18/9/2014
Quando vale a pena fazer um consórcio? Especialistas dão dicas
Financiamentos
01
fevereiro
Quando vale a pena fazer um consórcio?
Especialistas dão dicas
13:48
Eduardo Tavares |
Um leitor do blog Arena perguntou se consórcio é um bom jeito
de guardar dinheiro, já que muita gente fala (geralmente quem
vende os consórcios) que essa é uma “poupança compulsória”,
e, portanto, uma boa saída para quem não consegue organizar
o orçamento para guardar dinheiro.
Para o consultor financeiro Mauro Calil, criador da Academia do
Dinheiro, não há um posicionamento definitivo quando se fala
em consórcio. “Há prós e contras, dependendo do que se
pretende fazer com o dinheiro aplicado.”
Atualmente, segundo Calil, os consórcios rendem, em média,
100% do CDI, mas as taxas de administração cobradas pelas
instituições variam de 3,5% a 4,5% ao ano. Ou seja, pelos juros básicos atuais, com o CDI pagando 7% ao ano,
o dinheiro renderia de 2,5% a 3,5% ao ano.
O consultor explica que, antes de contratar um consórcio, é preciso pensar em três questões: o que quero
comprar, por que quero comprar e, o mais importante, quando quero comprar?
O quê?
Se o consórcio contratado tem como objetivo a compra de um bem de menor valor, como uma televisão, Calil
afirma que não vale a pena. “Televisão não é artigo de primeira necessidade, então, é melhor poupar dinheiro,
investir, e comprar o aparelho à vista.”
Um tipo de consórcio que vem se tornando mais popular é o destinado ao pagamento de cirurgias plásticas.
Nesse caso, Calil alerta que, a menos que seja um procedimento urgente, que tenha mais relação com a saúde
do que com a estética, também não é uma boa alternativa. “Vale mais a pena guardar o dinheiro até obter o valor
total.”
Para cirurgias plásticas urgentes, o consórcio com lance embutido, ou seja, no qual usa-se parte do valor da
carta de crédito para dar um lance, pode ser uma opção interessante.
No caso dos carros, também é preciso pensar no objetivo. O consultor diz que se a compra será de um carro de
passeio, sem nenhuma ligação com o trabalho, não vale a pena. É melhor escolher uma aplicação financeira que
renda mais do que o consórcio e guardar o dinheiro até obter o valor da compra do carro.
Para taxistas, vendedores e outros profissionais que dependam do veículo, “o consórcio é uma boa maneira de
manter o carro atualizado”, diz Calil. “A pessoa programa a atualização de sua frota pagando menos por isso do
que se fizesse um financiamento.”
E no caso de um imóvel?
Quando o consórcio tem como objetivo a compra de um imóvel, a variável “tempo” torna-se muito importante.
Segundo Calil, há três caminhos possíveis. O financiamento com entrada é o mais caro, mas também o mais
rápido. “O comprador dá a entrada, já pode ter acesso ao imóvel, mas continua pagando os juros ao longo de
todo o financiamento.”
O segundo caminho é lento, mas muito mais barato: guardar o dinheiro em alguma aplicação até ter todo o valor
do imóvel. Já o caminho intermediário é o do consórcio, que “só não vale se a pessoa tiver pressa, como alguém
que vai casar e quer o imóvel em até dois anos”, diz Calil.
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Quando vale a pena fazer um consórcio? Especialistas dão dicas
Se a expectativa é de conseguir o imóvel entre cinco e dez anos após a contratação do consórcio, “esse
caminho é ótimo”, diz o consultor. Ele recomenda a modalidade de lance embutido. “Em um consórcio de 15
anos, até o quinto ou o décimo ano é possível fazer uma poupança para dar um lance robusto.”
Nesse caso, o comprador estará evitando as taxas de juros do financiamento imobiliário, que atualmente estão
acima de 8% ao ano nos grandes bancos.
Soy contra
Para o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas Samy Dana, porém, os consórcios são bons apenas
para quem os vende, mas o cliente sai prejudicado. “Paga-se taxa de administração, que no fundo é uma taxa de
juros embutida cobrada pela carta de crédito”, diz.
De acordo com ele, se não fosse cobrada essa taxa, seria uma poupança “neutra”. Dana explica que, em
qualquer situação, sempre é melhor poupar e ter o dinheiro na mão na hora da compra. “Com dinheiro na mão, o
preço é sempre outro, tem poder de negociação, por isso, vale a pena esperar.”
Aos desorganizados
O professor da FGV defende os consórcios apenas em uma situação: “quando a pessoa não tem capacidade
nenhuma de organização financeira, porque força a poupança”. Mas, mesmo nesse caso, “é possível ter uma
conta poupança separada da conta corrente, e usá-la para formar uma reserva de liquidez”, diz.
Essa reserva pode ser usada para a compra de bens de maior valor, como uma televisão, um carro novo, ou uma
viagem.
Já Mauro Calil vê de forma diferente. E cita outra vantagem. “Errou no planejamento e deixou de pagar, você não
perde o dinheiro nem o bem, como acontece no financiamento.” Hoje em dia, em caso de inadimplência,
consegue-se obter até 60% do valor aplicado de volta, diz o consultor.
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