O Caminho de Emaús • Faz um exercício de relaxamento… coloca-te na presença de Deus. • Reza um salmo (aquele que o teu coração pedir no momento). Leitura: Lc 24, 13-35 Todos nós percorremos frequentemente o caminho de Emaús. Desanimados porque as nossas esperanças não se concretizaram. “Todos nós esperávamos…” Há sempre alguma coisa que alimenta a nossa esperança e também sempre alguma coisa que a frustra… Contemplamos estes amigos de Jesus, tristes e desencantados… fugindo de si mesmos e daquilo que não conseguem explicar… Caminham tristes, desanimados, conversando e discutindo sobre o fracasso que, segundo eles, aconteceu a Jesus… Nem sequer lhes passou pela cabeça que alguma coisa se tivesse passado… as mulheres que foram ao sepulcro e que voltaram dizendo que Jesus já lá não estava… afinal isso não lhes disse nada. A sua esperança estava enterrada com Jesus no sepulcro e por isso decidem voltar para casa. É fácil repetir como os discípulos: “nós esperávamos…”, porque temos fé e também esperança. Todos esperamos alguma coisa… sempre. Mas com a mesma facilidade, a desesperança, a frustração diante das adversidades, o desconsolo, aparecem diante dos nossos olhos. Para reflectir: a) Quais são as esperanças que hoje alimentam o meu coração e a minha vida? b) Quais são os meus sonhos? c) O que me faz perder a esperança? O que me faz desanimar? d) Qual é o meu “caminho de Emaús” neste momento? Os dois discípulos caminham sozinhos. Mas partilham a sua solidão e procuram consolo um no outro. A sua fuga converte-se em ocasião de encontro… no caminho que fazem, fugindo de si mesmos, o próprio Jesus faz caminho com eles. Não o reconhecem. É um forasteiro, como tantas vezes Jesus se apresenta diante dos nossos olhos. Um estranho. Não o vemos facilmente. Os olhos, carregados de obscuridade e tristeza não descobrem o Senhor que caminha lado a lado, próximo, com os mesmos passos e seguindo na mesma direcção… Não é possível reconhecer a Jesus quando se está fechado em si mesmo, nos seus esquemas e projectos. Para reflectir: a) Que caminho(s) percorro no hoje da minha vida? b) Quem são as pessoas que me acompanham nesse caminhar? Com quem divido o percurso que faço? c) Quem são os forasteiros que não consigo identificar? Jesus caminha lado a lado, interessado nos seus caminhos e desvios, querendo que deixam a tristeza e desconsolo que os atinge e pergunta-lhes o que falam entre si. É uma maneira que se fazer próximo, de procurar entender aquilo que os preocupa… Jesus é assim. O amigo que se aproxima do caminho das pessoas, da sua realidade concreta, para acompanhar e iluminar, para salvar e transformar… Ele sempre nos acompanha, mesmo nos caminhos que escolhemos para fugir dele… Para reflectir: a) Que lugar ocupa Jesus Cristo na minha vida? Sinto que caminha comigo? De que maneira sinto a sua proximidade? b) Como me tenho feito próximo(a) das pessoas? Que estratégias utilizo para gerar proximidade? Os dois discípulos ao sentirem que o forasteiro se interessa por eles começam a sentir que a carga se torna menos pesada. Estavam tristes e abatidos. A frustração e o fracasso precisam de um coração que escute e acolha. Por isso contam-lhe tudo o que se passara em Jerusalém nos últimos dias. Não compreendem o que se tinha passado. Como foi possível que um homem como Jesus tenha terminado numa cruz? “Insensatos e lentos de coração para crer em tudo o que os profetas anunciaram. Não era preciso que o Messias sofresse tudo isso e entrasse na sua glória? E começando por Moisés e por todos os profetas explicou-lhes em todas as escrituras o que a Ele dizia respeito”… Insensatos e lentos de coração… são palavras duras e próximas… palavras de um amigo que ilumina a noite escura da sua fé… Palavras de luz e de consolo. Palavras de céu e de terra. Porque vem do céu, do outro lado da vida onde o mistério é claro e transparente como o dia. São palavras da terra, pronunciadas por um coração encarnado, humano… as palavras de Jesus são como um fogo que acende o coração e a inteligência destes dois amigos no caminho de Emaús… Para reflectir: a) Que significado-interesse-importância tem para a minha vida a Palavra de Deus? b) De que modo anima, ilumina, esclarece o meu caminho? c) Como as minhas palavras e atitudes podem ser também “de céu e de terra”? Os dois vão sentindo que tudo começa a mudar por dentro e por fora. O coração ardia. Falavam e perguntavam. Mas sobretudo, escutavam e acolhiam. Era uma voz nova. Era uma palavra de luz e de fogo para a sua alma. Dissolvia-se a dúvida, desaparecia a escuridão, entendiam o que até então era inexplicável. A cruz é fonte de vida. A morte, porta para a vida. A dor, caminho para a glória. Tudo tinha um sentido novo. A luz invadiu a sua mente e a sua alma. O seu coração libertava-se da tristeza e da desilusão. O coração sentia um calor, uma força, uma alegria imensa… Era a palavra e a luz do céu libertando a terra da escuridão e da morte. O céu consegue gerar vida nova em terra aberta. A voz do Senhor desperta sempre um novo nascimento no coração do homem humilde e pobre. Para reflectir: a) O que faz hoje o meu coração arder? Ao chegar à povoação, Jesus, desejando ser hóspede, desejando ser convidado e acolhido, finge seguir adiante, para arrancar do coração dos seus amigos uma das orações mais profundas que o homem pode expressar ao Senhor. “Fica connosco Senhor porque anoitece e o dia já declina”. Com que profundidade nos saem da alma estas palavras a Jesus. Constituem uma litania infinita que brota dia após dia nas nossas noites escuras e nos nossos caminhos fugindo como os discípulos de Emaús. Fica connosco porque já é noite. E porque não podemos ficar sozinhos. Precisamos que fiques connosco depois deste caminhar. Queremos que vás até ao fim. Ainda que os seus olhos não consigam ver Jesus neste companheiro de caminho, o seu coração pressente algo muito importante que ainda é preciso partilhar. Tinha-lhes dado tanto que imaginavam poder dar-lhes ainda mais… porventura dar-lhes tudo… Jesus entra e fica com eles. Reparte o pão e partilha a sua presença com estes dois amigos que fugiam desesperançados do mesmo mistério que agora envolve a sua existência. Agora reconhecem Jesus. Já o viviam antes de o reconhecer. Agora faz-se luz e vêem Jesus naquele forasteiro. Por isso ele desaparece diante dos seus olhos. Ficou no seu coração e na sua alma… Para reflectir: a) Recorda algum momento em que experimentaste de maneira pessoal a presença de Jesus Cristo na tua vida? b) Como me senti nesses momentos? c) O que eles despertaram em mim? d) “Eles reconheceram Jesus no partir do pão”… Como vivo a Eucaristia? Experimento a presença do Cristo ressuscitado na Eucaristia? Qual a importância da Eucaristia na minha vida? No fim surge a vivência da comunidade. Jesus uniu-os em torno de si. Eram um com ele. Uma fraternidade. Era essa a obsessão de Jesus. E eles sabiam-no. Todos sabiam que só Ele era o núcleo da sua unidade. Sentiam-se os amigos de Jesus, os discípulos de Jesus. Por isso eram amigos entre si… Sentem que brota o amor, a comunhão, a fraternidade. A experiência de Jesus faz com que fiquem unidos. A comunidade é presença viva de Jesus. Onde há um grupo de irmãos que partilha uma fé viva em Jesus, aí está Jesus vivo. Por cima das diferenças, aparece a unidade como comunidade de Jesus. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amais uns aos outros…” Para reflectir: a) A vivência da comunidade impele ao anúncio de Jesus Ressuscitado. Como experimento na minha vida esse anúncio? Vivo-o com entusiasmo? b) O que me faz vibrar e partir para o anúncio explícito do Senhor ressuscitado? c) Que saltos de qualidade posso dar para que esse anúncio seja ainda mais forte? • Lê novamente o texto dos discípulos de Emaús. Coloca-te no lugar daquele discípulo que não tem nome… e que pode ser cada um de nós… • Guarda no silêncio do coração os sentimentos que agora surgem dentro de ti… • Faz uma pequena avaliação deste momento de oração…