que as mensagens foram inseridas (“playback”), interagir com o perfil do Twitter etc. Enfim, possui uma infinidade de aplicações; entretanto, o Google provavelmente não tem qualquer interesse em substituir absolutamente nenhum tipo de serviço existente, mas sim de juntar muitos recursos em apenas um lugar, e de forma inovadora, lúdica, tentando reutilizar exemplos de design já consagrados e melhorar em outros. Melhor? Pior? Nada disto, apenas diferente, já que todos esses usos citados anteriormente estão disponíveis quando se cria um “wave”. É algo que pode ser pensado como uma nova thread para qualquer 20 serviço ou aplicação que o leitor necessite concentrar no seu painel (dashboard, na linguagem do Wave) e compartilhar com seus amigos. Um detalhe: para utilizar o Google Wave, é preciso ter uma conta no Google, e aí surge uma pequena dificuldade: o leitor precisa de um convite para isso (como foi feito no início do Gmail e do Orkut). Não é difícil conseguir o convite: no próprio site da plataforma é possível obtê-lo. Basta preencher um formulário e ser honesto na explicação do seu desejo em testar o Google Wave. Eu sempre volto a esta questão: por mais poderoso e abrangente que seja o software, ele jamais será um sucesso se a interface não for realmente fácil e envolvente. E isso é fato: o Wave pode tornar-se um vício. Ele possibilita uma infinidade de extensões e uso de robôs para adicionar aplicações e ideias à sua interface. Ainda existe um cliente (Waver) disponibilizado pela Adobe que permite o uso do Google Wave sem recorrer ao navegador. O Google vem lançando muitos aplicativos e ótimas ideias nos últimos anos, desde o Chrome (já em terceiro lugar na lista de navegadores mais utilizados) até o Google Books, passando por Neatx, Docs, Earth e outros. Entretanto, ainda falta integrar tudo isso de forma sólida, de modo a oferecer uma maneira nova de utilizar a Internet, com tudo concentrado em um ponto de partida único. Será o Google Wave apenas outra excepcional ideia isolada, ou tudo que a empresa produz será totalmente integrado ao sistema operacional Chrome OS? Eu ainda acredito que o dia de amanhã será melhor que o dia de hoje. n Alexandre Borges é Especialista Sênior em Solaris, OpenSolaris e Linux. Trabalha com desenvolvimento, segurança, administração e performance desses sistemas operacionais, atuando como instrutor e consultor. É pesquisador de novas tecnologias e assuntos relacionados ao kernel. http://www.linuxmagazine.com.br