Encontro Nacional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação.
Formação Política, Reflexões Éticas, Práticas de Transformação Social e Mídias na Informação: qual profissional
temos e qual queremos ser?
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SUMÁRIO
1 GT 1: REFLEXÕES ÉTICAS: arquitetura da informação, competência/ética
profissional.
2 GT 2: FORMAÇÃO POLÍTICA E A DISCUSSÃO DE GÊNERO
3 GT 3: PRÁTICAS DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: o profissional da informação
como agente transformador
4 GT 4: MÍDIAS DA INFORMAÇÃO: cidadania e Exclusão digital no contexto
sociedade da informação
5 GT 5: PERFIL PROFISSIONAL: Cenário e perspectivas do profissional da
informação
6 GT 6: Livre
3
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GT 1
REFLEXÕES ÉTICAS: arquitetura da informação,
competência/ética profissional.
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SUMÁRIO
UM DIAGNÓSTICO DAS NECESSIDADES INFORMACIONAIS DA COMUNIDADE
DA GUABIRABA EM MARANGUAPE-CE 5
ACESSIBILIDADE E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: o papel do gestor da
informação no processo de avaliação de repositório digital e sitio de museu
GT1 - Reflexões éticas: arquitetura da informação, competência/ética profissional 18
BIBLIOTECONOMIA E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: Uma linha tênue entre
duas ciências e a contribuição das 5 leis de Ranganathan 30
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UM DIAGNÓSTICO DAS NECESSIDADES INFORMACIONAIS DA COMUNIDADE
DA GUABIRABA EM MARANGUAPE-CE: região metropolitana de Fortaleza
GT 1 - modalidade (oral)
SILVA, Marciana Siqueira da1
COSTA, Rosiane da Silva2
RESUMO
Este estudo tem por objetivo diagnosticar as necessidades de informação da comunidade da
Guabiraba em Maranguape, região metropolitana de Fortaleza. Trata-se de uma pesquisa
exploratória baseada no método observacional realizada por meio da aplicação de
questionários que combinou perguntas abertas e fechadas. Foi realizada uma Revisão
Bibliográfica para o levantamento teórico do tema em questão. Portanto, tendo a informação
como parte integrante para o desenvolvimento da cidadania pode-se concluir que foram
detectados diferentes necessidades de informação entre os participantes, isso autoriza concluir
que a Biblioteca Pública da cidade deveria tornar-se, mas, atuante no sentido de entender as
necessidades informacionais das comunidades situadas próximo a essa instituição. Tomando
como base esses estudos, seus serviços, desenvolvimento de coleções, e a estrutura física
teriam um maior conhecimento por parte da comunidade.
Palavras-chave: Estudo de comunidade. Estudo de usuários. Necessidades de informação.
Comunidade da Guabiraba.
ABSTRACT
This study aims to diagnose the information needs of the community Guabiraba in
Maranguape, metropolitan region of Fortaleza. It is an exploratory research based on
observational method performed through the use of questionnaires which combined open and
closed questions. A literature review was conducted for the theoretical survey of the issue at
hand. So having the information as integral to the development of citizenship can be
concluded that have been detected different needs of information between participants, this
allows conclude that the Public Library of the city should become, but acting in order to
understand the information needs of the communities located near the institution. Based on
these studies its services, collection development, and the physical structure would have a
greater knowledge on the part of the community.
Keywords: Community study. Study users. Information needs. Community Guabiraba.
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2
Graduanda em Biblioteconomia pela (UFC). E-mail. [email protected]
Graduanda em Biblioteconomia pela (UFC). E-mail. [email protected]
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1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas os estudos de comunidades se apresentaram de extrema
importância para as bibliotecas conhecerem seus usuários, e assim disponibilizarem
informações que atendam à demanda da sua clientela. Os estudos de comunidade funcionam
como um canal de comunicação que identificam a real necessidade informacional dos
usuários.
De certo, o estudo de comunidade permite avaliar as possíveis necessidades do
usuário, quando aplicado a uma determinada comunidade proporciona conhecer os aspectos
culturais e o perfil etnográfico dos usuários levando em consideração os aspectos econômicos
e sociais da comunidade. De acordo com Figueiredo (1979, p. 45) o estudo de comunidade “É
uma investigação de primeira mão, uma análise e coordenação dos aspectos econômicos,
sociais e de outros aspectos interrelacionados de um grupo selecionado”, uma comunidade
que mesmo convivendo em um determinado espaço apresentam características diferentes na
qual preferimos entender pensadas a partir da necessidade informacional.
Certamente, uma comunidade agrega relações por meio de vínculos diretos como
no caso de uma família, ou mesmo indiretos. Similarmente, são pessoas, grupos que
compartilham de forma coletiva de um determinado espaço, mas que possuem necessidades
informacionais diferentes, Scchilling (1974, p. 53) afirma que a “Comunidade designa
qualquer corpo social que apresentam relações, diferenças e semelhanças que tem seu lugar na
sociedade, direitos e deveres tornando-se assim cidadãos”. Presume-se que, as necessidades
informacionais dos cidadãos precisam ser identificadas, é sabido afirmar que as bibliotecas
sejam elas Públicas, Comunitárias, não importando nesse primeiro momento a tipologia
dessas Unidades de Informação, mas o conhecimento que essas unidades se debruçam acerca
da comunidade a qual servem. Assim, no que diz respeito principalmente à aproximação
dessas instituições para o desenvolvimento da comunidade, bem como do seu papel social
buscando uma relação direta com o contexto social. Concordamos com Figueiredo (1979, p.
6).
O completo entendimento da comunidade nas quais as nossas bibliotecas operam,
sejam elas urbanas suburbanas ou rurais, envolve fatores demográficos e um
entendimento dos indicadores sociais e físicos, bem como da complexidade da
estrutura da comunidade [...] assim a análise da comunidade não é apenas um
simples processo de determinar números de pessoas, as suas características gerais,
níveis de educação, e de economia e composição racial.
Entre os desafios enfrentados pelas bibliotecas além da falta de verbas e
infraestrutura, é o reconhecimento da comunidade na qual a biblioteca se insere. Segundo
Almeida Júnior (1997, p. 78), “O conhecimento da comunidade trará as bibliotecas indicações
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real para a determinação do acesso, e dos serviços a serem prestados”. Em outras palavras as
bibliotecas precisam antes de implantar qualquer serviço ou desenvolver coleções, visualizar
de que forma esses aspectos vão ao encontro das necessidades informacionais daquela
comunidade de usuários, precisam adapta-se a realidade, conhecer as mudanças sociais.
Sobretudo, espera-se que esses serviços proporcionem acesso, que sejam direcionadas
conforme ao que a comunidade deseja em matéria de informação. O acesso deve ser
entendido também no que se refere ao acesso dos conteúdos, e a adequação dos sistemas
visando sua utilização pelos usuários, como também a disponibilidade da informação que vão
responder as necessidades do usuário em Bibliotecas (MORAIS, 1994). Percebe-se a grande
carência informacional de comunidades, no que diz respeito à educação, problemas
corriqueiros e a perda de sua própria cultura, e tendo em vista que a informação agrega
desenvolvimento Carvalho (1991, p. 1176) considera a “Informação um direito, condição
básica para o funcionamento de uma política que favorece o direito dos cidadãos”. Cavalcante
(2012, p.118) afirma que o “Direito a informação é condição de vida social e econômica das
pessoas, e seus pontos cruciais é qualidade como saúde, educação meio ambiente, moradia
trabalho, renda, cultura, lazer”. Uma comunidade que não possui acesso à informação tem seu
processo de cidadania fragmentado, impossibilitando os cidadãos a conhecerem seus direitos
e deveres os excluindo cada vez mais do processo de desenvolvimento social indispensável
para a sustentação da sociedade.
Nesse sentido temos como questão problematizadora do estudo de comunidade a
seguinte pergunta. Quais as necessidades informacionais da comunidade da Guabiraba em
Maranguape região metropolitana de Fortaleza?
É pertinente dizer que para realizarmos um estudo da comunidade é necessário
abordamos alguns aspectos que envolvem a diferença significante existente entre essa
comunidade, que identificam importantes critérios que podem ser utilizados para um estudo
de comunidade alguns desses critérios são: Idade; Nível educacional; Renda; Ocupação e
Fontes geradoras de emprego; Informação étnica e racial (FIGUEIREDO, 1979, p. 61).
A informação constitui-se o principal insumo para o desenvolvimento da
sociedade, vale salientar que a necessidade informacional por parte dos indivíduos acarretou
nós últimos anos uma maior peculiaridade. A necessidade de informação varia de um
indivíduo para outro e de grupo para grupo podendo ser transformada em demanda
(NASCIMENTO; WESCHENFELDE, 2002). Nesse sentido se faz necessário uma maior
apropriação por parte dos profissionais que pesquisam o comportamento informacional da
comunidade de usuário.
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A escolha da temática abordada deu-se pelo interesse em identificar as
necessidades informacionais da comunidade a seguir, tendo em vista que não há, ou não se
tem conhecimento de trabalhos voltados para esta questão na referida comunidade pela atual
Biblioteca Pública da cidade, e como estudantes do curso de Biblioteconomia, e corroborando
para o entendimento das necessidades informacionais dos cidadãos presentes nessa
comunidade despertou-nos o interesse em fazer um estudo sobre o assunto, bem como
promover reflexões importantes que possam contribuir futuramente na implantação de uma
Biblioteca Comunitária nesse espaço.
Tendo como base a Problemática e Justificativa acima descrita estabelece-se como
Objetivo Geral Realizar um estudo de comunidade e de usuários no bairro da Guabiraba, no
município de Maranguape, a fim de se conhecer as necessidades informacionais dessa
comunidade. Para se alcançar o objetivo geral temos os seguintes objetivos específicos:
a) Investigar as necessidades informacionais da comunidade;
b) Descrever o perfil dos moradores da comunidade.
2 ASPECTOS SÓCIO HISTÓRICOS DA COMUNIDADE
A cidade de Maranguape esta localizada a vinte cinco quilômetros de Fortaleza, o
Município conta com a Biblioteca Pública Capistrano de Abreu em homenagem ao primeiro
bibliotecário da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), situada no centro da cidade. A terra
natal do ilustre Capistrano de Abreu situa-se no nordeste do Estado do Ceará. As
comunidades ao entorno dessa Unidade de Informação apresentam necessidades
informacionais diferenciadas, concordamos com Costa (1998, p. 1) “O estudo de comunidade
encontra-se na falta de entendimento da importância do engajamento das pessoas em
incumbência que, no mais das vezes, são considerados atividades modestas ou atividades
rotineiras”, uma dessas comunidades próximas a Biblioteca Pública da cidade não possuem
um espaço para orientação das suas necessidades informacionais, o estudo realizado na
comunidade da Guabiraba em Maranguape buscou identificar as necessidades informacionais
dessa comunidade.
A comunidade da Guabiraba em Maranguape apresenta como principais
características de seus ambientes, três escolas: a Escola de Ensino Profissionalizante Santa
Rita, foi fundada em 1930 e já ofereceu diversas modalidades e formas de ensino, sendo palco
de nostalgia para muitos de seus visitantes por ser historicamente um grande referencial na
educação das famílias maranguapenses; a Escola de Ensino Fundamental estado do Rio
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Grande do Norte, e a Escola de Ensino Integral Manoel Severo Barbosa (ensino infantil). A
comunidade se destaca na cidade por ser um ponto de saída para vários eventos na cidade. O
bairro possui duas praças: Monsenhor Salazar; Praça Sarah Carvalho, nenhuma das três
escolas do bairro possui Biblioteca Escolar direcionada para pesquisa e a necessidade
informacional dos alunos.
3 UMA ABORDAGEM SOBRE O ESTUDO DE USUÁRIOS
Como a própria terminologia explica o estudo de usuário são estudos realizados a
fim de se conhecer sobre determinado grupo ou comunidade, de acordo com Figueiredo
(1979, p. 79) o estudo de usuários são “Investigações que se fazem para saber o que os
indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para saber se as necessidades de
informação por parte do usuário de uma biblioteca ou de um centro de informação estão sendo
satisfeita de maneira adequada”. Costa (2014, p. 46) conceitua o Estudo de Usuários como:
Um conjunto de conhecimentos, ou disciplina, pertencente à área de Ciência da
Informação para compreender, por meio da investigação, e detectar o que o usuário
necessita em matéria de informação, relacionando à necessidade de busca e uso da
informação.
Inicialmente, as Bibliotecas e Centros de Informação buscam identificar com base
no estudo de usuários o serviço e produtos informacionais a serem implantadas nesses
espaços, existem várias maneiras de se realizar um estudo de usuário, ainda corroborando com
Figueiredo (1979, p. 6), a maneira mais conveniente é dividir o estudo de usuário em dois
pontos: estudos orientados ao uso de uma biblioteca ou centro de informação individual;
estudos orientados ao usuário, isto é, investigação sobre um grupo particular de usuários,
como este grupo obtém a informação necessária ao seu trabalho.
O estudo de usuário define os serviços de informação proporcionando a qualidade
na oferta da informação e promoção dos direitos do cidadão. Almeida Júnior (1997) explica
que os serviços de informação são essenciais para o funcionamento das bibliotecas, o que se
pode constatar é de fundamental importância, tendo em vista que busca beneficiar
determinada comunidade. Para tanto, implica em conhecer as necessidades informacionais
dos seus usuários, buscando atender a sua comunidade como um todo. Segundo Araújo
(2010) durante a execução de um estudo de usuário surgem muitas dúvidas como realizar as
pesquisas e principalmente como analisar os dados encontrados nós estudos de usuário
conforme o paradigma da Ciência da Informação, que impulsiona pensar no estudo de usuário
com base em suas necessidades e uso dessas informações. Na perspectiva de Silva (2012, p.
103) os estudos de usuários apresentam como principal marcos as “Reflexões e aplicações
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concernentes às necessidades e uso de informação, além do processo de satisfação dos
usuários como fundamentos para construção de sentidos”. É necessário levantar questões
diferentes nesses estudos, com vista a entender como os usuários interagem no processo de
investigação que corresponderão diretamente no levantamento de respostas norteadoras.
4 NECESSIDADE INFORMACIONAL
Existem fatores determinantes para o sucesso de uma unidade de informação, a
rigor o estudo de usuário concentra em sua função a razão de existir da Biblioteconomia.
Nesse sentido, os estudos de usuário
[...] assumem importância como instrumento de gestão porque fornecem subsídios
para os bibliotecários para identificação do perfil dos seus usuários, apresentam
como principal marcos as reflexões e aplicações concernentes às necessidades e usos
de informação com objetivo de planejar serviços e produtos a serem desenvolvidos
(SILVA, 2012, p. 103).
Esses estudos objetivam conhecer a necessidade informacional dos usuários e
devem ser pensados para a construção da informação. Ainda sobre a necessidade de
informação Silva, (2012, p. 106-108) discorre sobre os distintos processos de necessidade do
usuário:
Processos históricos e cronológicos é aquela sentida pelo indivíduo/usuário em um
momento específico que demanda uma satisfação pontual e rápida; Processos
humanos é aquela necessidade sentida de uma reflexão do indivíduo/usuário em que
muitas vezes não sabe precisamente de onde foi construída, mas simplesmente
percebida e que precisa ser satisfeita [...] Necessidade coletiva da informação é
aquela necessidade percebida por um grupo de pessoas (comunidade de usuários)
simultaneamente ou não; Processos psicossociais Necessidade consciente- é aquela
necessidade que o indivíduo/usuário sabe onde, quando, como e/ ou porque foi
percebida, bem como onde, quando, como e/ou porque poderá/deverá supri-la;
Necessidade inconsciente de informação- é aquela necessidade que o
indivíduo/usuário não identifica de forma direta ou mesmo que sente, mas não
contextualiza de forma efetiva onde, quando, como e/ ou porque ocorreu, que
dificulta suas perspectivas de satisfação; Processos institucionais e pedagógicos
Necessidade interativa entre centro de informação e comunidade- neste plano,
considerado mais geral, podem-se apresentar duas necessidades que devem buscar
uma adequação. A primeira necessidade reside em ser reconhecida perante a
comunidade por meio de sua atuação (serviços propostos, planejamento
desenvolvido, estratégias de marketing, estrutura física, aparato tecnológico, etc.) e a
comunidade tem sua necessidade de construir informação a partir da atuação do
centro de informação que, que em muitos casos, se configura como uma necessidade
de inconsciente, haja vista que o usuário pode admitir a necessidade, mas não
vislumbrar em um centro de informação a possibilidade de contribuição para
resolver essa necessidade; Necessidade interativa entre usuário e profissional da
informação- neste plano considerado mais específico e materializado no âmbito das
relações/interações sociais, o papel do profissional da informação é crucial, pois é a
partir dele que as ações do centro de informação permitirão aguçar e satisfazer as
necessidades de informação dos indivíduos/usuários.
O que se observa é que a necessidade de informação de um indivíduo possa ser
desencadeada por diversos fatores, que demandam de busca, e ações cognitivas para a
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resolução do problema sentido. Na compreensão de Costa e Almeida Júnior (2012, p. 60) o
“Uso dos canais de informação, não significa dizer que o usuário alcançou seu objetivo, isto é,
a informação não ter significado para ele, apesar de interagir com o sistema, na procura e no
acesso, porém não atender a sua necessidade de informação naquele momento”. A
necessidade de informação de um indivíduo é diretamente ligada a o seus aspectos
psicológicos, comportamentais e ao uso que faz dessa informação. Os estudos orientados em
compreender as necessidades de informação dos sujeitos são parte dos Estudos de Usuários,
são etapas do conhecimento sobre uma demanda potencial dos usuários. Wilson (1981)
destaca que a necessidade de informação é como um processo utilizado para tomada de
decisões. De modo similar nesse processo são consideradas as características individuais que
influenciam na formação dessa necessidade.
5 TEMATIZANDO O ESTUDO DE COMUNIDADE
O estudo de comunidade é um estudo participativo dos indivíduos, que se faz
necessário para conhecer as necessidades informacionais de um grupo ou comunidade,
segundo Figueiredo o estudo de comunidade traz a seguinte definição:
O estudo da comunidade é um estudo de primeira mão, uma análise e coordenação
dos aspectos econômicos e sociais e de outros aspectos interrelacionados de um
grupo selecionado [...] o estudo da comunidade envolve, portanto, o estudo de dois
elementos as características da comunidade e os significados destas características
(FIGUEIREDO, 1979, p. 45).
O conhecimento da comunidade podem provocar mudanças em todos os setores
de uma unidade de informação, o usuário é sensível a mudanças, uma vez que é preciso
entender essas mudanças e buscar atrair essa comunidade. A Biblioteca Pública do município
de Maranguape não age de forma intensa na comunidade em questão, dessa forma os
moradores dessa comunidade se tornam não usuários dessa unidade de informação. De acordo
com Silva e Sampaio (2013, p. 135), os não usuários comumente [...] são aqueles oriundos de
comunidades carentes em que a biblioteca não volta um olhar mais intenso e continuado, além
de sofrerem com as condições econômicas, culturais e educacionais desfavoráveis.
Os estudos de comunidade funcionam como estratégias que apontam a
necessidade informacional e esclarecem como as bibliotecas devem atuar buscando atingir os
cidadãos. É possível notificar que uma das maneiras mais efetivas de se trabalhar com o
cidadão é alcançando as comunidades, conhecendo suas necessidades, potencialidades com
vista a conhecer suas afinidades de informação (SILVA; SAMPAIO, 2013, p. 109).
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Figueiredo (1979, p. 59) traz uma abordagem sobre um estudo de comunidade
realizado em Bibliotecas da Pensilvânia que relata o desconforto encontrado pelos
bibliotecários em sair da zona de conforto e buscar entender as necessidades informacionais
da comunidade local no mesmo estudo foi possível detectar os processos cabíveis para um
estudo de comunidade:
a) Métodos formal e informal são essenciais para a análise da comunidade, para
desenvolver uma imagem de quem está lá, e a compreensão do que desejam ou
precisam;
b) Não há substituto para o método direto, dinâmico de obtenção de informação;
c) Abordagens diferentes devem ser utilizadas para a análise da comunidade.
O estudo de comunidade é uma análise sobre os sujeitos que fazem uso da
informação. Suaiden (1995, p. 29) define que tais estudos “São investigações feitas para saber
se as necessidades de informação por parte dos usuários de uma biblioteca ou de um centro de
informação estão sendo satisfeitas de maneira adequada”. Como foi dito os estudos de
usuários versam entender, e diagnosticar aspectos do universo do usuário, ainda corroborando
com o autor os estudos de usuários guiam as bibliotecas a atuarem de acordo com as
necessidades dos usuários, apontando diretrizes para o serviço de referência e de
disseminação da informação, sob todas as formas.
6 METODOLOGIA
O Estudo de Comunidade busca identificar as possíveis necessidades
informacionais do bairro da Guabiraba que esta localizada na cidade de Maranguape região
metropolitana de Fortaleza, tendo em vista que o local possui uma Biblioteca Pública, mas
que se apresenta incipiente junto à comunidade. Para o procedimento teórico foi realizada
uma Pesquisa Bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é o primeiro passo para a pesquisa
científica, com base em leituras, análise e interpretação de livros, e artigos científicos sobre a
temática abordada, em formato impresso ou digital (ECO, 2010). A Metodologia quanto à
natureza da pesquisa se define como Exploratória porque visa explorar e apontar as
necessidades de informacionais da comunidade pesquisada. A pesquisa exploratória é definida
por Gil (2008, p. 48) como sendo a pesquisa que tem sua principal finalidade desenvolver e
esclarecer ideias são desenvolvidas com objetivo aproximar visão acerca de determinado fato.
Exploratória porque busca explorar por meio de técnicas e métodos o conhecimento das
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necessidades informacionais dessa comunidade. O método norteador para essa pesquisa e o
Observacional sobre os aspectos que envolvem o cotidiano da população a ser pesquisada.
6.1 Instrumentos de Coleta dos dados
Para a coleta dos dados foi utilizado como técnica um questionário. Gil (2008, p. 123)
define como técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são
submetidas a pessoas com o propósito de se obter informações, na maioria das vezes são
propostos aos respondentes. Cunha (1982, p. 8) aponta que, uma das vantagens da
metodologia para estudo de usuários baseada em questionários é que pode-se atingir uma
população dispersa em uma determinada área geográfica. Os questionários aplicados
continham perguntas formuladas pelos pesquisadores compostas de perguntas abertas e
fechadas, levando em consideração a terminologia utilizada para maior entendimento dos
participantes.
6.1.2 Universo da amostra
O universo (população) da pesquisa de campo é representado pela comunidade
que reside ao entorno da principal praça do bairro onde se apresenta um local propício para a
implantação de uma Biblioteca comunitária. É preciso ressaltar que retiramos a amostra
apenas de uma comunidade pertencente a essa cidade, foi utilizado uma amostra de quarenta
pessoas que equivale a dez por cento da população que moram nesta comunidade.
6.3 Procedimentos para análise
O estudo teve como procedimento aplicar um questionário estruturado com
perguntas abertas e fechadas com os moradores que frequentam a praça, e no Posto de Saúde
da comunidade com as pessoas que procuram atendimento no local. O questionário também
foi aplicado em uma das escolas com estudantes que moram na comunidade.
7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A pesquisa foi aplicada no período de 13/11/2014 a 15/11/2014 na praça principal da
comunidade nos horários de maior fluxo de pessoas, na Escola de Ensino Fundamental Estado
do Rio Grande do Norte, no Posto de Saúde da Família (PSF). Com relação às perguntas que
identificaram a faixa etária, sexo, e escolaridade dos participantes, tomamos como base os
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estudos de comunidade de Nice Figueiredo que apontam diferentes critérios para se realizar
um estudo de comunidade.
A população do estudo foram os moradores, que responderam aos questionários
nos ambientes citados anterior. Como a análise da amostra deve apontar as necessidades
informacionais da comunidade, a divisão da pesquisa ficou assim apresentada.
Quadro 1- Perfil dos participantes
Faixa etária
Sexo
Escolaridade
15-25
Fem
Fundamental
26-35
Mas
Médio
36-50
Superior
Acima de 50
Outros
Fonte: Dados da pesquisa, 2014.
Entre os assuntos levantados na pesquisa os participantes apontaram diferentes
dados. Para se atingir os resultados esperado cada participante teve a possibilidade de
responder quantos assuntos consideravam importante, uma das informações, mas, apontadas
como importante foi Saúde e Educação, obtendo empate pelo número de vezes que foi citada
pelos participantes. O gráfico a seguir descreve os assuntos considerados importantes, e o
número de vezes que foi citado pelos participantes.
Gráfico 1: Categoria de Informações importantes
Fonte: Dados da pesquisa, 2014.
Quando perguntados quais as informações que os participantes têm, acesso em seu
cotidiano, vinte e três (23) pessoas responderam educação, dezessete saúde (17), e dezesseis
(16) violência. A grande maioria, quando indagados o porquê os mesmos tinham acesso a
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informações sobre violência? os participantes responderam que tem acesso à televisão e
diariamente o que a televisão, mas transmite são informações relacionadas à violência.
Ainda perguntados sobre os meios como eles têm acesso a essas informações os
participantes responderam que:
a) A televisão ainda se apresenta como um dos meios de informação e comunicação mais
frequente no cotidiano da população com 22%;
b) A internet ocupa a segunda posição como meio de se obter informações perfazendo
um valor na amostra de 18%;
c) O rádio apresentou a terceira posição apontando 10% sobre o total da amostra;
d) Jornais e Revistas foram citados por 8% dos participantes;
e) Ainda perguntados sobre outras formas de se obter informação os participantes
citaram: familiares; amigos; vizinhos com 6% da amostra.
8 CONCLUSÃO
O estudo foi ao encontro do objetivo geral e dos objetivos específicos, algumas
perguntas abertas puderam nós dar margem para compreendermos sobre a qualidade da
informação que essa comunidade tem contato em seu cotidiano. É preciso direcionar projetos
que mobilizem os moradores no sentido de esclarecer como a informação é importante para o
exercício da cidadania, pois, a maioria dos participantes não souberam dar sentido ou definir
acerca da importância da informação para o exercício da cidadania.
Pode-se concluir que os participantes apresentam necessidades informacionais
diferenciadas, a maioria que frequenta a Biblioteca Pública da Cidade são os alunos da
Escola, um dos ambientes onde foram aplicados os questionários. Isso permite questionar
sobre o papel da Biblioteca Pública em assumir a postura de acolhimento devido à falta de
uma Biblioteca Escolar.
Ainda no intuito de contribuir para o desenvolvimento local da comunidade
buscamos saber dos participantes sugestões para melhorar o acesso à informação no bairro, a
maioria foi unanime em afirmar que deveria ter um local onde os mesmos pudessem ter
acesso às informações que julgaram necessárias entre os locais citados foram:
a) Balcão de atendimento;
b) Serviço por telefone;
c) Biblioteca;
d) Local para cursos.
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Dada à relevância desse Estudo realizado na comunidade da Guabiraba em
Maranguape. Pode-se concluir que foram detectadas diferentes necessidades de informação
entre os participantes assuntos ligados à educação, saúde, assistência familiar, defesa do
consumidor, informação para a solução dos problemas corriqueiro do cotidiano desses
moradores. Isso autoriza concluir que a Biblioteca Pública da cidade deveria tornar-se, mas,
atuante no sentido de entender as necessidades informacionais das comunidades situadas
próximo a essa instituição. Tomando como base nesses estudos seus serviços,
desenvolvimento de coleções, e a estrutura física teriam um maior conhecimento por parte da
comunidade.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JUNIOR, Oswaldo Francisco de. Bibliotecas públicas e bibliotecas
alternativas. Londrina: Editora UEL, 1997.
ARAUJO, Carlos Alberto Ávila. Estudos de usuários conforme o paradigma social da
informação: desafios teóricos e práticos de pesquisa. Informação & Informação, Londrina,
v. 15, n. 2, p.23-39, jul/dez, 2010. Disponível em: <
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/index> Acesso em: 21 out. 2014.
CARVALHO, Fernanda Cordeiro de. Educação e estudos de usuários em bibliotecas
universitárias brasileiras: abordagem centrada nas competências em informação.
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ACESSIBILIDADE E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: o papel do gestor da
informação no processo de avaliação de repositório digital e sitio de museu
GT1 - Reflexões éticas: arquitetura da informação, competência/ética profissional
Modalidade: Artigo - Oral
SOUZA, Cristiane Gabriela Boesing de3
SANTANA, Marília Barreto de4
ALVES, Bruna Yasmin da Silva5
OLIVEIRA, Natália Amélia de6
CRAVO, Giovanna Moreira7
RESUMO
Na medida em que os ambientes digitais se desenvolvem houve um crescimento do volume de
informação, em contraponto a um esquecimento de deixá-la disponível e acessível ao maior
número de pessoas possível. O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância
do gestor da informação no processo de avaliação da acessibilidade e arquitetura da
informação em espaços com conhecimento específico de sua formação. Para tanto, faz-se o
reconhecimento dos conceitos da área e da avaliação de dois ambientes digitais, por meio das
ferramentas DaSilva (2014) e Hera (beta 2.1) e os critérios de avaliação da arquitetura da
informação. Como resultados foram identificados as falhas e a maior qualidade de um dos
ambientes em relação ao outro. Assim, espera-se reconhecer as características do gestor que
são essenciais para o desenvolvimento dessas avaliações.
Palavras-chave: Acessibilidade. Arquitetura da informação. Gestor da informação.
ABSTRACT
To the extent that digital environments are developed there was an increase of the
information volume, against an oversight makes it available and accessible to more people.
This study aims to demonstrate the importance of the information manager in the evaluation
process of accessibility and information architecture in spaces with specific knowledge of
their training. Therefore, it is the recognition of the concepts of area and the evaluation of
two digital environments, through DaSilva tools (2014) and Hera (beta 2.1) and the
evaluation criteria of the information architecture. As a result, it was identified faults and
most of the quality environments relative to each other. Thus, it is expected to recognize the
manager of the features that are essential for the development of these assessments.
Keywords: Accessibility. Information architecture. Manager information.
3
Graduanda em Gestão da Informação pela UFPR. E-mail: [email protected]
Graduanda em Gestão da Informação pela UFPE. E-mail: [email protected]
5
Graduanda em Gestão da Informação pela UFPE. E-mail: [email protected]
6
Graduanda em Gestão da Informação pela UFPE. E-mail: [email protected]
7
Graduanda em Gestão da Informação pela UFPR. E-mail: [email protected]
4
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1 INTRODUÇÃO
À medida que as tecnologias da informação e da comunicação se desenvolvem no
mundo, elas aumentam a proximidade entre as pessoas e as informações. Portanto, ter acesso
à informação é critério essencial na atualidade, sendo necessário que os sistemas de
informação digital estejam adequados à demanda e aptos a facilitar este acesso. A avaliação
da acessibilidade e da arquitetura da informação surge para fornecer diretrizes ao gestor da
informação de como estruturar e organizar a informação, para que os usuários satisfaçam suas
necessidades e para adaptar os sistemas ao usuário, a fim de dar mais comodidade e acesso a
todo o conteúdo disponível.
Da mesma forma os repositórios digitais se multiplicam consideravelmente,
existindo atualmente no mundo em torno de 12.301.750 repositórios, conforme representado
na Figura 1. Os museus, por sua vez, que apenas no Brasil somam 3.025, em sua maioria
possuem sítios. Assim, devido à grande quantidade de repositórios e sítios de museu,
identifica-se a importância de qualificar os ambientes digitais, a fim de evitar a exclusão
digital.
Originalmente, o ergonomista é o profissional formado para compreender a
interação do ser humano com outros elementos do ambiente e, portanto, está capacitado para
realizar avaliações de arquitetura, usabilidade e acessibilidade. Ainda assim, é importante
reconhecer que o profissional da informação (gestor da informação) tem uma visão mais
especializada para a execução desse tipo de análise em ambientes digitais, possuindo as
competências necessárias para o desenvolvimento destas funções, tornando a análise mais
objetiva e eficaz.
FIGURA 1 – MAPA DE REPOSITÓRIOS DIGITAIS NO MUNDO
FONTE: http://maps.repository66.org/
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância do gestor da
informação no processo de avaliação da acessibilidade e arquitetura da informação em
espaços com conhecimento especifico de sua formação. Como objetivo específico, espera-se
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identificar as falhas nestes processos através da avaliação executada por gestores da
informação em ambientes digitais, e assim reconhecer as competências necessárias para o
desenvolvimento dessa função.
2 O PAPEL DO GESTOR DA INFORMAÇÃO NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA
ACESSIBILIDADE E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO
Para que seja possível compreender a importância do gestor da informação para a
acessibilidade e a arquitetura da informação é necessário fazer uma breve revisão de
literatura, a fim de compreender os conceitos dos temas que serão abordados.
2.1 Acessibilidade e arquitetura da informação
A acessibilidade, segundo a cartilha de Modelo de Acessibilidade do
Departamento de Governo Eletrônico do Brasil, consiste em dar à maior variedade de pessoas
(independendo de suas capacidades físicas e motoras) acesso a produtos, serviços, locais e
informações, eliminando barreiras arquitetônicas.
Para Souza (2013, p. 8):
A acessibilidade significa não apenas permitir que pessoas com deficiências
participem de atividades que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas
a inclusão e extensão do uso desses por todas as parcelas presentes em uma
determinada população.
A acessibilidade é dividida pela Cartilha Técnica de Acessibilidade do governo
em três níveis de prioridade: na primeira, são as exigências básicas de acessibilidade; na
segunda, são as normas que garantem o acesso às informações do documento; e na terceira,
são as normas que facilitam o acesso aos documentos armazenados na Web.
Já a arquitetura da informação é considerada por Rosenfeld (1998) como “a arte e
a ciência de organizar, estruturar e categorizar a informação para torná–la mais fácil de
encontrar e de controlar”. Tendo quatros elementos como foco nos sistema: Organização,
navegação, rotulação e recuperação da informação (busca).
Rocha afirma que “dados disponíveis apontam que em 1998 cerca de três bilhões
de dólares deixaram de ser ganhos na Web norte-americana por causa de design mal feito de
páginas, que dificultava a compra em vez de facilitar”, demonstrando, a importância da
acessibilidade e da arquitetura da informação.
2.2 As competências do gestor da informação
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O item 2612 da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) refere-se aos
Profissionais de Informação como:
2612-05 - Bibliotecário - Bibliógrafo, Biblioteconomista, Cientista de informação,
Consultor de informação, Especialista de informação, Gerente de informação,
Gestor de informação;
2612-10 - Documentalista - Analista de documentação, Especialista de
documentação, Gerente de documentação, Supervisor de controle de processos
documentais, Supervisor de controle documental, Técnico de documentação,
Técnico em suporte de documentação;
2612-15 - Analista de informações - Pesquisador de informações de rede. * Negrito
(nome da profissão), Itálico (sinônimos). (CBO, 2002)
Zuanazzi (2007) afirma que apesar do gestor da informação ser colocado pela
CBO como sinônimo de bibliotecário, o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) não
reconhece os profissionais não “bacharéis em biblioteconomia”, tornando a classificação da
CBO um equívoco.
Tarapanoff et al. (2002, p.5) cita ainda o perfil dos gestores da informação como
profissionais emergentes, que são muito influenciados pelas tecnologias da informação e da
comunicação e pelas redes:
Os gestores da informação - são os “que mantêm sistemas de informação, sistemas
de apoio à decisão e operações similares, no setor público e privado”, entretanto,
segundo os autores, esses profissionais “nunca se viram como partícipes da mesma
profissão que os bibliotecários, arquivistas ou cientistas da informação”;
Assim, em um futuro próximo, os profissionais da informação terão uma ação
diferenciada dos bibliotecários e analistas de sistemas. A condensação, contextualização e o
conhecimento de como escolher os melhores estilos e meios para apresentação da informação
serão atividades desses profissionais, que agregarão valor às informações disponibilizadas aos
usuários e realizarão papéis diferentes nas organizações de diferentes portes. (DAVENPORT,
1998. p. 141 apud ZUANAZZI, 2007)
Em sua formação acadêmica, o gestor da informação aprende a utilizar
informações do design centrado no usuário, da visão da ciência da informação, conforme
proposto por Reis (2007 apud Dervin e Nilan, 1986), que consiste em alguns elementos como:
enxergar a informação como algo construído pelos seres humanos por meio de processos
cognitivos internos do indivíduo; identificar os usuários como seres ativos e construtores
constantes de significado para as informações que se deparam; permitir que os seres sejam
livres, mesmo que dentro das limitações dos sistemas, para inovar; procurar compreender a
forma que as pessoas estabelecem sentido e desenvolvem uma visão global de suas
experiências, direcionando-se ao usuário e compreendendo suas particularidades anteriores,
posteriores e no momento do uso da informação e da interação com o sistema; desenvolver
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questões na pesquisa que surgem a partir da visão dos usuários, dos motivos e da forma que
eles utilizam o sistema de informação; e usar técnicas qualitativas de pesquisa.
Wurman (1997) caracteriza o arquiteto de informação como o individuo que é
capaz de organizar padrões inerentes aos dados, tornando clara sua complexidade; é capaz de
criar estruturas ou desenhos de informações que permitam aos outros encontrarem seus
caminhos pessoais para o conhecimento; é também capaz de estabelecer princípios sistêmicos,
estruturais e ordenados para fazer algo funcionar. Todas estas atribuições são características
que se encaixam no perfil e nas competências do gestor da informação.
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa foi dividida em duas fases: levantamento e análise dos dados.
Na primeira fase, através de uma pesquisa bibliográfica foram reconhecidos os conceitos
envolvidos com o tema e os procedimentos para a realização da avaliação de acessibilidade e
arquitetura da informação. Na segunda fase, os conceitos foram aplicados em dois ambientes
e foram analisados os resultados.
As ferramentas de avaliação utilizadas são o DaSilva e o Hera. DaSilva é uma
ferramenta em língua portuguesa de avaliação de acessibilidade de sítios web que adota os
princípios W3C/WAI (WCAG1 e WCAG2) e do E-mag – desenvolvido pelo Governo
eletrônico Brasileiro. A ferramenta aponta erros e discrepâncias existentes no sítio avaliado. O
Hera também é uma ferramenta de avaliação de acessibilidade; em seu site existe a
informação de que a ferramenta realiza apenas uma avaliação prévia da acessibilidade,
indicando os erros, mas que é imprescindível uma verificação manual. Ambos os sistemas
utilizam as prioridades propostas na cartilha do E-mag do Governo.
Como amostragem definiu-se o ambiente que seria avaliado e testado a fim de
atingir os objetivos. Mais especificamente, fez-se a analise dos sítios do Museu Oscar
Niemeyer e da Biblioteca Digital do Tribunal Superior do Trabalho. Nestes sites foram
executadas, na página principal e em uma página secundária, uma avaliação de acessibilidade,
realizada a partir das ferramentas supracitadas, e discutidas sobre a ótica da arquitetura da
informação disponível.
O Museu Oscar Niemeyer (MON) é um espaço dedicado à exposição de Artes
Visuais, Arquitetura, Urbanismo e Design. Possui cerca de 35 mil metros quadrados de área
construída e mais de 17 mil metros quadrados de área expositiva, considerada a maior da
América Latina. O seu site contém informações sobre seu institucional, exposições,
informações sobre a visitação (incluindo horários, valores, normas, como chegar, mapas do
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museu, como fazer uma visita educativa para escolas e organizações, etc,) informações sobre
eventos no MON, entre outros. Além disso, o site dispõe de notícias, contato e um cadastro
para receber informações antecipadas de exposições, promoções e atividades culturais. No
presente trabalho, foram analisadas sua página inicial e a tela de cadastro.
O portal da Biblioteca Digital do Tribunal Superior do Trabalho (BDTST), dentre
outras coleções, disponibiliza os Atos normativos/administrativos e suas alterações,
publicados pelo Tribunal, Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e Escola
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT). Foi
idealizado visando reunir a legislação dispersa entre os vários links e homepages das diversas
unidades do TST, além de proporcionar o acesso da sociedade às publicações oficiais da
instituição. No presente trabalho foram consideradas as páginas Home e Acervos & Coleções.
4 RESULTADOS
Nessa seção serão apresentados os resultados da aplicação das ferramentas de
acessibilidade e a análise de arquitetura da informação realizada.
4.1 Acessibilidade
Os resultados obtidos com a aplicação das ferramentas de acessibilidade estão
representados na Tabela 1, e sua análise foi realizada com ênfase na Prioridade 1, visto que a
mesma consiste nas exigências básicas de acessibilidade.
Na avaliação de DaSilva, o problema mais ocorrente encontrado na Prioridade 1
foi em relação ao conteúdo não textual: “Todo o conteúdo não textual que é apresentado ao
usuário tem uma alternativa em texto que serve um propósito equivalente.” Este erro ocorre
nove vezes no site, pelo fato do site conter muitas imagens pra representar a informação. O
mesmo problema foi encontrado na avaliação do Hera, porém em menor quantidade.
TABELA 1 - AVALIAÇÃO DE ACESSIBILIDADE DO SÍTIO DO MON E DA BDTST
‘Quantidade de Erros / Prioridades
Página
Site do MON
Ferramentas
BDTST
1
2
3
1
2
3
Da Silva
10
9
-
92
12
1
Hera
1
4
3
2
9
4
Da Silva
4
1
-
77
10
-
Inicial
Secundária
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Hera
-
4
3
3
8
4
FONTE: As autoras
Os erros encontrados na página de cadastro do site do MON na avaliação da
Prioridade 1 de DaSilva são referentes ao checkbox, que necessita ser marcado para que o
usuário concorde em receber informações do site por email. Ao se referir ao erro, a ferramenta
dá as seguintes informações: “as informações, a estrutura e as relações transmitidas através de
apresentação podem ser determinadas de forma programática ou estão disponíveis no texto”;
“etiquetas ou instruções são fornecidas quando o conteúdo exigir a entrada de dados por parte
do usuário”; e “para todos os componentes de interface de usuário (incluindo, mas não se
limitando a: elementos de formulário, links e componentes gerados por scripts), o nome e a
função podem ser determinados de forma programática; os estados, as propriedades e os
valores que podem ser definidos pelo usuário podem ser definidos de forma programática; e a
notificação sobre alterações a estes itens está disponível para agentes de usuário, incluindo
tecnologias assistivas.”, ou seja, os três erros são relativos à apresentação, etiquetas e
instruções que não estão disponíveis para informar o significado da marcação daquele
checkbox. Na avaliação do Hera não foi encontrado nenhum erro na Prioridade 1.
Os resultados da BDTST, também representados na Tabela 1, são opostos aos
resultados do site do MON, que revelam poucos erros. Podem-se essa diferença pro meio do
Gráfico 1.
GRÁFICO 1 – ERROS DE ACESSIBILIDADE NA PÁGINA INICIAL DO SÍTIO DO
MON E BDTST
FONTE: As autoras
Dentre os erros de Prioridade 1 da página inicial da BDTST destacam-se as
ocorrências de falhas quanto à funcionalidade do conteúdo através de uma interface de
teclado, bem como os erros que se referem às informações, sua estrutura e apresentação,
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quanto à opção de ignorar blocos de conteúdos repetidos e os referentes à equivalência textual
para cada elemento não textual (imagens sem textos alternativos).
Por ser uma página de natureza semelhante à Home, na qual também não há
entrada de dados, a página secundária da BDTST, Acervo & Coleções, possui ocorrências de
falhas semelhantes. Percebem-se problemas em relação às informações, sua estrutura e
apresentação. Há disposição de mecanismos para ignorar blocos repetidos, a presença de
imagens sem textos alternativos, e nem todas as funcionalidades são operáveis pelo teclado.
Existem links que só são ativados por scripts, ao passo que nem todos os objetos
programáveis são compatíveis com a tecnologia de apoio.
4.2 Arquitetura da informação
Os resultados da avaliação de arquitetura da informação do sítio do MON e da
BDTST estão representados na Tabela 2. Vale considerar que o carregamento de ambos os
sítios foi rápido, porém, pode variar conforme a eficiência da internet utilizada para fazer a
avaliação.
Ao realizar uma avaliação geral do sítio do MON, identificam-se que os dados
estão dispostos por toda a página, mantendo sempre um padrão de margem, alguns elementos
fixos e um conjunto de cores definidas. A tela de cadastro é uma tela com poucas
informações, que torna mais fácil o entendimento da função da página. Ela é composta dos
elementos fixos do sítio, de um menu lateral esquerdo, e ao centro apenas o local para o
cadastro. Possui uma falha de não apresentar nenhuma mensagem de erro ao realizar
cadastros incorretos.
Em seu Sistema de Organização foi verificado que o sítio possui um esquema de
organização da informação ambíguo, ou seja, baseia-se na ambiguidade inerente da língua e
na subjetividade humana. O sítio está agrupado em uma classificação facetada, onde a barra
superior é categorizada por assunto e a barra inferior possui tarefas realizáveis, como por
exemplo, o contato e o cadastro. Já em uma barra na lateral direita, existe uma classificação
por tempo, mantendo as notícias mais recentes no topo do menu. Como elemento principal da
página inicial, são alternadas informações ao centro da tela sobre as exposições em cartaz no
museu.
Apesar das classificações aplicadas serem adequadas e permitirem um bom
funcionamento ao sítio, existe uma falha na barra de rodapé, que mistura assuntos diferentes
como tarefas, patrocínios e setores do Museu. É Considerada ideal a separação dos mesmos
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por suas classes. Para tal, não é necessária a retirada dos mesmos do rodapé, apenas a
diferenciação por cor ou a colocação de um espaço maior entre as classes.
TABELA 2 – AVALIAÇÃO DE ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO DO SÍTIO DO
MON E DA BSTST
Geral
Identificação
e Sistema de
Organização
Sistema de
Navegação
Sistema de
Rotulação
Sistema de
Busca
Site do MON
- Interface amigável
- Boa distribuição dos elementos.
- Esquema de organização ambíguo
- Conteúdo dividido por assuntos
- Classificação facetada:
*barra superior por assunto
*barra inferior por tarefas
*na tela de notícias, a barra lateral por tempo
- Barra de rodapé com diferentes assuntos
- Referencia de onde o usuário veio apenas
por manter em todas as páginas o acesso ao
link Home.
- Navegação global
- Navegação contextual
- Navegação social
- Site não fornece coloração diferenciada para
as páginas já visitadas.
- Não possui mapa do site ou índice
remissivo
- Referencia onde o usuário está a partir da
logotipo presente em todas suas subpáginas
- Os rótulos de ícones e menus, e as imagens
são adequados ao contexto e ao conteúdo.
- No rodapé, mistura de rótulos textuais e
rótulos visuais.
- Vocabulário claro e convencional.
- Não inclui termos técnicos e nem de áreas
específicas.
- Não possui sistema de busca,
BDTST
- Interface amigável
- Repetição de ícones desnecessária e ênfase
em conteúdos não essenciais. (o link do
Facebook aparece três vezes na página inical)
- Carregamento rápido das páginas
- Classificação facetada
- Informação apresentada por tipo de acervo,
por assunto (em ordem alfabética), por data,
título, entre outros.
- Os endereços (URL) das páginas não fazem
referência satisfatória ao seu conteúdo.
- A página inicial não possui título
- Não há o recurso “voltar”.
- Site não fornece coloração diferenciada para
as páginas já visitadas.
- Em seu sistema de navegação embutida
utiliza logotipo, menu local e bread crumb.
- Possibilidade de navegação contextual
- Não possui mapa do site ou índice
remissivo
- Possui uma variedade de rótulos adequados
a sua função, e outros que não condizem com
sua representação.
- Inclui alguns termos específicos da área
jurídica, porém, condizentes com o conteúdo
do sítio.
- O link “dicas de pesquisa” não condiz com
sua proposta.
- Possui busca simples ou avançada:
- Na busca avançada, possui as seguintes
opções: restringir o resultado a um acervo ou
coleção, filtrar campos, utilizar operadores
booleanos, escolher o número de resultados
por página, classificar os itens (por
relevância, data de inclusão, data de
publicação ou título), definir sua ordenação.
- Informa o número de resultados obtidos
- Informa a paginação dos resultados para
facilitar a navegação entre eles,
- Exibe os termos que foram recentemente
pesquisados no campo de busca
FONTE: Das Autoras
Nielsen (2000) propõe três perguntas básicas para um bom sistema de navegação:
“de onde vim?”, “onde estou” e “aonde posso ir?”, as quais são razoavelmente respondidas no
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sítio do MON que possui Navegação Global, Local e Contextual. A Navegação Contextual
acontece de forma assídua na página inicial, onde mostra tópicos específicos sobre as
exposições disponíveis naquela temporada do museu. Nas demais páginas o conteúdo é, em
maior parte, fixo. O sítio possui elementos de um Sistema de Navegação Embutido, composto
do Logotipo, barra de navegação global e menu local. Outrossim, permite interligar o
conteúdo a redes sociais, com a chamada navegação social.
É considerado pertinente que o Sistema de Navegação contenha Bread
Crumbers8, permitindo ao usuário compreender melhor os caminhos percorridos por ele.
Além disso, um mapa do site facilitaria ao usuário a assimilação sobre a estrutura hierárquica
do site e como se direcionar para as informações que está buscando.
Quanto à rotulação, os ícones mais utilizados são os que representam o Museu
Oscar Niemeyer, adicionados de uma imagem ou texto que revela para que categoria está
direcionado. Como por exemplo, o acesso ao MON Café é caracterizado pela nomenclatura
MON e uma xícara de café, sendo ícones claros e que não causam confusão ao usuário. Os
ícones de redes sociais e patrocinadores utilizam os padrões retirados dos sítios de origem.
Vale ressaltar que não há sistema de busca no site do MON. Para encontrar
notícias, é possível acessar a aba Notícia, que mostra o Arquivo de notícias do sítio apenas em
ordem cronológica. Apesar de ser uma estrutura organizada e clara, não permite filtros,
dificultando a busca.
O sítio do BDTST, por sua vez, apesar de possuir uma organização facetada,
segue uma lógica pela qual seus principais usuários (advindos da área jurídica) já estão
familiarizados, tendo em vista o tipo de conteúdo que ele disponibiliza. Porém ele não oferece
caminhos alternativos para que o usuário encontre o conteúdo desejado (Mapa do Site ou
Índice Remissivo). Na opção Visualizar, a categoria Atos Normativos se refere não apenas à
disponibilização dos atos, mas a 43 diferentes espécies de normas. Essa nomenclatura pode
confundir o usuário ou impulsioná-lo a desperdiçar seu tempo procurando dentre arquivos que
não são especificamente um ato.
Na rotulação, é possível perceber que o portal utiliza alguns ícones que
decodificam a informação apropriadamente, como: a lupa ao lado do campo de pesquisa, o
desenho de um usuário na caixa de login, uma casa para indicar a página inicial e uma carta
para indicar a opção de email. No entanto, existem também elementos que não são intuitivos e
Também conhecido como “migalhas de pão” ou “trilha de migalhas de pão”, em alusão à história de João e
Maria, é um tipo de esquema de navegação auxiliar que revela a localização do usuário em um site ou aplicação
web."
8
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profissional temos e qual queremos ser?
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condizentes com a lógica, por exemplo: ao lado da opção “visualizar” há um ícone que remete
à hierarquia, mas as informações não estão distribuídas dessa forma; o botão Like do
Facebook na verdade abre uma caixa com opções de interação com diversas redes; a seta
indicada para o lado esquerdo não significa voltar, mas sim acessar o campo de login.
Apesar de possuir um bom sistema de busca, é pertinente realizar a correção do
link “dicas de pesquisa”, que não condiz com sua proposta, pois na verdade o mesmo
redireciona para a página de ajuda, que possui conteúdo mais abrangente. Além disso, seria
interessante que o portal sugerisse novos termos a partir dos previamente pesquisados pelo
usuário.
5 CONCLUSÃO
Ao realizar a análise da acessibilidade e da arquitetura da informação nos dois
ambientes selecionados foi possível perceber a responsabilidade do Gestor da Informação em
identificar as necessidades do usuário, os tipos de documentos, objetos e estruturas existentes,
e mesclar com os objetivos, exigências e expectativas da organização para o eficaz
desenvolvimento da Arquitetura da Informação.
As características de um arquiteto da informação propostas por Wurman (1997) se
enquadram nas qualificações desenvolvidas pelo gestor da informação em sua formação.
Assim, no ambiente digital, o gestor da informação se torna mais eficiente que o ergonomista,
por possuir conhecimento especializado para avaliação deste local. Vale ainda ressaltar que as
mais diversas profissões podem contribuir para uma melhora na arquitetura da informação, e
que o gestor da informação é o profissional mais capacitado para fazer o direcionamento aos
objetivos do cliente.
REFERÊNCIAS
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<http://goo.gl/nnlcts>Acesso em: 04 jul. 2014
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Disponível em: <https://goo.gl/uTclH1 > Acesso em: 10 dez . 2014
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jul. 2014
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Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes/USP, 2007. 250 p
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2007. 81 f. TCC (Graduação) - Curso de Gestão da Informação, Departamento de Ciência e
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BIBLIOTECONOMIA E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: Uma linha tênue entre
duas ciências e a contribuição das 5 leis de Ranganathan
GT 1, modalidade oral (artigo)
LEITE, Catherine E. Lobato9
FERNANDES, Maria Cecília da Silva10
RESUMO
O presente artigo tem como principal objetivo evidenciar as relações existentes entre as
ciências Biblioteconomia e Arquitetura da Informação (AI) a partir de suas semelhanças.
Salienta-se a contribuição das cinco leis da Biblioteconomia escritas por Ranganathan que
acrescentam muito na Arquitetura da Informação, pois servem de suporte teórico para o seu
trabalho. Esta pesquisa também apresenta conceitos, objetivos e a importância do status de
ciência que a Arquitetura da Informação conquistou e como as cinco leis da Biblioteconomia
escritas por Ranganathan vieram a contribuir para a concretização desta ciência, sendo a
própria considerada também uma versão mais moderna das cinco leis. Esta pesquisa é um
estudo exploratório realizado a partir do método de revisão de literatura. Este estudo priorizou
a busca por informações, a análise das mesmas e a definição do campo da Arquitetura da
Informação. A pesquisa obteve como resultado a compreensão que a Biblioteconomia e a
Arquitetura da Informação são ciências complementares por possuírem o mesmo objetivo,
que as cinco leis da Biblioteconomia servem de pilar para AI nos processos de busca e
recuperação de informações.
Palavras-chave: Biblioteconomia. Arquitetura da
Biblioteconomia. Ranganathan.
Informação.
As
cinco leis
da
ABSTRACT
This article aims to highlight the relationship between the sciences Library Science and
Information Architecture (IA) from their similarities. It highlights the contribution of the five
laws of Library Science written by Ranganathan that add much in the Information
Architecture as they provide a theoretical basis for their work. This reserach also presents
concepts, objectives and the importance of science status that the Information Architecture
won and how the five laws of Library Science written by Ranganathan can contribute to the
achievement of this science, also considered a modern version of the five laws. This research
is an exploratory study from the literature review method. This study prioritized the search
for information, the evaluations and the definition of the field of Information Architecture.
Search found as a result the understanding that the Library and Information Architecture are
complementary sciences because they have the same goal, the five laws of Library Science
serve as a pillar for IA in the search process and information retrieval.
Keywords: Library Science. Information Architecture. The five laws of Library Science.
Ranganathan.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem como foco apresentar o profissional bibliotecário e a sua
possibilidade de atuação no processo de Arquitetura da Informação. A interação entre as duas
9
Graduanda em Bacharelado em Biblioteconomia pela UNIRIO. E-mail: [email protected]
Graduanda em Bacharelado em Biblioteconomia pela UNIRIO. E-mail: [email protected]
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áreas – Biblioteconomia e Arquitetura da Informação – é analisada e proposta sobre o ponto
de vista das cinco leis da Biblioteconomia, propostas por Ranganathan.
A elaboração de sites, seja para navegar em computadores pessoais, tablets ou
smartphones é um desafio aos profissionais que lidam com a informação. Estes profissionais,
sobretudo os bibliotecários, devem atuar em parceria com os profissionais ligados à
informática para que o processo atinja melhor resultado.
Nesse contexto, surgiu a ideia de buscar como o bibliotecário pode colaborar com
a Arquitetura da Informação. As duas áreas se completam em diversas habilidades. Trabalhar
com hierarquia, categorização, fluxo da informação, facilidade de uso e acesso à informação
são atividades que estão relacionadas ao trabalho do bibliotecário e também da Arquitetura da
Informação, assim como o processo focado no usuário focado no usuário, o que o torna as
duas ciências ainda mais próximas.
As cinco leis da Biblioteconomia são utilizadas para justificar a proximidade e as
semelhanças entre as duas ciências, traçando um paralelo entre elas sugerindo evolução de
acordo com os anos.
A revisão de literatura foi escolhida como metodologia a fim de realizar um
estudo exploratório sobre a área em prol do levantamento de conceitos, analisá-los e, por fim
apontar as semelhanças e ampliação do mercado biblioteconômico.
2 ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO: origem, conceitos, estruturação, objetivos e o
seu status de ciência
Neste tópico serão abordados e comparados conceitos da Arquitetura da
Informação, seus objetivos e o porquê de ser considerada ciência.
Com o surgimento, crescimento e maceração da internet, a informação tornou-se
essencial para a sociedade contemporânea. Apesar de sua importância, a internet não oferece
informação tratada e selecionada para os usuários. É tamanha a quantidade de informações
irrelevantes que ela nos despeja que contradiz a proposta de Agner (2009), sobre o fato de que
mais informações deveriam representar mais oportunidades para compreensão do mundo.
Segundo Almeida e Souza (2011), essas informações despejadas nos dias atuais desafiam os
profissionais da informação no que diz respeito ao armazenamento e ao tratamento da
informação.
A Arquitetura da Informação surgiu como proposta a organizar as informações e
apresentar aos usuários aquilo que está de acordo com suas necessidades.
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Segundo Paiva (2014), a Arquitetura da Informação surgiu mais precisamente na
década de 70, através da expressão criada pelo arquiteto Richard Saul Wurman. Wurman
queria descrever através deste termo como construções, transportes e trabalhadores poderiam
interagir entre si em um ambiente urbano. Ele tinha o interesse de reunir, organizar e
apresentar informações para o público das organizações. Mais a frente, na década de 90,
Wurman lançou um livro que levantava a questão da não informação frente ao acúmulo de
dados, que chamava de “ansiedade de informação”. O desafio era transformar toda essa
avalanche de dados em compreensão.
Para Wurman (1991), o arquiteto da informação, dentre outras atribuições, deveria
se preocupar, principalmente, em tornar informações complexas em claras, de forma
disponível a quem precise.
Após o sucesso de Wurman, a dupla de bibliotecários Louis Rosenfeld e Peter
Morville publicou, em 1998, o livro “Information Architecture for the World Wide Web” –
livro famoso conhecido como “livro do urso polar”. O livro foi pensando, além de divulgar a
Arquitetura da Informação, como uma maneira de fomentar as práticas da Biblioteconomia
para fora dos ambientes das bibliotecas. Segundo Paiva (2012), no livro deles a arquitetura da
informação é descrita como a combinação dos esquemas de organização, de rotulagem, de
pesquisa e navegação dentro de sites. Além disso, a Arquitetura da Informação, para eles, visa
atender a três elementos: usuários ou utilizadores, conteúdo e contexto. A Arquitetura da
Informação seria, então, a arte e a ciência de organizar informações para auxiliar os
indivíduos a satisfazerem as suas necessidades informacionais (EWING; MAGNUSON;
SHANG apud PAIVA, 2012).
Assim, com o desenvolvimento constante dos aportes tecnológicos e a evolução
das maneiras de disseminar a informação no meio digital, a expressão Arquitetura da
Informação adquiriu de vez seu espaço na web. Da mesma forma que Wurman utilizou
inicialmente a AI para descrever as interações organizacionais, e posteriormente para
organizar e difundir informações a qualquer tipo de público, hoje o arquiteto da informação
baseia suas atividades na organização e apresentação da informação através de uma boa
estrutura de navegação para obter êxito.
Segundo Silva et al (2011), na terceira edição do referido livro de Rosenfeld e
Morville11, os autores apresentam diversas definições para AI, e informam não apresentar
uma definição única pois as pessoas têm diferentes opiniões sobre o design de websites,
A terceira edição do livro “Information Architecture for the World Wide Web” de Louis Rosenfeld e Peter
Morville foi publicada em 2006 pela editora O’Reilly Media.
11
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opiniões estas, que dependem de vários fatores, que vão desde a formação acadêmica e
profissional até questões culturais.
Em contrapartida, alguns autores fornecem suas contribuições, buscando definir a
AI. Straioto (2002, p. 20, apud, LAZZARIN et al, 2012, p. 237), por exemplo, interpretou a
Arquitetura da Informação como aquela que refere-se ao desenho da estrutura das
informações: como textos, imagens e sons são apresentados na tela do computador, a
classificação dessas informações em agrupamentos de acordo com os objetivos do site e das
necessidades do usuário, bem como a construção da estrutura de navegação e de busca de
informações, isto é, os caminhos que o usuário poderá percorrer para chegar até a informação.
Chiou também conceitua AI, e a analisa como “a arte de criar um conjunto de projetos para a
informação, projetos estes relacionados com produtos e construídos por designers e
programadores” (CHIOU, 2003, p. 1, apud SILVA et al, 2011, p. 14).
A arquitetura da informação representa a maneira pela qual a informação é
categorizada e classificada, armazenada, acessada e exibida determinando, assim, as
formas como o usuário poderá encontrar a informação que necessita. A arquitetura
da informação é a planta, o mapa para a organização virtual da informação,
incluindo as formas como o usuário navegará e acessará a informação. (TOMS;
BLADES, 1999, p. 247 apud CAMARGO, 2004, p. 30, apud FERREIRA;
VECHIATO; VIDOTTI, 2008, p. 117)
Camargo e Vidotti (2006, p. 106, apud PAIVA, 2012, p. 5) comentam que a AI é
“uma estrutura ou mapa de informação que permite que as pessoas e/ou usuários encontrem
seus caminhos pessoais para o conhecimento”.
A Arquitetura da Informação é vista, então, “como uma importante
metadisciplina, preocupada com o projeto, a implementação e a manutenção de espaços
informacionais digitais para o acesso humano, a navegação e o uso” (AGNER, 2009, p. 89).
Complementando esta linha de raciocínio, Rodrigues (2006) afirma que “a
Arquitetura da Informação [...] é a tarefa de estruturar e distribuir as áreas, principais e
secundárias, tornando as informações facilmente identificáveis, sua distribuição bem definida
e, a navegação, intuitiva” (RODRIGUES, 2006, p. 97).
Por conseguinte, a partir dessas definições, entende-se que a Arquitetura da
Informação tem como foco principal atender os anseios informacionais dos usuários
ajudando-os a encontrarem as informações que desejam. Conforme Ferreira, Vechiato e
Vidotti (2008), o usuário possui atenção especial no processo da AI, já que o desenvolvimento
do site é voltado para sua utilização. Além disso, segundo esses pesquisadores, vale lembrar
que os sites permitem a integração efetiva do usuário no processo de seleção, busca, acesso,
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criação e recuperação das informações em uma navegação hipertextual, de acordo com seu
processo de aquisição de conhecimento.
O processo da Arquitetura da Informação e toda a estruturação de um site são
extremamente complexos, uma vez que não se estrutura um site para si mesmo, e sim para
clientes que pensam completamente diferente um dos outros, do arquiteto propriamente dito e
que embora os usuários apresentem muitas vezes necessidades iguais, reagem e interpretam
de formas distintas quando obtém a informação.
O processo de Arquitetura da Informação, de acordo com Rosenfeld e Morville
(1998), é composto pelas seguintes sistemáticas: sistemas de organização, de rotulagem, de
pesquisa e navegação dentro de sites, sendo que todas essas categorias reúnem elementos de
interação do usuário com a informação apresentada pelo site. Segundo eles, esses sistemas são
“a cola que une um website e permite que ele evolua sem problemas” (ROSENFELD;
MORVILLE, 1998, p. 13, tradução nossa).
O sistema de organização, primeiro apresentado na obra de Rosenfeld e Morville,
é o que “agrupa e categoriza o conteúdo informacional e origina-se na ideia de que é
necessário organizar o espaço em que a informação está inserida para assim recuperá-la”
(SILVA et al, 2011, p, 14). Nesta etapa, a heterogeneidade, a ambiguidade e as diferenças de
perspectiva requerem atenção da equipe de Arquitetura da Informação (SILVA et al, 2011). É
preciso também tomar cuidado com os perfis de usuários pois, conforme Reis (2007, apud
SILVA et al, 2011), quanto mais perfis mais complexo será elaborar os sistemas. “Nesta etapa
destaca-se a importância de criar uma interface agradável, que proporcione prazer aos
usuários, fazendo com que eles se sintam bem ao utilizar o website” (SILVA et al, 2011, p.
16).
O sistema de navegação, para Agner (2009), especifica formas de se mover
através do espaço informacional. Complementando esta definição, pode-se dizer que são
usadas ferramentas que auxiliam o usuário de um determinado site a localizar-se em meio às
diversas informações disponíveis nele, possibilitando ao usuário sabe onde ele está e para
onde pode ir dentro da página (SILVA et al, 2011).
Rosenfeld e Morville (1998) comentam que enquanto um esquema de organização
bem concebido irá reduzir a probabilidade que os usuários se sintam perdidos, um sistema de
navegação complementar é muitas vezes necessário para fornecer o contexto e
permitir uma maior flexibilidade de movimento dentro do site.
Outra sistemática, sobre rotulação, define os signos verbais e visuais para cada
elemento informativo e de suporte à navegação do usuário (AGNER, 2009).
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Segundo Reis (2007, p. 99, apud SILVA et al, 2011, p. 17), “um rótulo é um
símbolo linguístico utilizado para representar um conceito”. A partir disso, compreende-se
melhor a definição de Sá (2013) sobre este sistema quando ela afirma que ele estabelece as
formas de apresentação e de representação, da informação definindo rótulos para cada
elemento informativo.
Para Rosenfeld e Morville (2006, apud SILVA et al, 2011), etiquetar é uma forma
de representação, assim, a meta de um rótulo é comunicar eficazmente uma informação,
carregando significado sem levar muito do espaço de uma página. Os rótulos normalmente
são “representados por links textuais através do uso de palavras, ou por links não-textuais
quando formado principalmente por ícones ou imagens que representam conceitos” (SILVA
et al, 2011, p. 18).
A última sistemática apresentada, sobre a busca, determina as perguntas que o
usuário pode fazer e o conjunto de respostas que irá obter no banco de dados (AGNER, 2009;
SÁ, 2013). Vidotti e Sanches (2004, apud SILVA et al, 2011) afirmam que o sistema de
busca permite ao usuário formular expressões de busca a fim de recuperar a informação
desejada.
Apesar de possuírem regras próprias, Sá convalida a opinião de Rosenfeld e
Morville e afirma que “na prática, esses quatro sistemas estão tão intrinsecamente conectados
que as regras de qualquer um sempre afetam os demais. O arquiteto precisa estar sempre
atento às interdependências desses sistemas” (SÁ, 2013, p.8).
Segundo (PAIVA, 2014 apud MORVILLE, 1998) [...] a Arquitetura da
Informação serve para facilitar a realização de tarefas e o acesso intuitivo a contextos e
conteúdos virtuais. PAIVA (2014) ainda salienta os objetivos da Arquitetura da Informação.
São eles:
a) Planejar a estrutura da interface de uma página na web;
b) Definir a forma e as possibilidades de interação da interface;
c) Permitir o acesso otimizando a informação por parte dos utilizadores;
d) Permitir a anulação das ambiguidades na utilização da interface.
A partir de seus objetivos, a AI consequentemente se encontra centrada em
projetar estruturalmente um site onde seu objetivo central é disponibilizar informações que
sejam facilmente visualizadas. Entretanto, para que sejam facilmente visualizadas e o mais
importante, entendidas, essas informações precisam ser classificadas através da criação de
categorias. Categorias essas que serão superiores aos assuntos que se enquadram nela em uma
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espécie de hierarquia. Classificando os assuntos desta forma, a fim de que possam ser
disponibilizados e entendidos, é que a Arquitetura da Informação recebe o status de ciência.
É importante enfatizar que como em qualquer outra ciência, é de suma relevância
elucidar que a Arquitetura da informação é uma ciência interdisciplinar e carrega isso como
uma de suas principais características. Ela se conecta a diversas áreas do conhecimento para
sua construção a fim de satisfazer o usuário.
No diagrama a seguir, observa-se a conexão da Arquitetura da Informação com as
demais disciplinas comprovando a sua interdisciplinaridade. Essa conexão tem como objetivo
auxiliar a AI no apoio as suas teorias e modelos próprios. A Arquitetura da Informação neste
desenho encontra-se em lugar de destaque, como um elo de comunicação entre esses
diferentes campos do conhecimento.
IMAGEM 1: Diagrama da Arquitetura da Informação e suas disciplinas.
Fonte: Paiva, 2014
O que se deve pensar ao ver este desenho é que a arquitetura da informação é o
elo entre as ciências e essas conexões serão de suma importância para melhor solucionar o
problema informacional em websites. Essa ligação é de suma importância tanto para a criação
como para a manutenção de um site que tem como principal objetivo informar.
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Nota-se então, uma linha tênue entre a Arquitetura da Informação e a
Biblioteconomia, visto que são duas ciências que tem como objetivo principal atender da
melhor forma possível o seu usuário e trabalhar com a organização de informações focada na
ágil recuperação. Apesar de atual, a Arquitetura da Informação é fortemente fundamentada
em conceitos e regras da Biblioteconomia elaboradas há muito tempo, mas que possuem
interpretações e adaptações extremamente atuais, uma vez que a necessidade não muda, e sim
o suporte. Dentro de tantas semelhanças, podemos citar as cinco leis da Biblioteconomia,
elaboradas por Ranganathan, como uma das possíveis justificativas para o sucesso da ciência
Arquitetura da Informação.
As cinco leis da Biblioteconomia foram propostas por Shiyali Ramamrita
Ranganathan, bibliotecário indiano, em 1931. Seu livro, As Cinco Leis da Biblioteconomia, é
considerado clássico na área porque, conforme edição de Antônio Agenor Briquet de Lemos 12
permanece atual, trazendo lições sempre úteis mesmo quando a tecnologia da informação dá a
impressão de os bibliotecários de hoje estarem muito à frente do mundo de Ranganathan.
Além disso, apesar da distância geográfica e cultural, suas palavras encontram ressonância e
parece refletir a realidade de nossas bibliotecas e a visão de muitas de nossas autoridades.
As cinco leis passaram por modernizações, mas são eternizadas frente à
necessidade informacional que é sempre latente, atual e universal.
3 AS CINCO LEIS DA BIBLIOTECONOMIA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A
ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO
A informação sempre significou poder, estar à frente e status e a biblioteca era e ainda
é considerada um dos locais onde se dissemina a informação.
Muito antes do termo Arquitetura da Informação ser criado, o bibliotecário indiano
Ranganathan propôs cinco leis relacionadas como papel das bibliotecas e as suas atividades.
São elas, em ordem: os livros são para uso; para cada leitor o seu livro; para cada livro o seu
leitor; poupe o tempo do leitor; a biblioteca é um organismo em crescimento.
Abaixo segue uma breve explicação de cada lei e o que cada uma representava de
acordo com concepções de Ranganathan:
1a Lei - Os livros são para uso: nesta primeira lei, são discutidas questões
importantes sobre a democratização da informação, onde a instituição biblioteca entende que
sua existência depende unicamente do interesse do usuário em utilizá-la para sanar suas
12
Informações retiradas da apresentação feita por Antonio Agenor Briquet de Lemos, nas páginas 14 e 15 do
livro: RANGANATHAN, S. R. As Cinco Leis da Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.
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dúvidas, fazer descobertas e por consequência disseminá-las. A biblioteca então terá a função
de organizar, tratar, preservar e disseminar as informações a fim de que gerações futuras
possam ter acesso a esses registros. Cabe também salientar a importância do trabalho
biblioteconômico e o perfil dinâmico que o bibliotecário necessita ter diante do caos
informacional. Além disso, Ranganathan priorizava a criação de políticas e mecanismos para
levar a informação para aqueles que não têm a oportunidade de por si só chegar até a
informação. Isso seria a democratização da informação;
2ª Lei - Para cada leitor o seu livro: Aqui a instituição biblioteca teria como centro
de seu trabalho o servir ao usuário não importando raça, credo, sexo ou poder aquisitivo.
Ranganathan através desta lei afirmava que todo individuo tinha direito ao acesso ao livro e
por consequência ao conhecimento;
3ª Lei - Para cada livro o seu leitor: Aqui o livro para Ranganathan tem a função
de ser um transporte de comunicação. Os livros nesta lei são específicos a cada tipo de leitor e
o bibliotecário será o mediador da informação, portanto, o responsável a transmitir de forma
adequada ao usuário a informação correta. Para tanto, os livros deveriam estar catalogados
corretamente e disponíveis de forma atrativa. Segundo Figueiredo (1992), esta lei nos leva a
pensar em questões de acesso livre, arranjo coerente nas estantes e um bom serviço de
referência. E o mais importante: o ponto chave desta lei é a individualidade de cada usuário.
4ª Lei - Poupe o tempo do leitor: Talvez a lei mais fácil de ser entendida, a quarta
lei nos leva a refletir automaticamente o tempo de trabalho do bibliotecário perante o usuário.
Além de dinâmico, o bibliotecário precisa ser ágil. O acervo deve estar devidamente
catalogado e organizado a fim de uma rápida recuperação. Talvez Ranganathan já soubesse,
ainda que muito precocemente, como seriam os tempos atuais e já afirmava que o profissional
bibliotecário não deveria ser somente um repassador de informação e sim um inventor
constante de formas de recuperação de informação mais eficazes do que as que utilizavam.
Em curtas palavras, um trabalho rápido e eficiente.
5ª Lei - A biblioteca é um organismo em crescimento: A última lei de
Ranganathan aborda a importância e a necessidade da renovação constante do serviço
biblioteconômico. A biblioteca é depositária do conhecimento humano, portanto uma
organização em constante crescimento devido à produção infinita de conhecimento.
Mas porque as cinco leis de Ranganathan? No que elas seriam úteis para a
Arquitetura da Informação? É muito simples.
A explicação para a citação de Ranganathan neste trabalho é baseada na sua
colaboração para a arquitetura da informação. Em 2004, Alireza Noruzi publicou um livro,
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“Application of Ranganathan Law’s to the web”, onde apresenta relações entre as cinco leis
da Biblioteconomia e a Arquitetura da Informação. A relação entre as duas áreas é baseada no
fato de que tanto os bibliotecários como os arquitetos da informação trabalham com
informação, fazem buscas em diversos recursos, apresentam informações relevantes e
necessárias e, principalmente, analisam e baseiam suas atividades de acordo com os seus
usuários.
Para Noruzi (apud PAIVA, 2012), a Arquitetura da Informação é um exemplo
prático e moderno das cinco leis da Biblioteconomia, propostas por Ranganathan. Mesmo
com suas simplicidades, é possível realizar uma análise mais profunda das leis e estabelecer
relações entre esses campos.
Paiva (2012) apresenta um quadro da conversão das leis de Ranganathan para a
web, e propõe uma combinação entre as “leis”.
Quadro 1 - Comparação das Leis da Biblioteconomia com as Leis da Web.
Leis da Biblioteconomia
Leis da Web
Livros são para uso.
Recursos web são para uso.
Para leitor, seu livro.
Para cada usuário, seu recurso web.
Para cada livro, seu leitor.
Para cada recurso web, seu usuário.
Poupe o tempo do leitor.
Poupe o tempo do usuário.
A biblioteca é um organismo em
A web é um organismo em crescimento.
crescimento.
Fonte: PAIVA, 2012; adaptado de Noruzi, 2004.
Através do quadro, podemos observar que, apesar as cinco leis da biblioteconomia
parecerem simples e voltadas para o ambiente das bibliotecas, é possível haver uma análise
visando atentar para suas transformações no ambiente web, que é o campo de trabalho da
arquitetura da informação.
De acordo com José Espantoso (2000), os sites normalmente são projetados a
partir de diversos elementos relacionados com a apresentação visual que é, em muitos casos,
confusa, e prejudica a compreensão, já que não fornece informações suficientes para a
orientação do usuário. Acreditamos que, neste caso, a apresentação seja confusa devido ao
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trabalho único do web designer na construção do web site. “A apresentação da informação é
um dos principais fatores na concepção de um sítio. Ela deve ser simples e coerente com o
assunto e a audiência.” (ESPANTOSO, 2000, p.3). A informação, além de ser clara, deve
estar de acordo com o usuário do site (remete às ideias das segunda e terceira leis propostas
por Ranganathan), procurando não haver “barreiras” para que este a encontre (poupando o
tempo do usuário – quarta lei).
Portanto, é possível interpretarmos a Arquitetura da Informação com base na
Biblioteconomia e verificarmos influências entre as áreas.
4 CONCLUSÃO
Com este estudo, pode-se observar que a Arquitetura da Informação é resultado
do caos informacional e do surgimento constante de novas tecnologias de informação e
comunicação (TICs). Além disso, ciências mais antigas que possuem o mesmo objetivo final
também contribuíram para sua fundamentação teórica, que é o caso da Biblioteconomia.
Como mencionado mais acima, a Biblioteconomia e a Arquitetura da Informação
são ciências que se complementam e têm como centro de seus processos o bem-estar do
usuário. Assim como a Biblioteconomia, a AI está fortemente preocupada em viabilizar
mecanismos para a promoção do entendimento dos perfis e necessidades dos usuários, além
de fornecer ferramentas de trabalho cada vez mais inovadoras e eficientes que possam
melhorar o serviço.
A partir deste artigo, conseguimos entender que a Arquitetura da Informação
eficaz torna usuários comuns em cibercidadãos e os transporta para a realidade digital de
forma simples, fazendo com que buscas, navegação e recuperação de informações em
websites seja algo rotineiro e não complexo como na maioria dos casos. É justamente nesse
ponto que as cinco leis de Ranganthan se encaixam.
Ranganathan ao escrever as cinco leis da Biblioteconomia tinha uma preocupação
extrema com o bem-estar do usuário na biblioteca. Era seu desejo que o usuário se sentisse
bem atendido e que suas dúvidas fossem sanadas. Para Ranganathan, a busca e a recuperação
da informação deveriam ser processos simples. O mesmo acontece na Arquitetura da
Informação. O usuário deve encontrar rapidamente a informação e interpretá-la da forma
correta.
Por fim, afirma-se que existe uma linha tênue entre a Biblioteconomia e a
Arquitetura da Informação, uma vez que as duas ciências são complementares e possuem o
mesmo objetivo: atender o usuário de forma eficaz e eficiente. Já as cinco leis da
Biblioteconomia são extremamente atuais e muito colabora para o todo o trabalho de
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arquitetura de informação de websites, pois são princípios atuais fixados na necessidade de
busca e recuperação de informação.
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GT 2
FORMAÇÃO POLÍTICA E A DISCUSSÃO DE
GÊNERO
.
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CENSURA NO BRASIL: um levantamento histórico sobre as consequências dessa
política para as práticas de leitura
GT 2 modalidade oral
FERREIRA, Brenda ¹
LOPES, Fabiana ²
RESUMO
Censura no Brasil: um levantamento histórico dessa política para as práticas de leitura. Tem
por objetivo refletir sobre a política da censura no decorrer da história e verificar as
consequências para as práticas de leitura na sociedade brasileira. Caracterizou-se como
pesquisa bibliográfica, constituída principalmente de livros e artigos científicos. O tema da
pesquisa foi feito do modo qualitativo dentro de uma visão sobre a censura no Brasil e a ação
da mesma na vida dos leitores. A censura no decorrer dos anos tem sido mecanismo de
repressão tornando-se um instrumento nas mãos das autoridades que embora após sua
abolição de fato ainda permanece presente no meio da sociedade apresentando-se não mais
explicitamente mais de forma mais sutil e discreta.
Palavras-chave: Censura. Sociedade brasileira. Liberdade de expressão.
ABSTRACT
Censorship in Brazil: a historical survey of the policy to practices reading. Has at reflection
on the politics of censorship throughout history and check the consequences for reading
practices in Brazilian society. Characterized as literature, consisting mainly of books and
scientific articles. The theme of the research was done in a qualitative way within a vision
about censorship in Brazil and in the same action in the lives of readers. A censorship over
the years has been repression mechanism becoming an instrument in the hands of the
authorities after that though its abolition remains present in the midst of society no longer
presenting itself more explicitly in a more subtle and discreet.
Keywords: Censorship. Brazilian society. Freedom of expression.
1 INTRODUÇÃO
Censura é o uso pelo estado ou grupo de poder, no sentido de controlar e impedir a
liberdade de expressão. A censura criminaliza certas ações de comunicação, ou até a tentativa
de exercer essa comunicação. No sentido moderno, a censura consiste em qualquer tentativa
de suprimir informação, opiniões e até formas de expressão, como certas facetas da arte. No
âmbito do presente trabalho, interessa apenas verificar um dos meios de restrição: a censura,
que, por sua vez, constitui o mais severo meio de restrição à liberdade de expressão.
_________________________
1
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected]
² Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected]
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Vale ressaltar que a censura vem sendo, ao longo dos séculos, o meio de restrição mais
constantemente utilizado pelo Estado. Descreve uma restrição que extingui completamente a
manifestação do pensamento e que vem sendo imposta tanto pelo poder executivo quanto pelo
poder judiciário. Trata-se de um acontecimento histórico, desta forma iremos conduzir cada
seção em um corte cronológico tendo como base principal os séculos XVIII e XIX.
O estudo histórico sobre as consequências que a política censória trouxe para a
sociedade brasileira deixou marcas, nas quais o país luta para cicatrizar. Obras e periódicos
foram vetados como forma a impedir os movimentos revolucionários, atrasando assim o
processo de democratização da liberdade de expressão no Brasil. A observação dos dados
deu-se através do procedimento de circulação das obras desde sua entrada no Brasil até a
contemplação do leitor, processo burocrático e muito rigoroso, que demandava tempo e
esforço redobrado para a liberação dos documentos.
O controle da censura
[...] quase sempre imposta por ações políticas e religiosas se conjugava na tentativa
de exercer sobre a sociedade moderna uma força que se compunha às perspectivas
dos homens do iluminismo, cujas ideias acerca do livro e de sua difusão eram vistas
como meio de igualdade e de rejeição à ignorância das classes sociais. (BRAGA,
2012, p. 3).
Dentro destas reflexões a censura tomou para si poder político e religioso e por muito
tempo assombrou a sociedade com sua imposição e intolerância. Como perspectiva histórica
tratou-se as lutas travadas pela sociedade em busca da democracia e liberdade de expressão.
2 O PODER POLÍTICO DA IGREJA
Em um período onde a igreja exercia papel político de total controle sobre a sociedade,
a igreja impõe a inquisição que se tratava de um tribunal católico utilizado para averiguar
heresias, feitiçaria, bigamia, sodomia e apostasia, foi instruída em Portugal por volta de 1536.
Através de uma lista de livros proibidos que se opusesse a doutrina católica e por fim prevenir
a corrupção dos fiéis, foi estabelecida a censura literária.
Entre as obras de cientistas e filósofos censurados pela igreja estão: Galileu Galilei,
Nicolau Copérnico, Thomas Hobbes René Descartes, Rousseau etc. Dentre os romancistas e
poetas estão: Alexandre Dumas, Voltaire, Daniel Defoe, Honoré de Balzac, Jean-Paul Sartre,
Emile Zola, entre muitos outros. Qualquer livro a ser publicado tinha que ter autorização do
bispo representado pela igreja.
Por volta de 1547 “[...] o papa acabou finalmente permitindo que a Inquisição
portuguesa sofresse forte influência do poder civil, sendo, então, instalados três tribunais,
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entre os quais o de Lisboa, que estendia sua jurisdição até ao Brasil.” (MARTINO;
SAPATERRA, 2006, p. 235).
O trabalho e esforço aplicado pelos censores estavam no cuidar e não permitir a
circulação de ideias que fossem contrárias ao que era imposto pela Igreja e pela Coroa.
Portanto era necessário acompanhar de perto o que as pessoas estavam lendo. Dos livros
proibidos em Portugal e consequentemente nas suas colônias, encontravam-se:
1) Os livros de autores ateus, 2) os de autores protestantes que combatessem o
poder espiritual do Papa e dos bispos ou atacassem os artigos da Fé Católica, 3) os
que negassem a obediência ao Papa, 4) os livros de feitiçaria, quiromancia, magia e
astrologia, 5) os que, apoiados num falso fervor religioso, levassem à superstição
ou fanatismo, 6) os livros obscenos, 7) os infamatórios, 8) os que contivessem “
sugestões de que se siga perturbação do estado político e civil e desprezando os
justos e prudentes ditames dos direitos divinos, natural e das gentes, ou permitem
ao Soberano tudo contra o bem comum do vassalo, ou vão na outra extremidade
fomentar a abominável seita dos sacrilégios monarcomanos...que tudo concedem
ao Povo contra as sagradas e invioláveis pessoas dos Príncipes, 9) os que utilizam os
textos da sagradas escrituras em sentido diferente do usado pela Igreja, 10) dos
autores que misturassem artigo de fé com os de mera disciplina, 11) os que
impugnassem os Direitos, Leis, Costumes, Privilégios etc da Coroa e dos Vassalos,
12) as obras “dos pervertidos filósofos destes últimos tempos...”,13) os livros
publicados na Holanda e na Suíça atribuídos a advogados do parlamento da França
e que tratavam da separação entre o “Sacerdócio e o Império,” 14) todas as obras
de autores jesuítas baseadas na “autoridade extrínseca da razão particular,” 15) os
livros “compostos para o Ensino das Escolas menores que forem contrários ao
sistema estabelecido por lei anterior”. (MARTINO; SAPATERRA, 2006, p. 237).
As expressões vulgarizadas direcionadas aos filósofos como chamá-los de “pervertidos” era
uma forma de desvalorização e de suas obras além da tentativa de gerar no leitor um desinteresse.
Todo recurso que pudesse ser empregado para silenciar e reprimir era válido.
De certa forma, a Inquisição possuiu certo caráter censurador, uma vez que ela
investigava, punia e, em alguns casos, matava pessoas que fugissem do pensamento católico,
seja por seus atos, seja por suas crenças. Destaca-se que a censura não era um órgão que
utilizava métodos investigativos muito apurados para realizar seu trabalho. Bastaria que uma
pessoa fizesse uma acusação sem maiores provas que o acusado seria submetido a torturas.
Antes da Inquisição, durante e um pouco depois, os padres catequizadores, cuja grande
maioria eram jesuítas, proibiam que os indígenas brasileiros mantivessem vários de seus
hábitos, tais como, a antropofagia em algumas tribos, suas festividades religiosas e seus
idiomas locais. Foram estabelecidas pelos catequizadores as línguas gerais, idiomas por eles
criados com base nas línguas de diversas tribos de uma região que deveriam ser faladas por
todos os indígenas, a fim de facilitar a comunicação comercial entre os diversos grupos e
entre os europeus.
3 A CENSURA NO PERÍODO MONÁRQUICO
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Apesar do período monárquico brasileiro ser caracterizado por um regime liberal, as
características específicas do mesmo fazem com que o período tenha certas particularidades.
A história da censura em Portugal remete ao século XVI, quando era exercido por três
instituições, o Conselho Geral do Santo Ofício, criado em 1536 e responsável pela censura
papal, o Ordinário da Diocese, ao qual cabia a censura episcopal, e, a partir de 1576, o
Desembargo do Paço, responsável pela censura régia. A atividade era feita de forma
preventiva, seguindo as determinações do Index, a lista de publicações proibidas elaboradas
pela Igreja, e incluía a circulação de livros, o que resultou no controle de entrada e saída nas
alfândegas. (MARTINS, 1996).
Associada até então à Reforma Católica, a prática da censura portuguesa foi
modificada em 5 de abril de 1768, quando foi instituída, por Sebastião José de Carvalho e
Melo, o futuro marquês de Pombal, a Real Mesa Censória para supervisionar o que se lia na
época. Estava sob sua responsabilidade:
Jurisdição privativa, e exclusiva em tudo o que pertence ao exame, aprovação, e
reprovação dos Livros e Papéis, que já se acham introduzidos nestes Reinos, e seu
Domínios; dos Livros e papéis, que nele entrarem de novo, ou seja pelos Portos do
Mar, ou pelas Raias secas; dos Livros, e Papéis, que se pretenderem reimprimir,
posto que antes fossem estampados com Licenças; dos Livros e Papéis de nova
composição; de todas as Conclusões, que se houverem de defender publicamente em
qualquer lugar destes Reinos; e de tudo o mais, que pertence a estampa, impressão,
Oficinas, Vendas e Comércio dos sobreditos Livros e Papéis: Ordenando que
nenhum Mercador de Livros, Impressor, Livreiro, ou vendedor dos referidos Livros,
e Papéis, ouse vender, imprimir e encadernar os sobreditos Livros, ou Papéis
volantes por mínimos, que sejam, sem aprovação, e licença da sobredita Mesa.
(ABREU; SCHAPOCHNIK, 2005, p. 185).
Composta por clérigos e leigos, a Real Mesa Censória representou uma tendência à
secularização da censura, expressando os interesses específicos do reformismo ilustrado
português, que conciliava a valorização da razão com a manutenção do absolutismo
monárquico, da religião católica e do Império colonial. Em 21 de junho de 1787 a Real Mesa
Censória foi substituída pela Real Mesa da Comissão Geral sobre o Exame e Censura dos
Livros, o que representou um recuo no processo de secularização. Sua existência, no entanto,
foi curta, pois em 17 de dezembro de 1794, a Mesa foi extinta, sendo restabelecido o sistema
anterior que separava a censura papal, episcopal e régia. (MARTINS, 1992).
Durante o período colonial a Coroa controlou a circulação de livros no Brasil
“[...] Quando se tratava de controlar os súditos a coroa portuguesa não media
esforços. Temendo a difusão de ideias perigosas, fazia com que seus órgãos
controlassem não apenas o envio de livros para as colônias d’além-mar, mas
também a movimentação livresca entre as cidades portuguesas, autorizando ou não a
circulação de livros dentro do país [...]. (ABREU; SCHAPOCHNIK, 2005, p. 23).
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Mas com a transferência da Corte em 1808 para o Brasil foi instituída uma
organização mais efetiva da censura, com a nomeação de censores régios na Mesa do
Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens. A eles cabiam o exame de todos os originais
encaminhados para a Impressão Régia, a fiscalização da entrada de livros nas alfândegas
brasileiras e a permissão para sua retirada, após deliberação final do próprio monarca.
Além da atuação dos censores, a censura passou também a constar como atividade da
Junta de Direção da Impressão Régia, criada em 24 de junho de 1808, e da secretaria
da Intendência Geral de Polícia, que, segundo o edital de 30 de maio de 1809, deveria
examinar obras e escritos estrangeiros impressos e não impressos, e punir aqueles que
circulavam com material proibido.
Não existe um ato de extinção dos censores régios, mas a censura prévia no Brasil foi
abolida pelo decreto de 2 de março de 1821, atendendo às reivindicações das Cortes
portuguesas, que proclamavam a liberdade da imprensa. No entanto, o decreto mandava todo
impressor remeter, ao diretor dos estudos e a um dos censores, provas de cada folha impressa,
para análise e liberação ou suspensão do trabalho de impressão. Do mesmo modo, estabeleceu
o exame das listas de obras à venda pelos livreiros. A decisão n. 51, de 28 de agosto de 1821,
complementou o decreto, orientando a Junta de Direção da Impressão Régia a não embaraçar,
“por pretexto algum, a impressão que se quiser fazer de qualquer escrito, devendo unicamente
servir de regra o que as mesmas Cortes têm determinado sobre este objeto”. (MARTINS,
1992).
Posteriormente, o decreto de 18 de junho de 1822 criou juízes para o julgamento dos
crimes e abusos de liberdade de imprensa, e obrigou as tipografias a lhes mandarem um
exemplar de todos os papéis impressos. Finalmente, o decreto de 22 de novembro de 1823
mandou executar a primeira lei de imprensa do Brasil, declarando que nenhum escrito ficaria
sujeito à censura, antes ou depois da impressão.
Embora houvesse uma mudança dos órgãos censores, o propósito permanecia igual em
barrar informações perigosas chegassem até o povo, tornando-se cada vez mais rígida, de
certo que
[...] em alguns períodos bastava uma autorização formal dos órgãos de censura, mas
na maior parte do tempo era preciso obter 3 autorizações para poder levar uma obra
ao prelo. Depois de impresso o livro voltava a ser examinado, para que se verificasse
se o texto impresso coincidia exatamente com o manuscrito aprovado. Só então se
obtinha a ‘licença’ de correr. (ABREU; SCHAPOCHNIK, 2005, p. 185).
Apesar do controle e cuidados prestados pelos censores régios a serviço da Coroa portuguesa
não impediu que fosse realizada a leitura de obras barradas pela censura, esses livros eram
adquiridos na clandestinidade, não esquecendo também da influência gerada aos próprios censores,
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pois estavam sujeito a todos os tipos de conteúdo. Ao analisar as obras de Rosseau, o censor Antônio
Pereira de Figueiredo relata:
Eu na verdade confesso que fazia muito diferente conceito das produções deste
Filósofo; porém sendo obrigado a examinar algumas delas, para lhes fazer o
Processo lhes achei tantas belezas, tantas reflexões novas , e sentimentos próprios
a arrancar os prejuízos , e a superstição, que o lamentei justamente que ao mesmo
tempo ele se tivesse servido dos seus grandes talentos, e de uma tão boa filosofia
para atacar a Religião, e os principais fundamentos do governo naquelas suas
Obras, que mais podiam servir à instituição pública.(ANTT.RMC. Censura e
Pareceres. Caixa 3,s.d.,n.22 apud ABREU, 2005, p. 194)
Independentemente da decisão tomada o pensamento desses homens não era mais igual ao
que tinham antes de se submeterem a essas leituras, embora aceitassem as ideologias empregadas
nos textos acabavam por proibi-los, porém em seus pensamentos os registros lidos permaneciam
vivos.
4 A OUTRA FACE DA CENSURA
A censura no decorrer dos séculos sempre foi visto como um objeto de controle e domínio
sobre a sociedade para isso todo recurso necessário para paralisar a circulação de ideias era
necessário de forma que a ideia a ser transmitida girava em torno dos cuidados com a sociedade.
Escondendo assim os verdadeiros interesses das autoridades, maquiado por meio de um discurso
sobre o que era saudável ou nocivo para se ler e o que se encaixava dentro dos padrões da sociedade
de cada época.
Após a lei de abolição a censura
[...] A Constituição de 1824 declarou apenas “todos podem comunicar os seus
pensamentos, por palavras, escritos e publicá-los pela imprensa sem dependência
de censura”, porém deviam “responder pelos abusos que cometerem no exercício
desse Direito, nos casos e pelas formas que a Lei determinar”. (MARTINO;
SAPATERRA, 2006, grifo do autor).
Observa-se que apesar da liberação da impressão e transmissão de pensamentos ainda assim
havia um limite sobre o que se escrevia estando sujeito a avaliação da lei. Por meados do século XIX a
forma de se pensar em censura não girava mais em torno da repressão, da proibição estampada e as
claras em todo território Nacional, embora abolida os interesses políticos que moveram as
sociedades anteriores são os mesmos que move a atual. Apresenta-se aqui com uma censura
mascarada, manifestada em torno de propósitos particulares ou então o que posso te oferecer pelo
seu silêncio? A negociação é feita pelos bastidores, as estratégias mudaram ao passar dos tempos,
pois não cabia mais com os avanços e a modernidade práticas consideradas atrasadas ou
pertencentes a séculos passados porém a censura esteve presente na vida do povo desde o início da
civilização estando cada vez mais presente e se adequando a sociedade de cada época, como já dizia
Martins (1996, p. 382):
[...] imaginar que a censura é própria das sociedades atrasadas e que tende a
desaparecer na medida em que as sociedades se modernizam. [...] é exatamente o
contrário que acontece. A censura é um fenômeno de civilização. [...] a censura nos
campos das atividades intelectuais é, realmente, um fenômeno que se desenvolveu
exatamente na esma medida em que se desenvolveu a imprensa, em que se
multiplicaram os livros, espetáculos teatrais e outros meios de comunicação.
Tudo pode-se assim dizer é permitido desde que não esteja relacionado ao que motiva os
interesses daqueles que estão no poder, na liderança da sociedade e mesmo em lugares onde
considera-se que haja uma democracia e uma maior liberdade ali está ela a “censura com uma nova
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roupagem” diferente da usada nos regimes autoritários, entretanto a sua essência permanece viva e
atuante. O medo em torno da circulação de ideias e os impactos que as mesmas podem causar
sempre estará presente nas salas dos representante e governantes.
Portanto a censura
[...] trata-se de uma interdição de conhecer o conteúdo de um modelo cultural, [...]
uma proibição de ser informado a respeito do conteúdo de um livro que, segundo
se presume, teria um efeito elocutório, suscetível de modificar o comportamento
de um sujeito. [...] censura não é apenas interdição, atividade negativa de privação;
atualmente transformada ela se torna uma instância que orienta, autoriza e
canaliza em direção ao que é justo, digno e bom. (BIDIMA, 2003, p. 155-156).
É proibido aquilo que não está de acordo com os padrões impostos pelas autoridades, a
censura não se revela mais como algo aterrorizador, que reprime, mais sim apresenta, conduza
sociedade os caminhos que ela deve seguir, sob quais padrões precisa estar aliançada.
5 METODOLOGIA
O presente trabalho caracterizou-se como pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil
(1991, p. 48)
[...] é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos [...] As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que
se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também
costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
A abordagem do tema de pesquisa foi do modo qualitativo, pois se tratou da
proposição de uma visão sobre a censura no Brasil e ação da mesma na vida dos leitores,
William e Hatt (1973, p. 132) comentam que o modo qualitativo de pesquisa “[...] auxilia a
esclarecer ideias e a refundir o conhecimento substantivo.”
Quanto aos temas da pesquisa, foram utilizadas fontes bibliográficas das áreas de
Biblioteconomia e Sociologia, incluindo livros e periódicos de História. Foram pesquisados
materiais bibliográficos (livros) selecionados a partir da afinidade com o tema de pesquisa, foi
adotado um corte cronológico tendo como base principal os séculos XVIII e XIX. Quanto aos
artigos de periódicos científicos, a princípio, estabeleceu-se um corte cronológico entre os
séculos citados, no entanto, no andamento da pesquisa, detectou-se a necessidade de aumentar
esse universo, em função da historiografia vinculada ao tema dessa pesquisa no período
proposto.
Os periódicos pesquisados foram a INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação. Na área específica: “A censura no Brasil: do século XVI
ao século XIX”, de Agnaldo Martino e Ana Paula Sapaterra. Da Revista de História e Estudos
Culturais foi acrescentado como contribuição “O controle à publicação de livros nos séculos
XVIII e XIX: Uma outra visão da censura”, de Márcia Abreu.
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No período de levantamento de dados houve uma necessidade de busca bibliográficas
extensas, sendo cada material coletado – bibliografias e artigos – avaliado minuciosamente,
tendo por classificação ordem cronológica dos fatos.
Posteriormente, realizou-se uma análise desses dados de forma a iniciar a sua inclusão
nos resultados da pesquisa.
6 CONCLUSÃO
A censura foi um instrumento de repressão presente em toda a história deste país com
objetivo de através dos seu métodos utilizados em cada período evitar os movimentos sociais
proibindo assim a circulação de ideias que pudesse gerar um despertar que não estivesse de
acordo com o discurso pregado pelas autoridades.
A intensidade e a brutalidade da censura e de outras formas de controle de informação
variam, e muito, mas a sua existência é universal. É possível perceber que embora tenha-se
mudado os conceitos e órgãos fiscalizadores, a priori realizado pela igreja e depois ter sido
controlada pela Coroa Portuguesa através dos seus organismos de fiscalização, mesmo após
sua abolição de fato gerada mais por interesses econômicos a censura na atualidade apesar de
não carregar mais o peso do seu nome atribuído a rigorosidade e severidade aplicada por leis
passadas mantém-se presente e permanecerá caminhando lado a lado com o que se impõe a
sociedade como um padrão de verdade ou de mentira, ou o que é correto ou não pensar. Hoje
o que é proibido se manifesta com sutileza dentro de uma estratégia de negociação, um
verdadeiro jogo de interesses ou porque não dizer troca de favores. Martins (1992, p. 83)
ressalta que a censura permanece ligada com a imprensa para sempre.
O presente artigo propôs discutir a forma como atuou a censura no Brasil e as
consequências que a mesma trouxe para o país. Deixa-se um leque de oportunidades para
vislumbrar se esta continua presente neste século, outra discursão que exala é sobre liberdade
de expressão, onde ela não é um direito absoluto, podendo estar sujeita a restrições. As
restrições à liberdade de expressão dependem do equilíbrio com os demais direitos humanos,
sociais, econômicos e culturais. Com isso, cabe aos Estados além da obrigação negativa de
não interferir na liberdade de expressão individual, também a obrigação positiva de garantir
um ambiente que propicie sua concretização, inclusive com ações destinadas a coibir abusos.
É necessário e urgente resgatar a história da censura brasileira, principalmente por ela
ter sido a mais forte e intolerante, além da mais extensa de nossa história e mostrar o quanto
toda censura por mais bem intencionada que inicie não tem como manter seus pareceres e
critérios totalmente objetivos, visto que seus objetos são totalmente subjetivos.
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Conclui-se que a censura no Brasil ocorreu por praticamente todo o período posterior à
colonização do país, seja ela cultural, seja ela política. De certa maneira, mas sob um aspecto
diferenciado, o Brasil ainda sofreu muito com as cicatrizes deixadas por esta prática, muitos
obstinados lutaram pelo fim desta prática opressora, se faz necessário reconhecer as lutas
travadas por estes mártires, que a custo de seu próprio sangue escreveram a história deste país.
REFERÊNCIAS
ABREU, M. Em busca do leitor: estudos dos registros de leitura de censores. In:___.
SCHAPOCHNIK, N. (org.). Cultura Letrada no Brasil: objetivos e práticas. CampinasSP: Mercado de Letras, 2005. p. 183-200.
BIDIMA, J. O livro entre memórias e antecipações africanas. In: PORTELLA, E. (org.).
Reflexões sobre os caminhos do livro. Tradução: Guilherme de Freitas. São Paulo:
Moderna, 2003. p. 149-171.
BRAGA, M. F. A. Desdobramentos sociais da cultura escrita na sociedade imperial
maranhense ocasionados a partir da imprensa periódica. São Luís. 2012.
EL FAR, A. O livro e a leitura no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1991.
MARTINO, A.; SAPATERRA, A. P. A censura no Brasil do século XVI ao século XIX.
Estudos Lingüísticos, v. 15. 2006.
MARTINS, W. A palavra escrita. História do livro, da imprensa e da biblioteca, com
capítulo referente à prioridade literária. São Paulo: Ática, 1996.
MARTINS, W. História da inteligência brasileira. 4. Ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 1992.
WILLIAM, J. G.; HATT, P. K. Métodos em pesquisa social. 4ª ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1973.
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HISTÓRIA DE VIDA: a importância, o impacto e o papel do DAECI nas facetas da vida
de seus diretores.
GT 2 Formação política e a discussão de gênero (Pôster)
SILVA, Jordeilson de Lana13
NUNES, Nayara Nalier14
RESUMO
A partir de discussões oriundas de como o DAECI colabora nas várias facetas da vida de um
estudante, este trabalho tem por objetivo a identificação da relevância, do papel e do impacto
de tal diretório como local propicio para a fomentação de ideias políticas, acadêmicas,
profissionais e filosóficas, utilizando o método advindo das ciências humanas, denominada
história de vida ou memória oral para coletar dados informacionais qualitativos. Para analisar
tais dados, o método utilizado foi análise de conteúdo de Bardin (1997) com o auxílio da
analise de conteúdo de Moraes (1996). Os resultados a principio demonstraram que o DAECI
é um local propício para o desenvolvimento da vida acadêmica e política, proporcionando o
aparecimento de ideias inovadoras, concluiu-se que os diretórios acadêmicos tem parcela
significativa no desenvolvimento dos alunos como pessoas perante a comunidade em que
convivem, acadêmicos perante suas perspectivas intelectuais e cidadãos perante a sociedade
em geral.
Palavras-chave: História de vida. Formação Política. DAECI.
ABSTRACT
From discussions coming from as DAECI collaborates on various facets of the life of a
student, this study aims to identify the relevance of the role and impact of such a directory as
a place conducive to the fostering of political ideas, academic, professional and
philosophical, using the method that result from human sciences, called life story or oral
memory to collect qualitative informational data. To analyze such data, the method used was
Bardin content analysis (1997) with the help of Moraes content analysis (1996). The results
showed that at first the DAECI is a place conducive to the development of academic and
political life, providing the appearance of innovative ideas, it was concluded that academic
directories has significant part in the development of students as people in the community
who live in , academics before their intellectual perspectives and citizens in society in
general.
Keywords: History of life. Political Education. DAECI.
1 INTRODUÇÃO
13
14
Graduando em Biblioteconomia pela UFMG. E-mail: [email protected]
Graduando em Biblioteconomia pela UFMG. E-mail: [email protected]
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Esse trabalho é fruto das inquietações debatidas entre discentes da Escola de
Ciência da Informação (ECI) sobre o papel do Diretório Acadêmico (DAECI) na vida
acadêmica e política de seus diretores e frequentadores. Por tanto a problemática deste é qual
a importância, o impacto e o papel do DAECI na vida acadêmica e política de seus diretores?
Restringimos o foco do problema por acreditarmos que os diretores estão assiduamente
envolvidos com o DAECI, proporcionando assim, uma visão global de tal importância,
impacto e do seu papel.
O objetivo central deste trabalho é a identificação da relevância do DAECI na
vida dos seus diretores, como local fomentador de ideias políticas, acadêmicas, profissionais e
filosóficas, culminando na atuação de tais indivíduos na sociedade por um todo.
O método utilizado para coletar dados foi à técnica de história de vida que
Chizzotti (2011, p. 101) entende como “um relato retrospectivo da experiência pessoal de um
indivíduo, oral ou escrito, relativo a fatos e acontecimentos que foram significativos e
constitutivos de sua experiência vivida”.
Moita (1992, p. 116), assim se refere sobre este método:
só uma história de vida permite captar o modo como cada pessoa, permanecendo ela
própria se transforma. Só uma história de vida põe em evidência o modo como cada
pessoa mobiliza os seus conhecimentos, os seus valores, as suas energias, para ir
dando forma a sua identidade, num dialogo com os seus contextos.
Sendo assim, a história de vida possibilita a identificação da realidade na qual
determinado indivíduo se encontra. Através dela, se permite a identificação e percepção do
mundo qual está inserido. Tal percepção dá margem para o pesquisador inferir sobre o
contexto sociocultural do indivíduo. Assim como a identidade, as ideologias, as crenças, os
conhecimentos e os valores.
A história de vida tem como objetivo “a partir da totalidade sintética que é o
discurso específico de um indivíduo – reconstruir uma experiência humana vivida em grupo e
de tendência universal” (MARRE, 1991, p. 89).
Esta opção metodológica apresenta também referenciais teóricos como Haguette
(1990), Pujadas (1992) e Kramer e Souza (1996). Nesse trabalho a história de vida realizou-se
a partir da narrativa, através de entrevista semiestruturada com ex-diretores do DAECI
relacionado ao contexto sociopolítico em que se efetivou, para identifica os fatores que
influenciaram e contribuíram para a formação de sua identidade pessoal e profissional.
Para a análise e interpretação dos dados, as informações foram processadas
através da técnica de análise de conteúdo. Embora se encontre diversas referências a respeito
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desta metodologia de análise como Strauss (1987), Mucchielli (1988), Gil (1994) entre outros,
utilizou-se como referencial metodológico Bardin (1997) auxiliado por Moraes (1999).
Segundo Bardin (1979) e Moraes (1996), a técnica de análise de dados é
empregada para descrever e interpretar o conteúdo de documentos e textos resultantes de uma
investigação. Seu objetivo consiste em conduzir o pesquisador a uma descrição sistemática,
qualitativa ou quantitativa das informações recolhidas, a fim de reinterpretar mensagens e
compreender os seus significados. Nesse trabalho, se refere ao corpos de pesquisa que se
consiste nos relatos dos ex-diretores do DAECI.
2 RESULTADOS E ANÁLISE PRELIMINAR
A aplicação da entrevista preliminar se deu com dois15 ex-diretores do DAECI. Os
resultados gerados foram estruturados com o objetivo de filtrar determinados aspectos dos
relatos estabelecendo recortes no material. O que favoreceu a criação do corpos de pesquisa
gerado a partir dos relatos dos ex-diretores.
A análise dos relatos se dará através da análise de conteúdo (BARDIN, 1997)
utilizando dentro desta a análise de discurso pela categorização dos relatos dos entrevistados.
As categorias preliminares de análise foram classificadas em: 1 – impacto na vida acadêmica
durante a gestão no DAECI; 2 – atuação política.
Na categoria 1, os entrevistados enfatizaram que o convívio informal com a
comunidade discente ajuda na criação e reestruturação de ideias e na concepção do
funcionamento da comunidade acadêmica.
“[...] o trabalho no diretório te permite ver o funcionamento do ambiente
acadêmico com mais amplitude, [...] é um laboratório constante para colocar ideias em
prática”. (entrevistado 01); “[...] o convívio no DA permite você visualizar como as coisas
acontecem realmente dentro da ECI e da UFMG; um exemplo claro foi a minha dissertação de
mestrado a ideia literalmente apareceu em uma socialização no DA, em uma conversa com
outro membro da gestão” (entrevistado 02).
O ambiente acadêmico na UFMG, quando se é aluno de graduação, é limitado no
convívio em sala de aula, porém percebe-se na resposta “o trabalho no diretório te permite ver
o funcionamento do ambiente acadêmico com mais amplitude” (entrevistado 01) que o
desenvolvimento das atividades na gestão favorece a percepção dessa limitação, pois o
15
A proposta é ao fim da pesquisa ser entrevistados pelo menos 20 ex-diretores de diferentes gestões.
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indivíduo compreende o contexto universitário a partir do primeiro contato com o DAECI,
pois ele “é um laboratório constante para colocar ideias em prática”. (entrevistado 01).
O papel do DA é unir a comunidade discente e fortalecer a representação, como
podemos ver na resposta “um exemplo claro foi a minha dissertação de mestrado a ideia
literalmente apareceu em uma socialização no DA, em uma conversa com outro membro da
gestão” (entrevistado 02). Na resposta “o convívio no DA permite você visualizar como as
coisas acontecem realmente dentro da ECI e da UFMG” (entrevistado 02) percebe-se que a
convivência extra sala culmina na criação e troca de novas e antigas ideias, na ambientação
com o papel do aluno como indivíduo na sociedade e a quebra de paradigmas.
Na categoria 2, observa-se na resposta “estar à frente de um DA provoca abertura
e ampliação das relações sociais e políticas do micro para o macro ambiente. Te coloca em
diálogo com professores, diretores e funcionários da escola” (entrevistado 01). A
comunicação entre as comunidades acadêmicas torna-se estreita quando se faz parte da
gestão. Dentro da UFMG as disputas partidárias ganham frente aos movimentos estudantis e
muitas das lutas discentes ficam esquecidas ou enfraquecidas. Essa comunicação é necessária
para que o foco na graduação cresça e ganhe espaço notório no cotidiano do DAECI.
“Na minha época, os valores estavam meio em crise. A última década tinha sido
cheia de disputas de poder entre grupos ligados a partidos políticos e enfraquecia a atenção às
reais necessidades da comunidade discente” (entrevistado 01);
“A minha visão dos movimentos sociais, da política e ate mesmo do DA
mudaram” (entrevistado 02).
Os depoimentos acima demonstraram que o DAECI pode ser um local inovador e
transformador para a mentalidade política, acadêmica e social, podendo mudar a percepção de
mundo de um aluno, isso se deve pelo seu dinamismo social em abrigar, como todos os
demais diretórios, os mais diversos grupos e movimentos sociais, requerendo dos seus
diretores assim como frequentares o respeito mútuo.
CONSIDERAÇÕES
Consideramos que o caráter social dos diretórios em abrigar diferentes grupos e
movimentos sociais proporciona uma ampliação da mentalidade acadêmica e política. A
percepção da Universidade como um espaço de crescimento pessoal, social e acadêmico
amplia-se com o convívio no diretório. Neste ponto queremos ressaltar a importância dos
diretórios acadêmicos como um local que propicia o primeiro contato do individuo com a
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politica, neste caso a percepção do gerenciamento da maquina publica. Tal importância se dá,
pois na sua vida profissional terá que gerenciar um órgão publico (Biblioteca).
REFERÊNCIA
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 4 ed. São Paulo: Vozes,
2011.
GIL, J. Análisis de datos cualitativos. Aplicaciones a la investigación educativa.
Barcelona: PPU, 1994.
HAGUETTE, T. M. Metodologia qualitativa na sociologia. Petrópolis: Vozes, 1990.
KRAMER, S. e SOUZA, S.J. História de professores. São Paulo: Ática, 1996.
MARRE, J. L. História de Vida e Método Biográfico. Cadernos de Sociologia. Porto Alegre,
v.3, nº 3, p. 89-141, jan/jul 1991.
MOITA, Maria da Conceição. Percursos de Formação e de Transformação. In: NÓVOA,
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MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 732, 1999.
MUCCHIELLI, R. L'analyse de contenu des documents et des comnlunications. Paris:
Modèrne d' Edition, 1988.
PUJADAS, J.J. Método biográfico: el uso de las historias de vida en ciencias sociales.
Madrid: Centro de Investigaciones Sociológicas, 1992.
STRAUSS, A. Qualitative analysis for social scientists. Cambridge: University Press, 1987.
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A MODA COMO REPRESENTAÇÃO INFORMATIVA: um estudo de gênero do
movimento feminista “Punk - riot grrrl”
GT 2- Formação política e a discussão de gênero
Modalidade: Comunicação oral
CASTRO, Kedma16
CASTRO, Jetur17
OLIVEIRA, Alessandra18
RESUMO
Trata da moda como uma representação informativa acompanhada da discussão de gênero do
movimento feminista punk – riot grrrl e as suas relações com o modo de vestir, no contexto
moda. O objetivo geral é apresentar as relações do movimento punk riot grrrl e sua
representatividade com a moda. Quanto à natureza e de acordo com os objetivos propostos o
caráter metodológico desse trabalho corresponde a uma pesquisa exploratória de caráter
bibliográfico fundamentada em ideias de autores como, Ribeiro e Costa (2012), Coloni e
Fernandes (2005) e Bivar (1982) sem dispensar as opiniões de outros pensadores sobre o
assunto abordado no trabalho. Assim se faz discutir sobre o momento histórico deste
movimento dentro do contexto punk, fazendo análise temática do feminismo, a discussão de
gênero e suas relações com moda seguindo a indumentária das riots grrrls como forma de
protesto e discurso político em seu contexto histórico-social. Conclui mostrando as releituras
visuais do movimento feminista punk dentro e de seus ideários radicais, no universo da moda,
a partir de sua representatividade em fazer com que indumentária possa ser discutida como
forma emancipada no social, com bases no movimento das riots grrrls.
Palavras-chave: Riot Grrrl. Discurso de Gênero. Moda. Informação. Feminismo.
ABSTRACT
His fashion as a representation accompanied informative discussion of gender feminist punk
movement – riot grrrl and its relations with the mode of dress in the fashion context. The
overall goal is to present the punk movement of the riot grrrl relations and their
representation with fashion. The nature and according to the proposed objectives
methodological character of this work corresponds to a bibliographical exploratory research
based on authors of ideas as, Ribeiro and Costa (2012), Coloni and Fernandes (2005) and
Bivar (1982) sparing the views of other thinkers on the subject matter at work. So you do
discuss the historical moment of this movement within the punk context, making thematic
analysis of feminism, the discussion of gender and its fashion relations following the clothing
of grrrls riots in protest and political discourse in its social historical context. Concludes by
showing the visual feminist punk movement in and reinterpretations of their radical ideals in
the fashion world, from their representation in making clothing can be discussed as a way
emancipated social, with bases in the movement of grrrls riots.
Keywords: Riot Grrrl. Gender discourse. Fashion. Information. Feminism.
16
Graduanda em Design de Moda pela (UNAMA). E-mail: [email protected]
Graduando em Biblioteconomia (UFPA). Pesquisador e Colaborador da Rede Cariniana – (IBICT/Brasília). Email: [email protected]
18
Graduanda em Biblioteconomia pela (UFPA). E-mail: [email protected]
17
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1 INTRODUÇÃO
Desde o início da civilização o homem buscou diversas formas para se comunicar
e informar sobre acontecimentos, questões e aprendizagem, desde a escrita aos desenhos de
representações de signos. Sendo perceptível que cada indivíduo encontre maneiras de transpor
sua mensagem que logo é aceita por aqueles que se identificam.
Segundo Miranda (2006, p.103), “Grupos distintos de pessoas têm diferentes
necessidades e hábitos de busca de informação, bem como estilos diferentes de processar a
informação. ” Esta abordagem compreende que a informação está inserida em diferentes
suportes e diversas formas de utilizá-la, como também ressalta Oliveira (2005, p.19) que a
informação “[...] é um fenômeno tão amplo que abrange todos os aspectos da vida em
sociedade”.
Então, houve a necessidade de se estudar a moda como uma representação
informativa acompanhando a discussão de gênero do movimento feminista punk – riot grrrl e
as suas relações com a moda, em que é dada por suas propostas, fazendo-se rupturas,
evidenciando questionamentos na sociedade principalmente com a moda e sua a sua evidente
representação, tendo a identidade feminina a partir de um discurso feminista, para
compreender este campo social como um fenômeno de linguagem, com valores individuais,
sociais e políticos. Assim, se analisa o modelo normativo da mulher como dona de um lar
exaltando suas virtudes naturais sobre a barreira emancipatória feminina, à libertação
feminina em que só seria possível através de uma tomada de consciência de que as mulheres
eram oprimidas pela sua condição de sexo, retornando a esta análise de 1970 congregando
novos discursos e reivindicações voltadas para as desigualdades econômicas e sociais.
O discurso feminista se utiliza do conceito de “gênero” para desnaturalizar os
papéis e identidades atribuídas às mulheres, foi atribuído a sua indumentária particular, de
forma que a mulher que desempenhava o papel de submissão, restrição e obediência se
vestida de forma conservadora, através disto surge um estereótipo de dona do lar, da mulher
mais recatada e aprisionada nas suas roupas, ligado ao ideal de gênero. É exatamente essa
imagem predefinida que o movimento feminista tencionava quebrar.
Então traremos nesse contexto do movimento Riot Grrrl em que apresenta muitas
influências para o nosso cotidiano, pois suas relações com a moda refletem às atitudes não
somente pela forma de abordagem da indumentária, mas seguem uma linha de referência de
libertação, com seus questionamentos sobre o que é imposto pela sociedade, a busca de uma
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identidade própria e emancipada. Essa rebeldia manifestou-se em uma espécie de
popularização na maneira de se vestir, de modo que a semelhança da roupa impedia classificar
as diferentes classes sociais.
Podemos considerar que a moda contribuiu para redefinir identidades sociais,
desconfigurou algumas das fronteiras simbólicas entre o masculino e o feminino,
sendo motor e reflexo das mudanças da condição feminina (JOAQUIM;
MESQUITA, 2012, p. 99).
O objetivo do estudo é apresentar as relações do movimento punk e o riot grrrl e
sua representatividade com a moda. Assim se faz discutir sobre o momento histórico deste
movimento dentro do contexto punk, fazendo análise temática do feminismo à discussão de
gênero e as reações que se estabelecem na moda seguindo a indumentária das riot girrrls nos
anos 90, verificando a relação do movimento riot com o contexto histórico sociopolítico,
observando a indumentária como forma de protesto.
O percurso metodológico adotado foi realizado através de uma pesquisa
exploratória, de caráter bibliográfico fundamentada em ideias de autores como, Ribeiro e
Costa (2012), Coloni e Fernandes (2005) e Bivar (1982) sem dispensar as opiniões de outros
pensadores sobre o assunto abordado no trabalho. Assim Gil (2009) afirma que a pesquisa
exploratória proporciona maior familiaridade com o problema (explicitá-lo). Pode envolver
levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. A
pesquisa exploratória apoia-se em determinados princípios bastante difundidos: 1) a
aprendizagem melhor se realiza quando parte do conhecido; 2) deve-se buscar sempre ampliar
o conhecimento e 3) esperar respostas racionais pressupõe formulação de perguntas também
racionais (PIOVESAN, 1968).
Em outras palavras, o estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a variável de
estudo tal como se apresenta, seu real significado e o contexto onde se insere. Pressupõe-se
que o comportamento humano é mais bem compreendido no contexto social onde ocorrem
(QUEIRÓZ, 1992). Logo, buscou-se maior conhecimento sobre o problema para torná-lo
mais explícito. Marconi e Lakatos (2010, p. 171) afirmam que:
São investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou
de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a
familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização
de uma pesquisa futura mais precisa, ou modificar e clarificar conceitos.
Assim sendo O riot grrrl sendo formado por um grupo de garotas que
mediante a opressão sexista recorrente no movimento punk, usou a identidade
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musical e a estética para abordar, contrariar e incentivar as mulheres a lutar pelos seus
direitos, sendo assim sua indumentária, seu estilo, suas letras e estilistas que faziam parte
deste movimento como Vivienne Woestwood que tem uma grande importância na divulgação
do Riot Grrrl e junto aos seus fatores nas questões de representação. Finaliza mostrando as
releituras visuais do movimento feminista punk dentro e de seus ideários radicais, no universo
da moda, a partir de sua representatividade em fazer com que indumentária possa ser discutida
como forma emancipada no social, com bases no movimento das riots grrrls.
2 O MOVIMENTO PUNK
Surgido na década de 70 nos Estados Unidos e na Inglaterra o Movimento Punk
foi um fenômeno social marcado por sua forte ideologia de contestar o sistema capitalista, foi
um movimento de contracultura.
O movimento foi questionador, em seu contexto histórico e social, ao observar
que a Inglaterra estava em plena desordem social, o desemprego era muito grande,
aumentando assim a violência e a diminuição da educação para as classes baixas, um grupo de
jovens insatisfeitos com esta situação, perceberam que não havia um futuro para os mesmos,
encontraram na música a sua expressão, como forma de revolta contra as condições em que
viviam, assim motivando a aprovação do punk pela juventude.
[...] atraindo a juventude identificada com o ritmo, às ideias anarquistas e
revolucionarias das letras que tratam de problemas sociais como desemprego, as
guerras, a violência, a contestação da ordem burguesa, o papel do Estado, alem de
temas do cotidiano como relacionamentos, drogas, diversão e outras situações
vivenciadas pela juventude. (RIBEIRO; COSTA, 2012, p.1).
A juventude que representava o movimento punk era marginalizada e desaprovada
pela sociedade por seus ideais de rebeldia e revoltas contra o sistema, ironizava a sociedade
com suas músicas sarcásticas e criticava o movimento em que se seguia de acordo com a
realidade socioeconômica dos jovens.
Tendo como proposta a transgressão a ordem, ao sistema, libertando consumo as
drogas, o total repudio ao consumismo, a palavra punk é uma espécie de gíria da língua
inglesa cujo significado remete à sujeira, à imoralidade, desrespeito à ordem abordando o
anarquismo no movimento e incorporando a estética do antifascismo, do antimilitarismo.
(WEBER; GALLINA; ROSSINI, 2004, p.170).
O movimento abrangeu tanto os meios sociopolíticos, arte, cultura e música, tendo
em vista que neste momento o rock in roll não era já tão inovador, os jovens precisavam de
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diversão, já era tudo em monotonia, então o conceito de punk começou a surgir com a
chegada da Banda Ramones que veio revolucionar cada vez mais com o então chamado punk
rock, com suas músicas de três minutos e letras de questões cotidianas, eram muito
contagiantes e de rápida aceitação e absorção por parte do público.
A partir deste momento surgiram os fanzines19, sendo composta pelo “faça você
mesmo” lema do punk, que tratava de produções totalmente independentes, organizando seus
próprios grupos musicais. Há, a significância que os sujeitos e bandas utilizam das suas
próprias mãos para realizar variados trabalhos, desde fazer suas próprias roupas até a
produção de um disco, uma guerra dos jovens contra o sistema, utilizavam os sons e as ideias
punks, como armas, contra o capitalismo e o consumismo.
A banda Sex Pistols, foi a grande disseminadora do movimento, trazia em suas
letras a revolução da juventude, propostas anarquistas, contra toda forma de opressão e poder,
seu primeiro sucesso Anarchy in the U.K (Anarquia no Reino Unido) de 1976 expõe as
finalidades do movimento:
Eu sou um anticristo, eu sou um anarquista. Não sei o que eu quero. Mas eu sei
como chegar La. Eu quero destruir quem passa por mim. Porque eu quero ser
anarquia – e não um cão. Eu quero ser a Anarquia - entenda o que eu digo. E eu
quero ser um Anarquista - me defender e destruir (Anarchy in the U.K) 20
A partir da década de 80, o estilo se tornou mais notório, pois cedeu à mídia, foi
difundido por todo o mundo, sendo relacionado à má reputação e o vandalismo, o estilo punk
se transformou em produto de consumo, por outro lado foi mundialmente conhecido,
entretanto sua base original foi esquecida tornando-se assim superficial, visando apenas fins
lucrativos. Para Iori et al (2012) a sociedade industrial, a cultura massificada e os interesses
voltados à globalização degradam toda a essência do punk. (...) de movimento contestador,
furioso e agressivo, o punk tornou-se estilo inofensivo, passivo e padronizado.
2.1 O Punk e suas vertentes no Brasil
De acordo com Bivar (1982), o movimento Punk começou em São Paulo, vindo
da Inglaterra o movimento se alastrou pelo mundo. No Brasil não foi diferente, segundo o
19
[…] Fanzine é a junção das palavras fan (de fã, em português) com magazine (revista, em inglês). Fanzine =
uma revista feita pelo fã e para o fã. (BIVAR, 1982, p.51).
20
I'm an antichrist, I'm an anarchist. Don't know what I want. But I know how to get it. I wanna destroy the
passerby. Cause I want to be anarchy. No dog's body (...) And I wanna be an anarchist. I get pissed, destroy
(Anarchy in the U.K), PISTOLS, Sex, Anarchy in the U.K,Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols,
Londres: Virgin,1977.
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documentário “Botinada”! A origem do punk no Brasil”21 que foi produzido por Moreira em
2011, relata que o punk rock chegou ao Brasil na década de 1980 através de vinis trazidos de
Londres pela juventude da classe alta de Brasília, que estudaram na Inglaterra. O contexto
histórico do tempo da ditadura militar, os jovens eram atraídos pelos ideais anarquistas.
Em 1990 ocorreram mudanças no movimento no Brasil diferentemente dos
Estados Unidos e Inglaterra em que teve um atraso de 10 anos para acontecer. O punk rock se
dividiu em outras vertentes como o Hardcore, surgindo muitas bandas de punk-hc como
Ratos de Porão, Inocentes, Cólera, Garotos Podres, Olho Seco, Lixomania, considera-se o
hardcore, no entanto, como uma segunda geração do punk.
Apesar dos diferentes resultados estéticos de suas obras, muitos reivindicam o
termo hardcore para garantir uma inserção cultural ou por um laço de identidade ou de
pertencimento à cena. No meio do movimento punk percebem-se identidades e vertentes tais
como o Punk-Hardcore, o Riot grrrl, que tem como bandas Dominatrix, Skizitas, Zona X e a
Banda sem nome, manifestam um discurso alternativo ante a ordem e os valores
estabelecidos, instituindo aí, mais que uma prática cultural, uma manifestação política.
O movimento em São Paulo só crescia, logo então veio o ressurgimento do
movimento, manifestando sua rebeldia
com
comportamentos
agressivos,
músicas
contestadoras que falam da luta pela sobrevivência, usando a força da adolescência para exigir
justiça a todos.
De acordo com Bivar (1982) em São Paulo o movimento manifestava sua rebeldia
a partir do uniforme (tudo preto: blusão de couro, o jeans, a camiseta, o tênis ou o coturno, os
botões com emblemas dos grupos) do comportamento agressivo, da música contestadora e
acelerada, seca e ensurdecedora. Os punks paulistanos tinham em média de idade de 18 a 27,
muitos eram do proletariado, com o ressurgimento do movimento, foi lançado o primeiro
disco independente do movimento punk rock no Brasil, O Grito Suburbano, das bandas
Cólera, Inocentes e Olho Seco, que entusiasmou a juventude do movimento.
21
Documentário sobre o punk no Brasil, dirigido por Gastão Moreira, Botinada: A Origem do Punk no Brasil
apresenta a história do movimento punk, que se formou em diversas regiões do Brasil, principalmente São Paulo
e Brasília, no começo da década de 80, influenciado inicialmente pelos movimentos surgidos na Inglaterra e
Estados Unidos durante o final da década de 70. Este documentário foi construído através de diversos relatos
daqueles que participaram ativamente do movimento e o vivenciaram desde o seu início. Figuras que marcaram a
cena musical punk paulista e brasiliense, além de outros que frequentaram os locais de encontro da juventude
punk dão seu depoimento sobre este movimento de natureza controversa e rebelde, tentando definir seu objetivo
e as suas origens, mostrando as suas peculiaridades em relação aos exemplos estrangeiros. - Ver mais em:
https://www.youtube.com/watch?v=22lSR-o4n98
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Os punks Paulistanos começaram a editar seus fanzines, divulgando o movimento
com manifestos, comentando sobre o social punk e os jovens reformistas que buscam em suas
atitudes se rebelarem contra as opressões. O hardcore era retratado como cotidiano vivido
pela juventude paulistana, o som se constituía importante para incentivá-los a ir na caminhada
pela luta. Contudo o movimento ainda se mostra fechado para os ideais libertários feministas,
o riot grrrl no Brasil se manifesta nesse contexto.
3 O MOVIMENTO “RIOT GRRRL”
O Riot Grrrl é o movimento de cultura juvenil, que abrange a música, o
feminismo, cultura, literatura, cinema e política. Surgiu em 1900 nos Estados Unidos formado
por um grupo de garotas, que contestaram as relações de gênero dentro do movimento punk
rock, os papéis sociais reservados as mulheres. O contexto do riot grrrl se deu no cenário do
movimento punk rock, e em meio a uma globalização acelerada e com o surgimento de grupos
articulados.
O feminismo Riot Grrrl, partiu num primeiro momento de uma inquietação políticas:
numa conjuntura em que se propaga o discurso de que “as mulheres conquistaram
seu espaço” e de que o feminismo é algo ultrapassado, nos parece oportuno de que
forma essas jovens feministas tem se constituído, remodelando e apropriando o
feminismo pautado nas experiências e visão de mundo da juventude. (MELO, 2006,
p.1)
É nesse cenário que ocorreu o surgimento do riot grrrl, movimento de garotas
feministas dentro da cena punk e hardcore, utilizando a música como maior expressão de
contestação, com as mudanças ocorridas no movimento punk, dando nascimento a diversas
vertentes, e tendo um maior número de garotos. As garotas começavam a contestar o domínio
masculino e o androcentrismo ainda presentes dentro da cultura punk ocorrendo assim à
manifestação feminista.
A proposta do movimento era fazer com que as garotas participassem e se
apropriassem do cenário de discussão dos papéis sociais reservados as mulheres, defendendo
assim novas bandeiras do feminismo e a propagação das ideias das riots grrrls que eram as
zines ou fanzines, (revistas), cheias de colagens e textos produzidos pelas próprias garotas.
O Riot Grrrl surgia através de uma zine o Revolution Girl Style Now, que foi
criado pelas punks feministas Ketheleen Hanna e Alison Wolfe, ambas da cidade de Olympia
que nos Estados Unidos, já eram conhecidas pelas suas várias manifestações pelo fim da
violência contra a mulher, era evidente a revolta pela ausência das garotas na cena punkhardcore, então criaram outra zine chamada Bikini Kill, junto com Katie Wilcox. Logo o
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movimento conquistou visibilidade, organizando bandas só de meninas, Ketheleen Hanna foi
à difusora, pioneira e ícone da cena riot.
O termo riot grrrl aparece pela primeira vez em outro zine de Tobi Vail – baterista
do Bikini Kill – e possui como significado literal ‘garotas amotinadas’ ou ‘motim de
garotas’. O grrrl é onomatopeia usada para representar um rosnado de raiva. Uma
fúria do movimento dando a entender que são garotas furiosas. (RIBEIRO; COSTA;
SANTIAGO, 2012.p.7).
Apresentavam-se elementos do feminismo como estilo de vida para a cena
hardcore Hanna e Wolfe, influenciaram outras garotas que passaram a serem difusoras do
feminismo riot como June Jordan e Bell Hooks – Escritoras feministas, que foram de suprema
importância para espalhar o movimento riot com seus ideais, como analisar e romper com as
políticas excludentes da comunidade negra, sempre voltando seu olhar contra o racismo,
assim vinculando bandas riot em seus ativismos.
No Brasil Elisa Gargiulo, caracteriza-se como maior ícone de expressão do
movimento, em 1995 não havia uma cena segundo o que ela diz no documentário “Bella
Donnas” – “as meninas da cena punk, com a internet bandas como Bikini Kill, Bratmobile,
chegam aos ouvidos das brasileiras, com a faixa etária entre treze a vinte anos, estudantes de
classe média que se identificavam com o som e as letras já que o punk e hardcore já tomavam
conta dos subúrbios brasileiros” (LEITE, 2012, p.24).
Havia mais homens na cena punk, criando assim um ambiente hostil que
intimidavam as garotas, mas este cenário mudou com a criação da banda Dominatrix –
primeira banda punk feminista brasileira – criada pelas irmãs Elisa e Isabella Gargiulo,
usavam a internet e mídias como Orkut e MSN (Mensseger) como elementos indispensáveis
para a propagação e divulgação das suas músicas, letras e shows.
Depois do surgimento da Dominatrix, outras bandas começaram a se difundir
dentro do movimento riot dentre eles estão: Kaos Klitoriano, Bulimia, No Steriotypes,
Cosmogonia, As Mercenárias e Menstruaçao Anárquica, nesse cenário começaram a surgir
outras vertentes como o Queercore, que tem ligações e embasamento com o movimento
LGBT e o Straight Edge, ideologia dentro do punk que é a defesa total de álcool, drogas e
incentivam o veganismo.
Outro elemento de difusão do movimento riot foi o Ladyfest, festival que
começou na cidade de Olympia, Estados Unidos, e depois se espalhou por vários países,
festival independente e de forma voluntária que reúne bandas, oficinas, debates, músicas,
expressões do feminismo, vegetarianismo/veganismo, tudo voltado para as relações de
gênero.
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Elisa Gargiulo estabeleceu contatos com bandas estrangeiras que também faziam
parte do movimento riot, e foi convidada a tocar no Ladyfest Holanda. A banda Dominatrix
fez turnê em 14 cidades, tornando-se referência do movimento em termos mundiais, construiu
o Ladyfest Brasil, na cidade de São Paulo em 2004, e outras zines fazendo com que as garotas
cada vez mais se identificassem com o riot. Mostrar o cotidiano em suas letras e zines é a
principal fonte de inspiração, muito se fala sobre escola, família, amigos, relacionamento
(RIBEIRO; COSTA; SANTIAGO, 2012).
As atitudes radicais tanto de estilo e comportamento resumem às garotas riots, a
cultura riot grrrl é bastante farta devido o ambiente libertário, através das letras, músicas e
zines, todas as garotas são incentivadas e convidadas a produzirem e se expressarem. Com seu
estilo de rebeldia, estimulando a libertação do corpo da mulher, fazendo produções
independentes, a fala é bem direcionada para as garotas.
O movimento contesta o ideal de beleza que as revistas teens passam, como dicas
de emagrecer para se tornar uma jovem bonita, para atrair rapazes mais bonitos, as garotas
contestavam toda e qualquer opressão do corpo, se vestiam como gostavam. Se tratando de
estilo, podemos citar signos de feminilidade como a lingerie, por exemplo.
Algumas riots possuíam piercing, tatuagens, usando seu corpo como discurso
político, muitas delas se vestiam com vestimentas masculinas, como bermudas, bonés, sem
maquiagem, em suas letras falam essa proposta como a da banda Bulimia, em suas música
Publicidade, relatando a desconstrução do gênero:
Lutando pra ser mais bonitinha. Lutando pra ser o que a TV mostrou. Pensar não vai
te deixar com rugas.Saia da vitrine à espera de seu par. Ser mulher não é ser uma
boneca em carros à enfeitar. Como a publicidade insiste em mostrar. Use a cabeça
que você tem. Não aceite ser objeto de ninguém. Não se submeta! Questione sempre
neste mundo feito só pra homens. (Publicidade)22
O Riot é a disseminação de ideias e ideais, é uma desconstrução da sociedade
através do gênero, em que produziu grande propagação de novas formas de fazer políticas, a
exemplo como as riots fazem o seu corpo como um discurso político, a liberdade do que fazer
questionando o porquê do estado, querendo reprimir e oprimir o corpo da mulher, como relata
a letra da banda Dominatrix, “Puta é aquela que se dá para quem se dá sem o seu aval
misógino, mas meu corpo é meu”. (Meu Corpo é Meu) 23
22
BULIMIA, Se Julgar Incapaz Foi O Maior Erro Que Cometeu. São Paulo: Tratore, 2005.
23
DOMINATRIX. Quem Defende Pra Calar. São Paulo: Dykon Records, 2009.
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4 A MODA PUNK E SUA REPRESENTATIVIDADE
Pensar em moda punk é lembrar que sua indumentária traz à tona a revolta da
juventude, assim focar na estética do belo e feio, rompendo com a imagem conservadora e os
costumes da sociedade, criticando o sistema político, vendo o corpo como meio de
contestação, manifestação e rebeldia. A vestimenta dos jovens punks é agressiva, roupas
rasgadas de segunda mão incluindo elementos como tachas, correntes, alfinetes, seus
complementos (cabelo, maquiagem e calçado entre outras coisas), estão como marco do
estilo.
Segundo Coloni e Fernandes (2005) destaca que as garotas começam a exagerar
na maquilagem carregando os olhos de preto, vestindo minivestidos, ou apenas uma camisa de
homem bem larga e complementando com uma gravata. No universo da moda existem várias
marcas em que grandes estilistas buscam ou buscaram inspirações do movimento punk,
entrando em cena a indumentária juvenil extremista e rebelde, principalmente as garotas.
Contudo na cena musical não somente existia o foco nas roupas femininas, os garotos também
se vestiam de um modo específico.
Os garotos não ficavam para trás e compravam peças de roupas de segunda mão,
paletós, calças, camisas, gravatas que eles usavam do jeito que eram encontradas ou
dando-lhe um retoque pessoal nelas ou arrancando pedaços aqui e ali e
acrescentando manchas, mensagens e símbolos, colocando alfinetes e correntes e até
mesmo rasgando as peças mostrando um efeito de que foram resgatadas de uma
guerra. Este aspecto visual do movimento punk casou um forte impacto na época
onde a Inglaterra vinha de uma imagem de tradição conversadora gerando assim um
ataque frontal a sociedade. (COLONI; FERNANDES, 2005, p.126).
Sendo assim a moda é uma ferramenta ideológica no meio social cada indivíduo a
traduz de um modo diferente assim como o meio de informação gera em todos os indivíduos
conceitos e amplitudes diferentes, sendo a moda a propagadora de ideais procura comunicar
conceitos, a exemplo o punk usa a roupa para provocar, para desafiar a ideologia dominante e
contestar a política, a distribuição do poder na ordem social e revelar sua indignação e
insatisfação contra o sistema.
Influências marcantes no mundo da moda como Vivienne Westwood, nascida em
1941, numa pequena localidade da Inglaterra, é considerada a rainha do punk, pois em análise
ela se caracterizava como o universo feminista libertário através de seus desfiles seus estilos,
e foi uma das difusoras da moda punk feminista. No início de sua carreira, com sua primeira
loja, Let it Rock, criada em 1971, começou a criar roupas visando o público mais radical das
periferias de Londres, sendo ela totalmente excêntrica, provocadora e irreverente.
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Criava roupas com ideais políticos, críticas no social, como temas eróticos, com
muita cor preta, vermelho, cores fortes, couro, correntes e rasgos, camisetas com estampas
pornográficas, de influência fetichista, como forma de crítica, logo no início de sua carreira
fazia suas roupas no estilo “do it yourself” já que a regra do punk é não existir regras, sua loja
inspirava muito isso.
Em 1965, já vivendo em Londres, Vivienne conheceu Malcolm McLaren, juntos
criaram roupas alternativas, a estética punk mostravam revolta através de cabelos espetados e
coloridos, roupas velhas que simbolizavam o anticonsumismo proposto pelo grupo e jaquetas
com frases de rejeição as injustiças de um estado repressor, o social invadindo o estético, a
moda se apropriou do extinto selvagem da juventude, a “alta moda” já não era mais tendência,
e sim estar diferente, individual, criar um look único, fazer o seu estilo. Logo Vivienne tomou
para si a estética da revolta.
[...] o movimento punk e o trabalho da estilista Vivienne Westwood, resta claro que
os traços desse movimento, mesmo que às vezes mais apagados, estão visivelmente
presentes no trabalho dela. Também fica evidente que os indivíduos que pertencem a
esse movimento expressam sua revolta e seus ideais a partir da sua indumentária, e
que Vivienne tem imensa contribuição nisso. (BORTHOLUZZI, 2012, p.10).
Outros estilistas e marcas famosas também se inspiraram na estética punk, desde
as grifes mais inovadoras, como Rodarte e Alexander McQueen, até as mais clássicas,
como Chanel e Givenchy, as caveiras, que se tornaram símbolo do estilista brasileiro Alexandre
Herchcovitch, por exemplo, os spikes, invadiram a moda clássica, e as caveiras se proliferaram
apesar do punk se opor ao mundo fashion como movimento, a moda se apropria da estética
punk, capturando a rebeldia juvenil.
Outro exemplo seria em 1915, Chanel que por sua vez quebrou a barreira do
feminino e masculino, não remodelando o corpo feminino, mas sim libertando, desprendendo,
e transmutando como forma de protesto, inovando a estética do seu tempo, desatrelando a
imagem da mulher que viviam em roupas opressoras, usando roupas brancas, envoltas em
frufrus, golas altas e cinturas marcadas pelo sufocante espartilho. Para Braga (2009) a Chanel,
inovou a moda ao fazer taileurs de jérsei, uma malha de toque macio e com aspecto elástico
[...] começando a surgir certo estilo andrógino, o que parecia estar bem de acordo com os
tempos, uma vez que a mulher havia se emancipado, o fato de ganhar dinheiro contribuiu para
essa verdadeira libertação da dependência da figura masculina.
Segundo Ciquini (2010, p.14) “A partir da década de 90, pipocam butiques nos
grandes centros urbanos vendendo acessórios e roupas características dos punks. O que antes
era vil e de extremo mau gosto agora é vendido quase como item indispensável no guarda-
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roupa”. Será que essas impressões do vestuário punk feminista fazem os indivíduos
incorporarem o espírito do estilo pelas peças que o vestem? Seria possível a roupa, por si só,
suficiente para conduzir esta estética? As pessoas que usam as peças, sabem o cunho histórico
que vestem, e quais sensações causam na juventude contemporânea do séc. XXI mesmo em
épocas diferentes é possível vivenciar impressões parecidas?
Apesar das épocas serem bem distintas notaram impressões cotidianas tanto no
espaço urbano quanto na relação música e moda, as influências tanto da estética do punk
feminista nas ruas pelo “faça você mesmo” quanto pelas peças inspiradas nos grandes
estilistas do estilo, um revival de sensações está estampado nas lojas para quem quiser “ter
sua rebeldia” exibida a todos.
Com essas novas formas de se ver o punk, como de início foi perdido, hoje é
amplamente aberto para todas as pessoas que adeptas do estilo, não somente aqueles que se
identificam com a ideologia que o movimento retrata, mas, o “Bonito Estético”. A moda por
si adora flertar com elementos da rebeldia, tem seus pés nas passarelas assim como nas
coleções de Alexander Mcqueen em paris, verão 2014.
Ilustração 1 – Coleção com elementos do movimento punk, como couro e fivelas.
Fonte: http://ffw.com.br/desfiles/paris/verao-2014-rtw/alexander-mcqueen/810582/colecao/1/. Acesso em:19.jan.2015.
Identificando o antes e depois da moda punk vemos que em suas releituras
existem muitos elementos do punk como couro, Spike, rebites, Alexander McQueen
representava bem essas ideias do conceito da rebeldia do punk, a própria Rainha do Punk traz
elementos na moda contemporânea, com seu visual chocante a feminista traz elementos para a
coleção de Verão 2012 em Paris, o rasgado vem à tona, o visual extravagante.
Ilustração 2 – Vivienne e sua coleção sobre rasgados (Verão 2012 Paris)
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Fonte: http://ffw.com.br/desfiles/paris/verao-2012-rtw/vivienne-westwood/3761/. Acesso em: Acesso em:19 jan.2015.
As grandes fast-fashions pegam o que foi exibido nas passarelas para seus
editoriais, fast-fashions como C&A, Riachuelo que em suas novas coleções têm influências de
rebeldia punk, querendo propor a juventude formas de “esteticamente ver o novo punk, entre
esses o editorial que a C&A fez para sua coleção de 2014, totalmente inspirada na rebeldia
punk”. Roupas em xadrez, rasgadas, desfiadas com estampas de bandas, ou até mesmo,
proclamando o feminismo, são o que vemos nos editoriais, acessórios pesados, de couro, e
rebites, além do mais tem a estética do “faça você mesmo”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como finalidade relatar a identidade do movimento feminista
punk Riot Grrrl, com foco no seu histórico e na diversidade de lutas alcançadas. Assim, podese dizer que o movimento proporciona a representatividade como forma de informação
através do discurso de desconstrução do gênero através da indumentária particular usada pelas
garotas que faziam parte do Riot grrrl.
Entendendo que o movimento é um informativo para os diversos métodos de
ativismo sociopolítico, como a pesquisa relata que esta indumentária particular fomentava as
discussões de gênero, daquilo é feminino ou masculino, desempenhando o papel de convidar
as moças a se libertarem do que a sociedade patriarcal estipulava.
Visto que diante desta análise, é importante ressaltar que a moda é um
instrumento informativo, visual e histórico, pois contém em seus fios a marca do que foi o
movimento, a particularidade do seu visual destruidor e contestador, confirmando que o corpo
e a roupa são formas de discurso e revolta. Neste sentido, o estudo em questão vale-se, no
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sentido até trazer um confronto verbal sobre a questão do gênero como um desenvolvimento
social em que se baseia em diversos fatores. Sendo assim é importante tanto para o universo
da moda e da Biblioteconomia e Ciência da Informação entrarem em diálogo considerando os
debates para uma revisão crítica, dimensionando assim seu papel alvo como profissional que
cuida da dignidade da pessoa humana, para tratarem dos movimentos que estão a vinco no
social, apresentando as relações tanto do movimento punk e o riot grrrl quanto a sua
representatividade informativa nos diversos grupos sociais.
Portanto, podemos assim concluir que o estilo riot é uma grande ferramenta para
transmitir o espaço feminino, seja na cena underground, punk ou hardcore, em qualquer
lugar, disseminando a informação através da indumentária tecida com revoluções, é
importante dizer que o estudo de gênero no movimento é discutido na música das bandas que
eram magníficas, seguiam a quebra de estereótipos e a estética movida pelo segmento
patriarcal.
REFERÊNCIAS
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Formação Política, Reflexões Éticas, Práticas de Transformação Social e Mídias na Informação: qual
profissional temos e qual queremos ser?
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profissional temos e qual queremos ser?
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ENFOQUES DA REVOLUÇÃO FRANCESA, NAZISMO E DITADURA MILITAR
NO BRASIL: Reflexos da repressão, informação e censura
GT 2- Formação política e a discussão de gênero
Modalidade: Comunicação oral
OLIVEIRA, Alessandra24
CASTRO, Jetur25
RESUMO
Trata da censura na informação a partir de três acontecimentos históricos mundiais como a
Revolução Francesa da qual remete as “atitudes dos iluministas”, “Bücherverbrennung” no
Nazismo e “opressão na literatura” na Ditadura Militar no Brasil. O objetivo do trabalho é dá
o enfoque nas variadas formas de censura nos documentos que foram censurados nesses
períodos, a começar das revoluções e de seus idealizadores na busca do conhecimento. O
percurso metodológico adotado foi realizado através de uma pesquisa exploratória, de caráter
bibliográfico fundamentada em ideias de autores como Chaffe, (2009), Cornelsen (2009),
Fioratti (2012) e Darnton (1992), em que falam sobre os registros históricos, pois tem a
importância que a censura faz parte de fatores históricos. Logo, na visão de Barreto (2005) e
Guedes (1995), leva como reconhecimento da Biblioteconomia e Ciência da Informação
como área interdisciplinar que estuda a informação e seus caminhos, sobre as diversas áreas
do conhecimento. Finaliza integrando os períodos históricos e relacionando a instigação da
informação, considerada perigosa para nesses fatores históricos. Assim sendo imprescindíveis
estes apontamentos sobre esses períodos, abrindo um novo o caminho o da democracia. De
este modo tornar-se viável o acesso ao direito intelectual do conhecimento através da
liberdade na busca e utilização de informações para a história e da ciência da informação e de
seu campo interdisciplinaridade na condição de que a informação possa ser necessária para a
compreensão de acontecimentos históricos.
Palavras-chave: Censura-Hístória. Revolução Francesa, 1789-1799. Ditadura Militar- Brasil.
ABSTRACT
This censorship on information from three world historical events like the French Revolution
which brings the "attitudes of Enlightenment", "Bücherverbrennung" in Nazism and
"oppression in the literature" on the military dictatorship in Brazil. The objective is the focus
on the various forms dede censorship will documents that were censored data in the periods,
beginning with the revolutions of the oppressed and their creators in search of knowledge.
The methodological approach adopted was accomplished through an exploratory research,
bibliographic based on ideas of authors and authors as Chaffe, (2009), Cornelsen (2009),
Fioratti (2012) and Darnton (1992), in which talk about the historical records, it is important
that censorship is part of historical factors. Therefore, in view Barreto (2005) and Guedes
(1995), takes in recognition of Library and Information Science as an interdisciplinary field
that studies the information and his ways, on different areas of knowledge. Finish integrating
the historical periods and relating instigation of information, considered dangerous to those
historical factors. Therefore these essential notes on these periods, opening a new the way the
democracy. In this way become viable access to the intellectual property right of knowledge
24
Graduanda em Biblioteconomia pela (UFPA). E-mail: [email protected]
Graduando em Biblioteconomia (UFPA). Pesquisador e Colaborador da Rede Cariniana – (IBICT/Brasília). Email: [email protected]
25
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through freedom in the pursuit and use of information for the history and information science
and its interdisciplinary field provided that the information may be required for the
understanding of events Historic.
Keywords: Censorship-history. French Revolution, 1789-1799. Dictatorship-Brazil.
1 INTRODUÇÃO
A formação social de um indivíduo sobre o meio em que vive, é ocasionado a
partir das informações, em que a humanidade adquiriu ao longo do tempo. Tornando-se,
perceptível para que os que possuíam a capacidade de desenvolver o pensamento crítico,
independente sobre os fatos em que se conduzia a sociedade. Deste modo, certificamos que “a
informação, quando adequadamente assimilada modifica o estoque mental de informações do
indivíduo e traz benefícios ao seu desenvolvimento e ao desenvolvimento da sociedade em
que ele vive” (BARRETO, 2005, p.2).
A informação também é vista como uma ferramenta na união de grupos e povos
sobre, ideias, concepção de fatos e compartilhamento de conhecimento. Visto por outro
ângulo, a não utilização da informação ocasiona uma sociedade de pouco entendimento e
perecível de conhecimento. Conforme Le Coadic (1996, p.27) “sem a informação, a ciência
não pode se desenvolver e viver. Sem informação a pesquisa seria inútil e o conhecimento não
existiria”. Com esses apontamentos, surgem os vários questionamentos a exemplo, quais
seriam as consequências de uma sociedade ausente de informação? Será que no passado
existiu o interesse de restrição de informação? Qual o poder da busca do conhecimento em
uma sociedade? O que a história tem a dizer sobre a informação? Com base nisto partiu o
interesse pela investigação sobre a história da informação na humanidade a respeito dos
momentos que a informação não foi bem-aceita e censurada. No qual, através das pesquisas
pode se encontrar algumas situações que a humanidade vivenciou, contra as diferentes formas
de expressões e informações, a começar da Europa até o Brasil.
O estudo localizou uma palavra simples, mas que se tornou muita praticada por
aqueles que objetivavam ocultar e evitar a disseminação da informação, do qual julgamos
como a Censura. Em que se constituiu uma forma de manter a sociedade, sobre os interesses
pessoais dos poderes que os governavam. Ocasionando o veto de todos os tipos de
informações e conhecimentos livres, em que ia contra os princípios dos Governos e Estados,
dentre eles, os Livros que se tornaram um dos grandes alvos perseguidos, assim como, os seus
escritores e leitores.
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Portanto, a presente pesquisa objetiva, mostrar a censura na informação no
contexto histórico e as formas de perseguições e pressão dos censores sobre os livros, autores,
e leitores que foram contra a ideologia pregada pelos regimes. Logo mostrará os períodos
históricos e relacionando a instigação da informação, considerada perigosa para nesses fatores
históricos. Assim sendo imprescindíveis estes apontamentos sobre esses períodos, abrindo um
novo o caminho o da democracia. De este modo, se torna viável o acesso ao direito intelectual
do conhecimento através da liberdade na busca e utilização de informações para a história e
da ciência da informação e de seu campo interdisciplinaridade na condição de que a
informação possa ser necessária para a compreensão de acontecimentos históricos.
1.1 Metodologia
A metodologia utilizada no estudo é exploratória, assim Gil (2009) afirma que a
pesquisa exploratória proporciona maior familiaridade com o problema (explicitá-lo). Pode
envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema
pesquisado. A pesquisa exploratória apoia-se em determinados princípios bastante difundidos:
1) a aprendizagem melhor se realiza quando parte do conhecido; 2) deve-se buscar sempre
ampliar o conhecimento e 3) esperar respostas racionais pressupõe formulação de perguntas
também racionais (PIOVESAN, 1968).
Em outras palavras, o estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a variável de
estudo tal como se apresenta, seu real significado e o contexto onde se insere. Logo, buscouse maior conhecimento sobre o problema para torná-lo mais explícito. Diante dessa afirmação
de Babbie (1983), mostra-se então que a presente pesquisa é determinada como um estudo
exploratório, mostrando-se também em características de um estudo bibliográfico.
No intuito de levantar informações relevantes para a fundamentação teórica do
presente estudo, abordou os autores Chaffe, (2009), Cornelsen (2009), Fioratti (2012) e
Darnton (1992), para os registros históricos, pois obteve a importância que a censura faz parte
de fatores históricos. Logo, na visão de Barreto (2005) e Guedes (1995), leva em consideração
a Biblioteconomia e a Ciência da Informação, como área interdisciplinar que estuda a
informação e seus caminhos, sobre as diversas áreas do conhecimento.
Conforme Correa e Spudeit (2013, p.366) ressaltam que “a Biblioteconomia
brasileira, enquanto disciplina, pertence à subárea Ciência da Informação (...) o ensino dessa
disciplina, tanto na graduação quanto na pós-graduação, tem sido orientado por conexões com
diferentes áreas do conhecimento”. Partindo desses pressupostos, resultou-se na organização
do estudo envolvendo parâmetros históricos, sociais e informacionais, observando eventos
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históricos vinculados à informação, como a censura- especificamente dos livros e as
revoluções da sociedade em busca do conhecimento.
2 APORTES SOBRE A CENSURA
De acordo com a história o mundo sempre vivenciou a opressão de hierarquias
sobre as camadas menos favorecida, restringindo-os de seus direitos tanto materiais, quanto
intelectuais. Sendo este último, reconhecido como censura, no qual, se estabelece como uma
das formas opressoras de impor a terceiros, uma única visão de ideologias e conhecimentos.
Ocasionada por interesses pessoais de quem detém o poder ou domínio sobre uma situação.
Segundo a Enciclopédia Mirador Internacional (1987, p.2237) salienta que:
A censura é o controle exercido por autoridade civil ou religiosa, a publicação,
distribuição ou a leitura de livros, com finalidade de impedir a divulgação de críticas
ou ideias contrárias aos interesses de tais poderes, ou capazes em seu julgamento de
perturbar a vida moral, social, política ou religiosa da comunidade.
Censurar a informação era a forma de vetar os indivíduos da independência do
intelecto. A perseguição contra a informação revela o quanto ela é poderosa, chegando ao
ponto de líderes influente se sentirem ameaçados com obras e expressões de artistas.
A censura age como ponto terminal na retenção da livre circulação das ideias. A
existência da censura à informação prova por vias travessas que não há informação
neutra. Caso existisse, a censura não teria razão de existência (TRAGTENBERG,
2009, p.190).
Se analisarmos o histórico da censura e os seus causadores, é perceptível que
dentre os que impuseram, estavam os de ordem religiosa ou do Estado. Guedes (1995, p. 68)
ressalta que “a censura é um instrumento ideológico de controle tanto político quanto
religioso de uma sociedade”. A religião sempre esteve envolvida na história da humanidade e
junto a ela, a repreensão imposta por religiosos, no qual pregavam que as obras consideradas
contra o cunho cristão, mais conhecido como pagãos, não deveriam ser lidas. Deste modo
Guedes (1995, p.70), exemplifica “(...) o “Concílio de Latrão” que só permitia a publicação de
obras com a autorização do bispo, e a Santa Inquisição da qual estavam alertas e prontos a
acender fogueiras para queimar autores, leitores desautorizados, insistiam em contrariar o
clero”.
A censura não foi vivenciada apenas no cristianismo, isto é bem notável no
incêndio da biblioteca de Alexandria no Egito. A história conta que a invasão desta biblioteca
se deu por Emir amr Ibn por ordem de Omar, no qual determinou queimar os livros.
Conforme Canfora (1989) na conversa entre Omar e Amr, “(...) se os livros estavam de acordo
com o livro de Alá então poderia ser dispensado, caso contrário não haveria necessidade de
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conservá-los, deste modo, a biblioteca foi destruída e o acervo queimado (...)”. Assim como a
religião, a censura política é bem antiga, e em muitos casos estão acopladas. De um lado os
religiosos impõem a censura, com o pretexto de cuidar para “manter a fé” dos devotos, de
outro usam a política como pretexto de manter a ordem do Estado.
Podendo ocorrer eventualmente à censura real em que os membros de uma
sociedade acabam achando normal censurar, ocorrendo o caso de uma censura natural, a partir
da cultura real implantada na sociedade. Segundo Guedes (1995, p.68):
A censura natural parte da censura real (...), pois provém dos conhecimentos e
pensamentos dos membros de uma comunidade. Deste modo, estão voltadas aos
valores concebidos que as mesmas acham que são bons, segundo suas normas
apreendidas e acumuladas por seus membros através da endoculturação.
Caso este, que ocorreu em algumas das situações históricas da humanidade em
que os membros da sociedade já estavam aceitando a censura, se não fosse o fato de
pensadores que buscaram o conhecimento para levar a luz da razão. Com base nos exemplos,
podemos analisar que a censura parte de um poder que possui total autoridade na sociedade, e
que esta, torna-se mais fácil de ser influenciada quando não buscam o conhecimento. Todavia
atitudes contrárias podem causar verdadeiras revoluções, chegando às situações como a
censura ao conhecimento – especificamente dos livros, e a revolução do povo através das
informações adquiridas em três revoluções mundiais.
3 REVOLUÇÃO FRANCESA: DA REPRESSÃO PARA A LUZ DA RAZÃO
Europa século XVIII formada pelo regime absolutista, das classes clero e nobreza,
compostas pelo primeiro e segundo estado, perfaziam o abuso do poder, com a intenção de
manter o povo submisso as suas vontades, tornando-se evidente a forma de manter um povo
servil aos poderes e restringindo-os do conhecimento. Para isso era necessário, deixá-los sem
os conhecimentos e propício a ignorância. O que se tornou notável no regime absolutista
Francês, na influência de pensamentos que a igreja detinha sobre o povo.
A igreja proclamava que o poder é dado aos homens por Deus, uma vez que todas
as honrarias deveriam se estimadas aos nobres e ao clero, sendo estes escolhidos pela
divindade, segundo a visão absolutista. Causando através da ideia, o perecer do terceiro
Estado (o povo), no qual detinha a obrigação de pagar impostos e servi-los. Ao contrário da
igreja e da nobreza, que eram isentas dos tributos e que desfrutavam dos prestígios.
Em decorrência dessa realidade surgiram os pensadores racionais, intitulado de
iluministas. No qual, acreditavam que a razão e o conhecimento eram as luzes para mudar a
história humana. Seus membros criticavam a influência política e cultural da igreja, pois
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detinham os privilégios da nobreza, a servidão no campo, os monopólios comerciais do
Estado e a censura às ideias “perigosas” (FALCON, 1986). Desde então, surgiu o iluminismo
movimento que revolucionou a Europa.
A ideologia iluminista queria que o livro fosse capaz de reformar a sociedade, que a
vulgarização escolar transformasse os hábitos e costumes, que uma elite tivesse com
seus produtos, se a sua difusão cobrisse todo o território, o poder de remodelar toda
uma geração (CERTEAU, 1998, p. 261).
Considerando o conhecimento a única maneira de acabar com a ignorância,
levando em consideração a informações. A ideologia iluminista esforçou-se para levar o
conhecimento ao povo através dos livros. “Essa preocupação os levou a produzir a
enciclopédia, uma grande obra de 35 volumes, impressa entre 1751 e 1780, que continham um
resumo todo o saber existente até então” (FALCON, 1986). A comercialização destes livros
na Europa tornou-se uma grande barreira, pois eles foram proibidos, e a leitura de quem as
tinha era feita às escondidas, por levar em seu interior o despertar do saber e a luz da razão.
A censura existia para modificar (ou proibir) o material escrito antes de sua
publicação. Os oficiais da polícia do livro e os representantes da indústria editorial
tinham a tarefa de detectar obras perigosas, clandestinas e proibidas, e para este
objetivo supervisionavam os impressores, livreiros, trabalhadores e vendedores
ambulantes (...) A influência crescente das ideias do iluminismo nos círculos
governamentais tornava a vida dos audaciosos mais fácil e dos censores mais difícil
(DARNTON; ROCHE, 1996, p.22).
Tudo o que o clero e a nobreza não queriam, era o despertar do povo e os mesmos
lutassem pelos seus direitos. Algo que se torna inevitável, quando o ser humano possui as
informações e consequentemente os conhecimentos corretos. Como consequência, é notável a
refutação da situação em que vive. O que incidiu com a França ocasionando a sua revolução.
“A censura clerical não deixa passar nada que possa ofender os valores
religiosos-éticos-morais (...) a censura estatal, sob o absolutismo europeu, não deixava passar
nada que ofendesse sua Majestade” (TRAGTENBERG, 2009, p.190). As filosofias de
Voltaire, Montesquieu, Rousseau e Diderot passaram a serem consideradas pela igreja,
literaturas adversas a sociedade. Pois, faziam o terceiro estado (povo) despertar para as
ideologias da razão, criticando o absolutismo e defendendo a liberdade do homem.
Ocorrências que o clero e nobreza não esperavam. Foram então, tachadas como leitura
clandestina e começou a enfrentar altas fiscalizações, os vendedores de livros utilizavam de
altas estratégias para que os livros chegassem a seus destinos. “Dentre os muitos truques para
burlar a fiscalização estava o hábito de casar o livro, isto é entremear uma obra com folhas de
outra. Como são enviadas quase sempre soltas pode-se esconder os livros ‘maus’ no interior
dos bons” (DARNTON, 1992, p.34).
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A respeito do que era bom e ruim isso cabia ao clero e ao Rei distinguir. Obras
que censuravam a igreja, nobreza e a servidão e que revelavam a verdade e razão, tais obras
eram chamadas de as “más” literaturas. Sendo preocupação das autoridades obras como:
Encyclopédie, Thérèse philosophe e L´an 2440 (CAVALCANTE, 2009) da qual traz críticas
as autoridades aos estados e a política.
Todavia essa censura não impediu que muitas pessoas aprendessem sobre os
pensamentos iluministas. Através de conversas com pessoas bem informadas o povo obtinha
os ensinamentos e as informações. Freitas (2013, p.5) salienta a busca pela informação
iluminista “Desta forma, as pessoas passaram a fazer reuniões em locais públicos (...) onde
sempre havia um inflamado orador lendo algum artigo de jornal ou panfleto em voz alta com
o intuito de atiçar os ânimos contra a monarquia”. Alguns livros passaram a ter a linguagem
de fácil compreensão para as pessoas de poucos estudos, assim como os folhetins e jornais.
Nota-se que a informação encontrou barreiras, porém isto não a impediu de que fosse
disseminada e encontrasse outras maneiras para que o conhecimento chegasse aos que dela
necessitavam.
A partir dos pensamentos iluministas o povo passou obter o conhecimento, como
consequência rebelou-se contra o poder absolutista do clero e a nobreza que os atormentavam.
Tal qual a decorrente crise que a França passava, a nobreza passou a elevar os impostos e
aumentar o preço do pão. O povo colando-se em realização seus conhecimentos adquiridos e
baseados nos princípios iluministas causou a grande revolução com o slogan: Liberdade,
igualdade e fraternidade. Assim ocasionando à revolução Francesa, conduzindo o Rei Luiz
XVI e sua esposa Maria Antonieta a guilhotina, a derrubarem o absolutismo e o antigo
regime.
A informação quando adquirida, estudada e praticada, promove mudanças
significativas na sociedade visto que ocorreu a partir dos princípios iluministas, de maneira
que não apenas revolucionou a França, como também originou a conquista universal através
da declaração dos direitos do homem e cidadão no qual “afirmava os princípios de igualdade e
liberdade individual, a igualdade civil e fiscal, a isenção de prisão arbitrária, a liberdade de
expressão e de impressa e o direito à liberdade privada” (POZZOLI, 2001, p.125). Atitude
que reflete até os dias atuais nas diversas áreas do conhecimento, entre eles a biblioteconomia
sendo reflexionada através das bibliotecas e do disseminar da informação.
A Revolução Francesa também se constituiu em um evento importante para a área
de Biblioteconomia visto que levanta, como uma de suas bandeiras, a da igualdade
entre os homens, fazendo com que as grandes bibliotecas particulares fossem abertas
para consulta do povo, levando ao surgimento das bibliotecas públicas (RUSSO,
2010, p.46).
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A democracia da informação que vemos é um resultado dos princípios iluministas
que defendem a igualdade, liberdade e fraternidade na sociedade, relações humanas e no
conhecimento.
4 A ASCENSÃO DO NAZISMO
A Alemanha após a primeira guerra mundial encontrava-se em estado de
decadência, sua economia fortemente abalada, territórios perdidos e o desemprego contribui
para a desvalorização do País. Com a chegada do Nacionalismo-Socialismo, isto é, o Nazismo
do qual foi consolidado em 1933 este cenário de decadência passou a ser mudado através de
seu líder, “Adolf Hitler”. O nazismo passou a buscar a extrema valorização germânica, não só
na política como na cultura.
A literatura, artes, música e o rádio, ou seja, toda forma de entretenimento
informacional e comunicativo começaria a passar pelo rigoroso regimento do estado
totalitário. “Os nazistas tomaram medidas que visavam impedir tantos os processos de
formação de opinião pública como as discussões públicas sobre decisões políticas
antidemocráticas” (CORNELSEN, 2009, p.22).
Com a sua ascensão, o nazismo buscou censurar informações que confrontava
suas ideologias, pois um dos seus princípios era que a sociedade se voltasse para os objetivos
do poder. “Começando a partir disto, uma grande perseguição intelectual aos que abordavam
suas obras contra os pensamentos nacionalistas alemães. Sendo elaborada uma “lista negra”
de obras consideradas nocivas ao regime, para facilitar a remoção de livros "inaceitáveis" das
bibliotecas pública” (CULTURE..., 2013). A perseguição contra informações literárias não
ocorreu apenas com os livros, mas sim com todos aqueles das quais eram mentores e usuários,
ou seja, tanto para autores quanto leitores, o que se tornou realmente um retrato dos princípios
de censura como descreve Tragtenberg (2009, p.190) “a censura atinge a todos; atinge o que
escreve e o que lê”. Por meio destas atitudes, autores tiveram seus livros censurados e se, não
quisessem que suas obras fossem proibidas teriam que adaptar ao sistema imposto. O relato
do escritor Thomas Mann demonstra esta realidade de opressão, em que diz:
Quando eu passava uma temporada às margens do Ostsee, no verão de 1932, recebi
um pacote pelo correio do qual, quando o abri, saíram cinzas pretas, papel
carbonizado. O conteúdo era um exemplar queimado, apenas reconhecível, de um
livro meu, o romance Os Bunddenbrooks – mandado a mim pelo proprietário como
punição por eu ter expressado publicamente meu horror diante do infortúnio nazista
que se aproximava (MANN, 2009 p.139).
A corrida contra a literatura teve o seu grande dia de perseguição em 10 de maio
de 1933 no mesmo ano que o nazismo chegou ao poder. Quando livros foram jogados em
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fogueiras para serem queimados em praça pública com a definição de bücherverbrennung
(queime os livros). Ato que o nazismo utilizou para ofuscar o conhecimento e manter a
sociedade em seus padrões e dependente de intelecto.
O ritual da queima de livros em praça pública, ato que remonta à queima das
“bruxas” na Idade Média, é uma expressão simbólica da barbárie. A partir da
iniciativa da organização estudantil ligada ao partido nazista, o ministério da
propaganda, sob a liderança do ministro Joseph Goebbels, instrumentalizou tal ato
como meio de divulgação da campanha intitulada “Aktion wider den undeutschen
Geist” (“Ação contra o espírito não-alemão”). Listas com nomes de escritores e
obras a serem proibidas foram distribuídas, e a Gestapo, a polícia política, incumbiuse de controlar e confiscar as obras proibidas junto a livrarias e bibliotecas
(CORNELSEN, 2009, p.23).
A partir do nacionalismo extremista, os meios de informação precisaram ser
fiscalizados e vigiados, pensando nisto, foi criado a Câmara de cultura do Reich. Tendo como
responsável o ministro da propaganda Joseph Goebbels. A partir da câmara toda forma de
expressão artística e intelectual deveria ter o consentimento do respectivo órgão para ir a
público. “Aqueles que não procedessem de acordo com as normas impostas sofreriam
proibições profissionais. (...) em outras palavras, a arte deveria apoiar a ideologia do estado, e
não ser representante de heterogeneidades sociais” (ANDREUCCI, 2006, p.60). O que veio a
se tornar a forma de censurar obras artísticas e comunicacionais que não correspondiam com
o regimento da Alemanha nazista. Segundo Varela (2013, online) a câmara tinha como
funções:
Extirpar a literatura nociva e indesejável de todas as bibliotecas alemãs; Libertar a
classe profissional de escritores e autores alemães de toda influência estranha,
organizando-a de acordo com a política cultural nacional-socialista; Prestar toda
ajuda possível à literatura valiosa e favorecer ao máximo o caminho para que livros
bons chegassem às mãos do público.
Diferente do que ocorre em países ditadores que implantam a censura, a
sociedade da Alemanha nazista não ficou sem leitura, pelo contrário, a produção de
literaturas aumentou em massa. “Durante o período nazista foi posta em prática uma política
de popularização literária como parte das estratégias de “indoutrinação” da população alemã
(...) obras foram editadas e distribuídas, com números de edições elevadas, como é o caso de
obras editadas pelas organizações vinculadas ao partido nazista” (CORNELSEN, 2009,
p.24). Tendo em vista a repressão da qual é umas das formas de censurar a informação, visto
que ela é dominada pelo poder, restringindo-se ao público e os valores morais. Conforme
Kehl (1987), ao abordar a psicanálise e o domínio das paixões, faz um julgamento sobre a
repressão. Segundo a autora:
A repressão é um mecanismo insuficiente para dar contado excesso de
energia que não encontra meios de descarga. A repressão dissocia, aliena,
faz da pessoa uma cega para seus desejos, ignorante sobre o que é bom
para ela. Uma presa fácil de líderes totalitários, dos grandes pais
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autoritários que prometem alívio para angústias de prazer que
acompanham todas as tentativas de retorno do reprimido, em troca da
obediência, da adesão total à sua liderança. A repressão é a condição da
obediência: quem não sabe o que quer, quer aquilo que dizem que ele deve
querer. É tão simples assim, e é partindo desse raciocínio simples que Reich
veio a entender a adesão do pobre povo alemão ao nazismo (KEHL, 1987, p.
481).
Visando influenciar o povo aos interesses pessoais tiranos, as obras possuíam uma
mensagem com intuito de influenciar o povo germânico a guerra, propagando a supremacia da
raça ariana, o repúdio aos judeus e ao extremo nacionalismo. Sendo forma de causar o desvio
intelectual. A consequência destes acontecimentos formou uma Alemanha que idolatrava seu
líder acreditando nos seus atos como verdade. Em contrapartida, o preconceito triunfava para
com as diferentes raças e ideologias.
O nazismo deixou uma dívida cultural com judeus devido ao saqueamento de
obras que correspondiam a ideias de autores judeus. Muitas informações foram perdidas
decorridas da queima de livros, dentre os grandes perseguidos do nazismo, corresponde aos
judeus que possuíam livros de conhecimentos de sua raça e religião.
Porém em recente ocasião a biblioteca de Berlim devolveu obras que foram
roubadas dos diversos lugares que detinham o conhecimento judaico. “A biblioteca pública
de Berlim devolveu nesta quarta-feira 13 livros roubados pelos nazistas à comunidade judaica,
como parte dos esforços do governo alemão de restituir os tesouros culturais saqueados”
(VEJA, 13 abr. 2011). Percorrendo toda história da censura nazista, paira um pensamento de
pêsames sobre os muitos conhecimentos e informações que foram extinguidas da humanidade
por causa das recriminações e consequência de atos individualistas.
5 DITADURA MILITAR NO BRASIL
Teve seu início em 1964 até 1985 com duração de 21 anos quando os militares
assumiram o poder derrubando, o Presidente da época, João Goulart. Marcado como tempos
de dureza e opressão. Conforme Nascimento et al (2013, p.3) afirma um “sistema centralista e
autoritário, rompendo assim o regime democrático”. Que proibia as formas de expressão e
ideias independentes que iriam contra os objetivos do governo. Criando no governo militar de
Castello Branco, a partir dos Atos Institucionais o Serviço Nacional de Informação (SNI) que
vigiava informações no território Brasileiro.
Porém foi a partir do segundo Presidente Militar que o abuso do poder se tornou
visível, quando as informações mostravam realmente ameaça a supremacia. “Com a edição do
Ato Institucional n. 5, no governo do presidente Costa e Silva em 1968, tornou-se possível
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(...) criar condições para a censura à divulgação da informação, à manifestação de opiniões e
às produções culturais e artísticas” (RODRIGUES, 2013, p.32). A partir disto a música, o
cinema, as novelas, a literatura e as artes e as formas de expressões em geral, foram alvos de
perseguições pela influência na sociedade que elas conquistavam.
Os livros de início não foram tão perseguidos, porém a partir de 1970 com o
Governo de Médici, viriam então acontecer à censura de obras e periódicos com a desculpa de
proteger a moral e os bons costumes. Conforme o (DECRETO-LEI N. 1.077, de 26/01/1970):
Considerando que esta norma visa a proteger a instituição da família preservar-lhe
os valores éticos e assegurar a formação sadia e digna da mocidade; considerando
que se tem generalizado a divulgação de livros que ofendem frontalmente à moral
comum:
Art. 1 – não serão toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos
bons costumes, quaisquer que sejam os meios de comunicação; Art. 2 – caberá ao
Ministro da Justiça, através do Departamento de Polícia Federal verificar quando
julgar necessário, antes da divulgação de livros e periódicos, a existência de matéria
infringente da proibição enunciada no artigo anterior.
Após este decreto o estado passou ter total domínio de censurar livros e
periódicos, pelo órgão de Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP). Ficando
estabelecido, que toda obra produzida deveria ser averiguada para não serem disseminadas
informações que fossem contra os interesses do Estado. “(...) Eram vetadas aquelas que
fizessem elogio ao comunismo ou criticassem o sistema político vigente; no campo da moral
religiosa, eram vetados os temas do ateísmo e da pornografia (...)” (LEITE; LEITÃO, 2009,
p.11).
A pesquisa encontrou evidências de algumas bibliotecas que possuíam livros
suspeitos, bibliotecas essas que foram invadidas como da Faculdade de Filosofia de Rio Preto,
conforme é relatado em “O controle Ideológico” na USP (2004, p.16), “Porque houve a
denúncia de que, na biblioteca da Faculdade, havia obras de Karl Marx e professores
comunistas, escolhidos à cadeia e dois mais precavidos tiveram que desaparecer. ” O caso da
biblioteca da universidade de Brasília que foi interditada e investigada “Circularam várias
histórias jocosas a respeito de obras consideradas suspeitas: tábuas de logaritmos teriam sido
tomadas como códigos secretos, livros teriam sido julgados subversivos porque suas capas
eram vermelhas” (SALMERON, 1997 p.177). Assim como o relato descrito da Bibliotecária
da UFRGS, “O caso de alguns livros encadernados em vermelho da Faculdade de Arquitetura,
que foram, por ordem da direção, recolhidos do acervo, pois se tinha de que relacionassem
essas obras ao comunismo” (CHAFFE, 2009, p.34).
Livrarias também passaram a ser invadidas e livros recolhidos, as editoras se
preocupavam por investir em obras e o medo de acabarem não sendo aceitas pela censura.
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Alguns dos livros censurados foram: “Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca; Zero, de Ignácio
de Loyola Brandão; Dez Estórias Imorais, de Aguinaldo Silva e Carniça, de Adelaide
Carraro” (FIORATTI, 2012, p.83). Complementando, as obras da escritora Cassandra Rios,
que também foi o alvo dos censores por abordar em suas obras o erotismo e temas
homossexuais.
Livros ou revistas lançadas teriam que enviar cópia para serem analisados, até as
capas dos escritos eram avaliados pelos censores, ficando cada vez mais difícil ter uma obra
lançada e aprovada. “A revista Veja também foi informada, em dezembro de 1969, que
semanalmente, deveria submeter um exemplar impresso para exame por um determinado
militar, que liberaria ou suspenderia a circulação daquela edição” (GASPARI, 2002, p. 169).
Alguns tipos de livros tornaram-se isentos da censura como os didáticos, técnicos, os que não
falavam de pornografias e os que não afligiam a moralidade pública.
Conforme a Portaria 11-B, em 6 de fevereiro n.1-70 que dizia: “estão isentas de
verificação prévia as publicações e exteriorização de caráter estritamente filosófico, científico,
técnico e didático, bem como as que não versem sobre temas referentes ao sexo, moralidade
pública e bons costumes”. Todavia o governo utilizou estratégias para que os ataques a obras
literárias não fossem visivelmente percebidos, passando a investir em grande demanda de
livros de ensino e autores para a valorização da leitura brasileira, através do Instituto Nacional
do Livro (INL). “Fornecendo aos autores incentivos econômicos para a publicação de obras,
diminuição ou extinção dos ônus fiscais sobre a atividade cultural (...)” (PEREIRA, 1967).
Em 5 de outubro de 1988 com a frase de Ulysses Guimarães “Declaro
promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil” e ainda
dizia: “Temos ódio a ditadura, ódio e nojo”. Era o País triunfando contra os 21 anos de
opressão, sendo então estabelecida à constituição Federal que aprova a liberdade de aprender,
ensinar e pesquisar e o apoio do estado às manifestações culturais e diferentes formas de
expressões. Um verdadeiro passe contra os anos de chumbos que o conhecimento e
informações passaram.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa analisou o quanto, os conhecimentos provenientes das informações
adquiridas são capazes de mudar uma situação provocando verdadeiras revoluções na
humanidade e tornando-se uma verdadeira arma contra a ignorância. Sabendo disso foi
perceptível que possuidores do poder, sempre souberam desde a antiguidade, a influência da
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informação. Por meio disto, criaram uma forma de evitar o fluir destas, ocasionando a
censura.
A partir destas reflexões foram notados que a informação se tornou ameaçadora
para aqueles que desejavam centralizar seus interesses pessoais, e que por meio destas
atitudes de poder, muitas informações foram extintas da humanidade, pois sabiam que os
indivíduos que buscassem conhecimento não seriam mais os mesmos. É notável que a grande
gama de informações e os direitos que temos de acesso aos dias atuais foram conquistados a
partir de atitudes e revoluções de indivíduos que lutaram para que todos tivessem a liberdade
para a busca e a utilização do conhecimento. O exemplo da declaração do direito do homem e
do cidadão e com a revolução francesa relacionaram esse novo direito.
Deste modo devemos entender os acontecimentos e os processos históricos que a
informação se sucedeu, para não tomamos como exemplos os erros cometidos por aqueles que
um dia tinham total domínio da informação em suas mãos, em que buscaram repassar apenas
suas próprias verdades e ideologias. Pois, na medida em que foram ocorrendo os estudos deste
artigo sobre censura, foram analisadas as atitudes insensatas dos poderes que restringiam as
informações, porém a reflexão pairou sobre as posições atuais, remetendo aos casos dos
profissionais da informação dentro das unidades de informação.
Torna-se viável que o bibliotecário e os profissionais da informação reflitam
sobre suas atitudes, se estão para um censor, profissional restringe as informações pensando
muitas vezes em si, crendo que determinados tipos de obras não “convém” aos seus acervos
porque seus princípios não agem de acordo com as informações ali inseridas, tendo também
aqueles que utilizam “Censura técnica” a chamada burocracia, sobre os livros para com os
seus usuários/clientes ou para um profissional que realmente defende o cunho liberal e
humanista da profissão, no qual, têm por objetivo disseminar a informação sem preconceito
com credos, opiniões e atitudes.
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EU DIGO NÃO AO NÃO: o movimento Tropicália e a censura no Brasil.
GT 2: Formação política e a discussão de gênero, modalidade oral
SILVA, Fernando Santos da1
SOEIRO, Gabrielly P. L.2
VASCONCELOS, Camila Silva3
RESUMO
A partir do momento em que se contesta a cultura dominante, o pensamento, além dos
costumes, crenças e convenções que se formam podem ser chamados de contracultura.
Buscamos então mostrar um dos principais representantes dos movimentos contraculturais no
Brasil e o modo como ele resistiu à censura durante o regime militar no Brasil. Como método
utilizou-se a pesquisa documental em diversos documentos, visando buscar a relação entre a
censura exercida na época da ditadura militar brasileira e suas consequências sobre a
produção do movimento Tropicália. Chegou-se à conclusão de que mesmo surgindo em um
período conturbado houve sim, no Brasil, influências de movimentos contraculturais,
principalmente no movimento Tropicália, que mesmo tendo acontecido em um período
relativamente curto, deixou um legado bastante promissor na cultura brasileira.
Palavras-chave: Movimentos contraculturais. Contracultura no Brasil. Tropicalismo.
Censura no Brasil.
ABSTRACT
From the moment that challenges the dominant culture, the thought that form, beyond the
customs, beliefs and conventions that form around can be called counterculture. So we tried to
show the main of the countercultural movements in Brazil and how he resisted the censorship
during the military regime. As a method used to document research in various documents, in
order to pursue the relationship between censorship exercised at the time of Brazil's military
dictatorship and its consequences on the production of tropicália movement. Reached the
conclusion that even appearing in a troubled period, there was, in the Brazil influences of
countercultural movements, especially in tropicália movement that has even happened in a
relatively short period, left a promising legacy in Brazilian culture.
Keywords: Countercultural movements. Counterculture in Brazil. Tropicalism. Censorship in
Brazil.
1 INTRODUÇÃO
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A Tropicália foi um movimento que influenciou a cultura brasileira dos anos 1960
e durou por um breve período. Com suas experimentações artísticas e sua postura política
sobre o que acontecia na sociedade da época, ela ainda faz-se presente em nosso cotidiano,
sendo um dos fatores que contribuíram para que alguns aspectos da sociedade chegassem ao
que são atualmente. Também foi um dos representantes dos movimentos contraculturais na
sociedade brasileira. Assim, por conta de sua relevância na história cultural brasileira
resolvemos mostrar como a Tropicália atuava, mesmo com toda a censura durante a ditadura
militar.
Em um primeiro momento mostraremos algumas ideias sobre contracultura.
Pretendemos com este tópico contribuir para a melhor compreensão da atmosfera desse
período histórico, trazendo questões para o enriquecimento da discussão, mas sem pretender
estabelecer conclusões ou abordar todos os grandes nomes, mas sim os autores que
recentemente expuseram novos olhares sobre a área. Alguns pontos da cultura hippie também
serão abordados de forma sucinta, assim como a identificação de alguns dos aspectos vividos
na época para sinalizar de que forma estes podem ter contribuído para o nascimento das
contraculturas.
Logo após voltamos nosso olhar para o Brasil, onde buscamos mostrar o que
poderia haver de contracultura no país na década de 1960, onde falamos sobre o surgimento
do movimento tropicália e de suas características principais. Dentro dessa sessão é feita uma
breve contextualização, enfatizando a forma de governo do Brasil na época e alguns métodos
utilizados para a manutenção do governo, focando em como era executada a censura dentro do
regime militar.
2 CONTRACULTURA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A Guerra do Vietnã foi um dos principais alvos dos grupos que surgiam com
postura crítica ao comportamento do governo americano. Feijó (2009) destaca bem essa
relação entre a guerra e a contracultura, que foi o nome que recebeu a rebelião de jovens na
segunda metade da década de 1960, formada principalmente jovens universitários norteamericanos de classe média que se recusavam a cumprir serviço militar em função da Guerra
do Vietnã. Buscando uma vida alternativa, também criavam uma nova música e negavam uma
sociedade de alta tecnologia e sociedade de consumo correspondente (FEIJÓ, 2009, p. 4).
Assim, a contracultura pode ser definida com uma forma de ver e de viver o mundo diferente
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da cultura tradicional, ou cultura dominante ou cultura vigente, “é uma inversão de formas e
de valores culturais” (MAIA, [s. d.], p. 29).
Porém, vale lembrar que esses grupos criticavam não só essa postura dos
governantes americanos, mas todo e qualquer costume da sociedade capitalista, como o
consumo, o trabalho, as instituições, as relações, o comportamento diante do sexo e das
drogas, etc. “Variando entre o desbunde e formas mais especificamente politizadas,
criticavam de uma maneira geral o autoritarismo e os valores burgueses” (CARVALHO,
2009, p. 36).
Em síntese, era contra o establishment, que designa as classes dominantes que
exercem poder sobre as relações políticas, econômicas e culturais presentes numa sociedade.
A contracultura também foi um movimento sociocultural, que tinha como objetivo um estilo
de vida antimaterialista questionando os valores vigentes e propondo um abandono as
tradições do capitalismo (SOSSMEIER, PARIZOTTO, 2013, p. 2-3).
O movimento hippie foi um dos principais expoentes desse comportamento
contestador diante da cultura ocidental. Um dos marcos desse movimento foi o festival de
Woodstock, de 1969, onde durante três dias ocorreram diversos shows de rock e muitas das
ideias pregadas pelo movimento eram seguidas.
A forma como o evento apresentou músicas, drogas, sexo livre, cenas de nudismo
e rock'n'roll o caracterizou como um confronto ao establishment, afinal opositores ao
movimento eram conservadores, com costumes e valores tradicionais (SOSSMEIER,
PARIZOTTO, 2013, p. 6).
Observando esse comportamento hippie podemos trazer outra característica dos
movimentos contraculturais dessa época. A contracultura se apresentava como uma nova
forma de ver o mundo, de uma forma diferente de qualquer visão predominante na época,
onde tanto as ideias cotidianas individuais quanto as ideias coletivas eram criticadas de forma
direta. Finalizando, podemos notar isso no pensamento de Lungaretti ao dizer que o amor
livre, a convivência harmoniosa, o culto à natureza, o visual desarrumado, a substituição de
laços familiares por comunidades e o desprezo às regras e aos valores da sociedade são
características da contracultura, características essas que os jovens da época absorveram e
tornaram estilo de vida (LUNGARETTI, 2009).
Esse estilo contestador e diferenciado dos movimentos contraculturais chegou ao
Brasil durante um período ímpar da história do país, que vivia um de seus momentos mais
obscuros. Nesse contexto, a censura foi um dos principais “adversários” da contracultura do
Brasil.
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3 A CENSURA NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
“Censura (…) é o instrumento utilizado para a manutenção de uma ideologia e,
consequentemente, do próprio regime em vigor, o que explica o fato de a censura investir
contra o que ‘não está politicamente correto’” (OTAVIANO et al., 2000, p. 60). Assim
podemos notar que em um regime de governo de caráter claramente autoritário a censura é um
dos instrumentos mais utilizados para sua continuidade.
A censura foi um instrumento bastante utilizado durante o governo militar que
ocorreu no Brasil na década entre os anos de 1964 e 1985, sendo mais intenso no início, onde
“os militares precisavam garantir sua legalidade e a imagem de um bom governo, que não
tortura, nem tampouco aplica medidas repressivas” (SAMWAYS, p. 3). Como afirma
Chartier (1990), era uma “luta de representações” onde há a vontade de impor, mesmo que
usando a força, uma concepção do mundo social.
No início do regime, com a implantação de medidas ditatoriais, o novo governo
buscou suprimir a liberdade de seus opositores políticos, quando ao implantar o Ato
Institucional nº1 (AI-1) que dava ao presidente amplos direitos, dentre os quais estava o de
cassar direitos políticos. Dessa forma o regime podia governar sem que oposição política
fosse contra suas decisões. Além disso, com o Ato Institucional nº 5 (AI-5), - considerado um
golpe dentro do golpe - as produções culturais e da imprensa passaram a sofrer censura prévia
e muitos produtores, jornalistas, intelectuais e artistas em geral passaram a sofrer perseguição,
dentre outros tipos de coerção. A justificativa dos militares era a de que estavam zelando pela
moral e pelos bons costumes da família brasileira.
E assim o governo veiculava notícias de acordo com seus interesses, mostrando
propagandas que objetivavam criar a imagem de um país que estava se desenvolvendo com
um povo que o apoiava incondicionalmente. Um dos órgãos que realizavam ou que presidiam
essas ações de censura era a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), responsável
pela regulamentação da produção de livros, peças, músicas entre outras expressões artísticas.
Aliado a ele também existia o Serviço Nacional de Informações (SNI). Criado em 13 de junho
de 1964 tinha sedes em vários estados do país e tinhas como objetivo produzir e controlar
todo e qualquer tipo de informação sobre o país. Ela foi criada dentro do contexto da Doutrina
de Segurança Nacional que visava salvaguardar o país das ameaças internas.
Para combater um inimigo desconhecido, porque se disfarçava de cidadão comum, e
localização não definida, porque se espalhava em todos os lugares, tornou-se
fundamental erigir uma estrutura de informação e repressão que permitisse alcançar
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os objetivos nacionais definidos por quem governava o Estado de Segurança
Nacional. (ANGELO, 2012, p. 4).
4 O MOVIMENTO TROPICÁLIA
O tropicalismo ou movimento tropicália foi uma maneira nova de se abordar
determinados aspectos culturais no Brasil. Tendo início na segunda metade dos anos 1960
“foi um movimento cultural (...) que, usando deboche, irreverência e improvisação,
revolucionou a música popular brasileira, que antes se restringia basicamente à bossa nova”
(DUARTE e FIALHO, 2012, p.11). “O nome foi extraído por Caetano Veloso de uma
instalação do artista plástico Hélio Oiticica, participante ativo da consolidação do movimento,
(...) que foi inspirada na tese antropofágica da Semana de Arte Moderna de 1922” (VINIL,
2008, p. 86).
Segundo Dunn (2009, p.18) “o movimento fazia referência ao clima tropical do
Brasil que, ao longo da história, tem sido exaltado por gerar uma exuberante abundância, ou
deplorado por impedir o desenvolvimento econômico na linha das sociedades de climas
temperados”. Nesse sentido, o mesmo autor fala do modo provocador como o movimento
abordava essa característica do clima brasileiro, sendo exagerada até certo ponto, de modo a
relacioná-lo ao clima de violência política e miséria social (p.19).
Situando de forma breve o tropicalismo, os anos 1960 foram marcados, no campo
político, pelo início de um governo ditatorial após a tomada do poder por meio de um golpe
organizado pelos militares em 1964. Esse golpe trouxe mudanças drásticas em vários aspectos
da vida dos brasileiros. Através do controle dos meios de comunicação, os governantes
passaram a controlar toda e qualquer produção cultural da época, impedindo a divulgação e a
comercialização de músicas, filmes, peças de teatro, livros, etc.
O governo viu surgir muitos movimentos de oposição, principalmente da
esquerda, que se contrapunham ao regime. Dentre as formas pelas quais esse movimento de
esquerda mostrava seu descontentamento estavam as produções culturais. Toda e qualquer
produção, de acordo com os movimentos culturais de esquerda, deveria ser feita de forma que
criticasse o regime de forma direta, o que fazia com que os próprios grupos que
compartilhassem essa ideia apresentassem comportamento ofensvo em relação a produções
desvinculadas de críticas ao regime. O movimento da Jovem Guarda, do mesmo período, era
um dos alvos das críticas do movimento de esquerda, já que, tendo influências do rock angloamericano que vinha se desenvolvendo na época, retratava em suas músicas coisas do
cotidiano, sem qualquer engajamento político.
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Nesse contexto, com a repressão do governo em todos os aspectos da vida
cotidiana de um lado e a pressão dos movimentos de esquerda para que se faça arte com a
crítica direta de outro, surge o tropicalismo. Cláudio Coelho nos dá uma noção desse campo
ao afirmar que “O tropicalismo construiu uma versão alternativa das relações entre cultura e
política, disputando com a esquerda no seu próprio terreno; o que explica a reação explosiva
da esquerda frente à produção tropicalista, e a não menos explosiva resposta a essa reação”
(COELHO, 1989, p. 163). Vemos então que o movimento tropicália já surgiu em um
ambiente conturbado, onde “discussões sobre o papel que cabia ao artista em relação a
movimentos políticos e sociais progressistas orientaram grande parte da produção cultural
durante esse período” (DUNN, 2009, p. 58).
Heloísa Buarque de Holanda (1992) cita a diferença em relação ao modo crítico
do movimento, já que este, indo no sentido contrário ao dos movimentos de esquerda, atuava
em atitudes e comportamento individuais, de forma semelhante aos discursos da
contracultura.
Tendo como principais nomes Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa,
entre outros, o movimento teve grande visibilidade no III Festival de Música Popular
Brasileira, em 1967. Nesse festival Caetano Veloso apresentou a música “Alegria, alegria”,
onde, fazendo relações entre elementos da globalização com elementos locais, nos mostra um
pouco a percepção da época e um dos objetivos do movimento, que buscava trazer um “som
universal”. Caetano classificou sua música em quarto lugar. Contra as tendências da Bossa
Nova, cada vez mais dominada pela esquerda nacionalista, “o grupo baiano e seus
colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da
cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia” (OLIVEIRA). Ainda no III Festival de
MPB, Gilberto Gil apresentou a música “Domingo no parque”, que foi a vice-campeã, ficando
atrás de “Ponteio” de Edu Lobo.
O tropicalismo surgiu como um movimento que buscava a inovação na estética e
na concepção de arte na década de 1960. Através da relação entre o moderno e o arcaico “o
tropicalismo apreendeu uma dimensão fundamental da sociedade brasileira, (...) retomando,
assim, um caminho aberto pelos modernistas da década de 20 (Mário de Andrade e Oswald de
Andrade, principalmente).” (COELHO, 1989, p. 166), sendo essa uma das principais
características e diferenças do movimento tropicalista em relação ao movimento cultural da
época, já que este era nacionalista, enquanto que o tropicalismo afirmava que não se pode
fazer cultura sem que se leve em conta as influências da sociedade. Nesse caso, já que a
sociedade brasileira era influenciada pela cultura internacional, a produção cultural também
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teria de ter essa influência: “Para os artistas tropicalistas uma produção cultural que pretenda
representar no plano artístico a sociedade brasileira não pode deixar de incorporar os
elementos estrangeiros que esta mesma sociedade incorpora” (COELHO, p. 1989, p. 162).
Assim trazendo instrumentos como a guitarra elétrica – novidade aqui no Brasil na
época – e unindo-os com instrumentos “nacionais” houve uma verdadeira revolução na
música brasileira. Tomando emprestado um dos princípios do Modernismo, a Tropicália
também considerava que o país “deixaria de apenas importar e passivamente consumir a
cultura dos países dominantes; passaria a ser um exportador de cultura” (DUNN, 2009, p. 30).
A mudança não ocorreu somente na forma, mas também no conteúdo, já que
foram criadas composições com elementos até então pouco populares, onde as letras eram
bem diferentes, com palavras em outros idiomas e assuntos nem tão abordados - pelo menos
não da mesma maneira. “As canções tropicalistas falavam da ‘realidade brasileira’, tão
reclamada pela esquerda, mas ofereciam uma visão diferente dessa realidade, utilizando,
como a jovem guarda, formas artísticas consideradas descaracterizadoras da cultura
brasileira” (COELHO, 1989 p. 161). Outro ponto era o modo como eram dispostas as
palavras nas letras de algumas composições. Aqui fica clara influência da poesia concretista
onde mais do que o conteúdo das letras, a forma, o desenho que a disposição das palavras
formava era importante.
É possível perceber também que o movimento Tropicália, assim como a cultura
hippie, “dariam ímpeto a atitudes, estilos e discursos da contracultura emergente no que se
referia a raça, sexo, sexualidade e liberdade pessoal” (DUNN, 2009, p. 20) contrastando com
a esquerda tradicional que sempre trazia a bandeira da coletividade. No tropicalismo – e na
cultura hippie - até mesmo a família era tida como uma instituição repressora.
“A Nova Esquerda aliava-se aos hippies e palmilhava um estilo de revolução que
não buscava o confronto, mas novos padrões de vida” (SHCMIDT, 2001, p. 25). Segundo
Fialho e Duarte o tropicalismo foi o movimento mais relacionado aos hippies que ocorreu no
Brasil. Dentre os pontos em comum entre os dois movimentos podemos abordar alguns como
a música e a política, mas também o comportamento (como, por exemplo, os mais variados
movimentos estudantis), a moral, o sexo e o modo de se vestir (FIALHO e DUARTE 2012, p.
11).
Mesmo assim, todos esses aspectos não encobriam a postura crítica do
movimento, que mostrava nas suas letras a insatisfação com o que o Brasil vivia na época. De
acordo com Dunn (2009, p. 190), “os tropicalistas foram relativamente menos afetados pela
censura, em grande parte porque sua música em geral não era associada ao protesto político.
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Mesmo assim, tanto Gil como Caetano compuseram músicas que criticavam o regime, depois
de voltar do exílio no início dos anos 70”.
Mas ainda que não tenha sido o principal alvo da censura na época, houve, por
parte dos participantes do movimento, atuação no sentido de mostrar que deveria haver sim o
mínimo de lucidez pra perceber as mudanças pelas quais o Brasil passava na época. O fato de
haver certa preferência pelas questões culturais - mais do que as políticas - não fez o
movimento se tornar apenas um grito alienado dentro do contexto repressor do país.
5 METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho usou-se a pesquisa bibliográfica em artigos,
livros, jornais da época, na discografia dos artistas citados – Caetano Veloso, Chico Buarque,
Os mutantes, Tom Zé – para a elaboração de uma revisão de literatura que abrangesse o
escopo do objetivo apresentado no início do trabalho. Para tal fim buscou-se o auxílio de
autores renomados dentro do campo de pesquisa que corroborassem com a visão apresentada,
em especial autores que tratam das relações entre censores, censura e livre expressão na época
da ditadura.
6 CONCLUSÃO
Assim podemos ver que, apesar de parecer distante no tempo, os movimentos
contraculturais continuam a estender suas sombras sobre o pensamento atual, aparecendo em
citações sobre o período ou como influência artística em composições de artistas da
atualidade. E mesmo sendo algo pontual, que não foi nem é divulgado pelas mídias não se
pode negar a importância que tais movimentos e ideias tiveram para que se formasse o
pensamento vigente com seus ideais de liberdade e experimentação, além da vontade de
inovar e do pensamento criativo que foi elevado a um novo patamar.
Mesmo que o tropicalismo não tenha sido um movimento tão sólido no início e
nem tenha perdurado firmemente por um período longo, durou o suficiente para marcar sua
presença na música nacional e internacional como um movimento singular, original e único.
Nascido durante um período bastante conturbado da história nacional, como foi citado
anteriormente, vemos o quão resistente à perseguição e a repressão foram as ideias, o quão
importante foram seus expoentes como um veículo de antirepressão, porta-vozes da sociedade
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e também arautos de um novo dia que chegaria, o dia em que a ditadura não mais existiria e
poder-se-ia ter voz, não uma meia voz ou uma voz enviesada como era concedida a eles
através da censura.
Apesar do movimento não ter continuado com a sua produção intrínseca depois da
abertura política, o tropicalismo foi e a ainda é um dos marcos da cultura e da contracultura
brasileira, marcando não somente uma geração mas deixando um legado e uma cultura que
nunca será esquecida, tendo como principal herança a coragem para falar sobre temas que não
agradam ao status quo. Através da análise das origens da ideologia que regia o movimento
tropicalismo e a cultura hippie notamos que eles ainda continuam presente através de sua
ideologia e valores no mundo atual.
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ZÉ, T. Tom Zé (1968). Sony 495712, 2000.
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POLÍTICAS PÚBLICAS: uma reflexão sobre os equipamentos de apoio às mulheres
vítimas de violência
GT 2 modalidade (oral)
SILVA, Maria de Fátima Sales Moreira26
LIMA, Priscila Correia de27
SILVA, Marciana Siqueira da28
SILVA, Joselina da29
RESUMO
As vítimas de violência doméstica e familiar contam hoje com o apoio do Estado constituindo
uma rede de proteção que contribui com a representação de seus direitos e garantias. Muitas
dessas ações têm permitido que este tema deixe de ser invisível. Assim, políticas públicas
voltam-se a buscar erradicar este problema que já toma ares de epidemia, em diferentes
pontos do país, seja nas áreas rurais ou urbanas. Considerando o número crescente de
mulheres vitimadas, anunciadas na mídia e pelos órgãos competentes, vimos desenvolvendo
entre 2012 a 2013, a pesquisa Os equipamentos públicos de apoio às mulheres vítimas de
violência no Cariri cearense, cujo objetivo principal é constituir um mapeamento dos
equipamentos jurídicos e institucionais que atuem no apoio às mulheres vítimas de violência,
no sul do Estado do Ceará. Este trabalho norteia-se por uma revisão bibliográfica, análise dos
dados relativos à violência na região, bem como de entrevistas com gestores (as), nos órgãos
pesquisados. Até o momento, visitamos o Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher de Juazeiro do Norte, Centro Regional de Referência da Mulher – CRRM, Centro de
Referência Especializada da Assistência Social - CREAS, Conselho Municipal de Defesa da
Mulher – COMDEM. Esta é uma pesquisa em andamento no âmbito do N’BLAC (Núcleo
Brasileiro, Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e
Movimentos Sociais), da Universidade Federal do Cariri- UFCA.
Palavras-chave: Políticas Públicas. Equipamentos públicos. Violência Doméstica e familiar.
ABSTRACT
Considering that the victims of domestic and family violence today rely on state support
constitutes a safety net that contribute to the representation of their rights and guarantees.
Many of these actions have allowed this problem no longer invisible. Thus, public policies are
turning to search eradicate this problem already takes epidemic of air in different parts of the
country, whether in rural or urban areas. Considering the increasing number of female
Graduanda em Biblioteconomia (UFCA). E-mail: [email protected]
Graduanda em Biblioteconomia (UFCA). E-mail: [email protected]
28
Graduanda em Biblioteconomia (UFC). E-mail: [email protected]
29
Socióloga, Professora adjunta da (UFCA). E-mail: [email protected]
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victims, announced in the media and by the relevant authorities, we have been developing,
research Public support facilities for women victims of violence in Ceará Cariri, whose main
objective is to provide a mapping of legal and institutional equipment operating in support to
women victims of violence in the south of Ceará. This work is guided by a literature review,
analysis of data on violence in the region, as well as interviews granted by (the) managers
(as), in the studied organs. Yet visited the Juvenile Court of Domestic and Family Violence
Against Juazeiro woman, Regional Center for Women's Reference - CRRM, Specialized
Reference Center for Social Assistance - CREAS, Municipal Council for the Defense of
Women - COMDEM. This is an ongoing research within the N'BLAC (Brazilian Center, Latin
American and Caribbean Studies in Race Relations, Gender and Social Movements), the
Federal University of Cariri- UFCA.
Keywords: Public politics. Public facilities. Domestic violence and family.
1 INTRODUÇÃO
Além do medo, da vergonha, a falta de informação é um dos fatores que afeta o
cotidiano das mulheres que compartilham do seu espaço de convivência com seus agressores,
que na maioria das vezes são pessoas muito próximas. No entanto a luta pelos direitos da
mulher é marcada por trajetórias de discriminação e intensas mobilizações, em 1993 em
Viena com a realização da Conferência Mundial de Direitos, os direitos humanos das
mulheres foram reconhecidos. O documento produzido naquela Conferência, a Declaração de
Direitos Humanos de Viena reconheceu as formas de violência contra mulher.
A falta de informação esta entre as dúvidas mas, frequentes na qual as vítimas se
deparam tais como: quais os procedimentos feito para procurar a delegacia; quais as medidas
que protegem as vítima de seu agressor; assistência financeira a vítima quando depende
financeiramente do agressor; orientação sexual; necessidade de informação clara após a
denúncia no caso de estrupo ou quando envolve menores. O acesso a informação é um direito
que não pode ser negado a nenhum ser humano, tendo em vista que também é um direito
resguardado pela Constituição Federal de 1988. O capítulo I da Constituição em se artigo 5
estabelece que:
[...] todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
Nesse contexto, o acesso e uso da informação é a viga mestra que sustenta a esfera
social. Há de convir que, as mulheres vítimas de algum tipo de violência possam não ter
acesso à informação, as excluindo cada vez mais do processo de cidadania, tendo assim seus
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direitos fragmentados, por outro lado a falta de informação contribui com que as vitimas não
procurem atendimento nesses equipamentos.
A Lei Maria da Penha, promulgada em 2006 colaborou para a criação de uma rede
para o enfrentamento da violência contra mulher, na qual fazem parte as delegacias, Centros
de Referência de Atendimento as mulheres, Institutos Médicos Legais, e as Varas da Mulher.
No entanto, esses serviços prestados por esses equipamentos são passíveis ao despreparo das
pessoas frente ao atendimento dessas mulheres, pela falta de humanização e entendimento dos
tramites legais da Lei. Conforme Santos e Vieira (2011, p. 94) “Há necessidade de
investigações que focalizem aspectos específicos do problema, como a disponibilidade de
equipamentos sociais de apoio às mulheres em situação de violência”. Conhecer a
organização e o funcionamento dos serviços disponíveis favorece a avaliação e
monitoramento das políticas públicas e permite seu aprimoramento.
Esse estudo tem como delimitação observar as ações e atribuições dos diversos
aparatos oficiais de apoio às mulheres vitimadas por violências e residentes na Região do
Cariri Cearense, mais precisamente nas cidades de Juazeiro do Norte. Nosso campo de
observação se estrutura a partir da análise dos dados relativos à violência na região,
disponibilizados pelos setores públicos de apoio às vitimadas.
Voltamos-nos também para entrevistas cedidas pelos gestores em posições
hierárquicas nos órgãos pesquisados. O Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher de Juazeiro do Norte, Centro Regional de Referência da Mulher – CRRM, Centro de
Referência Especializada da Assistência Social - CREAS, Conselho Municipal de Defesa da
Mulher – COMDEM. Esta é uma pesquisa em andamento no âmbito do N’BLAC (Núcleo
Brasileiro, Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e
Movimentos Sociais), da Universidade Federal do Cariri- UFCA. O Núcleo foi formado no
segundo semestre de 2006, no âmbito do Curso de Biblioteconomia no campus da UFC no
Cariri, hoje Universidade Federal do Cariri (UFCA).
O N’BLAC refere-se a um espaço acadêmico que estuda as relações raciais e suas
interações com gênero, educação, culturas, identidades, desigualdades sociais, políticas
públicas e movimentos sociais. Visando promover e estimular pesquisas e produções
acadêmicas ampliadas sobre a população afro descendente e sua participação social, política e
cultural. Contribuindo com a formação de pesquisadores nos diversos níveis. Conta com
colaboração dos alunos do curso de Biblioteconomia, Administração e Filosofia e tem
desenvolvido estudos a partir das seguintes linhas de pesquisas:
a) Relações Raciais;
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b) Gênero;
c) Movimentos Sociais;
d) Religiões Afro- Brasileira.
Nas áreas de pesquisa, capacitação, comunicação, documentação, publicação e
monitoramento e avaliação de políticas públicas sobre a coordenação geral da Dra. Joselina da
Silva e a Vice coordenadora Maria Cleide Rodrigues Bernardino. Nesse contexto o N’BLAC
desenvolve as seguintes pesquisas:
a) A construção da identidade: um olhar sobre os estudantes negros do curso de
Biblioteconomia (UFC -campus cariri): nesta pesquisa tem sido abordadas as questões
pertinentes à construção da identidade etnicorracial no âmbito do curso de graduação
em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará, Campus do Cariri. A análise
da pesquisa permiti constatar como se desenvolve o cotidiano das relações raciais,
desse contingente de alunos o tratamento adotado pela universidade com relação aos
mesmos;
b) Preservação e conservação: arquivo dos Jornais da Imprensa Negra do N'BLAC
(Núcleo Brasileiro, Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais,
Gênero e Movimentos Sociais): nesta pesquisa é analisado a preservação documental
dos jornais, ressaltando os temas memória e identidade. Análise é realizada através do
acervo em tela que compõe-se, até o momento, de dois mil e cem exemplares de
jornais publicados entre a primeira década do século XX (Jornal O Menelick/1916 e
Jornal A Pérola/ 1916) e os anos noventa do mesmo século (Jornal dos Cultos AfroBrasileiros / 1994);
c) As falas das mulheres negras do Cariri Cearense: um olhar voltado para a preservação
de suas memórias: vem sendo realizada uma pesquisa com mulheres negras cearenses
com o objetivo de mostrar que diferente da frase do senso comum “no Ceará não tem
negro” as entrevistadas traçam, através de suas memórias, a instituição de histórias e
culturas de bases africanas no Estado, nos permitindo buscar o reencontro de uma
memória coletiva afrodescendente;
d) Os equipamentos públicos de apoio às mulheres vítimas de violência, no Cariri que
consiste no mapeamento dos equipamentos jurídicos e institucionais que atuem no
apoio às mulheres vítimas de violência. Este artigo é produto de discussões sobre esses
equipamentos, especificamente em Juazeiro do Norte.
O processo de construção da pesquisa tem nos guiado em perguntas iniciais tais como:
Quando foram criados estes aparatos públicos? O que deflagrou seu surgimento? Que ações
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vêm desenvolvendo? Qual a estatística de casos atendidos? Qual o perfil de violências mais
recorrentes, na região? Qual o perfil das mulheres atendidas? O órgão conta com estrutura
apropriada para o desempenho de suas funções precípuas? Há um treinamento e formação
específica dos seus agentes quanto ao atendimento ao público? Diante destes e outros
indicadores estabelecidos a partir destas formulações, vimos desenvolvendo quadros
analíticos que possibilitam perceber o âmago daquelas instituições e o seu desempenho
mediante ao público para o qual foi criado. Referimo-nos às mulheres vítimas de violência.
A escolha da temática em questão se da justamente na aproximação do Curso de
Biblioteconomia com a pesquisa desenvolvida no espaço do NBLAC. Para tanto se faz
necessário compreender às temáticas sociais no curso, pois, é preciso perceber as mudanças, e
lançar olhares sob o contexto da informação na sociedade, buscando relacionar de que
maneira ela contribui para o entendimento e fortalecimento do cidadão, e como possa
estimula a cidadania da mulher. Com base na problemática se estabelece como Objetivo Geral
discutir sobre Políticas Públicas para mulheres vítimas de violência. Com base no objetivo
geral temos os seguintes Objetivos específicos.
a) Descrever o histórico de funcionamento Órgãos Públicos da cidade de Juazeiro do
Norte responsável pelo acolhimento de mulheres vítimas de violência;
b) Realizar entrevista com os responsáveis por esses aparatos.
2 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ANALISE SOBRE O TEMA
Em 1994 a Assembleia geral da convenção de Belém do Pará define o conceito de
violência contra a mulher, adotado pelo OEA como sendo “Qualquer ato ou conduta baseada
no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto
na esfera pública ou privada” (art. 1º, parágrafo único).
Segundo Teles e Melo (2003), a violência contra a mulher é pouco comovente porque
é por demais banalizados, tratado como algo que faz parte da vida, tão natural que se pode
imaginar a vida sem sua existência. Por acreditar-se que a violência é um fenômeno natural,
algumas mulheres ainda permanecem silenciadas perante o ato de violência dos seus
companheiros. Os filhos, situação econômica, ameaças partidas do agressor e a ausência de
uma rede de apoio eficaz no que se refere à saúde, moradia, escola e equipamento de justiça e
policial. Também são fatores que contribuem ou muitas vezes justificar a razão pelas quais as
mulheres permanecem em violência.
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Dia a dia se tem visto falar em violência contra a mulher como algo comum. Ainda se
ouve falar em cultura machista, como se a violência fosse apenas pratica cultural. Mulheres
brasileiras de classes sociais diferentes estão sendo mortas. A falta de políticas publicas tem
ajudado o número de casos de mulheres violentadas. O que influencia na sensibilização dessas
mulheres.
Porém o que ocorre, é a falta de informação para essas mulheres. Elas não sabem
como agir e nem aonde ir caso precisem de ajuda. O Fato mostra claro quando o número de
mulheres violentadas aumentou, em todos os tipos de violência que causam danos físico,
sofrimento psicológico, morte e abuso sexual. Salientamos ser necessário apresentar os tipos
de violências e identificar cada uma.
a) Violência psicológica: É todo dano que causa a autoestima, ou mesmo o poder de
desenvolvimento psicológico da vítima;
- Isolamento de amigos e parentes;
- Ameaças;
- Humilhação;
- Exploração;
b) Violência física: Ocorre quando um dos membros do relacionamento tenta ter
posse do outro e pra isso age de violência física;
- Empurrões;
- Tapas;
- Castigo severo;
- Beliscões;
- Puxão de cabelo;
c) Violência sexual: Todo e qualquer ato físico forçado, sejam mesmo o beijos,
caricias, toques ou mesmo o ato sexual.
- Estupro dentro do casamento ou mesmo no namoro;
- Estupro cometido por estranhos;
- Investidas indesejadas, assédio sexual;
- Abusos com crianças, idosos, ou pessoas incapazes mental e fisicamente;
- Prostituição forçada e trafico com fins de prostituição.
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3 POLÍTICAS PÚBLICAS: UM BREVE RECORTE SOBRE OS EQUIPAMENTOS
PÚBLICOS DE APOIO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA EM JUAZEIRO DO NORTE
CRRM
A equipe de atendimento do Centro Regional de Referência da Mulher – CRRM
consta com a psicóloga, advogada, assistente social, guarda municipal, recepcionista, um
motorista e a coordenadora que é responsável pela administração do local. Antes o CRRM
estava localizado no bairro Tiradentes e recentemente com a troca dos membros do governo, é
inaugurada a nova sede do Equipamento na Rua Santa Luzia.
De acordo com a psicóloga, na entrevista realizada no dia 24 de maio de 2013, o
processo de pesquisa da escolha do local segue uma norma técnica sendo feita e estabelecida
pela secretaria de políticas públicas para mulheres, vinculadas ao governo federal, nessa
norma está presente à política de manter o sigilo no atendimento e também da proibição da
entrada de homens no local. Os meios de encaminhamento das vítimas até o centro ocorrem
através do CRAS, CREAS, DEAM, Núcleo Pró-mulher, delegacia, postos de saúde, indicação
de amigas ou por conta própria.
O equipamento é destinado às mulheres em situação de violência, seja ela psicológica,
física, sexual, patrimonial e moral, com um atendimento em pleno sigilo. São objetivos
específicos desse Centro:
a) Prevenir e informar a mulher sobre todos seus direitos, para que reflita sobre sua
atitude de denunciar o agressor;
b) Desenvolver atividades que auxilie na busca reconstruir a autoestima das vítimas,
reavivando nessas mulheres a condição de ser protagonistas de sua própria estória;
c) Encaminhamento da vítima até os serviços, sendo assim assistente social menciona
que o primeiro passo é identificar a necessidade da mulher. Se vítima está
desempregada, não tem nenhuma renda e a escolaridade;
d) Fortalecer a rede de atendimento às mulheres vítimas de violência seja ela física,
psicológica, sexual, patrimonial ou moral.
Contudo, para se alcançar esses objetivos, a equipe do CRRM ainda tem certas
dificuldades para desenvolver a oficina. Muitas vezes, falta material e espaço para os filhos
menores da vítima. E segundo a assistente social, os serviços não conseguem atender a mulher
de forma integral, pois depende muitas vezes da vontade da vítima. Tal exemplo, citado pela
entrevistada fala que às vezes encaminha a vítima à delegacia e ela não quer ir ou nem
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procura o serviço. Ela confirma isso porque o centro possui o contra retorno que identifica se
a mulher foi realmente procurar o serviço encaminhado. Tem casos de mulheres que desistem.
Destacamos que o processo da escolha da equipe do CRRM é realizado pela diretora
do departamento. Elas ainda revelam que não tiveram nenhuma capacitação de imediato,
foram se aperfeiçoando ao longo do trabalho.
4 JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
Criado a partir do ano de 2007 o Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher atende a princípio as três maiores cidades do Cariri: Barbalha, Crato, e Juazeiro. A
equipe de atendimento para competências legais é composta de um Juiz, um defensor público
e um promotor de justiça que atuam nas medidas legais e penais do direito, visam garantir e
assegurar o direito da mulher apoiados na lei Maria da Penha disponibilizam orientação
jurídica as vítimas.
De acordo com o chefe de secretaria o atendimento e os tramites legais só podem ser
efetivados depois que a vítima prestar depoimento na delegacia. Em seguida são tomadas as
providências cabíveis e medidas protetivas legais. Muitas das vítimas que Juizado recebe,
apresentam um estado emocional abalado. Muitas falam que o maior medo é de acabar sendo
morta, pois muitos desses agressores são usuários de droga. A equipe multidisciplinar também
trabalha no sentido lúdico, para isso o Juizado conta com uma área reservada (sala lúdica)
mais está permanece desativada.
Segundo a psicóloga, já foram enviados vários ofícios à secretaria da justiça, visando
equipar a sala para o acolhimento das crianças vítimas da violência, mais ainda permanece
sem prazo estipulado para funcionamento. O juizado recebe muitos casos de violência sexual
ocorridas entre o companheiro, como também infantil. Casos delicados necessitam de uma
abordagem diferente, uma maior dedicação no sentido em que a vítima possa discorrer o
ocorrido sem maiores traumas, sem causar grande transtorno psicológico. Os casos mais
graves são encaminhados para o setor de psicologia da Faculdade Leão Sampaio e o CRRM
(Centro Regional de Referência da Mulher). Mas, não acontece o acompanhamento da vítima
até esses locais. A equipe multidisciplinar também trabalha no sentido de conhecer o
ambiente familiar que se encontra a vítima. Logo após essas abordagens, que consistem na
verificação do espaço de convívio, é elaborado um parecer do perfil da vítima e do agressor
que será anexado junto ao processo. O trabalho da equipe baseia-se no estudo social do caso.
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Vale ressaltar que nem todos os casos que chegam ao Juizado são acompanhados. Esses
variam de acordo com a demanda acatada pelo Juiz.
4.1 Creas
Centro de Referência Especializada da Assistência Social- CREAS, consta com equipe
multidisciplinar, formada por três assistentes sociais, psicopedagoga, quatro educadores, duas
psicólogas, auxiliar de serviços gerais, recepcionista, motorista e o advogado.
No âmbito doméstico, os filhos também passam junto com a vítima pela situação de
violência, sendo assim necessita-se de uma atenção especializada. O foco principal desse
equipamento é o acesso da família a direitos sócio assistenciais, por meio de recursos e
capacidade de proteção. O CREAS desenvolve o sistema de acompanhamento toda semana
com essas vítima. Assim, tal como o CRRM, também é feita a visita domiciliar junto com os
integrantes do equipamento. Também desenvolve projetos no sentido de ofertar curso com
auxílio do instrutor.
O CREAS atende à mulheres da zona urbana e zona rural. Houve meses que o CREAS
já atendeu mais de 400 famílias. O publico alvo geralmente é de Famílias extremamente
pobres. Mais isso não implica que as outras mulheres de classe média ou alta estejam fora do
problema. Os Bairros: Frei Damião, Triângulo e João Cabral, são os que o CREAS recebe
com frequência famílias que estão passando por violência Doméstica.
4.2 Condem
De acordo com a coordenadora do Conselho de Defesa da Mulher (CONDEM) se viu
a necessidade de instalação desse conselho devido ao grande número de mulheres que são
violentadas na cidade de Juazeiro do Norte. Afirma que o CONDEM surge através da visão
de defender os direitos da mulher e servir como referência aos outros municípios da região.
São objetivos específicos desse Conselho:
a) Discutir, elaborar, reivindicar e fiscalizar políticas públicas relativas aos direitos da
mulher;
b) Fiscalizar o cumprimento de leis federais, estaduais e municipais que atendam aos
interesses das mulheres;
c) Promover a defesa dos direitos da mulher, eliminar as discriminações e promover a
plena integração na vida socioeconômica, política e cultural.
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Dentre esses objetivos, salientamos que para tentar diminuir a incidência de violência.
A entrevistada afirma que a implantação de uma casa de apoio às mulheres vitima de
violência no município de Juazeiro do Norte, seria um grande avanço para a redes que
oferecem apoio essas mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Contudo, ainda
existem barreiras na instalação dessa casa de apoio. Uma vez que se pensa é que a casa de
apoio não pode ser Município, a mesma precisaria a ser Regionalizada. Explica-nos que
Juazeiro do Norte é uma cidade Polo. E ainda acrescenta que há uma dificuldade muito
grande por parte dos gestores.
5 METODOLOGIA
Através da Pesquisa Bibliográfica buscamos contextualizar o tema sobre violência de
gênero e violência doméstica. Foi realizada uma Pesquisa Explicativa que têm como
preocupação identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos. Assim, a pesquisa sobre os equipamentos de apoio as mulheres vítimas de
violência no Cariri buscou explicar por meio do Núcleo Brasileiro, Latino Americano e
Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e Movimentos Sociais, da Universidade
Federal do Cariri- UFCA, como esses equipamentos estão constituídos na cidade de Juazeiro
do Norte.
5.1 Métodos de coleta
Paralelamente temos voltado nossos analises para os novos aspectos legais que
circundam a temática analisada na pesquisa em tela. Para se conhecer esses aparatos
realizamos entrevistas nos órgãos públicos voltados à defesa e proteção às mulheres
vitimadas, localizados na cidade de Juazeiro do Norte Ceará. Gil (2008, p. 116) afirma que a
entrevista é uma das técnicas, mas utilizadas no âmbito das ciências sociais. Esse método foi
fundamental para nossa investigação, pois, possibilitou maior aproximação com o objeto que
estávamos pesquisando, como também flexibilidade nas perguntas caracterizando a entrevista
como focalizada. A entrevista focalizada requer grande habilidade do pesquisador, que deve
respeitar o foco de interesse temático (GIL, 2008), para que se atingisse um desempenho
satisfatório do respondente, permitíamos que o entrevistado falasse livremente sobre o
assunto.
6 CONCLUSÃO
Dessa forma, a análise sobre esses equipamentos nos permite perceber que as Políticas
Públicas só alcançaram seus objetivos mediante planejamento e diagnóstico do problema a ser
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enfrentado, nesse caso, a Violência Contra Mulher. Assim, faz-se necessário discutir sobre
essa temática tão presente em nossa sociedade, seja nas áreas rurais ou urbanas.
Dada à complexidade da temática abordada salientamos ainda ser preciso a
reestruturação, e o fortalecimento da rede de amparo a essas mulheres, porque além da
violência, ainda prevalece à falta de informação, a maioria desses equipamentos de proteção à
mulher são de difícil localização, as linhas de ônibus não passam próximos a esses locais, e a
grande maioria se encontra com os contatos telefônicos desatualizados.
O problema, que ainda ressaltamos ser preocupante, é a ausência em nosso município
de iniciativas públicas na construção de casa de apoio às vitimadas. Bem como questões que
ainda prevalecem, como o escasso número de funcionários habilitados ao desenvolvimento
das funções às quais foram designados. Percebemos também ausência de estrutura física
adequada e infraestrutura de equipamentos (móveis, computadores, arquivos, entre outros)
para o efetivo desempenho da função a que se destina. Porém, cada uma destas ausências
estruturais não se aplica a todos os órgãos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Suely Souza de. Violência de gênero e políticas públicas. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007.
262p.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF.
Senado Federal.
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1994. Disponível em: < http://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/m.Belem.do.Para.htm>. Acesso
em 14 de dez. 2014.
SANTOS, Manoel Antônio dos.; VIEIRA, Elisabeth Meloni. Recursos sociais para apoio as
mulheres em situação de violência em Ribeirão Preto, SP, na perspectiva de informanteschave. Interface, Botucatu, v.15, n. 36, jan./mar, 2011. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832011000100008>.
Acesso em 07 de jun. 2015
SILVA, J. da; CARMO, N. L. do; SILVA, M. B. da. Equipamentos públicos de apoio às mulheres
vítimas de violência: experiências no cariri. Caderno Espaço Feminino (Online), v. 22, p. 87/2-107,
2010.
TELES, Maria Amélia de Almeida; MELO, Mônica de. O que é Violência contra a Mulher. São
Paulo: Brasiliense, 2003.
Núcleo Brasileiro, Latino Americano e Caribenho de estudos em relações raciais, gênero e
movimentos
sociais.
Juazeiro
do
Norte:
[2009?]. Disponível
em:
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Formação Política, Reflexões Éticas, Práticas de Transformação Social e Mídias na Informação: qual
profissional temos e qual queremos ser?
19 a 25 de julho de 2015
< http://admpublica.cariri.ufc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=48&Itemi
d=61> acesso em 8 de abril de 2015.
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A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO DURANTE A DITADURA
MILITAR: Uma reflexão sobre o ambiente político do período ditatorial (1964-1985) e
sua influência no fazer desse profissional.
GT 2 (ARTIGO)
MATOS, Laiana Abreu30
RESUMO
O presente artigo visou abordar a aplicação do regime ditatorial de 1964-1985, a atuação desta
prática no contexto histórico nacional e o perfil do bibliotecário durante esse período.
Salientou os objetivos da censura, a sua aplicabilidade no ambiente da biblioteca e centros de
informação, o caráter repressor e faccioso que repercutiu em todas as federações nacionais. O
controle da liberdade fomentou uma série de fatores prejudiciais para a sociedade, bem como
o prejuízo a formação intelectual do civil e a disseminação da informação na sua totalidade. A
especificidade do trabalho foi analisar como o ambiente político da ditadura militar
influenciou no fazer profissional do bibliotecário no período 1964-1985. A abordagem da
função do bibliotecário apresentou características relevantes do fazer profissional desse e
trouxe uma reflexão sobre o papel social do bibliotecário. Focalizaram-se ainda as mudanças
que ocorreram na área da informação, nesse período, decorrentes da militância dos ditadores.
Foi constatada por autores diversos que a ditadura interferiu na produção intelectual e no
acesso a informação, assim o bibliotecário teve que reconstruir uma nova política para a
biblioteca, no intuito de reintegrar a sociedade e a informação sem atingir os princípios que
regiam a política nacional da época.
Palavras-chave: Ditadura militar. Censura. Biblioteconomia. Profissional bibliotecário.
ABSTRACT
The present article aims to approach the application of the dictatorial regime of 1964-1985,
its performance in the nation's historical context and the profile of the librarian during that
time. Moreove r, it also seeks to point out the goals of the censorship, its applicability to the
library environment and information centres and its oppressiveness and factitious character,
which reverberated in all the states of the nation. The control of liberty fomented a series of
harmful factors to our society, as well as hindered the process of the citizen's intellectual
growth and the dissemination of information in its totality. The specificity of this article is,
therefore, to assess how the the dictatorship political environment influenced the work of the
librarian from 1964 to 1985. The approach of the librarian's function presented relevant
information about such professional and serves to raise reflections about their role to society.
In addition, the changes that occurred in information sectors at the above mentioned period
of time as consequence of the dictatorship have also been brought into focus. It has been
noted by various authors that the dictatorial regime interfered with the intellectual production
30
Graduanda de Bacharelado em Biblioteconomia pela UESPI. E-mail: [email protected]
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and, also, with the access to information itself, which led the librarian to rebuild a new policy
system to the the library, in order to reintegrate society and information without hindering the
principles that ruled national policy at the time.
Keywords: Dictatorship. Censorship. Librarian.
1 INTRODUÇÃO
Para a produção do presente artigo, inicialmente, houve a preocupação e a
curiosidade de entender como atuou o bibliotecário durante a ditadura militar, esse momento
de grande significância para a história da nação brasileira. Igualmente, essa pesquisa desejou
complementar as fontes de informação para usuários e comunidade que buscam conhecer a
história da biblioteca num passado recente.
Coube oportunizar, assim, como instigou aos interessados de que esta é uma
relevante oportunidade de contemplar a riqueza do tema, pois – na medida em que isso
acontece – existem possibilidades de (re)pensar sobre aquilo que o homem já fez, mas
também se tem uma maneira curiosa, mesmo que seja pela completa diferença: debater os
valores sociopolíticos e questionar as inquietações que perpetuaram durante o período
ditatorial no Brasil.
Cabe lembrar que em março de 2014 completaram-se 50 anos do fim da ditadura
militar no Brasil e diante dos trabalhos e livros estudados, congressos, espaços de debate e
simpósios surgiu, então, o interesse para a execução da pesquisa no campo da biblioteconomia
brasileira e sua relação com a ditadura, no que se refere a atuação do profissional bibliotecário
durante o período militar no país, tendo em vista a amplitude do assunto.
2 A DITADURA NO BRASIL
Tratando-se da história do Brasil, em 1964 ocorreu um golpe militar que
inicialmente trouxe a derrubada do governo de João Goulart e, a partir disso, instaurou-se, em
solo brasileiro, uma ditadura que teria duração de aproximadamente vinte e um anos, ou seja,
de 1964 a 1985. De acordo com Wasserman (2004, p. 27) “[...] a despeito de ter sido
desfechado em nome da segurança nacional e da promessa de defesa e respeito às normas
democráticas, o golpe militar de 1964 inaugurou um período de insegurança e arbítrio”. Os
três primeiros anos da gestão de João Goulart, quer dizer, de 1962 a 1964, foram marcados
por um veloz crescimento das lutas de camadas populares.
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Por intermédio dessa ação golpista de meados da década de 1960, um regime de
autoritarismo foi estabelecido objetivando a contenção do avanço das forças sociais que, por
sua vez, representavam uma ameaça à reprodução do sistema econômico da época. “[...]Tal
regime desejava promover as condições necessárias para uma nova e extensa expansão
econômica e capitalista[...]”(WASSERMAN, 2004). Em todo o tempo em que a ditadura
esteve à frente da administração do país, cinco generais – com nomeação recebida pelo alto
comando dos militares – se alternaram no governo da nação brasileira. Esse período iniciou-se
com o general Humberto de Alencar Castello Branco e, com o general João Baptista de
Figueiredo, ocorreu sua finalização.
Segundo Silva (1985, p. 6),
[...] durante todo esse tempo os comandos militares executaram as tarefas
preconizadas pela doutrina que seguiam. “Houve a limpeza da área” com a cassação
de mandatos parlamentares e, depois a dissolução dos partidos políticos, ensejando
uma reformulação partidária sob medida com o calçado manietante dos antigos
chineses, no bipartidarismo bifurcado na Arena e no MDB; no expurgo, nas Forças
Armadas, afastando sem condenação, desde os soldados e marinheiros até generais,
almirantes e brigadeiros que não concordaram com o golpe; na edição dos Atos
Institucionais (os AIs) e Atos Complementares (os ACs) constituindo uma legislação
de emergência casuística, de acordo com a conveniência do momento de quem
mandava. Tumultuada a política interna, a política econômica geraria o caos.
Aos fatos mencionados por Silva (1985), somam-se ainda os crimes executados
pela ditadura, tais como: as violências e as torturas (física, verbal, emocional e institucional) e
os múltiplos assassinatos. Ao longo dos vinte anos de regime, muito da criatividade humana
brasileira se perdeu, a saber: a contribuição da intelectualidade, assim como a produção
cultural, a produção no campo artístico, o movimento estudantil e, por último, a possibilidade
de levar a sociedade a uma profunda transformação identitária, em outras palavras, uma
sociedade mais desenvolvida. Enfim, todas as tentativas de melhoramento foram totalmente
reprimidas com o aparelho estatal.
A ditadura, em pouco mais de duas décadas, acertou em cheio no projeto de
reforma, silenciou boa parte da intelectualidade brasileira, levou o movimento estudantil à
desmoralização, sufocou as tentativas de uma nova estética artística na área teatral,
cinematográfica e noutras esferas da cultura tupiniquim, suplantou a imprensa politicamente
engajada e, de modo grave, oprimiu o projeto educacional e de alfabetização denominado
“pedagogia do oprimido” e “[...] atingiu com a morte certos movimentos – como o operário e
o camponês[...]” (WASSERMAN, 2006, p. 60).
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O período militar legou uma herança de numerosos problemas para o país, tais
problemas ainda refletem na atualidade, marcaram profundamente o cenário nacional. Soares
(2004, p. 33) indica que, dentre os problemas primários, é possível visualizar:
1) o atraso no desenvolvimento das instituições democráticas; 2) o agravamento das
desigualdades sociais decorrente do modelo de desenvolvimento posto em prática
pela ditadura, fundado no arrocho salarial e na repressão em geral aos movimentos
populares reivindicatórios; 3) a postergação do encaminhamento da solução dos
problemas sociais básicos; 4) a colossal e aparentemente impagável dívida externa
do país e a contrapartida desta, ou seja, a elevada dívida pública interna; e 5) duas
“décadas perdidas” para o desenvolvimento da economia nacional, como resultado,
em grande medida, desse endividamento. Assim, a ditadura militar no Brasil
encerrou a sua participação de modo negativo em praticamente todos os setores da
sociedade, principalmente o das massas trabalhadoras, cujas sequelas dos grandes
sacrifícios políticos, sociais e econômicos estão presentes até hoje.
2.1 A Censura no país e na biblioteca.
Durante o regime militar as bibliotecas foram alvos de inúmeros atos de censura,
seus acervos foram radical e diretamente atingidos. Por vezes, determinados tipos de livros
tornaram-se impedidos de circular nas sociedades, as editoras sofreram represálias diretas do
regime militar. Segundo Vergueiro (1987, p. 21), “[...] as publicações de editoras consideradas
de ‘esquerda’ pelo regime militar não eram adquiridas, no período de ditadura, por diversas
bibliotecas municipais”. Ele ainda observa que: “[...] mesmo após o término ‘oficial’ da
ditadura, pressões governamentais têm sido exercidas sobre bibliotecas para que as mesmas
deixem de adquirir determinadas publicações” (VERGUEIRO, 1987, p. 21).
Diante dos problemas que a nação brasileira enfrentou na década de 60, 70 e 80
do século XX e as vastas censuras impostas para todos os setores do conhecimento, surgiu
então uma problemática que se tornou vetor de tal pesquisa. A partir desse questionamento, o
presente estudo analisou como o ambiente político da ditadura militar influenciou no fazer
profissional do bibliotecário no período 1964-1985. Assim: a) situou-se nas bibliografias
existentes a relação entre biblioteconomia e a Ditadura Militar; b) investigou-se a influência
do ambiente político para o profissional bibliotecário; c) ponderou-se sobre as implicações da
relação golpe militar X biblioteconomia no período 1964- 1985.
Alguns trabalhos já existentes contemplaram a intervenção militar nos setores
políticos, culturais, educacionais, assim como a censura às editoras, bibliotecas e livros. Na
investigação do material disponível, observou-se o escasso relato (ou mesmo uma lacuna) da
atuação do bibliotecário na ditadura. Portanto, tal linha de pesquisa pretendeu construir uma
análise destes protagonistas sobre olhos críticos, visando compreender como se deu o
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processo histórico e político do profissional bibliotecário, bem como forneceu material
relevante para acadêmicos e estudiosos em geral.
A decisão de mesclar dois temas como ditadura e biblioteconomia, foi de suma
contribuição para a consolidação da história da atuação do profissional bibliotecário, por fim
oportunizou a realização de um trabalho capaz de condensar detalhes que por vezes não são
enfatizados nos centros acadêmicos, mídia, livros e será uma fonte de informação de extrema
dimensão. Durante esse regime, as bibliotecas foram alvos de inúmeros atos de censura, seus
acervos foram radical e diretamente atingidos.
Contextos sobre a restrição do acesso à informação, a liberdade do pensamento,
trazem à tona, mais uma vez, a missão do bibliotecário na época do regime. O controle da
liberdade fomentou uma série de fatores prejudiciais para a sociedade, bem como o prejuízo a
formação intelectual do civil e a disseminação da informação na sua totalidade.
A maioria dos ditadores autoritários utilizava a censura como forma de coibir a
liberdade de expressão, opinião, limitação ou eliminação da sociedade opositora ao regime.
Para Martins (2002, p. 384), “[...] o início da censura em nosso mundo é datado do ano de 399
a.C., isto é, com a condenação de Sócrates por haver negado a divindade dos deuses
reconhecidos pelo estado”. Restrições eram feitas às publicações de caráter filosófico,
científico, técnico ou didático, as que, naturalmente, excluídas à finalidade visada por lei:
“Além destas, ficavam livres de verificação as que não versarem sobre assunto como sexo,
moralidade, política e bons costumes”, (BRASIL, 1970, p. 212).
O Bibliotecário teve que refazer a seleção das suas coleções devido ao medo. Na
época um pequeno grupo militar controlava o político, social, econômico e cultural de toda
uma sociedade. Portanto, as instituições que lidam com a cultura e a educação, como a
biblioteca, por exemplo, são diretamente atingidas e os profissionais que nelas atuam,
assumem uma atitude de “condescendência” com os modos de transmissão do saber ou
censurar o que deve ser posto à mão do leitor.
Conforme Leitão (2010), a atuação do profissional bibliotecário deve-se, entre
outros fatores, a ser considerá-lo como guardião da memória documental do país. Durante o
período ditatorial, os bibliotecários tiveram que tomar algumas decisões sobre o acervo da
Biblioteca, em função da necessidade da informação de sua democratização.
3 METODOLOGIA
Com a preocupação de compreender o tema em questão foi adotado como
procedimento metodológico o método dedutivo, porque admite hipoteticamente que as
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conclusões procedem necessariamente às premissas. Noutras palavras, sendo verdadeiras as
premissas e o raciocínio dedutivo válido, resta à conclusão ser verdadeira. Portanto, inferimos
que a abordagem dedutiva “parte de teorias e leis mais gerais para a ocorrência de fenômenos
particulares” (HEERDT, 2014, p. 5).
O presente artigo também teve como método a pesquisa histórica, porque “como
vértice da pesquisa documental, têm como pressuposto de análise, a compreensão dos
fenômenos históricos através dos acontecimentos passados” (MAIA et al., 2011, p. 141).
Somente com uma análise acurada e imparcial sobre fatos registrados pela história é possível
conhecer a essência, o contexto, os personagens, os sentimentos, as ideologias e os objetivos
de eventos registrados bibliograficamente.
Por tal motivo, essa pesquisa teve:
 Caráter exploratório, visto que envolve levantamento bibliográfico –
objetivando maior familiaridade com o problema, ou seja, entre
pesquisador e tema pesquisado. Para tanto, será preciso aperfeiçoar ideias,
descobrir intuições e, seguidamente, construir hipóteses – dada a
necessidade de conhecer um assunto pouco conhecido e/ou pouco
explorado;
 Abordagem qualitativa que intenciona decodificar e revelar o significado
dos fenômenos do mundo social, reduzindo – nessa perspectiva – a
distância entre teoria e dados. Nesta abordagem a descrição tem um papel
primordial, “pois é por meio dele que os dados são coletados”
(MANNING apud NEVES, 1996, p.1).
Os instrumentos de coletas de dados que foram utilizados: 1) levantamento
bibliográfico – consiste numa relação das bibliografias existentes nos acervos das bibliotecas
do sistema (livros, artigos de periódicos, dissertações, teses, folhetos) “que visa recolher
informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população
em estudo” (AMARO, 2004, p.3).
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3.1 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
A pesquisa foi realizada de setembro de 2014 a abril de 2015 de acordo com o
cronograma abaixo:
ATIVIDADES
MESES/ANO 2014/2015
Set.
Out/ Nov.
Dez.
Jan.
Abr.
Formulação e
escolha do
tema
Elaboração do
projeto
Levantamento
bibliográfico
Leitura das
fontes
Conclusão da
pesquisa
4 CONCLUSÃO
O trabalho foi elaborado a fim de esclarecer o controle do regime militar, as sérias
sanções impostas pelos militares nas mais diversas camadas da sociedade e abordou como a
censura fora imposta aos diversos ambientes informacionais em especial à biblioteca. Tratou
como o bibliotecário estruturou suas ações ainda que de modo discreto e neutro, tendo em
vista o receio, medo das implicações do regime imposto na época.
O fato histórico, ditadura militar, não modificou tanto a rotina da biblioteca, mas o
profissional bibliotecário, assim como qualquer outro profissional e civil que protagonizaram
o golpe militar, e não se esquecendo do terror contextualizado pelo momento da ‘revolução’,
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mantiveram algumas obras sigilosamente guardadas, escondidas assumindo assim um papel
de guardião da memória.
Não obstante, os ideais ditatoriais trouxeram prejuízos a sociedade e o processo
da disseminação da informação, educação, arte e os respectivos profissionais tiveram que
tomar medidas que não afetassem os militantes da ditadura,
REFERÊNCIAS
AMARO, Ana; PÓVOA, Andreia; MACEDO, Lúcia. A arte de fazer questionários.
Disponível
em:<http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/a_arte_de_fazer_questionario.pdf >.
Acesso em: 12 nov. 2014.
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Enc. BIBLI: R. eletrônica de Bibl.Ci.Inform., Florianópolis, n. 20, jul/dez 2005, p.212, jan.
1970.
HEERDT, Mauri Luiz. Procedimentos metodológicos. Disponível em:
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&
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O_PROJETO_DE_PESQUISA_2004B.doc&ei=tEVmVOq2JYWbNv7AgqAH&usg=A
FQjCNHoLYkQiDNG_HupRJ5RcNcP_B44Qg&bvm=bv.79142246,d.eXY>. Acesso
em: 12 nov. 2014.
LEITÃO, Bárbara Júlia Menezello. Bibliotecas públicas, bibliotecários e a censura na Era
Vargas e regime militar: uma reflexão. Niterói: Intertexto, 2011.
MAIA, Ana Maria Rosete. Pesquisa histórica: possibilidades teóricas, filosóficas e
metodológicas para análise de fontes documentais. História da Enfermagem: Revista
Eletrônica, Brasília, v. 2, n. 1, jan./jul. 2011. Disponível em:
<http://www.abennacional.org.br/centrodememoria/here/here_pesquisavolume.htm#
>. Acesso em: 12 nov. 2014.
MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca.
3. ed. São Paulo: Àtica, 2002.
NEVES, José Luis. Pesquisa qualitativa – características, usos e possibilidades. São
Paulo, 1996, v.1.p.1.
SOARES, Alcides Ribeiro. A ditadura e seu legado: subsídios a crítica acerca da ditadura
militar de 1964- 1985.São Paulo: Clíper, 2004. p.33.
VERGUEIRO, W de C. S. Censura e seleção de materiais em bibliotecas: o despreparo dos
bibliotecários brasileiros. Ciência da Informação. São Paulo, v.16, n.1, jun. 1987.
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WASSERMAN, Claudia. O império da segurança Nacional: o golpe militar de 1964 no
BRASIL. In: Ditaduras militares na américa latina. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2004. p.27-43.
WASSERMAN, Claudia. O golpe de 1964: tudo o que perdeu: In PADRÓS; Enrique Serra
(Org.). A ditaduras de Segurança Nacional: Brasil e cone Sul. Porto alegre: Corag, 2006
.p.60.
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GT 3
PRÁTICAS DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: o
profissional da informação como agente
transformador
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A BIBLIOTECA ESCOLAR COMO AGENTE INCENTIVADOR DA LEITURA: o
caso dos alunos do Ensino Médio da Escola Pública Estadual Centro Profissionalizante
Deputado Antonio Cabral (CPDAC) e a analise de seus hábitos de leitura
GT 3 Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador
Modalidade: Comunicação oral
DUTRA, Andreza Rimar31
FERREIRA, Roselaine Gomes32
GUIMARÃES, Ana Cecília de Brito Valença33
LACERDA, Maria de Fátima Gomes34
RESUMO
Ler proporciona ao indivíduo novas descobertas. Com a leitura o indivíduo passa a adquirir
práticas e conhecimentos, modificando a sua percepção do mundo. A leitura é uma porta que
abre passagem para diversos universos diferentes. Além da informação inicial a visão pessoal
do leitor irá determinar novos pensamentos, irá criar diferentes interpretações, recriará ideias,
ela dá significado à vida e ao papel de cada um diante a sociedade em que está inserido. A
capacidade de ler do aluno, quando ele é ainda criança, está veiculada com a biblioteca e o
bibliotecário escolar, fortalecendo o ensino do professor em sala de aula oferecendo ao
estudante novas informações de forma dinâmica e criativa. O bibliotecário escolar tem um
papel fundamental na formação intelectual do aluno. Para que se tenham resultados
satisfatórios, quando se trata da formação de leitores na escola, é preciso que se tenha uma
biblioteca escolar bem estruturada e um profissional bibliotecário capacitado. A biblioteca
precisa sempre esta com o seu acervo atualizado para oferecer condições de trabalho para o
profissional bibliotecário, fazendo com que ele cative e estimule os alunos a irem mais vezes
na biblioteca, pois lá é o espaço de aquisição dos conhecimentos. O presente artigo apresentou
a relação e o hábito de leitura desses estudantes do 1° e 3° ano do ensino médio da escola
pública estadual CPDAC.
Palavras-chave: Biblioteca Escolar. Leitura. Lei 12.244/10. Hábitos de leitura. CPDAC.
ABSTRACT
Read provides the individual with new discoveries. After reading the individual takes on
practices and knowledge, changing its perception of the world. Reading is a door that opens
through to the various different universes. In addition to the initial information of the reader's
personal vision will determine new thoughts, will create different interpretations, re-create
ideas, it gives meaning to life and the role of each on the society in which it appears. The
ability to read the student when he is young, is conveyed with the library and the school
librarian, strengthening education teacher in the classroom to the student offering new
information dynamically and creatively. The school librarian has a key role in the intellectual
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Graduanda em Biblioteconomia-UFPB - [email protected]
Graduanda em Biblioteconomia - UFPB - [email protected]
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Graduanda em Biblioteconomia - UFPB - [email protected]
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Graduanda em Biblioteconomia - UFPB - [email protected]
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formation of the student. In order to have satisfactory results when it comes to the formation
of readers in school, it is necessary to have a well-structured school library and a trained
librarian. The library must always this with your updated collection to offer working
conditions for the professional librarian, causing it to captivate and encourage students to go
more often in the library, for there is space for the acquisition of knowledge. This paper
presents the relationship and the reading habits of the students of the 1st and 3rd year of high
school the state school CPDAC.
Keywords: School Library. Reading. Law 12,244 / 10. Reading habits. CPDAC.
1 INTRODUÇÃO
A leitura é o que liga o indivíduo a educação de maneira eficiente, de forma
integral. Os sistemas educacionais tem muita influência no que se refere aos hábitos de leitura
e a forma de como esses hábitos são ampliados, a mesma deve ser independente do contexto
escolar, como é citado por Martins, (1982, p. 27) "sem dúvida, a concepção que liga ao hábito
de leitura apenas aos livros deve muita influência, persistente ao nosso sistema educacional."
As formas de aprendizagem estão ligadas ao processo de globalização de cada individuo. O
leitor conhece a si mesmo através do que ele ler e a forma de como ele faz suas leituras. Esse
conhecimento só começa a ser observado quando forem estabelecidas relações de sua forma
de leitura, que é complementado por Martins (1982, p. 30): O ato de ler se refere tanto a algo
escrito quanto a outros tipos de expressões do fazer humano, caracterizando-se também como
acontecimento histórico e estabelecendo uma relação igualmente histórica entre o leitor e o
que é lido.
O presente artigo tem por objetivo analisar os hábitos de leitura dos alunos do 1° e
3° ano do ensino médio no turno da manhã, que frequentam a biblioteca da escola do Centro
Profissionalizante Deputado Antônio Cabral (CPDAC). E a partir dos dados a ser recolhido
observar o hábito desses estudantes e sua percepção sobre a leitura. Além de demostrar alguns
pontos sobre a leitura, sua pratica, a biblioteca escolar e o profissional bibliotecário, através
da revisão de literatura. Justifica-se o trabalho com esse tema, devido sua importância na
formação do cidadão e a necessidade de se trabalhar uma temática tão urgente.
2 A LEITURA E A PRÁTICA SOCIAL
A definição de leitura de acordo com Silva (apud, ROSA, 2005) é “um ato de
conhecimento, pois ler significa perceber e compreender as relações existentes no mundo.” A
leitura é porta para a comunicação, dessa forma, se adquire novos conhecimentos, já que o
mesmo é gerador de informações. De acordo com Martins (1982) o ato de ler está relacionado
com a escrita, e o leitor em decodificar a leitura.
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O hábito de ler proporciona ao individuo novas descobertas, desenvolvendo
assim, sua capacidade intelectual. O primeiro contato com a leitura é de fundamental
importância para o futuro. Para Baptista, (2009, p. 19) “um país se faz com cidadãos e
conhecimento”. O hábito é o suporte para a valorização do livro e consequentemente da
biblioteca. Ainda sobre o hábito de ler Martins, (1982, p.33), nos relata que: "a leitura se
realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido - seja escrito, seja um gesto, uma
imagem, um acontecimento." Com a leitura o indivíduo passa a adquirir práticas e
conhecimentos, modificando a sua percepção do mundo e atuando com mudanças no seu
meio.
De acordo com Baptista, (2009, p.25) o hábito de leitura dá “condição ao
aprimoramento intelectual do indivíduo, como também para o desenvolvimento coletivo da
sociedade”. O ato de ler, não se resume apenas na decodificação de signos linguísticos, ele
envolve toda a capacidade do individuo de compreender e criar novas informações a partir da
primeira mensagem. Pela leitura é possível adquirir nova personalidade a partir da nova forma
de interpretar o mundo. Freire (1989, p.9), nos revela que, a insistência na quantidade de
leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente
memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita.
A leitura é um processo dinâmico, à medida que desenvolvemos nossas
capacidades, acaba existindo uma interação entre o leitor e o objeto lido. Cada leitor tem suas
técnicas de aprimorar seus conhecimentos. A releitura é uma técnica que a autora indica. Não
se deve ficar limitado a um único formato de textos, é essencial a leitura de gêneros
diversificados.
Para os/as adolescentes o acesso à informação e a leitura se tornam essenciais para
a formação do caráter desses indivíduos que transbordam curiosidade. Essa característica
normal para a faixa etária é quem irá determinar as decisões a serem tomadas na vida adulta.
Segundo Blank (2009, p.44): É fato para todos que a adolescência é uma fase caracterizada
pelas transformações biológicas e comportamentais, e que é nesse período que o futuro adulto
inicia suas escolhas: personalidade, desejos, profissão, matrimônio.
Ainda sobre o processo do ato de ler Freire, (1989, p.11) nos revela que:
Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi sempre fundamental,
não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas.
A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no
que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais.
Dessa forma é preciso dar maior atenção e incentivo a leitura nas escolas e nas
bibliotecas escolares. Principalmente nas fases posteriores a infância, onde os projetos ligados
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à literatura diminuem sua constância. Descobrir possíveis equívocos das práticas de atividade
de leitura na biblioteca escolar e propor novas práticas é aumentar, e dissipar, o acesso à
informação e ao conhecimento. Martins (1982, p. 28) complementa que: [...] temos então
mais um motivo para ampliar a noção de leitura. Vista num sentido amplo, independente do
contexto escolar, e para além do texto escrito, permite compreender e valorizar melhor cada
passo do aprendizado das coisas, da experiência.
A leitura é um portal que abre passagem para diversos universos diferentes. Mas
como abordado anteriormente, a percepção retirada de cada leitura vai depender da leitura
mundo de cada individuo (FREIRE, 1989). Essa percepção vai variar de acordo com a visão
global do mundo que o leitor está inserido. A partir da vivência pessoal a leitura irá adquirir
uma função diferente do primeiro papel que ela indica. Além da informação inicial a visão
pessoal do leitor irá determinar novos pensamentos, irá criar diferentes interpretações, recriará
ideias. A escola, principal referência na alfabetização, tem um papel importante de gerar as
primeiras tomadas de consciência perante o ato de ler. Porém, mesmo que o papel do
educador seja imprescindível, é necessário desvencilhar a aprendizagem de um ato político, já
que o papel desses é apenas de mediação (FREIRE, 1989).
3 A BIBLIOTECA ESCOLAR FORMANDO LEITORES
É interessante saber que a palavra biblioteca tem sua origem nos termos gregos
biblíon (livro) e theka(caixa), significando o móvel ou lugar onde se guardam livros. Foi no
Egito que existiu, desde o século IV a.C., a mais célebre e grandiosa biblioteca da
Antiguidade, a de Alexandria, que tinha como ambição reunir em um só lugar todo o
conhecimento humano. Seu acervo era constituído de rolos de papiro manuscritos –
aproximadamente 60 mil, contendo literatura grega, egípcia, assírias e babilônicas
(PIMENTEL et al., 2007).
No entanto, o conceito e as explicações para a palavra biblioteca vêm se
transformando e se ajustando por meio da própria história das bibliotecas. Para Fonseca
(1992, p. 60), um novo conceito “é o de biblioteca menos como coleção de livros e outros
documentos, devidamente classificados e catalogados do que como assembléia de usuários da
informação”. Isso quer dizer que as bibliotecas não devem ser vistas como simples depósitos
de livros. Elas devem ter seu foco voltado para as pessoas no uso que essas fazem da
informação oferecendo meios para que esta circule da forma mais dinâmica possível.
A tipologia da biblioteca será de acordo com as funções que por elas serão
desempenhadas, deste modo teremos bibliotecas infantis, especializadas, públicas, nacionais,
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comunitárias, bibliotecas de centro cultural entre outras demais. Aqui nos aprofundaremos em
especial nas bibliotecas escolares.
Para Pimentel et al (2007, p. 23) a biblioteca escolar:
Localiza-se em escolas e é organizada para integrar-se com a sala de aula e no
desenvolvimento do currículo escolar. Funciona como um centro de recursos
educativos, integrado ao processo de ensino-aprendizagem, tendo como objetivo
primordial desenvolver e fomentar a leitura e a informação. Poderá servir também
como suporte para a comunidade em suas necessidades.
Uma boa história alimenta a imaginação da criança, ajudando no seu
desenvolvimento emocional, tornando-a mais criativa. O estímulo à leitura deve ter início ao
longo de todas as etapas da escolaridade, e não apenas no ensino fundamental, onde há uma
maior acomodação na realização exclusivamente da leitura de textos pedagógicos.
Aprendendo a ler se aprende a escrever com menos dificuldades e aprimora o entendimento
simples.
A biblioteca da escola é um lugar ideal para se conhecer melhor os livros, tendo
cesso há vários tipos de literatura poderão construir ideias e interagir com os colegas e
professores. Existem vários tipos de leituras que devem ser utilizados no ambiente escolar,
como a leitura em silêncio, em voz alta, individual, em dupla, para estudar, para memorizar,
entre outras. Elas servem como exercício de aprendizado individual ou coletivo (VALLEJO;
RIBEIRO, 2012).
Para garantir uma boa leitura, o texto tem que ser algo interessante, que dê prazer,
sem cobrança, pois alguns professores usam muito a literatura para discutir problemas e
conflitos da obra, e ainda exige que o aluno faça ficha, resumo e depois de ler. O professor
tem que garantir que os alunos sintam-se motivados a aprender com prazer e proporcionando
conhecimento, aumento do vocabulário, abrindo horizontes e o entendimento da própria vida.
A cobrança os dispersará, e tornará o processo de aprendizagem através da leitura
difícil e massacrante. A leitura deve ser estimulada de modo positivo e prazeroso, no
momento em que esse jovem já não se assustar mais com a quantidade de páginas do livro, ai
pode-se afirmar que ele começa a adquirir ou adquiriu o hábito da leitura e é a partir desta
percepção, que devem começar a surgir às cobranças em torno de seu aprendizado.
A biblioteca escolar é um espaço social e proporciona mudanças na formação dos
alunos quando se refere ao hábito de ler. Para Sousa (et al, 2011, p. 2)
A leitura enquanto conceito ultrapassa a concepção estruturalista da linguagem e se
apodera das condições sociais do homem, produto e produtor da cultura letrada.
Dessa forma, ler vai além da decodificação dos signos escritos e se transforma em
produto da interação entre o sujeito leitor e o texto.
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A leitura nos oferece uma série de possibilidades, desde busca de informações
determinadas que possibilitem a solução de pequenos problemas do cotidiano até com teorias
mirabolantes que podem mudar por completo o nosso entendimento sobre as coisas do
mundo. Os profissionais da informação que atuam em bibliotecas escolares são coadjuvantes
no processo de ensino - aprendizagem.
Segundo, Silva et al, (2011, p. 1) "a biblioteca escolar foi criada para desenvolver
o ensino formal, sendo de sua competência, grande parcela no desenvolvimento da capacidade
de ler". O profissional bibliotecário precisa está sempre interagindo com os alunos e deixando
um pouco de lado suas atividades técnicas, mostrando o seu papel de educador para seus
usuários enriquecendo a cultura dos alunos. Trabalhando dessa forma alcançarão resultados
satisfatórios para o crescimento intelectual dos estudantes, aplicando suas ideias de como ver
o mundo incentivando ainda mais o gosto pela leitura no ambiente escolar. Por isso é preciso
que se tenham bibliotecários escolares capacitados para desenvolver essas atividades de
incentivo.
A capacidade de ler do aluno quando ele é ainda criança está veiculada com a
biblioteca e o bibliotecário escolar, fortalecendo o ensino do professor em sala de aula
oferecendo ao estudante novas informações de forma dinâmica e criativa. O bibliotecário
escolar tem um papel fundamental na formação intelectual do aluno, também precisam
trabalhar em conjunto com pais e professores que podem incentivar os estudantes a
frequentarem mais a biblioteca vendo a mesma como meio de acesso a cultura e lazer.
4 O BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR E A PRÁTICA DA LEITURA
Para que se tenham resultados satisfatórios quando se trata da formação de leitores
na escola é preciso que se tenha uma biblioteca escolar bem estruturada e um profissional
bibliotecário capacitado para disseminar as informações de forma correta e também ser
dinâmico para o incentivo a leitura tornando a mesma prazerosa levando o aluno a ter um
senso crítico. Outras formas de incentivo é proporcionar ao aluno recursos fazendo com que
ele se adapte as diversas formas de leitura não se prendendo apenas aos livros. Para SOUSA
(et al, 2011, p.2)
Uma biblioteca escolar bem estruturada e um profissional bibliotecário capacitado a
direcionar o trabalho de disseminação da informação, de forma dinâmica e criativa,
certamente favorecerão a obtenção de resultados satisfatórios quanto aos objetivos
almejados para o desenvolvimento das práticas leitoras.
A biblioteca escolar deve existir como um órgão de ação dinamizadora, de acordo
com (SOUSA et al, 2011, p. 4)
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A biblioteca escolar tem grande responsabilidade e influencia quando oferece aos
alunos novas atividades no incentivo a leitura, podemos citar, por exemplo, a hora
do conto, que estabelece uma nova maneira de despertar a imaginação das crianças
desenvolvendo sua criticidade e criatividade, auxiliando na inserção ao universo da
literatura. As atividades de contação de histórias oferecem aos alunos momentos
prazerosos, chamando a atenção para o interesse de novas leituras, além de
proporcionar uma ocupação sadia das horas vagas, enriquecimento do vocabulário,
facilidade de expressão, aperfeiçoamento da linguagem e da capacidade de atenção,
adquirindo novos conhecimentos e orientação do pensamento.
A biblioteca precisa sempre esta com o seu acervo atualizado para oferecer
condições de trabalho para o profissional bibliotecário, fazendo com que ele cative e estimule
os alunos a irem mais vezes na biblioteca, pois lá é o espaço de aquisição dos conhecimentos.
Sousa (et al, 2011, p.7) nos relata que "a biblioteca escolar aliada ao bibliotecário estabelece
meios que guiam no processo educacional e no enriquecimento cultural dos alunos,
transformando suas vidas em diferentes aspectos junto a sociedade." A presença da família
junto a sociedade é de extrema importância para a formação de crianças e jovens leitores e
para o crescimento da leitura em diferentes aspectos, mesmo assim a biblioteca e a escola tem
por obrigação despertar a educação produtiva na vida intelectual do aluno.
5 METODOLOGIA
A metodologia segundo Demo (1980, p. 7) "significa, etimologicamente, o estudo
de caminhos, dos instrumentos usados para fazer ciência. É uma disciplina instrumental, a
serviço da pesquisa". Subtende-se, portanto, que os processos metodológicos utilizados no
presente artigo se direcionam ao hábito de leitura dos estudantes de uma biblioteca escolar,
tendo como finalidade um modelo DESCRITIVO para obter resultados. Foram aplicados
questionários coletando algumas informações dos alunos sendo estes 7 do 1° ano do ensino
médio e 13 do 3° ano do ensino médio, totalizando 20 estudantes. Tratando-se de uma
abordagem QUALITATIVA, onde foi aplicado um questionário com 8 questões, sendo 7
fechadas e 1 aberta. Em seguida está o modelo do questionário.
APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO
1) Idade
2) Sexo
3) Qual tipo de publicação você utiliza para leitura?
[ ] jornais [ ] revistas [ ] livros [ ] gibis [ ] internet
4) Com que frequência você lê?
[ ] todos os dias [ ] uma vez por semana [ ] uma vez por mês
[ ] raramente [ ] nunca
5) Que tipo de assunto gosta de ler?
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[ ] educação [ ] notícias [ ] músicas [ ] esportes [ ] novelas
[ ] informática [ ] festas [ ] sexualidade [ ] outros
6) Quantas vezes visita a biblioteca?
[ ] quase todos os dias [ ] uma vez por semana [ ] uma vez por mês
[ ] raramente [ ] nunca
7) Quantos livros você lê por mês?
[ ] nenhum [ ] 1 [ ] 2 a 5 [ ] mais de 5
8) O que a leitura significa pra você?
5.1 Campo da pesquisa
O campo da pesquisa foram às salas de aula do Centro Profissionalizante
Deputado Antonio Cabral CPDAC, que fica localizada na Rua Maria Ângela, No bairro do
Valentina Figueiredo I. Situada na cidade de João Pessoa no estado da Paraíba, e os sujeitos
da pesquisa os alunos do 1° e 3° ano do ensino médio, no turno da manhã. A escola, fundada
em 1989, teve três anos depois, em 1992, a inauguração da biblioteca que tem por nome, até
hoje, de biblioteca Augusto dos Anjos. Buscamos atentar para os dois extremos do ensino
médio, para obter dados mais comparativos.
6 RESULTADOS
Responderam ao questionário jovens estudantes da faixa etária entre 14 a 18 anos,
que cursam o 1° e o 3° ano do ensino médio. Foram 4 alunos, de 18 anos (20%), 4 alunos, de
17 anos (20%), 6 alunos, de 16 anos (30%), 5 alunos, de 15 anos(25%) e 1 aluno, de 14 anos
(5%), sendo desses 7 alunos, do 1º ano (35%) e 13 alunos, do 3° ano (65%), sendo o total dos
entrevistados; 13 meninas (65%) e 7 meninos (35%), totalizando 20 estudantes (100%),
identificamos, assim, os resultados das questoês 1 e 2.
A terceira pergunta do questionário aplicado, foi relacionada ao tipo de publicação
utilizado frequentemente pelos estudantes para ler. Foi verificado que os estudantes costumam
utilizar a internet, seguido dos livros para praticar o hábito da leitura. A terceira publicação
mais utilizada é o jornal. Como podemos observar no gráfico 1, a seguir:
GRÁFICO 1 - Tipo de publicação utilizada para leitura
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Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.
Apesar do grande número de preferência pela plataforma da internet, os
estudantes também admitiram utilizar o livro como meio de publicação para praticar a leitura.
Observa-se então, que mesmo estando sobre a suposta difusão da internet e maior
acessibilidade diante o século, os estudantes ainda praticam e cultivam o costume de utilizar
os livros para ler.
A quarta pergunta do questionário dirigi-se ao aluno questionando a frequência,
que o mesmo pratica a leitura. Foi verificado que a maioria dos alunos costuma ler todos os
dias, correspondendo a 60% dos entrevistados. Também foi observado, que, os alunos do 3°
ano leem mais, com 40% do total que leem todos os dias, do que os alunos do 1° ano, com
apenas 20%. Teoricamente aumenta-se o hábito da leitura com a proximidade do vestibular.
GRÁFICO 2 – Frequência de Leitura
Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.
Relacionado com a quinta questão, foi observado que o tipo de assunto preferido
dos estudantes é músicas seguido de notícias. Tanto no público feminino quanto no
masculino, a música é o assunto preferido. Como todos os entrevistados se encontram na
adolescência, fica clara a forte influência que a música exerce nos hábitos destes.
GRÁFICO 3 – Tipo de Leitura
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Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.
Na segunda e a terceira posições, as preferências dos alunos estão em notícias e
educação, o que demonstra o interesse pela atualização e o conhecimento que a leitura desses
assuntos, teoricamente, proporciona.
O sexto questionamento foi relacionado ao hábito dos alunos em frequentar a
biblioteca Augusto dos Anjos. Constatamos que os alunos, na maioria dos entrevistados,
frequentam a biblioteca raramente. Em segundo, a opção de nunca visitar a biblioteca. Isso
demonstra o papel secundário que a biblioteca escolar tem exercido no incentivo a leitura
desses alunos. As práticas realizadas pela mesma não oferecem atrativos aos jovens usuários,
afastando a utilização e o incentivo ao uso da biblioteca, que é de fundamental importância
para a adesão do hábito de leitura frequente e perdurável. Esse fator, também nos atenta ao
fato do espaço da biblioteca, não ser um local que atenda aos interesses dos estudantes,
ferindo a real responsabilidade da biblioteca escolar e do bibliotecário escolar em fomentar o
hábito de leitura, interagir com os estudantes e ser coadjuvante no papel de ensinoaprendizagem na formação desses jovens.
GRÁFICO 4 – Frequência de visitas à biblioteca Augusto dos Anjos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.
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A sétima questão, foi sobre a quantidade de leitura praticada pelos alunos,
utilizamos o periodo mensal para medir as suas práticas. Em sua maioria, os estudantes
admitem ler apenas 1 livro por mês. Em empate está a leitura de nenhum livro, e, de 2 a 5
livros lidos por mês. O 3º ano apresenta mais estudantes que leem, de 2 a 5 livros por mês
(20%) comparado ao 1° ano (5%). Isso iguala com o dado apresentado anteriormente em que
os alunos do 3º ano leem mais que os alunos do 1° ano. Comparado também ao sexo, as
meninas costumam ler mais (25%) que os meninos (15%), no dado de 1 livro por mês. E isso
se confirma no dado de 2 a 5 livros por mês, onde as meninas também transpõem lendo mais
(20%) que os meninos (5%).
GRÁFICO 5 – Frequência de visitas à biblioteca Augusto dos Anjos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.
A análise da última questão, baseada no significado da leitura para esses
estudantes, teve como resultado a ligação do hábito com a aprendizagem, 50% dos
entrevistados disseram ter a leitura como principal agente para o aprendizado, sociabilizando
o ato de aprender com o acesso ao conhecimento e a informação.
Não houve em nenhum dos casos a associação de leitura a algum aspecto
negativo, como algo sem significado produtivo. Porém apenas 20% dos entrevistados
associaram a leitura como hobby ou diversão. Mesmo reconhecendo a importância de ler,
muitos citaram no questionário o fato de “não ler muito”. Mais uma vez observa-se a falta de
incentivos ao hábito.
7 CONSIDERAÇÕES A CERCA DESTE ESTUDO
A referente pesquisa permitiu a análise superficial dos estudantes do ensino médio
da escola CPDAC. Aceitamos como satisfatório a metodologia utilizada para a pesquisa e
obtenção dos dados.
Como resultado, observou-se que a maioria dos estudantes possui o hábito de
leitura diário. Costumam ler no formato oferecido pela internet, preferem assuntos
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relacionados à música, raramente frequentam a biblioteca e leem 1 livro por mês. Quanto ao
hábito de leitura, para 10 dos 20 alunos entrevistados a leitura é sinônimo de aprendizagem.
Citando várias vezes a necessidade da mesma para o acesso ao conhecimento e a informação.
Observou-se também, que alunos do 3° ano e entrevistados do sexo feminino, desenvolvem
mais o hábito de ler.
O presente artigo possibilitou o conhecimento dos hábitos de leitura dos alunos da
escola CPDAC que tem como referencial a biblioteca escolar Augusto dos Anjos situada no
bairro de Valentina Figueiredo I, na cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba,
apresentando a realidade desse limite.
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BIBLIOTECA ESCOLAR, PRESENTE! : o bibliotecário como agente de
transformação social
GT 03: Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador.
Modalidade de trabalho: Comunicação oral.
SILVA, Patrícia Santos35
LOUREIRO, Andressa Maria Rodrigues36
RESUMO
Destaca a importância da biblioteca escolar enquanto suporte didático pedagógico, com
enfoque no papel do bibliotecário dentro do contexto educacional. Apresenta um relato das
rotinas e projetos realizados pela biblioteca Luzbel Pretti. Mostra como a biblioteca pode se
transformar em espaço de aprendizagem e formação do usuário. Considera o bibliotecário um
agente de transformação social. Defende a importância da execução de atividades que
integrem o bibliotecário com a equipe docente. Propõe uma reflexão sobre a atuação
educadora do bibliotecário. Conclui que a biblioteca escolar é um local que possibilita a
ampliação de conhecimentos e o despertar do desenvolvimento intelectual tanto para alunos,
como para toda a comunidade escolar.
Palavras-chave: Biblioteca escolar. Práticas bibliotecárias. Papel do bibliotecário.
ABSTRACT
Highlights the importance of the school library as a pedagogical educational support,
focusing on the librarian's role within the educational context. Gives an account of the
routines and projects undertaken by the library Luzbel Pretti. Shows how the library can
become learning space and user training. Does the librarian a social change agent.
Advocates the importance of implementation of activities that include the librarian with the
teaching staff. Proposes a reflection on the educational role of the librarian. Concludes that
the school library is a place that allows the expansion of knowledge and the awakening of
intellectual development for both students and for the whole school community.
Keywords: School library. Library practices. Role of the librarian.
1 INTRODUÇÃO
Dentre as funções que a biblioteca escolar possui, uma delas é a função educativa,
que atua como um instrumento de motivação ao conhecimento, à leitura, auxiliando na
formação de hábitos e atitudes de manuseio do livro de demais produtos da informação.
Também é um apoio fundamental ao corpo docente, possibilitando formar uma parceria de
modo atender as necessidades do planejamento curricular.
35
36
Graduando (a) em Biblioteconomia pela UFES. E-mail: [email protected]
Graduando (a) em Biblioteconomia pela UFES. E-mail: [email protected]
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Para Martucci (2005, p.185) “[...] a sociedade da informação é um fenômeno
global com marcante dimensão social, em virtude do seu elevado potencial em promover a
integração, reduzindo distâncias entre as pessoas e aumentando o seu nível de informação”.
O artigo propõe destacar a importância da biblioteca escolar enquanto suporte didático
pedagógico, com enfoque no papel do bibliotecário dentro do contexto escolar. Além de
apresentar um relato das rotinas e projetos realizados no espaço da biblioteca. O artigo faz
uma reflexão sobre como a biblioteca pode se integrar nas atividades da escola.
2 A BIBLIOTECA ESCOLAR
Quando surgiram as primeiras bibliotecas, a preocupação inicial era a guarda, o
armazenamento da informação e a preservação do acervo. Porém Moro (2011) relata que
assim como a Pedagogia modificou seu foco e projetou o educando como o centro no
processo de aprendizagem, a biblioteca escolar, que antes era voltada para o acervo, passou a
centrar a sua ação no usuário. Sob este aspecto, a biblioteca deixa de atender a um público
restrito e abre suas portas para a democratização do saber.
De acordo com o Manifesto da UNESCO/IFLA (2005) sobre as bibliotecas escolares, a
biblioteca escolar propicia informação e ideias que são fundamentais para o sucesso de seu
funcionamento na sociedade atual, cada vez mais baseada na informação e no conhecimento.
Desse modo, confirma-se a relevância da biblioteca no ambiente de ensino-aprendizagem,
como beneficiadora da formação intelectual e cívica do aluno.
A biblioteca anseia proporcionar novos conhecimentos aos alunos, auxiliando a
equipe pedagógica e os professores, contribuindo assim para o aprendizado contínuo na
relação sala de aula- biblioteca.
2.1 O papel do bibliotecário escolar
O bibliotecário ao ingressar em uma biblioteca escolar assume uma grande responsabilidade,
pois dependerá dele o sucesso ou não das ações realizadas dentro da biblioteca. Pois se ele
tiver uma visão limitada sobre o conceito da educação, ele será um mero técnico
administrativo a serviço da escola. Discordando disso, Caldin (2005, p.164) nos diz que
O bibliotecário tem de largar seu papel passivo, de mero processador técnico de
livros e desempenhar um papel ativo: agente de mudanças sociais. Tem de lembrar
que é um educador, que uma das funções da biblioteca escolar é ensinar o aluno a
pensar e, portanto, é sua função também ensinar os usuários a pensar, refletir e
questionar os saberes registrados.
Dudziak (2001) considera que o bibliotecário tem vivenciado o desafio de transformar a
imagem da biblioteca escolar antes vista repositório de informações em espaços aprendestes,
tornando-se assim um agente provocador de mudanças. Portanto, os profissionais não devem
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ficar restritos somente aos conteúdos curriculares tradicionais, mas procurar praticar ações
que contribuam para o processo educativo do educando.
2.2 A biblioteca Luzbel Pretti e o surgimento do profissional bibliotecário
Segundo Fragoso (1994, p. 21) “[...] o processo educacional só acontece quando o sujeito da
ação, o aluno, é trabalhado de maneira integral, sem divisões ou departamentos, e a biblioteca
como organismo dinâmico é capaz de possibilitar esta integração [...]’’.
Após realização de concurso público em Cariacica município do estado do Espírito Santo, a
escola Luzbel Pretti recebeu pela primeira vez, em quase trinta anos de seu funcionamento, o
primeiro
profissional
bibliotecário
primeiro.
Tal acontecimento proporcionou uma visão diferente do ambiente da biblioteca, antes vista
somente como uma sala de guarda de livros.
De acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, o setor da biblioteca constituise para fins de:
a) Realizar atividades de incentivo à leitura;
b) Apoiar o processo de ensino-aprendizagem dos discentes;
c) Estabelecer um vínculo com os alunos, na questão da utilização da biblioteca.
Além destes serviços prestados, a bibliotecária elabora projetos de incentivo à
leitura, sempre utilizando o espaço da biblioteca com a finalidade de transformá-lo em um
ambiente de convivência social. Com a inserção das atividades da biblioteca no projeto
pedagógico da escola, foi proporcionado um novo olhar sob o ambiente/espaço da biblioteca,
caindo por terra o estigma de depósito de livros. A biblioteca tornou-se uma “biblioteca viva”.
2.3 Uma biblioteca viva: a participação da biblioteca no processo de aprendizagem
Além de semanas de leitura, onde foram trabalhados alguns escritores brasileiros renomados
como Monteiro Lobato e Vinícius de Moraes, a biblioteca também realizou outros projetos,
como:
a) Projeto “Dia do Livro Infanto-Juvenil” e “Dia Nacional da Literatura Infantil” Ressaltou a importância da data de 18 de abril para literatura brasileira e da literatura infanto
juvenil internacional na vida escolar. Conhecer a mais famosa obra de Monteiro Lobato, o
Sítio do Pica-Pau Amarelo e seus personagens, apresentar aos alunos o mundo maravilhoso
desse nosso escritor e consequentemente despertar nos alunos a paixão pela leitura. O projeto
teve a duração de uma semana com várias atividades como contação de histórias do Sítio do
Pica-Pau Amarelo, sessão cinema, encenação teatral, recreio musical com Emília e confecção
de máscaras. Toda a equipe escolar foi envolvida no projeto.
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FOTOGRAFIA 1 – Dia do Livro Infanto-Juvenil
Fonte: OLIVEIRA, 2014.
Projeto “O meio ambiente e você tudo a ver” - O projeto teve como objetivo formar uma
consciência cidadã junto aos alunos sobre a preservação e o cuidado com o meio ambiente.
b) Projeto “Li e Gostei e Indico” - O projeto tinha como foco promover a leitura e
incentivar a divulgação do acervo da biblioteca através dos livros lidos pelos alunos. Após ler
um livro, o aluno deixava sua opinião sobre a obra e indicava a outros leitores. Esse projeto
foi muito interessante, pois os alunos se tornaram verdadeiros críticos literários.
Fotografia 2 – Projeto Li e Gostei e Indico
Fonte: OLIVEIRA, 2014.
c) Projeto “As borboletas” - O presente projeto foi promovido em parceria entre
a biblioteca e a sala de aula, colaborando diretamente com o desenvolvimento de projetos dos
professores. O projeto em questão foi trabalhado pela professora do 1º ano, onde a mesma
trabalha a poesia “As Borboletas” de Vinicius de Moraes através da escrita, leitura,
declamação, dramatização e da música.
Fotografia 3-Projeto As borboletas
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Fonte: OLIVEIRA, 2014.
Já na realização do projeto em comemoração ao “Dia da Emancipação do Município de
Cariacica”, os alunos tiveram atividades relacionadas à história do município, assistiram
vídeos na biblioteca e ouviram a história do personagem “João Bananeira”. Além disso,
fizeram leitura do livro “Cariacica: nosso município” de Luiz Guilherme Santos Neves. E ao
final confeccionaram máscaras e bonecos “João Bananeira”, personagem do carnaval de
Congo de Roda D´água (localizada na região rural do município).
Atualmente a bibliotecária está trabalhando com o projeto “Lendo na biblioteca”, que tem
enfoque no letramento informacional. Ele consiste em aulas de leitura com data e horários
pré-agendados na biblioteca. O material de apoio (fichas de leitura e livros) está ligado
diretamente ao assunto o que o professor trabalha em sala de aula.
O projeto “Lendo na biblioteca” é uma verdadeira ação no mais restrito uso da palavra, ele de
fato ocasiona a verdadeira ação cultural descrita por Coelho (2001), pois interfere diretamente
no modo de vida do indivíduo que vive a ação, neste caso o aluno, que apreende e exercita o
ato de ler, confirmando o que Kuhlthau (2006, p. 19) defende:
O programa de desenvolvimento de habilidades para usar a biblioteca e a
informação deve integrar-se à proposta curricular da escola. A sequência de
habilidades deve estar intimamente ligada aos conteúdos programáticos. É
importante que as atividades desenvolvidas em sala de aula exijam que os alunos
utilizem as habilidades para usar a biblioteca e a informação que estão adquirindo.
A temática da ação cultural é de extrema importância porque ela é um tipo de iniciativa que
pode mudar a realidade de um determinado lugar. Assim, “[...] define-se a ação cultural como
o processo de criação ou organização das condições necessárias para que as pessoas e grupos
inventem seus próprios fins no universo da cultura.” (COELHO, 1999, p.33). A ação cultural
também pode gerar a transformação no processo educativo, o que possibilita uma troca de
informações de interesse coletivo. Almeida (1987, p.33) diz que a ação cultural
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[...] busca a expressão e a criatividade dos indivíduos no grupo e na comunidade.
Está ligada à ideia de transformação, de emancipação a partir da expressão. Diz
respeito não apenas a produtos culturais acabados, como também às condições que
levam à capacidade criativa, à produção cultural. Relaciona-se por outro lado, ao
processo de educação coletiva, no momento em que desenvolve atividades práticas e
abre espaço para a troca de informações e a discussão sobre temas de interesse do
grupo.
O projeto surtiu um efeito maravilhoso, que ficou evidente quando a bibliotecária se dirigia
até sala de aula para convidar um aluno para participar da “hora da leitura”, acontecia uma
grande “disputa” entre os alunos para irem até a biblioteca.
3 METODOLOGIA
Quanto aos objetivos propõe-se realizar um estudo exploratório. Para Gil (2009) a pesquisa
exploratória visa proporcionar maior intimidade com o problema auxiliando na construção de
hipóteses e no aprimoramento de ideias. Como técnica de pesquisa foi utilizada a observação,
Marconi e Lakatos (2002) descrevem a observação como uma técnica que visa buscar
informações através da utilização dos sentidos para examinar determinados aspectos da
realidade.
A modalidade de observação adotada foi a não participativa ou passiva, que de acordo com
Marconi e Lakatos (2002, p.90) é onde “[...] o pesquisador toma contato com a comunidade,
grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela: permanece de fora. Presencia o fato,
mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador
[...]”.
4 CONCLUSÃO
A parceria entre a biblioteca e a equipe pedagógica tem caminhado de modo positivo. A
chegada de um profissional com formação especifica provocou um novo olhar para a
biblioteca. A opinião dos alunos, professores e demais componentes da comunidade escolar
acerca de como está o funcionamento da biblioteca demonstra que a leitura o acesso à
informação passaram a ser uma realidade presente no cotidiano da EMEF Luzbel Pretti.
Aquele conceito tradicional de que a biblioteca escolar é um depósito de livros ou participa
apenas como apoio complementar ao programa de estudos está superado. Sua função passou a
ser um centro de informação e cultura.
É necessário que haja harmonia entre a biblioteca e a escola, para que juntas consigam
alcançar objetivos reais. O aluno deve ser incentivado desde cedo a utilizar a biblioteca, na
busca por fontes de informação que irão auxiliar na construção de conhecimentos.
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Conclui-se que as atividades possibilitaram aos alunos uma aquisição de
conhecimentos interdisciplinares que contribuíram para sua formação educacional e
sociocultural. Estas ações também contribuíram para uma mudança de paradigmas em relação
à biblioteca e a imagem do bibliotecário. A biblioteca em um ambiente escolar é um local que
possibilita a ampliação de conhecimentos e o despertar do desenvolvimento intelectual tanto
para alunos, como para toda a comunidade escolar.
REFERÊNCIAS
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O ATO DA LEITURA NA COMPOSIÇÃO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
GT 3: Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador
Modalidade: comunicação oral
SILVA, Aderlou Oliveira da37
CARDOZO, Eliel Silva38
NEVES, Fernanda Fonseca39
NUNES, Maria Cléa40
RESUMO
O ato da leitura na composição da sociedade da informação. Descreve como a literatura
aborda a leitura de crianças, jovens e idosos na perspectiva de contribuir no incentivo,
mediação e desenvolvimento desta habilidade tão significativa, encantadora, inquietante e às
vezes dolorosa gerando adultos não leitores e alheios ao mundo. Ler e escrever são
imprescindíveis a fim de garantir às gerações futuras o conhecimento do passado para o
entendimento do futuro, a sua leitura do real não pode ser a repetição mecanicamente
memorizada da nossa maneira de ler o real. A fundamentação da compreensão da leitura de
mundo que todos nós construímos e carregamos conosco permanentemente, é testada e
modificada constantemente em todas as interações com o mundo. É a fonte das previsões que
nos possibilita encontrar sentido nos acontecimentos e na linguagem oral ou escrita.
Palavras-chave: Leitura. Sociedade. Informação.
ABSTRACT
The act of reading the composition of the information society. Describes how the literature
addresses the reading of children, young people and the elderly in order to contribute in
encouraging, mediation and development of this skill so significant, charming, unsettling and
sometimes painful not generating adult readers and oblivious to the world. Reading and
writing are essential to ensure future generations the knowledge of the past to understand the
future, his reading of the real can’t be repeated mechanically memorized the way we read the
real. The basis of the reading comprehension of the world that we all carry with us constantly
build and is constantly tested and modified in all interactions with the world. It is the source
of predictions that enables us to find meaning in the events and in oral or written language.
Keywords: Reading. Society. Information.
1 INTRODUÇÃO
Os avanços tecnológicos têm modificado as relações sociais e em consequência
colaborado para o acesso cada vez maior de informações. A sociedade em que vivemos
37
Graduando em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected]
Graduando em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected]
39
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected]
40
Docente do curso de em Biblioteconomia da UFMA. E-mail: [email protected]
38
146
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atualmente não admite mais a existência de leitores que visam uma interpretação limitada dos
textos que leem, manifesta-se indispensável interesse que o indivíduo seja capacitado para
compreender as mais variadas linguagens que o envolvem na sociedade, seja ela em forma de
texto ou em forma de símbolos e códigos.
A leitura é um importante mecanismo para o desenvolvimento de reconstrução da
sociedade, sabendo que, para a criança saber ler, é essencial conhecer a língua pátria, já que
desde o instante do seu nascimento participamos do grupo de aprendizado, como: o familiar,
social, cultural, por meio do qual agrega conhecimentos que se processam.
Assim como a escola, a família tem seu papel crucial na formação de filhos
leitores, preparando assim os valores morais, sociais e éticos. Temos fundamentos que a
influência da família na intermediação, formação e conscientização dos futuros leitores é algo
imprescindível e inquestionável. Analisando como a literatura aborda a leitura de crianças,
jovens e idosos na perspectiva de contribuir no incentivo, mediação e desenvolvimento dessa
realidade, identificar o comportamento do leitor no ato da leitura, examinar as diversas
técnicas utilizadas pelos pais e professores na alfabetização e práticas de leitura.
Por se tratar de um processo que exige interação entre texto e leitor através de
concordância ou não de ideias, a leitura pode ser compreendida como elemento civilizatório
na medida em que aproxima as pessoas, convidando-as para o diálogo, através da oferta de
“provisões, palavras e mais palavras, instigações, sentidos novos e cambiantes promovendo
interação” (MARIA, 2009, p. 65).
O ato de ler foi de tal maneira retirada da prática pessoal que hoje estão buscando
ajudas de profissionais da área da leitura, como professores, bibliotecários, para retirar o risco
de alienação. Silva (2002, p. 75), descreve a leitura e esclarece que “[...] ler é um direito de
todos e, ao mesmo tempo, um instrumento de combate à alienação e à ignorância [...]”. A
leitura como uma atividade social deve relacionar-se com a liberdade na leitura, obtendo o
prazer, a compreensão e a capacidade de criticar. O profissional que trabalha na educação
precisa ter conhecimento no processo de leitura para descobrir e aumentar as sua atuação no
mundo da leitura.
O tema foi motivado pela importância da leitura, como indispensável para a
compreensão e atuação no meio social. Através do exercício da leitura, o individuo enriquece
seu vocabulário, obtém novos conhecimentos, desafia sua imaginação e descobre o prazer de
pensar e sonhar. Através da leitura, desenvolve-se a inteligência, a capacidade de associar
ideias e se reorganiza a criatividade.
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O propósito deste trabalho é evidenciar as diversas maneiras e processos que o
leitor em determinado momento da vida é convidado, incentivado a ter um contato primeiro
com textos, livros e o ideal é quando criança. A família seguida da escola desempenham
papéis relevantes na construção e comportamento leitor crítico das pessoas dentro do convívio
social.
O estudo caracteriza-se como investigação de natureza qualitativa e será realizada
por meio da pesquisa bibliográfica, com o levantamento de fontes bibliográficas e no meio
virtual de autores nacionais que abordam os temas: atos de leitura; leitura para crianças, para
jovens e para idosos; Sociedade da Informação e sua composição; programas do governo. A
técnica do fichamento, análise e interpretação fornecerão subsídios para textos e debates.
A divisão dos capítulos apresenta-se inicialmente com uma breve explanação
sobre os conceitos e a história dos termos “Sociedade da Informação” e “Sociedade do
Conhecimento”, onde serão detalhadas as formas de leitura nessa sociedade; no capítulo
seguinte será tratado sobre a contribuição governamental através dos programas de incentivo
à leitura no Brasil, como o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), o Programa Nacional
de Incentivo à Leitura (PROLER), o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), entre
outros.
2 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
No final do século XX, mais especificamente em sua última década, o termo
“sociedade da informação” foi, sem dúvida, a expressão que se consagrou como influente,
isso devido à nomenclatura que recebeu nas políticas oficiais dos países mais desenvolvidos,
onde surgiu até uma “Cúpula Mundial” para se dedicar à estudos voltados para esse tema.
Mas o histórico enumera outros fatos antecedentes em relação ao termo em
décadas anteriores. Em 1973, um sociólogo dos Estados Unidos da América chamado Daniel
Bell introduziu a noção da “sociedade de informação” em seu livro “O advento da sociedade
pós-industrial”. No conteúdo de seu livro, ele expressa que o eixo principal desta nova
sociedade será o conhecimento teórico. Ele também adverte que os futuros serviços baseados
no conhecimento serão a matéria-prima da estrutura da nova economia e de uma sociedade
sustentada na informação.
Esta expressão reaparece novamente com força nos anos 90, no contexto do
desenvolvimento da Internet e das TIC. A partir do ano de 1995, ela foi incluída na agenda
das reuniões de vários encontros internacionais, foi adotada pelo governo dos Estados Unidos,
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por várias representações das Nações Unidas (ONU) e pelo Banco Mundial. Tudo isso com
uma grande repercussão na mídia.
No entanto, esta realidade e o papel-chave que as tecnologias da comunicação
desempenharam na aceleração da globalização econômica, sua imagem pública, está mais
associada aos aspectos mais “amigáveis” da globalização como a Internet, a telefonia celular e
internacional, a TV via satélite, etc. Assim, a sociedade da informação assumiu a função de
“embaixadora da boa vontade” da globalização, cujos “benefícios” poderiam estar ao alcance
de todos, se pelo menos fosse possível diminuir o “abismo digital.”
2.1 Sociedade do conhecimento
A noção de “sociedade do conhecimento” (knowledge society) surgiu no final da
década de 90. A expressão é empregada, particularmente, nos meios acadêmicos como uma
alternativa que alguns preferem à “sociedade da informação”, principalmente nos cursos da
área das Ciências da Comunicação e informação.
Em seus trabalhos, textos e manifestos, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), adotou o termo “sociedade do conhecimento” ou
sua variante “sociedades do saber” dentro de suas políticas institucionais. Essa organização
desenvolveu debates em torno do assunto que buscou incorporar uma construção mais
completa e que englobasse outras áreas e não apenas a dimensão econômica.
O conceito de “sociedade da informação” pode estar ligado à ideia de “inovação
tecnológica”, enquanto o conceito de “sociedades do conhecimento” inclui dimensões mais
abrangentes, incluindo itens como transformação social, cultural, econômica, política e
institucional. O conceito de “sociedades do conhecimento” é preferível ao da “sociedade da
informação” já que expressa melhor a complexidade e o dinamismo das mudanças que estão
ocorrendo. O conhecimento em questão não só é importante para o crescimento econômico,
mas também para fortalecer e desenvolver todos os setores da sociedade. Em todo caso, o
termo adotado nesse artigo é “sociedade da informação”.
2.2 Leitura, processos de aquisição
Desde que nascemos, distintas situações são colocadas para termos contato com as
palavras, são ensinadas progressivamente para que possamos nomear e reconhecer a
necessidade de aprender e desvendar o mundo onde vivemos. Acreditando que a leitura é uma
atividade dialógica que ocorre no meio social. Freire (1987, p. 11) descreve que “[...]
buscamos analisar os fatores envolvidos no processo de leitura, as diferentes formas de leitura
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abrangendo a diversidade textual e as estratégias de leitura no processo de compreensão do
texto [...]”
As pesquisas desenvolvidas ao longo dos anos sobre como conseguir alunos
leitores competentes têm sido unânimes, afirmando que o ato de ler está baseado na
capacidade do indivíduo de compreender e interpretar o mundo.
Se considerarmos que a função da escola não é apenas ensinar a ler e escrever,
mas levar a pessoa a fazer aplicação da leitura e da escrita, incluindo em trabalhos sociais que
dependem e as relações de seus grupos sociais, culturais e econômicos, portanto é preciso, que
haja liberdade de material para leituras como jornais, revistas, livraria etc. É fundamental que
as pessoas estejam ligadas em um ambiente de letramento a fim de que a leitura se transforme
em necessidade e uma maneira de lazer.
A sedução para gostar de ler deve começar na escola; o primeiro passo consiste
em assegurar a correta adaptação no processo de iniciação à leitura. Pode-se observar três
motivos para o reconhecimento da leitura: informação, conhecimento e prazer, isso é uma
ajuda para o leitor, que o leva para uma compreensão profunda e objetiva do contexto.
Portanto, considerando que, qualquer linguagem sempre possui um referencial de mundo, o
leitor é capaz de aprender os sinais inscritos em qualquer mensagem e os existentes no texto,
que significa compreender a dinâmica do real e compreender-se como um ser que participa
dessa dinâmica.
Vetter (2009, p. 121) descreve através de entrevistas realizadas com alunos e
alunas da UNITI (Universidade da Terceira Idade) que “[...] a história de cada sujeito revela
uma parte de suas experiências [...] diversificadas pela própria caminhada e leitura do mundo
[...]”. Qual o primeiro livro ou cartilha apresentado, se o mesmo foi com gravuras facilitando
a aprendizagem, verifica-se que hoje não diferente do passado adquire-se conteúdo quando
um livro ou texto é escrito e confeccionado com desenhos, figuras e outros a leitura
transforma-se em prazer e não dever.
A alfabetização que notadamente é tardia e laborosa evidencia-se com o contato
da criança com o material de leitura, contação de histórias na varanda das residências feitas
por pais ou avós mostra-nos que o incentivo e
as habilidades de ler e escrever são
imprescindíveis na sociedade atual, assim só se torna leitor aquele que tem a oportunidade de
ler e tem acesso ao objeto de leitura seja ele físico ou imaterial.
Freire (1993, p. 15) relata “[...] fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa,
à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais.
O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz [...]”. Seus pais foram peças ímpares na
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construção, decifração da palavra que fluía naturalmente da leitura do mundo particular do
alfabetizando.
Jolibert (1994, p. 12) enfatiza “[...] é na medida em que se vive num meio sobre o
qual é possível agir, com os outros, discutir, decidir, realizar, avaliar... que são criadas as
condições mais favoráveis ao aprendizado [...]”. O homem é um ser social, a educação
envolve três esferas pedagógicas que são: o aluno, o professor e o material empregado no
desenvolvimento, eficiência e eficácia.
3 CONTRIBUIÇÃO GOVERNAMENTAL PARA A LEITURA - PROGRAMAS
3.1 O PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura
O acesso de todo cidadão ao livro e à leitura é o objetivo principal do Plano
Nacional do Livro e Leitura (PNLL), um conjunto de projetos, programas, atividades e
eventos na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas em desenvolvimento no país. O PNLL
implanta e moderniza bibliotecas, concede bolsas e prêmios literários a escritores e cria
Pontos de Leitura. Estes últimos são iniciativas e projetos de incentivo à leitura em vários
locais, como bibliotecas comunitárias, hospitais, sindicatos, presídios e associações
comunitárias. Cidadãos com deficiência têm o acesso à leitura facilitado pela coedição, por
parte do PNLL, de livros em braile, livros digitais e audiolivros. Campanhas de doação de
livros e feiras literárias também são promovidas, além da distribuição de livros a alunos nas
escolas e a outros segmentos da população em cestas básicas, estádios e ginásios, por
exemplo.
Entre algumas ações desse programa, destaca-se: a campanha ‘Leia Mais, Seja
Mais’ é um dos destaques das 40 ações do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL),
coordenada pelo Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Biblioteca Nacional (FBN). Esse
programa é dividido em primeira e segunda etapa. Na primeira foram veiculados anúncios em
74 revistas e jornais, e a segunda etapa da campanha foi veiculada, em todo País, por
emissoras de rádio e televisão e pela internet. Esta etapa mostra a leitura como atividade
prazerosa.
O programa tem meta de estimular a leitura principalmente, entre as famílias das
classes C, D e E, que concentram cerca de 40% da população e a maioria dos não leitores no
país, segundo levantamento do Instituto Pró-Livro, divulgado em 2012. Segundo a pesquisa
Retratos da Leitura no Brasil, o País tem hoje 50% de leitores (pessoas que leram pelo menos
um livro nos últimos três meses, inteiro ou em partes).
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Para o ano 2012, o PNLL destinou R$ 254,6 milhões para ações de
democratização do acesso à leitura, beneficiando duas mil bibliotecas em todo o país.
Incluindo também a construção de 400 novas bibliotecas. Esse programa realizado no ano de
2012 previu também R$ 56,1 milhões para as ações de fomento à leitura e formação de
mediadores de leitura, para a formação de 4 mil agentes de leitura. O fomento à cadeia
criativa e produtiva do livro recebeu R$ 54,9 milhões. No ano de 2012, o PNLL ajudou a
promover a realização de 200 feiras e festivais do livro em todo o país, o que representou um
crescimento de cerca de 170% em relação a anos anteriores, quando foram realizados 75
eventos. Haverá também ações de apoio a livreiros independentes. O PNLL é desenvolvido
pelo Ministério da Cultura (MinC) e pelo Ministério da Educação (MEC). As ações são
realizadas pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e pela Coordenadoria Geral de Livro e
Leitura (CGLL).
3.2 O PROLER – Programa Nacional De Incentivo à Leitura.
Saber ler é uma exigência das sociedades modernas. Há, contudo, uma importante
diferença entre saber ler e a prática efetiva da leitura. Se a habilidade de leitura é uma
necessidade pragmática e permite a realização inclusive de atividades básicas, como deslocarse de um ponto a outro, fazer compras e realizar tarefas cotidianas, entre outras ações, a
prática da leitura é importante instrumento para o exercício da cidadania e para a participação
social. Foi para estimular isso que, em 13 de maio de 1992, através do Decreto Presidencial nº
519, instituiu-se o PROLER (Programa Nacional de Incentivo à Leitura), vinculado à
Fundação Biblioteca Nacional, órgão do Ministério da Cultura. O Decreto nº 4.819, de 16 de
agosto de 2003, que aprovou o novo Estatuto da FBN, veio fortalecer os objetivos do
Programa. O PROLER tem sua sede na Casa de Leitura situada no bairro de Laranjeiras, Rio
de Janeiro.
O PROLER foi instalado na Casa da Leitura, no Rio de Janeiro, com o
compromisso de promover ações de valorização da leitura, criando parcerias com comitês que
promovem a leitura espalhados pelo país. O PROLER é constituído por pessoas
profundamente dedicadas à causa da literatura, uma relação horizontal de parceria e
aprendizado mútuo, onde ambas as partes saem ganhando, em seu objetivo comum de
incentivar a leitura.
Os Comitês do PROLER: Nacionalmente o PROLER desenvolve ações em
parceria com secretarias de cultura e de educação (municipais ou estaduais), universidades,
bibliotecas, ONG´s e outras instituições, estabelecendo convênios e constituindo os Comitês.
Em todas as Unidades Federadas atuam Comitês do PROLER, promovendo ações de práticas
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leitoras. A promoção da leitura tem efeito multiplicador, fazendo com que novos parceiros se
integrem ao Programa.
Objetivos do Programa do PROLER é de promover o interesse nacional pela
leitura e pela escrita, considerando a sua importância para o fortalecimento da cidadania;
promover políticas públicas que garantam o acesso ao livro e à leitura, contribuindo para a
formulação de uma Política Nacional de Leitura; Articular ações de incentivo à Leitura entre
diversos setores da sociedade; Viabilizar a realização de pesquisas sobre livro, leitura e escrita
e Incrementar o Centro de Referência sobre leitura.
As diretrizes do PROLER são:
1) Diversidade de ações e de modos de leitura manifestados: nas práticas de
leituras promovidas; nos locais e instituições abrangidos; nos gêneros textuais considerados;
nas atividades organizadas;
2) Especificidade do ato de ler, entendendo-se que atos de leitura exigem modos
próprios e competências específicas;
3) Articulação entre leitura e cultura, não se compreendendo a leitura fora dos
contextos nos quais se expressam a riqueza da vida humana e as suas produções;
4) Prioridade da esfera pública, concretizando-se ações voltadas aos interesses da
maioria da população leitora e não-leitora. Como é ela que, de modo geral, concentra a
maioria das ações e dos agentes de leitura -- professores das redes públicas, deve-se pensá-la
como irradiadora das práticas leitoras;
5) Publicidade da leitura, enfatizando-se que ela precisa ser tema na cena social;
6) Democratização do acesso à leitura, pela disponibilização de material de leitura
em bibliotecas escolares e públicas, em salas de aula e em salas de leitura em locais públicos.
As Vertentes do PROLER: Para viabilizar tais diretrizes o PROLER estabeleceu 3
eixos de ação: Fomento e divulgação, Formação Continuada de Promotores de Leitura,
Pesquisa e Documentação.
Ações: O PROLER quer contribuir, por meio de ações afirmativas, para que se
criem condições de exercício da leitura, respeitando-se as diversidades culturais e sociais de
um país como o Brasil. Para isso, foram definidas as seguintes ações estratégicas: Formação
de uma rede nacional de incentivo à leitura; Cursos de formação de promotores de leitura;
Assessoria para implementação de projetos de promoção da leitura; Implementação da
política de incentivo à leitura na Casa da Leitura, com cursos, palestras e outras atividades;
Criação da rede de referência e documentação em leitura; Assessoria para Implantação de
bibliotecas para crianças, e para jovens e adultos e Sistema de acompanhamento e avaliação.
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3.3 O PNBE – Programa Nacional Biblioteca da Escola
O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) tem como objetivo prover as
escolas de ensino público das redes federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, no
âmbito da educação infantil (creches e pré-escolas), do ensino fundamental, do ensino médio
e educação de jovens e adultos (EJA), com o fornecimento de obras e demais materiais de
apoio à prática da educação básica com vista à democratização do acesso às fontes de
informação, ao fomento à leitura e à formação de alunos e professores leitores e ao apoio à
atualização e ao desenvolvimento profissional do professor.
A distribuição dos acervos de literatura ocorre da seguinte forma: Nos anos pares
são distribuídos livros para as escolas de educação Infantil (creche e pré-escola), anos iniciais
do ensino fundamental e educação de jovens e adultos. Já nos anos ímpares a distribuição
ocorre para as escolas dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio. (BRASIL,
2009).
4 CONCLUSÃO
Após examinar os conceitos ligados ao tema leitura e revisar literaturas sobre o
mesmo para crianças, para jovens e para idosos e sobre “Sociedade da Informação” e sua
composição; e sobre os programas do governo voltados para o incentivo à leitura,
depreendeu-se que a leitura se constitui em um importante instrumento para alavancar o
desenvolvimento e a reconstrução educativa da sociedade, oportunidade na qual se enfatizou
que é essencial a criança saber ler e conhecer a língua pátria para se desenvolver em seus
grupos de aprendizado, como o familiar, o social e o cultural.
No decorrer da escrita deste artigo, os teóricos como Joliber, Maria, Silva, Freire,
Oliveira e Vetter, dentre outros, contribuíram muito no sentido de conduzir as discussões,
evidenciando a importância da leitura como atividade fundamental para entender e interpretar
o mundo, bem como, deixando explícita a relevância da intervenção governamental no
processo de seleção de atividades para sistematização da leitura.
Dessa forma, o contato constante das crianças, dos jovens e dos idosos com as
mais variadas formas de incentivo à leitura, bem como a adaptação desses programas à
realidade sociocultural desses grupos de leitores como um momento de construção e
manutenção de habilidades e estratégias, possibilitará avanços positivos no processo de
desenvolvimento da leitura em seu sentido pleno em todo o país.
Através deste trabalho, tivemos a oportunidade de expressar um julgamento de
valor sobre alguns aspectos que envolvem a leitura e o seu desenvolvimento. Entendemos que
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o tema trabalhado é de grande complexidade porque não depende somente dos esforços do
governo e que a aprendizagem para a realização dela não se limita somente ao exercício de
grafias, mas que se perpetua como caminho para novas reflexões sobre a própria linguagem
por práticas sociais de leitura.
Entendeu-se que, apesar da existência de muitos programas e campanhas de
incentivo à leitura, ainda há muitas iniciativas que devem ser melhor trabalhadas, fiscalizadas
e administradas para gerar melhores resultados.
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AÇÃO CULTURAL NO CENTRO CULTURA PAMPULHA
GT 3: Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador
Modalidade: Comunicação Oral
SILVA, Jordeilson de Lana41
RESUMO
Oriundo das diversas atividades desenvolvidas durante a disciplina de Cultura e Informação
do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo como uma de
suas atividades, uma visita técnica a um Centro Cultural que norteia todo este trabalho, tendo
como problemática os impactos que a ação cultural exercer na comunidade de tal Centro
Cultural, objetivando uma discussão das ações culturais da Unidade de Informação do CCP
identificando seu impacto na comunidade, e o papel do profissional da informação como
possível agente cultural. Como metodologia para levantamento de dados, foram adotadas duas
metodologias, a primeira foi o estudo de comunidade através da aplicação de um questionário,
e aplicação de uma entrevista semiestruturada nos usuários da Unidade de Informação, para
analise dos dados quantitativo foi utilizada o método de estatística descritiva, e para a análise
dos dados qualitativos o método de analise de conteúdo. Os resultados apontaram que a
comunidade frequenta relativamente a UI e participa ativamente das ações culturais
desenvolvidas pelo CCP. Concluiu-se que a UI deve ter mais autonomia para desenvolver as
ações culturais que um Bibliotecário, poderia desenvolver e não meramente escoltar, pois
poderá passar de agente cultural para animador cultural.
Palavras-chave: Ação Cultural. Agente Cultural. Centro Cultural Pampulha.
ABSTRACT
Originally the various activities during the course of Culture and Library Science Information
at the Universidade Federal de Minas Gerais, having as one of its activities, a technical visit
to a cultural center that guides all this work, with the problematic impacts that cultural action
play in the community in such a cultural center, aiming a discussion of the cultural activities
of the CCP's Intelligence Unit identifying its impact on the community, and the role of the
information professional as possible cultural agent. How paw data collection methodology,
two approaches were adopted, the first was the community of study through a questionnaire,
and application of a semi-structured interview on users of the Information Unit, for analysis
of quantitative data was used the statistical method descriptive, and for the analysis of
qualitative data content analysis method. The results showed that the community attends for
UI and actively participates in cultural activities developed by the CCP. It was concluded that
the UI should have more autonomy to develop cultural actions a Librarian, could develop and
not merely escort, it may move from Culture agent for animator.
Keywords: Culture Action. Cultural agent. Culture Center.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho é oriundo das diversas atividades desenvolvidas durante a disciplina
de Cultura e Informação do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas
41
Graduando em Biblioteconomia pela UFMG. E-mail: [email protected]
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Gerais (UFMG). Que busca desenvolver a competências dos alunos em compreender os
processos de produção de cultura e informação, percebendo a importância das políticas
culturais como fator de promoção da cidadania, e elabora e desenvolver ações educacionais e
culturais em bibliotecas, arquivos e museus.
A fim de compreender o processo de ação cultural em uma Unidade de
Informação e o papel do profissional da informação no âmbito das práticas culturais, foi
realizada uma visita técnica ao Centro Cultural da Pampulha (CCP), com o intuito de observar
as ações culturais deste espaço. Por tanto a problemática deste é quais os impactos que a ação
cultural exerce na comunidade que é desenvolvida?
O objetivo deste trabalho é discutir as ações culturais da Unidade de Informação
do CCP identificando seu impacto na comunidade, e o papel do profissional da informação
como possível agente cultural.
Em primeiro momento será abordado às praticas culturais da Unidade de
Informação do CCP. Em segundo momento será discutido os impactos de tais ações culturais
na comunidade pertencentes ao entorno do CCP. E por fim será debatido o perfil do
bibliotecário como agente cultural, e sua contribuição no desenvolvimento de ações culturais.
Como metodologia para levantamento de dados, foram adotadas duas
metodologias, a primeira foi o estudo de comunidade através da aplicação de um questionário
que segundo Gil (1999, p.128), pode ser definido “como a técnica de investigação composta
por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo
por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas etc.”. O segundo método de coleta foi à aplicação de uma entrevista
semiestruturada nos usuários da Unidade de Informação do CCP, a qual Ribeiro (2008, p.141)
trata tal técnica como sendo a “mais pertinente para obter informações [...] sobre atitudes,
sentimentos e valores subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além das
descrições das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos
próprios entrevistadores”.
Para analise dos dados quantitativos gerados a partir do estudo de comunidade, se
deu através da estatística descritiva que se da através de apresentação de dados de observação
por meio de tabelas, gráficos e medidas (PIANA; MACHADO; SELAU, 2009). A parte
qualitativa gerada pela aplicação da entrevista nos usuários do Centro de Informação se dará
através da analise de conteúdo de Bardin (1997).
2 AÇÃO CULTURAL
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Antes de entramos na discussão sobre ação cultural no CCP, é importante
salientar primeiramente o conceito de cultura, que para Santos (2006, p. 22-23) deriva de “um
conjunto comum de preocupações que podemos localizar em duas concepções básicas” sendo
a “primeira concepção de cultura remete a todos os aspectos de uma realidade social e a
segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às ideias e crenças de um povo”.
Blumer (1980, p. 123) define cultura como “costume, tradição, norma, valor,
regras ou conceitos afins, equivalem nitidamente a uma derivação dos atos humanos” que
“atribuem à realidade significações novas por meio das quais são capazes de se relacionar
com o ausente” (CHAUI, 2000 p. 374). Bem semelhante à definição de Blumer (1980) é a de
Johnson (1997, p. 59) que define cultura como sendo “o conjunto acumulado de símbolos,
ideias e produtos materiais associados a um sistema social, seja uma sociedade inteira ou uma
família”.
De acordo com Coelho (1987, p. 108) "[...] ação cultural significa fornecer os
meios de produção com os quais as pessoas possam encontrar seus próprios fins" o autor
amplia seu conceito em outro texto, afirmando que "[...] ação cultural, além de definir-se
como área específica de trabalho, ensino e pesquisa, começaram a constituir-se num conjunto
de conhecimento e técnicas com o objetivo de administrar o processo cultural" (COELHO,
2001, p.10).
Coelho (1999, p.33) define ação cultural como o “processo de criação ou
organização das condições necessárias para que as pessoas e grupos inventem seus próprios
fins no universo cultural”.
Coelho (2001, p. 88) diz que a “ação cultural não pode perder de vista seu
propósito de atuar em favor da construção do discernimento, da liberdade e da capacidade de
significação do mundo pelos indivíduos, distinguindo-se frontalmente da fabricação”.
Ao discutir ação cultural Cunha (2010) discorre sobre os pressupostos
socioculturais que privilegiam uma ação voltada ao desenvolvimento da cidadania na
perspectiva do desenvolvimento humano.
Segundo Milanesi (1997, p. 95) a ação cultural é a “denominação que se aplica a
diferentes tipos de atividades e meramente associada à biblioteca. De um modo geral giram
em torno de práticas ligadas às artes: música, teatro, literatura, ópera”.
Outra conceituação de ação cultural está presente no trabalho de Almeida (1987,
p. 33), a saber:
Busca a expressão e a criatividade dos indivíduos no grupo e na comunidade. Está
ligada à ideia de transformação, de emancipação a partir da expressão. Diz respeito
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não apenas a produtos culturais acabados, como também às condições que levam à
capacidade criativa, à produção cultural. Relaciona-se por outro lado, ao processo de
educação coletiva, no momento em que desenvolve atividades práticas e abre espaço
para a troca de informações e a discussão sobre temas de interesse do grupo.
Queremos enfatizar neste, a ação cultural, que colabora para a construção dos atos
de reflexões política, democrática, social e cultural, como sendo base direta da concepção
simbólica de um grupo, como meio despertador da valorização e transformação do espaço
sociocultural, proporcionando o efeito de superação mediada por um processo contínuo de
emancipação intelectual.
2.1 Discussão sobre o papel do Bibliotecário encanto agente cultural
Segundo Cabral (1999, p. 39) “ao fazer sua opção para atuar como agente cultural,
o bibliotecário deve dar início a um processo de ação cultural emancipadorá, de conteúdo
ideológico, que propicie a emergência das manifestações culturais do público infantil e
adulto”. Neste sentido Rosa (2009, p. 374) afirma que os bibliotecários “deverão ter clareza a
respeito dos vários conceitos culturais e ao público a quem se destina”.
Para Coelho (2001) na ação cultural, o agente apenas dá início ao processo cujo
fim ele não pode prever e nem controlar. Tal agente deve fazer a escolha sobre qual ação ele
deve fazer. Deste modo o Bibliotecário ao se posicionar como um agente cultural terá que
canalizar ações culturais para proporcionar a formação dos indivíduos, enquanto seres sociais
e culturais.
Almeida (1987, p. 32-33) distingue agente cultural de animador a saber:
O trabalho do agente cultural implica mais que animar agir sobre, transformar a
partir da existência de uma intenção e de um alvo. A expressão "ação cultural" ou
mesmo, "ação sociocultural", é muito mais carregada de poder transformador do que
"animação cultural", que muitas vezes se refere até à animação institucionalizada,
voltada para o consumo, utilitária e alienante.
Deste modo a autora coloca que a execução da ação cultural é quando o agente
enfatiza a criação, a expressão das pessoas, valorizando o individuo e estimulando sua
criatividade e reflexão da sua realidade enquanto o animador ênfase o consumo e a alienação
dos indivíduos.
Almeida (1987, p. 32) afirma ainda que “o trabalho do agente está na dependência
de três fatores: sua relação com o ambiente, o domínio da técnica e a clareza de seus
objetivos”. Cabral (1999, p. 43) diz que “o agente deve recorrer às possíveis fontes de
recursos a fim de viabilizar a implementação dos projetos, seja através de órgãos
governamentais ou entidades privadas, valendo-se das leis de incentivo à cultura”.
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2.2 A ação cultural no CCP
O CCP norteia suas ações culturais para possibilitar e ampliar o acesso à
informação e à produção cultural, apoiar as manifestações culturais presentes em sua
comunidade, possibilitar a reflexão e o debate acerca do fazer cultural, além de contribuir para
o levantamento e preservação da memória e da história da região da Pampulha. Desta forma, o
CCP tem por objetivos formar e capacitar os moradores do bairro e adjacências, despertando
neles a noção de cidadania, por meio de programas que permitam a reflexão e a memória dos
cidadãos da região. Além disso, difunde a produção cultural e incentiva o hábito da leitura,
visando atingir o maior número de pessoas.
Entre as ações culturais do CCP, destacam-se a realização de sessões de vídeo,
conotação de histórias, saraus de poesia, oficinas culturais e apresentações artísticas.
O projeto “Ponto de Leitura Avançado” executado pelo Unidade de Informação
do CCP pertence à Fundação Municipal de Cultura, tem como objetivo a estimulação da
leitura da comunidade da Região da Pampulha, consiste em uma biblioteca montada na praça
em frente ao Centro Cultural. Tal espaço disponibiliza à comunidade livros e jornais para
leitura local e empréstimos, além de reunir títulos diversos para todas as idades.
Juntamente ao projeto referido acima é desenvolvido a Rádio CCP, que é a
execução de gravações de trechos de poemas e canções relacionados com o universo literário
e são exibidos durante a ação no espaço externo da UI.
3 DADOS E ANALISE
A população alvo da parte quantitativa foi toda a comunidade do CCP
congregados no bairro Urca e adjacências, sendo que a amostragem abarcou cem indivíduos
selecionados de forma aleatória e não probabilística, proporcionando e possibilitando extrair
elementos totalmente aleatórios e não específicos.
A população alvo da parte qualitativa foram os usuários da UI do CCP e sendo a
amostragem uma total de dez indivíduos.
3.1 Parte quantitativa
A aplicação dos questionários foi relativamente fácil, pois houve uma colaboração
muito grande por parte da comunidade do CCP.
O primeiro agrupamento de perguntas foi construído para identificar a
predominância da faixa etária, gênero e escolaridade da comunidade do CCP, é importante
que a direção dos centros culturais, bem como o Bibliotecário conheçam tais dados
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demográficos, pois ambos influenciam diretamente a demanda por informação (FERREIRA,
1997) alem de subsidiar a elaboração de ações culturais que iram impactar a comunidade
como um todo, levando aos gestores dos centros culturais e das UI a pensando não somente
na predominância demográfica de sua comunida, mas também ações que vão agregar valor à
minoria de tal comunidade, desta forma serão pensadas e planejadas ações culturais mais
relevante e impactantes podendo assim, alcançar o maximo de indivíduos possível.
Os resultados geraram a tabela 01 abaixo, demonstrando que não há um gênero
predominante na amostra, visto que a diferenciação entre um e outro é de 4%, sendo 52% do
gênero masculino e 48% do gênero feminino.
Outro ponto demonstrado por ela é o nível de escolaridade sendo a maioria dos
respondentes 32% possuem o nível médio completo, seguido de 21% com o ensino
fundamental incompleto, 17% com o nível médio incompleto, 13% com o nível superior
completo, 10% com o nível superior incompleto e sendo a minoria 7% com o nível
fundamental completo.
A tabela ainda demonstra a idade dos respondentes sendo 30% está situado na
faixa etária entre 21 a 30 anos, 26% situa-se entre 11 a 20 anos, 16% possuem de 31 a 40
anos, 14% está acima de 50 anos, 8% tem menos de 10 e por fim 6% está entre 41 a 50 anos.
Todos estes resultados demonstram que a comunidade do CCP é heterogenia, e com um gral
de escolaridade excelente, devendo assim a UI bem como o CCP planejar ações culturais para
tal publico heterogenia, visando alcançar o maximo de indivíduos para que estes possam ser
sujeitos de criação cultural.
Quadro 1 – Perfil Comunitário
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Fonte: Do Autor
Tabela Perfil
comunitário
Nível Fundamental
Incompleto
Nível Fundamental
Completo
Nível Médio
Incompleto
Nível Médio
completo
Nível Superior
Incompleto
Nível Superior
completo
Total
Menos
de 10
anos
8%
Entre
11 e 20
anos
11%
Entre
21 e 30
anos
-
Entre
31 e 40
anos
-
Entre
41 e 50
anos
-
Acima
de 50
anos
2%
Masculino
Feminino
Total
17%
4%
21%
-
-
-
-
-
7%
2%
5%
7%
-
13%
4%
-
-
-
9%
8%
17%
-
-
18%
7%
4%
3%
15%
17%
32%
-
2%
5%
-
2%
1%
3%
7%
10%
-
-
3%
9%
-
1%
6%
7%
13%
8%
26%
30%
16%
6%
14%
52%
48%
100%
O segundo agrupamento de questões foi elaborado para identificar o período e a
permanência no CCP e na UI pela comunidade, tais resultado estão expostos no gráfico 01
abaixo. Tal gráfico demonstra que os 18 indivíduos que frequentam somente a UI,
permanecendo no recinto ate trinta minutos, o período mais frequentado é o da tarde com
cerca de 46 indivíduos, 13 dos 16 indivíduos que frequentam apenas o CCP permanecem
também trinta minutos no CCP. O período mais amplo de permanência aparece apenas nas
respostas dos indivíduos que frequentam ambos os espaços cerca de 14 que permanecem mais
de uma hora. Cerca de 36 respondentes responderam não frequentar o UI ou o CCP.
Gráfico 1 - Permanência e Período
Fonte: Do Autor
Neste caso o item mais importante são os indivíduos que responderam que não
frequentam o CCP ou a UI, pois devera ter uma nova pesquisa, para poder compreender os
reais motivos que levam a tais indivíduos a não frequentarem um ou outro ambiente. Assim
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CCP e sua UI poder-se-á atacar tais falhas para que possibilitem a realização de ações
culturais pautadas nestes fatos, proporcionando o alcance de tais indivíduos.
Sendo assim o terceiro agrupamento de perguntas foi constituído para verificar
quais os motivos que os 36 indivíduos que responderam que não frequentam o UI ou o CCP.
Os resultados apontaram que 29 indivíduos não frequentam pelo horário de funcionamento do
CCP e do CI que é de 09h00min as 18h00min e aos sábados de 09h00min as 13h00min, 18
responderam que estudam, 13 que trabalham e 8 que não tem atividade interessantes e 2
responderam fatos distintas.
Nesta perspectiva devera-se pensar em ações culturais noturnas e que chamem a
atenção da comunidade, lembrando-se da diferença entre ação cultural e animação cultural,
que geralmente os centros de cultura executam.
O quarto grupo de perguntas foi constituído para identificar primeiro os itens
informacionais consultados pelos indivíduos no UI e em segundo lugar quais atividades do
CCP eles participam.
Tabela 2 - Itens informacionais consultados
Fonte: Do Autor
A tabela 02 acima demonstra que o item informacional mais consultado pelos
Itens informacionais
consultados
Respondentes que frequentam
somente CI
32
18
16
12
Livro
Revistas
Jornais
Quadrinhos
Respondentes que
frequentam ambos
22
12
23
3
respondentes tanto pelos indivíduos que frequenta somente o CI como pelos indivíduos que
frequenta ambos os espaços cerca de 54, os jornais aparecem em segundo lugar com 39
indivíduos, a revista em terceiro lugar sendo 30 indivíduos e os quadrinhos na quarta posição
com 15 indivíduos.
Tal agrupamento de perguntas favoreceram alem da construção da tabela 02, a
exposição de dados a saber, 36 respondentes afirmaram que participam do projeto Ponto de
Leitura Avançado, 28 frequentam as oficinas culturais, 27 frequentam as exposições, 17
participam dos saraus de poesia, 13 da contação de histórias e 12 da exposição de sessões de
vídeos.
3.2 Parte qualitativa
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A aplicação da entrevista se deu da mesma forma que o questionário sem
problemas, pois todos os indivíduos responderam as perguntas da entrevista de bom grado.
As perguntas objetivava identificar os motivos que os indivíduos frequentavam a
UI, a percepção dos usuários com relação às ações culturais da UI como do CCP e a
importância das ações culturais do CCP bem como da UI para a comunidade.
Para análise da parte qualitativa foi utilizado o método de análise de conteúdo,
para tanto foi realizada categorização do discurso (BARDIN,1997), onde o discurso foi
dividido em unidades analisáveis e estas foram classificadas em quatro categorias: 1 –
divulgação das ações culturais; 2 – utilização dos serviços da UI; 3 – participação nas ações
culturais; 4 – relevância e importância do CCP.
Na categoria um, os usuários que participaram da pesquisa apontaram a falta de
divulgação da UI e a importância de divulgar as ações culturais.
“Deveriam fazer a divulgação nas escolas, postos de saúde e comercio sobre as
ações culturais elas são pouco conhecidas.” (USUÁRIO 1)
“Acho também que as ações culturais são pouco conhecidas. Não há divulgação
nem encorajamento para a participação da comunidade. Tem que haver mais divulgação.”
(USUÁRIA 2)
“As ações culturais merece uma melhor divulgação. Até muito pouco tempo não
tinha conhecimento de sua existência.” (USUÁRIO 3)
“Não vejo as divulgações das ações culturais, o maximo que vejo é um folhetinho
que disponibilizam aqui na biblioteca, tirando isso não saberíamos de absolutamente nada”
(USUÁRIA 7)
“Se por um acaso tivesse mais divulgação, teria muita gente vindo para participar”
(USUÁRIO 8)
Observou-se que os usuários acreditam que a comunicação da ocorrência das
ações culturais promovidas pelo CCP e sua UI são pouquíssimo divulgadas. Nas falas dos
usuários 1, 2, 3, 7 e 8 foi possível inferir que a as ações culturais são pouco divulgadas e que é
necessária uma maior e melhor divulgação de seus serviços, “a troca de informações internas
e externas é essencial para fornecer subsídios” (CABRAL, 1999, p. 43). Para Milanesi (1988,
p. 93) a UI “não pode ser algo distante da população como um posto médico que ele procura
quando tem dor. Ela deve ser um local de encontro e discussão, um espaço onde é possível
aproximar-se do conhecimento registrado e onde se discute criticamente esse conhecimento”,
para que se alcance esta interação devi-se ter uma alta divulgação de suas atividades.
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Na categoria 2 as respostas dos usuários relacionadas a respeito da utilização dos
serviços desenvolvidos pela UI demonstraram que há variedade de serviços prestados.
“Pego um livro ou dois e levo para casa para ler” (USUÁRIA 1)
“Hoje é dia que a revista que eu leio chega, é a Veja”. (USUÁRIA 2)
“Na minha escola não tem um livro, eu vim aqui ver se a biblioteca tem e vou
aproveitar para ler um gibi”. (USUÁRIO 4)
“Venho ler os jornais do dia na minha hora do almoço”. (USUÁRIO 5)
“Estou aqui pelos quadrinhos e gibis, a biblioteca tem muitos e eles são bons”.
(USUÁRIO 6)
“Bem normalmente eu leio os livros que ficam na parti de fora da biblioteca
quando fico esperando o meu ônibus para ir trabalhar”. (USUÁRIO 7)
“Gosto muito de estudar aqui, o ambiente é confortável e geralmente tem os livros
que preciso, como atlas, dicionários e revistas em geral” (USUARIA 9)
Verificou-se que os usuários encontram a informação desejada como se pode
observar nos trechos das falas dos usuários 1, 2, 5, 6 e 9. Percebe-se que a UI desenvolve seus
serviços a partir das necessidades de sua comunidade, exemplos como a assinatura de revista,
jornais, compra de gibis etc. demonstraram que a UI possui um local agradável onde os
usuários podem realizar atividades. Podemos dizer que UI cumpre seu papel social em ser um
espaço fomentador de incentivo a leitura da sociedade. Percebe-se também que com a
execução do projeto Ponto de Leitura Avançado (PLA) a UI amplia o incentivo a leitura aos
usuários potenciais “Bem normalmente eu leio os livros que ficam na parti de fora da
biblioteca quando fico esperando o meu ônibus para ir trabalhar” (USUÁRIO 7).
Na categoria 3, com relação à participação dos usuários nas ações culturais
desenvolvidas tanto pelo CCP como pela UI percebe-se que os usuários participam das
atividades no momento em que acreditam ser voltadas para eles e que agreguem valor.
“Meu filho ama as oficinas [...] sempre que eu posso trago ele”. (USUÁRIA 2)
“Eu não participo das atividades, pois elas não me agradam”. (USUÁRIO 5)
“Faz bastante tempo que não participo, atualmente não são para mim”.
(USUÁRIO 7)
“Vim trazer a minha filha para a contação de historio, ela gosta muito de
historias”. (USUÁRIA 8)
“Eu participo ativamente dos sarais de poesias e da contação de história e percebo
que faz muito bem para as crianças e para os outros também, mas as crianças você ver um
fogo saindo dos olhinhos deles”. (USUÁRIA 10)
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Os usuários 2 e 8 afirmam que seus filhos participam das ações culturais, em
outra resposta a usuária 10 afirma que “[...] percebo que faz muito bem para as crianças [...]
você ver um fogo saindo dos olhinhos deles”, neste ponto deduzimos que com a questão das
ações culturais serem voltadas paras as crianças como a oficina Brincando para Contar
Histórias, acarretam a não participação do restante da comunidade o que se observa nas
respostas dos usuários 5 e 7 “Eu não participo das atividades, pois elas não me agradam”
(USUÁRIO 5), “Faz bastante tempo que não participo, atualmente não são para mim”
(USUÁRIO 7), neste caso as ações culturais não refletem os interesses de tal parcela da
comunidade. Cabral defende que “facilitar a utilização de instrumentos adequados ao
desenvolvimento da capacidade criadora dos indivíduos” (CABRAL, 1999, p. 42), o que a
mesma autora afirma ser uma das proposta de ação cultural libertadora.
Na categoria 4, as respostas demonstram a importância do CCP e da UI para a
comunidade.
“Melhorou muito nos últimos anos. Adorei a recepção da equipe e as oficinas. Está
faltando pintar, mas a alma desse já está colorida, ate mudei de ideia sobre aqui vira um
Centro de Saúde”. (USUÁRIO 01)
“Local bom que promove a cidadania dentro da comunidade [...] Trazer cultura para os
adolescentes muito bom”. (USUÁRIO 3)
“Eu penso que uma grande fonte de oportunidades para mostrar a arte criatividade e
talentos de todas as pessoas independente de qualquer coisa”. (USUÁRIA 4)
“É um espaço que promove a arte então acho muito legal porque arte e interessante
para mudar muitas vidas das pessoas”. (USUÁRIA 6)
“Estava aqui em 2000 me lembro de que eu era uma das pessoas que queria um Centro
de saúde e não um Centro Cultural, mas fiquei satisfeito com este centro à criançada adora”.
(USUÁRIO 8)
Um ótimo lugar para quem quer conviver com pessoas maravilhosas [...] Lugar de
aprender, se divertir, crescer, ser importante e ser feliz! (USUÁRIA 10).
Nas respostas os usuários afirmam que a chegada do Centro Cultural no ano de
2000 foi má aceita, “Estava aqui em 2000 me lembro de que eu era uma das pessoas que
queria um Centro de saúde e não um Centro Cultural” (USUÁRIO 8), mas com o passar do
tempo e a integração do CCP com a comunidade através de suas ações culturais, mudou e está
mudando esta visão da comunidade em geral, “Melhorou muito nos últimos anos. Adorei a
recepção da equipe e as oficinas. Está faltando pintar, mas a alma desse já está colorida, ate
mudei de ideia sobre aqui vira um Centro de Saúde” (USUÁRIO 01), sendo assim é
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importante alcançar as necessidades e desejos dos usuários, melhorando a satisfação do
público em relação ao centro cultural bem como a UI para que a comunidade possa-se
apropriar do espaço fortalecendo assim a sua relação, se tornando um local de interação
transformador como pode-se perceber nas respostas dos usuários 6, 4 e 3.
4 CONCLUSÃO
Considera-se que a realização da ação cultural em Centros Culturais, bem como
Unidades de Informação, não se pode limitar à mera disponibilização de informação, ela de
proporcionar aos indivíduos a capacidade de serem sujeitos que iniciaram reflexões
criticamente sobre a sociedade e sobre si mesmo. Neste ponto percebe-se o papel fundamental
do profissional da informação onde ele dever trabalhar tal ação para que ela propicie a
geração de conclusões gerando assim, conhecimentos novos para tal individuo, alem de
proporcionar angariação de novos valores e a emancipação de sua visão de mundo.
A atuação pelo bibliotecário no desenvolvimento de ações culturais deve ser
pautado nesta perspectiva, onde ele ira passar da condição de organizador e consumidor de
informação para produtor, e principalmente, é ele que terá a função social de atuar como
agente cultural desenvolvendo atividades que despertem nos indivíduos de sua comunidade o
senso critico.
Na UI do CCP a ações culturais são desenvolvidos com o intuito de incentivo a
leitura como contações de histórias, sarais de poesia, projetos inovadores de divulgação de
autores de renome, e com praticas culturais voltados para que os indivíduos possam ser
autônomos na interpretação de mundo e que tais ações culturais possam promover a
criticidade deles.
Um ponto percebido é a importância do marketing da ação cultural e
principalmente a promoção desta para a comunidade salientando a sua importância, seus
objetivos, assim a comunidade irar através desta promoção e adequação dos intuitos apropriase destes espaços públicos.
Um dos pontos fundamentais observados durante a analise de dados é a
importância de o bibliotecário conhecer sua comunidade, em todos os aspectos sejam eles
culturais, sociais, econômico, histórico, demográficos entre outros. Assim as ações serão
pautadas nestas diretrizes para a promoção dos indivíduos pertencentes a tal realidade.
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PAIS, PROFESSORES E BIBLIOTECÁRIOS: mediadores da leitura no processo da
formação do leitor.
GT 03: Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador.
Modalidade de trabalho: Comunicação oral
LOPES, Fabiana Laurena da Silva42
RODRIGUES, Josilane Costa43
BARROS, Dáina Carvalho44
PINHEIRO, Kiane de Jesus Aroucha45
RESUMO
Uma reflexão acerca da formação do leitor no âmbito da família, escola e biblioteca. Discute a
princípio a contribuição da família nesse processo e posteriormente o papel da escola e das
bibliotecas. Objetiva explanar sobre os principais fatores que contribuem na determinação do
gosto pela leitura nessas três agências responsáveis pela formação do leitor. Reflete sobre a
importância da leitura nesses espaços. Esta pesquisa é de caráter exploratório e bibliográfico,
como pressuposto para revisão de literatura a luz de autores como Vigotskii (1988), Martins
(1982), Freire (2006) Magnani (2001), Ortega y Gaset (2006), entre outros. Conclui que a
família, escola e biblioteca são ambientes principais onde a mediação deve estar presente,
cada um, portanto tem sua contribuição nesse processo de formação de leitores. Logo a
metodologia e estratégia usada para se alcançar esse resultado deve estar focada em despertar
o pensamento crítico e reflexivo.
Palavras- chave: Mediação da Leitura. Família. Escola. Biblioteca.
ABSTRACT
A reflection on the reader's formation within the family, school and library. Discusses the
principle family contribution in this process and later the role of schools and libraries. Aims
to explain about the main factors that contribute in determining the taste for reading these
three agencies responsible for player training. Reflects on the importance of reading in these
spaces. This research is exploratory and bibliographical, as a prerequisite for literature
review the authors light as Vigotskii (1988), Martins (1982), Freire (2006) Magnani (2001),
Ortega y Gaset (2006), among others. We conclude that the family, school and library are
major environments where mediation must be present, each one, so has its contribution in this
readers formation process. Soon the methodology and strategy used to achieve this result
should be focused on awakening the critical and reflective thinking.
42
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA, E-mail:[email protected]
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA, E-mail:[email protected]
44
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA E-mail:[email protected]
45
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA E-mail:[email protected]
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Keywords: Mediation of Reading. Family. School. Library.
1 INTRODUÇÃO
A leitura está presente em todas as etapas da vida do indivíduo. A mediação
inicia-se, portanto a partir do momento da gestação nas conversas dos pais com a criança
ainda no ventre e perpassa ao longo da sua história em que família, escola e biblioteca têm
funções fundamentais nesse processo de formação de leitores. Mas, esse é um fator que
depende da estrutura política, econômica e cultural de cada família e como se manifesta a
mediação da leitura em cada ambiente.
Este estudo nasceu a partir das discussões feitas em sala de aula na apresentação
do seminário sobre a temática mediadores da leitura na bibliodiversidade. Dentro do tema
apresentado foram levantadas várias questões a cerca do gosto pela leitura e como ele se
processa na família, escola e biblioteca. Com base nessas discussões, nosso interesse foi
despertado para conhecer mais sobre a mediação da leitura nesses espaços e sua importância
na formação do leitor, partindo do pressuposto que o Brasil é visto como um país de não
leitores. Soma-se a isto a dificuldade vivenciada pelos universitários em contextualizar os
textos científicos.
Daí o interesse em aprofundar leituras para compreender algumas indagações que
surgiram: Como se dá de fato o processo da leitura na educação básica? Como esse processo
está estruturado na família, na escola e biblioteca? Como o bibliotecário pode contribuir para
essa formação? O artigo tem como objetivo refletir sobre a importância da leitura na família,
escola e biblioteca com o intuito de enfatizar a prática da mediação nesses ambientes e sua
contribuição para formação de leitores críticos e reflexivos.
A metodologia aplicada na pesquisa trata-se de uma revisão de literatura que
segundo Gil (1998, p. 48) é desenvolvida com base em literatura já existente. O estudo aborda
sequencialmente leitura na família, leitura na escola: processos e retrocessos, leitura na
biblioteca escolar.
Portanto, nota-se que, cada etapa no processo de formação do leitor é de grande
importância a formação do indivíduo para a vida e sociedade em que atua. Sendo assim, cabe
a família, escola e biblioteca dispor de atividades que desperte o interesse da criança pela
leitura.
2 LEITURA NA FAMÍLIA: pais mediadores de leitura
É através do convívio familiar, que deve ser atribuído o berço da educação, pois é
neste espaço que a criança aprende através dos ensinamentos dos pais e até se espelham neles
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para construir uma primeira identidade, principalmente no que refere ao seu modo de vida, na
sua forma de agir, de pensar e de sentir.
Perante a realidade do contexto familiar, cabe aos pais a responsabilidade de
despertar nos seus filhos em primeira instância o interesse na leitura de mundo, ou seja, o seu
mundo familiar manifestado nas suas vivencias e experiências dentro deste ambiente de
aconchego e carinho. E, para que isto ocorra, é necessário que se aproveite ao máximo esta
fase de tamanha imaginação e curiosidade das crianças para realizar práticas de incentivo e
interesse educacional na longa caminhada que envolve o processo da formação do leitor.
Desta maneira, é imprescindível a figura dos pais ou familiares como principais
mediadores da leitura para os seus filhos, pois é através deles que a criança irá se envolver
com o mundo da leitura, a princípio através do lúdico, pois é este contato com as pequenas
atividades do dia a dia que fará com que a criança sinta interesse pelo gosto de aprender a ler
posteriormente na escola e assim em qualquer fase da sua vida.
Diante disso Vigotskii (1988, p.109) afirma que:
[...] a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar. A
aprendizagem escolar nunca parte do zero. Toda a aprendizagem da criança na
escola tem uma pré-história. Por exemplo, a criança começar a estudar aritmética,
portanto, a criança teve uma pré-história da aritmética, e o psicólogo que ignorar
isso está cego, mas já muito antes de ir à escola adquiriu determinada experiência
referente à quantidade, encontrou já várias operações de divisão e adição, complexas
e simples; portanto, a criança teve uma pré-escola de aritmética, e o psicólogo que
ignora este fato está cego.
Para que isto ocorra, é necessário em primeiro momento que os pais criem
estratégias ou formas de incentivo para que os seus filhos estejam familiarizados com o
mundo da leitura antes da sua vida escolar. É preciso levar em consideração como parte desse
processo de desenvolvimento da leitura na criança, suas vivências e práticas no ambiente
familiar.
Esta primeira estratégia de formar crianças leitoras, não se refere ao ensino da
leitura e escrita da palavra, mas sim, a outras formas lúdicas de estimular e exercitar a
imaginação das crianças através de atividades, que de acordo com Barbosa (1994, p. 25)
incluem o contato dos signos através dos pais, seja pela estória contada na hora de dormir ou
canções ensinadas às crianças. Para Martins (1982, p. 27) “[...] a leitura não é somente o
impresso, mas a música, os desenhos, as histórias contadas, todos são modos de leituras que
podem ser trabalhadas em família no aconchego do lar.”.
Desta maneira, é necessário que os pais sejam contadores de histórias para os seus
filhos, presenteie a criança com livros adequados a sua idade, que podem incluir gibis e livros
ilustrativos de estórias infantis, e a partir daí, incentivar os filhos a contarem do seu modo as
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histórias contadas. São pequenos gestos como estes, que irão preparar a criança para a sua
vida escolar, pois é através dessas vivencias simples de incentivo no lar que fará com que a
criança antes de aprender a ler e escrever desenvolva o gosto pela leitura.
3 LEITURA NA ESCOLA: formação do leitores críticos e reflexivo
Na escola a criança desenvolve o gosto pela leitura da palavra escrita, pois é neste
ambiente que em primeiro momento aprendemos a ler e escrever. Neste sentido, deve-se
pensar qual o papel dos professores enquanto mediadores de leitura. Mas, não somente de
forma codificada mais sim decodificada, pois é extremamente importante a formação de
leitores letrados e não somente alfabetizados, que gostem e tenham o hábito de ler e saber
interpretar de acordo com suas vivencias de mundo.
Há tempos discute-se a leitura na escola, muitas perguntas norteiam os processos
e os métodos utilizados para se aprender a ler. A mediação da leitura nesse ambiente é crucial
para formação do indivíduo crítico-reflexivo, pois a escola é a intermediária desse processo,
que tem família e biblioteca como aliadas nessa questão.
Na infância somos induzidos a reconhecer o código, o importante é ler o que está
escrito mesmo sem entender o significado da leitura para nossas vidas. Silva (2003, p. 53)
reforça sobre a importância de se ter uma leitura crítica, destaca que;
A leitura se efetuada dentro de modelos críticos, sempre leva à produção ou
construção de outro texto: o texto do próprio leitor. Em outras palavras, a leitura
crítica sempre é geradora de expressão: o desvelamento do próprio ser do leitor,
levando-o a participar do destino da sociedade o qual pertence.
A realidade das escolas brasileiras e a dificuldade de produção dos alunos na
universidade comprovam as lacunas do processo de leitura desde sua educação básica, o aluno
não tem o envolvimento necessário com a leitura, pois, acredita que é apenas uma etapa da
sua vida, ou seja, não compreende que faz parte do desenvolvimento do país. Diante disso,
Ferreira (2001, p. 10) enfatiza que “[...] a rotina é tão mecanizada, que não há mais o olhar
crítico sobre ela.”.
O processo de leitura que deveria levar em conta na prática a leitura de mundo
com base na realidade de cada um atrela-se a valores culturais de uma época que às vezes bem
diferente da vivenciada pelo estudante, que na maioria das vezes não consegue identificar e
compreender o que leu. Sobre esse aspecto Freire (2006, p. 17) retrata que:
A memorização mecânica da descrição do objeto não se constitui em conhecimento
do objeto. Por isso é que a leitura de um texto, tomado como pura descrição de um
objeto é feita no sentido de memorizá-la, nem é real leitura, nem dela portanto
resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala.
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Falar de leitura nos remete a buscar um pouco sobre a nossa história para tentar
compreender algumas questões tão presente na nossa realidade hoje, porém presente na
sociedade a muito tempo. A leitura no Brasil tem sua origem na colonização. Durante muitos
anos apenas os nobres tinham acesso à leitura, com o decorrer dos anos após a abolição da
escravatura e a miscigenação dos povos, começou-se a pensar na difusão escolar, agora a
população pobre, negra e mulheres passariam a ter acesso à leitura.
Segundo Veiga (2007, p. 13):
A difusão da necessidade da escola se fez na ampla ênfase dada à formação de uma
sociedade brasileira civilizada; entretanto [...] por diferentes motivos houve uma
significativa distância entre os discursos anunciadores da urgência da escola e a
concretização efetiva da escolarização da sociedade.
Nesse contexto, o processo de leitura, que deveria iniciar na família passou a ser
somente da escola, logo o caminho para formação de leitores perdeu um grande degrau: a
família. Assim, na medida em que para algumas famílias a leitura não era importante para
compreensão do mundo o país ia perdendo seus leitores que agora só estavam preocupados
em seguir o sistema de ensino para passar de ano, chegar à universidade e ter uma formação
profissional, a questão principal é a sobrevivência diária. Veiga (2007, p. 220) argumenta que:
Uma importante mudança foi a percepção definitiva de que a escola é o espaço
privilegiado para instruir e educar os futuros cidadãos e membros da sociedade. A
escolarização obrigatória e generalizada passa a representar um aspecto decisivo
tanto para o progresso individual quanto para o progresso social.
A escola trabalha com a palavra, e os estudantes aprendem pela mediação dos
professores os códigos da leitura e escrita, desse modo para formalizar essa relação adotam
modelos metodológicos, que preparam o perfil leitor, ou seja, a escola tem a responsabilidade
de ensinar a ler e escrever, porém ela faz parte de um sistema que orienta os indivíduos de
acordo com os interesses da classe dominante. Segundo Magnani (2001, p.8) nessa
perspectiva, a escola se torna um dos agentes centrais da atuação das ideologias,
concretizando a concepção de mundo de uma classe, através da legislação, programas de
ensino, conteúdos, metodologias e avaliação, de forma tal a inculcá-la de maneira natural e
indolor, como padrão a orientar o comportamento de todos os indivíduos.
Os professores devem reavaliar os processos de leitura, ouvir a opinião dos
alunos, incentivá-los a se posicionarem sobre diferentes assuntos, motivá-los a terem
posicionamento político. Magnani (2001, p.137) ressalta que:
[...] cabe ao educador romper com estabelecido, propor a busca e apontar o avanço,
para além da dicotomia valorativa entre quantidade e qualidade. Para isso é preciso
problematizar o conhecido transformando-o num desafio que propicie a mobilidade.
A leitura entre processos e retrocessos, é a forma de problematizar se o processo
aplicado está ajudando a formar leitores ou causando um retrocesso formando apenas
decodificadores. Neste contexto, coloca-se o professor como mediador da leitura, logo,
valorizá-lo é indispensável, porque faz parte da sua atividade profissional, ensinar a ler,
escolher o tema que melhor atenda as necessidades dos alunos, para compartilhar
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conhecimento por meio da leitura. Ferreira (2001, p. 20) diz “Ao colocar o ‘professor’ de
leitura como intermediário do ato de ler a leitura passa do processo natural ao processo
cultural”. O prazer que a leitura propicia deve ser lembrando pelos professores, que agora
exercem a bela função de agentes transformadores da sociedade. Mingues (2007, p. 22)
destaca alguns princípios para essa relação se tornar ainda mais proveitosa:
a) a ideia de que qualquer acervo deve priorizar várias visões de mundo e, portanto
envolver a todos com a possibilidade de analisar questões, avaliá-las por conta própria e,
assim, tomar posições imprescindíveis na formação de leitores competentes;
b) livros não são bens duráveis e, portanto, é possível que acabem. Isto pode indicar,
ainda, que foram de fato lidos, explorados e, portanto cumpriram seu objetivo;
c) principalmente em relação aos pequenos acervos, é preferível que estes tenham
exemplares variados de muitos livros do que muitos exemplares de um único livro;
d) sempre que possível apoiar a seleção e compra dos acervos a partir de várias
consultas, pois a produção editorial atual oferece, para os itens levantados no item
diversidade, especificidades e prioridades que não devem escapar dos olhos atentos de quem
seleciona e compra livros;
e) ideias, gostos e preferências, entre outras coisas, são culturais e aprendidos, portanto
é determinante pensar que o que for oferecido nas nossas escolas nos responsabiliza em
relação ao repertório que será construído pelos alunos.
Diante do exposto, para a formação de leitores é importante ter como critério,
entre tantas opções, reunir, em cada acervo, as obras mais representativas do real e do
imaginário dos grupos a que se destinam tanto os textos informativos quanto os literários. O
papel do professor é de fundamental, pois, ele é o porta-voz da linguagem dos livros para os
alunos. É ele que empresta sua voz para que o que está escrito nos livros se transforme em
comédia, em tragédia, em diálogos, em curiosidades e em poesia.
Por fim, o processo de leitura na escola ainda precisa de alguns ajustes,
principalmente no que diz respeito a leituras predeterminadas, como procedimento rigoroso,
com intuito apenas avaliativo, deixando a importância da leitura em ultimo lugar. E
importante ressaltar que, a escola tem um papel social importantíssimo na sociedade, que é
formar pessoas capazes de refletir, discutir e se posicionar.
4 LEITURA NA BIBLIOTECA ESCOLAR
A biblioteca em grande parte é vista por seus usuários apenas como um lugar onde
se armazenam livros, um lugar sem vida. Este conceito deve ser mudado através de iniciativas
criadas por bibliotecários e professores. Para que isso aconteça, é necessário que dentro dos
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projetos pedagógicos ações que exaltem o verdadeiro existir das bibliotecas sejam
desenvolvidas, para que assim, se tenha maior número de usuários neste espaço de leitura e
produção de conhecimentos. O bibliotecário é principal agente mediador nesse espaço, pois
compete a ele:
[...] orientar o leitor não especializado na selva selvaggia dos livros e ser o médico, o
higienista de suas leituras [...], a comodidade de poder receber com pouco ou
nenhum esforço inumeráveis ideias armazenadas nos livros e periódicos vai
habituando o homem, já acostumou o homem comum, a não pensar por sua conta e a
não pensar o que lê, única maneira de se apropriar verdadeiramente do que leu.
(ORTEGA Y GASET, 2006, p. 45).
Logo, é indispensável à atuação desse profissional nas bibliotecas escolares, que
além de auxiliar na pesquisa pode e deve contribuir para o estimulo a leitura crítica e
reflexiva, ajudando para que de fato a biblioteca possa alcançar seu objetivo.
Dessa forma, “O papel da biblioteca escolar é incentivar a leitura reflexiva, pois
através dela o aluno terá outra concepção do texto, não como estático, desprovido de sentido e
de valor, mas como algo vivo, repleto de significados e informações interessantes”.
(SANTANA FILHO, 2010, não paginado).
Leahy (2006, p. 18-19) aponta alguns fatores contribuintes que minimizam o
interesse dos alunos em frequentar as bibliotecas, entre os principais encontram-se:
O acervo é antiquado e desinteressante para a clientela, em precárias condições de
manuseio; [...] o despreparo dos profissionais que atuam na biblioteca escolar, quase
sempre professores em final de carreira, ou afastados de sala de aula; [...] falta
entrosamento entre sala de aula e sala de leitura / biblioteca; [...] falta verba para a
aquisição de acervo adequado à clientela; [...] havendo verba, não é raro que falte
autonomia para que cada biblioteca escolar possa decidir de forma independente os
títulos que interessam à sua comunidade. A tutela do Estado como único responsável
pela cultura escolar ou letrada não só é prejudicial, posto que uniformizadora, mas
também ineficaz, deixando a desejar por não fornecer materiais adequados e
suficientes, e por não estimular a busca independente [...]; a leitura costuma ser
obrigatória e uniforme para toda uma turma, prática opressora – ainda frequente nas
salas de aula escolares [...]
Percebe-se diante disso, o grande desafio do bibliotecário que precisa usar da
criatividade para buscar estratégias que despertem o desejo nos alunos de se tornarem íntimos
da biblioteca e a frequentarem voluntariamente. Destaca-se também que “Na biblioteca
escolar o bibliotecário é como se fosse um professor e sua disciplina é ensinar a aprender.”
(CÔRTE; BANDEIRA, 2011, p. 8).
Portanto, deve estar claro para esse profissional qual é sua missão, ou seja, não
corresponde apenas a ajudar na busca pela informação, mas contribuir para que essa
informação gere conhecimento, tarefa essa de grande desafio, porém que pode ser suavizada
quando se cria oportunidades que permita tornar conhecida a importância da biblioteca na
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escola, tornando-a visível para aluno e professor. Para o aluno também tem que estar claro
que a biblioteca é esse espaço que ele pode expandir sua imaginação, lugar de resolver
problema, dúvidas, e que é uma parceira nas tarefas de sala de aula, além de ambiente também
de entretenimento. Diante disso bibliotecários e professores só têm a ganhar nessa parceria.
Um dos grandes problemas para que a biblioteca torne-se visível dentro das escolas,
é que em sua maioria os profissionais que atuam não são bibliotecários e sim funcionários em
desvio de funções. Côrte e Bandeira (2011, p. 12-13) destacam que;
O profissional para trabalhar na biblioteca escolar deve ter as seguintes
competências: possuir curso de biblioteconomia, conforme a lei nº 4084/62; ser um
investigador permanente; possuir atitudes gerenciais proativas; possuir espírito
crítico e bom senso; ser participativo flexível, inovador, criativo [...] saber que a
informação é imprescindível a formação do aluno; dominar moderna tecnologias da
informação [...]; saber que a informação é imprescindível à formação do cidadão
[...]; ser um leitor crítico, que distingue, no momento da seleção e da indicação de
livro, a literatura infantil e juvenil que é de qualidade.
Complementa as autoras que para a biblioteca alcançar seu objetivo no processo de
formação de leitores entre outros fatores é preciso que bibliotecários e professores caminhem
juntos no sentido de somarem esforços e trocarem conhecimento. O bibliotecário deve
envolver o professor a participar da formação do acervo e seleção de novos materiais assim
como o professor deve incentivar os alunos a prática da pesquisa, a desenvolverem o hábito
em frequentar a biblioteca e o gosto pela leitura nesse espaço.
Côrte e Bandeira (2011, p.127-131) destacam as estratégias mais utilizadas como
estímulo à leitura na biblioteca:
a)
Hora do conto, atividade que desperta o imaginário das crianças, sua aplicação
fica a critério de quem a desenvolve podendo utilizar como recurso a
dramatização;
b)
Sarau literário e poético, onde é realizada a leitura de textos conhecidos ou
não pelos alunos com foco na reflexão sobre o texto. Os livros do próprio acervo
podem ser usados;
c)
Sarau musical. Aqui a habilidade de cada aluno quanto ao instrumento, canto,
dança e outros são levados em consideração. Os livros que falam sobre os temas
abordados pelo sarau musical devem ficar expostos para os alunos;
d)
Roda de leitura, atividade que estimula o debate por meio de um texto;
e)
Gosto pela leitura. Os próprios alunos escolhem os textos que serão lidos em
tempo determinado pelo mediador, no término perguntas são feitas sobre o assunto
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lido com o intuito de mostrar que de um mesmo texto pode haver várias
interpretações;
f)
Encontro com o escritor. O encontro é marcado com escritor de alguma obra
que falará a respeito dela para os alunos, esclarecendo qualquer curiosidade;
g)
Dia do vídeo. Relacionar o filme com algum livro;
h)
Feira do livro;
i)
Uso de palestras bordando temas do dia a dia dos alunos. Com base nos temas
trabalhados levar livros, periódicos, documentários que tratem a respeito do
assunto;
j)
Grupo teatral e grupo coral;
k)
Os dez mais. Faz referência aos dez livros da biblioteca mais lidos, deve estar
exposto livros com seus respectivos resumos;
l)
Leitura em debate;
m)
Concursos;
n)
Premiações para os alunos que mais leram no semestre.
As estratégias podem ser as mais variadas possíveis, portanto o bibliotecário deve
usar da criatividade e inovação para escolher e aplicar as que mais se adéqua a realidade da
escola e corpo discente. Independente das condições físicas, materiais, financeira e humana há
sempre algo que pode ser executado com a finalidade de despertar o gosto pela leitura.
5 CONDERAÇÕES FINAIS
A mediação da leitura pode ser exercitada através de três ambientes principais,
sendo na sua primeira fase, ainda na infância com a família, em segundo momento na escola
com os professores incluindo as bibliotecas escolares. Pais, professores e bibliotecários,
dentro do contexto da educação devem ser os principais atores no que se refere à formação de
leitores. Dentro deste contexto, de acordo com o Plano Nacional do Livro e da Leitura
(PNLL), o acesso ao livro e a leitura deveria ser estimulado na família, na escola e na
biblioteca e em todos os ciclos de desenvolvimento humano, propiciando assim, o acesso
universalizado para todos e propondo ações de inclusão digital, social e informacional, por
meio da leitura e do acesso a informação por pessoas e instituições.
Portanto, é extremamente importante que os pais sejam leitores para os seus
filhos, e que os mesmos tomem consciência do seu papel no processo da educação infantil,
processo este que deve envolver a principio o despertar das crianças para o mundo lúdico e
posteriormente para o mundo da escrita e da leitura.
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Dentro do contexto das escolas, cabe aos professores darem continuidade a este
processo, de ensinar a escrever e ler, mas não de forma codificada e sim de maneira que o
aluno saiba produzir o conhecimento através das suas inquietações e reflexões a cerca de
qualquer assunto. Para que isto aconteça, é necessário que se formem pessoas letradas e não
somente alfabetizadas, pois é através do letramento informacional que é possível se formar
alunos preparados para a vida, no sentido de terem habilidades cognitivas a partir de um
ensino voltado para a pesquisa e produção do conhecimento. Portanto, faz-se necessário a
integração entre professor e aluno.
A conclusão inevitável que se pode chegar após o estudo é que se tenha dentro das
escolas uma Biblioteca que supra as necessidades informacionais dos alunos, este ambiente
deve fazer parte dos projetos pedagógicos da escola e seu acervo deve ser montado de acordo
com as necessidades dos seus usuários, deve ser um espaço dinâmico e atrativo. No entanto, é
necessária a atuação do bibliotecário, que execute as tarefas de maneira satisfatória, e que
contribua para mudar o conceito de que a biblioteca é apenas uma sala onde os livros são
armazenados. A família, escola e biblioteca podem ser esse espaço dinâmico de formação do
leitor para a vida e para a sociedade na qual esta inserida.
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O BIBLIOTECÁRIO COMO DISSEMINADOR SOCIAL NO CENÁRIO
INFORMACIONAL DO VÍRUS HIV/AIDS
GT 3- Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador
Modalidade: Comunicação oral
OLIVEIRA, Alessandra46
CASTRO, Jetur47
RESUMO
Trata da importância que o profissional bibliotecário possui como o disseminador da
informação, frente à realidade dos casos sociais, no que se refere aos conceitos sobre o
HIV/AIDS. E a sua seriedade em grupo, para levar assistência através das informações, como
alicerces contra as crendices e equívocos a respeito do vírus HIV. O objetivo deste artigo é
abordar a formação social dos próprios profissionais da informação diante de ações sociais
referentes ao contexto e a disseminação do vírus HIV, para então mostrar sua real importância
como ser humano, diante das percepções que vem átona na camada social. Também, versa o
filme “Cazuza o tempo não para”, na busca de entender como a AIDS era vista nos anos 80,
quando um dos primeiros casos no Brasil veio à tona pelo referente artista, e como o vírus era
definido naquele tempo, em comparação com as mudanças e ideias que continuam presente na
mentalidade do social. A metodologia utilizada foi exploratória de caráter bibliográfico
fundamentada em ideias de autores como, Almeida Júnior (1997), Barreto (2005), Cunha
(2003), Marques (2002) e Grangeiro (2009), e sem dispensar as opiniões de outros pensadores
sobre o assunto abordado no trabalho. Finaliza discutindo, o preconceito e formas de
contaminações, no qual ainda persistem na imaginação dos indivíduos, uma vez que o
bibliotecário pode contribuir, para tirar as dúvidas dos próprios portadores do vírus e da
sociedade. Deste modo, tornando-se fatores importantes, para que o bibliotecário faça
juramento e exercício da profissão da qual, profere a liberdade de investigação científica na
dignidade do ser humano.
Palavras-chave: Mediação da informação. Conhecimento. Ação social. Bibliotecário.
ABSTRACT
It is of importance that the professional librarian has as the disseminator of information, visà-vis the reality of social cases, with regard to concepts about the HIVAIDS. And their
seriousness in group, to bring assistance through the information, as foundations against the
superstitions and misconceptions regarding HIV/AIDS. The purpose of this article is to
address the social formation of own information professionals on social actions pertaining to
the context and the spread of the HIV virus, to then show their real importance as a human
being, on perceptions that comes social layer unstressed. Also, versa the movie Cazuza time
to ", in the quest to understand how AIDS was seen in 80 years, when one of the first cases in
Brazil has surfaced by referring artist, and how the virus was set at that time, compared to
the changes and ideas that are still present in social mentality. The methodology used was
exploratory bibliographical character based on ideas from authors such as Almeida Júnior
46
Graduanda em Biblioteconomia pela (UFPA). E-mail: [email protected]
Graduando em Biblioteconomia (UFPA). Pesquisador e Colaborador da Rede Cariniana – (IBICT/Brasília). Email: [email protected]
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(1997), Barreto (2005), wedge (2003), Marques (2002) and Geta (2009), and without
dismissing the opinions of other thinkers on the subject addressed at work. Finalizes arguing,
prejudice and forms of contamination, in which still exist in the imagination of individuals,
once the librarian can contribute, to remove the doubts of virus carriers themselves and
society. In this way, becoming important factors, so that a librarian make oath and exercise of
the profession of which gives the freedom of scientific research on human dignity.
Keywords: Mediation of information. Knowledge. Social action. Librarian.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda a importância que o profissional bibliotecário possui
como disseminador da informação frente a realidade dos casos sociais, no que se refere aos
conceitos sobre o HIV/AIDS. A sua importância na sociedade para levar assistência através
das informações como alicerces contra os preconceitos e equívocos a respeito do vírus. Na
utilização de sua ferramenta de trabalho e competências no auxílio das questões sociais como
disseminador de informações para aqueles que carecem de informações e como apoio.
Sabendo que o bibliotecário tem acesso as diferentes fontes de informações, para
disseminar de maneira correta para aqueles que necessitam. Este profissional da informação
possui competências necessárias em contribuir para amenizar as dúvidas e consequentemente
os preconceitos dos próprios portadores e da sociedade a respeito do vírus HIV. Visto que a
informação legítima quando repassada, torna-se ferramenta primordial contra a ignorância
podendo vir até mesmo a mudar o pensamento social a respeito de determinado assunto. “A
informação é qualificada como um instrumento modificador da consciência do indivíduo e da
sociedade como um todo” (BARRETO, 2005, p.2).
Visto que o bibliotecário não é apenas aquele que está inserido nas suas unidades
de informações e processamentos, ele também pode ser considerado, como o profissional que
atua em conjunto nas causas sociais levando ao individuo a clareza e o refletir sobre
determinados assuntos. Para Campello (2003, p.30) o bibliotecário é profissional que está
“envolvido no desenvolvimento de habilidades de pensar criticamente, ler, ouvir e ver, enfim
ensinando a aprender a aprender”.
Sendo que a raiz dos preconceitos e medos ainda existentes, é decorrente das
inúmeras informações falsas que ainda envolvem o vírus HIV e a falta de leituras e o pensar
criticamente da sociedade. Decorrido das inúmeras informações falsas que ainda envolvem o
assunto, o bibliotecário entra em ação na sua missão em “facilitar aos indivíduos o acesso à
informação e possibilitar, desta forma, o desejo de aprender, de discutir (...) desta forma,
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nossa missão como agentes de transformação social é plenamente realizada” (CUNHA, 2003,
p.46).
É por estas realidades que o objetivo deste artigo é abordar a responsabilidade
social do bibliotecário e a sua importância referente à disseminação da informação acerca do
vírus HIV/AIDS. E de como ele tem a contribuir para as informações chegarem a indivíduos
de forma correta, ajudando na diminuição do preconceito agregando mais conhecimento e
senso crítico sobre a constituição do vírus HIV.
A presente pesquisa conclui analisando o sensacionalismo midiático sobre o vírus
HIV/AIDS, expondo como exemplo o cantor e compositor Cazuza, o primeiro artista
brasileiro a confessar publicamente ser portador do vírus HIV. Abordando sua luta em
sociedade como exemplo de portador que recebeu preconceito pelas falsas informações que a
mídia repassava nos primeiros anos que o vírus se tornou conhecido no Brasil.
2 METODOLOGIA
A metodologia utilizada no estudo é exploratória, assim Gil (2009) afirma que a
pesquisa exploratória proporciona maior familiaridade com o problema (explicitá-lo). Pode
envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema
pesquisado. A pesquisa exploratória apoia-se em determinados princípios bastante difundidos:
1) a aprendizagem melhor se realiza quando parte do conhecido; 2) deve-se buscar sempre
ampliar o conhecimento e 3) esperar respostas racionais pressupõe formulação de perguntas
também racionais (PIOVESAN, 1968).
Em outras palavras, o estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a variável de
estudo tal como se apresenta, seu real significado e o contexto onde se insere. Pressupõe-se
que o comportamento humano é mais bem compreendido no contexto social onde ocorrem
(QUEIRÓZ, 1992). Logo, buscou-se maior conhecimento sobre o problema para torná-lo
mais explícito. Ainda sobre caráter exploratório, Marconi e Lakatos (2010, p. 171) afirmam
que:
São investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou
de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a
familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização
de uma pesquisa futura mais precisa, ou modificar e clarificar conceitos.
A função da metodologia segundo Tomanik (2004, p. 184) “[...] é o de avaliar a
adequação dos procedimentos adotados, analisando desde a relação destes procedimentos com
os conceitos teóricos, até a importância de ambos para a formação das conclusões apetecidas e
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apresentadas”. Diante dessa afirmação Babbie (1983), mostra-se então que a presente
pesquisa é determinada como um estudo exploratório, mostrando-se características de um
estudo bibliográfico.
O estudo enfatiza o bibliotecário e a sua real importância através do seu
profissionalismo, e a responsabilidade social do bibliotecário referente à disseminação da
informação acerca do vírus HIV/AIDS. E de como venha a contribuir para as informações
chegarem a indivíduos de forma apropriada as pessoas e usuários. Assim, ajudando na
diminuição do preconceito agregando mais conhecimento e senso crítico sobre o vírus HIV.
Diante da fundamentação teórica foram utilizadas pesquisas bibliográficas de
autores da área de Ciência da informação como Almeida Junior (1997), que aborda o
bibliotecário como importante agente social na informação sobre a AIDS. Assim como Cunha
(2003), no qual retrata o papel social do bibliotecário e Barreto (2005) no qual defende a
informação como processo modificado da sociedade. E autores que abordam o vírus HIV em
seus estudos como Grangeiro (2009) e Marques (2002).
3 UMA SINTESE DO HIV/AIDS NO BRASIL
A medicina estava confiante com a chegada das tecnologias para o aprimoramento
de suas novas pesquisas achando que estavam no controle das epidemias. Quando o choque de
um vírus veio à tona encontrando médicos e cientistas surpresos deixando dúvidas e mistérios
sobre sua origem, tratamento e forma de cura. Surgi então o vírus no qual se tornou conhecido
como o mal do século.
A AIDS/HIV, epidemia que surgiu numa época em que as autoridades sanitárias
mundiais acreditavam que as doenças infecciosas estavam controladas pela
tecnologia e saber médicos modernos, suscitou comportamentos e respostas
coletivos, nos quais estão inseridas as estratégias políticas oficiais em seus diversos
contextos (MARQUES, 2002, p. 43).
A sigla HIV procedente do nome científico inglês Human Immunodeficiency Virus
(vírus da imunodeficiência humana) é o agente causador da AIDS Acquired Immunological
Deficience Syndrome (síndrome de imunodeficiência adquirida). Os primeiros históricos no Brasil
do vírus da imunodeficiência humana conhecida como HIV, causador da AIDS, teve seu
reconhecimento em 1982, no estado de São Paulo (MARQUES, 2002). “Na primeira metade da
década de 80, a identificação de novos casos manteve-se restrita aos estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, nos grandes centros urbanos” (SADALA; MARQUES, 2006, p.2369).
No início da pandemia, os casos se restringiam a um determinado grupo, sendo por isso
adotado temporariamente o termo Doença dos 5 H - Homossexuais, Hemofílicos,
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Haitianos, Heroinômanos (usuários de heroína injetável), Hookers (profissionais do sexo
em inglês), ou seja, foram conhecidos os possíveis fatores de transmissão (SOUSA, et al.,
2012, p. 63).
Pela falta de informações e os estudos ainda recentes sobre o vírus HIV, desencadeou
preconceitos da sociedade sobre diferentes grupos. Os homossexuais foram alvos das primeiras
discriminações, atribuindo a aids como consequência de costumes promíscuos.
A AIDS ganhou a mídia no Brasil no dia 3 de Junho de 1983 quando o jornal Folha
de S. São Paulo publicava matéria com o título congresso debate doença comum
entre homossexuais. Alguns dias depois, em 12 de junho, foi à vez do Jornal do
Brasil: Brasil registra dois casos de câncer gay; enquanto o hoje extinto jornal
Noticias populares estampava na edição 116 de Junho a manchete Aids: doença de
gays (MINISTERIO DA SAUDE, 2005, p. 18).
O preconceito não se subsidiou apenas nos grupos discriminados, mas também
nas relações sociais com os portadores chegando a pensar em não poder apertar a mão do
portador pela crença que poderia ocorrer o contágio. Assim como “o termo ‘aidético’ passou a
ser amplamente utilizado, simbolizando a forma pela qual a sociedade reconhecia a doença e
o doente” (GRANGEIRO, et al., 2009, p.90). Os equívocos eram tomados em proporções
amplas, a partir do diagnóstico detectado era sinônimo de passaporte para a morte. Já que os
portadores perdiam a luta contra o vírus em pouco tempo devido às infecções oportunistas.
Ocasionando muitas dúvidas e aflições aos portadores, no qual muitas das vezes se isolavam
da vida em sociedade para evitar preconceitos.
Entretanto o primeiro tratamento iniciou com a droga zidovudina mais conhecido
como o AZT em 1987 (MINISTERIO DA SAUDE, 2005), ocasionando as primeiras chances
de tratamentos para tornar o vírus controlado. Sendo assim “O Brasil foi um dos primeiros
países em desenvolvimento a garantir o acesso universal e gratuito aos medicamentos
antirretrovirais no Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de 1996” (DOURADO, et al. ,
2006, p. 2).
O Brasil, atualmente, apresenta uma das políticas de enfrentamento à AIDS mais
moderna do mundo, destacando-se a forte organização social para a formulação desta,
o acesso às drogas terapêuticas, a mobilização da comunidade internacional e o
movimento de reforma sanitária (SOUSA, et al.,2012, p.63).
Diante dos avanços sobre o vírus HIV e suas formas de tratamento, muito ainda
precisa ser feito, no que diz respeito não apenas no desempenho dos medicamentos
antirretrovirais, mas também na informação sobre o vírus. Pois o preconceito ainda se
subsidia na sociedade.
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O conhecimento do HIV/AIDS também ocorreu através de alguns artistas que
eram portadores e vieram à tona na mídia. A década de 80 ocasionada por diversas
transformações políticas, artísticas, musicais e econômicas, trás consigo, o estado alarmante
na saúde. Dando destaque à frase “a década perdida” em que se tornou consagrada.
4 SENSACIONALISMO x SOCIEDADE
Na sociedade atual o governo tem investido em coquetéis, anúncios para
prevenções e exames. Pessoas que possuem o vírus conseguem viver melhor em comparação
aos portadores do início da década de 80. As formas de tratamentos evoluíram, mas a forma
que está sendo repassada a notícia sobre o vírus, tem muito a ser feito em sua caminhada para
chegar mais longe na sociedade.
O preconceito ainda vem subsistindo na mente da sociedade e até dos indivíduos
que têm o medo de efetuar o teste para saber seu resultado. A falta de informação de como
encarar a realidade, é o que ocasiona o medo de modo que o indivíduo não faça o exame, seja
por medo de enfrentar a sociedade diante dos preconceitos ou por não saber ao certo como
será sua vida após o diagnóstico de seu quadro clínico.
Conforme Meneghin (1996, p. 400) “em meio a este cenário de confusão e
divergências, a ignorância e a desinformação sobre a AIDS foram um legado prejudicial à
comunidade [...]”. O vírus HIV/AIDS por certo tempo foi visto como a doença maligna,
devido à mídia focalizar constantemente sobre o assunto ocasionando aos portadores
perderem a luta contra o vírus e se privando da sociedade.
As informações falaciosas que eram disseminadas nos meios de comunicação
trouxeram como consequência, o preconceito e o medo que a sociedade possuía a respeito.
Em 1981, as notícias sobre AIDS eram alarmantes e sensacionalistas causavam pânico, medo
e discriminação entre a população (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
A partir de 1983, a AIDS se transformou em notícia quase cotidiana na grande
imprensa e também na imprensa sensacionalista. Algumas dessas matérias semearam
pânico na população e cristalizaram imagens moralistas e discriminatórias que pouco
correspondia ao perfil da epidemia que se iniciava (GRANGEIRO, et al., 2009, p.90).
Em contribuição às informações sensacionalistas à revista VEJA de 1989, edição
1.077, estampou em sua capa a reportagem “Cazuza uma vítima da AIDS agoniza em praça
pública” na qual, trazia a foto do cantor com pouco cabelo, visivelmente abatido. Para quem
conhecia o artista, a foto deixava a entender que Cazuza já não era o mesmo fisicamente. Em
uma década que ainda desconhecia o vírus HIV, a revista VEJA já possuía grande circulação,
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impressionou a sociedade com sua imagem e texto sensacionalista na capa. Tendo
incomodado o próprio cantor vítima da apelação feita. No qual em resposta pela atitude,
Cazuza redigiu uma carta criticando a matéria e a revista.
Tristeza por ver essa revista ceder à tentação de descer ao sensacionalismo, para me
sentenciar à morte em troca da venda de alguns exemplares a mais. Se os seus
repórteres e editores tinham de antemão determinado que estou em agonia, deviam,
quando nada, ter tido a lealdade e fraqueza de o anunciar para mim mesmo, quando
foram recebidos cordialmente em minha casa (ARAÚJO, 2000, p.111).
Para uma sociedade que não conhecia ao certo do que se tratava o vírus, uma
matéria em que coloca como referencial um artista popular com AIDS e o estado em que se
encontrava por possuir o vírus, causou um choque tanto para os portadores, quanto para a
sociedade, por se tratar de uma revista de grande circulação trazendo à tona um ícone
nacional, acentuando ainda mais o preconceito. Segundo Grangeiro, et al., (2009, p. 90)
“essas notícias foram os primeiros contatos que a sociedade Brasileira teve com a AIDS e
contribuíram para reforçar a imagem do doente (...) do preconceito associado a grupos sociais
e do sofrimento do paciente”.
Através do sensacionalismo midiático não só visto pela revista VEJA, mas por
outros meios de comunicação que encandeavam ainda mais as incógnitas do vírus. Conforme
Pereira e Nichiata (2011, p.3), “(...) as publicações na imprensa sobre a AIDS tinham como
marcas o preconceito e o moralismo”. A sociedade passou a conviver com o estado de pânico
acreditando em equívocos no qual entendiam que não poderiam emprestar roupa, abraçar e
compartilhar o mesmo prato e talheres na concepção que tudo seria formas de infecção.
O filme “cazuza o tempo não para” em uma das suas cenas relata esta realidade,
quando o cantor descobre que estar infectado com o vírus fica evidente quando ele diz: “o
médico disse que eu fui tocado pela AIDS, não posso emprestar roupa para ninguém, que eu
não posso beijar e tudo que é meu deve ser separado” (CAZUZA..., 2004). O pai do cantor
João Araújo, em um depoimento ao livro só as mães são felizes, confirma esta ideia que a
sociedade e os médicos possuíam na época “só para se ter uma ideia, as primeiras
recomendações foram no sentido de não se comer no mesmo prato que o doente, não usar as
mesmas roupas, não beijar. Todos os seus objetos de uso pessoal deveriam ser esterilizados”
(ARAÚJO, 2000, p.80).
Hoje, a sociedade evoluiu a respeito da convivência com seus portadores. O
governo passou a investir nas campanhas preventivas e informações sobre as formas de
contágios, no entanto o preconceito ainda está ativo na mente do corpo social, não tanto
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quanto as barreiras da década de 80, mas ainda prevalece. “Várias empresas hoje possuem nos
seus quadros, funcionários soropositivos e/ou que vivem com AIDS. O preconceito e
discriminação diminuíram muito, mas ainda existem” (SANTANA, 2012, sem paginação).
Pois, os estereótipos criados sobre os portadores é o que ocasiona a resistência para o
entendimento e continuidade com o preconceito.
A imagem de um portador da AIDS que nos salta dos arquivos da memória é sempre
a de uma pessoa magra, debilitada, com o corpo coberto de manchas, deitada sobre
uma cama definhando, sofrendo solitária e abandonada. Esta imagem foi verdadeira
um dia, é bem verdade, mas já faz muito tempo. Hoje com o advento de novas e
potentes drogas e os avanços terapêuticos, na maioria das vezes é muito difícil,
reconhecer um portador do HIV, principalmente quando em estado assintomático,
simplesmente olhando-se para ele. No cotidiano o que diferencia uma pessoa
soropositiva das outras é o preconceito (FERREIRA, 2001, p. 21).
5 O BIBLIOTECÁRIO COMO DISSEMINADOR DE INFORMAÇÃO SOBRE O
VÍRUS HIV/AIDS
O bibliotecário, profissional que trabalha com a organização, pesquisa e
disseminação da informação no âmbito interdisciplinar. Tem real importância social em
mediar às informações para que os seus usuários venham ter o conhecimento ao seu alcance
de forma coerente e satisfatória. Para isto no que diz respeito a contribuir na disseminação da
informação sobre o vírus HIV/AIDS, no qual ainda é abordado, sobre as formas de
preconceito e medo devido às faltas de informações sobre o vírus.
Gostaríamos que você nos corrigisse caso estejamos errados-que o principal trabalho
do nosso querido profissional bibliotecário é, exatamente, a informação. Correto?
Ora, por que é então, que o bibliotecário (o tal profissional da informação vale
enfatizar) nada faz para informar a população sobre a AIDS, contribuindo para
diminuir o número de contágios? (ALMEIDA JUNIOR, 1997, p.87).
Disseminar a informação não está ligado apenas às técnicas e o ambiente de
acervos para que cheguem aos usuários. Muitas das vezes o bibliotecário se limita nas suas
unidades de informação com o pensamento que está contribuindo na propagação da
informação, mas nesses ambientes existe o público no qual vem em busca de suas próprias
ciências e que não estão excluídos das informações.
Inúmeras campanhas sobre as doenças sexualmente transmissíveis estão à
disposição da população. Porém, é preciso ressalvar que ainda existem cidadãos desprovidos
de informações verídicas sobre o assunto das doenças sexualmente transmissíveis (DST´s),
especificamente sobre o vírus HIV. Populações que não possuem a cultura, condições ou o
alfabetismo de frequentar uma biblioteca, buscar informações ou de levar a sério as
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campanhas nacionais. No qual obtêm informações apenas através do rádio, televisão ou
jornal, sendo que estes meios, muitas vezes, transmitem informações superficiais ou não tão
confiáveis.
A vida atual exige que os indivíduos sejam informados o tempo todo: necessitam
conhecer notícias, fatos, instruções, padrões, regras de procedimentos, normas,
estatísticas, etc. Mas, é necessário não esquecer que o mais importante não é a
quantidade de informação disponível, e sim a sua qualidade (CUNHA, 2003 p.4).
Decorrido da falta ou o excesso de informações que a sociedade obtém, o
profissional bibliotecário tem fundamental importância em levar seu profissionalismo no
papel social como disseminador da informação para aqueles que ainda estão carentes de
informação. Conforme Castro e Ribeiro afirmam (1997, p.21) “ao lado da sociedade da
informação, há, sem dúvida, outra – a sociedade da desinformação (...)”. Como uma de suas
responsabilidades profissionais, o bibliotecário possui a importância de prestar informação a
diferentes usuários sem deixar nenhum desprovido do saber. Porém é preciso prestar
assistencialismo a camada social menos favorecida de informações no qual, muitas das vezes
é esquecida, ou achar que não precisa levar tão a sério a questão do vírus, HIV/AIDS.
Nós precisamos atingir a população carente, a população carente de informações.
Não será com essa postura apática, passiva e reacionária da biblioteca de hoje que o
conseguiremos. Não basta espalharmos bibliotecas em cada quarteirão, em cada
esquina. É preciso que ele seja consciente da sua real função social; é preciso que ele
saiba que seu trabalho pode e deve alterar pensamentos e comportamentos; é preciso
que ele vá até a população, que ele trabalhe com a comunidade (ALMEIDA
JUNIOR, 1997, p. 92).
Levar a informação aos que necessitam, torna-se fator importantíssimo para
acrescentá-la tanto ao seu conhecimento social quanto ao profissional. Visto que, “é
necessário não esquecer que o trabalho de informação é um trabalho de troca – é através desta
troca que crescemos que obtemos mais informações” (CUNHA, 2003, p.42). O bibliotecário
que acomoda sua formação em técnica, isolando-se em paredes de bibliotecas no qual, fica
esperando os usuários virem em buscas da informação achando que a disseminação está sendo
repassada democraticamente será visto dessa forma como o profissional cômodo no qual, não
será é visível perceber a sua contribuição em sociedade.
A população não nos conhece como úteis socialmente. E sabem por quê? Porque
insistimos em não reconhecer a nossa verdadeira função social que não é apenas
incentivar a leitura, mas trabalhar com a informação, levá-la àqueles que dela
necessitam (ALMEIDA JUNIOR, 1997, p. 92).
O bibliotecário tem muito a contribuir na sociedade, pois ele possui uma das
ferramentas imprescindíveis para agregar valor na educação social, no que se refere à
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informação atuando agregado a sua competência profissional em fazer o uso da mediação nos
diferentes setores, ambientes e aspectos sociais. Conforme aborda Liston e Santos (2008, p.2)
“o bibliotecário é capaz de trabalhar a informação de modo a atender as necessidades da
sociedade em seus aspectos: políticos, econômicos, educacionais, sociais, de saúde, culturais,
recreativas e tecnológicas (...)”. Miranda (2004, p.118) enfatiza que “o acesso à informação
ou a facilitação desse acesso é o objetivo desses profissionais, que atendem a usuários (...)
divididos em grupos com características e demandas de informação diferenciadas”.
Com a prática destas atitudes, este profissional conquistará tanto a sua função em
utilidade pública, quanto sua prática de disseminador multidisciplinar na sociedade. Uma vez
que a camada social passará a levar mais a sério as orientações quando as mesmas forem mais
assistenciais.
O governo vem investindo nas divulgações no que diz respeito às prevenções,
testes rápidos e medicamentos novos sobre o vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
divulga dados sobre os respectivos portadores, cientistas buscam vacinas cada vez mais
eficazes. Valendo-se dessas informações o bibliotecário tem muito a contribuir na
organização destas informações, na forma de levar as atualizações sobre o assunto, ou seja, no
apoio onde as informações governamentais não consigam ser alcançáveis.
Disseminando assim seu papel social junto as ONGs, com os profissionais da área
médica, ou seja, na prestação de seus serviços em contribuição com as diferentes áreas. Pois,
“a biblioteconomia é reconhecida como uma área interdisciplinar sendo assim precisa da
contribuição de outras áreas” (ALMEIDA JUNIOR, 1997, p.94). Dessa forma, a busca de
disseminar e alcançar a sociedade serão papel do bibliotecário. Deste modo, sendo criativo e
dinâmico procurando sempre maneiras de se inserir mais em sociedade e buscando de
contínuo refletir criticamente sobre o estado social em que vive (LISTON; SANTOS, 2008).
Tendo em vista que sua função é contribuir para o desempenho do papel social,
frente às informações do HIV/AIDS, em bases de dados na área medicina, no qual o
profissional bibliotecário tem conhecimento, como a medline, bvs, web of science, das quais
apresentam informações e a atualizações sobre o assunto. Em exemplo a Medline, na qual
possui a introdução do termo AIDS desde 1983, disponibilizando diferentes filtros de buscas
desde sexo, idade até textos completos gratuitos.
Com o alcance de informações não tem o porquê de não promover o exercício da
informação nas comunidades sociais. Para trabalhar nos fatores em que a população realmente
tenha suas dúvidas a respeito do vírus, as suas reais formas de transmissões em questões
muitas das vezes incógnitas na mente das pessoas. E ajudando o País a alavancar ainda mais
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nas respostas da informação certa e assistência no combate a AIDS, uma vez que para a ONU
o Brasil vem obtendo bons índices sobre o combate a AIDS chegando a tornar-se líder.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa mostrou a capacidade do profissional bibliotecário de disseminar a
informação sobre um assunto, muitas das vezes, visto como polêmico pela sociedade, no que
se refere ao Vírus HIV/AIDS. Visto que, diante dos estudos que abordam o papel social do
bibliotecário, a pesquisa obteve características imprescindíveis no qual, este profissional é
capaz de desenvolver diante das causas sociais. No que dizem em respeito, a pesquisar em
fontes verídicas, organização e disseminação da informação sobre o público-alvo e sua
interdisciplinaridade nos estudos em relação a diversas áreas.
A abordagem na sociedade sobre HIV/AIDS, ainda é um tema que precisa ser
debatido com mais aprofundamento, pois muitos cidadãos ainda acreditam em falácias sobre o
assunto, o que consequentemente ocasiona o preconceito ainda existente na sociedade. Por
tanto, não podemos negligenciar a existência de pessoas que ainda não possuem acesso a
informações a respeito do vírus, no que diz respeito, suas reais transmissões, maneiras de
prevenção, e as atualidades que envolvem as pesquisas sobre o vírus HIV.
A pesquisa entendeu que uma das causas para o pouco reconhecimento e
valorização do bibliotecário na sociedade, ocorre pelo fato deste profissional não está muito
inserido em causas sociais, ou seja, partindo em busca de usuários para que estes recebam
suas informações, e consequentemente entendendo a importância deste profissional em suas
vidas. Como disseminador da informação o bibliotecário precisa demonstrar sua importância
e comprometimento social além de quatro paredes e unidades de informações.
Conclui-se que o bibliotecário precisa desenvolver seu papel social de acordo com
suas especialidades e estudos no qual se identifica. Não apenas no que se refere ao assunto
tratado nesta pesquisa. Pois, cada profissional tem aptidão para um determinado assunto.
Porém, é necessário que independente de suas preferências não seja esquecido a sua
importância na contribuição social, sendo cada vez mais um bibliotecário com sinônimo de
ação social e progressista e deixando de lado o autoritarismo relevante dos séculos passados.
Uma vez que, sempre existirá muito a fazer quando envolver as questões sociais da
informação na sociedade.
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A MEDIAÇÃO DE LEITURA COMO INSTRUMENTO DE PRÁTICA SOCIAL NA
BIBLIOTECA COMUNITÁRIA CL PROFESSOR LEÔNIDAS MAGALHÃES: relato
de experiência
GT 3 – Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador.
Modalidade : comunicação oral
SILVA, Ana Pricila Celedonio da.1
VASCONCELOS, Camila Silva2
SOEIRO, Gabrielly P. L.3
VASCONCELOS, Mayara Cintya do Nascimento4
NASCIMENTO, Raquel da Silva5
RESUMO
Apresenta abordagens acerca da relação da biblioteca comunitária e cidadania, através da
mediação de leitura. São apresentados os conceitos de biblioteca comunitária, cidadania e
mediação, discutindo também conceitos e questões intrínsecos a estes. Através da
contextualização destas temáticas, apresenta-se o exemplo da biblioteca comunitária
Companheiro Leão “CL” Prof. Leônidas Magalhães, que possui a prática da mediação de
leitura como um de seus principais serviços. Mostrando ainda a importância da Biblioteca
Comunitária, que através de serviços como a mediação de leitura traz a possibilidade de
democratização do acesso à informação, à leitura e ao livro, sendo estes necessários para que
os indivíduos possam entender seus direitos e deveres do cidadão e exercer de fato sua
cidadania.
Palavras-chave: Mediação de Leitura. Biblioteca Comunitária. Cidadania.
ABSTRACT
This article approaches the relations between community libraries and citizenship, through the
practice of mediation reading. Presenting the concepts of community library, citizenship and
mediation as discussing its concepts and intrinsic matters in society. In the context of these
subjects, was choose to present as an example of community library the Biblioteca
Comunitária Companheiro Leão “CL” Prof. Leônidas Magalhães, which has activities
involving mediation reading as one of its major service. Besides, intends to show the value of
community libraries, which through services as mediation reading stands out possibilities on
democratization of information access, on books and reading, that is essential for people to
understand their rights and duties and practice their roles as citizens.
1
Graduanda do curso de Biblioteconomia pela UFC. E-mail: [email protected] .
2
Graduanda do curso de Biblioteconomia pela UFC. E-mail: [email protected].
3
Graduanda do curso de Biblioteconomia pela UFC. E-mail: [email protected].
4
Graduanda do curso de Biblioteconomia pela UFC. E-mail: [email protected].
5
Graduanda do curso de Biblioteconomia pela UFC. E-mail: [email protected].
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Keywords: Mediation reading. Community library. Citizenship.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda ações sociais desenvolvidas pela biblioteca comunitária,
através de suas práticas e atuação no seio na comunidade. Historicamente, no início as
bibliotecas comunitárias foram concebidas com o objetivo de suprir uma lacuna que foi
deixada pelas
que estava sendo deixada pelas Bibliotecas públicas. E as comunidades
começaram a sentir uma carência de espaços como esses estarem mais próximos delas.
Por isso a biblioteca comunitária de maneira própria e sempre se adaptando ao
local em que se encontra instalada, busca esse contato por meio de ações que intervenham no
âmbito social e com as ações que promove no meio em que atua, ou seja, o papel ou o aspecto
de cidadania desenvolvido por essas instituições. onde suas atividades se apresentam como
instrumentos para estabelecer esse vínculo com a comunidade a que ela pertence, se ela supre
e desenvolve a função designada.
Este é um relato de experiência de estágio que busca discutir questões
relacionadas à mediação de leitura em bibliotecas comunitárias, uma ação que é desenvolvida
por muitas dessas instituições. A motivação para realizar a pesquisa se apresenta pela
relevância do tema mediação de leitura nas bibliotecas de comunidades da periferia e para
tratar da sua importância do ponto de vista social, educacional e cultural. Nessa perspectiva,
entendemos que a pesquisa se justifica pelas contribuições da teoria e das práticas que pode
proporcionar, bem como pelos aspectos de relevância que a envolvem.
Assim, os objetivos deste trabalho são: identificar na literatura os conceitos e
elementos relacionados à biblioteca comunitária, mediação de leitura e cidadania; apresentar
as ações desenvolvidas pela biblioteca comunitária, em especial a mediação de leitura na
biblioteca Prof. Leônidas Magalhães; apresentar as problemáticas que envolvem a temática e
a instituição responsável.
A pesquisa se caracteriza como de cunho exploratório, para investigar a influência
da mediação de leitura como atividade-meio da instituição. O local escolhido foi a Biblioteca
Professor Leônidas Magalhães, localizada no bairro Álvaro Weyne em Fortaleza onde
também ocorrem as atividades. com isso, buscamos atender aos objetivos propostos além de
gerar novos questionamentos acerca do assunto em questão.
2 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA
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No Brasil algumas bibliotecas públicas passaram a oferecer serviços de extensão,
como carro-biblioteca e caixa-estante, que levavam livros às localidades pobres e periféricas,
onde não existiam bibliotecas, ampliando assim o alcance de atendimento da biblioteca
pública. Com estas iniciativas as comunidades que receberam as ações de extensão, passaram
a sentir a necessidade de pequenas bibliotecas ou mesmo espaços de leitura em sua localidade,
levando assim ao surgimento da biblioteca comunitária. (ALMEIDA JÚNIOR, 1997)
Cavalcante e Feitosa (2011), afirmam que o surgimento da biblioteca comunitária
está ligado também ao fato da inexistência ou a ineficácia das bibliotecas públicas no país, o
que proporciona a falta de acesso à informação e a leitura.
De acordo com Machado (2008, p. 49), podemos entender a biblioteca
comunitária como:
Bibliotecas que surgem como práticas espontâneas idealizadas e implementadas por
agentes individuais e coletivos; cidadãos comuns, com ou sem instrução formal, com
ou sem apoio institucional. Surgem normalmente em lugares periféricos, em função
da dificuldade de acesso aos bens culturais e da total ausência do Estado.
Estes espaços são constituídos por indivíduos da comunidade, que almejam que
estes possam ter a cara de sua comunidade. As Bibliotecas comunitárias devem também estar
voltadas a possibilitar a emancipação, a autonomia da comunidade (MACHADO, 2008).
Assim o papel da biblioteca comunitária vai além do serviço de informação, como também
atinge os aspectos sociais.
As bibliotecas comunitárias provêm também de movimentos de inovação
social, que visam à inclusão social. Os projetos que visam a criação de bibliotecas em
comunidades devem oferecer metodologias que permitam a continuidade dessas ações por
meio dos indivíduos da comunidade. (CAVALCANTE; FEITOSA, 2011)
Paulo Freire (1984) apresenta o papel social da biblioteca popular, como
promotora de mudanças, através de práticas que estimulem a leitura, não apenas de forma
técnica, mas de forma que os leitores entendam o real significado do texto, e faça ligações
com sua realidade. Acerca das funções e possibilidades das bibliotecas comunitárias,
chamadas também por ele de bibliotecas populares, vemos:
A biblioteca popular, como centro cultural e não como um depósito silencioso de
livros, é vista como um fator fundamental para o aperfeiçoamento e a intensificação
de uma forma correta de ler o texto em relação ao contexto. Daí a necessidade de
uma biblioteca popular centrada nesta linha de estimular a criação de horas de
trabalho em grupos, em que se façam verdadeiros seminários de leitura, ora
buscando o adentramento crítico no texto, procurando aprender a sua significação
mais profunda, ora propondo aos leitores uma experiência estética, de que a
linguagem popular é intensamente rica. ( FREIRE, 1984, p.38)
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Entende-se assim que, através das bibliotecas comunitárias amplia-se a
possibilidade de democratização do acesso à informação, a leitura e ao livro. E fica a cargo do
Estado, definir regulamentações, diretrizes, e ações de estimulo para a criação destes projetos.
(MACHADO, 2008).
2.1 Biblioteca comunitária e cidadania
Cidadania é um estado de ação onde os atores do processo têm consciência de
seus deveres e direitos para serem sujeitos atuantes dentro da sociedade, segundo Demo
(1992, p.17) podemos compreender a cidadania como:
o processo histórico de conquista popular, através do qual a sociedade adquire,
progressivamente, condições de tornar-se [..] sujeito histórico consciente e
organizado, com capacidade de conceber e efetivar projeto próprio. O contrário
significa a condição de massa de manobra, de periferia, de marginalização.
É válido salientar que o autor procura mostrar a cidadania como um processo
histórico de conquista popular que engloba os indivíduos da sociedade que agem como um
coletivo consciente em busca de um ideal, tornando o ato de ser cidadão um processo
emancipatório e mostra também que quando não há essa consciência o que sobra é uma massa
amorfa totalmente moldável, pronta a ser dominada por quem quer que seja. Nesse viés de
tomada de consciência a educação é um fator fundamental para que esse processo ocorra, pois
sem conhecimento não há alternativa de mudança. Como afirma Rocha (2000), “o direito à
educação afeta o status da cidadania, se entendermos o direito à educação como o direito do
cidadão adulto ter sido educado e informado”. Sem isso, pode ocorrer que o indivíduo fique
estagnado, contente com aquilo que tem a frente por não conseguir enxergar nada além, ou até
mesmo sem desenvolvimento de seu senso crítico.
Consideraremos neste trabalho a educação com uma perspectiva ampla que difere
do sistema educacional vigente para construirmos uma noção que o ato de educar não deve se
restringir apenas ao letramento e ao desenvolvimento de algumas habilidades básicas à vida
em sociedade, mas a uma formação que capacite a pessoa a imaginar, a ter o controle sobre
seus pensamentos, formando um sujeito consciente, já que:
o termo educação não se restringe ao preparo do indivíduo para o previsto, o que
estaria mais próximo do adestramento. Prepara-o para o imprevisto, profetiza e
projeta. Tudo isto dentro de um processo global de desenvolvimento da capacidade
física, intelectual e moral do ser humano, com vistas a sua melhor integração
individual e social, o que pressupõe de imediato o acesso à informação. (TARGINO,
1991. p 155).
A biblioteca deve estar cada vez mais em contato com seu papel educador
(preferencialmente em conjunto com as demais instituições responsáveis pela educação da
comunidade) para atingir o maior número possível de usuários pelos mais diversos meios de
199
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informação possíveis. Assim a democratização da informação seria efetiva, pois democratizar
implica em tornar acessível e por vezes um livro que seria importante na luta da comunidade
por seus direitos como, por exemplo, o código de defesa do consumidor, pode ser um
documento insondável para a maioria, então deve-se valorizar a “tradução” desse documento
seja através de debates verbais, cartilhas ou até mesmo documentários. Deve ser valorizado
igualmente seu papel como centro gerador de discussões, espaço aberto a todos igualmente,
onde a igualdade seja real, pois:
A biblioteca deve ser valorizada por fornecer conhecimentos e ser espaço
para a população falar sem medo de seus problemas e ser ouvida. As pessoas
podem recuperar o sentimento de valorização e diginidade humana, pelo fato
de serem chamadas a participar, levando-as a perceber que a mobilização em
torno da biblioteca pode levá-las a uma união visando às lutas diárias da
comunidade. (GUEDES, 1989. p 51).
Como um catalizador, a biblioteca deve fornecer oportunidades para aqueles que
querem desenvolver-se, cabe à ela disponibilizar os meios para que seus usuários exerçam sua
cidadania, e como enfatizado por Ortega y Gasset (2006) deve estar atenta às urgências que a
situação social apresenta no decorrer do processo, pois essa necessidade muda de acordo com
o movimento da comunidade, já que a sociedade está sempre em processo dinâmico.
3 MEDIAÇÃO DE LEITURA
O processo de mediação foi uma das teorias descritas por Lev S. Vygotsky na
década de 20 que escreveu textos na área da psicologia interessantes para a questão da
dimensão social do desenvolvimento humano e para a aprendizagem onde um indivíduo
progride através da cultura e do convívio social no ambiente em que está inserido, em
relações de interdependência.
É exposto na mediação que nós não temos um acesso direto ao objeto do
conhecimento e sim um acesso mediado por sistemas simbólicos. Isso se dá especialmente
pela linguagem, a expressão de possibilidades é associada a representações mentais, que por
sua vez, se internaliza no indivíduo em forma de conhecimento.
Enquanto sujeito de conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas
um acesso mediado, isto é, feito através dos recortes do real operados pelos sistemas
simbólicos de que dispõe. O conceito de mediação inclui dois aspectos
complementares. Por um lado refere-se ao processo de representação mental (...).
Essa capacidade de lidar com representações que substituem o real é que possibilita
que o ser humano faça relações mentais na ausência dos referentes concretos,
imagine coisas jamais vivenciadas, faça planos para um tempo futuro, enfim,
transcenda o espaço e o tempo presentes, libertando-se dos limites dados pelo
mundo fisicamente perceptível e pelas ações motoras abertas. (OLIVEIRA, 1992, p.
26)
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Vivemos em uma sociedade onde a informação tem papel de destaque nas
relações sociais, políticas, econômicas, culturais, pessoais, entre outras. Com isso, podemos
perceber que a leitura é uma fonte de informação e prática determinante na construção de
conhecimentos, sendo referência tanto no desenvolvimento da capacidade intelectual do
sujeito ao fazê-lo refletir e formar ideias e opiniões, quanto uma forma de lazer.
Na pesquisa Retratos do Brasil 2011, realizada pelo Instituto Pró-Livro e IBOPE
com o objetivo de revelar os hábitos de leitura dos brasileiros, em um dos resultados foi visto
que 64% dos entrevistados concordam totalmente com uma afirmação que relaciona a leitura
à “vencer na vida”, expressão que implica melhorar sua situação no meio social em que vive.
Como caráter de lazer, a leitura encanta, permite compreender melhor o mundo e expandir
pensamentos. Quando falamos em mediação de leitura observamos ainda outro aspecto, que a
leitura também adquire a característica de necessidade, se tornando um valor que permite aos
indivíduos a inclusão social transformando os mesmos em cidadãos leitores.
Podemos conceber a mediação de leitura como um vasto campo ainda a ser
explorado, em uma concepção formal acredita-se que seja competência privilegiada à área da
educação, uma prática delegada aos professores. Entretanto, de um ponto de vista mais
inovador, as figuras da família, amigos ou bibliotecários possuem um grande potencial de
influenciar na formação de leitores desde as fases iniciais de aprendizado, ao incentivar a
experiência da leitura estimulando o senso crítico e criativo, afinal percebemos que as
crianças ficam muito satisfeitas ao ouvir histórias isso sem entrar em detalhes a respeito do
aguçar a imaginação e sobre o desenvolvimento da criatividade.
O agente que se propõe a realizar uma mediação de leitura quando seleciona
textos a serem apresentados oralmente, interpretados e discutidos para aproximar o leitor do
livro. Através de um clima que preza a coletividade e a colaboração, os sujeitos podem
ampliar seus conhecimentos individuais, e assim auxiliando na transmissão da prática de
leitura e no exercício de socialização entre os participantes.
4.1 O perfil da comunidade
O bairro Álvaro Weyne está localizado na área da Secretaria Executiva Regional I
e possui uma população total de 23.690 habitantes, desses 10. 834 são homens e 12. 856 são
mulheres (IBGE, 2010). Ainda segundo o IBGE (2010) o bairro apresenta o índice de
Desenvolvimento Humano municipal por bairro IDHM-B médio (entre 0,500 e 0,799). A
principal atividade econômica do bairro é o comércio.
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4.2 A mediação de leitura na biblioteca comunitária c.l. PROF. Leônidas magalhães
Neste ponto do trabalho será apresentado o relato de experiência de estágio na
Biblioteca Comunitária CL Prof. Leônidas Magalhães com a mediação de leitura,
desenvolvido pela mediadora Mayara Cintya do Nascimento Vasconcelos, em conjunto com o
Polo de Leitura Jangada Literária. As atividades foram desenvolvidas com um grupo de
crianças de 6 a 10 anos de idade, usuários da biblioteca. O relato será dividido em três etapas:
planejamento das atividades, desenvolvimento das atividades e Resultados.
4.2.1 Planejamento das atividades
As atividades desenvolvidas pela biblioteca são planejadas mensalmente. Os
grupos de mediação são separados por idade em horários nos períodos da manhã e tarde.
Alguns aspectos devem ser observados antes da decisão do livro que será mediado, o primeiro
deles é a faixa etária do grupo, o segundo é a observação dos vários níveis de dificuldade de
leitura apresentados pelo grupo (nesse momento é decidido que abordagem de mediação será
feita: leitura compartilhada, roda de leitura, etc.). Aspectos da comunidade na qual a
biblioteca está inserida também são observados. Depois do levantamento de todas essas
informações, um documento é elaborado para que o mediador possa fazer o acompanhamento
das atividades.
4.2.2 Desenvolvimento das atividades
A atividade é iniciada com uma cantiga de roda ou dança para fazer o grupo
interagir. Depois as crianças sentam em roda e o mediador apresenta o livro, fala do autor e
ilustrador e pergunta às crianças se elas já o conhecem. Quando o mediador inicia a leitura é
importante que ele mantenha o contato visual com as crianças para evitar que elas se
dispersem, durante a mediação o espaço para intervenção das crianças é aberto. Após a leitura
a interpretação do texto é livre, cabendo às crianças criar seus próprios significados.
4.2.3 Resultados
Ao longo do ano de 2014, com a realização das mediações de leitura, foi possível
perceber no grupo acompanhado um interesse crescente pela literatura. As crianças passaram
a ter mais autonomia. Segundo Oliveira, “O leitor autônomo é aquele que processa e examina
o texto, construindo significado para ele, isto é, não faz apenas uma tradução ou uma réplica
do significado que o autor quis lhe dar.”(2007, p.28). As crianças também adquiriram
liberdade para escolher os livros que desejavam levar no empréstimo domiciliar, sem a
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interferência de terceiros. Outro ponto interessante nesse processo foi que as próprias crianças
despertaram o interesse de mediar para outras crianças.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho podemos analisar o papel da biblioteca comunitária e os
instrumentos, ferramentas que ela se apropria para cada vez mais estar de acordo com a
identidade local e mais próxima da sociedade.
A proposta realizada foi a de observação e do relato de experiência da mediação
como um desses instrumentos e como maneira de ser trabalhada a relação das necessidades
informacionais e os seus leitores.
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A necessidade de leitura é um fator, uma questão evidente e que adquire um valor
social e daí também vale destacar a importância do papel do mediador na construção do valor
simbólico deste produto. Mediar no sentido de criar pontes, onde o individuo realize uma
troca com o mediador e porque não em outros momentos torna-se ele mesmo mediador na
construção de um conhecimento de forma coletiva em outras palavras, que é comunitário.
Existem muitas questões a serem tratadas sobre o assunto desde que o seu conceito inicial seja
sempre lembrado, a questão é o entendimento do poder de transformação que a leitura pode
causar o de modificar num ato de produção, de criação. E nesses parâmetros podemos pensar
que a leitura é uma ação de riqueza e abrangência e que quanto mais se torna comum muito
melhor será para aqueles que podem desfrutar, por exemplo, de qualquer iniciativa ou ação
em favor dela. E nessa constituição primeiramente baseada em uma unidade coletiva, as
energias e as aspirações de todos que trabalham pela mesma causa.
REFERENCIAS
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sociabilidades e cidadania. Liinc em revista, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p.121-130, mar. 2011.
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Prazer em ler: Registros esparsos da emoção do caminhante nas lidas com a mediação da
leitura. [São Paulo]: Instituto C&A; Cenpec, 2007.
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TARGINO, Maria das G. Biblioteconomia, informação e cidadania. R. Esc. Bibliotecon.
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O BIBLIOTECÁRIO COMO UM INTELECTUAL ORGÂNICO
GT 3: Práticas de transformação social: o profissional da informação como agente
transformador
Modalidade: Pôster
PAIVA, Talita de Cássia Lima48
RESUMO: Este artigo trabalha o papel do bibliotecário enquanto ser social e político a partir
do conceito de intelectual orgânico de Gramsci. Seu objetivo é incentivar o profissional a
expandir sua atuação fora das bibliotecas. Para isso aborda rapidamente a emancipação da
Biblioteconomia da área da Documentação, assim como suas diferenciações no mundo atual.
Comentando o conceito de Gramsci, utilizando exemplos de atividade na qual o bibliotecário
age para melhoria social. A pesquisa foi realizada por meio de discussões de textos, leituras
em sala de aula e individuais, bem como pesquisas em internet. A conclusão é que muito
ainda precisa ser realizado pelos bibliotecários enquanto seres políticos e categoria
profissional para este despertar crítico.
Palavras-chave: Biblioteca. Bibliotecário. Intelectual orgânico. Social
ABSTRACT: This article deals with the role of the librarian as a social and political from
the organic intellectual concept of Gramsci. Its goal is to encourage the professional to
expand its operations outside of libraries. To address this rapidly emancipating the
Documentation area of librarianship, as well as their differences in today's world.
Commenting on the concept of Gramsci, using examples of activity in which the librarian acts
to social improvement. The survey was conducted through texts discussions, readings in class
and individual as well as research on internet. The conclusion is that much remains to be
done by librarians as political beings and professional category for this critical awakening.
Keywords: Library. Librarian. Organic intellectual. Social
1 INTRODUÇÃO
A Biblioteconomia é (Ortega, 2004, p.1) uma “área que realiza a organização,
gestão e disponibilização de acervos de bibliotecas.” Esta definição abarca a atuação da
Biblioteconomia de seu surgimento desde a antiguidade quando houve as primeiras tentativas
de organização de documentos até final do século XIX, quando a Biblioteconomia se separa
da Documentação, ampliando sua atuação para fins educacionais.
Atualmente a Biblioteconomia não apenas organiza e disponibiliza a informação,
mas passa a transmitir o conteúdo arquivado. O bibliotecário, profissional responsável por
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Graduando (a) em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected].
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organizar e disponibilizar, agora precisa se capacitar para transmitir os conteúdos de seus
livros, possibilitando a produção do conhecimento.
Não adianta construir prédios bonitos e enche-los de livros catalogados e bem
organizados se não é possível ter acesso aos conteúdos. Então a biblioteca e o bibliotecário se
complementam; a primeira é uma instituição que como tal é construída e atua conforme a
concepção da sociedade na qual existe; o segundo é um agente social, portanto suas ações e
pensamentos são um reflexo da sociedade e este vai agir na biblioteca nos moldes com a
sociedade enxergar esta instituição. Mas o objetivo deste artigo é emancipar o bibliotecário da
submissão cega às contradições sociais.
A questão é como retrata Castro (Figueiredo apud Castro, 2000, p. 117), apesar de
o bibliotecário ampliar sua área de atuação e valorização do mercado como pesquisador ainda
é visto como “... um policial a ditar normas para cercear o uso da biblioteca, nada mais.” Ou
seja, um organizador de estantes, contudo o bibliotecário é e precisa manter-se como um
fomentador do conhecimento.
Esta produção de conhecimento não é somente para “servir” as demais áreas em
suas pesquisas, ou para catalogar os materiais, mas para atuar como agente transformador e
construir a representação social da biblioteca como uma instituição transformadora. Por
exemplo, conforme dados da UNESCO, no Brasil ainda existem 13 milhões de pessoas não
alfabetizadas e o país ocupa a oitava posição mundial com maior número de adultos
analfabetos. A quantidade de bibliotecas no país é “retrato” desse baixo nível, pois se não há
leitores não tem porque ter centros que possibilitem o acesso à leitura.
Os bibliotecários não podem ficar passivos quanto a esta situação, por exemplo.
Mas, contribuir para uma consciência crítica da sociedade, afinal continua sendo tarefa do
bibliotecário organizar o conhecimento e para fazer isso é necessário primeiro entender a
importância
da
sua
atuação,
assim formar uma analise de sua realidade e
meios de transforma-la.
2 O BIBLIOTECÁRIO COMO UM INTELECTUAL ORGÂNICO
Para analisar o papel do bibliotecário como um agente transformador abordo o
conceito de intelectual orgânico de Gramsci. Para Gramsci não deveria existir critérios para
definir um intelectual. Ele atribui valor a todo tipo de conhecimento, mas cada um com suas
“vantagens e limites”. Um conhecimento deve ser para toda vida e não somente para o
trabalho. O saber deve ser utilizado para a construção de uma nova sociedade; assim os
intelectuais devem ser os primeiros a começar a revolução por meio da cultura de sua
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formação e questionamentos. Não se pode ficar apenas na cultura, ela é apenas o inicio depois
se deve partir para economia, política, etc., pois os intelectuais ou os denominados intelectuais
estão sujeitos não somente aos recursos financeiros, mas também ideológicos desse sistema.
Como Gramsci (1979) fala, os intelectuais tradicionais trabalham para os capitalistas, por isso
para fazer uma revolução é necessário começar pela cultura, ela é fundamental. São os
intelectuais que auxiliam na construção de uma ideologia de dominação, que aparentemente,
muitas vezes, representam o consenso, mas é objetivado nas leis e forçado a submissão por
meio das armas. Portanto, o intelectual orgânico pode começar defendendo que as classes
baixas também possuem ideias próprias e devem ser levadas em consideração. O intelectual
deve ter esse caráter político e não só de reprodução da ideologia dominante, mas de
representante dos dominados e desenvolver propostas para o ensino amplo e igualitário, não
se tornando elitista ou especializado.
Os bibliotecários trabalham com os fundamentos do conhecimento de várias
áreas. Como foi dito anteriormente se emancipou da Documentação por seguir um caminho
educacional e isso ocorreu no contexto da democratização do ensino.
O campo de
conhecimento da Biblioteconomia alimenta e é alimentado pela educação, pela pesquisa e
produção de conhecimento ou informação.
Então, a classe dos bibliotecários pode atuar como intelectuais tradicionais,
distante dos conflitos sociais, culturais, políticas, etc, que afetam a sociedade, apenas
legitimando uma classe dominante, nos tornando acessórios burocráticos e administrativos ou
utilizar o conhecimento acadêmico e as experiências tácitas para auxiliar usuários de
bibliotecas e aqueles que buscam informações a desenvolver um pensamento e ação critica de
sociedade onde vive.
Realizar atividades sociais muitas vezes pode significar vencer obstáculos como:
falta de recursos financeiros ou matérias, nenhuma preocupação governamental, etc. Contudo,
é possível realizar. Um exemplo é a atividade realizada na Faculdade São Francisco de Assis
em Porto Alegre - RS, relatada no artigo da Bibliotecária Josiane Fonseca da Cunha,
publicado na Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina em 2009.
Neste trabalho a profissional relata a participação da biblioteca e do bibliotecário
em ações com crianças carentes, por meio de peças teatrais, leituras de livros, doações de
alimentos, etc., pois como acreditava Gramsci a revolução começa pela cultura, esta não se
dissocia da educação e os bibliotecários são os intelectuais (assim como demais categorias
profissionais) que gerenciam as informações e possuem capacidade e autonomia para iniciar
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campanhas sociais. Claro para isso também precisam se compreender enquanto seres sociais e
políticos, não somente catalogadores.
Como explica Josiane Fonseca Cunha (2009, p.5) “para auxiliar no direito à
cidadania de algumas pessoas, o bibliotecário precisa ir além das paredes de sua biblioteca e
colaborar com os demais setores da instituição na qual trabalha”. A biblioteca deve ser um
meio, mas não o fim do bibliotecário. Outro exemplo são as bibliotecas itinerantes que
transportam conhecimento para lugares onde não há um lugar especifico, ou seja, uma
biblioteca.
3 METODOLOGIA
Para realizar este trabalho fui impulsionada pelos questionados de uma professora
em sala de aula inconformada pela apatia dos atuais bibliotecários. A fundamentação foi feita
através
da
pesquisa
bibliográfica
intercalada
por
discussões em sala de aula e pesquisa na internet. Aproduçãotextual foi realizada durante os p
rimeiros meses do primeiro período, sob a inquietação enquanto estudante, desejosa de atuar a
lém dos muros das bibliotecas e instigar outros alunos a partilharem da ideia.
4 CONCLUSÃO
As bibliotecas e os bibliotecários foram construídos inicialmente como
instrumentos para organizar o conhecimento de um povo. Esta continua sendo uma das suas
atividades, mas com as transformações sociais o bibliotecário não pode e não deve se limitar a
isso. As contradições exigem e a sociedade espera muito mais. A biblioteca e o bibliotecário
são mantenedores da “memória” de uma sociedade ou comunidade.
Para transmitir a informação o profissional busca conhecer os conteúdos das mais
diferentes áreas, porém esperar que o usuário venha até um centro de documentação ou uma
biblioteca para ter acesso a essa informação é se tornar apenas, como tratamos em Gramsci,
um intelectual tradicional. Há pessoas sedentas de conhecimento e que nem se dão conta. Se
verificarmos as taxas de analfabetismo no Brasil vemos que há muito que o bibliotecário pode
fazer. A partir de uma consciência e ação políticas a classe de bibliotecários pode instigar o
Estado a expandir a educação e com isso a população tomar ciência de si mesmo e do mundo
ao seu redor.
A lei 12.244/10 é um exemplo do empenho da categoria bibliotecária,
possibilitando uma valorização e melhor qualificação profissional e um exemplo da força do
vínculo do grupo. Mas este grupo deve sair do tradicionalismo. Tornou-se consciente
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enquanto classe para si, agora precisamos partir de uma consciência de classe em beneficio da
sociedade, principalmente para as menos favorecidas.
REFERÊNCIAS
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Brasília: Thesaurus, 2000.
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UNESCO: Brasil tem quase 13 mi de analfabetos adultos e é 8º no mundo. Disponível em:<
http://noticias.terra.com.br/educacao/unesco-brasil-tem-quase-13-mi-de-analfabetos-adultose-e-8-no-mundo,5c15a2a6cb3d3410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html>. Acesso em 10
jun. 2015.
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GT 4
MÍDIAS DA INFORMAÇÃO: cidadania e Exclusão
digital no contexto sociedade da informação
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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DO CENTRO DE MEMÓRIA DA MEDICINA: “o
corredor da memória”
GT 4 Mídias da informação: cidadania e Exclusão digital no contexto sociedade da
informação. (Apresentação oral)
CAROBA, Marcilea de Moura49
OLIVEIRA, Carla Cristina Vieira de50
SILVA, Ana Luisa Moreira51
CUPERSCHMID, Ethel Mizrahy52
BERGMANN, Kaiser53
RESUMO
O projeto “Corredor da Memória”, do Centro de Memória da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais - CEMEMOR, objetiva externar imagens do acervo
científico e temas da área da saúde para a comunidade. Utilizando cinco telões são divulgadas
mostras de pesquisadores, celebram datas importantes da Faculdade, evidenciam
personalidades científicas e abordam assuntos relevantes para o corpo social que abriga. Após
o encerramento da exposição presencial, o material é disponibilizado no banco de dados do
novo site da instituição, sendo acessado livremente através de palavras-chave. A visitação
virtual poderá ser quantificada por relatórios automáticos do sistema, sendo possível a
melhoria do conteúdo das exposições e da divulgação científica do acervo. Portanto, esse
projeto é fundamental, pois ao divulgar suas pesquisas para a sociedade sem o uso da internet
contribui para a derrubada da “muralha digital”.
Palavras-Chave: Divulgação Científica. Acervo Científico Universitário. Exposições
Temporárias. Acesso à Informação. Recursos Digitais.
ABSTRACT
The "Memory Runner", the Center for Memory of the Faculty of Medicine of the Federal
University of Minas Gerais - CEMEMOR, objective images express the scientific collection
and issues of health care to the community. Using five screens of researchers shows are
disclosed, celebrate important dates of the Faculty, show scientific personalities and address
issues relevant to the social body that is home. After the close of face exposure, the material is
made available in the database of the new site of the institution being accessed freely through
keywords. A virtual visit can be quantified by automated reporting system, it is possible to
improve the content of exhibitions and scientific collections of the disclosure. Therefore, this
project is critical because to disclose their research to society without using the internet
contributes to the overthrow of the "digital wall".
49
Graduanda de Biblioteconomia na ECI da UFMG, estagiária no CEMEMOR, [email protected]
Graduada em Biblioteconomia na ECI da UFMG, Mestre e doutoranda em Ciências da Informação pela mesma instituição, bibliotecária do CEMEMOR, [email protected]
Graduanda de História na Fafich da UFMG e estagiária no CEMEMOR, [email protected]
52
Graduada em Relações Públicas pela Newton Paiva, Mestre e Doutora em História pelo Departamento de Pós Graduação de História da FAFICH da UFMG, Coordenadora Acadêmica do
CEMEMOR da Faculdade de Medicina da UFMG, [email protected]
53
Graduado em História pela UNI-BH, analista de sistema do CEMEMOR, [email protected]
50
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Keywords: Science Communication. University Scientific Acquis. Temporary Exhibitions.
Access to Information. Digital Resources.
1 INTRODUÇÃO
A modernidade, com seu ritmo frenético e o constante bombardeamento de
informações, fazem, cada vez mais, da administração do tempo, um fator primordial para a
vida das pessoas. A seleção do que é ou não relevante, do que faz ou não sentido é fruto de
decisão pessoal e também das demandas culturais e sociais de nosso tempo.
O Centro de Memória da Medicina - CEMEMOR, criado em 1979, ocupa cerca
de 600 m² do térreo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). De acordo com seu Regimento, o CEMEMOR deve “constituir acervos
documentais e bibliográficos, cuidando de sua restauração, organização, conservação,
divulgação e permuta” (REGIMENTO INTERNO, capítulo 1, artigo 1, § II).
É o centro de memória mais antigo da UFMG e possui rico acervo e variado em
várias tipologias: bibliográfico, documental, tridimensional, sonoro, artístico e iconográfico
na área da Saúde.
Este acervo encontra-se em uma área de destaque, logo à esquerda do hall de
entrada e do Salão Nobre da Instituição. É um espaço de amplo potencial de divulgação, onde,
na década de 1960, ficavam os salões de festa. Este espaço nobre atualmente está a serviço da
democratização do conhecimento científico. Por ocupar um espaço público bastante visível, é
imperativo que este acervo científico universitário seja compartilhado e exposto ao público,
pois:
Se entendemos a importância dos conhecimentos produzidos pela Ciência como algo
inquestionável para o mundo moderno, a importância da comunicação destes
conhecimentos não deve ser menor, pois ela será o canal que possibilitará ao público
leigo a integração do conhecimento científico à sua cultura. (SÃO TIAGO, 2010,
p.9)
O acervo é dinâmico e, frequentemente, recebe contribuições que são
incorporadas, ou não, ao seu patrimônio, obedecendo à nova Política de Acervo redigida e
aprovada no início de 2013. Sendo assim, há atividade constante de seleção, identificação,
pesquisa e higienização das doações.
Uma demanda da Pró-Reitoria de Extensão da UFMG é a Divulgação Científica
dos acervos universitários. Nesse sentido, foi pensado um projeto de externalização do
patrimônio cultural científico do CEMEMOR, cujo título “Corredor da Memória” é alusivo ao
local onde se encontra.
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Assim, o público que diariamente circula nas dependências da Faculdade de
Medicina – alunos, funcionários, professores, visitantes e pesquisadores – pode contemplar
pequenas amostras de parte do acervo através de imagens dinâmicas com alta definição.
Desta forma, somente com imagens, sem o recurso de áudio, pretende-se que o público tenha
acesso a imagens selecionadas e leia legendas curtas estrategicamente colocadas ao lado de
cada monitor.
O motivo da escolha do espaço deste corredor foi a proximidade com o Centro da
Memória e o grande fluxo de pessoas – cerca de 3.900 pessoas por dia circulam no edifício da
Faculdade de Medicina. Este público era atraído pelos objetos expostos numa pequena vitrine
e também para a leitura de placas comemorativas de turmas de formandos da Faculdade,
fixadas na parede ao longo do corredor.
Junto com a arquiteta da Faculdade de Medicina, Eneida Ferreira Ricardo, a
equipe pensou em formas de requalificar o espaço do corredor de maneira moderna, funcional
e elegante. No final de 2012 foi elaborado o projeto e em meados do ano seguinte, foi
finalizada a instalação do painel e dos telões de 42.
O conceito do projeto baseou-se na transformação de um espaço de passagem em
um espaço de fruição e apropriação pelo público, como uma extensão do Centro da Memória,
através da projeção de imagens do acervo existente em sua vasta reserva técnica e um convite
à visitação às suas dependências.
O projeto arquitetônico diagnosticou a necessidade de uma nova iluminação e do
rebaixamento de teto com gesso nesse trecho do corredor, além da instalação de persianas nas
janelas opostas aos painéis, propiciando um melhor conforto visual para apreciação das
imagens e também configurando um espaço diferenciado para o público.
Os painéis prestam-se, tanto a proteger os televisores e suas respectivas
instalações, quanto a servir de base para fixação de informações sobre a exposição corrente e
legendas, propiciando a informação sem quaisquer fronteiras. Sua altura foi definida de
forma a proporcionar boa visibilidade a todos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida.
O “Corredor da Memória”, graças à sua localização e seu dinamismo, permite a
realização de exposições temporárias e temáticas, amplia a capacidade de divulgação de
grande parte do material inédito do acervo e garante a integridade física e a segurança do
mesmo.
As exposições temáticas são fruto de pesquisas, realizadas por professores, alunos
e pesquisadores da Faculdade, com documentação interna como fotografias, ilustrações, livros
e instrumentos médicos que compõem o acervo tridimensional.
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As coleções do Centro de Memória são complexos legados da memória cultural
que permitem conexões capazes de ampliar seus efeitos em termos de comunicação,
educação, participação e fruição. Elas ultrapassam as fronteiras do Campus Saúde, pois
algumas são anteriores à criação da Faculdade (fundada em 1911); outras são oriundas de
áreas do conhecimento como a Química e a Física, e várias foram introduzidas de outros
países e culturas. A história da Faculdade de Medicina, seus professores, suas turmas, suas
disciplinas e o desenvolvimento da Ciência Médica aparecem também no contexto maior da
história da cidade de Belo Horizonte e do Brasil.
É fundamental notar que, num século voltado para a modernização tecnológica, as
novas gerações também se interessem pelos fundamentos e pela história do desenvolvimento
do fazer profissional. Então, justifica-se a montagem da exposição em um espaço
propriamente acadêmico que contribui para a reflexão sobre o presente e sua relação com os
acontecimentos do passado, além de agregar valor ao patrimônio.
O projeto é primordial porque ao divulgar suas pesquisas para a sociedade sem o
uso da internet auxilia para a derrubada da “muralha digital”. O objetivo do “Corredor da
Memória” é divulgar o acervo do CEMEMOR e instigar a curiosidade do público que circula
dentro da Faculdade de Medicina em relação à profissão, às práticas médicas e científicas, aos
aspectos da saúde, da história das doenças, das personalidades e da contribuição da instituição
para a humanidade.
2 DISSEMINAÇÃO CIENTÍFICA NO ESPAÇO EXPOSITIVO
Difícil pensar em divulgação científica sem refletir um pouco sobre o processo de
comunicação científica. Distinção entre a divulgação científica e comunicação científica:
A comunicação científica visa, basicamente, à disseminação de informações
especializadas entre os pares, com o intuito de tornar conhecidos, na comunidade
científica, os avanços obtidos (resultados de pesquisas, relatos de experiências, etc.)
em áreas específicas ou à elaboração de novas teorias ou refinamento das existentes.
A divulgação científica cumpre função primordial: democratizar o acesso ao
conhecimento científico e estabelecer condições para a chamada alfabetização
científica. Contribui, portanto, para incluir os cidadãos no debate sobre temas
especializados e que podem impactar sua vida e seu trabalho, a exemplo de
transgênicos, células tronco, mudanças climáticas, energias renováveis e outros itens
(BUENO, 2010, p.5).
A divulgação científica ocorre entre cientista e o grande público, visando atender
um público mais amplo. Segundo Albagli (1996) a divulgação científica é um conceito mais
restrito que difusão científica e é considerado mais amplo do que comunicação científica.
Fernandes (2011) destaca que a divulgação científica está associada à missão de
educação social. A autora ainda expressa que a divulgação científica “transforma o saber num
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sistema de representações sociais” sendo um discurso sobre a ciência, tornando-a acessível ao
senso comum.
A divulgação científica tem múltiplos objetivos, entre eles, auxiliar as atividades
educacionais com artigos que sejam de interesse dos estudantes. Ela pode ser realizada de
muitas formas diferentes, em parceria com os cientistas para que a informação tenha conteúdo
e credibilidade. As formas mais tradicionais de divulgação são textos, vídeos, feiras, palestras
e museus, mas também se pode disseminar o conhecimento científico através das novas
tecnologias como blogs, twitter, portais, facebook, entre outros (TORRESI; PARDINI;
FERREIRA, 2012).
Nos últimos anos os museus alargaram seu potencial educacional com o
desenvolvimento de técnicas educativas e de exposição (ALBAGLI, 1996). Um dos objetivos
do Centro de Memória da Medicina é prover informação histórica da área da Saúde para a
comunidade acadêmica especificamente, e para o público em geral, possibilitando a mudança
de percepção e a produção de questionamentos sobre o avanço da ciência e da tecnologia.
Nesse sentido, a partir de 2015, o CEMEMOR desenvolve uma nova plataforma
que será também um banco de dados onde serão disponibilizados documentos, obras, imagens
digitalizadas, com recursos capazes de facilitar a busca da informação e também a produção
de estatísticas e gráficos sobre os usuários, como a contagem de visitantes, o tempo de
navegação e o local.
Esta plataforma, baseada no Centro de História e Novas Mídias da Fundação Roy
Rosenzweig da Universidade George Mason está em desenvolvimento. O responsável pela
mudança é o historiador, membro do CEMEMOR e analista de sistema da Faculdade de
Medicina, Kaiser Bergman.
A
nova
plataforma
pode
ser
acessada
em:
www.cememor.medicina.ufmg.br/sistema. Nela, o internauta já encontra as listas de
formandos desde 1917, exposições feitas no “Corredor da Memória”, acervo, coleções,
documentos, médicos notáveis e um pouco de história. Serão desenvolvidos aparatos para a
digitalização de obras raras e teses, banco de dados de imagens e links direcionados ao
Sistema Pergamum para pesquisa bibliográfica e Rede de Museus e Espaços de Ciência e
Cultura da UFMG.
Ainda em fase experimental no CEMEMOR, a plataforma de dados Omeka para
publicação na rede permite museus, centros de memória e sociedades culturais, estudiosos da
história e, principalmente, permite a educadores democratizar o conhecimento, publicar
coleções e criar atrativos como exposições online.
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A plataforma Omeka é projetada para instituições que não possuem equipe
especializada e grandes orçamentos para existir virtualmente. Esta é a aposta da modernização
do CEMEMOR: o próprio setor irá gerenciar conteúdos e atualizá-los com agilidade.
A informação científica nos espaços expositivos museológicos cumpre o papel
ideológico de criação de subsídios simbólicos e contribui para a construção de valores
específicos referentes à ciência:
A exposição é o meio pelo qual o museu estabelece sua inter-relação com a
sociedade, através da operacionalização do objeto musealizado e do emprego de
aparatos infocomunicacionais, teóricos e técnicos. Mais do que uma dentre as muitas
faces da atividade museológica, a prática de expor é a que determina a própria
essência de todo e qualquer museu como tal (SOUZA, 2011, p.262).
As exposições propostas são um incentivo para o público, uma vez que instigam a
curiosidade, implementam possibilidades de identificação, reforçam a interdisciplinaridade,
ampliam a interpretação de temas e conceitos e exercitam a apropriação cultural. Neste
sentido não há limites, apenas fronteiras que se abrem a novas temáticas, referências, saberes,
práticas, dúvidas, silêncios, personagens, discursos e emoções. Tudo isto faz com que
modelos de museologia sejam revitalizados.
3 PROJETOS EDUCACIONAIS PARA A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
O “Corredor da Memória” é mais um espaço de cultura e aprendizado sobre a
Arte Médica e sua história dentro do ambiente acadêmico. A divulgação para o público
interno e externo composto de visitantes espontâneos será a meta prioritária.
A gratuidade da exposição permite, também, a inclusão planejada, em suas
programações, de atividades para o público em geral e/ou para públicos especiais. Este é o
caso da palestra promovida por ocasião da exposição “Ilustração Científica: arte a serviço da
ciência”, onde a professora Ana Cecília Rocha Veiga, da UFMG, abordou aspectos
relacionados ao tema (fonte: http://lavgraft.com.br/2015/02/23/palestra-ilustracao-cientifica-aarte-a-servico-da-ciencia/ Acesso em: 25 fev. 2015).
Deverá incluir oportunamente projetos voltados para segmentos específicos e
grupos especiais (estudantes, professores, cidadãos idosos, comunidades carentes, entre
outros) e outros mecanismos que promovam oportunidades de acesso, participação e inclusão
real desses segmentos, como por exemplo, legendas em Braille e áudio nos telões.
O painel do “Corredor da Memória” é um espaço privilegiado para a divulgação
do conhecimento científico e oferece aos seus visitantes a possibilidade de conhecer e
participar dessa produção e, ao mesmo tempo, de ter acesso aos diferentes aspectos da área da
saúde.
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A metodologia é variada, uma vez que o acervo, temáticas e fontes também são de
naturezas diversas. Na primeira exposição, por exemplo, foram fotografadas amostras de
objetos que compõe o acervo. Então, em primeiro lugar, foi feita uma seleção baseada em
critérios de história, beleza e importância desses objetos. Em seguida, após higienização do
acervo, eles foram fotografados, tendo como pano de fundo um aparato de feltro que serviu
como base e fundo para as fotografias, de autoria de Bruna Carvalho de Oliveira.
As imagens foram feitas num equipamento Canon EOS 60D com lentes 24-70mm
e macro 100mm. Todas as imagens, em alta definição, foram pensadas para serem exibidas
evidenciando detalhes.
Num universo de 200 imagens, foram selecionadas apenas as que ilustravam
melhor a variedade e riqueza do acervo. Então elas foram distribuídas em pen drives em
conjunto que seguiram ordem de alternância entre tipologias de acervo.
Na exposição inaugural do “Corredor da Memória” foram utilizadas 110 imagens,
expostas alternadamente em cada monitor: fotos de antigos professores, imagens do prédio
original - primeiro edifício da Faculdade, medalhas, bustos, quadros, material cirúrgico,
documentos, livros, medicamentos, esculturas, placas, entre outros.
Todas passaram pelo tratamento de imagem no Adobe Photoshop. O fundo foi
variado nas cores preto, verde, vermelho e branco, para que as imagens ficassem realçadas na
rotatividade das fotos no monitor.
As imagens gravadas nos pen drives são veiculadas nos televisores fixados nos
painéis de madeira, conforme o projeto elaborado pela arquiteta Eneida Lopes Ferreira
Guimarães Ricardo, do Departamento de Projetos da UFMG. Esta foi uma exposição piloto,
já que foi criado um padrão de qualidade de imagem e disposição de legendas (ver figura 1).
Figura 1 - Perspectiva contida no projeto para o “Corredor da Memória”.
Fonte: Bruna Carvalho, 2014.
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4 RESULTADOS
O público que circula diariamente nas dependências da Faculdade de Medicina foi
estimado em 3.991 pessoas, dentre professores efetivos e substitutos, funcionários efetivos e
contratados, funcionários do Hospital das Clínicas, estagiários e jovens aprendizes da Cruz
Vermelha, alunos de graduação e de pós-graduação. Além disso, a Faculdade oferece,
semestralmente, cursos de extensão abertos à comunidade externa e de duração variável, para
aperfeiçoamento técnico em assuntos da Saúde. Assim, existe ainda uma “população
flutuante”, variável, na faixa de 250 pessoas externas por dia.
Quadro 1 - Exposições no “Corredor da Memória”
Data
Título
Características
12 de março a 10 Acervo do Centro de Memória 110 imagens. (Ver figura 2)
de maio de 2014
da Medicina
12 de maio a 10 de Engajamento
junho 2014
político
e 26 imagens inéditas do álbum do
resistência à Ditadura Militar na inquérito policial (Ver figura 7)
Faculdade de Medicina
12 de junho a 13 de A Medicina na Copa
31 imagens de alunos e professores
julho de 2014
da
Faculdade
que
atuaram
em
diversos times de futebol (Ver figura
4)
06 de agosto a 08 Formas de nascer no Ocidente
de
setembro
92 imagens (Ver figura 3)
de
2014
09 de setembro de Hanseníase em Minas Gerais na 50 imagens do álbum de fotografias
2014
a
30
de década de 1930
novembro de 2014
da Colônia Santa Izabel do professor
Antônio Aleixo.
15 de dezembro de Horto Medicinal Frei Veloso: Imagens
2014
a
31
do
de espaço de ensino, pesquisa e inauguração
janeiro de 2015
acervo
do
Horto,
sobre
a
imagens
extensão do Campus Saúde da recentes dos projetos lá realizados
UFMG
(Ver figura 5).
06 de fevereiro a Ilustração Científica: a arte a Fruto de edital junto ao LavGRAFT
06 de abril de 2015
serviço da Ciência.
e coordenada pela professora Ana
Cecília Rocha Veiga.
Fonte: Centro de Memória da Faculdade de Medicina da UFMG, 2015.
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Figura 2 - Estrutura já pronta e primeira exposição sendo exibida.
Fonte: Bruna Carvalho, 2014.
Figura 3 – Exposição “Formas de Nascer no Ocidente”.
Fonte: Bruna Carvalho, 2014.
Figura 4 – Uma das imagens exibidas na exposição “Medicina na Copa”.
Fonte: Bruna Carvalho, 2014.
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Com a implantação do “Corredor da Memória” o CEMEMOR teve sua visitação
aumentada em 20%, tanto de visitantes espontâneos como de pesquisadores da área da Saúde,
da História, da Museologia e da Arquivologia.
Figura 6 – Público visitando o Corredor da Memória.
Fonte: Bruna Carvalho, 2014.
Vale ressaltar que o CEMEMOR encontra-se incluído na Rede de Museus e
Espaços de Ciência e Cultura e vem desenvolvendo projetos e atividades em comum. Além
disso, o acervo bibliográfico de obras raras e preciosas está sendo incluído no Sistema
Pergamum da Biblioteca Universitária, tornando o acervo visível.
A programação das exposições do Centro de Memória faz parte das atividades do
Instituto Brasileiro de Museus, que promove semestralmente eventos em todos os museus do
Brasil. Desta forma, a programação do Corredor da Memória, fez parte da 12ª Semana de
Museus, “Museus, coleções criam conexões”, de 12 a 18 de maio de 2014 e pretende
participar com duas exposições no evento de 2015, de 18 a 24 de maio: “Almanaque do
Médico de Província: o Erário Mineral de Luís Gomes Ferreyra” e “O primeiro microscópio
eletrônico da América do Sul e o pioneirismo científico da Faculdade de Medicina da
UFMG”.
Já foram divulgadas duas coleções existentes no acervo do CEMEMOR. A
primeira delas consistiu em expor imagens dos livros raros, equipamentos médicos, vidraria e
documentos manuscritos inéditos.
Na segunda exposição, ao ensejo dos 50 anos da implantação do regime Militar no
Brasil, foram expostas as imagens da invasão da Faculdade de Medicina pelo exército e a
depredação resultante dessa violação da autonomia universitária. Nesta exposição foram
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utilizadas fotografias do inquérito policial, parte do acervo do CEMEMOR e demandou
pesquisa documental.
Figura 7 - Página do álbum feito na perícia referente às depreciações no Edifício Central da Faculdade de
Medicina, aos 3 e 4 de maio de 1968, exibidas nos televisores.
Fonte: Bruna Carvalho, 2014.
Como a experiência de curadoria de exposições no “Corredor da Memória”
revelou-se promissora, no decorrer de 2014 foram elaboradas outras exposições (ver Figuras
3, 4, 5 e 7):
a. “Medicina no Futebol”, homenageando ex-alunos que atuaram em times
profissionais ou em times da Faculdade de Medicina;
b. “Formas de Nascer no Ocidente” (curadora professora Anayansi Brenes) com
imagens sobre História da Medicina, Parto Natural, Parto Cesariano, Parto
Normal e Símbolos associados ao Parto;
c. “Hanseníase em Minas Gerais: Colônia Santa Izabel na década de 1930” com
fotos inéditas de álbum comemorativo de 5 anos da Colônia, acervo do professor
Antônio Aleixo;
d. “Horto Medicinal Frei Veloso: espaço de Ensino, Pesquisa e Extensão no
Campus Saúde UFMG” (curadoria dos professores José Lucas Aleixo e José
Divino Lopes) sobre a Fitoterapia no mundo, no Brasil e em Minas Gerais e as
plantas que são aprovadas pela Organização Mundial da Saúde, bem como
imagens de projetos em andamento no Horto Medicinal que fica dentro do
Campus Saúde e ocupa cerca de 200 m²;
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e. “Ilustrações Científicas na área Médica” (curadoria Professora Ana Cecília
Rocha Veiga) com edital específico para seleção de imagens com palestra sobre o
tema.
Para 2015, com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pró-Reitoria de Extensão da
UFMG, através de edital 10/2014, estão em planejamento as seguintes exposições:
a. Evolução de disciplina de ciência Médica na Faculdade de Medicina.
b. Almanaque do Médico de Província: o Erário Mineral de Luis Gomes Ferreyra
(já inscrito na 13ª Semana de Museus do IBRAM)
c. Imagens de professores da Faculdade: fundadores, professores eméritos e exdiretores, representados em telas de artistas plásticos.
d. Juscelino Kubitschek – Acervo fotográfico digitalizado: Ex-aluno e estadista.
e. Professor Baeta Viana – Digitalização das fotos de álbum.
f. Obras Raras do acervo do Centro de Memória da Medicina.
g. Teses Médicas do acervo do Centro de Memória da Medicina.
h. Arquitetura do Campus Saúde – fotos das edificações e sua história.
i. Equipamentos médicos - passado e presente.
j. Imagens do Museu de Ciências Morfológicas – “Conexão homem natureza:
modelos que se repetem”. Imagens de estruturas celulares similares em seres vivos de reinos
diversos que mantém padrão semelhante.
k. Imagens de Ilustrações de doenças dermatológicas de autoria de Cazenave:
“Maladies de La peau” (1856).
l. Doenças na Arte: imagens de pinturas e gravuras de artistas consagrados que
retratam pessoas portadoras de moléstias e deficiências.
m. Exibição das capas da Revista Médica de Minas Gerais.
5 CONCLUSÃO
O profissional da Informação atualmente transita por várias áreas, conciliando a
interdisciplinaridade o que o capacita a ser muito mais profissional e também um cidadão com
responsabilidade social.
A criação do “Corredor da Memória” foi fundamental para divulgar o
CEMEMOR e incentivar a visitação do público, seja ele composto de pesquisadores ou de
curiosos. Tem sido muito gratificante receber comentários do tipo: “aqui deparamos com
materiais não disponíveis em outros acervos”. Outro recurso fundamental é a mídia digital
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capaz de democratizar a história, ou seja, incorporar múltiplas personagens e atingir diversos
públicos.
Por último, mas não menos importante, as imagens projetadas nos telões, e as
informações do site, certamente irão instigar a busca pelo conhecimento e incentivar a
visitação de outros espaços do Centro de Memória, como as vitrines internas com peças de
anatomia patológica e a Galeria Luis Gomes Ferreyra, que abriga a exposição “Nas Veias da
Memória: alguma história da Medicina”.
Lugar de produção do conhecimento por excelência, a universidade, ao se abrir
para o público por meio de seus museus e recursos digitais, pode facilitar a comunicação entre
visitantes e a ciência, mediada por aparatos científicos e metodologias educacionais,
possibilitando a ação do indivíduo em sua própria aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ALBAGLI, Sarita. Divulgação científica: divulgação para a cidadania. Ciência da
Informação, Brasília, v. 25, n. 3, p. 396-404, set./dez. 1996. Disponível em:
<http://revista.ibict.br/cienciadainformacao/index.php/ciinf/article/view/465/424>. Acesso
em: 07 mai. 2014.
BUENO, Wilson. Comunicação científica e divulgação científica: aproximações e rupturas
conceituais. Informação & Informação, Londrina, v. 15, n. Esp., p.1-12, 2010. Disponível
em: <http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000009517&dd1=a9f0a >. Acesso em:
13 mai. 2014.
FERNANDES, Joana Lobo. Perspectivas sobre os discursos da divulgação da ciência.
Exedra, Coimbra, n. especial, 2011.
SÃO TIAGO, Simone. Divulgação Científica e Sociedade. In: Brasil. Ministério da
Educação; TV Escola. Divulgação Científica e Educação, Rio de Janeiro, Ano XX, n. 1,
Abr. 2010.
SOUZA, Daniel Maurício Viana de. Ciência para todos? : A divulgação científica em museus.
Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 40, n. 2, mai./ago. 2011. Disponível em:
<http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000012010&dd1=a69f4>. Acesso em: 13
mai. 2014.
TORRESI, Susana I. Córdoba de; PARDINI, Vera L.; FERREIRA, Vitor F. Sociedade,
divulgação científica e jornalismo cientifico. Química Nova, São Paulo, v. 35, n. 3. 2012.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010040422012000300001&lang=pt>. Acesso em: Acesso 09 mai. 2014.
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AS REDES SOCIAIS E O BIBLIOTECÁRIO NA DISSEMINAÇÃO DA
INFORMAÇÃO EM REDE: a organização da informação no Facebook
GT 4 Mídias da informação: cidadania e Exclusão digital no contexto sociedade da
informação. (Apresentação oral)
MUNIZ, Djalda Maracira Castelo Branco54
VIANA, Joyce Mirella dos Anjos55
RESUMO
Estudo sobre a aplicabilidade da rede social Facebook as técnicas de organização da
informação pelo bibliotecário. Apresenta uma reflexão de como a rede social é constituída a
partir de uma discussão referente aos mecanismos de organização de informação. Realiza uma
observação participante no Facebook visando entender como as informações são
disseminadas, conceituadas e organizadas na rede social por Bibliotecários e como estes a
divulgam. Observa os fluxos de informações, onde há divulgação de informações
extremamente relevantes pelos bibliotecários pesquisados. Constatamos que a disseminação
da informação acaba se beneficiando do acesso fácil às ferramentas de interação, na medida
em que os bibliotecários podem usar a rede para obter as benesses da informação atingir uma
quantidade grande de outros usuários para a rede dos próprios bibliotecários, observamos que
o mecanismo de organização de informações com o uso de tags e outros parecem configurar
novos valores também na própria rede.
Palavras-chave:
Redes
sociais. Disseminação
de
informações. Organização
da
informação. Linguagem documentária.
ABSTRACT
Study of the applicability of the social network Facebook the organization of technical
information by the librarian. Presents a reflection of how the social network is made from a
discussion regarding the mechanisms for organizing information. Performs a participant
observation in Facebook in order to understand how information is disseminated,
conceptualized and organized the social network for Librarians and like these to disclose.
Observes the information flows, where there is disclosure of highly relevant information by
librarians surveyed. Notes that the dissemination of information ends up benefiting from easy
access to interactive tools, in that librarians can use the network to get the blessings of
information reach a lot of other users to the network of librarians themselves, we found that
information organization mechanism with the use of tags and others seem to set new values
also in its network.
Keywords: Social Networks. Dissemination of information. Organization of information.
indexing language
1 INTRODUÇÃO
As redes sociais ganharam destaque na rede mundial de computadores e na vida das
pessoas, afinal referem-se a interação ocorrida por esse meio entre elas. Para Tomael e
54
55
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA E-mail:[email protected]
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected]
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Marteleto (2006), as redes sociais são ligações formadas por pessoas, organizações sociais e
corporações com interesse em comum ou por amizade para a interação de sua vida pessoal e o
compartilhamento de informações ou conteúdos que constroem e reconstroem a estrutura
social. Processo de modelagem do conhecimento que visa a construção de representações do
conhecimento.
Para Recuero (2010), a rede social é a aplicação da metáfora da rede (estrutura
composta de nós ou modos e suas conexões) para os grupos sociais, onde atores constituem os
nós e laços sociais, as conexões. Segundo a autora, redes sociais não são estatísticas e sua
estrutura de conexões pode ser alterada por meio das dinâmicas que são promovidas pelos
indivíduos dentro do contexto dos seus relacionamentos pessoais e sociais, focados nas
relações de colaboração, competição, conflito, movimentos de ruptura, agregação, adaptação e
auto-organização. Na rede internacional de computadores, conhecida com web, rede social é
entendido sites de relacionamento. Como uma ferramenta em plataforma digital sua utilidade
se dá ao fazer a interação das redes sociais e são uma subdivisão da mídia social, que são
ferramentas que permitem a interação das redes sociais.
A horizontalização trazida na própria estrutura dessa mídia é a principal mudança em
relação à verticalização da mídia de massa. Para Boyd e Ellison (2007), os sites das redes
sociais são como serviços aos indivíduos para construir um perfil público ou semi-público
num sistema limitado, articular uma lista dos usuários com quem compartilham uma conexão
e ver o cruzar de suas listas de conexões e a dos demais dentro do sistema. A natureza e a
nomenclatura dessas conexões podem variar de site para site.
Na atualidade, são várias redes sociais, que reúnem pessoas com interesse em um
assunto ou tema, ou ainda de caráter geral. Na coleta dos dados verificamos que as redes
sociais mais comumente utilizadas pelas unidades de informação brasileiras que possuem
perfis nessas plataformas são: Facebook, G+, Twitter e Instagram, (SPADARO, 2013).
A rede que abordaremos é o Facebook, criado em 2004, o website direcionado ao
público universitário norte americano, e logo se tornou popular mundialmente. É possível
criar um perfil como pessoa ou uma página como empresa, figura pública, marca,
comunidade, etc., elaborar enquetes, usar aplicativos entre outros serviços. Os perfis possuem
fotos, mural de mensagens, listas de amigos, interesses pessoais e podem ser enviadas
mensagens públicas, privadas e para grupos criados e selecionados pelos próprios utilizadores.
Há vários níveis de privacidade a serem configurados.
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Tal rede social foi selecionada por ser, atualmente, um dos mais utilizadas tanto no
meio acadêmico da Universidade Federal do Maranhão, quanto pelos profissionais atuantes da
área.
O caráter agregador de dados, documentos e informações e a disponibilização dos
mesmos, característico de uma unidade informacional, é um dos pontos em comum com a
troca de informações e conhecimentos promovida pelas redes sociais. Maness (2007) acredita
no potencial do uso das redes sociais por uma unidade de informação:
Redes sociais permitiriam que bibliotecários e usuários não somente interagissem,
mas compartilhassem e transformassem recursos dinamicamente em um meio
eletrônico. Usuários podem criar vínculos com a rede da biblioteca, ver o que os
outros usuários têm em comum com suas necessidades de informação, baseado em
perfis similares, demografias, fontes previamente acessadas, e um grande número de
dados que os usuários fornecem. (MANESS, 2007, p. 48).
Participar de redes sociais implica em adaptações, constante atualização e
monitoramento. Garcia Giménez (2010), afirma que é preciso escolher em que rede
posicionar a biblioteca e fazer uma avaliação prévia das possibilidades de dedicação, tempo e
recursos suficientes para adicionar conteúdo ao seu perfil. O autor aponta que um bom
planejamento que inclua as redes sociais no conjunto de processos de trabalho da biblioteca
pode oferecer as vantagens tangíveis da utilização dessas ferramentas por causa da
transmissão viral e exponencial da informação nas redes sociais. Não basta criar perfis nas
redes sociais, é preciso monitorá-las para saber o que as pessoas comentam sobre a
instituição, o que causa dúvidas, insatisfações, assim como aquilo que está sendo valorizado e
disseminado para os demais porque são ferramentas de comunicação, canais de diálogo 24
horas por dia.
Para atuar nas redes sociais é preciso fazer um planejamento considerando alguns
pontos, como: Quem são os usuários reais e potenciais?; o que se pretende divulgar nessas
plataformas?; De que forma será feita a alimentação dessas mídias?; Qual tipo de conteúdo
será postado?; Como registrar e disseminar conteúdos informacionais de qualidade na rede
social?.
Uma vez criado um perfil em uma rede social para Spadoro (2013), é preciso
publicar conteúdo com regularidade, a periodicidade é definida pela própria instituição; é
importante ter rapidez na resposta a dúvidas, sugestões ou comentários postados pelo público;
não é possível controlar as informações publicadas pelos contatos, por isso a importância de
monitorar o que se fala sobre a instituição para reduzir impactos negativos; como toda e
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qualquer tecnologia, mudanças acontecem a todo o momento. É preciso estar atento às
alterações de interface, de funcionamento, à adição de funcionalidades, às atualizações, etc.
Publicar qualquer notícia, curtir, comentar e compartilhar, é mais, é torna-la acessível
posteriormente para que as outras pessoas que ficaram interessadas naquela informação
possam acessá-la e que a mesma não se perca em um emaranhado de outras informações. Tem
que ter responsabilidade por que o que postamos também pode ser interpretado de diferentes
maneiras, pois são variadas as diversidades de público que atendemos e fazemos parte da rede
de amigos de diferentes eixos da sociedade.
A metodologia aplicada foi a observação das publicações postadas por três
Bibliotecários na rede social mais utilizada no momento o Facebook e dele tirarmos as nossas
conclusões sobre a taxonomia e as ontologias criadas a partir dos mecanismos informacionais
disseminados pelos Bibliotecários para assim compreendermos com estes a utilizam no
ambiente da web 2.0.
2 A REDE SOCIAL
O uso cada vez crescente da Internet e seus diversos produtos e serviços tecnológicos
modernizaram de modo notável os padrões de agregação social nas últimas décadas. A
relativização das noções de tempo e espaço e a redução dos rituais sincrônicos abriram espaço
para a mobilidade e o estabelecimento de comunidades não constrangidas pela dimensão
geográfica e ocasionou também a implementação de novos padrões de cooperação. A
disseminação em caráter mundial de informações obteve um alto padrão de agregações que se
constituem em torno do interesse informacional, criando um fluxo contínuo e cada vez mais
veloz. Assim surgiram as comunidades virtuais, uma modalidade de agregação de sujeitos
dispersos geograficamente em torno de interesses comuns.
Nesse ambiente de cooperação abrem-se também espaço para a articulação das
comunidades de prática. As comunidades de prática são, de acordo com McDermott (1999).
Agrupamentos de pessoas que compartilham e aprendem uns com os outros por contato físico
ou virtual, com um objetivo de resolver problemas, trocar experiências, desvelamentos, a
construção de modelos padrões, técnicas ou metodologias, tudo isso com previsão considerar
as melhores práticas.
Segundo Moura ( 2009, p. 67);
As redes sociais seriam como “[...] territórios neutros das pressões sociais e da
demanda por produtividade, devem possuir um domínio de atuação partilhado de
forma colaborativa ou comunitária e compartilharem práticas comuns (experiências,
problemas e soluções, ferramentas, vocabulários e metodologias).”.
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Em sua origem, o termo foi proposto nos estudos de Jean Lave e de Etienne Wenger
baseado em trabalhos desenvolvidos no final dos anos oitenta, quando investigaram a
aprendizagem em diversos tipos de comunidades e o papel da participação periférica no
fortalecimento das práticas partilhadas. De acordo com Lueg (2008), em comunidades de
prática a integração a partir da periferia dos processos não implica em subalternização da
participação, mas pode auxiliar ao novo membro na compreensão das formas e as dinâmicas
de funcionamento do grupo.
Segundo Moura (2009, p. 5):
As ações dessas comunidades envolvem simultaneamente o compartilhamento dos
conhecimentos explícitos e tácitos. O conhecimento explícito constitui-se em um
saber que pode ser formalizado em procedimentos comuns tais como vocabulários,
conceitos e bases de conhecimento. O conhecimento tácito por outro lado, é um
conhecimento pessoal, de mais difícil formalização na medida em que agregam
crenças, savoir-faire, histórias, anedotas e linguagens corporais, elementos esses que
passam por sistemas difusos de codificação em explicitação.
Identificamos dois tipos de comunidades: as autorreguladas e as patrocinadas. As
autorreguladas são as que possuem alto grau de informalidade e descentralização, cujos
principais focos de atenção são os interesses comuns de seus membros. As trocas geralmente
são realizadas e podem agregar valor às ações profissionais e intelectuais de seus
participantes. Com caráter resiliente essas comunidades se conduzem pela dinâmica de
interesse de seus membros e podem no curso de suas ações alterarem seus objetivos iniciais
ou mesmo assumirem a forma de uma comunidade patrocinada.
As comunidades patrocinadas são iniciativas mantidas ou apoiadas por organizações.
Por receberem apoios institucionais o curso das ações é orientado a resultados mensuráveis, as
responsabilidades são partilhadas e seus membros ocupam papéis específicos.
Os principais dispositivos adotados na condução e formalização das comunidades de
prática são os groupwares, os repositórios de dados e conhecimento, a gestão de
documentos, os motores de busca, os agentes inteligentes, as intranets e os
websites.(MOURA, 2009, p. 5)
Moura (2009), ressalta que o universo das comunidades virtuais de prática (CoPS)
“[...] são movimentos colaborativos na WEB que através de tecnologias síncronas e
assíncronas ampliaram a comunicação, interação e a produção e o compartilhamento de
informações entre sujeitos dispersos geograficamente [...]”. Moura (2009), elenca ainda as
dificuldades enfrentadas pela comunidade virtual:
a) o nível de disciplina exigido;
b) a natureza do conhecimento partilhado;
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c) a fluidez das relações que se estabelecem pelo meio digital;
d) o estabelecimento da confiança mútua e o
e) respeito aos acordos pactuados na comunidade.
Dado que a intensificação da comunicação é o principal elemento agregador desse tipo
de comunidade, a linguagem exerce uma função central nesses contextos. A linguagem no
âmbito desse trabalho é compreendida como mediações compartilhadas e tacitamente
construídas com vistas a efetivar a expressão do pensamento humano.
Segundo Moura (2009, p. 6):
As redes sociais, são agregações sociais organizadas em torno de temáticas e
interesses específicos que partilham, produzem e disseminam conhecimento e
informações. Essas redes atuam aos moldes dos colégios invisíveis e utilizam
intensamente as tecnologias digitais em rede como um mecanismo de agregação e
produção coletivas.
Elas possuem uma lógica de agregação patada pela horizontalidade das relações
sociais e, de acordo com Dias e Silveira (2007), caracterizadas por processos produtivos e de
experiência, poder e cultura, dinamismo e descentralização na tomada de decisão, autonomia
dos membros, horizontalidade das relações e desconcentração do poder.
Incorporam-se conforme Marteleto (2005), em três dimensões fundamentais: a
dimensão sócio-comunicacional, a linguístico-discursiva e a de produção de sentidos. A
dimensão sócio-comunicacional envolve os elos, motivações e interações entre os atores
sociais. A dimensão linguística e discursiva incorpora os aspectos cognitivos e informacionais
envolvidos no compartilhamento social. Finalmente, a dimensão de produção de sentidos
explicita o fluxo e a dinâmica da ação colaborativa partilhada.
No ambiente digital os provedores de soluções colaborativas em rede logo trataram de
programar funcionalidades aos softwares para que eles pudessem facilitar o nível de
cooperação já, a partir do pacto de linguagem. Em decorrência disso, os membros das
comunidades virtuais puderam constituir e instanciar no nível computacional os principais
eixos temáticos desenvolvidos e expressos em linguagem.
O movimento exponencial das redes sociais sobre a organização da informação em
ambientes digitais, sobretudo, porque se criou uma grande expectativa de que as redes e seus
membros seriam eles próprios capazes de coordenar os fluxos informacionais e o
aprovisionamento de soluções no âmbito da gestão dos sistemas de informação.
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Assim nesse contexto, as Folksonomia tem status de instrumento de representação da
informação, mesmo elevando a complexidade do tratamento da linguagem verbal em
contextos de representação da informação. Ambientado na crescente presença de usuários, em
rede que estão em fase de pesquisa, e de muitos autores que disponibilizam conteúdos on-line
sem a intervenção de mediadores, tornou-se evidente que o campo da organização da
informação precisar rever seus métodos com vistas a compreender esse movimento de
transformação intelectual inevitável.
A tessitura apresentada mostra que redes sociais têm funcionado em torno das trocas
informacionais que se realizam em ambientes dotados de Folksonomia que permitem através
da etiquetagem dos interesses informacionais, o compartilhamento e a validação de uma
linguagem de referência.
O controle desse léxico ainda encontra-se atravessado pela intensificação das redes de
significação que se estruturam no uso social da linguagem, mas acredita-se que a dinâmica
estabelecida pode oferecer pistas, rumo à atualização da linguagem de representação
informacional de modo mais ágil, conforme já salientado.
3 ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
A organização do conhecimento envolve a análise do conceito e de suas
características para o estabelecimento da posição que cada conceito ocupa num determinado
domínio, bem como das suas relações com os demais conceitos que compõem um sistema
conceitual Sistemas de Organização do Conhecimento (SOC).
O termo Knowledge Organization Systems (KOS) foi proposto em 1998 pelo
Networked Knowledge Organization Systems Working Group para englobar sistemas de
classificação, tesauros, cabeçalhos de assunto, arquivos de autoridade, taxonomias, redes
semânticas e ontologias. Sistemas conceituais que representam determinado domínio por meio
da sistematização dos conceitos e das relações que se estabelecem entre eles. O Tesauro e está
ligado a Linguística e a Lexicografia, a Taxonomia vem da Biologia, da Classificação dos
seres vivos, a Ontologia vem da Filosofia e em grego ontos e logoi, significa "conhecimento
do ser" e a Ciência da Informação está ligada a organização e a recuperação da informação.
As construções mentais que servem para classificar os objetos individuais do mundo exterior
ou interior através de um processo de abstração mais ou menos arbitrário. Uma classificação
não é evidente em si mesma.
A classificação é um processo arbitrário, um sistema de classificação seleciona os
relacionamentos a serem apresentados. Ao analisar um assunto, identificamos diferentes
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facetas e podemos agrupar os conceitos de diferentes maneiras. A característica de divisão é
um atributo ou propriedade do conceito.
Uma relação é uma associação entre duas ou mais entidades ou classes de entidades
(considerando entidade como elemento básico da realidade.) Relação conceitual: entre os
conceitos que representam essas entidades, no contexto de um SOC (Sistemas de Organização
do Conhecimento). Conceitos são os tijolos de uma estrutura conceitual, as relações entre eles
são o cimento que os mantêm juntos (BEAN; GREEN; MYAENG, 2002).
Tesauro é um instrumento de controle terminológico, utilizado em sistemas de
informação para traduzir a linguagem dos documentos, dos indexadores e dos pesquisadores
numa linguagem controlada, usada na indexação e na recuperação de informações. As
Ontologias definem conceitos e relações de alguma área do conhecimento, de forma
compartilhada e consensual. Esta conceitualização deve ser representada de maneira formal,
legível e utilizável por computadores. Compostas de taxonomia e regras de inferência.
Ontologia explicita o conhecimento de um domínio, promove a padronização e a
reutilização de representações do conhecimento, compartilha um entendimento comum da
estrutura da informação (pessoas e sistemas), possibilita a criação de novo conhecimento a
partir do existente. Os que possuem em comum, a taxonomias e tesauros são diferentes
abordagens para ajudar a estruturar, classificar, modelar e/ou representar conceitos e relações
de uma área de interesse de uma comunidade; Há um conjunto de termos que a comunidade
concorda em usar para referir-se a estes conceitos e relações, de uma mesma maneira; O
significado dos termos é especificado de alguma maneira e em algum nível; São noções não
muito bem definidas e de diferentes maneiras por diferentes indivíduos e comunidades.
4 OS BIBLIOTECÁRIOS NA REDE E A ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA
REDE
Analisamos três perfis na rede sociais de Bibliotecários atuantes em Bibliotecas e que
mantêm com regularidade a postagem em seus respectivos perfis. Escolhemos e pedimos
autorização para análise de seus perfis dos que são proativos e criativos pois:
Algumas características são fundamentais no profissional da informação, podendo
ser nato ou não, como: criativo, investigativo, de senso crítico, empreendedor,
proativo, político, entre outras. No caso de o profissional não possuí-las, será
necessário desenvolvê-las durante a sua formação ou atualização, buscando uma
melhor atuação profissional no mercado de trabalho. (ABEBD, 1998 apud
VALENTIM, 2000, p. 140)
E estes nos são os mais adequados para a nossa análise. O 1º Bibliotecário é graduado
em Biblioteconomia pala Universidade Federal do Maranhão e Especialista em Leitura e
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Formação de Leitores. Criou sua conta no Facebook, no dia 22 de novembro de 2010 e têm
postado com bastante regularidade, principalmente notícias relacionadas à biblioteca em que
atua, nos eventos e serviços, comumente em outros estados em outras instituições. Como nos
pautamos em analisar os primeiros meses do ano de 2014, elencamos as postagens ligadas
disseminação da informação como notícias, eventos, assuntos políticos, sociais, educacionais,
profissionais e econômicos que por ventura tenha sido utilizado pela bibliotecária.
Foram publicadas notícias sobre as reuniões com os vinte escritores maranhenses do
primeiro decênio do século XXI homenageados pela Secretaria de Estado da Cultura e pela
Biblioteca Pública Benedito Leite. A atividade em ocasião da morte do escritor Gabriel
Garcia Marquez na Unidade de Informação. O da XXI Quinzena do Livro Infantil. A
divulgação aprovação de trabalhos em eventos como no VIII Seminário Nacional de
Bibliotecas Braille. As atividades que são apresentadas durante a semana e o dia do
Bibliotecário, VII edição do Lançamento Coletivo de Obras Maranhenses, no encontro do
Programa Nacional de Incentivo à Leitura regional (PROLER/MA) entre tantos outros.
Consideramos que bibliotecário 1 utiliza mais que um perfil pessoal, utiliza a página
nessa rede social para divulgar as atividades desenvolvidas na biblioteca e que o marca em
vários momentos em suas postagens é o foco sempre direcionado ao seu lado profissional.
O Bibliotecário 2 é assessor de gabinete do Núcleo Integrado de Bibliotecas da
Universidade Federal do Maranhão, é graduado em Biblioteconomia, especialista em gestão
pública e possui mestrado em Desenvolvimento Sócio-espacial e Regional pela Universidade
Estadual do Maranhão, possui conta na rede social desde 2010.
As suas postagens quase diárias, no período estudado, é principalmente focado em
notícias relacionadas à pesquisa, literatura, eventos científicos e culturais, direitos humanos,
treinamentos de portais de periódicos, apresentação de cursos, apresentação de trabalhos em
eventos, indicação de leituras, participação em eventos da Biblioteconomia e Científicos em
outros estados, participação em mesas redondas, convidando para eventos locais, estaduais e
nacionais, compondo mesa de abertura em eventos, disseminando informações das mais
diversas áreas, incentivando a leitura, comunicando abertura de seletivos de pós-graduação,
nas atividades ligadas ao Conselho da classe Bibliotecária, divulgando serviços e produtos da
Biblioteca Central e das Setoriais da UFMA.
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Percebemos neste período de tempo um perfil mais voltado para a divulgação do
profissional Bibliotecário chamando a atenção para as suas atividades e as suas participações
em variados eventos e principalmente incentivando a leitura. Neste perfil percebemos o uso
intensivo de classificação e organização do que está sendo divulgado além da simples
informação marcando-as com tags ou hastag e palavras ou com frase explicando a informação
que auxiliam na busca posterior da postagem pelo bibliotecário ou por algum interessado pela
informação que na maioria das vezes que foi nos percebido foi utilizada a linguagem natural
como forma de ‘catalogar’ a informação veiculada.
O Bibliotecário 3 é graduado pela Universidade Federal do Maranhão, exerce a
profissão na Biblioteca do Mestrado em Direito-UFMA. Possui conta no Facebook, desde
setembro de 2010. Do mês de janeiro até maio suas postagens, não são tão frequentes, mas se
voltam na divulgação bases de dados conveniadas ao portal da Capes, treinamento e uso das
bases, eventos científicos e culturais de Biblioteconomia e de outras áreas, divulgação ebooks e gratuitos cursos de várias áreas, atividades relacionadas a atividades acadêmicas,
notícias sobre leitura e literatura, atividades relacionadas aos bibliotecários, apresentação de
cursos, apresentação de trabalhos em eventos locais, estaduais e nacionais, indicação de
leituras, participação em eventos de Biblioteconomia e Científicos em outros estados,
informações de atividades culturais, poesias, disseminação dos produtos e serviços.
Seu enfoque nas postagens é menos pessoal e mais voltado para as que têm ligação
com a profissão, pois se lança mais a publicar atividades da área do que divulgar a que
desenvolve nesse período que foi analisado. Não deixando de se utilizar alguns mecanismos
da linguagem documentária para divulgar os eventos científicos nas frases de chamada.
Constatamos-nos 3 (três) casos estudados que a atuação destes personagens na rede
social analisada é uma iniciativa que merece destaque e serve de exemplo de como um
profissional pode ser mais atuante no ambiente da Web, por meio das redes sociais. Não
existe um modelo pronto para um perfil nessa plataforma, pois cada um publica o que
considera ser relevante.
Consideramos que é possível administrar suas contas pessoais e ao mesmo tempo
publicar sobre atividades ligadas à Biblioteconomia, usando informações de alguns sites e
aplicativos eles podem e devem escolher qual conteúdo mais adequado pode ser publicado ao
seu perfil na rede e deve utilizar a linguagem natural ou a artificial a que mais se adequar ao
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público que o segue na rede, ou seja, no ambiente de hipertexto. Outra questão ser resolvida
pelo bibliotecário é definir a periodicidade das atualizações, pois uns publicam mais outros
menos e com pouca regularidade. Mas há a possibilidade de manterem post’s, dada a
variedade de suportes que dão acesso à postagem direta na rede social, para garantir que os
seus perfis tenham constância e mantenham informações relevantes ao perfil que pretendem
manter na rede.
5 CONCLUSÃO
Percebemos que as buscas são diferentes e as maneiras para localizar a informação,
são feitas de formas diferentes indivíduos e comunidades. Podem utilizar bases teóricas e
metodológicas comuns a determinado ponto acesso. A decisão sobre uma ou outra linguagem
depende da aplicação escolhida pelo bibliotecário e pelo usuário.
As ferramentas verbais de representação da informação permanecem como excelentes
instrumentos de mediação no acesso à informação em contextos digitais devido à perenidade
do conjunto de regras adotadas no seu estabelecimento. Assim, acredita-se que ao
incorporarmos criticamente o discurso e as práticas das redes sociais, poderemos aprimorar as
formas de acesso à informação e à representação das informações disponíveis em contextos
digitais.
O caráter onipresente que o documento eletrônico se tornou e devido ao processo da
grande demanda por informação, é necessário transformar radicalmente o nosso modo de
pensar o aspecto material, a cognição e a percepção empregadas pelos usuários num contexto
de interações hipertextuais, perceber o que o usuário utilizaria para localizar uma informação
postada anteriormente é o maior dos desafios para os bibliotecários.
Acredita-se, pois, que na consideração, explicitação e formalização dos mecanismos
de significação, presentes nos percursos e contratos de leituras realizadas pelas redes sociais,
repousa as possibilidades de alterarmos as lógicas de organização da informação e privilegiar,
como foco, a circulação social do saber.
Finalmente concluímos bibliotecário tem que ter responsabilidade por que a forma
como classificamos, inserimos tag’s ou hastag’s para localizar a informação, também podem
ser interpretadas de diferentes maneiras, pois são variadas as diversidades de público que
atendemos e fazemos parte da rede de amigos de diferentes eixos da sociedade.
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REDES SOCIAIS E A DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS NO
BRASIL.
GT 4 Mídias da informação: cidadania e Exclusão digital no contexto sociedade da
informação. (Apresentação oral)
ARAÚJO. Elani Regis de Oliveira¹
SOUZA. Claudia Barbosa dos Santos²
RESUMO
Este trabalho objetiva apresentar, através da abordagem qualitativa e baseado na revisão de
literatura, o uso das tecnologias da informação, em especial, das redes sociais por instituições
publicas no Brasil para a publicidade de informações pertinentes a sociedade e que estejam
ligadas a estas instituições. Mostra a revolução causada com os meios utilizados pelas
instituições na publicidade de informações publicas e como o cidadão foi beneficiado.
Explana sobre o que diz a constituição brasileira a cerca da obrigatoriedade dos órgãos
públicos divulgarem as informações em sua responsabilidade. Concluiu-se que há normas
para a publicidade de informações publicas e que as instituições públicas estão cada vez mais
engajadas, não só na divulgação de informações, como nos meios de aumentar as chances
dessa informação chegar ao cidadão, e o meio mais popular e eficaz para esse fim atualmente
são as redes sociais.
Palavras-chave: redes sociais. Informações públicas. Publicidade de informações.
ABSTRACT
This work presents , through a qualitative approach and based on the literature review , the
use of information technology , in particular social networks for public institutions in Brazil
for advertising information relevant to society and which are connected to these institutions .
Shows the revolution caused by the means used by the institutions in advertising and public
information to citizens benefited . Explains what the Brazilian constitution says about the
obligation of public bodies to disclose information in their responsibility . It was concluded
that there are standards for advertising of public information and public institutions are
increasingly engaged not only in the dissemination of information, as the means to increase
the chances that information get to the citizen, and the most popular and effective means for
this purpose today are social networks.
keyword: social networking. public information. advertising information
______________________________
¹ Elani Regis de Oliveira Araujo, graduanda de bacharelado em biblioteconomia– UESPI, email:
[email protected].
² Claudia Barbosa dos Santos de Souza, graduanda de bacharelado em biblioteconomia –UNIRIO,
email: [email protected].
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Formação Política, Reflexões Éticas, Práticas de Transformação Social e Mídias na Informação: qual
profissional temos e qual queremos ser?
19 a 25 de julho de 2015
1 INTRODUÇÃO
A comunicação entre governo e cidadão é questão crucial para que a cidadania
seja exercida e defendida por ambas as partes, a transparência dos atos executados pelos
órgãos dos governos são pressupostos para o bom relacionamento, ou seja, enquanto o
governo exerce sua função, o cidadão fiscaliza.
Tendo em vista uma maior participação e interação da sociedade nos rumos que o
governo dá para o país, nos últimos anos algumas iniciativas foram tomadas pelo governo
para garantir esse direito. E esse direito foi descrito na Constituição promulgada em 1988,
porém ainda havia algumas barreiras e falta de informação por parte do cidadão, ou seja,
muitas vezes o cidadão não sabia que teria direito a determinadas informações, ao mesmo
tempo que, quando sabia que tinha direito, não conseguia obtê-las por obstáculos burocráticos
nos órgãos.
Muitas são as instituições que tem em sua função a guarda temporária ou
permanente de informações publicas, são órgãos federais, estaduais, municipais, autarquias
dentre outros, estas instituições podem não só fazer a guarda de informações de terceiros,
como também pode ser um órgão que precisa, com base na lei 12.527 de 2011 da Constituição
brasileira, manter a publicidade de suas ações perante a sociedade.
Para conseguir, de fato, cumprir com o principio da publicidade, algumas
ferramentas estão sendo utilizadas pelas instituições publicas, as tecnologias da informação e
comunicação (TIC’s), por exemplo, estando presente em grande parte dos lares brasileiros,
sendo através de celular, tablet’s e computadores, se tornaram uma “arma eficaz” a favor da
publicidade de informações publicas.
Com a finalidade de tornar fácil o acesso às informações públicas, e o crescente
uso das redes sociais, gerou uma fonte bastante barata e eficaz para as instituições, já que
precisa-se basicamente só de um computador e uma pessoa especializada para expor as
informações e auxiliar os cidadãos na busca por cidadania através de dados.
Este estudo com abordagem qualitativa, através de revisão de literatura, utilizando
redes sociais, sites de instituições públicas governamentais e estudos publicados a cerca do
assunto, visa explanar sobre a evolução da pratica do principio da publicidade de informações
publicas nas instituições governamentais através de seus meios de comunicação, em especial,
das redes sociais.
2 LEI 12.527/11
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Formação Política, Reflexões Éticas, Práticas de Transformação Social e Mídias na Informação: qual
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O caminho percorrido para a aprovação da hoje conhecida Lei de Acesso a
Informação, segundo o site “Fórum de direito de acesso a informações públicas”, foi em 2009
quando o executivo federal envia ao congresso o projeto de lei 5228/09 para regulamentar o
acesso a informações publicas, essa proposta surgira após provocação da ONG Transparência
Brasil, no mesmo mês a câmara forma uma comissão especial para avaliar o projeto de lei,
após modificações feitas pela comissão, em 2010 o texto é aprovado e enviado ao Senado,
após tramitação, em 2011 a lei é aprovada.
A lei 12.527 regulamenta o direito de acesso a informações publicas que está
previsto no inciso XXXIII do art. 5º no inciso II do §3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da
Constituição Federal. A LAI foi promulgada em 18 de novembro, e após seis meses entrou
em vigor através do Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012. Partindo do precedente de
trazer mais transparência ao Governo e disponibilizar para a sociedade informações publicas.
A Controladoria Geral da União é o órgão responsável por fiscalizar a aplicação
da LAI, bem como atua como instancia recursal no Poder Executivo Federal.
Está sujeito a lei: a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, que segundo o
Artigo 37 da LAI devem obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, eficiência e etc. bem como no Artigo 216 que estabelece que, cabe a
administração publica a gestão da documentação governamental e as providencias para
disponibilidade da sua consulta para os que dela necessita.
Para facilitar ao busca por informações, o Governo Federal, o Congresso e os
Tribunais criaram unidades de atendimento, chamadas de Unidades Informação ao
Cidadão. O serviço é gratuito e os pedidos de informação podem ser feitos apenas
com o nome do cidadão (TAMARIM, 2012).
Assim, informações publicas que não contrariem qualquer outra norma, podem e
devem, ser disponibilizadas imediatamente, ou o mais breve possível ao solicitante, que conta
com locais cada vez mais bem orientados para essa solicitação de forma rápida, pratica e
gratuita na medida do possível.
3 INFORMAÇÃO PUBLICA E A IMPORTANCIA DA PUBLICIDADE
Tendo em vista que toda informação publica está sujeita a publicidade, Segundo
Batista (2010, p.40) a informação pública é um bem público, tangível ou intangível, que
consiste num patrimônio cultural de uso comum da sociedade e de propriedade das
entidades/instituições públicas da administração centralizada, das autarquias e das fundações
públicas. Assim a informação pública pode ser produzida pela administração pública ou,
simplesmente, estar em poder dela, sem o status de sigilo para que esteja disponível ao
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interesse público/coletivo da sociedade. Quando acessível à sociedade, a informação pública
tem o poder de afetar elementos do ambiente, reconfigurando a estrutura social. Assim podese dizer que a publicidade está associada ao compromisso do governo de manter suas ações
transparentes perante a sociedade. Bobbio (2000, p.42) enfatiza que
A exigência de publicidade dos atos de governo é importante não apenas, como se
costuma dizer, para permitir ao cidadão conhecer os atos de quem detém o poder e
assim controla-los, mas também porque a publicidade é por si mesma uma forma de
controle.
Para se tornar cidadão de fato e direito, o cidadão precisará estar informado e
atualizado em relação aos seus direitos, deveres e principalmente fiscalizar os órgãos
públicos, que são responsáveis pela formalização e garantia desses. Durante algum tempo, não
muito distante, esse direito não era adquirido com tanta facilidade como nos dias atuais.
Ao longo de sua história, o Estado brasileiro tem pautado sua atuação pelo sigilo das
informações. No império só imperador e pessoas de sua inteira confiança tinham
acesso aos arquivos. Durante a Republica até o advento da Lei de arquivos, em
1991, o acesso aos documentos era regulamentado por normas institucionais, ou
seja, cada instituição tinha sua norma ou regulamento, deixando a critério dos
responsáveis pelos arquivos a tarefa de liberá-los ou não ao publico (FICO et al.,
2008, p. 20).
Então como haver fiscalização por parte da sociedade se não há como ter acesso a
certas informações pertinentes? Como haverá aprovação do “detentor do poder”: o cidadão?
Muitos esforços foram feitos para que essa realidade fosse modificada, Goerch
(2014, p.111) aponta que a promulgação da Constituição de 1988 juntamente com a reforma
do Estado, trouxe à discussão a transparência dos atos estatais, Já que a democracia tem um
de seus alicerces no controle dos atos políticos pela sociedade.
No Brasil o direito ao acesso à informação, já era previsto na Constituição Federal
brasileira promulgada em 1988 como, por exemplo, em seu inciso XXIII Artigo 5º, que trata
dos direitos e deveres individuais e coletivos, dispõem que:
Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 1988).
Assim, nem todas as informações podem de fato ser divulgadas, como
informações que, por exemplo, podem afetar a privacidade e/ou intimidade de pessoas
envolvidas, violando alguns direitos constitucionais. Cunha Filho e Xavier (2014, p.214)
explicam que a lei de Acesso à informação impõe restrições, especificamente, três principais
hipóteses: informações classificadas, informações restritas devido o sigilo legal especial e
informações pessoais. Segundo analise dos autores supracitados, o ato de classificar uma
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informação, atribui a esta, a qualidade de informação reservada, secreta ou ultrassecreta, e
permanecerão sob acesso restrito pelo prazo de cinco, quinze e vinte e cinco anos
respectivamente.
O procedimento de classificação é regulado pelos Decretos 7.724/12 e 7.845/12, o
primeiro estabelece critérios para a elaboração do Termo de Classificação da
Informação, enquanto a segunda, regulamenta procedimentos para credenciamento
de segurança e tratamento de informações classificada em qualquer grau de sigilo,
dispondo também sobre o Núcleo de Segurança e Credenciamento (CUNHA
FILHO; XAVIER 2014, p.215).
Tendo em vista que, segundo o Ministério da Justiça, a principal diretriz que rege
a disponibilidade de informações é: a publicidade e a transparência das informações é regra e
o sigilo é a exceção. Ou seja, há procedimentos que existem, e devem sim existir para que
ações importantes para a segurança do cidadão sejam realizadas sem que pessoas sejam
prejudicadas injustamente e pessoas que devem à justiça sejam punidas.
Para ter acesso a informações alguns caminhos devem ser percorridos pelo
cidadão, como, por exemplo, solicitar formalmente a informação desejada de forma gratuita,
mas não precisando informar os motivos desta solicitação, ação essa respaldada no art. 10 do
inciso 8º da LAI. Assim como o Estado, não tendo nenhuma razão contraria ao pedido, deverá
entrega-lo prontamente ao solicitante, ou em até 20 dias prorrogáveis por mais 10,
dependendo do motivo. Por outro lado, o Estado, através da LAI, atualmente já se utiliza de
várias formas de manter o cidadão bem informado como em sites das próprias instituições.
Essas informações são publicas de interesse coletivo ou geral, definidas no art. 8º da LAI.
Segundo o e-SIC - Serviço de informação ao Cidadão – desde o vigor da LAI, em
16 de maio de 2012 até 2015, os pedidos de informações publicas tem crescido
gradativamente: em 2012 era menos de 60 mil pedidos, enquanto em 2014 ultrapassou a casa
dos 80 mil. Dados estes, disponíveis e atualizados constantemente, na pagina da Lei de acesso
á informação no site do Governo Federal.
Pode-se concluir que já havia uma intenção do governo em garantir a liberação e
publicidade de informações pertinentes aos cidadãos e seus interesses na primeira
constituição, porém na pratica pouco era feito em prol desta transparência. Com a aprovação
da Lei de acesso á informação e os princípios de publicidade e disponibilização já
regulamentados e melhorados constantemente, esta se tornou uma ferramenta social para o
cidadão fiscalizar o que é feito por seus representantes.
4 AS TIC’s COMO ALIADA NA PROPAGANDA DE INFORMAÇÕES PUBLICAS
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A tecnologia vem sendo grande aliada do governo no quesito publicidade, o
motivo é bem nítido, o mundo está cada vez se tornando mais tecnológico e conectado, e
várias são as tecnologias de informação e comunicação que podem ser usadas para receber e
publicar informações.
O Centro Regional de Estudos para o desenvolvimento da sociedade Informação
sob os auspícios da UNESCO (CETIC.br) órgão ligado ao Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br),
apresenta os resultados da nona edição da pesquisa TIC Domicílios. O estudo foi realizado em
mais de 16 mil domicílios brasileiros, entre setembro de 2013 e fevereiro de 2014. E aponta
que mais da metade da população é usuária de internet e que os celulares estão cada vez mais
presentes na forma de acesso á rede. A pesquisa aponta também o aumento de tablet’s e
notebooks nas residências brasileiras.
Torres (2004, p. 27) acredita que há uma relação muito estreita e direta entre o
nível de desenvolvimento da tecnologia da informação e os patamares transparência na
administração publica. Afinal, quanto melhor e mais rápido chega a informação até o
receptor, mais eficaz se torna o fluxo informacional. O autor complementa que o investimento
em tecnologia da informação representa uma ótima relação custo/beneficio, haja vista que os
ganhos quanto a transparência dos negócios públicos no Brasil são notáveis.
Goerch (2014, p. 110) afirma que por meio de portais de transparência na internet,
a população pode acompanhar informações atualizadas sobre recursos publico e a atuação da
administração direta e indireta e de todos os Poderes e Entes federativos. O que se torna um
grande ganho para a sociedade, que se vê mais convidada a conhecer e participar da
democracia.
Quando a sociedade se torna consumidora deste tipo de informação, ela se torna
gradativamente conhecedora de sua politica e por intermédio das tecnologias de informação
ela passa também a ser disseminadora destas informações tão pertinentes a comunidade de
forma geral. Com o conhecimento adquirido ela passa a ser participativa, uma vez que poderá
utilizar esses conhecimentos em seus argumentos e debates a cerca de assuntos pertinentes a
sociedade, em seu meio de convívio ou usando alguma tecnologia de comunicação, A internet
se tornou com toda a facilidade de acesso remoto, um meio privilegiado dessa divulgação seja
pelos sites, seja por paginas em redes sociais mantidas pelas próprias instituições
governamentais.
5 REDES SOCIAIS E A PUBLICIDADE
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Os acessos às redes sociais continuam a crescer cada vez mais no Brasil e no
mundo, não é absurdo imaginar que elas constituem uma das estratégias mais utilizadas pela
sociedade para o compartilhamento de informação e conhecimento. De modo bem rustico,
podemos dizer que as redes sociais são meios de comunicação, utilizados por pessoas, em
diferentes localizações geográficas no mundo através da internet.
Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 coordenada pela Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da Republica, 48% dos brasileiros utilizam a internet, e
67% costumam utiliza-la para se informar. Entre esses internautas 92% estão conectados em
redes sociais, Sendo que a rede social mais utilizada é o Facebook com 83%.
O governo está presente nas redes sociais, somente no Portal Brasil (pagina no site
do Governo Federal), contam-se 38 paginas oficiais em redes sociais diversas, entre
Ministérios, Secretarias especiais e presidência da republica.
A utilização da web pelo governo brasileiro é um fato, e um desafio para o Estado
que precisa saber como se comportar e aprender a lidar com esses canais.
Dessa Forma, a conduta recomendada pelo governo federal é a de que os perfis
governamentais promovam a interação, reconhecendo que esses instrumentos de
propagação são formas que o Estado tem para quebrar barreiras e buscar o dialogo e
a aproximação do cidadão. Os administradores dos perfis nas redes sociais devem
buscar sugestões para as politicas do governo, utilizar estratégias para estimular a
interação com os usuários, disseminar boas praticas e promover respostas ágeis aos
questionamentos feitos pelos usuários (BRASIL, 200?).
Como supracitado, o Governo vem tomando medidas normalizadas para que haja
um cuidado na hora de disseminar informações referentes às ações do governo, afinal
qualquer erro, pode ser disseminado por sua vez, pelos interlocutores desta, o que pode
acarretar em problemas para o cidadão e para o próprio governo.
Assim, segundo o Decreto nº 7.675, de 20 de janeiro de 2012, o Departamento do
Governo Eletrônico da SLTI é responsável por definir e publicar padrões e melhores práticas
de uso da internet, inclusive as redes sociais. No site governoeletronico.gov.brque, mais
precisamente na página que trata das redes sociais, podemos encontrar algumas dessas
normas:
 O Manual de Orientação para Atuação em Redes Sociais lançado pela
secom, em 26 de outubro de 2012, tem como objetivo estipular melhores
praticas e guiar os agentes da comunidade Sicom no uso de redes sociais,
incluindo a geração do conteúdo, interação com o usuário e atuação em
casos de crise.
 A Portaria Nº 38, de 11 de junho de 2012, homologa a Norma
Complementar nº 15/IN 01/DSIC/GSIPR, que estabelece as Diretrizes
para o uso seguro das redes sociais na Administração Pública Federal
(APF)
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 A Cartilha de Redação para Web do e-PWG (Padrões Web em
Governo Eletrônico), disponibilizada pela secretaria de Logistica e
Tecnologia da informação- SLTI/MP, tem um capitulo voltado para a
redação e publicação de conteúdo em mídias sociais.
 O Manual de Conduta em mídias Sociais elaborado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMPRAPA, contém orientações
sobre as condutas, comportamentos e atitudes que a empresa espera de
seus empregados, bolsistas, estagiários e prestadores de serviços no
ambiente digital.
Quanto à infraestrutura, nota-se que, é sobretudo humana, já que não há gastos
relevantes referentes a estrutura física, já que atualmente pode-se abrir uma conta em uma
rede social com o uso até de um celular com acesso a internet. No entanto, deve haver um
cuidado com a relação governo/usuário, já que uma vez representante de um órgão aquela
comunicação deve respeitar não só a impessoalidade como deve haver o gerenciamento de
informações como atualização e interação. Assim deve-se considerar a capacitação daqueles
que são responsáveis pela publicação das informações publicas. Uma vez que esses humanos
que alimentam os sistemas são os porta-vozes do governo para com o cidadão.
6 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi feita com uma abordagem qualitativa e descritiva, utilizando o
levantamento bibliográfico (livros e artigos) e documental (Leis e Decretos) de forma a
dialogar entre si sobre a Lei de acesso a informação e utilização das redes sociais com a
finalidade de praticar o principio da publicidade governamental. As fontes de informação
pesquisadas foram divididas entre livros físicos, leis consultadas em sites do senado/câmara e
sites governamentais que são especializados no assunto. A análise e exposição dos dados
foram feitas através da organização por período cronológico e dividido em tópicos
dependendo do assunto, as citações aqui expostas de forma direta e indireta evidenciam o
posicionamento da autora, através das autoridades consultadas em relação ao assunto.
7 CONCLUSÃO
Concluiu-se a priori, que as redes sociais tem sido sim, uma ferramenta
importante e eficaz na divulgação de informações públicas, partindo do pressuposto que a
população de modo geral está cada vez mais se utilizando desta ferramenta no qual se obtém e
se expõe todo tipo de informação, seja informação pessoal, comercial ou de utilidade pública.
O governo então tendo em vista o grande uso e o poder de disseminação das redes
sociais, tem usado esta, como aliada na consolidação da divulgação de informações públicas,
como prevê e obriga e lei de acesso à informação e seu princípio de publicidade,
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disseminando informações importantes ao cidadão de forma criativa e eficaz, uma vez que a
mão de obra é especializada, fornecendo informação de fácil entendimento, mesmo para os
mais leigos em alguns assuntos.
Assim sendo, a informação que antes somente era encontrada na própria sede
física da instituição ou em seu sitio online, que muitas vezes, fazia com que o cidadão, por
não conhecer o órgão e sua especialidade, poderia não ter conhecimento de informações que
em um determinado momento poderia lhe ser totalmente útil, como por exemplo, a
obrigatoriedade do uso de novo extintor de incêndio automobilístico a partir de determinado
mês, porém, se este cidadão possuir rede social, possivelmente alguém de seu círculo de
amizade ou ele próprio pode obter esta informação mais facilmente, seja através da própria
página do órgão ou através de link da página oficial do órgão compartilhado nesta rede social.
É verdade que pode haver problemas com falsas informações, por isso a
necessidade de se utilizar a página oficial do órgão, no Brasil atualmente pode ser consultado
uma lista com todos os órgãos públicos no site do governo federal, exatamente para inibir
certas ações maliciosas.
A internet por tanto, tem sido e continuará por muito tempo, uma importante fonte
para dissolução de duvidas do cidadão, tornando-o mais participativo e bem informado das
ações e informações pertinentes a este, uma vez que este tem, com o uso da rede social um
canal direto com órgãos públicos que tem (provavelmente) pessoas capacitadas para fazer o
feedback com o cidadão, servindo como um tipo de ouvidoria online.
Conclui-se por fim que o cidadão está ajudando na disseminação de seus direitos
em comum com os demais, em grande parte, motivado por essa transparência e publicidade
que as redes sociais estimulam, e que o governo vem desenvolvendo normas para cuidar da
qualidade das informações transmitidas pelas mídias e vem instigando o cidadão para que se
torne informado e saiba como e onde encontrar informações pertinentes a ele e a sociedade de
modo geral, tornando todos os cidadãos usuários de uma rede social, agentes informacionais.
REFERÊNCIAS
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Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de Comunicações e Artes,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
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TORRES, Marcelo Douglas e Figueiredo. Estado, democracia e administração publica no
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INTERNET E MOVIMENTOS SOCIAIS: algumas considerações sobre ciberativismo
GT 4 Mídias da informação: cidadania e Exclusão digital no contexto sociedade da
informação. (Apresentação oral)
BARRETO, Rayara Bastos 56
FURTADO, Maria Tatiane Liberato 57
TAVARES, Thailana Lima 58
SILVA, Philipe dos Santos Saldanha da 59
RESUMO
O presente trabalho foi realizado para obtenção da nota final da disciplina de Informação e
Sociedade do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. Apresenta uma
discussão acerca das formas de ativismo: o tradicional, feito nas ruas e geralmente em grupos,
e o ciberativismo, promovido pelas novas tecnologias da comunicação e da informação tendo
a Internet e as redes sociais como principal meio de interação entre os envolvidos. O trabalho
foi dividido em dois momentos. No primeiro, foi realizada uma revisão bibliográfica, cuja
finalidade foi explorar o conteúdo do tema em estudo, e no segundo, foi feita uma pesquisa
quantitativa e qualitativa por meio de aplicação de questionário, com o objetivo de descobrir o
que pensam os estudantes do Centro de Humanidades da UFC acerca do ativismo tradicional
e em Rede. Como resultado, percebemos que a maioria não se considera um ciberativista, no
entanto, grande parte tem participação ativa grupos de redes sociais que defendem alguma
causa.
Palavras-chave: Movimentos sociais. Ciberativismo. Ativismo em rede.
ABSTRAC
The present study was performed to obtain the final subject grade of Information and Society,
in the Library Science course at Universidade Federal do Ceará. This study presents a
discussion about the forms of activism: the traditional activism which are the streets protest
usually made in groups and the cyber activism which is promoted through new technologies
of communication and information with the Internet and social networks as their primary
means of interaction among activists. The study was divided in two moments. In the first one,
a literature review was conducted to explore the topic of study. In the second one, a
quantitative and qualitative research was conducted in order to find out what the students of
Centro de Humanidades of UFC think about the traditional activism and the cyber activism.
The data collection instrument used was the questionnaire. The results of data analysis
identified that most of those students don’t considered themselves as a cyber-activist.
However, most of them actively participate in social networking groups that defend any
minority cause.
Keys: Streets protest. Cyber ativism. Networked activism.
56
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará.
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará.
58
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará.
59
Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará.
57
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1 INTRODUÇÃO
A sociedade marcada pelo imediatismo tecnológico mudou alguns conceitos e
formas de comunicação. Com o avanço da internet, o fazer ativista de ir as ruas tem mudado
de rumo e se mostrado na rede com algo que pode ser tão, ou mais eficiente que as
manifestações das ruas que mudaram nossa história.
O termo Ativismo nunca esteve tão em evidência, não só em seu significado
literal, como as diversas formas de mobilizações e expressões sociais que se auto intitulam ou
são intituladas pelos meios de comunicação em massa de Ativismo, o que pluraliza e subjetiva
a busca por um conceito que englobe todas as características desse movimento.
Para Barros (2013), o ciberativismo se confunde ou se mescla com a evolução das
formas de comunicação em massa e do valor que a informação tem na sociedade
contemporânea. Com essa mudança na sociedade, isso nos leva a repensar o conceito de
ativismo, visto que, antes de se perceber uma atuação expressiva de ativismo em rede, já
havia outras manifestações que adotavam o termo - ativismo ambiental, ativismo de gênero,
ativismo político - e que migraram para as redes, ou tiveram nas redes uma alternativa para se
propagarem.
Então, o que é ativismo e ciberativismo? Quais suas formas de atuação e que
resultados apresentam? Partindo dessa problemática, na primeira parte desse trabalho,
analisaram-se os conceitos de ativismo utilizado por alguns autores e investigou-se o
posicionamento de alguns indivíduos a respeito dessa prática, tendo em vista que, citando
Machado (2007), a complexidade e diversidade desse tema fazem com que ele seja muito
difícil de ser abordado.
Uma pesquisa foi feita no Centro de Humanidades da Universidade Federal do
Ceará, com a aplicação do questionário, tendo como objetivo coletar informações a respeito
da opinião dessa comunidade a respeito de Ativismo e Ciberativismo, a fim de analisar a
coleta dos dados e observar a relevância desse tema no ambiente acadêmico - marcado,
historicamente, por movimentos estudantis em prol a democracia - e que expressões
significativas o ativismo, com suas novas formas de atuação, tem, hoje, nesse ambiente.
2 CONCEITUANDO ATIVISMO
O termo ativismo tem sido utilizado em grandes proporções nas mídias
tradicionais e digitais atualmente. O termo, geralmente, vem associado a alguns movimentos
sociais em prol causas minoritárias ou em relação a um bem coletivo. Por conta dessa
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associação simplória de movimento social e ativismo, tem-se, em senso comum, acreditado
que o ativismo é, apenas, grandes atos populares visando revoluções.
Não que a associação esteja errada, aliás, há autores que defendem que o ativismo
é uma manifestação essencialmente política, e que o termo “ativismo político” pode ser
redundante (BATISTA, 2012, p. 29). Porém, através dos estudos acerca do termo, pode-se
perceber que a sua abrangência de significados e utilizações dificultam uma conceptualização
objetiva do termo, de modo que não só as manifestações populares são pouco para o
caracterizarem.
Batista (2012) apresenta em seu trabalho a dificuldade de conceitualização do termo
ativismo devido à possibilidade de subclassificações do termo - hacktivismo, ativismo
ambiental, ativismo político, ativismo jurídico, etc.- e isso permitir a subjetividade de
observações acerca de tal objeto. Isso porque cada subclassificação do termo adota uma causa,
um objetivo, uma ideologia, e apresentam diferentes formas de atuação.
Segundo o dicionário on-line de língua portuguesa Priberam (2013), ativismo é:
“1 – atitude moral que insiste mais nas necessidades da vida e da ação que nos princípios
teóricos; 2 – propaganda ativa do serviço de uma doutrina ou ideologia”. Observando a
primeira variação de significância do termo, percebe-se que uma das propostas do ativismo é
ir de encontro com estruturas sociais estabelecidas (princípios teóricos) que seja desvantajosa
para alguém.
Pode-se citar aqui, por exemplo, a luta feminista pela igualdade de gênero, numa
estrutura social machista onde as mulheres, apesar de serem maiorias em termos de
quantidade, sofrem opressões de uma minoria hegemônica que se sobrepõe em questão de
status social e direitos, usando como justificativa a “desigualdade natural” entre homens e
mulheres. Pode-se perceber que a luta feminista promove uma discussão acerca dos princípios
teóricos vigentes na sociedade, no caso o machismo, a fim de revê-los frente às necessidades
de uma maioria oprimida, e reestruturá-los, promovendo a ideologia de igualdade entre
gêneros, anulando as desvantagens dentro do coletivo.
Para que ocorra essa ação de ir de encontro às estruturas estabelecidas
socialmente, é preciso que exista a ideologia ou doutrina que entre em divergência. Aqui,
entra a interpretação da segunda variação do termo no dicionário. A defesa de uma ideologia
que vá de encontro com os princípios teóricos que estruturam um comportamento social, que
promova uma mudança significativa nessa estrutura. Pode-se citar, também, o modelo de
ativismo judicial:
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O ativismo judicial ocorre quando o julgamento não se limita à risca ao que se
expressa no texto legal. Sendo a lei uma construção artificial sobre uma realidade
imaginada, a norma seria passível de se afastar, com o passar do tempo, da realidade
que visa reger. O Ativismo Judicial seria [...] uma legitimação da autonomia do
judiciário em expandir os limites da interpretação do texto legal (BATISTA, 2012,
p. 24).
Levando em consideração as produções literárias a respeito do termo, observa-se
uma grande proximidade do ativismo com ideologias políticas de esquerda. O rompimento
com a estrutura social estabelecida, a quebra do individualismo para a partilha com o coletivo
aproxima o termo ativismo do termo política. Apesar de ambos os termos terem conceitos
incertos, suas formas de atuação na sociedade são convergentes, na busca pelo bem comum
no espaço público em sociedade. O autor reforça sua defesa quando caracteriza as ações
ativistas como ações que demandam transgressão. “Por ‘transgressão’ se entende a prática de
oposição a certa condição social, com vistas a sua transformação.” (BATISTA, 2012, p. 33).
Entretanto, é válido lembrar que, como Batista (2012, p. 28) expõe:
[...] um exemplo divergente, note-se a rede de webloggers em Cuba, opositora ao
regime castrista. Mais conhecido pelo papel desempenhado pela ativista Yoani
Sanchez no weblog Generación Y [...] o grupo estaria mais caracterizado como um
ativismo alinhado à direita. Amparada por uma rede de apoio internacional, a
ativista, desde 2007, publica críticas contundentes ao regime comunista cubano em
seu weblog. A repercussão comenta a autora, foi tanta a ponto de possibilitar a
publicação de diversos livros e de conquistar vários prêmios internacionais. Yoani
define a sua prática como “exercício de covardia” que a possibilita “dizer o que lhe é
impedido no seu acionar cívico”. Atualmente, a bitácora Generación Y está
traduzida para mais de 15 línguas a partir do esforço de uma rede de solidariedade
internacional.
Observando o contexto citado junto às observações feitas na literatura, apesar da
proximidade com ideologias de esquerda, é possível desassociar o ativismo desta, pois o que
vai caracterizar o ativismo é o seu confronto ideológico com o modelo social estruturado e
hegemônico, promovido por um coletivo insatisfeito ou em desvantagem com este,
independente da vertente política.
Com essas considerações, o conceito mais próximo de ativismo que será adotado
nesse trabalho é a união coletiva com marcas ideológicas identitárias que buscam confrontar e
contradizer princípios sociais, frente às divergências e desvantagens sociais promovidas por
estes, com o propósito de mudanças de paradigmas para o bem comum em coletividade.
2.1 O ciberativismo (ativismo digital)
O ciberativismo é uma subclasse do ativismo. O ciberativismo consiste,
basicamente, no uso da tecnologia de rede (internet e equipamentos de informática) como
meio para a manifestação do ativismo propriamente dito.
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A prática do ciberativismo é relativamente nova. Pode-se considerar que, um dos
motivos para surgir adeptos do ciberativismo foi a revolução do processo de comunicação
mundial. O avanço tecnológico, a mudança dos modelos políticos – a queda de ditaduras e a
implementação do regime democrático – além das mudanças do modelo econômico, que
deixou de lado o paradigma industrial que agregava valor na quantidade da produção, e
passou a adotar valor informacional nos bens e serviços produzidos, são alguns fatores que
colaboraram para a produção, compartilhamento e consumo de informação em massa
(SERRA, 2007).
Com a facilidade de acesso à informação, e consequentemente, a facilidade de
atingir um grande número de consumidores desta, o baixo custo pelo acesso, pelo perfil
bilateral que a internet assume, a web serviu como alternativa aos meios de comunicação
tradicionais, pois a informação que circula em rede não é centralizada, além de permitir a
dinamização com o consumidor daquela informação (que, agora, também passa a ser produtor
de informação), permitindo o compartilhamento e disseminação da informação de maneira
efetiva (DINIZ; CALEIRO, 2011).
Sandor Vegh (2003, apud BARROS, 2013, p. 16) conceitua ciberativismo por
“um movimento politicamente motivado que ocorre na internet”. Para o autor, o ciberativismo
ocorre de três maneiras: em primeiro, a conscientização e promoção de ideologias, tornando
públicas informações relevantes de determinada causa. Geralmente através de comunidades
virtuais, fóruns, comunidades, etc.; em segundo, a organização e mobilização:
[...] os ativistas se organizam online para uma ação off-line, em determinado local e
data. [...] podem organizar uma ação a ser realizada off-line, porém é mais eficiente
se realizada online, como um abaixo-assinado ou contato com congressistas ou
representantes políticos através de e-mail. (VEGH, 2003, apud BARROS, 2013, p.
17).
Pode-se observar como exemplo, os movimentos sociais de Junho de 2013, no
Brasil, onde milhares de pessoas foram às ruas em vários os lugares do país para protestar
contra supostos gastos abusivos referentes à realização da Copa do Mundo. O movimento foi
organizado, exclusivamente, pela internet, em especial pela rede social Facebook, a partir da
insatisfação do aumento da tarifa do transporte público e pela falta de qualidade do mesmo,
assim como os altos investimentos para a realização do evento mundial, em contra partida a
decadência dos sistemas de necessidades básicas para a população – educação, saúde e
segurança (BARROS, 2013).
A terceira maneira de ocorrência, segundo Vegh (2003, apud BARROS, 2013, p.
17), é a de “ação e reação”, que a ação não pode ocorrer de forma off-line: os ciberativistas
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promovem uma série de ataques online a servidores e websites como forma de resistência
política. Nessa categoria se engloba outra subclassificação de ativismo: o hacktivismo.
3 O CIBERATIVISMO E SEUS DESAFIOS
Apesar de a prática do ciberativismo ter exemplos fortes de eficácia, como as já
citadas manifestações de Junho de 2013 no Brasil, e a Primavera Árabe de 2011, que teve
como principais ferramentas para mobilização social as redes sociais Facebook, Twitter e
Flickr (PUNTEL, 2013, p. 575), ainda é desafiante tornar concreto no mundo real as
reivindicações disseminadas no mundo virtual60. Isto se dá, principalmente, pela perda de
controle do compartilhamento de informações em rede, de forma que não se pode mensurar as
dimensões atingidas por essas informações e de que forma elas podem ser alteradas a favor ou
contra determinada ideologia.
Como as redes sociais estão se tornando fortes ferramentas para a democratização
da informação, no que tange o compartilhamento de informações, o acesso a estas e o direito à
liberdade de expressão, elas se apresentam como meios facilitadores para a organização de
movimentos ativistas. Contudo, o comportamento do usuário receptor (e também autor) das
informações compartilhadas podem influenciar os objetivos do movimento:
Dentre os maiores problemas da rede social, está sua exploração para práticas
socialmente ou mesmo legalmente condenáveis na legislação de certos países, dentre
eles o Brasil. A rede enfrenta problemas terríveis, como por exemplo, à criação de
comunidades preconceituosas, pregando xenofobia, neonazismo, homofobia,
racismo, tortura e violência contra os animais e apoiando o consumo e venda de
drogas e pedofilia. Esse incitamento ou apologia ao crime é um ato ilegal e sujeita a
penalidades (MATA, 2012, p. 52).
É pertinente citar aqui, comportamentos homofóbicos dos usuários das redes
sociais frente a movimentos LGBTS ou o relacionamento da situação política atual do Brasil
com a Região Nordeste (a onda xenofóbica nas redes sociais no país no período pós-eleitoral
de 2010 e 2014). Pessoas que utilizam a liberdade de compartilhamento de informações na
rede para reforçar ideologias que ferem direitos constitucionais, geralmente utilizando-se do
termo “liberdade de expressão” para justificar seus atos.
Outro desafio do ciberativismo é o seu divisor de águas: ativismo x terrorismo. Já
foi dito que se pode usar o ativismo não só para causas esquerdistas, mas também para
defender estruturas sociais conservadoras, na iminência de uma desordem social. Contudo,
“por terrorismo entendem-se as práticas políticas, individuais ou coletivas, balizadas pela
60
COMUNICAÇÃO Millenium. Da web para as ruas: ativismo digital muda paradigma dos movimentos sociais.
Instituto Millenium. 05 fev 2013. Disponível em: < http://www.imil.org.br/blog/da-web-para-ruas-ativismodigital-muda-paradigma-dos-movimentos-sociais/> Acesso em: 08 de junho de 2015, às 23:11.
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violência e geradoras de terror” (MAZUOLLI, 2008, apud BATISTA, 2012, p. 30). Pode-se
sugerir a diferença entre as duas práticas políticas por suas ações:
As práticas terroristas e as formas de ações coletivas políticas (não extremistas)
encontraram um separador de águas pelo termo “ativismo”. O primeiro carrega a
ideia de extremismo, radicalismo, crime, assassinato, enquanto que, cada vez mais, o
ativismo passa a ideia de “protesto criativo”, “consciência social”, “solidariedade”
(BATISTA, 2012, p. 31).
Além da questão da disseminação da informação e as possíveis interpretações
dessas, o ciberativismo também enfrenta outra questão: a identidade de quem consume a
ideologia proposta. Esse é, talvez, um dos fatores que mais dificultam a migração das
reivindicações virtuais para o espaço real.
Observe a seguinte tirinha do cartunista Pedro Leite:
Fonte: https://www.quadrinhosacidos.com.br
Embora nem todas as situações acima reflitam uma forma de ciberativismo, elas
representam alguns comportamentos comumente verificados nas redes sociais. Porém, não é
porque apontou e tomou a iniciativa de publicar tal tirinha que de forma alguma seu autor está
isento de também ser um possível “hipócrita online”, nem aqueles que compartilharam o
conteúdo. Ao apontar a hipocrisia online das redes sociais pode-se dizer que o desenhista
trouxe para si uma espécie de capa de proteção que o resguarda da crítica que ele mesmo faz
aos outros.
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Se afirmar-se que a Internet e as comunidades virtuais especificamente dão maior
liberdade de interação entre os usuários e não se constituem modelos fixos de identidade e
participação contínua, um indivíduo pode sem nenhum problema fazer parte de um grupo
online voltado para a preservação de locais antigos da cidade em que mora, e ao mesmo
tempo estar inserido em outro grupo que tem como objetivo a ocupação de prédios
abandonados, por exemplo, embora estas duas comunidades digitais não dialoguem entre si e
não tenham a mesma ideologia.
A liberdade do compartilhamento de informações e todas as outras facilidades e
flexibilidades que as redes sociais e a internet em geral apresentam como ponto positivo para
a articulação de movimentos ativistas digitais, também podem ser consideradas uma
fragilidade deste, de modo que o torna abrangente demais e isso acarrete na falta de critérios
para seu fortalecimento teórico e autenticidade, podendo-se tornar causas superficiais.
4 METODOLOGIA
O tipo de pesquisa realizado foi a pesquisa exploratória, que geralmente usa
levantamento bibliográfico e entrevistas não padronizadas para explorar um conteúdo. De
acordo com GIL (2008, p. 27) pesquisas exploratórias,
Tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores. [...] são desenvolvidas com o objetivo de
proporcionar visão geral do tipo aproximativo, acerca de determinado fato. [...]
constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla. Quando o tema
escolhido é bastante genérico, tornam-se necessários seu esclarecimento e
delimitação. O produto final deste processo passa a ser um problema mais
esclarecido, passível de investigação mediante procedimentos mais sistematizados.
Foi realizada a revisão de literatura, mas não foram realizadas entrevistas e sim,
questionários misto com perguntas abertas e fechadas. A pesquisa teve uma abordagem
qualitativa e quantitativa em sua aplicação.
Como método de coleta de dados foi escolhido o questionário, que “tem como
proposito obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses
etc. [...] Consiste basicamente em traduzir objetivos da pesquisa em questões específicas”.
(GIL, 2008, p. 121).
O questionário ficou disponível na internet durante três dias e foi divulgado nos
grupos online na rede social Facebook, apenas para aquelas comunidades que fazem parte do
Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Com base na pesquisa online divulgada em alguns grupos no Facebook e pelo
levantamento dos dados acerca do "ciberativismo", 59% das pessoas que responderam ao
questionário não se consideraram "ciberativistas", no conceito adotado no presente trabalho.
Porém, 86% afirmaram que as causas defendidas no ativismo em rede têm reflexos no mundo
“real”.
Observou-se também que 59% dos indagados consideraram o ciberativismo tão eficaz
quanto o ativismo político tradicional, contra 36% que pensam o contrário. Quanto à
participação em grupos, fóruns ou comunidades nas redes sociais voltados para algum tipo de
ativismo, 55% responderam que participam, e 36% que não.
Quanto à pergunta sobre questões como a homofobia, machismo ser considerado
ativismo, a maioria das pessoas responderam que sim, embora não entendam isso como um
ativismo que visa o bem comum entre as pessoas. Como disse um dos respondentes: “Sim, da
mesma forma que as pessoas tentam mudar o mundo para melhor fazendo, além dos
movimentos em rua, o ciberativismo, outras pessoas usam ele para disseminar preconceitos,
juntando assim, outras pessoas que concordam com seus atos sem ter pensamento crítico
sobre aquilo que estão. Toda arma pode ser usada para bem, quanto para o mal.”.
Pelo conteúdo analisado pôde-se verificar, portanto, que muitos apoiam ou até
participam de comunidades em redes sociais voltadas para a discussão das questões de
gênero, de combate ao racismo, à homofobia, de preservação do meio-ambiente,
conscientização política etc. Mas não se reconhecem por ciberativista por considerarem o que
fazem em rede são apenas reflexos de comportamentos individuais, e que é insignificante na
frente daquilo que se constitui, de fato, os movimentos ativistas.
REFERÊNCIAS
ATIVISMO. In: DICIONÁRIO da língua portuguesa. [Portugal]: Priberam, c2013.
Disponível em <http://www.priberam.pt/DLPO/ativismo>. Acesso em 18 de novembro de
2014, às 15:09.
BARROS, Laura Santos de. As manifestações de junho no Brasil e o hacktivismo: uma
análise das referências ao anonymous nos portais folha.com e G1. Porto Alegre: UFRS, 2013.
Disponível em:
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/88898/000912694.pdf?sequence=>.Aces
so em 17 de Novembro de 2014, às 17:53.
BATISTA, Jandré Correia. Apropriações ativistas em sites de redes sociais: cartografia das
ações coletivas no twitter. Porto Alegre: PUC-RS, 2012.
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DINIZ, Iara Gabriela Faleiro; CALEIRO, Maurício. Web 2.0 e ciberativismo: o poder das
redes na difusão de movimentos sociais. Revista Científica do Departamento de
Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão. São Luís, n.8, jan./jun. 2011.
- ISSN 2176 – 5111.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MACHADO, Joger Alberto S. Ativismo em rede e conexões identitárias: novas perspectivas
para os movimentos sociais. Sociologias, Porto Alegre, ano 9, n°18, jul/dez. p.248-285.
MATA, Dejair Favato da. O Impacto das Redes Sociais na Sociedade Digital. São Paulo:
FATEC, 2012.
PUNTEL, Tanilo Junior. Novas dimensões na comunicação global: o ativismo digital como
propulsor de movimentos sociais e o caso da primavera árabe. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE DIREITO E CONTEMPORANEIDADE: mídias e direitos da
sociedade em rede. 2., 2013, Santa Maria. Anais... Santa Maria: URSM, 2013, p. 568 – 581.
Disponível em: <http://www.ufsm.br/congressodireito/anais/2013/4-8.pdf>. Acesso em: 09
de Junho de 2015, às 00:09.
SERRA, Paulo J. Manual de teoria da comunicação. [Covilhã]: Universidade da Beira
Interior, 2007.
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GT5
PERFIL PROFISSIONAL: Cenário e perspectivas
do profissional da informação
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DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO BIBLIOTECÁRIO LUDOVICENSE COMO
PROFESSOR NA DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
GT 5: modalidade oral
LAGO, Iomar Lima61
MAIA, Erika de Jesus Coutinho62
OLIVEIRA, Adriana Gomes de63
RESUMO
Desafios e perspectivas do profissional bibliotecário como professor na docência do ensino
superior. A pesquisa teve como objetivo identificar as principais dificuldades didáticas
metodológicas que o bibliotecário encontra como professor no ensino superior. A pesquisa de
caráter analítico descritiva foi necessária por permitir analisar os desafios metodológicos do
bibliotecário como professor. Os dados foram coletados através de aplicação de um
questionário com perguntas abertas e fechadas para os profissionais bibliotecários docentes no
ensino superior. Os resultados da pesquisa revelaram que um dos principais desafios do
bibliotecário professor é o domínio da didática, bem como despertar no aluno o interesse
pelos conhecimentos que são disseminados a partir das disciplinas ministradas. Finalizando,
apresentam-se algumas recomendações para uma melhor atuação desse profissional na
docência do ensino superior.
Palavras-chave: Didática. Docência no Ensino Superior. Bibliotecário no Ensino Superior.
ABSTRACT
Challenges and prospects of professional librarian as teacher in teaching in higher
education. The objective of this research was to identify the main difficulties didactic
methodology that the librarian is as a teacher in higher education. The search of character
descriptive analytical was required to enable it to assess the methodological challenges of the
librarian as teacher. The data were collected through a questionnaire with open and closed
questions for librarians teachers in higher education. The results of the survey revealed that
one of the main challenges of the librarian professor is the field of didactics, as well as
awakening in student interest in the knowledge that they are dispensed in the disciplines.
Finally, it presents some recommendations for a better performance of this professional in
teaching in higher education.
Keywords: Didactically. Teaching Higher Education. Librarian Higher Education.
Bibliotecário Documentalista do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Tocantins – IFTO. Especialista
em Docência do Ensino Superior. Email: [email protected]
62
Bibliotecária escolar do Colégio Adventista em São Luis MA. Especialista em Docência do Ensino Superior.
Email: [email protected]
63
Bibliotecária. Professora da disciplina Metodologia da Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery em São
Luis - MA. Especialista em Docência do Ensino Superior. Email: [email protected]
61
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1 INTRODUÇÃO
Para Gil (2013, p. 13) “a preparação do professor universitário ainda é bastante
precária. Seguramente, a maioria dos professores brasileiros que lecionam
em
estabelecimentos de ensino superior não passou por qualquer processo de formação
pedagógica”. Para o referido autor, esta realidade vem mudando, já que, é cada vez maior a
quantidade de professores universitários que reconhecem a necessidades de conhecimentos
pedagógicos para o desenvolvimento de seu trabalho em sala de aula.
Nesse sentido, Benedito (1995 apud PIMENTA; ANASTASIOU, 2002, p. 36)
colabora ao considerar que “[...] o professor universitário aprende a sê-lo mediante um
processo de socialização em parte intuitiva, autodidata, ou [...] seguindo a rotina dos outros.
Isso se explica devido à inexistência de uma formação específica como professor”.
Nesse sentido, Pimenta e Anastasiou (2002) colaboram ao considerar que os
professores universitários geralmente ingressam nas salas de aulas, recebem ementas prontas,
planejam individualmente e solidariamente, assumindo a responsabilidade pela docência. Não
recebem nenhuma orientação sobre processos de planejamento, metodológicos ou avaliatórios
e nem como se dá um processo de ensino e aprendizagem.
Gil (2009, p. 1), tecendo comentários sobre a problemática das deficiências na
formação e qualificação do professor universitário, afirma:
O professor universitário, como o de qualquer outro nível, necessita não apenas de
sólidos conhecimentos na área em que pretende lecionar, mas também de
habilidades pedagógicas suficientes para tornar o aprendizado mais eficaz. Além
disso, o professor universitário precisa ter uma visão de mundo, de ser humano, de
ciência e de educação compatível com as características de sua função.
Assim, o papel de um professor na docência do ensino superior deve ir muito
além de apenas transmitir conhecimentos pré-definidos aos seus alunos, numa relação
unilateral e autoritária. Este profissional deve ter consciência da importância de seu papel na
formação de profissionais críticos e cientes de seu papel ativo na sociedade.
A partir desse quadro de referência teórica, o problema de pesquisa, que justifica e
norteia a investigação cientifica do objeto a ser analisado, consiste na elaboração de alguns
questionamentos: quais as principais dificuldades didáticas metodológicas que o profissional
bibliotecário encontra no desenvolvimento de seu trabalho como professor na docência do
ensino superior? E de que forma os professores bibliotecários se relacionam com os demais
profissionais da Instituição de Ensino Superior na qual mantêm vínculos.
Assim, e em função dos fatores contextuais acima mencionados, o objetivo da
presente pesquisa centra-se em identificar as perspectivas e desafios didáticos metodológicos
do bibliotecário professor na docência do ensino superior.
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O passo inicial para a definição da trajetória metodológica deste artigo aconteceu,
necessariamente, por uma abordagem de uma pesquisa bibliográfica nos campos teóricos da
Educação, sobretudo, em relação à Didática e à Docência no Ensino Superior, e ainda, nos
referencias teóricos da Biblioteconomia, utilizando-se de fontes de informação na Internet,
livros e artigos científicos da área, com vista a fundamentar os argumentos expostos no
presente artigo.
O universo da pesquisa foi composto pela totalidade dos profissionais
bibliotecários com registro ativo no Conselho Regional de Biblioteconomia do Maranhão –
13ª Região (CRB – 13), no período de 2007 a 2012. Este universo correspondeu a 100
profissionais registrados no CRB – 13. O quadro amostral correspondeu, de acordo com
critérios estatísticos, utilizando-se o método de amostragem aleatória, a 25% desse universo.
A coleta de dados, a princípio, consistiu na realização da pesquisa documental,
tendo como fonte as fichas cadastrais; base de dados e sistemas automatizados dos
bibliotecários cadastrados, com a finalidade de levantar dados como nome, telefone, e-mail,
experiência na área de docência do ensino superior. Utilizou-se o seguinte instrumento de
levantamento de dados: questionário, estruturado de forma objetiva, contento 10 questões com
perguntas abertas e fechadas de múltipla escolha.
2 A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR
Segundo Gil (2009, p. 2) “o termo didática deriva do grego didaktiké, que tem o
significado de arte de ensinar. Seu uso difundiu-se com o aparecimento da bora de Jan Amos
Comenius em 1592-1670”.
Modernamente, o conceito de didática evoluiu e hoje existe um conjunto de
definições diferentes de didática, contudo, todos convergem para o sentido de que a didática é
ciência, técnica ou arte de ensinar.
Para Masseto (1997 apud GIL, 2009, p. 2) “didática é estudo do processo de
ensino aprendizagem em sala de aula e de seus resultados”. Ou seja, segundo a concepção
deste autor, a didática não se ocupa apenas em ensinar, mas num processo muito amplo que é
estabelecido a partir da relação professor aluno e de como os resultados são obtidos em sala
de aula.
No final do século XIX, a Didática encontrou seus fundamentos na Filosofia. Isso
é constado não somente pelos trabalhos de Comenius, mas, sobretudo, nos estudos de Jean
Jacques Rousseau, Johann Heinrich Pestalozzi, Johann Friedrich Herbart e de outros
pedagogos daquele referido período histórico (GIL, 2009).
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Em meados do final do século XIX, a Didática passou a buscar fundamentos
também nas ciências, em especial na Biologia e na Psicologia, em função do desenvolvimento
de pesquisas de cunho experimental.
Segundo Gil (2009), no final do século XX surgiram numerosos movimentos de
reforma escolar tanto no continente Europeu, quanto na América. Estes movimentos
reconheciam as limitações da didática tradicional e aspiravam a uma educação que levasse
mais em conta as questões psicológicas envolvidas no processo de ensino.
Nesse contexto histórico, surge o movimento Escola Nova com uma maneira de
tratar os problemas da educação, no sentido de fornecer um arcabouço teórico metodológico
que tendesse a reverter as tradicionais formas de ensino.
Segundo Coutinho (2013), no Brasil, as ideias da Escola Nova foram introduzidas
em 1882 por Rui Barbosa. Contudo, já no século XX, outros educadores se destacaram, em
especial, após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932. Dentre
eles, pode-se destacar: Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo, considerados
grandes humanistas e expoentes da história pedagógica brasileira.
3 DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR
A Universidade é voltada para o ensino, pesquisa e extensão, ressaltando que os
futuros profissionais que estão sendo preparados para o mercado de trabalho também têm a
experiência docente como opção de carreira. No caso da formação do profissional de
Biblioteconomia, é necessário fazer uma análise da trajetória da produção e transmissão de
conhecimento no nosso país que levou à gênesis da profissão.
Essa análise busca aporte em questões de caráter histórico e político de construção
da formação bibliotecária, que segundo Castro (2007, p. 98), é fruto de uma formação
tecnicista e pouco humanística, pautadas nas constantes reformas curriculares ao longo da
academia.
Nessa perspectiva, Cavalcante (2007, p. 95) afirma:
[...] baseada na prática sem maiores compromissos com a teoria, com a política e
com a cidadania, voltada para o acervo e processamento técnico. Eram, pois, os
bibliotecários considerados ‘os servos dos servos da ciência,’ [...] era seu mister
propiciar aos pesquisadores o acesso ao documento, feitos meros intermediários,
sujeitos praticamente inexistentes, sendo marca da profissão o seu caráter servil.
Na concepção de Diniz (et al., 2007),
[...] é preciso que o bibliotecário vença o marasmo que ronda as tarefas meramente
tecnicista e assuma um perfil inovador, com novas competências e qualificações
técnicas, além de atributos de caráter pessoal e interpessoal; conhecimentos de
informática e de idiomas estrangeiros; conhecimentos da teoria da informação e etc.
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O advento da sociedade da informação veio modificar esse quadro, caracterizado
por um processo contínuo de renovação de conhecimento. Chegou o momento em que os
profissionais tiveram que sair dos limites da sala de aula e das bibliotecas para assumir seu
papel político no contexto dinâmico da sociedade. Após conflitos de concepções voltadas para
uma dicotomia entre teoria e prática, ainda presentes em algumas situações, o Bibliotecário
passou a atuar em outras frentes, fazendo ciência e produzindo conhecimento.
A partir disso, podemos visualizar ampliação em seus campos de atuação, sabe-se
que há os ditos “ambientes tradicionais” de atuação do bibliotecário, mas, nos últimos anos,
um novo campo tem crescido de forma promissora.
Na docência do ensino superior é fundamental que o docente priorize o seu
trabalho na busca por diferentes estratégias metodológicas a fim de tornar as aulas mais
atrativas e, consequentemente, proporcionar aos alunos uma formação significativa,
consistente e, sobretudo, coerente com os objetivos propostos para cada área de atuação.
É importante destacar que, dependendo da instituição a qual o professor está
vinculado, um tipo específico de produção será exigido dele, como a própria docência, uma
atividade de pesquisa ou extensão. Porém a atividade de docência será a mais comum em
todas as instituições.
Possolli (2009 apud COELHO; SILVEIRA 2013, p. 23) complementa que “a
relação teoria-prática constitui-se como pano de fundo dos recursos entendidos como
estratégia de ensino-aprendizagem em uma perspectiva educacional significativa e articulada
com o mundo do trabalho”.
Dessa forma, infere-se que o desenho pedagógico é de grande relevância na
escolha de abordagens metodológicas para o ensino de qualquer disciplina, pois pressupõe
que o discente interage de maneira direta com os objetivos investigados, o que pode ampliar o
acesso ao tipo de aprendizagem defendida.
No cenário da educação superior, o processo de ensino aprendizagem possui
especial relevância, devendo configurar-se como uma relação dinâmica e dialógica, já que a
universidade tem papel de destaque na formação do profissional requerido pela sociedade
contemporânea.
Nesse sentido, a prática metodológica também deve ser repensada e aperfeiçoada,
de modo que possa acompanhar as transformações ocorridas no cenário da sociedade, de
modo geral; e no campo da educação, de modo específico, visto que os novos paradigmas
educacionais apontam para a necessidade de um rompimento com posturas tradicionais de
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ensino, rumo a uma compreensão ampla do processo educativo que envolve aspectos
cognitivos, sociais, culturais, econômicos e políticos.
Ressalta-se a importância das trajetórias construídas pelo professor para mediar os
conhecimentos entre os alunos, levando em conta abordagens diversificadas, com aspectos
requeridos pela dinamicidade das demandas sociais, acadêmicas e dos sujeitos envolvidos no
processo de construção dos conhecimentos.
Nessa perspectiva, constata-se que a formação de professores vem sendo
percebida como uma questão fulcral nas redes, nos sistemas, nas licenciaturas, nas
universidades e também nas iniciativas individuais, que apontam uma nova vertente de
preocupação que é a formação do professor no Bacharelado.
Com uma formação continuada, geralmente desenvolvida em modelos de cursos
intensivos em breves períodos que se anunciam como preparação profissional, ou em cursos
de Lato Sensu ou ainda Stricto Sensu, os professores adentram o magistério, em muitos casos,
sem a formação específica, como acontece com os professores bacharelados que somam um
grande número de profissionais liberais lecionando.
A preocupação com a formação do professor para o ensino universitário, em
muitos casos, se dá com relação à questão da docência, com grande foco nas licenciaturas nos
cursos que formam professores, pela necessidade de que sejam implementadas mais pesquisas
de forma a investigar, precipuamente, as problemáticas voltadas para a construção da
identidade dos futuros professores.
A preocupação maior se volta para a formação do professor bacharel que se
encontra atuando na docência nas universidades, apresentando grandes dificuldades
profissionais, resultando na má qualidade do trabalho que desempenha.
Formados em cursos que não contemplam em sua matriz curricular os conteúdos e
metodologias voltados às atividades de ensinar e aprender, os bacharéis professores não conta
com a formação mínima para a docência, além de serem ausentes as políticas de formação
continuada para sua categoria.
Resulta de tais condições de formação deficitária para a profissão docente, uma
prática que muito pouco contribui para a formação profissional dos alunos que lhes são
destinados. Conhecer e dominar os conteúdos nesse cenário se sobrepõe às formas e
metodologias de desenvolvê-lo nas atividades de docência.
A preparação do profissional da educação para sua inserção no ensino,
especificamente no ensino superior, consiste não apenas de planejar e sim em dotá-lo das
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condições de gerir o conhecimento e o ensino, o que significa formar uma concepção
reflexiva da formação a que se oportuniza a um determinado grupo.
O mais agravante é quando o professor que assume o compromisso se ensinar
nesse contexto tem sua formação de bacharel, nos moldes da educação brasileira que visa
formar cidadãos voltados para a formação técnica e desenvolvimento dos setores econômicos
e sociais da sociedade, sem compromisso com uma formação crítica e flexiva
(ANASTASIOU; CAVALLET, 2003, p. 270).
Essas dificuldades passam a ser geridas numa perspectiva de superação,
inicialmente pela necessidade de superar as deficiências no ensino, posteriormente pela
obrigatoriedade social de se desenvolver enquanto profissional. Essa demanda passa a ser
mais problematizadora quando este profissional está em sala de aula, sendo este o primeiro
desafio para o profissional bacharel, que de um momento para outro, se vê num contexto
escolar, na perspectiva de formar outros indivíduos na sua profissão.
Assim sendo, surge neste contexto, um fenômeno educacional que tem como
característica a experiência vivida no processo de ensino, tendo como base o desenvolvimento
profissional da docência, ou seja, o professor bacharel aprende a ensinar quando o mesmo
ingressa em sala de aula na função de professor.
4 ANÁLISE DOS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO BIBLIOTECÁRIO COMO
DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Com relação ao tempo em que desenvolvem as atividades como docentes, os
resultados da pesquisa revelaram que 33,33 % dos profissionais entrevistados possuem 1 ou 3
anos de experiência. Por outro lado, 16,66% desses possuem 4 ou 12 anos de experiência em
sala de aula (ver gráfico 1).
Gráfico 1 – Percentual dos bibliotecários quanto ao tempo em que desenvolvem
suas atividades como docentes.
Fonte: Autores da pesquisa, 2013.
O fato de a maior parte dos bibliotecários professores ter ainda pouco tempo de
experiência em sala de aula é reflexo do crescimento recente dos vários cursos de graduação,
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especialização e pós-graduação, bem como do número cada vez maior de um mercado de
faculdades, universidades e cursos técnicos especializados na ilha de São Luís. Isso se dá,
sobretudo, pela valorização do conhecimento, bem como qualificação dos profissionais para o
mercado de trabalho. Na maior parte destas instituições, o bibliotecário tem a preferência para
ministrar as aulas de metodologia da pesquisa, bem como o ensino relacionado à
normalização de trabalhos acadêmicos.
Quando questionados se desenvolvem ou não outras atividades profissionais, além
de ministrar aula na docência do ensino superior, todos responderam positivamente, ou seja,
além de lecionar, o exercício das atividades relacionadas aos fazeres biblioteconômicos
constitui-se na principal atividade de trabalho dos bibliotecários ludovicense.
Este resultado tem relação direta com o próprio bibliotecário que está vinculado
na instituição de ensino superior, no qual oferece seus serviços na direção da biblioteca em
que atua, onde, por iniciativa própria ou por uma oportunidade oferecida, o bibliotecário
procura aumentar sua fonte de renda, oferecendo seus serviços na própria instituição onde
trabalha como bibliotecário.
Ao serem questionados sobre as dificuldades de conciliar as atividades docentes
com as demais atividades profissionais que desenvolvem, constataram-se os seguintes
resultados: 33,33% dos bibliotecários afirmaram que têm dificuldades. Contudo, a grande
maioria, ou seja, 66,66% não tem nenhuma dificuldade em conciliar as suas práticas
profissionais como docente com as demais atividades profissionais. (ver gráfico 2).
Este resultado parece ser contraditório, já que a maior parte dos profissionais
entrevistados exerce, concomitantemente, a profissão de professor com a de bibliotecário.
Contudo, ressalta-se que quando estão em sala de aula, esta atividade é uma atividade
secundária e que ocupa pouco espaço de tempo do profissional. Além do que, uma atividade
que a maioria dos bibliotecários professores executa de uma maneira prazerosa. Assim, o
resultado do trabalho é menos exaustivo.
Gráfico 2 – Percentual dos bibliotecários quanto às dificuldades de conciliar as
atividades de docentes com as demais atividades profissionais.
Fonte: Autores da pesquisa, 2013.
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No que se referem aos motivos que foram determinantes para ingressarem na
carreira de professor universitário, os resultados da pesquisa revelaram que a grande maioria,
ou seja, 66,66% dos profissionais entrevistados ingressaram por ter sido uma oportunidade
oferecida a eles. Apenas 16,66% destes profissionais afirmaram que ingressaram na docência
do ensino superior por ter sido uma necessidade financeira ou vocação pela profissão de
professor (ver gráfico 3).
Este resultado tem relação direta com o crescimento de um grande número de
curso de graduação nas várias faculdades e cursos oferecidos nas universidades, tanto
particulares como nas públicas (estadual e federal), o que, consequentemente, tem levado
muitos bibliotecários a procurar cursos especializados em docência do ensino superior, como
forma de estar mais qualificado para o mercado de trabalho.
Gráfico 3 – Principais motivos que levaram os bibliotecários a ingressarem na
carreira de professor universitário.
Fonte: Autores da pesquisa, 2013.
Ao ser questionada sobre os principais desafios que o profissional bibliotecário
enfrenta no desenvolvimento de seu trabalho em sala, uma parte significativa dos
profissionais afirmaram que os principais desafios é convencer o aluno da importância da
disciplina que é ministrada para a sua formação acadêmica e profissional.
Conforme se destaca nas palavras da bibliotecária 1. (2013) “na minha opinião,
despertar no aluno o gosto pela disciplina MTP, sem dúvida, é um grande desafio no meu
trabalho como professora. Eles [os alunos] não têm interesse pela disciplina, já que ela é
bastante técnica e cheia de regras e normas”.
Todavia, o bibliotecário 2 (2013) ressalta que “aprender a didática é um grande
desafio para o profissional bibliotecário na sala de aula. Temos que aprender com o tempo,
buscando experiência. Mas no início pesa muito não ter as ferramentas pedagógicas
necessárias que auxiliam numa boa didática.” Nesse sentido, os principais desafios do
bibliotecário professor na sala de aula são as limitações didáticas, bem como o despertar pela
disciplina que é ministrada. Todavia, se este profissional buscar conhecimentos através de
cursos especializados, revistas ou livros da área sobre como funciona o processo de ensino e
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aprendizagem e a relação entre o professor e o aluno na sala de aula, este desafio será
superado e, consequentemente, haverá êxito no seu trabalho como professor.
Sobre a importância que a formação acadêmica do profissional bibliotecário teve
durante o curso de graduação para o desenvolvimento do trabalho didático em sala de aula,
obtiveram-se os seguintes resultados: 50% dos profissionais entrevistados afirmaram
positivamente. Ou seja, os conhecimentos e as informações obtidas durante o curso na
graduação teve grande importância para o trabalho desenvolvido em sala de aula. Nas
palavras do bibliotecário 2, “as aulas de metodologia, projeto e normalização nos tornam
profissionais técnicos e seguros, visto que, ao meu ver, temos mais facilidades de dominar
matérias desse nível” .
Segundo a bibliotecária 3, a formação na graduação foi suficientes para o
desenvolvimento do meu trabalho porque possibilitou a ela um melhor entendimento dos
assuntos e uma melhor forma de passá-los.
Por outro lado, 50% dos bibliotecários entrevistados afirmaram que a sua
formação na graduação não foi suficiente para o desenvolvimento de seu trabalho em sala de
aula, uma vez que: “enquanto profissional, há uma necessidade de aprimoramento contínuo. A
teoria é bastante diferente da prática” (BIBLIOTECÁRIA 4, 2013). De fato, a formação dos
professores na docência do ensino superior é uma das principais críticas apontadas pelos
autores na literatura da área, já que grande parte dos profissionais que atuam na docência do
ensino superior são profissionais técnicos com formação em bacharelado. Sabe-se que
ninguém nasce professor e que muito menos se aprende a ser sem uma preparação adequada.
Nesse sentido, Santos Neto (2013, p. 3) faz uma ressalva:
As falhas na formação do professor universitário ficam bem óbvias nos
levantamentos que se realizam com o corpo discente ao longo do curso. Assim, é
comum verificar que a maioria dos julgamentos negativos direcionados aos
professores concerne-se a falta de didática. Nesse aspecto, é que muitos educadores
universitários vem realizando cursos de Didática do Ensino Superior, que são
oferecidos em nível de pós-graduação com uma frequência cada vez maior por
instituições de Ensino Superior.
Contudo, na prática e com os conhecimentos que podem ser construídos numa
relação recíproca entre o professor e o aluno, o bibliotecário constrói a sua identidade
profissional e adquire experiências que consequentemente serão fundamentais para o seu êxito
com os alunos e como docente no ensino superior.
Gráfico 4 – Opinião dos profissionais bibliotecários quanto à importância de sua
formação acadêmica no desenvolvimento de seu trabalho em sala de aula.
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Fonte: Autores da pesquisa, 2013.
Sobre este questionamento e segundo a concepção da bibliotecária 5 (2013):
a minha formação na graduação não foi suficiente para o desenvolvimento do meu
trabalho em sala porque existe uma carência de conhecimentos relacionados às
práticas pedagógicas, conceito de didática, entendimento da importância do processo
de ensino e aprendizagem.
É notório que a arte de ensinar não significa apenas transmitir o conhecimento.
Este processo deve ser contínuo e recíproco entre o professor e o aluno, numa relação de
construção do conhecimento. Assim, não basta apenas dizer-se professor, o bibliotecário
enquanto professor necessita de capacidades para ensinar, ou melhor, fazer com que o aluno
aprenda e perceba que os conhecimentos de uma determinada disciplina acadêmica é
fundamental para a sua qualificação profissional.
Todavia, para ensinar, não basta saber pensar bem, é preciso ter um vasto
conjunto de saberes e competências, que pode ser designado por conhecimento profissional ou
competências individuais do professor.
Na visão de Ponte (1999 apud FARINELLI; VASCONCELOS, 2013, p. 23), é
necessário aos professores um conjunto básico de conhecimentos e capacidades profissionais
orientados para a sua prática letiva para que eles exerçam seu papel com competência e
qualidade, mas além da formação adequada, ainda é imprescindível a valorização da didática.
Ponte (1999 apud FARINELLI; VASCONCELOS, 2013, p. 23) discute sobre a
necessidade que o professor tem de conhecer bem os conteúdos que ensina. Segundo ele, o
professor não tem que conhecer estes conteúdos do mesmo modo que o cientista, mas tem que
conhecer maneiras de torná-los compreensíveis e relevantes para os alunos.
Tendo em vista a formação do bibliotecário como bacharelado, questionou-se
sobre a relação deste profissional com os demais professores, parceiros de trabalho. Nesse
sentido, a bibliotecária 6 (2013) respondeu da seguinte forma: “eu tenho uma relação muito
boa, uma relação de troca de experiências, interdisciplinaridade. Há uma correlação entre as
diversas área do conhecimento.” Nesse mesmo, sentido a bibliotecária 7 (2003) responde:
“tenho uma excelente relação. Não vejo diferença quanto aos professores que têm
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licenciatura, salvo nos casos de organização de aulas, planilhas, planejamentos. Eles são mais
experientes nisso. Mas na sala de aula, a química é a mesma.
Quando questionados sobre quais os principais recursos didáticos que utilizam
para ministrar as aulas, as respostas convergiram para um mesmo sentido, ou seja, os
principais recursos são técnicas de leitura dinâmica e memorização; dinâmicas de grupo;
seminários; Datashow; exercícios práticos no quadro com o aluno.
Na opinião dos profissionais entrevistados, a preparação do professor bibliotecário
deve levar em conta, no mínimo, um “[...] curso de pós-graduação em docência do ensino
superior, seguido de um estágio curricular (BIBLIOTECÁRIO 8, 2013). Em se tratando do
conhecimento, o bibliotecário 7 respondeu da seguinte forma: “é preciso saber passar a
informação aos discentes. Portanto, a didática é importante, mas seria necessário sempre
buscar inovações, do tipo: incentivar pesquisa em todos os âmbitos, mas, para isso, o
professor deve ser um exímio conhecedor de ferramentas de pesquisa”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa não pretendeu esgotar todos os questionamentos sobre o
estudo em questão, mas é apenas um pequeno passo para futuras investigações científicas
interessadas em analisar os principais desafios didáticos e metodológicos, bem como as
perspectivas mercadológicas do bibliotecário como professor na docência do ensino superior.
Tendo em vista os objetivos estabelecidos no presente estudo e, com base na
revisão de literatura realizada e na pesquisa de campo desenvolvida, infere-se que um dos
principais desafios do bibliotecário professor na docência do ensino superior é o domínio da
didática, bem como o despertar no aluno para os conhecimentos que são ministrados em sala
de aula.
A formação do bibliotecário professor durante o curso de graduação também pode
ser apontado como um aspecto negativo para o desenvolvimento de seu trabalho em sala de
aula. Porém, parte significativa dos profissionais entrevistados afirmou que a sua formação
acadêmica foi importante para o seu trabalho em sala de aula, destacando-se os
conhecimentos assimilados nas disciplinas de metodologia e de projeto de pesquisa.
É importante que o bibliotecário como professor docente no ensino superior
busque seus conhecimentos pedagógicos, didáticos e metodológicos necessários ao bom
desempenho de seu trabalho em sala de aula. Tais conhecimentos não podem ser encontrados
apenas em sala de aula, durante a sua formação acadêmica, mas por inciativa própria e através
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de livros, artigos científicos ou até mesmo por meios de seus colegas professores parceiros de
trabalho nos cursos onde ministram suas aulas.
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OS CURRÍCULOS DOS CURSOS DE BIBLIOTECONOMIA: um enfoque no âmbito
tecnológico, administrativo e social
GT5: modalidade oral
LAMAS, Thaís de Almeida64
NEVES, Raquel Dinelis65
OLIVEIRA, Kevin Silveira66
PAULA, Jenifer Geruza Moraes de67
SOUZA, Jéssica Oliveira de68
RESUMO
O presente trabalho apresenta dois currículos de cursos de Biblioteconomia do Rio de Janeiro
com o objetivo de os analisar demonstrando a evolução e o desenvolvimento da formação do
profissional bibliotecário ao longo do tempo, apresentando críticas quanto ao atual perfil do
bibliotecário dentro das necessidades do mercado, observando a partir de três focos:
tecnológico, administrativo e social. O primeiro currículo analisado é aquele do curso de
Biblioteconomia da Biblioteca Nacional de 1911, primeiro curso de Biblioteconomia do
Brasil. E o segundo currículo pertence ao curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de
Informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de 2005, o mais recente no
estado do Rio de Janeiro. Para este trabalho foram realizadas pesquisas de levantamento
bibliográfico de artigos que dissertam sobre temas afins, além da utilização dos próprios
currículos dos cursos.
Palavras-chave: Biblioteconomia. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Biblioteca
Nacional.
ABSTRACT
The following project presents two programs of the Library Science courses from Rio de
Janeiro with the goal in this project is to analyze the programs, showing the evolution and
development of the librarian professional through time, presenting critics about the current
librarian profile along with the necessities of the market, analyzing from three focuses:
technological, administrative and social. Being the first program the antique course of the
National Library in 1911, which was the first Library Science course in Brazil. And the
second program belongs to the Library Science and Information Unit Management course of
UFRJ from 2005, the most recent in the Rio de Janeiro state. For this project researches were
accomplished based in articles that discourse about similar themes, besides of the utilization
of the courses’ programs themselves.
64
Discente do Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidade de Informação (CBG) pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). E-mail: [email protected].
65
Discente do CBG pela UFRJ. E-mail: [email protected].
66
Discente do CBG pela UFRJ. E-mail: [email protected].
67
Discente do CBG pela UFRJ. E-mail: [email protected].
68
Discente do CBG pela UFRJ. E-mail: [email protected].
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Keywords: Library Science. Federal University of Rio de Janeiro. National Library.
1 INTRODUÇÃO
A sociedade está em constante modificação, seja pelo desenvolvimento das
tecnologias de informação e comunicação ou por acontecimentos históricos em nível
econômico e social, e é nesse contexto que se pode evidenciar que os rumos das profissões
acompanham tais transformações e podem ser observadas. Dentre as modificações ocorridas
nas profissionais contemporâneas está a formação do profissional bibliotecário. Esta formação
tem seu lastro, no Brasil, no primeiro curso de Biblioteconomia no Brasil, oferecido pela
Biblioteca Nacional (BN) no ano de 1911 e possui 40 cursos na atualidade, dos quais o mais
recente na forma presencial em nível de bacharelado é aquele da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Os dois cursos evidenciam as mudanças significativas aconteceram nos
últimos anos e são utilizados como norteadores na observação das transformações da
formação profissional.
Antes de prosseguir com a análise proposta cabe ressaltar que o bibliotecário é o
profissional responsável por organizar, tratar e disseminar a informação, ou seja, preservar as
condições físicas dos materiais armazenados, mediando e facilitando o acesso dos usuários
(WALTER; BAPTISTA, 2008). Sob essa perspectiva, além das competências técnicas
(catalogação, indexação, formação de acervos, entre outros), o bibliotecário organiza e
armazena as informações, além de oferecer sob os mais diversos suportes a disponibilização
das informações para a resolução das necessidades informacionais. Da mesma forma, realiza
estudos e pesquisas, elabora e auxilia na elaboração de recursos informacionais, além de
prestar serviços de assessoria e consultoria nos mais diversos ambientes com vistas à gestão
da informação, por exemplo. Por atuar em uma área que possui a informação como objeto
norteador, o profissional precisa estar voltado essencialmente para o social, pois é no espaço
social que acontecem as informações (WALTER; BAPTISTA, 2008).
Neste contexto percebe-se que o perfil do bibliotecário alterou-se devido às
demandas da sociedade, que cada vez mais necessita de informação rápida e precisa. Sob essa
perspectiva acompanharam também as propostas curriculares dos cursos de Biblioteconomia
em todo o mundo, tendo que ser adaptadas a fim de atender as necessidades específicas
sociais no que tange ao trabalho informacional.
De forma geral, na sua formação o bibliotecário terá disciplinas que possam lhe
dar o conhecimento para suprir as principais necessidades informacionais da sua comunidade
e de seus usuários no mundo contemporâneo. Contudo, é emergente que esse profissional seja
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profissional temos e qual queremos ser?
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competente em informação e possua habilidades que lhe forneçam mais background no
atendimento dessa maior exigência.
[...] O objetivo da biblioteconomia seja qual for o nível intelectual em que deve
operar é aumentar a utilidade social dos registros gráficos, seja para atender à
criança analfabeta absorta em seu primeiro livro de gravuras, ou um erudito
absorvido em alguma indagação esotérica. Portanto, se a biblioteconomia deve
servir à sociedade em toda extensão de suas potencialidades, deve ser muito mais do
que um monte de truques para encontrar um determinado livro numa estante
particular, para um consulente particular. Certamente é isso também, mas
fundamentalmente biblioteconomia é a gerência do conhecimento. Por isso, estes
novos mecanismos projetadas para manipular conhecimentos a fim de que o homem
possa alcançar melhor compreensão do universo no qual se encontra, são de especial
interesse para o bibliotecário. Pois o bibliotecário fará mal sua tarefa se não
compreender todo o papel do conhecimento na sociedade que ele serve e a parte que
as máquinas podem realizar no processo da "ligação do tempo". O bibliotecário é o
supremo "ligador do tempo", e a sua disciplina é a mais interdisciplinar de todas,
pois é a ordenação, relação e estruturação do conhecimento e dos conceitos.
(SHERA, 1977, p. 11).
Assim, o objetivo do seguinte trabalho é analisar as propostas das grades
curriculares dos cursos de Biblioteconomia do Brasil. A primeira proposta do ano de 1911, de
responsabilidade do curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional (o primeiro curso de
Biblioteconomia do Brasil). E o segundo do ano de 2005, de responsabilidade do curso de
Biblioteconomia e Gestão de Unidade de Informação da UFRJ (curso de Biblioteconomia
mais recente do Estado do Rio de Janeiro) (PROPOSTA..., 2008). Espera-se com isso
evidenciar o desenvolvimento do perfil do profissional bibliotecário no Brasil no
desenvolvimento da sociedade e suas necessidades, além de apresentar críticas quanto à
formação moderna do profissional bibliotecário, constatando-se a mudança do perfil do
bibliotecário ao longo do tempo.
2 FORMAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO
Desde o seu surgimento até a atualidade a Biblioteconomia sofreu uma
transformação significativa ao longo dos anos, adequando-se para atender às necessidades
específicas da sociedade de uma forma geral.
As alterações que ocorreram na sociedade ao longo do tempo, resultaram na
formação do profissional contemporâneo, desde a criação do curso de Biblioteconomia na
Biblioteca Nacional até aqueles em andamento dos dias de hoje. Várias foram as diretrizes
que serviram parar embasar esse processo, na medida que define critérios para a formação
desse profissional, visando as demandas que a sociedade necessita.
Na atualidade remonta ao número total de 39 cursos em atividade no Brasil, em
nível
de
bacharelado
em
Biblioteconomia
(CONSELHO
REGIONAL
DE
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19 a 25 de julho de 2015
BIBLIOTECONOMIA 10ª REGIÃO, 2013). E como o objetivo é empreender uma análise
das mudanças apresentadas nas propostas das grades curriculares do curso para a formação
profissional nas diferentes datas, foram selecionados o primeiro do curso em atividade no
Brasil e o curso mais recente, resguardando as particularidades e oportunidades das épocas.
2.1 Currículo do curso da Biblioteca Nacional
Criado em 11 de julho de 1911 no Rio de Janeiro a partir do Decreto 8.835 na
Biblioteca Nacional, o curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional visava formar um
profissional com capacidade de atender as deficiências em que a BN possuía (CASTRO,
2002). Sua estrutura foi baseada no modelo da École de Chartres, sob influência humanista
francesa com o objetivo de formar um profissional humanista e guardião. “[...] De início o
curso contemplava apenas quatro disciplinas, as quais: Bibliografia, Paleografia e
Diplomática, Iconografia e Numismática”. (CASTRO, 2002, p. 26).
De acordo com o programa das disciplinas as aulas ministradas mesclavam
noções preliminares que abordavam uma introdução do assunto e as aulas práticas. Na
disciplina de Bibliografia era ensinado sobre a fabricação dos suportes, conservação e
restauração, história do papel, direitos autorais, etc. As aulas de Paleografia e Diplomática
eram divididas em teórica e prática. Na teórica eram ensinados separadamente e na prática era
cobrado à organização dos registros e inventários, classificação e catalogação de documentos
manuscritos. A disciplina de Numismática os alunos tinham a possibilidade de conhecer e
reconhecer os processos de elaboração, tipos, formas, valores e diferentes moedas. A
disciplina de Iconografia era voltada para a definição de conceitos, conhecimento de técnicas
de iconografia, sua catalogação e classificação, entre outros conteúdos (WEITZEL, 2009).
O curso de Biblioteconomia teve sua primeira turma em abril de 1915, por conta
de recursos, e pela falta de pessoas interessadas em participar do curso (CASTRO, 2000) e
para ingressar no curso, era necessário realizar “[...] uma prova escrita de português e provas
orais de geografia, literatura, história universal e de línguas: francês, inglês e latim”
(CASTRO, 2000, p. 54).
Uma influência de destaque nesse processo é o surgimento em São Paulo, no ano
de 1929, do curso de Biblioteconomia no Instituto Mackenzie. Este curso baseava-se no
modelo dos cursos técnicos norte-americanos, pois se mantinha em disciplinas como
Catalogação e Classificação, ou seja, orientava-se para a organização técnica da biblioteca
curso (CASTRO, 2000). Esse processo que aconteceu em São Paulo teve reflexo na
Biblioteca Nacional por volta de 1940, na medida em que seu currículo foi modificado. Nesse
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sentido, afirma Castro (2000), “Essa reforma muda a ênfase curricular de preparação
humanista para a de ordem técnica, uniformizando os saberes bibliotecários e consolidando,
no Brasil, o modelo pragmático americano”. Por sua vez, o currículo da BN passou a agregar
disciplinas como: Organização de Bibliotecas, Catalogação, Classificação, Bibliografia,
Referência e História do Livro e das Bibliotecas, contando também com algumas optativas.
2.2 Currículo do curso da UFRJ
Com o surgimento de outros cursos, ilustra-se uma crise diante de bibliotecários
que defendiam a necessidade técnica e aqueles que queriam um currículo que atendesse
também a formação cultural e humanista do bibliotecário. Portanto, em 1962 é criado um
currículo mínimo que determina uma sistematização do ensino. Com isso regula o exercício
da profissão de bibliotecário pela Lei 4.084 de 1962, que dispõe sobre profissão de
bibliotecário e regula seu exercício (ALMEIDA; BAPTISTA, 2013); a saber:
Do Exercício da Profissão de Bibliotecário e das suas atribuições
Art 1º A designação profissional de Bibliotecário [...] é privativa dos bacharéis em
Biblioteconomia, de conformidade com as leis em vigor.
Art 2º O exercício da profissão de Bibliotecário, em qualquer de seus ramos, só será
permitido:
a) aos Bacharéis em Biblioteconomia, portadores de diplomas expedidos por Escolas
de Biblioteconomia de nível superior, oficiais, equiparadas, ou oficialmente
reconhecidas;
b) aos Bibliotecários portadores de diplomas de instituições estrangeiras que
apresentem os seus diplomas revalidados no Brasil, de acordo com a legislação
vigente. (BRASIL, 1962).
“Com a padronização dos conteúdos pelo Currículo Mínimo de 1962 e o de 1982,
surgiu entre os acadêmicos, descontentamentos com a quantidade de disciplinas e com o
caráter ora muito técnico e ora demasiadamente humanístico dos conteúdos estabelecidos
(RUSSO, 1966; MACEDO, 1963; SOUZA, 1990 apud ALMEIDA; BAPTISTA, 2013)”.
Parte das alterações em âmbito profissional teve como base as leis que
regulamentam a profissão e também que abordam o ensino, como a Lei 9.394 de 1996, o
Parecer CNE/CES 492/2001, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional
(ALMEIDA; BAPTISTA, 2013). As diretrizes curriculares nacionais específicas para o
ensino de Biblioteconomia foram estabelecidas em 2001 por meio do Parecer
CNE/CES492/2001 do Conselho Nacional de Educação/Câmara Superior de Educação
(ALMEIDA; BAPTISTA, 2013). Para Almeida e Baptista (2013, p. 8), “Esse documento
definiu o perfil dos formandos da área, enumerou as competências e habilidades necessárias
ao egresso direcionando o conteúdo curricular”. Neste contexto, as instituições tiveram mais
liberdade para implementar novas atividades da graduação, que, portanto, propiciaram a
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formação de um indivíduo com capacidade de responder às necessidades atuais do mercado.
De acordo com as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Biblioteconomia (BRASIL, 2001,
p. 26), a formação do bibliotecário deve proporcionar ao aluno:
[...] o desenvolvimento de determinadas competências e habilidades e o domínio dos
conteúdos da Biblioteconomia. Além de preparados para enfrentar com proficiência
e criatividade os problemas de sua prática profissional, produzir e difundir
conhecimentos, refletir criticamente sobre a realidade que os envolve, buscar
aprimoramento contínuo e observar padrões éticos de conduta [...].
No ano seguinte, o Conselho Nacional de Educação, por meio de Resolução
CNE/CES 19, de 13 de março de 2002, estabelece uma atualização nas diretrizes curriculares
para os Cursos de Graduação, na área de Biblioteconomia (PROPOSTA..., 2008). Nesta
mesma época é formulada a proposta do Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de
Informação (CBG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nesse sentido o curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação é
elaborado e em 2003 é criada a proposta pedagógica para o curso. Esta proposta foi
encaminhada às instâncias competentes da UFRJ, para fins de análise e aprovação. Com a
aprovação no ano de 2005 o curso foi agregado a Faculdade de Administração e Ciências
Contábeis (FACC), em virtude do seu foco na área de gestão. Sua primeira turma teve o
ingresso no ano de 2006 (PROPOSTA..., 2008).
O curso de natureza multidisciplinar aborda no seu currículo, com diferentes
disciplinas que possuem como objetivo formar bibliotecários aptos a atuarem técnica e
gerencialmente no mercado de trabalho nos mais diversos tipos de unidade de informação
(seja em uma biblioteca, centros de documentação, centros culturais, serviços ou redes de
informações etc.). (PROPOSTA..., 2008).
Assim sendo, o aluno é estimulado no curso a desenvolver habilidades diante dos
novos paradigmas impostos. Como é o caso das tomadas de decisões gerenciais e observação
dos padrões éticos e legais da profissão exercida em diferentes âmbitos e dimensões. Este
curso “[...] foi planejado para atender as necessidades do bibliotecário do século 21 sendo elas
a de administrar os recursos que integram as Unidades de Informação [...]” (RUSSO, 2011).
2.3 Análise dos currículos
De forma a sistematizar a análise comparativa empreendida é que se apresenta no
quadro 1 as propostas das grades curriculares do primeiro curso de Biblioteconomia na
Biblioteca Nacional e a do Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Quadro 1 – Grade curriculares.
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Currículo da
Biblioteca
Nacional (1915)
Currículo da UFRJ (2005)
Representação Descritiva I Língua Portuguesa
Bibliografia
Fundamentos de
Biblioteconomia e
Ciência da
Informação
Paleografia
Comunicação e
História do Registro da
Lógica Clássica
Realidade Brasileira
Informação
Introdução à Sociologia Tecnologia da Informação Bibliotecas, Informação e
e Comunicação
Sociedade
Teoria das
Inglês Instrumental
Introdução à Economia
Organizações
Serviço de Referência Administração de
Representação Temática I
Unidades de Informação I
Representação
Planejamento de Unidades Introdução à Contabilidade
Descritiva II
de Informação
Automação em
Estágio Supervisionado Normalização da
Unidades de
em Biblioteconomia
Documentação
Informação
Recursos
Análise da Informação
Marketing em Unidades de
Informacionais I
Informação
Representação
Gestão da Informação e do Estágio Supervisionado em
Temática II
Conhecimento
Gestão de Unidades de
Informação
Administração de
Recursos Informacionais II Indexação e Resumo
Unidades de
Informação II
Processo Decisório
Extensão Cultural em
Fundamentos de Recursos
Unidades de Informação Humanos
Formação e
História da Tecnologia
Finanças em Unidades de
Desenvolvimento de
Informação
Coleções
Competência em
Psicologia das
Metodologia da Pesquisa
Informação
Organizações
Planejamento e Gestão Conservação e
Análise e Modelagem de
de Projetos
Preservação de Suportes Processos
Informacionais
Sistema de
Ética da Administração
Comunicação Científica
Recuperação da
Informação
Arquitetura da
Filosofia da
Gerenciamento Eletrônico de
Informação
Administração
Documentos
Diplomática
Numismática
Fonte: Elaborado a partir de Biblioteca Nacional (2015) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015).
Após a realização da pesquisa e observação dos currículos acima analisados,
conclui-se que os cursos atualizaram os seus currículos conforme as diferentes expectativas da
sociedade. Para uma compreensão mais aprofundada sobre essas mudanças pode-se analisar
essas modificações curriculares em três focos: tecnológicas, administrativas e sociais.
O primeiro foco das atualizações dos currículos evidencia quanto o
desenvolvimento tecnológico influência nas profissões. Ao longo do tempo, os programas, os
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equipamentos, as máquinas (ou em outras palavras os softwares e os hardwares) evoluem na
sociedade, desenvolvendo-se e modificando-se juntos. E as profissões, que não poderiam ficar
aquém das mudanças ocorridas, passam a serem “atualizadas”. No caso da profissão do
bibliotecário não poderia ser diferente, novas matérias de tecnologias foram inseridas no
currículo desse profissional para que pudessem acompanhar as transformações.
Numa área em que as tecnologias de informação e comunicação revolucionaram de
forma profunda os fazeres bibliotecários, ainda se observa que em algumas
atividades, como, por exemplo, o de análise de informação, o trabalho continua
sendo efetuado, em muitos casos e a despeito de todas as possibilidades existentes
nas redes e nos bancos de dados locais e remotos, de forma muito semelhante ao que
se fazia quando o suporte para registro e recuperação de informação eram as
famosas fichas 12,5x7,5cm. (WALTER; BAPTISTA, 2008, p. 95).
O trabalho do bibliotecário precisa atender as necessidades de seus usuários, que
estão cada vez específicas e com pouco tempo de espera. A partir disso, precisa-se poupar o
tempo de seu usuário, a resposta deve ser rápida, precisa e eficiente. Com os avanços
tecnológicos e a explosão informacional, há cada vez um maior volume de informações
circulando, porém, uma grande quantidade dessa informação pode não ser confiável,
dificultando e aumentando o tempo de procura dos usuários que não possuem o conhecimento
necessário de fontes de informação para obter a informação que deseja. Sendo assim, o
bibliotecário precisa estar atualizado quanto as novas tecnologias, para otimizar o tempo do
usuário e garantir para que encontre a informação que supra a sua necessidade.
O segundo foco de análise é o administrativo. Ao observar os currículos acima
apresentados tem-se a percepção que no primeiro curso de Biblioteconomia do Brasil,o
aspecto do bibliotecário/gestor não era tão evidente, o foco nos primeiros currículos era a
parte mais técnica de catalogação, indexação e formação de acervos. Atualmente, esse perfil
do bibliotecário mudou bastante, pois está mais claro tanto para a sociedade como para os
próprios profissionais, que o bibliotecário é também o profissional administrador da biblioteca
e das unidades de informação. Recentemente, os cursos já incluíram diversas matérias do
âmbito da administração nos currículos dos cursos. No caso específico do curso da UFRJ,
como descriminado acima, tem muitas matérias voltadas para a gestão, visando abarcar
também a formação do bibliotecário como gestor da unidade de informação, preservando
aquela formação técnica anteriormente citada. Ao todo existem na UFRJ quatorze disciplinas
com essa abordagem.
Percebe-se que a inclusão de matérias administrativas no currículo dos cursos de
Biblioteconomia é de vital importância para o bibliotecário na promoção de competências
necessárias para gerir uma unidade de informação, pois o perfil gestor do bibliotecário é
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crucial para a sobrevivência das bibliotecas nos dias de hoje. Saber definir metas, elaborar
objetivos, gerenciar os materiais e os recursos da biblioteca são essenciais para o futuro das
unidades de informação e biblioteca, especialmente em uma difícil realidade, onde a
biblioteca é o setor mais frágil de qualquer empresa e instituição, e a primeira a ser fechada se
surgir um problema financeiro. Porém, esse cenário vem mudando na atualidade, cada vez
mais os profissionais compreendem a importância desse conhecimento administrativo e os
departamentos responsáveis pelos cursos de Biblioteconomia estão atualizando seus
currículos para poderem suprir essa necessidade tanto do mercado de trabalho, como da
profissão bibliotecária.
O terceiro e último foco de análise é a questão social. Esta discussão da profissão
bibliotecária e o seu papel social, ainda é pouco discutida, embora seja cara e essencial. No
primeiro curso de Biblioteconomia do Brasil, o aspecto social não era tão evidente, conforme
exposto o foco nos primeiros currículos era a parte mais técnica de catalogação, indexação e
formação de acervos. Neste aspecto observa-se que, por exemplo, no curso de
Biblioteconomia e Gestão de Unidade de Informação da UFRJ, tem-se como exemplo a
disciplina obrigatória sobre “Competência em Informação” quem tem como objetivo
compreender o papel social do bibliotecário como educador.
O bibliotecário não está somente na biblioteca para organizar, catalogar, indexar,
juntamente para dar assistência aos seus usuários, e esse tipo de assistência é discutidos nas
matérias mais sociais. Portanto, o papel do bibliotecário não está pautado exclusivamente na
busca e na entrega da informação que o usuário deseja, mas também, e principalmente, nas
atividades que envolvem a aprendizagem no ciclo completo e complexo que considera desde a
necessidade de informação até a resolução do problema. Neste contexto nota-se que o
bibliotecário tem um papel de educador dentro e fora da biblioteca, de ensinar o usuário as
competências necessárias para buscar a informação no meio desse grande volume de
informações que estão circulando nos dias de hoje. Assim, o bibliotecário tem um papel
fundamental na sociedade atual, quem melhor do que um bibliotecário para saber lidar com
essa massa de informação? Desta forma, uma das maiores responsabilidades do profissional
bibliotecário, é ensinar aos seus usuários como encontrar a informação certa, confiável e do
jeito menos complicado, para que essa ação se torne rotineira no cotidiano de seus usuários. O
papel do bibliotecário vai além da biblioteca, entrando nas questões políticas, culturais e
sociais.
A partir da análise empreendidas nas propostas dos currículos, percebe-se que o
perfil do profissional mudará junto com as necessidades da sociedade, pois o profissional
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precisa se adaptar à sociedade em que está inserido para oferecer um serviço atualizado,
eficaz e que supra as necessidades dos usuários, além de cumprir o seu papel social perante a
sociedade, mas é importante frisar que cabe ao profissional escolher qual caminho seguirá.
3 METODOLOGIA
Nesta pesquisa foram analisadas duas propostas de grades curriculares de cursos
de Biblioteconomia em diferentes períodos. A partir da técnica de observação não estruturada,
utiliza-se bibliografias, fontes de informações comercial, os quais são: o site da BN, do curso
de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação da UFRJ e o próprio site da UFRJ e
uma visita à Biblioteca Nacional. Nessa pesquisa, buscou-se analisar e estabelecer a diferença
do enfoque dos currículos dos cursos de Biblioteconomia no Brasil, do primeiro currículo da
Biblioteca Nacional, com o do curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação
da UFRJ, curso mais recente curso do Rio de Janeiro.
Na pesquisa bibliográfica, utilizou-se artigos para embasar e aprimorar
entendimentos referentes ao assunto e temática escolhida. Nas fontes de informações
comerciais foram coletados dados referentes aos currículos, entre outros tipos de informação
para completar o trabalho apresentado. A visita à Biblioteca Nacional (BN) embasou a
pesquisa com dados precisos que não estavam explícitos e de fácil acesso nas fontes de
informações formais da instituição e foram adquiridas quando estabelecidos contatos com a
sessão de obras raras. Tendo então dois objetos semelhantes como pesquisa, o currículo antigo
e o atual, mas distintos em termos de conteúdo, buscou-se explicitar ao máximo o
desenvolvimento do perfil do bibliotecário com base nas necessidades da sociedade, que é o
foco do estudo, mostrando suas finalidades e objetivos no antes e no agora, principalmente
sua importância, tendo em vista as novas atribuições à profissão. Para tal foram considerados
os três parâmetros norteados: tecnológicos, administrativos e sociais. Estes parâmetros foram
escolhidos porquê percebe-se que na atualidade estão sendo bastante requeridos tanto no
mercado, como na sociedade em geral, são três fatores que os profissionais bibliotecários
precisam adquirir para suprir a necessidade desse mercado.
4 CONCLUSÃO
A discussão apresentada discorre sobre pontos cruciais no desenvolvimento da
grade curricular do curso de Biblioteconomia a partir de dois currículos e perceber-se que o
perfil do profissional Bibliotecário se modificou ao longo dos anos de acordo com as
demandas que lhe foram impostas (social, tecnológica e administrativo).
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O foco no desenvolvimento ocorre pela discrepância entre as grades curriculares
da Biblioteca Nacional (1911) e da UFRJ (2005), mostrando assim, as diferenças de
necessidades de cada época da sociedade. O surgimento das demandas também proporciona
uma influência de uma instituição para outra, como o impacto que o Instituto Mackenzie
causou, ocasionando a inserção de novos conteúdos e disciplinas na grade curricular da
Biblioteca Nacional.
Uma proposta de grade curricular nada mais é que a construção cultural do futuro
profissional, consequentemente deve sofrer atualizações ao longo dos anos, assim como os
profissionais precisam se manterem atualizados após a formação básica. Assim, tendo então
dois objetos semelhantes como pesquisa (o currículo antigo e o atual), mas distintos em
termos de conteúdo, foram explicitados ao máximo o desenvolver do perfil do bibliotecário,
que é o foco do estudo. Além disso, mostrando suas finalidades e objetivos no antes e no
agora, principalmente sua importância e as novas atribuições à profissão.
Concluindo a análise dos currículos, vê-se a importância da atualização e da
modificação do currículo dos cursos de Biblioteconomia sempre que forem necessários. A
sociedade tem expectativas quanto ao profissional que sai da universidade, deseja um
profissional atualizado nas tecnologias, com capacidade de administração e com o papel
social ativo. O profissional deve buscar o aperfeiçoamento em suas práticas, e os cursos de
biblioteconomia devem fazer com que os seus alunos terminem a universidade mais
completos possíveis para a inserção no mercado de trabalho e ativos no seu papel social com a
sociedade.
Nesta oportunidade encaminham-se também como propostas futuras de pesquisas
as abordagens tecnológicas, administrativas e sociais.
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profissional temos e qual queremos ser?
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O GERENCIAMENTO DE UM ACERVO ESPECIAL FRENTE À PRESERVAÇÃO
DIGITAL: a prática da digitalização do projeto biodiversity heritage library (BHL) no
Museu Paraense Emílio Goeldi
GT 5: modalidade oral
OLIVEIRA, Alessandra69
CASTRO, Jetur70
RESUMO
Trata da gestão de acervos bibliográficos especiais frente a utilização da preservação digital
em unidades de informação, questão fundamental no que se refere à salvaguarda e a difusão
de um acervo para ampliar o acesso de usuários à informação científica. O trabalho tem como
objetivo geral estudar o papel da preservação digital na gestão de um acervo bibliográfico
especial. Especificamente objetiva mostrar o caso do projeto de digitalização e publicação
online da coleção de Obras Raras Essenciais em Biodiversidade do Museu Paraense Emílio
Goeldi de iniciativa da Biodiversity Heritage Library. Quanto à natureza e de acordo com os
objetivos propostos o caráter metodológico desse trabalho corresponde a uma pesquisa
explicativo-descritiva. O método de abordagem utilizado foi o hipotético-dedutivo e o método
operacional o monográfico. Para a revisão de literatura, realizou-se a pesquisa em livros,
periódicos, dissertações, teses e artigos científicos já publicados abordando a temática.
Portanto, são analisadas as questões mais relevantes no estudo, com relação aos métodos
relacionados com a preservação de um acervo bibliográfico em formatos digitais. Neste
sentido, a gestão desse acervo aliado à preservação na coleção em biodiversidade, trará
enorme contribuição à biblioteca do MPEG, tornando as informações cientificas mais
acessíveis, dando continuidade à memória e certificando a absoluta excelência dos suportes
digitais, abarcada pelas inovações tecnológicas que remediarão suas perdas futuras.
Palavras-chave: Gerência de acervos bibliográficos. Preservação digital. Coleções
bibliográficas especiais. Digitalização de Documentos.
ABSTRACT
Deals with the management of bibliographic special collections front the use of digital
preservation in information units, fundamental question with regard to safeguarding and
dissemination of a collection to expand user access to scientific information. The work has as
main objective to study the role of digital preservation in the management of a special library
collections. Specifically aims to show the case of online digitization and publication design
Collection of Essential Rare Works Biodiversity of the Goeldi Museum of initiative of the
Biodiversity Heritage Library. The nature and according to the proposed objectives
methodological character of this work corresponds to an explanatory descriptive research.
The approach method was the hypothetical-deductive and the operating method the
monographic. For the literature review, we carried out the research in books, journals,
dissertations, theses and scientific articles published already addressing the issue. Therefore,
69
Graduanda em Biblioteconomia pela (UFPA). E-mail: [email protected]
Graduando em Biblioteconomia (UFPA). Pesquisador e Colaborador da Rede Cariniana – (IBICT/Brasília). Email: [email protected]
70
286
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we analyze the most important issues in the study, with the methods related to the
preservation of a collection of books in digital formats. In this sense, the management of this
collection together with the preservation of biodiversity in the collection, will bring enormous
contribution to MPEG library, making more accessible scientific information, continuing the
memory and ensuring the absolute excellence of digital media, embraced the technological
innovations that remediarão their future losses.
Keywords: Management of library collections. Digital preservation. Special library
collection. Document Scanning.
1 INTRODUÇÃO
O estudo realizado teve como objeto a gestão de acervos bibliográficos especiais.
Partiu-se do pressuposto de que a humanidade em seu transcurso histórico sempre teve a
necessidade intrínseca de conservar conhecimentos, pensamentos e ações, objetivando
difundir estas questões para as gerações vindouras. Nesse contexto, observa-se o papel da
memória nas bibliotecas, pois esta é tida como um patrimônio, haja vista que uma sociedade
sem memória é uma civilização sem identidade. A memória preservada nas bibliotecas é o
que pode identificar a natureza de uma nação, solidificando-a e caracterizando de forma a
olhar e identificar a sociedade.
Foi selecionado o acervo bibliográfico de obras raras essenciais em biodiversidade
do Museu Paraense Emílio Goeldi, para ser o campo de estudo do presente trabalho, pois este
representa um importante tesouro para a memória da ciência na Amazônia.
Como objetivo geral pretendeu-se estudar o papel da preservação digital na gestão
de um acervo bibliográfico especial. Seguindo essa linha o objetivo específico é o de mostrar
o caso do projeto de digitalização e publicação online da coleção de Obras Raras Essenciais
em Biodiversidade do Museu Paraense Emílio Goeldi de iniciativa da Biodiversity Heritage
Library.
Quanto à natureza e de acordo com os objetivos propostos o caráter metodológico
deste trabalho corresponde a uma pesquisa exploratório-descritiva. O método de abordagem
utilizado foi o hipotético-dedutivo e o método operacional o monográfico. O exemplo usado é
o da coleção de obras raras do MPEG.
Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica ou de fontes primárias e
secundárias com o objetivo de localizar conteúdos em livros, periódicos, dissertações, teses e
artigos científicos já publicados abordando a temática onde se terá como Trujillo Ferrari
(1974, p. 230) menciona, “[...] o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação
de suas informações”.
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O referencial teórico é formado a partir da produção de uma breve revisão de
literatura construída a partir dos objetivos elencados anteriormente, onde a bibliografia
relevante sobre o assunto “[...] oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já
conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não se cristalizaram
suficientemente” (MANZO, 1971, p. 32, tradução nossa). Dessa forma, a pesquisa
bibliográfica busca levantar informações sobre gestão de acervos, acervos raros e especiais,
bibliotecas, preservação digital e o Museu Paraense Emílio Goeldi.
Estudar a memória bibliográfica e as suas formas de gestão e preservação são de
vital importância para a salvaguarda da história, fato este em voga nos últimos anos com
maior espaço para discussões no cenário atual, mostrando como é perceptível e sensível o
assunto, posto que os acervos bibliográficos especiais preservam e tornam disponível uma
parcela da memória humana, enraizada como um patrimônio, através da criação de valores e
conhecimentos descritos em um momento, utilizado para o entendimento de um fato no
presente e preservado para a prática de sociedades futuras.
2 O GERENCIAMENTO EM ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS
O contexto das unidades de informação apresenta peculiaridades quanto à gestão
de seus acervos, características representadas nos recursos para o compartilhamento da
informação, principalmente, com a tentativa de facilitar o acesso ao conteúdo dos materiais
por elas gerenciados.
Assim, entende-se que o ato de administrar/gerenciar também pode ser
desenvolvido em bibliotecas, objetivando organizar fontes de riquezas atuais, nesse caso o
conhecimento, que deve ser administrado por profissionais que busquem organizá-los
fisicamente, assim como forma de recuperá-los, em ambientes híbridos a partir de alto grau de
eficiência e eficácia, para desse modo tornar disponíveis as coleções bibliográficas ali
colocadas à disposição dos usuários.
Essas ações incumbidas da gestão de acervo podem servir como soluções para
antigos problemas, tal como da busca incansável de pesquisadores atrás de fontes de
informação. Sem essa gestão as fontes se perdem, por não estarem organizadas, catalogadas
ou até mesmo com condições físicas de manuseio. Foi objetivando minimizar este problema
que as bibliotecas buscam novas saídas para gerenciar seus acervos bibliográficos, onde o uso
de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) se tornaram mecanismos que podem
levar informações a mais usuários, muitas vezes remotos a esses acervos.
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O ato de gerenciar um acervo bibliográfico, que segundo Faria e Pericão (2008, p.
30) é o “conjunto de livros, folhetos, etc. que uma biblioteca possui para uso dos leitores; é
também designado de fundo bibliográfico”. Pois, parte do princípio que todo documento,
quando é produzido, possui suas finalidades específicas e entre elas aparece a de servir como
testemunha histórica. Logo um acervo bibliográfico possui valor histórico quando este serve
para responder as perguntas de um objeto de pesquisa. Exemplo são as coleções especiais de
obras raras, que de acordo com Faria e Pericão (2008, p. 469) obra rara pode ser entendida
como:
Livro assim designado por ser detentor de alguma peculiaridade especial
(antiguidade, autor celebre, conteúdo polêmico, papel, ilustrações). Consideram-se
geralmente livros raros os incunábulos, as publicações anteriores a 1800, as
primeiras edições de obras literárias, científicas e artísticas, as obras com
encadernações primorosas, as obras que pertencem a personalidades celebres e que
apresentam a sua assinatura ou notas e sobretudo os exemplares únicos.
Diante das TIC’s a gestão dos acervos nas bibliotecas, e até mesmo as coleções
especiais, ficam intensamente ligadas aos mecanismos de acesso à informação de forma livre.
O cenário em que se vive tem uma tendência maior em relação ao acesso de documentos em
formato digital, com toda essa gama de informações.
3 O MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI
O MPEG é uma instituição de pesquisa científica fundada no final do século XIX
na cidade de Belém, estado do Pará. Conforme relata Cavalcante (2006, p. 23):
A origem do atual Museu Paraense Emílio Goeldi data de 1866, quando o cientista
Domingos Soares Ferreira Penna, por iniciativa própria, encabeçou um grupo de
intelectuais para reunir materiais com os quais instalou um pequeno Museu,
denominando-o Sociedade Filomática e, em 1871, oficializando com o nome de
Museu Paraense.
Nesse viés histórico, Sanjad (2010, p. 16) mostra o valor científico impregnado ao
papel desempenhado por esse museu em seu início e importância para a dinamização da
pesquisa científica em um Brasil imperial, ao discorrer que essa instituição “[...] ocupou no
final do século XIX e início do XX particularmente na administração do zoólogo suíço Emilio
Goeldi (1859-1917), entre 1894 e 1907, um lugar de destaque no cenário científico
brasileiro”.
Ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), hoje o MPEG é
considerado no cenário da ciência brasileira como a mais antiga instituição dessa natureza na
Amazônia, além de ser um dos mais relevantes museus de história natural e antropologia no
Brasil. Dentre diversas características, para justificar essa relevância destacam-se o fato dela
atuar incansavelmente na coleta, análises, sistematização e disseminação de estudos em fauna,
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flora, arqueologia, línguas, modos de vida e ecossistemas amazônicos, desde suas origens.
Esse cenário foi propício para a formação, durante décadas, de coleções científicas
responsáveis por dar reconhecimento mundial para a instituição, por seus valores históricocientificas.
A esse respeito, vale destacar que a instituição possui atualmente um total de 20
coleções científicas nas áreas de arqueologia, etnografia, linguística, Botânica (Herbário,
xiloteca, carpoteca, histoteca e palinoteca), Zoologia (Ictiologia, herpetologia, ornitologia,
mastozoologia, entomologia e aracnologia), paleontologia, minerais e rochas. Além disso,
conta com uma rica coleção bibliográfica e documental.
Cabe ressaltar que a atual infra-estrutura do MPEG encontra-se dividida em três
bases físicas, o Parque Zoobotânico e o Campus de pesquisa em Belém e a Estação científica
Ferreira Penna (ECFP) como base avançada de pesquisa na Floresta nacional de Caxiuanã em
Melgaço-Pará. Dessas elencadas a mais relevante na memória e cotidiano dos paraenses é o
Parque, assim como demonstra Van Velthem (2006, p. 9) quando fala que o valor simbólico
que essa instituição representa é visto quando: “‘O Museu’, como simplesmente a chama os
belenenses, é a única instituição científica brasileira que conta com imediata identificação,
reconhecimento e carinho da comunidade onde está instalada”.
Do exposto nos parágrafos anteriores, nota-se a representatividade do Museu
Goeldi para o desenvolvimento da ciência na região amazônica, característica essa
emblemática em sua história e importante para o avanço da conservação da biodiversidade,
solidificação da cidadania e resgate/preservação das ações culturais regionais.
4 A BIBLIOTECA DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI
A origem da biblioteca do MPEG remonta ao ano de 1895 quando o zoólogo
suíço Emilio Goeldi, trabalhou na organização e formação de uma pequena coleção de livros,
periódicos e documentos sobre a Amazônia que servissem de subsídio científico para os
trabalhos realizados no então recente Museu Paraense.
Sob o ponto de vista histórico, Romeiro (2006) relata que a ideia de uma
biblioteca no Museu Paraense já tinha sido planejada por Domingos Soares Ferreira Penna em
1866, ainda nos Estatutos da Sociedade Philomatica, quando ele menciona a biblioteca e a
hipótese de se conceder um título de membro honorário a quem doasse dez livros.
Fundamentando essa origem, Goeldi (1896, p. 17) relata em 1894 no primeiro
número do Boletim do Museu, sobre uma biblioteca para sua novel organização:
290
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Uma biblioteca própria do Museu não existe e isto constitui certamente um dos
melhores critérios para julgar do seu estado atual. Como há de se determinar objetos
de história natural sem obras sistemáticas? O Museu Paraense deve ter sua biblioteca
e até uma muito boa sobre ciências naturais e etnologia, especialmente em relação a
tudo que diz respeito à Amazônia.
Com efeito, esse apelo de Emílio Goeldi teve repercussão mundial, e em 1895, o
governador Lauro Sodré, então diretor do Museu Paraense, em um relatório complementar
oficializa a criação da biblioteca (COELHO, 1949).
Diante desse contexto, Coelho (1949) discorre sobre a formação do acervo
bibliográfico da biblioteca e diz como Goeldi buscou de modo empolgado livros para formar
uma coleção cada vez mais completa nas áreas de atuação da instituição. Nesse amor que
Goeldi mantinha pelo Museu, ele conseguiu convencer grandes personalidades pelo mundo
para ajudar na formação da mesma. Recebendo, por exemplo, doações importantes do
Príncipe Alberto I, de Mônaco; do Professor Branner, da Universidade de Stanford, da
Califórnia e do Príncipe Fernando I, da Bulgária.
Como tendência histórica, nas décadas que se seguiram, mudanças na direção da
instituição e outros modos tomados para a formação do acervo influenciaram na completeza
da coleção dessa biblioteca. Aumentando consideravelmente a sua literatura nas áreas de
botânica, zoologia e etnografia, além das parcerias institucionais firmadas, por exemplo, com
a estadunidense Smithsonian Institution.
Sob o ponto de vista dos recursos humanos, diversas personalidades estrangeiras
passaram pela biblioteca, assumindo a função de bibliotecário, dentre esses vale salientar, o
coronel Magalhães Barata, Rodolf Schüller, Erich Rost, Godofredo Hagmann, Bernard
Maimann, entre outros. Sobre essa questão, vale-se aqui destacar duas situações curiosas
explicitadas por Coelho (1949, p. 418):
Em 1945, dez vezes maior que no tempo de Goeldi, derramando-se por toda parte,
sem um local nem instalações apropriadas para alojá-la convenientemente, a
Biblioteca era nada mais nada menos que um desordenado depósito de livros [...]
Não havia ordem, catálogo, fichário ou qualquer coisa parecida. O seu ultimo
bibliotecário, um sueco inteligentíssimo, era um homem de extraordinário
merecimento intelectual, falando com fluência e escrevendo com perfeição uma
dezena de idiomas, como se fôra um novo cardeal Mezzzofante.
Outra situação interessante mencionada pelo autor sobre as questões de recursos
humanos da biblioteca é a seguinte:
Cito um exemplo apenas para elucidar o fato e ilustrar o conto: um dia, lembro-me
bem, uma tarde, Erich Rost, Godofredo Hagmann, Bernard Maimann e eu, os quatro
somando os esforços, com capacidade para compreender doze línguas, ficamos com
um livro na mão muito tempo sem saber onde colocá-lo por não decifrar o idioma
em que era escrito e assim a matéria de que se compunha. Salvou-nos um polaco
“globe-troffer”, visitante ocasional: o livro era um manual de zoologia, escrito em
finlandês (COELHO, 149, p. 419).
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Inicialmente, a biblioteca científica do Museu funcionou no Parque Zoobotânico
desta instituição. Atualmente, recebe o nome de Domingos Soares Ferreira Penna, em
homenagem a um dos ex-diretores da instituição. Ela está localizada, desde a década de 1980,
no Campus de pesquisa. Sendo especializada nas áreas de atuação do Museu e em assuntos
relacionados à Amazônia.
A missão dessa biblioteca é a de reunir, selecionar, tratar, armazenar, preservar, e
divulgar material bibliográfico e conhecimento nas áreas de especialidade do Museu Goeldi e
sobre a Amazônia. Ela desempenha atividades com o objetivo de tratar os materiais
bibliográficos quando adquiridos pela instituição até sua disponibilização ao usuário final, que
pode ser um pesquisador, estudante de pós-graduação, bolsistas de pesquisa, etc. Os
conhecimentos produzidos pelo Museu Goeldi são transformados em livros e revistas
científicas, que levam informações para o mundo através da Coordenação de Informação e
Documentação (CID), extrato administrativo do MPEG onde a Biblioteca está inserida junto
ao Arquivo administrativo e histórico Guilherme de La Penha.
Na atual composição dos setores e atividades da biblioteca, podem ser destacadas
oito atividades, realizadas por Analistas, Tecnólogos e Técnicos com formação em
Biblioteconomia, Direito, História e Antropologia e Assistentes em Ciência e Tecnologia. As
atividades são as seguintes aqui elencadas: a) Seleção e Aquisição; b) Preparação técnica; c)
Distribuição de publicações; d) Referência; e) Digitalização de acervos BHL/SCIELO; f)
Acesso à informação científica e documentos online – Repositório Institucional; g) Programa
de Comutação Bibliográfica (COMUT); h) Projetos de pesquisa PCI.
Da sua formação original, observa-se a importante coleção de periódicos e livros
que representam uma significativa produção científica em diversos idiomas. Destacando-se
obras em: Inglês, alemão, francês, português, espanhol, checo, holandês, sueco, latim,
italiano, polonês, russo, dinamarquês, norueguês, húngaro, finlandês e japonês.
O acervo bibliográfico, atualmente, é dividido em um acervo geral com
aproximadamente 300.000 mil exemplares e uma coleção especial e essencial em
biodiversidade de livros raros, possuindo um acervo estimado em 3.000 mil livros, infólios,
periódicos. Dentre esses podem ser destacados: o Delle Navigationi, et Viaggi, em três
volumes de Battistita Ramusio, com impressão de 1554 em Veneza; o An Impartial
Description of Surinan upon the Continent of Guiana in America, publicado em 1667 em
Londres, a Relacion del ultimo viagem al Estrecho de Magallanes de la Fragata Santa Maria,
publicado em 1788 em Madrid; a Monograph of the Ramphastidae or Family, de Londres em
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1854; A Flora Brasiliensis em 56 volumes; Obras de Humboldt e Bmpland – Voyages aux
régions équinoctiales, dentre outros.
5 PRESERVAÇÃO DIGITAL E SEUS EFEITOS NA GERÊNCIA DE ACERVOS
BIBLIOGRÁFICOS
Com o início da revolução tecnológica e científica, que adveio após a Segunda
Guerra Mundial, o conhecimento sofreu um processo de crescimento, versado como explosão
informacional, acarretando apreciáveis mudanças no processo de registro, armazenamento,
transmissão e acesso da informação (SARACEVIC, 1996). Apesar dos processos de
desenvolvimento das formas de difusão da informação nasce um paradigma, sobretudo na
importância dos novos suportes em que se aloca a informação. A informação digital é uma
dessas grandezas e atualmente é usada para apresentar a informação em um novo espaço.
Para a preservação de documentos, independentes de seus suportes, são
geralmente levantados critérios e criadas ferramentas que proporcionem proteção e garantia
para a sua manutenção, visando prevenir danos e minimizar riscos, assim como, restituir
documentos que já tenham sido comprometidos (MÁRDERO ARELLANO, 2004).
As bibliotecas institucionais são peças centrais para o provimento da preservação
digital. “Desde o início e meados da década de 1990, a coleta de informações entre as
instituições gerou novas práticas de preservação, restauração, estratégias e colaboração
institucional” (FINO-RADIN, 2011, p. 6, tradução nossa). A preservação digital em seu real
sentido usa visibilidades que se constituem em um novo paradigma. A preservação digital é
composta de:
[...] todas as atividades que são necessárias para manter o acesso à materiais digitais
além dos limites da falha de mídia ou mudança tecnológica. Esses materiais podem
ser registros digitais criados durante o dia-a-dia de negócios de uma organização, ou
seja, materiais "born-digitais" criadas com um fim específico (por exemplo, recursos
de ensino), ou os produtos de projetos de digitalização. (DIGITAL
PRESERVATION COALITION, 2012, tradução nossa).
Com o advento das tecnologias da informação e comunicação, a natureza ligada à
essa tecnologia coorporativa e institucional comprometem diretamente a capacidade de
processamento das informações pelo insumo de segurança. “A Web é o maior documento já
escrito, com mais de 4 bilhões de páginas públicas e uma 550.000.000.000 documentos
conectados na Web” ( LYMAN; VARIAN, 2000).
Conforme Cunha (1999), nos últimos anos duas das funções básicas na gestão dos
acervos bibliográficos das bibliotecas estão sofrendo “perigo de extinção: a provisão de
acesso à informação e a preservação do conhecimento para futuras gerações”. Com o aumento
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da informação digital, este tema tem sido alvo de questionamentos. Esta implicação está sobre
o domínio dos órgãos e unidades em que se localizam essas informações, para a garantia e
disponibilização em períodos de tempos (MÁRDERO ARELLANO, 2004, p. 16).
No Brasil a preservação digital tem sido peça fundamental, nos repositórios das
instituições de ensino das universidades e de institutos de pesquisa como IBICT, FBN e
CONARQ da qual promovem programas e projetos que se voltam para a preservação do
conhecimento, tais projetos pode ser mencionados como SEER, a Rede Cariniana e uma
tentativa da Biblioteca Nacional e da CONARQ que tem por objetivo conscientizar as
conformidades que possuem arquivos de documentos digitais a adotar técnicas padronizadas
de preservação digital.
Em princípio, concerne a preservação de documentos digitais uma preocupação
nos formatos desses arquivos, visando isto a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) publicou uma carta sobre a preservação de
documentos digitais a partir disto a CONARQ constituiu critérios para assegurar o acesso
posterior dos documentos digitais. Deste modo,
As organizações públicas e privadas e os cidadãos vêm cada vez mais transformando
ou produzindo documentos [...] exclusivamente em formato digital, como textos,
bases de dados, planilhas, mensagens eletrônicas, imagens fixas ou em movimento,
gravações sonoras, material gráfico, sítios da internet, dentre muitos outros formatos
e apresentações possíveis de um vasto repertório de diversidade crescente.
(BRASIL, 2006, p. 2).
As políticas de preservação digital nas instituições públicas têm em seu percurso,
a aplicabilidade de procedimentos da qual implica nas estratégias de preservação de
documentos. Os institutos brasileiros já se organizam para dar início à operabilidade de
digitalização. O Instituto de Brasileiro de Informação Ciência e Tecnologia (IBICT), na
tentativa de salvaguardar registros da informação científica, e do patrimônio cultural no
Brasil, buscaram várias parcerias com diversas instituições a fora em busca de softwares que
melhor preservassem a informação em longo prazo. Desses sistemas como LOCKSS,
DAITSS, Fedora, Dspace, ICA-ATOM, Archivematica.
6 O CASO DA BIODIVERSITY HERITAGE LIBRARY NO MUSEU GOELDI
Biodiversity Heritage Library, é uma associação internacional formada por
museus de história natural, jardins botânicos, biblioteca e centros de pesquisa biológica. Da
qual tem como objetivo, contribuir para digitalização e publicação de acesso aberto de obras
ricas em biodiversidade realizada em suas respectivas coleções sendo o acesso e a publicação
como partes de um “Universo Comum em Biodiversidade”.
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Segundo Kasperek (2010, p. 448, tradução nossa) a BHL foi “Fundado em 2005, e
tornou-se o terceiro maior projeto de digitalização para literatura sobre biodiversidade [...]
atualmente a BHL é o maior projeto de digitalização na sua temática”.
A BHL trabalha com a comunidade internacional taxonômica, os detentores de
direitos e outras partes interessadas para garantir que este patrimônio de
biodiversidade é disponibilizado para uma audiência global através de princípios de
acesso aberto. A BHL obteve permissão de editores para digitalizar e tornar
disponíveis materiais de biodiversidade significativos que ainda estão sob os direitos
autorais [...]. Em parceria com a Internet Archive e através de esforços de
digitalização locais, a BHL digitalizou milhões de páginas de literatura taxonômica,
o que representa dezenas de milhares de títulos e mais de 100.000 volumes. Para
adquirir conteúdo adicional e promover o livre acesso à informação.
(BIODIVERSITY HERITAGE LIBRARY, 2014, não paginado, tradução nossa).
A rede BHL tem sua preocupação com a preservação do meio ambiente nas
coleções bibliográficas, já datada as informações em seu repositório. Ela faz com que preserve
uma herança histórica na natureza e da vida. Destaca Biodiversity Heritage Library (2014, não
paginado, tradução nossa) que o Portal BHL permite aos usuários pesquisar a coleção em
biodiversidade por vários pontos de acesso, podendo ler os textos on-line, ou baixar páginas
selecionadas ou volumes inteiros como arquivos com formato TIF, JP2, OCR, ALL e PDF.
Sob essa ótica, ela tem como intuito colaborar para a competência, relação
inclusão, divulgação, obtenção e interoperabilidade da informação científica em
Biodiversidade no universo estudado.
De forma resumida, a mesma disponibiliza documentos com informações sobre
mais de 150 milhões de designações de espécies. Usando a Global Names Recognition and
Discovery (GNRD) e os nomes de taxionomias para encontrá-las.
Nessa linha, os pesquisadores podem reunir publicações sobre as espécies e os
links para o conteúdo relacionado funcionando com uma verdadeira enciclopédia de ciências
naturais.
Desde 2009, a BHL se expandiu globalmente. EContentPlus programa da Comissão
Europeia financiou o projeto BHL- Europa, com 28 instituições , para montar a
literatura de língua Europeia. Além disso, a Academia Chinesa de Ciências (BHLChina), a Atlas of Living Australia (BHL- Austrália), Brasil (através BHL- SciELO)
e da Biblioteca Alexandrina criaram laços nacionais ou regionais com a BHL. Além
disso, em abril de 2013, o nó mundial BHL- África foi lançada oficialmente. Nós
globais são estruturas organizacionais que podem ou não podem desenvolver seus
próprios portais BHL. O objetivo da BHL é compartilhar e servir conteúdo por meio
do Portal BHL desenvolvido e mantido no Missouri Botanical Garden. Todas essas
parcerias vão trabalhar juntos para compartilhar conteúdo, protocolos, serviços e
práticas de preservação digital (BIODIVERSITY HERITAGE LIBRARY, 2014,
online, tradução nossa).
Ademais, é importante mencionar que ela busca então a conservação de um
grande domínio natural, e a expansão da informação científica. Visto que tem muita
importância no seu credo, pois além da informação em biodiversidade faz com que preserve a
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informação e a torne possível, disponível a todos. Sendo no impresso ao modo digital em
operações de acesso aberto e das redes coorporativas nesse enorme patrimônio que se chama
de biodiversidade.
Contudo, a mesma segue em rumo aos vários continentes, a America Latina é
umas das escolhidas para projeto em parceria com SCIELO, Projeto BHL Brasil. Com 7
instituições participantes. O projeto prevê a interoperabilidade internacional de sistemas,
produtos e serviços de informação e comunicação científica em biodiversidade,
particularmente na Biodiversity Heritage Library, onde serão publicadas para acesso aberto.
Colocará 2.000 obras em acesso pelo portal BHL Brasil conduzido pela SCIELO, preservando
obras do século XVIII e XIX.
O foco é mostrar o projeto de digitalização no Museu Goeldi e seus processos das
obras bibliográficas. Atingindo, até o momento a análise da digitalização dos periódicos
antigos do Museu Goeldi, bem como os Boletins do Museu Paraense datado de 1880 até 1911
e recolhidos para a coleção especial.
O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi é a principal publicação da instituição.
Concebido por Emílio Goeldi, em 1894, seu primeiro volume foi lançado em 1896
com o nome de Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnografia. O
volume 4, fascículo 1 (1904), foi publicado como Boletim do Museu Goeldi de
História Natural e Ethnografia e, desde o volume 10 (1949), como Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi, em homenagem a seu idealizador. A nova série foi
iniciada em 1957 e continuada até 1984, quando uma nova numeração dos volumes
foi adotada. O atual Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi é editado em quatro
séries: Antropologia, Botânica, Zoologia (semestral) e Ciências da Terra (anual)
(VARELA; BAIÃO NETO, 2012, p. 6).
Partindo dessa perspectiva a digitalização dos boletins foi analisada a partir de
uma amostra do processo de digitalização limitando a pesquisa. A Tabela 1 mostra a fase
inicial da digitalização no Museu Goeldi, quais os Boletins que já foram digitalizados, assim
como a quantidades de páginas.
Tabela 1- Boletins Digitalizados.
Fonte: Os autores do trabalho, 2014.
Boletim do Museu Goeldi
História Natural e Ethinographia
1 – 10
1–4
1896 -1949
Nº de Páginas
aproximado
3.782
Zoologia
1 – 20
1 – 124
1964 -2002
2.798
Botânica
1 – 20
1 – 59
1954 -2002
4.864
Total de páginas digitalizada
Volume
Número
Ano
11.444
296
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Como perspectiva, partindo do início do projeto em 12 meses na biblioteca do
Museu Goeldi, onde as publicações periódicas já foram digitalizadas. O próximo passo pelos
próximos 12 meses se resume a digitalização da maior parte da coleção, referente aos livros
raros de obras essenciais em biodiversidade.
Enfim, com o visto pelo desempenho e objetivos do projeto BHL no Museu
Goeldi, observa-se como as tecnologias se tornaram ferramentas poderosas para a preservação
da memória e transmissão de informações. Hoje a gestão de coleções bibliográficas em
bibliotecas tem colocado em ação, por exemplo, a digitalização de suas coleções mais antigas
e raras com a finalidade de salvaguardar as informações contidas nelas uma vez que o papel,
sem cuidados e ausências de políticas de conservação, tem uma tendência natural a se
degenerar.
Além disso, esse cenário representa um avanço enorme na tentativa de diminuir as
barreiras entre o pesquisador e o material o qual ele precisa. A consulta on-line de verdadeiros
tesouros históricos já é uma realidade que caminha nos planos e ações dos gestores de
unidades de informação.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo relatar a experiência na gerência dos acervos
bibliográficos especiais frente a preservação digital em uma Unidade de Informação de quase
150 anos, sendo o caso da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, no Museu Paraense
Emílio Goeldi. Relata as atividades regidas das etapas da digitalização do das Obras Raras em
Biodiversidade, assim sendo tem por finalidade descrever as ações práticas do processo de
gerenciamento da digitalização no Museu Goeldi dirigido pela Coordenadora da Coordenação
de Informação e Documentação Maria Astrogilda Ribeiro.
Tendo como base a iniciativa da Biodiversity Heritage Library – BHL, em reunir
as obras essenciais em Biodiversidade, faz-se necessário explicitar que este estudo ainda vem
sendo realizado e operacionalizado na Unidade de Informação do MPEG, atingindo até o
momento 11.444 páginas digitalizadas a continuação está sobre processo sobre a digitalização
de infólios e as coleções raras sobre biodiversidade do Museu Goeldi.
Acredita-se que a realização deste trabalho trouxe contribuições significativas
quanto à disponibilização e conhecimento do objetivo proposto, já que sua finalidade é dar
continuidade na preservação da memória na Amazônia.
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Assim, verifica-se que o próximo passo a ser dado estará relacionado à excelência
no serviço da preservação digital e na capacitação dos profissionais que estão atuando na
digitalização dos objetos digitais.
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2014.
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QUEBRA DO PADRÃO OU CONFIRMAÇÃO DO PERFIL PROFISSIONAL EM
RELAÇÃO AOS BIBLIOTECÁRIOS NA SÉRIE THE LIBRARIANS?
GT 5: modalidade oral
NUNES, Luiz Felipe Pereira 71
RESUMO
Análise entre ficção e realidade sobre o bibliotecário, profissional da informação, dentro do
universo da série televisiva The Librarians. Utilizando revisão de literatura como
metodologia, levando em consideração artigos e monografias nesse segmento de pesquisa e
levantando a questão da reafirmação do estereótipo ou rejeição dentro do universo ficcional
criado por John Roger. O objetivo deste trabalho é responder à seguinte questão: a série
reafirma ou rejeita o estereótipo do bibliotecário? A conclusão que se chegou foi: ainda falta
bastante para a total desconstrução de uma ideia tão fixada no imaginário dos telespectadores
como o perfil profissional vigente. Entretanto a série caminha para uma evolução no
imaginário da população em relação ao bibliotecário.
Palavras-chave: Bibliotecário. Estereótipo. Perfil. Série.
ABSTRACT
Review about librarian´s occupation between fiction and real life inside the TV serie “The
Librarians”. Using reviews of written pieces as methodology, talking articles and
monographic work in consideration and reaching the question about reassurance of
stereotypes or rejection inside John Roger´s fictional universe. The main point of this work is
try to answer the following question: does the TV show reassert or denies the librarian
stereotype? Conclusion shows that still there a lot to do úntil the total desconstruction of that
rooted idea in viewers´minds as current professional profile. However, the TV show is
helping to develop people´s imaginary about librarians.
Keywords: Librarians. Stereotype. Serie. Profile.
1 INTRODUÇÃO
A proposta apresentada no presente artigo é analisar a quebra ou confirmação dos
estereótipos em “The Librarians”, série televisiva baseada em cinematografia de mesma
nomenclatura, produzida pela emissora Turner Network Television (TNT). Produzida por
John Rogers, o seriado tem dez episódios, cada um com quarenta e dois minutos de duração, e
está prevista uma segunda temporada. Esta produção acadêmica tem como metodologia a
revisão bibliográfica, que consiste na observação da produção intelectual de outros autores,
assim como reproduzir um diálogo entre os mesmos voltado a construção de estereótipos e
71
Graduando em Biblioteconomia pela UFG. E-mail: [email protected]
300
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posteriormente uma análise sobre os personagens que detêm o título de bibliotecário na trama.
Ainda será abordada a importância de se entrar em contato com a motivação da reprodução
dessa produção. Sabendo-se que profissional da informação engloba várias áreas, dentre elas
arquivistas, cientistas da informação, gestores da informação e bibliotecários, reservamos o
termo profissional da informação apenas para bibliotecário, que se torna o foco desta
produção.
“Por que os estereótipos no contexto da biblioteconomia, afetam o profissional?” será
um dos questionamentos que serão debatidos dentro do desenvolvimento dessa produção,
assim como, o posicionamento de diferentes autores sobre o mesmo artigo.
Uma representação do questionamento acima pode-se ser levada em conta pela
seguinte argumentação:
[...] antes o bibliotecário era tido como um homem erudito, sem formação técnica,
amante dos livros, agora a profissão é tida como um trabalho tecnicista,
majoritariamente feminino. Visão esta que está se transformando novamente com o
“moderno” profissional da informação. (ROCHO, 2007, p. 1).
A profissão vem evoluindo, se constituído e se solidificando desde a tipografia a
disseminação da internet, a cada dia o profissional da informação busca métodos de se manter
atualizado aos novos instrumentos de trabalho, sejam elas as novas regras e métodos de
catalogação ou os novos softwares produzidos, sendo assim há uma modificação de papeis do
profissional, assim como de perfis. Como foi apresentado na produção de Rocho, os
estereótipos também sofrem constantes mudanças, tornando o bibliotecário(a) um profissional
mutável assim como sua visão pela sociedade e pela mídia.
2 ESTEREÓTIPO
Previamente foi apresentado que o bibliotecário como profissional está em
constante mudança profissional, e que o mesmo detém um perfil carregado de singularidades
e características próprias, características que podem ser denominadas por alguns autores como
estereótipos, para abordarmos o nosso objeto de estudo que são essas características
singulares dentro do seriado The Librarian precisamos identificar o que é estereótipo e sua
diferença entre representações sociais, comumente utilizadas como sinônimos.
estereótipos são categorias de atributos específicos que são caracterizadas por sua
rigidez, enquanto as representações sociais são distinguidos pelo seu dinamismo.
Eles são, no entanto, aspectos substanciais comuns: a construção de estereótipos
como formas de conhecimento não-científico, o uso de estereótipos como categorias
para classificar indivíduos e circunstâncias, o papel que os sistemas construídos de
referência a partir de experiências e modelos transmitidos pelo tradição ou
comunicação Social. (MORA, 2002, p. 18).
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Estereótipos
são
rígidos
e
não-científicos,
servem
para
aproximação,
reconhecimento, de um indivíduo, é uma seleção natural feita e peristáltica, nata do ser
humano. “No processo de estereotipia, os padrões correntes interceptam as informações no
trajeto rumo à consciência”. (BOSI, 1992, p. 113).
Para Bosi, a estereotipia é relacionada com informações pré-fixadas, tornando o
ato interligado a produção midiática, sendo a mesma referência de padrões de uma sociedade.
Ao analisarmos a palavra “[...] estereótipo, derivado do gregostereós (“sólido”) +týpos (“molde”,
“marca”, “sinal”). (FREIRE FILHO, 2004, p. 46), podemos perceber que estereótipo nada
mais é que um molde sólido no qual se baseia a sociedade para um reforço e construção de
algo ou alguém, neste caso, esse alguém é o bibliotecário, Ainda visando a construção do
estereótipo segue-se a construção de um perfil profissional.
Entendo a expressão perfil profissional como o conjunto de conhecimentos,
qualidades e competências próprias dos integrantes de uma profissão. O conceito
assim entendido está intimamente ligado à idéia da função profissional – o perfil é
delineado pelas habilidades, competências e atitudes necessárias para o desempenho
da função profissional. (MUELLER, 1989, p. 63).
Muller produz uma significação sobre a construção do perfil profissional, um
perfil que se liga intimamente sobre suas habilidades, competências e funções, delineando um
personagem característico. Todavia, os estereótipos não são emoldurados por um perfil rico e
caracterizado por funções e sim por uma caracterização criada pela mídia. Muito simples
percebermos essa construção, utilizando a base de dados Google, inserindo as palavras chave:
Librariansfashion ou Librariansdresscode, e por fim selecionando a opção imagens, grande
parte do resultado das imagens no banco de dados são de profissionais utilizando vestimentas
de cores frias, ligadas a óculos, ou se não, a uma visão fetichista do profissional, a imagem
seletiva do senso comum remete ao extremismo, de um lado temos uma senhora aparentando
seus oitenta anos com um coque fixo em seus cabelos já platinados pelo tempo, com uma
camisa social muitas vezes cinzenta atrás de uma mesa. Segue a imagem.
IMAGEM 1: Bibliotecária idosa.
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Fonte: BIBLIOTECÁRIAOLD, 2015.
Em contra partida, na busca se localiza facilmente bibliotecários, principalmente
bibliotecárias, com uma visão fetichista, uma mulher jovem que apresenta seus vinte anos,
vestida com uma saia social acima dos joelhos ou um vestido, de cores fortes, subindo uma
escada, relembrando as ilustrações Pin ups reproduzidas na década de vinte como nos é
apresentada na imagem 2.
IMAGEM 2: Bibliotecária Pin up.
Fonte: BIBLIOTECÁRIAPINUP, 2015.
Levando a imagem iconográfica do bibliotecário de sexo masculino, aumenta-se a
precariedade da representatividade, incluindo a pesquisa acima na base de dados, uma vez que
a imagem do bibliotecário é quase nula, por esta razão dentre várias outras, cria-se ainda a
importância de uma análise crítica em relação ao perfil do profissional.
3 A IMAGEM E A CARACTERÍSTICA
A representação do bibliotecário é extremamente incomum, entretanto em alguns
casos ela é excêntrica e inesperada, podemos encontrá-la em animações, um forte exemplo se
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passa no clássico das produções Disney, A bela e a Fera, onde temos um senhor que atende a
personagem principal, seu nome não é mencionado relembrando a representação que é
atribuída ao bibliotecário, mas podemos perceber algumas características: O personagem
apresenta ter mais de sessenta anos, utiliza vestes simples, tem um grau de calvície razoável e
utiliza óculos, o personagem demonstra satisfação no exercer de sua profissão em seus poucos
momentos em cena, assim como uma gentileza extrema para com a protagonista. Segue a
imagem do senhor:
IMAGEM 3: Bibliotecário A bela e a fera.
Fonte: BELA, 2015.
4 APRESENTAÇÃO DOS OBJETOS DE ESTUDO
A série “The Librarians” baseia-se na cinematografia de mesma nomenclatura, os
filmes são ao todo, três produções: The librarian, quest for the spear; The librarian return to
king Salomon’s mines e The librarian curse of the Judas chalice. Em todas as três produções,
o protagonista é o renomado bibliotecário Flynn Carsen, interpretado pelo ator Noah Wyle. O
seriado em questão que é o objeto de estudo teve a sua estreia em dezembro de 2014. A trama
gira em torno de uma biblioteca que recruta os mais célebres intelectuais de sua época que
tem conhecimento em diversas áreas, para fazer um exame admissional e com isto, adquirir o
cargo de bibliotecário que tem como dever salvar o mundo de influências mágicas, caçando
objetos perdidos e enfrentando alguns antagonistas.
Os personagens abordados no nosso estudo de caso são Flyn Casen, Jake Stone
(Christian Kane), Cassandra (LindyBooth) e Ezekiel Jones (John Kim). Dentre esses quatro
personagens faremos uma análise baseada nas atitudes, vestimentas e especialidades.
Começando pelo personagem principal Flyn Casen.
4.1 PERSONAGEM FLYN CASEN
IMAGEM 4: FlynCasen.
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Fonte: FLYN, 2015.
Utilizando traje social, gravata, colete, cores opacas, óculos e relógio de bolso,
Flyn Casen se demonstra um personagem extremamente caracterizado, sendo o mesmo, o
protagonista da franquia The Librarians. O bibliotecário chefe, em sua personalidade exprime
um orgulho exacerbado de seu título profissional assim como de seu intelecto altamente
desenvolvido para diferentes áreas do conhecimento demonstrando que para permanecer no
cargo de bibliotecário, há uma necessidade de uma desenvoltura interdisciplinar. Encontrando
barreiras em suas relações interpessoais o personagem prefere se reter ao âmbito de sua
carreira.
Flyn Casen, observado pela visão social, nos mostra que podemos encontrar
diversos estereótipos se reafirmando, com o desenrolar da trama, algumas dessas
características vão se suavizando enquanto outras permanecem intactas.
Comparando Flyn Casen o bibliotecário Michael Hanlon, do filme It baseado no
livro de autoria de Stephen King, ambos em seu âmbito são considerados heróis, uma vez que
ambas as tramas mesclam características fantásticas dentro de um universo real e ambos
seguem o estereotipo da vestimenta, com coloração fria e a seriedade profissional. Michael,
em contrapartida tem uma boa relação interpessoal durante a trama desde a infância, que já se
apresenta no começo da trama, um diferencial em personagens normalmente caracterizados
como bibliotecários é que Michael é um homem negro, o que é raramente caracterizado na
profissão, levando em conta os exemplos disponíveis na mídia, mas não é só no caso dos
bibliotecários que a representatividade do homem negro é baixa, em inúmeras profissões
principalmente as que exigem ensino superior o homem negro é excluído.
IMAGEM 5: Michael Hanlon IT.
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Fonte: MICHAELIT, 2015.
4.2 PERSONAGEM JAKE STONE
Jacob Stone ou Jake como costuma ser tratado dentro do seriado por seus
companheiros, deve ser considerado o personagem com a maior quebra de estereótipos da
trama, poucos modelos se encaixam nesse personagem, seu elevado QI(Quociente de
inteligência) que atinge cento e noventa, e sua incrível abrangência intelectual na área de
história da arte, o aproximam do ideal de bibliotecário dentro da série, sendo esses
conhecimentos se mostrando úteis durante os episódios que se seguem. Jake fisicamente se
difere completamente do primeiro bibliotecário apresentando Flyn Casen, Jake tem um corpo
robusto, com a musculatura mais desenvolvida, seu estilo de vestimenta se aproxima muito
com o de um cowboy, entretanto permanece a característica da coloração “padrão”, cores frias
em predominância, o que o torna visualmente desassociado do imaginário pré-construído
sobre o profissional, com um corpo forte e alto, idade que estimada entre trinta anos. Assim
como Flyn Casen, Jake se demonstra extremamente corajoso além de um exímio combatente
corpo a corpo, atributos normalmente desassociados a bibliotecários.
IMAGEM 6: Jake Stone.
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Fonte: JAKE, 2015.
Jake em muitas cenas demonstra não confiar em seus companheiros escolhendo
tarefas solitárias, essa característica individualista se mantem em todos os personagens com o
título de bibliotecários dentro do seriado, algo que é explorado e trabalhado no episódio final
da primeira temporada, onde os mesmos tem a escolha de trabalhar individualmente ou em
conjunto, podemos comparar essa preferência em atividades com menor contato com outros
indivíduos com os bibliotecários que preferem a área do processamento técnico, para assim,
evitar o contato com o usuário, sendo este fator que se fixa ao imaginário da população de que
o bibliotecário é um profissional “tímido” e reservado, o estilo despojado do personagem e
sua natureza tranquila se contrapõe criando um misto de confirmações e rejeições de
estereótipos.
4.3 PERSONAGEM EZEKIEL JONES
Ezekiel Jones, dentro do universo fantástico criado por John Rogers foi aderido ao
papel de bibliotecário, assim como os outros personagens por suas características e
peculiaridades que os tornavam únicos. As habilidades deste personagem, dentre todos os
outros são as que mais se aproximam e ao mesmo tempo as que mais se diferem do contexto
profissional, Ezekiel Jones antes de conseguir o cargo na “biblioteca” detinha o título de
estelionatário multinacional, utilizando de seus conhecimentos dentro da área tecnológica para
executar furtos em museus com obras de alto valor, suas características marcantes como
egoísmo, avareza são diversas vezes trabalhadas durante os episódios. Atualmente com a
evolução da profissão, nos encontramos cada vez mais emersos a tecnologia, novas bases de
dados, novos softwares, tornando a inserção do bibliotecário nesse ramo tecnológico
indispensável para a evolução profissional. Comumente os bibliotecários são associados ao
papel de guardiões do conhecimento, figuras metódicas e de trabalho clássico e enraizado a
uma tradição, tradição que em nada se liga ao meio tecnológico.
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O bibliotecário, enquanto mediador da informação, também deve atuar nos
ambientes virtuais, ampliando as atividades desenvolvidas nos ambientes físicos das
bibliotecas, facilitando o acesso e uso da informação nesses ambientes. Esse
profissional da informação além de permitir a inclusão social dos sujeitos, também
deve atuar na inclusão digital, permitindo o acesso às tecnologias, como também
favorecendo o desenvolvimento de habilidades e competências associadas ao uso
dessas. (SANTOS, 2014, p. 40)
Como foi apresentado por Santos, o bibliotecário está emerso ao meio virtual, e
ter um personagem que representa a classe, e que detém meios de conhecimento dentro da
área virtual ajuda a desmistificar o papel do bibliotecário na sociedade. Ezekiel Jones assim
como os outros personagens utiliza roupas de coloração fria, entretanto seu estilo de
vestimenta informal e sua idade reforçam a quebra de estereótipos, como a senilidade e o traje
padrão do profissional do sexo masculino.
IMAGEM 7: Ezekiel Jones.
Fonte: EZEKIEL, 2015.
4.4 PERSONAGEM CASSANDRA
A construção dos estereótipos femininos dentro da profissão são inúmeras tal
como suas referências, tanto na literatura erótica de Belle Logan, A bibliotecária, como em
séries, como Ingrid Beauchamp do seriado Witches os eastend, entretanto Cassandra é um
personagem que foge dos extremos e se aproxima da realidade, ela não carrega características
de idade avançada assim como características explicitamente sensuais, não possui habilidades
de combate como Jake assim como capacidades com tecnologia avançada como Ezekiel,
entretanto Cassandra demonstra conter uma exímia capacidade matemática. Em suas vestes
utiliza novamente as cores frias, mais especificamente o branco e o azul, entretanto buscando
estampas chamativas, com pré-disposição para estampas florais, seu cabelo ruivo é uma
característica marcante e diferencial assim como os traços asiáticos de Ezekiel, os únicos
pontos que podem ser associados à construção do profissional no imaginário comum seria a
sua personalidade: Pacífica e tímida, evitando liderar em diversas situações, reforçando assim
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profissional temos e qual queremos ser?
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a ideia do bibliotecário como um profissional introspectivo, a característica solitária do
profissional se mantém nessa personagem.
IMAGEM 8: Cassandra.
Fonte: CASSANDRA, 2015.
5 METODOLOGIA
Neste trabalho, utilizamos como metodologia a revisão teórica, buscando debater
o seguinte questionamento: Os personagens do seriado The Librarians, reforçam ou rejeito o
estereótipo do bibliotecário?
Observamos a produção intelectual voltada para o tema estereótipo, assim como
revisão e analise dos episódios da primeira temporada do seriado The Librarians, este
trabalho tem com público alvo alunos e professores do curso de biblioteconomia, tal como
estudiosos das áreas de semiótica e ciências sociais que abordam o tema estereótipo dentro de
sua área de estudo. O processo de revisão de episódios da série The librarians, ao todo dez
episódios, cada qual com estimativa de tempo de quarenta e dois minutos, totalizando
quatrocentos e vinte minutos, foi utilizado também uma pesquisa dentro de monografias e
artigos sobre personagens caricatos possuidores do cargo de bibliotecários, seja em longa
metragens, livros, seriados e Hq´s.
6 CONCLUSÃO
Se tratando da imagem, Satre nos passa uma mensagem: “Um trabalho sobre a
imagem deve se constituir como uma eidética da imagem, isto é, fixar e descrever a essência
dessa estrutura psicológica tal como aparece à intuição reflexiva” Sartre (1978) Sendo assim,
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para constituir uma ideia de imagem, a mesma deve ser reflexiva e fixa, para o bibliotecário
chegar ao atual índice de representatividade, foram décadas de uma ideia se reafirmando
socialmente, para que essa imagem seja refutada necessita-se de uma fixação e uma
reafirmação do profissional da informação inserido dentro do mercado atual, revelando seu
carácter como administrador, pesquisador, gestor e profissional inserido no âmbito
tecnológico.
Salientar que, o bibliotecário não se prende a localização de livros na estante é um
começo necessário, assim como uma atitude mais positivista deve partir do bibliotecário,
muitos profissionais temem o serviço de referência que é se refere ao contato direto com o
usuário sendo assim, se recolhem ao processamento técnico, o tornando um refúgio, talvez
seja esse um motivo para o reforço de um dos estereótipos da profissão: Timidez.
A série The Librarians, simplesmente pelo seu enredo já desconstrói o imaginário,
bibliotecários em aventuras, enfrentando contra antagonistas, caçando relíquias e salvando o
mundo. Construir a imagem de bibliotecários salvando o mundo, sobre o olhar dos usuários se
mostra uma situação abstrata, mas o seriado vai além, com a construção de seus personagens
cada qual com uma personalidade e habilidades únicas, sejam elas desassociadas ou
associadas dentro da profissão, entretanto, ainda estamos longe da dissociação completa.
Mesmo com um bibliotecário com vestes tão desassociadas como Jake, e outro bibliotecário
com hobbies ilegais como Ezekiel, ainda necessitamos trabalhar muitos aspectos que nos
puxam para a ligação ao profissional estereotipado, para isso, necessita-se de uma reafirmação
diária, assim como um trabalho sobre o marketing do profissional melhor aplicado,
produzindo-se um elo entre a realidade e o imaginário mais condizente com a realidade
profissional do bibliotecário.
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Stephen Sommers. [s.i]: Alphaville Films, 1999. (57 min.), son., color.
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Digita. No. 2. <http://www.bib.uab.es/pub/athenea/ 15788946n2a8.pdf>. Acesso em: 5 mar.
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WITCHES of East End. Produção de Kelly A. Manners Shawn Williamson. [s.i], 2013. (43
min.), son., color. Legendado.
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A COMPETÊNCIA DO BIBLIOTECÁRIO NAS UNIDADES DE INFORMAÇÕES
MILITARES: um relato de experiência na biblioteca Patrão-Mor Aguiar da Escola de
Aprendizes Marinheiros do Ceará
GT 5: modalidade oral
SILVA, Sara Jaqueline Santos72
RESUMO
O advento das tecnologias da informação, o uso crescente da internet e a sociedade do
conhecimento proporcionaram uma nova postura do usuário e, consequentemente, nas
bibliotecas, exigindo novas competências e habilidades a serem desenvolvidas pelo
bibliotecário. O principal objetivo da biblioteca, agora, está em função do usuário. Portanto,
com a crescente demanda de mercado e públicos com diferentes necessidades de informação,
abordamos em nosso estudo como são desenvolvidas as funções e competências do
bibliotecário em uma instituição militar, mediante a conciliação de duas funções, bibliotecário
e militar. O objetivo é abordar a atuação desse profissional através de um relato de
experiência na Biblioteca Patrão – Mor Aguiar da Escola de aprendizes Marinheiros do Ceará.
Utilizamos como técnica de coleta dados a observação participativa, levantamento
bibliográfico para embasamento teórico e classificamos a pesquisa do tipo exploratória.
Concluímos que no ambiente militar o bibliotecário não se dispõe de tempo para dedicar-se a
sua função. Porém, mesmo com as dificuldades a Biblioteca Patrão-Mor Aguiar realiza suas
ações.
Palavras-chave: Bibliotecário Militar. Biblioteca Patrão Mor-Aguiar. Escola Aprendizes de
Marinheiros do Ceará.
ABSTRACT
The advent of information technology, the increasing use of the Internet and the knowledge
society provided a new user posture and, consequently, libraries, requiring new skills and
abilities to be developed by the librarian. The main purpose of the Library now is due to the
user. So, with the increasing market demand and public with different information needs, we
address in this study as they are developed functions and librarian skills in a military
institution, by conciliation two functions, librarian and military. The goal is to address the
performance of this professional through an experience report on the Boss Library - Mor
Aguiar School of Seamen Apprentices of Ceará. We used as data collection technique the
participant observation, literature for theoretical and classify research of the exploratory
type. We conclude that the military environment the librarian does not have the time to
dedicate to their function. But even with the difficulties the Boss-Mor Library Aguiar conducts
its actions.
Keywords: Librarian Military. Boss Mor- Aguiar library. School Apprentice Sailors of Ceará.
1 INTRODUÇÃO
72
Graduanda em Biblioteconomia pela UFC. Email: [email protected].
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O campo de atuação do bibliotecário atualmente é muito crescente. E, os motivos,
além de a Biblioteconomia ser uma área multidisciplinar, estão relacionados às habilidades e
competências desse profissional em se adaptar as mudanças e demandas impostas pelo
mercado.
O advento das tecnologias da informação e a internet permitiram um avanço
significativo para os profissionais da informação, a recuperação da informação através de
sistemas automatizados, disponibilização de serviços online, entre outros. As mudanças não
estão relacionadas somente com a introdução das novas tecnologias, mas também com a nova
postura dos usuários frente a uma gama de informações disponíveis.
Desse modo, o usuário passou a ser a principal prioridade das bibliotecas, tudo
deve ser feito e pensado em prol da satisfação do mesmo. No entanto, o bibliotecário deve
acompanhar os avanços tecnológicos para manter-se atualizado, estudar o perfil de público
para atender suas demandas informacionais e promover serviços e ações que vão ao encontro
do mesmo. Essas competências são adquiridas mediante ao constante aprendizado,
requerendo que esses profissionais se qualifiquem e estejam sempre atentos as novidades
referentes ao ambiente de trabalho ao qual está inserido.
Mediante a esse contexto, abordaremos a atuação do bibliotecário na Marinha do
Brasil (MB) através de um relato vivenciado na biblioteca Patrão – Mor Aguiar da Escola de
Aprendizes Marinheiros do Ceará (EAMCE). A escola possui uma biblioteca especializada e
também com características de uma biblioteca escolar, possui um público diferenciado, em
sua maioria do sexo masculino, o qual possui o objetivo de oferecer suporte aos cursos de
formação dos militares, além de possuir uma variedade de livros, CDs e DVDs de diversas
áreas do conhecimento e entretenimento. O bibliotecário na instituição militar, assim como os
demais profissionais que atuam na mesma, não possui somente a obrigação com os fazeres
referentes à sua área de formação, mas também com outras funções que lhe são designadas
pelo seu superior.
Dessa forma, quais são as competências que o bibliotecário deve possuir nas
instituições militares para atender as demandas do seu público e promover ações que vão ao
encontro de seus usuários, haja vista que o mesmo possui outras funções colaterais específicas
do militarismo?
Objetivo da pesquisa é abordar a atuação do bibliotecário na biblioteca da
EAMCE e como são desenvolvidas suas ações para um público diferenciado. No entanto,
iremos falar um pouco sobre as tendências do perfil e atitudes do bibliotecário na
contemporaneidade, na questão do saber e do fazer frente às novas demandas de mercado.
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Classificamos a pesquisa do tipo exploratória, o qual nos permite a aproximação e
conhecimento sobre o assunto, o relato de experiência deu-se pela observação participativa,
na condição de estagiária da Biblioteca, e para o embasamento teórico das ideias apresentadas
realizamos o levantamento bibliográfico.
2 O PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO DA ATUALIDADE
O Bibliotecário possui a função de organizar a informação, em qualquer suporte,
para que a mesma possa ser recuperada. As demais funções que também são de sua
competência, como gerenciar uma unidade de informação, desenvolver projetos culturais e
educativos, normalização de trabalhos acadêmicos, pesquisas bibliográficas, entre outros, irá
depender do local onde o mesmo irá atuar. No entanto, as mudanças sociais e tecnológicas
requer que esse profissional esteja em constante aperfeiçoamento e aprendizado.
À medida que as bibliotecas evoluem-se, os profissionais bibliotecários que as
conduzem também sofrem diversas transformações, adentrando-se a novos perfis
que requerem competências e habilidades contínuas, com vistas a adaptarem-se a
essas transformações, aprimorando suas capacidades de gerenciamento em fase dos
novos desafios instituídos no bojo dessas unidades de informação (SANTA ANNA,
2015, p. 143).
As funções desempenhadas pelo bibliotecário há algum tempo atrás estavam
voltadas para o acervo físico da biblioteca, ou seja, apenas organização e cuidado com os
livros e não havia outra preocupação. Esta organização era de forma manual através de fichas
catolográficas e catálogos.
Atualmente com o crescente aumento da produção científica e o advento da
internet, possibilitou que uma gama de conhecimentos fosse disponibilizada em meio
eletrônico. A sociedade passa a possuir novos meios alternativos para a obtenção da
informação. A informação passa a ser a moeda de troca, onde é através dela que o indivíduo
torna-se crítico, toma suas decisões e desenvolvem suas tecnologias.
Contudo a informação adquiriu valor significativo tanto para as organizações quanto
para as pessoas que de modo geral necessitam desse recurso para transformar sua
realidade e tornarem-se cidadãos mais críticos. No setor industrial a informação
tornou-se a base das pesquisas sendo fundamental para o desenvolvimento das
tecnologias e da ciência (COELHO, 2010, p. 3).
Desse modo, o usuário não quer mais perder tempo, pois a internet lhe
proporciona informações em segundos, não quer dizer que sempre é de qualidade, mas, sim,
em quantidade. As mudanças advindas com a tecnologia exigiram novas habilidades para os
profissionais que lidam com a informação, em especialmente o bibliotecário.
Nessa expectativa, as bibliotecas, por sua vez, devem se mobilizar dentro das
expectativas profissionais e dos seus usuários alterando de forma expressiva os
sistemas, de forma a facilitar o acesso e uso, para que se realize tal intento de
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maneira que haja aptidões para o desenvolvimento do profissional (COSTA;
ALMEIDA JÚNIOR, 2012, p. 60).
As funções, agora, competentes do bibliotecário estão voltadas primeiramente ao
usuário, onde esse profissional terá de conhecê-lo primeiramente para atender as suas
necessidades informacionais e possuir o domínio e acompanhamento das tecnologias da
informação para o melhor gerenciamento do conhecimento e habilidades na recuperação da
informação.
As mudanças que serão exigidas no decorrer do trabalho do bibliotecário deverão
constar de muita valorização do usuário na utilização de tecnologias para atingir o
grande público e em razão de estabelecer uma relação confiável, em parceria com o
usuário (COSTA; ALMEIDA JÚNIOR, 2012, p. 83).
Entretanto, para que haja uma relação de parceria tem que haver uma relação
recíproca, a biblioteca deve oferecer meios para que o usuário possa se sentir parte dela e para
que o mesmo possa vê-la como um local que lhe oferece recursos e suportes informacionais,
não somente como um local puramente intelectual, mas também como um espaço agradável
de estudos, sociabilidade e entretenimento.
Todavia, o desenvolvimento de ações em unidades informação e as formas de
abordagens para a divulgação de seus serviços devem ser elaborados correspondendo o perfil
de sua comunidade ao qual está inserida.
[...] entende-se que esses profissionais, devido à capacidade de transformação e
adaptação que possuem, adequam-se a diferentes ambiências, ampliando seu campo
de atuação ao exercer atividades variadas, seja no âmbito das bibliotecas
convencionais quanto nas digitais, seja em centros de documentação, no
gerenciamento da informação organizacional, podendo atuar também, na prestação
de serviços informacionais, com uma postura autônoma e empreendedora. (SANTA
ANNA, 2015, p. 139).
Mediante a esse contexto, abordaremos a atuação do bibliotecário em Biblioteca
da Marinha, um local que possui um regime de trabalho caracterizado por hierarquia e
obediência, onde as atitudes de cada membro da instituição devem ser de acordo com suas
normas de comportamento.
3 BIBLIOTECA PATRÃO MOR-AGUIAR DA ESCOLA DE APRENDIZES
MARINHEIROS DO CEARÁ
A Escola de Aprendizes de Marinheiros do Ceará (EAMCE) foi criada em 26 de
novembro de 1864, seu objetivo é formar marinheiros para o Corpo de Praças da Armada
(CPA), proporcionar aos seus alunos preparo intelectual, físico, psicológico, moral e militarnaval e habilitação básica ao exercício de atribuições destinadas aos marinheiros dos Quadros
Suplementares (QS). O curso de formação de marinheiros é ministrado por uma equipe de
professores formados em licenciaturas, para o ensino das disciplinas básicas de aprendizado
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dos alunos, como, português, matemática, história, física e inglesa, e as disciplinas
específicas, como, marinharia, código penal militar, e de assuntos relacionados à Marinha do
Brasil (MB) são ministrados pelos militares. A escola forma em média 600 alunos por ano
que após sua formação irão servir a Marinha em diversos estados do Brasil.
O ensino na Marinha possui características próprias e obedece a um processo
contínuo e progressivo de educação, constantemente aprimorado e atualizado,
estendendo-se desde afirmação inicial até os níveis elevados de qualificação,
visando a prover o conhecimento básico, profissional e militar-naval necessário ao
cumprimento da missão constitucional da Marinha. (BRASIL, 2009, online).
A escola não possui, somente, o interesse de formar militares especialistas nos
assuntos relacionados às suas futuras profissões, mas, sim, para uma maior agregação de
conhecimentos e valores através das disciplinas voltadas as outras áreas do conhecimento.
3.1 A Biblioteca Patrão – Mor Aguiar
A Biblioteca Patrão Mor - Aguiar foi fundada em meados de 1972. O prédio em
que está situada atualmente foi inaugurado em 2008. O seu nome é uma homenagem ao
militar, cearense, José Maria Aguiar, nasceu em 25 de maio de 1886 na cidade Ipaguasú
Mirim, distrito de Massapê (CE). Iniciou sua carreira como Aprendiz-Marinheiro em 1901,
promovido a Capitão-Tenente Patrão- Mor em 1949. Serviu a MB durante 62 anos e faleceu
em 19 de junho de 1963 no Rio de Janeiro.
O acervo da Biblioteca é constituído por livros, periódicos CDs e DVD’s de
assuntos técnicos da Ciência Militar e de diversos assuntos relacionados ao militarismo;
outras áreas do conhecimento e entretenimento. O sistema utilizado é o Pergamum, o qual
está interligado a Rede de Bibliotecas da Marinha (Rede BIM), gerenciada e coordenada pela
Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM). Os objetivos da
Rede BIM, segundo o seu manual de catalogação (2010), pontuam: integrar as bibliotecas das
diversas organizações militares (OM) em uma única base de dados; disponibilizar a consulta
na base pela Internet/Intranet, promover a cooperação de dados e itens bibliográficos e a
padronização das Bibliotecas da Marinha em um só sistema, visando os seguintes resultados:
sistema único, consulta online, menos custos e empréstimo entre bibliotecas.
A equipe da biblioteca, na época em que estava estagiando (agosto de 2013 a
agosto de 2014), era composta por uma bibliotecária, uma professora de história e um
assistente (militar não especializado), duas estagiárias de Biblioteconomia, uma estagiária de
administração e os alunos da instituição que prestam serviço na Biblioteca. A EAMCE possui
14 pelotões de alunos o qual são selecionados 14, um de cada pelotão, para dar serviço na
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biblioteca, ou seja, cada dia um aluno de um pelotão cumpri uma carga horária de trabalho na
Biblioteca, sendo estes denominados de “bibliotecários” (termo utilizado pela instituição).
Vale ressaltar que os trabalhos específicos da Biblioteca são realizados somente
pela bibliotecária e as estagiárias de Biblioteconomia, o restante da equipe apenas utilizam o
espaço para a realização de seus trabalhos referentes às suas respectivas áreas de atuação.
Todavia, os mesmos realizam o atendimento dos usuários ocasionalmente quando preciso.
4 RELATO DE EXPERIÊNCIA
A vivência como estagiária no ambiente militar possibilitou o acompanhamento
da rotina da bibliotecária, responsável pela biblioteca, na instituição. No militarismo todo o
profissional é primeiramente militar, devendo cumprir o que lhe for consignado.
Ao responsável pelo setor da Biblioteca cabe à administração, preparo técnico,
serviço de referência. Porém, como todos os militares, possuem suas funções principais e
também lhe é designado outras funções colaterais. O profissional exerce suas habilidades
dentro da sua área e deve desenvolver competências para as devidas necessidades e
ocasionalidade da instituição.
Embora a Biblioteca possua uma equipe aparentemente grande para sua estrutura
física, as funções desempenhadas por cada um dos seus membros não vão ao encontro de suas
necessidades, em relação ao fornecimento de serviços para os seus usuários. A bibliotecária
realiza a gestão de todos os processos de tratamento técnico, serviços e divulgação, e é
também a mentora das atividades desenvolvidas. A execução dos serviços são realizadas pelas
estagiárias, cabendo a gestora a supervisão dos trabalhos o qual lhe permite o conhecimento
sobre os títulos inseridos no sistema, o fluxo de usuários, o quantitativo de empréstimos, as
sugestões de aquisições, entre outros. Permitindo a conciliação entre as suas funções
colaterais.
Os métodos utilizados para o treinamento dos pelotões dos alunos que fazem parte
do curso de formação de marinheiros é realizado através de palestras (educação do usuário),
visitas orientadas (localização da obra no acervo); orientação à pesquisa no sistema Pergamun
e distribuição de folders. As instruções para a tripulação acontecem individualmente na
medida das suas necessidades.
A rotina no ambiente militar é corrida e ao mesmo tempo tensa, devido as
responsabilidades em que cada militar possui com seu superior. Portanto, é importante sempre
lembrar que a biblioteca não possui somente a função de oferecer suportes informacionais,
mas também um espaço agradável de entretenimento e prazer.
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Todavia, observamos que mesmo mediante a falta de tempo a Bibliotecária
procura lembrar-se dos seus usuários de uma maneira especial, provendo ações nas datas
comemorativas para ao mesmo tempo valorizar seus usuários e divulgar seu acervo e serviços.
Essas ações promovem a interação entre os membros de vários setores da instituição,
proporcionado a oportunidade de conhecer melhor a Biblioteca e o que a mesma tem a
oferecer. Nesses encontros a troca de ideias de leituras é muito comum entre os participantes.
Vale ressaltar que nesses encontros é sempre destacado, pela bibliotecária, a importância e
utilização da Biblioteca.
No convívio de trabalho na biblioteca Patrão – Mor Aguiar foi notado que o
bibliotecário possui sua função principal de responsável pela biblioteca, como falamos
anteriormente, mas por fazer parte do Corpo de Oficiais da Armada73, deve participar de
reuniões, denominada de “parada”, que são muito frequentes na organização. As funções
colaterais às vezes são realizadas em outros setores, o qual eram um dos motivos da ausência
da bibliotecária na biblioteca. Dificultando, de certo modo, que haja um contato maior desse
profissional com seus usuários.
Os usuários da biblioteca, em sua maioria, eram os alunos do curso de formação
de marinheiros, o qual é o objetivo da escola, os quais possuíam muita frequência na
biblioteca. Alguns utilizavam materiais referentes às disciplinas do curso, mas a maioria eram
livros de entretenimento. Fato observado empiricamente e através do livro de empréstimos.
Os demais militares e civis que trabalhavam na instituição procuravam, em grande parte,
livros relacionados a alguma área de formação realizada fora do ambiente militar,
entretenimento, e para algum membro da família. No entanto, esses eram um dos critérios
pensados no planejamento das atividades realizadas. Não havia muito tempo para pensar em
projetos de grande porte para biblioteca e oferecimento de serviços contínuos, devido à falta
de pessoal como mencionamos a cima. Portanto, a biblioteca não apenas funcionava como um
local de empréstimos e devoluções. A responsável pelo setor buscava oferecer promoções
para os usuários nas datas comemorativas, realização de exposição de livros de interesse do
seu público, eventos de interação e sociabilidade na biblioteca.
Dentre as ações desenvolvidas estão: o sorteio de prêmios para os usuários que
efetivaram empréstimos; o “natal da biblioteca”, onde ocorre uma reunião com toda a equipe
de trabalho da instituição (militares, civis, alunos) para um momento de reflexão através de
73
Os Oficiais do Quadro de Oficiais da Armada são ordenados em uma escala hierárquica, constituída pelos
postos de Segundo-Tenente a Almirante de Esquadra (MARINHA DO BRASIL).
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leituras relacionadas, música, troca de mensagens, sorteio de brindes e exposição de clássicos
literários.
Vale destacar que a biblioteca não disponha de recursos financeiros para a
realização das atividades o qual eram feitas através da contribuição da bibliotecária e de
outros militares que trabalham no setor da biblioteca. Portanto, apesar da presença da
bibliotecária no setor da biblioteca possuir uma frequência certa, a biblioteca era assistida pela
mesma através da administração e delegação de tarefas o qual permitiam um bom
funcionamento da biblioteca e a disponibilização de serviços.
5 METODOLOGIA
O estudo principal desse trabalho é demonstrar as competências realizadas pelo
bibliotecário na Biblioteca Patrão Mor-Aguiar da EAMCE através de um relato vivenciado na
instituição e pertencente do setor da biblioteca. Desse modo, classificamos a pesquisa do tipo
exploratória de abordagem qualitativa que, segundo Gil (1999, p. 43) “as pesquisas
exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
“ideias”, proporcionando uma maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses [...]”.
“Habitualmente, esse tipo de pesquisa, envolvem levantamento bibliográfico e
documental, entrevistas não padronizadas e estudos de casos” (GIL, 1995, p. 44). Portanto,
analisamos alguns sites da marinha para tomarmos como base, sobretudo para fala sobre a
rede BIM, e revisão de literatura em artigos científicos e livro para nos apoiar em um maior
embasamento teórico.
A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias trata de levantamento de toda a
bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e
imprensa escrita. Sua finalidade e colocar o pesquisador em contato direto com tudo
aquilo que foi escrito sobre determinado assunto (MARCONI; LAKATOS, 2012, p.
44).
O relato de experiência deu-se através da observação participativa, onde “o
observador não é apenas um espectador do fato que está sendo estudado, ele se coloca na
posição e ao nível dos outros elementos humanos que compõem o fenômeno a ser observado”
(PERES, 1999, p. 261). No entanto, no período em que trabalhei na instituição na função de
estagiária, agosto de 2013 a agosto de 2014, foram observados as competências da
bibliotecária na instituição e participação nos trabalhos na biblioteca.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Formação Política, Reflexões Éticas, Práticas de Transformação Social e Mídias na Informação: qual
profissional temos e qual queremos ser?
19 a 25 de julho de 2015
No entanto, podemos perceber que a atuação do bibliotecário na instituição militar
requer desse profissional competências que vão além da sua formação, considerando que o
mesmo irá desempenhar outras funções de acordo com as necessidades da instituição. A
bibliotecária possuía grandes obstáculos para a realização de serviços referentes à sua área de
atuação, como a falta de tempo e recursos. Podemos perceber que a competência do
bibliotecário, para que o mesmo possa atuar em várias funções e torna-se presente na vida de
seus usuários está no planejamento, gerenciamento e delegação das atividades e instrução da
equipe de trabalho. Notamos que biblioteca Patrão-Mor Aguiar não deixa de assistir seus
usuários e realiza ações que fazem parte de seus interesses.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. Manual de
procedimentos para catalogação da Rede BIM. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:
<http//:www.dphdm.mar.mil.br/redeBim/download>. Acesso em: 13 jan. 2014.
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<http://www.mar.mil.br/eamce/>. Acesso em: 6 dez. 2014.
MARINHA DO BRASIL. Disponível em:
<https://www.ensino.mar.mil.br/sitenovo/ingresso2.html>. Acesso em: 8 jun. 215.
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capacitação de pessoal na Marinha do Brasil. Rio de Janeiro: Escola de Guerra Naval, 2010.
Disponível em:
<http://www.defesa.gov.br/arquivos/_biblioteca/periodicos/artigos/regina_boanerges.pdf>.
Acesso em: 5 jan. 2014.
COSTA, Maria de Fátima Oliveira; ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Os
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CAVALCANTE, Lidia Eugenia; PINTO, Virgínia Bentes; VIDOTTI, Silvana Aparecida
Borsetti Gregório (Org.). Ciência da informação e contemporaneidade: tessituras e olhares.
Fortaleza: UFC, 2012. p. 59-87.
FARIAS, Gabriela Belmont de; BELLUZZO, Regina Célia Baptista. Reflexões conceituais
sobre conhecimento e competência: ensaio para o desenvolvimento de ações de ensino –
aprendizagem. In: CAVALCANTE, Lidia Eugenia; PINTO, Virgínia Bentes; VIDOTTI,
Silvana Aparecida Borsetti Gregório (Org.). Ciência da informação e contemporaneidade:
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DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelos, processos, tendências e perspectivas. São
Paulo: Atlas, 2006. p. 35-61.
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profissional temos e qual queremos ser?
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SANTA ANNA, Jorge. O bibliotecário em face das transformações sociais: de guardião a um
profissional desinstitucionalizado. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina,
Florianópolis, v. 20, n. 1, p. 138-157, jan./abr. 2015.
COELHO, Clara Duarte. O novo perfil do profissional bibliotecário diante das
transformações sociais e tecnologias. Disponível em:
http://dci.ccsa.ufpb.br/enebd/index.php/enebd/article/viewFile/52/63>. Acesso: 12 nov. 2014.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1995.
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho
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GT 6
Livre
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ANÁLISE INFOMÉTRICA: UMA VISÃO DIFERENCIADA SOBRE A ÓTICA DO
PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO
Grupo Temático 6: Livre; Modalidade: Artigo – oral
CRAVO, Giovanna Moreira74
RADI, Willian Wronski75
GUERRA NETO, Leonardo Jeremias76
BOESING, Cristiane Gabriela77
RESUMO
Tendo como premissa o volume de publicação de artigos em diversos campos do
conhecimento e necessidade de métodos que permitam medir a produtividade dos
pesquisadores, grupos ou instituições de pesquisa torna-se necessário o uso de técnicas
específicas de avaliação aliada a profissionais que saibam analisar os resultados obtidos nas
métricas. Este artigo tem como objetivo unir a teoria ao método quantitativo de análise
infométrica e demonstra quais os artigos, autores e revistas mais relevantes dentro do tema
estabelecido, apresentando analises a partir dos resultados obtidos em forma de gráficos e
tabelas. Selecionou-se a base de coleção da Web of Science com o tema rede social
(Facebook), nas seguintes categorias: Computer Science Information Systems,
Communication, Psychology Multidisciplinary, entre 2012 e 2014, totalizando 500
(quinhentos) artigos. Foi utilizado na pesquisa o método de fundamentação teórica para
conceituar os diferentes termos utilizados na pesquisa e análise infométrica. Como resultados,
obteve-se: a produtividade de artigos por ano; as palavras-chaves mais utilizadas; a frequência
de artigos por numero de autores; os periódicos que mais publicaram e autores que mais
escreveram. Por fim, conclui-se a importância do profissional da informação para análises
infométricas nos diferentes campos do conhecimento.
Palavras-chave Web of Science, Infometria, Facebook, Midia social, Profissional da
Informação.
ABSTRACT
Premised on the number of published articles in various fields of knowledge and the
increasing need for methods to measure the productivity of researchers, groups and research
institutions making it necessary to use specific evaluation techniques, this article describe the
theory and the quantitative method of infometrics analysis. Presenting the, more relevant
authors and magazines with the established theme, presenting the results in graphs and
tables. For this we selected the collection of basic Web of Science themed social network
(Facebook), in the following categories: Computer Science Information Systems,
Communication, Psychology Multidisciplinary between 2012 and 2014, totaling 500 (five
74
Graduanda em Gestão da Informação pela UFPR. E-mail:[email protected]
Graduando em Gestão da Informação pela UFPR. E-mail: [email protected]
76
Graduando em Gestão da Informação pela UFPR. E-mail:[email protected]
77
Graduanda em Gestão da Informação pela UFPR. E-mail: [email protected]
75
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hundred) items. Was used to search the theoretical foundation method to conceptualize the
different terms used in infometrics research and analysis. As a result of research infometrics
was obtained: articles productivity per year; the most used keywords; the frequency of
articles by number of authors; journals that have published more and more authors wrote.
Finally, it is identified, the importance of professional information for infometrics analyzes in
different fields of knowledge.
Keywords: Web of Science, Infometrics, Facebook, Social Media, Professional Information.
1 INTRODUÇÃO
Tendo como premissa a quantidade de publicação de artigos em diversos campos
do conhecimento, aumentou a necessidade de métodos que permitam medir a produtividade
dos pesquisadores, grupos ou instituições de pesquisa tornando assim imprescindível o uso de
técnicas específicas de avaliação que podem ser quantitativas ou qualitativas. Com isso, foram
criadas técnicas de avaliação métricas para suprir necessidades e este artigo pretende mostrar
uma técnica quantitativa conhecida como análise infométrica.
Polanco(1995) afirma que a “infometria comporta uma síntese da bibliometria e
da cientometria, mas também como Brookes destacou, [...] ela significa uma abertura ao
estudo matemático da informação e sobre suas formas documentárias seja eletrônica ou
física”.
O artigo aprofunda-se na análise de referencial do tema mídia social Facebook,
devido à ascendência do uso das redes sociais de acordo com pesquisa feita pela Serasa
Experian, em que é possível notar o forte interesse pelas mesmas nos últimos anos. Acreditase, então, que esse meio tende a crescer nos próximos anos.
Com isso, foi analisado o aumento de publicações entre 2012 e 2014 nas
categorias consideradas relevantes para a área de informação, como: Communication,
Psychology Multidisciplinary, Computer Science Information Systems da base de coleção da
Web of Science refletindo na estima do profissional da informação para análise infométrica de
diferentes áreas do conhecimento.
Para compreender a importância do tema abordado o artigo buscou
fundamentação teórica de diferentes autores, além de especificar a metodologia, os objetivos,
os resultados obtidos e a importância do profissional da informação para análise infométrica.
2 OBJETIVO
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O objetivo do trabalho foi unir a teoria ao método quantitativo de análise
infométrica demonstrando os artigos, autores e revistas mais relevantes dentro do tema
estabelecido, apresentando os resultados em forma de gráficos e tabelas.
Além disso, a análise infométrica tem como objetivo refletir sobre a importância
do profissional da informação para os diferentes campos de pesquisa.
Em termos específicos buscou-se fundamentar palavras e expressões relevantes na
área da infometria, como: as aderências das leis bibliometricas de Lotka e Bradford, e os
meios utilizados, como: a plataforma Web of Science e a mídia social: Facebook.
3 BIBLIOMETRIA, CIENCIOMETRIA E INFOMETRIA: fundamentação teórica
Para que seja possível compreender o presente artigo acerca da análise infometrica
será apresentado uma breve fundamentação teórica em relação ao assunto.
A infometria para o dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia apud TAR
(p.313) é o termo adotado “em 1987, pela Federação internacional de Documentação(FID)
para designar o conjunto de atividade métricas relativas a infomação”.
O dicionário também informa que o termo Cientometria ou Cienciometria é a
disciplina que tem por objetivo medir as atividades da pesquisa científica tecnológica
mediante insumos e produtos. Já a Bibliometria é a analise a quantitativa da comunicação
escrita, e é possível aplicar métodos matemáticos e estatísticos a livros e outros veículos de
comunicação.
Outra contextualização na Bibliometria, segundo Guedes e Borschiver (sd.,p.2) é
que o termo é
“é um conjunto de leis e princípios empíricos que contribuem para estabelecer os
fundamentos teóricos da Ciência da Informação. O termo statistical bibliography –
hoje Bibliometria – foi usado pela primeira vez em 1922[...], antecedendo à data a
qual se atribui a formação da área de Ciência da Informação, com a conotação de
esclarecimento dos processos científicos e tecnológicos, por meio da contagem de
documentos.”
Polanco (1995) ao abordar infometria afirma que ela se comporta como “uma síntese
da bibliometria e da cientometria, mas também como Brookes destacou, [...] ela significa uma
abertura ao estudo matemático da informação e sobre suas formas documentárias seja
eletrônica ou física”.
Ao discorrer sobre o fundamental uso de técnicas específicas de avaliação de
produtividade dos autores pode-se citar Vanti (2002) que afirma que:
uma das possibilidades consiste na utilização de métodos que permitam medir a
produtividade dos pesquisadores, grupos ou instituições de pesquisa. Para tanto,
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torna-se fundamental o uso de técnicas específicas de avaliação que podem ser
quantitativas ou qualitativas, ou mesmo uma combinação entre ambas. As técnicas
quantitativas de avaliação podem ser subdivididas em bibliometria, cienciometria,
informetria e, mais recentemente, webometria.
A autora acima continua ainda que “nas últimas décadas [...] tornou-se cada vez
mais evidente a necessidade de avaliar tais avanços e de determinar os desenvolvimentos
alcançados pelas diversas disciplinas do conhecimento. Neste sentido, apontou-se para a
medição das taxas de produtividade dos centros de pesquisa e dos investigadores individuais”.
Sobre análise de citações dento da Bibliometria é possível citar Vanz e Caregnato
(2003) que afirmam que a
bibliometria, enquanto método quantitativo de investigação da ciência utiliza a
análise de citações como uma de suas ferramentas, a fim de medir o impacto e a
visibilidade de determinados autores dentro de uma comunidade científica,
verificando quais “escolas” do pensamento vigoram dentro das mesmas. Além
disso, a análise de citações possibilita a mensuração das fontes de informação
utilizadas, como o tipo de documento, o idioma e os periódicos mais citados.
Utilizando estes indicadores, é possível saber como se dá a comunicação científica
de uma área do conhecimento, obtendo-se, assim, um ‘mapeamento’ da mesma,
descobrindo teorias e metodologias consolidada.
Segundo Vanz e Caragnato (2003) “a bibliometria tem como premissa o fato de
que os cientistas constroem seu trabalho a partir de obras anteriores e mostram isso
mencionando-as em seus textos, em uma lista de referências.”
Na infometria destacam-se importantes autores com suas leis, neste artigo serão
analisadas as descobertas de Lotka e Bradford.
Cada um destes pesquisadores pode ser identificado com uma “lei” específica. A
Lei de Lotka, ou Lei do Quadrado Inverso, aponta para a medição da produtividade
dos autores, mediante um modelo de distribuição tamanho-freqüência dos
diversos autores em um conjunto de documentos. [...] a Lei de Bradford, ou Lei de
Dispersão, permite, mediante a medição da produtividade das revistas, estabelecer
o núcleo e as áreas de dispersão sobre um determinado assunto em um mesmo
conjunto de revistas. (VANTI, 2002, p.153)
Guedes e Borschiver verificam que a Lei de Bradford “permite estimar o grau de
relevância de periódicos em dada área do conhecimento, que os periódicos que produzem o
maior número de artigos sobre dado assunto formam um núcleo de periódicos, supostamente
de maior qualidade ou relevância para aquela área”.
Os autores descrevem também que a Lei de Lotka “considera que alguns
pesquisadores, supostamente de maior prestígio em uma determinada área do conhecimento,
produzem muito e muitos pesquisadores, supostamente de menor prestígio, produzem pouco”.
Após identificar a importância e os conceitos da área acima será apresentado o
tema que foi selecionado para análise infometrica: mídias sociais, Facebook.
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3.1 Fundamentação teórica ao tema selecionado: mídias sociais (Facebook)
Devido ascendência do uso das redes sociais de acordo com pesquisa feita pela
Serasa Experian, é possível notar o forte interesse, principalmente, dos brasileiros pelas
mesmas nos últimos anos. Acredita-se, então, que esse meio tende a crescer ainda mais com
os novos aplicativos de mensagens, como WhatsApp e
Line. Segundo a pesquisa “O
Facebook foi o primeiro colocado entre as redes sociais mais visitadas em maio no Brasil, de
acordo com dados da Hitwise, ferramenta líder global de inteligência em marketing digital da
Serasa Experian. A rede atingiu 63,19% de participação de visitas no quinto mês de 2014”.
Tendo isto em vista, decidiu-se analisar a consequência do aumento de artigos científicos
realizados no período já descrito com a temática Facebook .
Castro (2011) comenta que o Facebook é uma rede “que permite conversar com
amigos e compartilhar mensagens, links, vídeos e fotografias. A ferramenta criada em 2004
pelos americanos Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Chris Hufghes e pelo brasileiro
Eduardo Saverin também permite que você receba as novidades das páginas comerciais das
quais gostar, como veículos de comunicação ou empresas.” O Facebook Brasil informa que A
missão do mesmo “é dar às pessoas o poder de compartilhar informações e fazer do mundo
um lugar mais aberto e conectado.”. A empresa afirma que milhões de pessoas usam a rede
para compartilhar fotos, links, vídeos e conhecer mais as pessoas com quem se relacionam.
Após introduzir o tema abordado é possível selecionar uma base de periódicos
para a realização do trabalho, a sessão abaixo fará uma breve fundamentação teórica da base
selecionada.
3.2 Fundamentação teórica à plataforma selecionada: Web of Science
Há diversas plataformas on-line de pesquisa cientifica, como: Portal de periódicos
da CAPES, Plataforma Lattes, SciELO - Scientific Electronic Library Online, entre outros,
porém para esta análise buscou apenas a base de coleção da Web of Science, pois segundo a
Biblioteca da Escola de Engenharia da UFRGS (sd, p.2) a plataforma Web of Science “é uma
base de dados que disponibiliza acesso a mais de 9.200 títulos de periódicos”. A Biblioteca
descreve ainda que a base
possibilita a identificação de artigos de periódicos em diversas áreas do
conhecimento[...]Pode ser utilizado para uma pesquisa de alta qualidade,
associando registros, buscando por autores relevantes na área de interesse, por
referência citada, recebendo alertas de publicação para assuntos, publicações ou
autores, processando os resultados de uma busca e salvando-os ou enviando-os
por email, salvando o histórico de buscas, entre outras possibilidades.
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De acordo como a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa “A Web of
Science, nome da Web of Knowledge desde Janeiro de 2014 [...] é uma plataforma que
permite o acesso integrado a bases de dados referenciais, como a Web of ScienceTM Core
Collection, a Current Contents Connect, Derwent innovations Index, MEDLINEe SciELO
Citation Index[...]Journal Citation Reports e Essential Science Indicators”.
3 METODOLOGIA
O trabalho foi dividido em duas fases: a primeira buscou o levantamento e análise
dos dados através de uma pesquisa bibliográfica de referencial teórico, conceituando o tema
abordado. Na segunda fase, os conceitos foram aplicados ao método quantitativo de análise
infométrica e efetivados nos resultados da pesquisa.
Como exemplo de fundamentação teórica apresenta-se Santos(2009, p.156) Apud,
Le Coadiac(2004) que afirmam que
aqueles que necessitam reunir informações sobre o desenvolvimento da ciência
enfrentam, por vezes, enormes desafios para localizar os itens mais pertinentes para
subsidiar determinada tarefa. Os desafios se tornaram ainda mais agudos, na
sociedade contemporânea, provocados pela progressiva informatização dos métodos
de trabalho e a crescente ampliação das formas de armazenamento e de circulação
do texto escrito.
A análise foi construída apartir da temática Facebook, publicados entre 2012 e
2014, nas seguintes categorias consideradas relevantes para a área de informação:
Communication, Psychology Multidisciplinary, Computer Science Information Systems da
base de coleção da Web of Science, logo, totalizou 500 (quinhentos) artigos.
Tendo como ponto de partida a pesquisa descrita acima foram exportados os
dados da base Web of Science para uma planilha no Microsoft Excel, no qual os dados foram
tratados, padronizados e empilhados resultando em uma tabela com 6(seis) atributos (registro,
autor, título do artigo, periódico publicado, ano publicado, palavra chave) e 500(quinhentos)
registros. Para a análise utilizou-se os seguintes indicadores como pertinentes ao estudo:
aderência à leis bibliométricas de Lotka e Bradford; produtividade de artigos por ano;
palavras-chaves mais utilizadas; frequência de artigos por número de autores; periódicos que
mais publicaram e autores que mais publicaram.
4 RESULTADOS OBTIDOS
Nesta seção apresenta-se os resultados obtidos na análise feita com os dados, objeto e
período já descritos acima.
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O gráfico 1 abaixo mostra a produtividade de artigos por ano. Nele é possível observar
que a produtividade dos mesmos com a temática Facebook dobrou desde 2012 passando de
cento e doze(112) no primeiro ano pesquisado a duzentos e trinta e sete(237) no ultimo ano.
Isto manifesta a tendência que é continuar aumentando a produção nos próximos anos.
GRÁFICO 1 – PRODUTIVIDADE DE ARTIGOS POR ANO
FONTE: WEB OF SCIENCE.
Tendo em vista a importância da recuperação de informação em artigos
científicos, o gráfico 2 mostra que os termos “Facebook”, “Social Media” e “Social
Networking” foram as palavras-chaves utilizadas com maior frequência pelos autores nos
últimos anos. Isto corrobora para pesquisas mais precisas e especificas na área desejada.
GRÁFICO
2 – FREQUÊNCIA DE PALAVRAS-CHAVES
FONTE: WEB OF SCIENCE.
Analisando o gráfico 3 a seguir de frequência de artigos por número de autores é
possível afirmar que os artigos desse tema possuem em sua maioria de 1 a 3 autores. E
conforme aumenta a quantidade de autores diminui a quantidade de publicações.
GRÁFICO 3 – FREQUÊNCIA DE ARTIGOS POR NÚMERO DE AUTORES
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FONTE: WEB OF SCIENCE.
Como referenciado na seção de fundamentação teórica a lei bibliométrica de Bradford é
possível estimar o grau de relevância de periódicos em dada área do conhecimento, existem
periódicos que produzem um maior número de artigos a respeito de um assunto. Logo, acredita-se
que estes formam um grupo de periódicos de maior qualidade ou relevância para aquela área.
Araújo(2006,p15) afirma sobre a lei de Bradford que:
pode-se distinguir um núcleo de periódicos mais particularmente devotados ao
tema e vários grupos ou zonas que incluem o mesmo número de artigos que o
núcleo, sempre que o número de periódicos existentes no núcleo e nas zonas
sucessivas seja de ordem de 1: n: n2 : n3”.... Assim, os periódicos devem ser
listados com o número de artigos de cada um, em ordem decrescente, com soma
parcial. O total de artigos deve ser somado e dividido por três; o grupo que tiver
mais artigos, até o total de 1/3 dos artigos, é o “core” daquele assunto. O segundo
e o terceiro grupo são as extensões. A razão do número de periódicos em qualquer
zona pelo número de periódicos na zona precedente é chamada “multiplicador de
Bradford” (Bm): à medida que o número de zonas for aumentando, o Bm diminuirá.
Conhecendo a o estudo de Bradford, aplicaram-se os cálculos e com isso foi observado que a lista de
periódicos não adere a formulação simples da lei de Bradford, como mostram os cálculos abaixo:
500 artigos /3 = 166
Logo o grupo 1, também conhecido como núcleo, ficou com apenas 1
periódico, o grupo 2 ou zona intermediária obteve 19 periódicos, e o grupo
3 ou zona de dispersão alcançou 103 periódicos.
mB = [(19/1) + (103/19)] / 2 = 12,2
1 : 1 x 12,2 : 1 x 12,2²
O resulta esperado para a lei de Bradford seria :1 : 12,2 : 148,8
Apesar disso, é possível notar a estratificação mostrada pela de lei Bradford, onde a
maior parte dos quinhentos artigos esta concentrada no primeiro e segundo grupo de periódicos e o
terceiro grupo concentra a menor produção.
No quadro 1, abaixo, são apresentados os 10 (dez) periódicos que mais publicaram
artigos no durantes os três anos, e a produtividade total do período destes periódicos. É possível
observar que o periódico Computers In Human Behavior possui uma larga diferença de numero de
artigos publicados em comparação com os demais periódicos analisados. Além disso, é possível
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analisar o grande aumento de produção com o passar dos anos do mesmo periódico que em 2012
haviam publicados somente 26 e em 2014 a produção aumento em 61 artigos. Estes dados mostram
a relevância do periódico para a área.
QUADRO 1 - PERIÓDICOS QUE MAIS PUBLICARAM ENTRE 2012 E 2014
Título da fonte
COMPUTERS IN HUMAN BEHAVIOR
INFORMATION COMMUNICATION & SOCIETY
NEW MEDIA & SOCIETY
PUBLIC RELATIONS REVIEW
JOURNAL OF COMPUTER-MEDIATED COMMUNICATION
COMUNICAR
JOURNAL OF COMMUNICATION
JOURNAL OF BROADCASTING & ELECTRONIC MEDIA
MULTIMEDIA TOOLS AND APPLICATIONS
ASIAN JOURNAL OF COMMUNICATION
...
Total geral
Total de periódicos
FONTE: WEB OF SCIENCE.
2012 2013 2014 Total Geral
26
4
5
3
4
53
7
8
9
2
5
3
2
6
5
2
...
112
123
1
...
151
87
14
6
4
9
6
2
3
5
5
...
237
166
25
19
16
15
11
11
10
7
6
...
500
Já a aderência à lei bibliométrica de Lotka também referenciada na sessão de
fundamentação teórica afirma que a larga proporção da literatura científica é produzida por
um pequeno número de autores, e um grande número de pequenos produtores se iguala ao
reduzido número de grandes produtores.
Apesar disso, o quadro 2 a seguir apresenta os 10(dez) autores que mais
publicaram artigos na área nos últimos anos, assim como sua produtividade por ano. É
possível notar que a diferença de produção destes autores ainda é pequena, porém como o
tema mídia social (Facebook) ainda é um assunto emergente, acredita-se que cresça o numero
de publicações destes autores nos próximos anos.
Com um total do número de autores é possível calcular a média de autores por
artigo, que é 2,61.
QUADRO 2 - AUTORES QUE MAIS PUBLICARAM ENTRE 2012 E 2014
Autores
Junco, Reynol
Bazarova, Natalya N.
Pennington, Natalie
Van der Heide, Brandon
Stefanone, Michael A.
Litt, Eden
Vitak, Jessica
McAndrew, Francis T.
Saxton, Gregory D.
2012
2013
2
1
2
1
1
1
2
1
2
1
1
2
1
2
1
1
2014
2
2
1
1
1
Total Geral
4
4
3
3
3
3
3
3
3
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Hall, Jeffrey A.
...
Total Geral
FONTE: WEB OF SCIENCE.
...
282
1
...
377
2
...
644
3
...
1303
Após análise dos resultados obtidos e a conceituação de determinados termos na
fase de fundamentação teórica é plausível refletir sobre a importância do profissional da
informação para a análise , como mostra o tópico a seguir.
5 CONCLUSÃO
É possível inferir que os resultados de uma análise de citação devem ser
interpretados com prudência, pois se observa que os estudos de citação são uma importante
ferramenta para o entendimento dos processos de comunicação científica nas diferentes áreas
do conhecimento humano. Como Silva e Hayashi et al (2011) afirmam que literatura
cientifica tem revelado que pesquisadores com formação em diversas áreas do conhecimento
tem necessidades de mapear campos de pesquisa, produzir indicadores de produção científica,
analisar padrões de comunicação científica, entre outros.
Logo, considera-se que estudos infométricos constituem um importante indicador
da atividade científica, pois contribuem para entender a estrutura e o desenvolvimento da
ciência e também identificam as regularidades básicas de seu funcionamento.
Por fim, é possível considerar a importância do profissional da informação para a
este tipo de análise, pois afirma que este profissional é responsável por agregar valor às
informações que lhe são fornecidas, através do ambiente ou meio em que estão inseridas,
devendo ser estes constantemente monitorado.
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O MAPA CONCEITUAL COMO UMA MIDIA DE REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA:
aplicabilidade à indexação de doenças genéticas e hereditárias registradas em prontuários do
paciente78
GT 6 LIVRE – oral
RIBEIRO, Cristina da Costa²
SERRA, Jackson Sousa ³
BENTES PINTO, Virgínia4
RESUMO
Estudo acerca da aplicabilidade do Mapa Conceitual para representação de conceitos referentes as
doenças registradas nos prontuários dos pacientes. Objetivo foi investigar a aplicabilidade do Mapa
Conceitual na indexação de doenças genéticas ou hereditárias registradas nos prontuários do paciente e
também como mídia de compartilhamento e acesso a informações concernentes ao genoma. É uma
pesquisa exploratória baseada no estudo da literatura concernente ao tema, tendo-se mapeado a
terminologia para a construção do Mapa Conceitual no CmapTools. O resultado é o Mapa Conceitual
construído com os termos das doenças genéticas e hereditárias, e que eles se configuram como mídia
para o acesso a informações.
Palavras-chave: Mapas Conceituais. Prontuário do paciente. Doenças genéticas. Doenças
hereditárias. Terminologia.
ABSTRACT
The Study on the applicability of the Conceptual Maps for representation of concepts the
recorded diseases in the patient’s records. The objective was to investigate the applicability
of the Conceptual Maps in the indexing genetic or hereditary diseases recorded in the
patient's records as well as sharing media and access to information concerning the genome.
It is an exploratory research based on the study of literature concerning the subject, having
mapped the terminology for the construction of the Conceptual Maps in CmapTools. The
78
Este artigo traz uma parte dos resultados da pesquisa intitulada “ A teoria do Mapa Conceitual aplicada ao
contexto da terminologia de doenças genéticas/ hereditárias registradas em prontuários do paciente”.
2
Graduanda em Biblioteconomia pela UFC. E-mail: [email protected]
3
Graduando em Biblioteconomia pela UFC. E-mail: [email protected]
4
Docente e Pesquisadora/PQ-CNPq - Curso de Biblioteconomia da UFC. E-mail: [email protected]
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result is the concept map built with the terms of genetic and hereditary diseases, and they are
configured as media for access to information.
Keywords: Conceptual Maps. Patient’s record. Genetic diseases. Hereditary diseases.
Terminology.
1 INTRODUÇÃO
O termo Mapas Conceituais, como muitos outros, foi retomado e ressignificado ao longo
da história e, inclusive, ganhando outros contornos como é o caso que está sendo tratado neste
trabalho. O Mapa Conceitual, também conhecido como gráfico, carta conceitual ou rede semântica, foi
proposto por Joseph Donald Novak (1990), por volta dos anos de 1972, apoiado na teoria de
aprendizagem apresentada pelo psicólogo David Paul Ausubel (1963). Embora considerados como
ferramentas didáticas de ensino-aprendizagem, Jacobi, Boquillon e Prévost (1994, p.9), percebem os
Mapas Conceituais como sendo objetos semiolinguísticos, representações, e ferramentas de análises,
de formação ou de metacognição. E, nós os consideramos como certa cartografia de representação
indexical (indexação) de conteúdos.
Além de estar sendo utilizado como ferramenta de organização conceitual, no âmbito
biblioteconômico ele é visto também como uma mídia para favorecer o acesso à informação. Ao
falarmos de mídia, temos de tomar conhecimento de que ela é o meio pelo qual se torna possível a
mediação, e está intrínseca no fazer profissional do bibliotecário, que é um dos profissionais
responsáveis por mediar a informação.
Mas, tanto o conceito de mídia como de mediação são por natureza polissêmica e, como
muitos outros, estão na moda. A gênese do conceito mediação vem do latim mediatio de mediare cujo
significado associa-se a estabelecer relação entre os envolvidos no processo mediático.
A partir dos séculos XX e XXI a mediação ganha outros ares, adentra em vários campos
de saberes e com ela também cresce o termo mídia, principalmente no âmbito das Ciências da
Informação e da Comunicação. Por isso, em cada área esses dois conceitos precisam ser predicados,
conforme mostram os exemplos: mediação da informação, cultural, hospitalar, jurídica, política,
cognitiva. Ou ainda, mídia social, mídia de comunicação, mídia de educação etc. É com essa
percepção que nos apropriamos do conceito mídia empregando-o ao contexto da representação,
particularmente sobre a indexação de prontuários do paciente, na perspectiva da construção de Mapas
Conceituais visando favorecer o tratamento, a organização, a representação e o acesso aos documentos
e/ou aos conteúdos informacionais.
É observando esses aspectos, que nos motivamos a realizar esta pesquisa nos pautando na
seguinte questão-problema: o que levar em consideração para representar, as categorias de informação
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sobre as doenças genéticas e hereditárias presentes no prontuário do paciente, adotando-se a
metodologia do Mapa Conceitual como mídia para o acesso e a recuperação da informação?
Para a realização do estudo empírico e na perspectiva de obter respostas
concernentes a essa questão, definimos como objetivo geral: Investigar a aplicabilidade do
Mapa Conceitual para o tratamento, organização e representação da informação no contexto
das doenças genéticas e hereditárias registradas no prontuário do paciente, entendendo esse
mapa como mídia para o acesso e a recuperação da informação.
Os objetivos específicos são:
a) Estudar a literatura concernente a metodologia de elaboração de Mapas
Conceituais, com vistas a apreensão e aplicabilidade dessa metodologia;
b) Identificar as categorias de informação presentes no prontuários do paciente e
passíveis de serem representadas no Mapa Conceitual;
c) Explorar maneiras de designar espaços para as categorias de informação na
estrutura do Mapa Conceitual.
d) Construir um Mapa Conceitual das doenças genéticas e hereditárias registradas em
prontuários do paciente
Interessamo-nos pelas doenças hereditárias e/ou raras que se configuram como um
fenômeno do mundo real cuja essência está no interior do genoma. Tal realidade pode estar registrada
nos prontuários individuais e naqueles denominados de prontuários de família e, portanto, a
identificação dos conceitos relativos a essas doenças se faz necessária e cuja representação pode ser
efetivada por meio de rótulos terminológicos expressos nos conceitos apresentados no mapa. Diante
dessa realidade, entendemos que construir um Mapa Conceitual de doenças genéticas ou hereditárias,
nos demanda vários desafios, pelas características sui generis dessas doenças e do prontuário que as
tem registradas.
Portanto, ratificamos a necessidade de se pesquisar a aplicabilidade da ferramenta de
Mapas Conceituais no ambiente do prontuário – analógico, digital e eletrônico - do paciente, com o
propósito de contribuir para os estudos do genoma, por incorporar riquíssimas possibilidades de
cruzamentos de informações técnico cientifica e das origens das doenças hereditárias.
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE MAPAS CONCEITUAIS
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Podemos considerar que os Mapas Conceituais, embora não com essa denominação, tem
origem no pensamento cartográfico do século V a.C. visando trazer a noção de espaço e representar as
relações de seus elementos constitutivos. Tomando por base o sentido inicial, porém, em uma
perspectiva de inovação, os Mapas Conceituais foram pensados e são construídos por meio de
etiquetas referentes aos conceitos mais gerais e seus descendentes, sendo estruturados utilizando-se
linhas que estabelecem as ligações existentes entre os conceitos, espelhando o conhecimento relativo a
um determinado contexto e suas relações semânticas entre eles.
No entendimento de Robineau ( 2007, p.?) o Mapa Conceitual configura-se como uma
“representação gráfica de um campo do saber, de um conjunto de conhecimentos”. É constituído por
conceitos e suas relações. São concebidos em “células de formas geométricas variáveis, religadas por
linhas flechadas e etiquetadas. A(s) palavra(s) ou o texto curto associado a estas linhas exprimem as
relações semânticas entre os conceitos”.
Conforme Novak e Wandersee (1990), os Mapas Conceituais podem ser construídos sob
três concepções:
a) Mapas de concepções de alunos e professores, que não foram tratados em um plano
didático e pode ser individual ou coletivo;
b) Mapas de desenhos, compostos ou sintéticos, a partir de uma pesquisa didática. Estes
mapas foram analisados e interpretados por pesquisadores e podem ser adotados para definir uma
estratégia de ensino;
c) Mapas de resultados-modelos, de pesquisa, possibilitando uma representação espacial
de conceitos como um modelo de referência – o caso deste artigo.
No contexto da formação profissional os Mapas Conceituais estão sendo bastante
utilizados, seja em estudos com jovens e adolescentes ou ainda com professores de ensino
fundamental, médio e superior. Em que concerne aos profissionais da área da Saúde, eles já vem sendo
adotados não somente nas disciplinas, medicina, enfermagem, farmácia. Contudo, os estudos e
pesquisas relacionados à aplicabilidade no âmbito dos cuidados do paciente, ainda são muito
insipientes. Nesse sentido, ele pode ser entendido como uma mídia de comunicação na relação entre
profissionais e entre estes e o paciente. Para além desses estudos ainda entendemos que a metodologia
do Mapa Conceitual pode ser utilizada nas pesquisas que contemplam os prontuários dos pacientes
com vistas a oferecer subsídios para estudos de outra natureza.
O Mapa Conceitual baseia-se no mundo real, portanto, é estruturado em categorias da
realidade, do fenômeno e da essência. Para Cheptulin (1982, p.338), a realidade é o que existe
realmente, enquanto que Kosik (2002, p. 51), a entende como um todo que não é apenas um conjunto
338
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de relações, fatos e processos, mas também a sua criação, estrutura e gênese. Por sua vez, o fenômeno
é o conjunto dos aspectos exteriores, das propriedades, e é uma manifestação da essência. “[...] Ele
aparece como a síntese do que é condicionado pela ação da realidade que rodeia o objeto. [...]”.
Portanto, compreender o fenômeno é atingir a sua essência. A essência representa o interior, ao mesmo
tempo, como constituinte da natureza da coisa, inseparável dela, como espacialmente interior,
encontrando-se no interior da coisa e não na sua superfície (CHEPTULIN, 1982, p.278; 2013, p. 279).
Logo, a realidade é a unidade do fenômeno e da essência, conforme argumenta Kosik (2002, p.16). É
nessa perspectiva que voltamos nosso olhar para o Mapa Conceitual que vem contemplar todos esses
aspectos.
3 FALANDO SOBRE MÍDIA NO CONTEXTO DA REPRESENTACAO EM PRONTUÁRIO
DO PACIENTE
O termo mídia é bastante utilizado em diversas áreas de conhecimentos e, justamente por
isso demanda atenção e necessidade de predicá-lo para indicar o uso a que está sendo referido. Assim,
temos mídias referentes a comunicação, informação, educação, ciência política e mais recentemente as
chamadas mídias sociais, entre outras. E, para cada contexto, embora a semântica seja a mesma sua
aplicabilidade conceitual varia.
O conceito de mídia tem origem no latim como plural de médium cujo senso determina o
meio. Já, no entendimento de McLuhan (1968), encontramos o termo mídia como sendo meio de
disseminação, transmissão e comunicação de informação. Então, percebida desse modo, também
consideramos que no âmbito da representação temática ou indexação os conceitos, termos ou
sintagmas que funcionam como “pistas” no processo de recuperação da informação, efetivamente se
configuram como mídia de disseminação e acesso nesse processo.
Para tal representação mediática adotam-se terminologias da linguagem natural ou de
especialidades. A terminologia de especialidades é oriunda das investigações do engenheiro Eugênio
Wüster e foi aprofundada por vários grupos de pesquisa, merecendo destaque os estudos
desenvolvidos no Instituto de Linguística Aplicada de Barcelona (IULA) pelas Professoras Maria
Tereza Cabré, Rosa Estopà e seus colaboradores. No Brasil, o destaque é para o TERMISUL, grupo de
pesquisa que tem à frente a Professora Maria da Graça Krieger, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e, no campo da Ciência da Informação e da Biblioteconomia as pesquisas estão sendo
desenvolvidas por Johanna Smit, Fátima Tálamo, Marilda Lara, Marisa Brascher, Nair Kobashi,
Virgínia Bentes Pinto e seu grupo de pesquisa, que se dedicam a terminologia nos prontuários do
paciente, entre outros.
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O objeto da terminologia é o termo e, não a palavra. Daí porque ele aparece com vistas à
padronização dos termos de uma língua em campos específicos a fim de favorecer a comunicação
entre os sujeitos envolvidos em um processo de comunicação. A terminologia busca estruturar os
conceitos de modo que possa haver uma padronização nas linguagens de especialidades e desta feita
contribuir para a rotulagem e compartilhamento de informações.
Esses termos rotulam os componentes científicos de um campo de conhecimento a fim de
que se tenha uma carta geográfica do referido campo. No contexto do Mapa Conceitual, a rotulagem
também traz o mesmo sentido daquela adotada para outras finalidades, quer dizer, ela visa estabelecer
etiquetas para facilitar o acesso à informação. Nesse sentido, estrutura formas de comunicar os
assuntos ou temas de modo mais racional, a fim de que o usuário não demande grandes esforços para
localizar a informação que deseja, seja em documentos analógicos, eletrônicos ou digitais. Em se
tratando de ambientes informacionais da área da saúde, urge que a rotulagem venha contribuir
sobremaneira para que o acesso à informação se efetive sem muitos ruídos. Desse modo, percebe-se
que a terminologia pode contribuir para que a rotulagem das informações possam agilizar os
procedimentos e favorecer a promoção da saúde.
No contexto das Ciências da Saúde e da Ciência da Informação os Mapas Conceituais
vêm sendo utilizados com vários objetivos, aqui nesse artigo nosso interesse analisa a possibilidade de
adoção de Mapas Conceituais em uma perspectiva de indexicalidade para o mapeamento
terminológico das doenças hereditárias ou raras, visando contribuir para pesquisas no contexto do
genoma. A chave para a construção desse mapa são os registros dos prontuários do paciente. Nesses
documentos são registradas todas as informações referentes ao estado de saúde da pessoa doente. Os
prontuários agregam em único documento mediático desde as narrativas da anamnese dos pacientes
até as imagens capturadas pelos dispositivos de ponta, que fotografam nosso corpo fazendo-o
transparente. O Prontuário do Paciente é definido no Artigo 1º. da Resolução de nº 1.638/2002, do
Conselho Federal de Medicina (CFM), como sendo um documento único constituído pelo
conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos,
acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada,
de caráter legal, sigiloso e científico, utilizado para possibilitar a comunicação entre
membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao
indivíduo. (BRASIL. CFM).
Acreditamos que o mapeamento conceitual dos prontuários relativos às doenças genéticas
ou hereditárias, pode trazer grandes contribuições para o estudo do genoma, uma vez que espelhará a
espacialidade dessas doenças, não somente pelo nome de família, porém, também, pela área
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geográfica onde tais doenças podem se concentrar. Ainda nesse contexto, não podemos deixar de
chamar a atenção para duas questões fundamentais que precisam ser observadas quando de pesquisas e
estudos na área da Saúde, posto que como qualquer informação no contexto da saúde, também no
projeto genoma é necessário que seja observado o ordenamento jurídico de cada Estado ou ainda
aqueles de cunho mundial.
4 METODOLOGIA
O estudo empírico fundamenta-se na metodologia da pesquisa exploratória
descritiva com aporte epistemológico da abordagem funcionalista, efetuando-se o
levantamento bibliográfico e documental e o estudo referente ao estado da arte concernente ao
objeto de estudo. Para tanto foi feita a análise de conteúdo dos prontuários de pacientes após a
digitalização dos mesmos, considerando o consentimento informado dos sujeitos.
A abordagem funcionalista tem origem nos estudos antropológicos desenvolvidos
por Lévy-Strauss (1970) e pauta-se no entendimento de que a estrutura social é constituída de
elementos que desempenham funções nas estruturas da sociedade, assim como das
organizações. Em relação à análise de conteúdo, buscamos apoio em Bardin (1977), que
propõe tal modelo de análise, não mais considerando somente os aspectos quantitativos,
porém aqueles qualitativos. Nesse sentido estabelece três polos cronológicos:
a) pré-análise, que compreende a organização do que será estudado e se configura
como uma fase de intuições, contendo cinco etapas, que são a leitura, a escolha dos
documentos, a formulação das hipóteses e dos objetivos, a referenciação e a preparação do
material;
b) exploração do material, que consiste na efetivação das decisões tomadas na
primeira fase; e
c) tratamento e interpretação dos resultados, polo cronológico no qual os dados
brutos são tratados de maneira a se tornarem significativos e válidos.
De posse desse entendimento, as adotamos para o cerne deste estudo. Assim, na
pré-análise, inicialmente foi feita a leitura dos prontuários, a fim de selecionar o corpus
documental utilizado na pesquisa, segundo critérios já mencionados para em seguida proceder
a digitalização desses documentos, observando-se a determinação dos objetivos específicos
desta pesquisa.
Em seguida foi selecionado um corpus de quatro (04) prontuários do Hospital
Universitário Walter Cantídio (HUWC) da Universidade Federal do Ceará (UFC),
341
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escolhendo-se como critério para esta seleção aqueles referentes à pacientes com
enfermidades nefropatas e que foram transplantados. A opção por essa especialidade se dá
pelo fato do HUWC/UFC ser considerado um hospital de referência renal, sendo também o
pioneiro no Estado do Ceará - Brasil.
Após esta seleção procedemos com a digitalização desses documentos, utilizandose para essa atividade um scanner, que resultou em um corpus constituído de 13 (treze)
volumes, perfazendo um total de 4.927 (quatro mil novecentos e vinte e sete) páginas,
equivalente aproximadamente a 953.000 Kb (novecentos e cinquenta e três mil kilobytes). Em
seguida fizemos contato com os pacientes e familiares a fim de obter o livre consentimento
esclarecido, pois nesta pesquisa foram utilizados os dados e informações sensíveis relativos a
esses sujeitos. Posteriormente realizamos a análise de conteúdo dos prontuários tomando-se
por base as categorias de Bardin (1977):
No que diz respeito a exploração do material, fizemos a leitura com base na
identificação de terminologias e conceitos próprios da área da saúde registrados nos
prontuários, bem como o estudo relativo à macro e à micro estrutura física e lógica dos
documentos.
Para o tratamento e a interpretação dos resultados de modo que os dados
brutos fossem tratados de maneira a se tornarem significativos e válidos, os achados foram
organizados tomando-se por base o Mapa Conceitual utilizando-se da ferramenta CmapTools.
Essa ferramenta foi desenvolvida pelo Florida Institute for Human & Machine Cognition
(IHMC) e tem como finalidade instruir as pessoas no processo de construção, navegação,
compartilhamento e análise crítica de modelos de conhecimento representados em forma de
Mapas Conceituais.
De acordo com Cañas et al. (2004, tradução nossa) o CmapTools foi criado com
quatro objetivos principais:
1.
Ser um sistema que possa ser aprendido em poucos minutos e com uma
interface não intimidadora, de modo que o usuário possa se concentrar no mapeamento dos
conceitos, e, ao mesmo tempo proporciona a criação de grandes Mapas Conceituais por
especialista;
2.
Ser um suporte extensivo para a construção de modelos de conhecimento
através, principalmente, das possibilidades de expressar graficamente o domínio sobre um
conhecimento;
3.
Ser um suporte extensivo para a colaboração e compartilhamento, levando
em consideração a falta de ambientes de aprendizagem cooperativa baseados no
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construtivismo. Essa ferramenta veio para possibilitar que as pessoas troquem dúvidas e
ideias e participem da construção de conhecimento do outro; e
4. Trazer a arquitetura modular, na qual o CmapTools foi baseado e que permite que os
elementos sejam colocados e retirados quando necessário, propiciando, assim, que muitas ideias fluam
simultaneamente.
5 TRATAMENTO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
De posse dos achados na análise de conteúdo elaboramos o Mapa Conceitual no
software CmapTools. Para tanto, levamos em consideração a proposta dos 4R (Repérer,
Ranger, Relier, Retrouver) de autoria de Meyer (2010). Essa proposta traz em sua essência as
estratégias mnemônicas que possibilitam a memorização. Desse modo, traduzimos esses
termos e os adequamos a nossa realidade conforme a seguir: identificar (repérer), organizar
(ranger), interligar (relier) e reencontrar (retrouver) (I.O.I.R.).
Em que concerne identificar, os estudos das micro e macro estruturas relativas às
categorias de conhecimentos registrados nos prontuários, identificamos dezenove (19) macro
estruturas (físicas) a saber: Registro de Anamnese e Exame Físico, Registro de Internação,
Pedido
de
parecer,
Laudo
para
solicitação
de
autorização
para
internação,
Prescrição/Observação de enfermagem, Ficha de evolução do ambulatório, Crossmatch prétransplante, Relatório de atualização de paciente a espera de transplante cadáver, Registro de
atendimento do serviço social e de psicologia, Avaliação clínica, Solicitação de exame,
Resultado de exames, Exames complementares, Prescrição/Observação de Farmácia,
Histórico Clínico, Registro Operatório, Assistência de enfermagem pós operatório, Atestado
de óbito e Resumo de Alta.
Além das categorias macro também foram identificadas outras relativas às micro
estrutura (estrutura lógica), entre as quais destacamos o número do prontuário, identificação
do paciente, que fazem parte da macro categoria, Registro de Anamnese e Exame Físico; o
termo de responsabilidade, que está dentro da macro categoria Registro de Internação; e os
motivos de alta, que estão na macro categoria Resumo de Alta.
Após a identificação dos conceitos relativos às macro e micro categorias
passamos a etapa de organização desses achados e construímos o Mapa Conceitual. No
entanto, ressaltamos que apesar de todas as micro estruturas existentes no prontuário terem
sido identificadas no corpus documental analisado, elegemos para fazer parte do Mapa
Conceitual que construímos, somente as citadas anteriormente, não por serem mais
importantes do que aquelas não mencionadas no mapa, mas por fazerem parte das fases da
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história registrada no prontuário do paciente, que são equivalentes a entrada do paciente na
organização de saúde, o registro da internação - com os seus aspectos legais - e o momento de
sua saída. Observem-se a figura-1
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Figura-1: Mapa Conceitual relativo ao prontuário do paciente.
Fonte: dados da pesquisa
Em outro momento foi elaborado um novo Mapa Conceitual para abordarmos as doenças
genéticas ou hereditárias encontradas nos prontuários pesquisados. Primeiramente pensou-se em
apenas criar um mapa listando as doenças hereditárias e genéticas mais comuns ou mais conhecidas e
posteriormente identifica-las nos prontuários, no entanto verificamos a necessidade da construção de
um mapa com terminologias referentes a doenças hereditárias, doenças genéticas e doenças
congênitas, atribuindo-lhes alguns exemplos.
Após o estudo da terminologia das doenças hereditárias foram construídos os mapas
contendo os conceitos genômicos, e feita a junção de todas as outras em um mapa elaborado com
todos os seus elementos, no qual as pessoas possam reencontrar os conceitos procurados, com o
objetivo de recuperação de informações e construção de sentido, através das ligações, feitas entre os
conceitos referentes às doenças hereditárias ou genéticas e relacionadas com os prontuários analisados.
Os resultados encontram-se na figura-2.
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Figura-2: Mapa Conceitual relativo aos conceitos genômicos.
Fonte: dados da pesquisa.
6 CONCLUSÕES
A intenção desta pesquisa foi trazer a baila a aplicabilidade da ferramenta de construção
de Mapa Conceitual envolvendo quatro aspectos: o prontuário do paciente, enquanto documento, os
conceitos genômicos, a terminologia de representação das doenças genéticas e hereditárias e a junção
dos mesmos.
Entendemos que as categorias de informação presentes nos prontuários do paciente são
passíveis de serem representadas no Mapa Conceitual e, podem contribuir para melhorar a recuperação
quando das demandas.
Em que concerne à maneira de designar espaços para as categorias de informação
na estrutura do Mapa Conceitual, ficou evidente que o CmapTools possibilita que se
construam vários mapas em uma mesma estrutura e desse modo obtenha-se um espelho das
relações semânticas existentes entre eles.
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Outro aspecto a declarar na construção dos mapas é que apesar de termos
pesquisado a aplicabilidade do Mapa Conceitual no âmbito da representação da terminologia
das doenças genéticas ou hereditárias os exemplos podem ser utilizados como modelos para a
construção de outros mapas.
Finalmente, consideramos que para obter resultados satisfatórios no que diz respeito à
representação da informação é essencial eleger de forma sistemática e fundamentada os elementos a
serem colocados no mapa, bem como sua localização.
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COMPOSTO DE MARKETING: instrumento de auxílio nas unidades de informação
GT 6 modalidade oral
FERREIRA, Brenda¹
RESUMO
O objetivo deste artigo é identificar as ferramentas de marketing, tal como o composto de
marketing ou marketing mix e como ele auxilia nas unidades de informação. Utiliza a
pesquisa bibliográfica, baseada em autores que estudam o tema. Confirma que o marketing
contribui para as empresas de forma direta, possibilitando as mesmas a adotarem estratégias
que visem aumentar o seu potencial produtivo e atingir os objetivos almejados.
Palavras-chave: Ferramentas de Marketing. Unidades de Informação. Composto de
Marketing.
ABSTRACT
The purpose of this article is to identify the marketing tools, such as the marketing mix or
marketing mix and how it helps in the units of information. Uses literature based on authors
who study the subject. Confirms that marketing contributes to the companies directly,
allowing the same to adopt strategies aimed at increasing its productive potential and achieve
the desired goals.
Keywords: Marketing Tools. Information units. Marketing Mix.
1 INTRODUÇÃO
Identificar os anseios do outro nem sempre é tarefa fácil, porém hoje obtemos de
alguns métodos que no auxiliam neste processo, como profissional da informação devemos
ter conhecimento destes métodos que nos ajudaram futuramente.
As Unidades de Informação têm um caráter formativo, de prestação de serviço e
cultura a sociedade, sendo assim, não visa o lucro, porém, assim como qualquer negócio,
precisam atrair seus usuários. Para a promoção do acervo e dos serviços oferecidos pelas
bibliotecas é preciso utilizar estratégias de marketing. Embora o marketing seja uma
disciplina do campo da Administração de Empresas, também deve ser estudado e utilizado
por bibliotecários em unidades de informação.
_________________________
1
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected]
Marketing é um processo gerencial que busca a identificação das necessidades dos
usuário/cliente e que procura adiantar-se a elas com uma oferta que assegure que sejam
totalmente satisfeitas. Para Kotler e Bloom, marketing pode ser definido como
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[...] análise, planejamento, implementação e controle de programas cuidadosamente
formulados que visam proporcionar trocas voluntárias de valores ou utilidades dos
mercados-alvo, com o propósito de realizar objetivos organizacionais. Confia,
fortemente, no delineamento da oferta da organização, em termos das necessidades e
dos desejos do mercado-alvo, e no uso eficaz de política de preços, comunicações e
distribuição, a fim de informar, motivar e prestar serviços aos mercados. (KOTLER e
BLOOM, 1988, p. 2)
De forma mais genérica, Churchil e Peter (2000), definem Marketing como o
“processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e
distribuição de ideias, bens e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e
organizacionais”. Já o marketing informacional, caracteriza-se como:
[...] um processo gerencial de toda variedade de informação (tecnológica, científica,
comunitária, utilitária, arquivística, organizacional ou para negócios) utilizada em todo
tipo de organização, sistema, produto ou serviço sob a ótica de marketing, para alcançar
a satisfação dos diversos públicos da organização, sistema, produto ou serviço, quando
são utilizadas técnicas na realização e na valorização das trocas de valores, beneficiando
todos os elementos, que interagem na troca, para garantir a sobrevivência da
organização, do sistema, do produto ou do serviço no seu mercado de negócio
(AMARAL, 2007, p. 21).
Neste sentido, o marketing é visto como um processo administrativo, pois envolve
análise, planejamento, implementação e controle de programas cuidadosamente formulados.
O marketing não está somente ligado à venda de um produto ou serviço, envolve também a
preocupação e expectativa em satisfazer as necessidades do cliente. Em Unidades de
Informação, o profissional da informação deve conhecer os produtos e serviços oferecidos e
saber analisar se os mesmos atendem as necessidades e exigências de seus usuários. O
objetivo deste artigo é identificar as ferramentas do marketing que podem ser usadas nas
unidades de informação, mostrando sua possível utilização. Partindo da problemática de como
utilizar o composto nas unidades de informação, pôde-se estabelecer a pesquisa.
O presente artigo caracterizou-se como pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil
[...] é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos [...] As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que
se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também
costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
(GIL, 1991, p. 48)
A abordagem do tema de pesquisa foi do modo qualitativo, pois tratou-se da
proposição sobre o marketing e algumas de suas ferramentas, William e Hatt (1973, p. 132)
comentam que o modo qualitativo de pesquisa “[...] auxilia a esclarecer ideias e a refundir o
conhecimento substantivo”.
Quanto aos temas da pesquisa, foram utilizadas fontes bibliográficas das áreas de
Biblioteconomia e Administração aplicadas ao marketing. Foram pesquisados materiais
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bibliográficos (livros), selecionados a partir da afinidade com o tema de pesquisa, artigos e
pesquisas na área foram de grande subsistência para o artigo.
2 A IMPORTÂNCIA DAS FERRAMENTAS DO MARKETING NAS UNIDADES DE
INFORMAÇÃO
Com o passar dos tempos à globalização vem impulsionando o surgimento de novas
tecnologias, pautadas em mudanças rápidas, as Unidades de Informação precisam adaptar-se a
tudo isso em períodos de tempos cada vez menores. O Marketing é fundamental para o
desenvolvimento da U.I, contribui com estratégias que visam o melhor posicionamento do
produto, bem como o posicionamento da mesma no mercado ao qual está inserido. Diversas
empresas com fins lucrativos utilizam o marketing de maneira informal, principalmente as
pequenas empresas que não disponibilizam de um setor próprio de marketing. Estas utilizam
de estratégias que busca melhorar suas vendas, aumentando as chances de sucesso.
Ainda é comum o pensamento de que o Marketing trata-se apenas da propaganda do
seu produto ou serviço, deixando de lado seu real sentido, promover e criar necessidades
sobre aquilo oferecido. O marketing vem contribuir para as Unidades de Informação de forma
direta, possibilitando as mesmas a adotarem ações que visem aumentar o seu potencial
produtivo e assim atingir os objetivos esperados.
Entre as ferramentas utilizadas no marketing, temos o Composto de Marketing ou Mix
de Marketing, que é formado por 4Ps: Produto, Preço, Praça e Promoção. Essas variáveis
auxiliam na tomada de decisão, visando adotar ações que favoreçam a U.I a ter um contato
maior com seu usuário, buscando entender suas necessidades e desejos, para que sejam
oferecidos produtos que venha satisfazer a eles e assim gere o retorno esperado pela
instituição.
Entende-se então, que o marketing não funciona apenas como mais um processo
administrativo dentro da U.I, ele tem a função de criar e agregar valor aos produtos que serão
colocados na exposição, para satisfazer as necessidades e os desejos dos usuários. E segundo
Drucker ,
[...] pode-se considerar que sempre haverá a necessidade de vender. Mas o objetivo
do marketing é tornar supérfluo o esforço de venda. O objetivo do marketing é
conhecer, entender o cliente tão bem que o produto ou serviço seja adequado a ele e
se venda sozinho. Idealmente, o marketing deveria resultar em um cliente disposto a
comprar. A única coisa necessária então seria tornar o produto ou serviço disponível.
(DRUCKER apud KOTLER; KELLER, 2006, p. 4)
Marketing é, frequentemente, visto como um conjunto de estratégias e técnicas que
historicamente faz parte das atribuições de gestores de empresas com fins lucrativos. Porém
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os bibliotecários também estão envolvidos neste processo. Marketing é o processo de gestão
que identifica, antecipa e supre as necessidades dos usuários de forma eficiente. Assim, a
essência do marketing envolve descobrir o que os usuários querem.
Os bibliotecários participam deste processo avaliando as necessidades dos usuários e
buscando satisfazê-las. O marketing faz parte das habilidades exigidas pelo profissional da
informação. Nesse caso, os bibliotecários precisam abraçar as atividades de marketing que
envolve a pesquisa de mercado e análise, planejamento de serviços e promoção (SHARMA;
BHARDWAJ, 2009).
É imprescindível que a U.I conheça o usuário, verifique seus hábitos, suas
necessidades e anseios. A U.I precisa acompanhar as mudanças que ocorrem no meio
ambiente em que atua, como também, pensar no planejamento estratégico para melhorar sua
administração, seus recursos materiais e humanos.
Como órgão educador, precisa transmitir aos usuários a confiabilidade, assegurando
uma oferta de qualidade em seus produtos e serviços. Os serviços e produtos oferecidos pelas
U.I precisam respeitar e entender as necessidades e exigências da qualidade, da
confiabilidade, e respeitar também as peculiaridades específicas da comunidade a que atende.
A adoção de estratégias de marketing em Unidades de Informação exige um
planejamento prévio. O planejamento prévio permite a antecipação e a articulação de todas as
decisões relativas à gestão de um determinado serviço ou produto. O processo de
planejamento tem como principal vantagem o empenho de toda a organização perante o
cumprimento de objetivos.
A utilização dessas estratégias permitirá a criação, desenvolvimento, promoção,
distribuição produtos e serviços informacionais a serem consumidos e utilizados pelos
usuários, cuja aplicação poderá ser considerada como um meio para se aumentar a
produtividade das Unidades de Informação, modificando suas atividades tradicionais e
contribuindo para o desenvolvimento de estratégias de mudança de sua imagem, (OLIVEIRA;
PEREIRA, 2003). Com a incorporação de tecnologias de informação e comunicação em U.I,
abriram-se novas possibilidades para a divulgação dos seus serviços e recursos.
3 ESTRATÉGIA DE MARKETING
Estratégias são essenciais para o desempenho superior de uma organização (PORTER,
1999). É por meio das estratégias que uma empresa utiliza mais adequadamente seus recursos,
visando à minimização de problemas e à maximização de oportunidades (OLIVEIRA, 2001).
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As estratégias evidenciam o quanto é necessário à busca constante por melhorias na
prestação de serviços para que o usuário se torne cada vez mais fiel à U.I. As mudanças
tecnológicas, sociais, e econômicas modificam as necessidades diariamente. Para se obter
sucesso diante dessas necessidades, é preciso compreender quais são as características, sejam
elas tangíveis ou intangíveis, que proporcione valor e satisfação ao seu usuário.
3.1 Público-alvo
A U.I trabalha focada em atender homens, mulheres e crianças, buscando atender as
necessidades de toda família. Podendo estar presente em todos os momentos e oferecendo
produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades. São os consumidores, todos os sujeitos
que fazem parte do processo de comercialização do bem ou serviço e também todos que
podem influenciar na mensagem, como intermediários, influenciadores, entre outros. Nas U.I
não é diferente o foco deve ser sempre o usuário, e buscando sempre a melhor forma de
atendê-lo.
3.2 Estratégia do mix marketing
O Mix de marketing é trabalhado de forma que possamos ter um contato direto com o
usuário, procurando satisfazer suas necessidades.
O composto de Marketing ou Mix de Marketing formado pelos 4Ps: Produto, Preço,
Praça e Promoção, estes são um conjunto de ferramentas que auxiliam a Unidade de
Informação na tomada de decisões, procurando alcançar os objetivos e metas. Tudo é
planejado visando alcançar os canais de distribuição e os clientes-alvo.
Churchill Jr. e Peter (2000, p. 20) enfatizam que o composto de marketing “é uma
combinação de ferramentas estratégicas usadas para criar valor para os clientes e alcançar os
objetivos da organização”.
a) Produto
É tudo o que se refere aos “bens e serviços” que uma empresa/Unidade de Informação
disponibiliza ao mercado-alvo, para “atenção, aquisição, uso ou consumo”, tendo em vista a
satisfação das necessidades do cliente/usuário.
Na interpretação de Churchill Jr. e Peter (2000, p. 20), o elemento produto refere-se
“ao que os profissionais de marketing oferecem ao cliente”.
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Um site sempre atualizado, com novidades e informações utilitárias para o usuário,
buscando oferecer aos usuários produtos que possam satisfazer suas necessidades e desejos. O
Produto para Las Casas é:
[...] é o objeto principal de comercialização. Ele é desenvolvido para satisfazer o
desejo ou a necessidade de determinado grupo de consumidores. É no produto que a
empresa focará suas expectativas, procurando agregar valores, benefícios que sejam
percebidos pelos clientes, uma vez que percebido, a chance de aceitação do mercado
é bem maior. (LAS CASAS, 2011, p. 255)
b) Preço
É a quantia monetária cobrada na aquisição de um bem ou serviço. Aquilo de que se
abdica na aquisição de um produto. A soma de todos os valores que os consumidores trocam
pelos benefícios de ter ou usar um bem ou serviço.
Dentro da estratégia do Mix de Marketing, o preço serve como medida de avaliação
entre diferentes alternativas de produtos quer em termos do sacrifício que se faz em sua
compra, quer como forma de se assegurar sobre sua qualidade.
Tem-se a ideia de que as U.I por serem organismos culturais não necessitam de
valores monetários para existir, ideia que precisa ser desmitificada. Valores pré-estabelecidos
para multas, admissão de novas carteiras e outros, devem ser pensados as melhores condições
de pagamento, facilitando assim a aquisição dos produtos e serviços oferecidos, realizando
assim os desejos dos usuários.
Cobra (1992, p. 43) afirma que é preciso que o preço, “divulgado pelas listas de preços
a clientes e a consumidores, seja justo e proporcione descontos estimulantes à compra dos
produtos ou serviços ofertados, com subsídios adequados e períodos (prazos) de pagamento e
termos de créditos efetivamente atrativos”.
c) Praça
Dentro do Mix de Marketing o quesito Praça ou Distribuição se ocupa da
disponibilização dos produtos aos seus mercados consumidores.
Distribuição na definição de Salim (et al 2004, p. 95) é um processo de levar o produto
ou serviço até o ponto de venda, dessa forma torna-o disponível para o cliente. A preocupação
de estar disponibilizando o mais estratégicos dos locais para sua instalação, pesquisando
sempre o mercado e o local onde irá atuar, podendo assim oferecer o melhor conforto e
acessibilidade aos usuários. Expondo os produtos de forma visível, para ao entrar na Unidade
de Informação os usuários encontrem aquilo que buscam.
No entendimento de Cobra (1992, p. 44), a distribuição “precisa levar o produto certo
ao lugar certo através dos canais de distribuição adequados, com uma cobertura que não deixe
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faltar produto em nenhum mercado importante”, encontrando para isso métodos de aquisição,
distribuidores e dispondo de um registro de estoques para preencher as necessidades dos
através de recursos apropriados.
d) Promoção
Dentro do Mix de Marketing, a Promoção refere-se ao composto de elementos
promocionais que divulgam e comunicam o produto ao mercado-alvo, como publicidade,
propaganda, links patrocinados, Fan pages, promoção de vendas, relações públicas e outros.
No entender de Churchill Jr. e Peter (2000, p. 20), o elemento promoção ou
comunicação “refere-se a como os profissionais de marketing informam, convencem e
lembram os clientes sobre produtos e serviços”.
Para estar sempre conquistando novos usuários é necessário que a U.I possa investir na
realização de promoções. Utilizar todos os meios possíveis para divulgar e atrair. Realizar
promoções com que venha beneficiar aos usuários atuais e também aos futuros, possibilitando
que a U.I esteja sempre atuante. De acordo com Salim (2004, p.68), a teoria é que, ante as
ofertas semelhantes nos demais quesitos, aquela que for melhor promovida tende a vender
mais.
4 CONCLUSÃO
O sucesso do marketing em Unidades de Informação depende principalmente da
identificação das necessidades do seu público, já que ao identificar as necessidades é possível
criar alternativas. A imagem projetada pelas U.I determinará a frequência de utilização de
seus produtos e serviços. Para fazer uso dessas ferramentas, os profissionais precisam estar
atentos às novidades tecnológicas, além de saberem enxergar o potencial dos mesmos. É
importante destacar que o custo do marketing utilizando essas ferramentas pode ser bem
menor que as estratégias de marketing convencionais.
De acordo com o levantamento, muitos são os fatores que podem influenciar a
satisfação do usuário/cliente ao buscar os produtos e serviços oferecidos pela instituição como
o produto, o preço, a praça e as promoções, que fazem parte do composto de marketing. Para
que uma U.I possa atender, satisfazendo e mantendo seus usuários, deve administrar com
eficiência seus recursos, direcionando-os em busca de seus objetivos.
Sabe-se que para estarem atuantes em um mercado tão competitivo as instituições
precisam adotar estratégias que busque auxiliar na tomada de decisões e possibilite sobressair
entre os seus concorrentes. Foi citada a importância do marketing na U.I, mostrando que não
se refere apenas a fazer a propaganda da mesma ou dos produtos, e sim a busca por satisfazer
as necessidades e desejos dos usuários. O composto de marketing vem ser uma ferramenta
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importante para que as Unidades de Informação, para que os gestores consigam analisar sua
posição no mercado e assim determinar estratégias que consiga proporcionar um melhor
posicionamento.
A questão do marketing em Unidades de Informação deve ser mais bem explorada,
este artigo traz apenas indícios de uma tendência que surge no campo.
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BIBLIOTECAS PÚBLICAS: UM ESPAÇO SOCIAL, CULTURAL E DE MEMÓRIA
GT 6 e modalidade oral
SILVA, Diego Martins Aragão da79
RESUMO
Apresenta a biblioteca pública como uma instituição (equipamento) social, cultural e de memória que
promove a construção de identidades, relacionando a dinâmica e a ações sociais da sociedade.
Identifica-se um novo olhar sobre a biblioteca pública como um instrumento de manipulação do poder,
que visa formar de lançar hábitos disciplinares. Objetiva-se neste trabalho abordar a biblioteca
como um instrumento de manipulação do poder, resaltando suas funções: o armazenamento
de informações e o registro da memória da sociedade. A reflexão sobre a ideologia contida na
seleção das obras que compõem seu acervo, levam a reflexão de que, a biblioteca pode
influenciar os indivíduos a terem um olhar, critico ou não sobre os fatos da vida e a cultura
que as cerca. As missões e funções da bibliotecas pública enfatiza questões relativas à cultura e a
construção da identidade cultural. Deste modo, salienta-se elementos referentes ao entendimento da
influencia das estruturas de poder na construção de identidades.
Palavras-chave: Bibliotecas Públicas. Identidade Cultural. Poder. Mecanismos de Poder.
ABSTRACT
It presents the public library as an institution (equipment) social, cultural and memory that
promotes the construction of identities, relating the dynamics and the social actions of society.
Identifies a new look at the public library as a power handling tool, which aims to train to
launch disciplinary habits. Objective of this work is to approach the library as a power
handling instrument, emphasizing their functions: storage of information and the registration
of the memory of society. Reflection on the ideology contained in the selection of the works
that make up his collection, lead to reflection that the library can influence individuals to have
a look, critical or not about the facts of life and the culture that surrounds them. The missions
and functions of public libraries emphasizes issues related to culture and the construction of
cultural identity. Thus, it is noted elements for the understanding of the influence of power
structures in identity
Keywords: Public Libraries. Cultural identity. To May. Power mechanisms.
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Graduando em Biblioteconomia UNIRIO. E-mail: [email protected]
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1 INTRODUÇÃO
O papel da biblioteca pública na sociedade consiste em apoiar e criar regimentos,
diretrizes para o exercício do papel social e cultural da comunidade em que ela esta inserida.
As rotinas e os serviços oferecidos pela mesma irão definir sua trajetória diante do público
assistido. Para que sua atuação seja algo presente na rotina dos indivíduos que a frequentam
ou desejam frequentar é necessário que a biblioteca remodele suas ações, ou seja, estabeleça
possibilidades além daquelas ligadas diretamente aos interesses do poder político e público.
Baseado na condição de que a biblioteca pública é um espaço social, cultural e de
memória objetiva-se neste trabalho abordá-la como um instrumento de manipulação do poder,
destacando as suas funções: o armazenamento de informações e o registro da memória da
sociedade. Ademais, refletir sobre a ideologia contida na seleção das obras que compõem seu
acervo, por exemplo, é um exercício que os bibliotecários normalmente não fazem. E desse
exemplo se observa que a biblioteca pode influenciar os indivíduos a terem um olhar, critico
ou não sobre os fatos da vida e a cultura que as cerca.
A formação de ideias e a busca informacional por parte dos indivíduos e grupos
sociais “[...] podem influenciar uma coletividade, em sua maneira de se identificar e de se
comportar diante de outros grupos sociais [...]” (BREITAS, 2010, p. 102). É a partir do poder
que circula nas esferas da biblioteca pública que encontramos a relevância do tema: “a
biblioteca como uma instituição social, cultural e de memória”, ou seja, enquanto instituição
social, cultural e de memória, ela incide diretamente nos modos de vida dos indivíduos.
O interesse por esse tema se deve as pesquisas realizadas no Projeto de Pesquisa “As
bibliotecas públicas do município do Rio de Janeiro: um recorte de sua atuação” desenvolvido
pela professora orientadora MSc Daniele Achilles, bem como pelas análises relativas ao
subprojeto de pesquisa “Bibliotecas públicas do município do Rio de Janeiro e o
desenvolvimento da sua função social”, cadastradas no Grupo de Pesquisa “Bibliotecas
Públicas: reflexões e práticas”, criado em 2013 e certificado pelo Centro Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ambas as pesquisas tem o interesse
maior de investigar as missões e as funções das bibliotecas públicas do município do Rio de
Janeiro, bem como os mecanismos de poder que circulam por essas instituições, interferindo
no processo de construção de identidades de grupos sociais que se encontram próximos dessas
bibliotecas.
Sendo assim, os projetos de pesquisas fazem parte do grupo que se interessam pela
emergência da aproximação das questões relativas às bibliotecas públicas e à sociedade e
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visam o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas com a finalidade de alargar as discussões
do campo. Dessa forma, para iniciar a discussão aqui proposta é necessário destacar que a
biblioteca pública vem sendo abordada como uma instituição que deve dar suporte a
educação, mas essa instituição atua de maneira transversal em diferentes áreas, por isso é
válido concebê-la como uma instituição social, cultural e de memória que influencia na
construção de identidades.
Para dar conta dessa elaboração optou-se por tratar a biblioteca pública como
instituição social, cultural e de memória, como um instrumento de manipulação do poder
político e público, fundamentada em uma pesquisa teórica, com base em autores da área,
permitindo-nos entender como a biblioteca age como um instrumento de manipulação de
poder. Logo, o trabalho encontra-se dividido nas seguintes seções: a primeira apresenta as
definições, missões e funções das bibliotecas públicas; a segunda seção aborda questões
relativas à cultura e a construção da identidade cultural; a terceira seção apresenta elementos
referentes ao entendimento da influencia das estruturas e mecanismos do poder na construção
de identidades, ressaltando a biblioteca pública como uma das instituições envolvidas nesse
processo.
2 BIBLIOTECAS PÚBLICAS
A biblioteca pública tem em uma das suas funções atender um diversidade de públicos
e grupos sociais, com o objetivo de entender as identidades que compõe a coletividade
daquela sociedade e tem o apoio do governo, prefeitura ou município. Ou seja, a biblioteca
pública por ser financiada por um órgão governamental deverá enquadrar-se nas normas e
padrões estabelecidos pela esfera a qual pertence – municipal, estadual.
Outros autores do campo da Biblioteconomia atribuíram diferentes definições para
estas bibliotecas, mas o foco não é a sua definição em si, mas sim as suas missões e funções.
Sendo assim, vale citar o Manifesto da IFLA/UNESCO (1994, p.1) que serve como parâmetro
para as bibliotecas públicas do mundo inteiro e as define como “o centro local de informação,
tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de
todos os gêneros”. Além disso, o manifesto alerta que as missões dessas bibliotecas deverão
relacionar-se diretamente com a informação, a alfabetização, a educação e a cultura. Assim
sendo, o manifesto apresenta como missões:
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1.
Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira
infância;
2.
Apoiar a educação individual e a auto-formação, assim como a
educação formal a todos os níveis;
3.
Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa;
4.
Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens;
5.
Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas
artes e pelas realizações e inovações científicas;
6.
Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural das artes
do espetáculo;
7.
Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural;
8.
Apoiar a tradição oral;
9.
Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da
comunidade local;
10.
Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais,
associações e grupos de interesse;
11.
Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a
informática;
12.
Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e actividades de
alfabetização para os diferentes grupos etários.
É válido esclarecer que tanto o Manifesto da IFLA/UNESCO (1994), como autores do
Campo da Biblioteconomia e da Educação, atribuem a essas bibliotecas em primeira instância
missão educacional. Nesse sentido, as bibliotecas públicas são instituições fundamentais à
manutenção da sociedade, possuem como função a preservação da cultura, o estímulo a ações
de incentivo a leitura, a disponibilização de produtos e serviços de informação, dentre outros.
Quais contribuem consideravelmente para a formação do individuo, dos grupos sociais e de
identidades.
Dessa forma, corroborando com a ideia de instituição social, Arruda (2000, p. 9)
afirma que “para que uma biblioteca torne-se verdadeiramente pública, faz-se necessário
assumir as seguintes funções: educativa, cultural, recreativa e informacional”. Essas quatro
funções apresentadas por Arruda (2000) encontram-se, de certa forma, presentes nas
definições prescritas pela IFLA/UNESCO, já no Manifesto de 1972, o qual considerava a
biblioteca pública como “uma força em prol da educação e da informação e um instrumento
indispensável para promover a paz e a compreensão entre os povos e nações”.
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Para tanto a biblioteca pública é controlada pelo poder político e público, trabalhando
em prol da sociedade, uma vez que é uma instituição que pertence ao poder público e serve
aos propósitos político, sociais, econômicos e até mesmo culturais. Quando se configura a
biblioteca pública como instituição social, cultural e de memória percebe-se que ela é uma
instituição que reúne missões e funções importantes para a sociedade, contribui para a
formação dos indivíduos, do tecido social, da cultural e coopera para a conservação da
memória da humanidade.
Quando se fala em memória é comum vir a mente, a escrita e o registro é a, por isso
Breitas (2010, p. 102) afirma que “[...] a escrita [é] a base para a construção da memória e da
identidade.” Baseada nessa afirmação de Breitas (2010) se pode deduzir que os registros do
conhecimento sempre refletiram as expectativas e ideologias de um grupo, de uma geração. É
a partir desses registros e documentos que a memória no âmbito das bibliotecas se constrói,
tornando assim o nosso legado. Somos o que construímos em termos de memória e as
instituições como as bibliotecas públicas, correspondem a um dos espaços existentes e
pertinentes espaços pertinentes para a seleção, o armazenamento, a conservação e
disseminação dessa memória.
Diante dessa perspectiva, a memória no âmbito das bibliotecas públicas sempre esta
atrelada a ideia de acúmulo e conservação dos registros da humanidade. Portanto, cabe
destacar que as bibliotecas, principalmente as públicas que contam com um público
diversificado, tendem a acumulação. E os bibliotecários se colocam neste cenário como
guardiões dessa memória com o objetivo de garantir que a próxima geração tenha o acesso a
esses documentos.
Mas, a Biblioteca Pública não pode restringir sua atuação apenas ao acúmulo, a
conservação de memória, a educação, ela deve ser integrada com a sociedade, como coloca
Breitas (2010, p. 102), ela “[...] se encontra inserida em um determinado contexto político e
cultural, do qual pode sofrer influencias [...]”, tanto sociais e dos serviços oferecidos. Logo, os
serviços oferecidos pela biblioteca promoverão mudanças e interferências na vida das pessoas
da comunidade e por meio dessas mudanças, é que o bibliotecário pode aplicar a energia ao
seu trabalho na biblioteca em prol dos anseios da comunidade, ou seja, efetivar o alinhamento
da biblioteca com a rotina social e direcionar os serviços prestados as necessidades da
comunidade/sociedade.
Na sociedade quando as ideias são agrupadas, geralmente os grupos sociais se formam
e os indivíduos que o compõem partilham de similaridades e identidades. Sendo assim, os
indivíduos trabalham em conjunto para cumprir tarefas e manter o grupo social estável. A
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manutenção dos grupos sociais se dá por meio dos atores e das instituições. A biblioteca
pública como uma instituição social, cultural e de memória também tem a função de manter
uma coesão social, uma ordem social, visto que oferecem um conjunto de obras, serviços
alinhados a intenções advindas do poder público e político.
Ao longo da historia, observar-se a produção dos registros do conhecimento, sua
contextualização que rege a construção da memória através de uma ordem social contínua
resulta na formação de identidade. Essa ordem social atua diretamente na sociedade e para
defini-la Johnson (1997, p. 213) afirma que ela:
[...] é um tipo especial de sistema social que, como todos os outros sistemas sociais,
distingue-se por suas características culturais, estruturais e demográficas/ecológicas.
Especificamente, é um sistema definido por território geográfico [...] dentro do qual
uma população compartilha de uma cultura e estilo de vidas comuns, em condições de
autonomia, independência e autossuficiência relativas.
Cada sociedade ou grupo social possui o seu próprio desenvolvimento e para que esse
aperfeiçoamento aconteça, a cultura, a memória e a identidade são atravessadas por
mecanismos do poder. Os mecanismos de poder que se encontram presentes em todo o tecido
social, bem como nas bibliotecas especialmente as públicas, ‘ditam’ regras para os modos de
vida.
As necessidades informacionais coletivas são colocadas como realidades que devem
ser enfrentadas e em instituições como a biblioteca pública deve não só atuar de forma
hierárquica, respeitando as normas emanadas do poder político e público. Porém, se colocar
de maneira diferente, isto é construir possibilidades criativas de modo que não produza
manobras prontas.
2 CULTURA E IDENTIDADE CULTURAL
As questões ligadas à construção da identidade cultural têm sido foco das discussões
no campo de teoria social e as transformações ocorridas nesta área tem impulsionado uma
série de pesquisas que alegam que as antigas identidades, aquelas que estabilizavam o mundo
social, encontra-se em crise, em declínio.
O conceito de identidade é bastante complexo e pouco desenvolvido o que torna difícil
a compreensão. Stuart Hall (2005, p. 10-13) em sua obra “A identidade cultural na pósmodernidade” alerta que existem três diferentes concepções de identidade: a primeira
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concepção relaciona-se ao sujeito do Iluminismo que coloca o individuo como um ser
centrado, dotado de capacidades que nasce com ele e ao longo do tempo se desenvolve; a
segunda concepção liga-se ao sujeito sociológico que reflete a complexidade do mundo
moderno, logo o sujeito deixa a posição de ser autônomo e auto-suficiente e passa a depender
das relações com o outro; a terceira concepção inclui-se no cerne do sujeito moderno, ou seja,
o sujeito constrói sua identidade continuamente, visto que ela é formada e transformada a todo
tempo. Logo, Hall (2005, p. 13) declara que “[...] A identidade plenamente unificada,
completa, segura e coerente é uma fantasia”.
O que Hall (2005) se refere é que a identidade com sentido de unidade confere uma
ordem social, uma coesão social e era responsável por uma serie de normas comportamentais,
até mesmo aquelas ligadas ao universo da informação. Essa identidade com sentido de
unidade encontra-se presente no tecido social antes do inicio do processo de globalização, isto
é, antes das mudanças constantes e cada vez mais rápidas, da queda das barreiras econômicas,
políticas, sociais e culturais.
A essa percepção de Stuart Hall (2005) pode-se inferir que as práticas sociais, culturais
e de memória são constantemente renovadas e isso altera seu caráter frente à configuração
social, política, econômica e cultural anterior, ou seja, aquela vigente antes da segunda metade
do século XX. O autor também nos alerta para um jogo na questão das identidades – as
políticas da fragmentação ou pluralização de identidades (HALL, 2005, p. 18).
No que tange o universo das bibliotecas, a acumulação de cultura advindas dos grupos
sociais e da sociedade se dá por meio do armazenamento dos registros do conhecimento, ou
seja, essas bibliotecas têm como missão e função a preservação do conhecimento registrado.
Esses conhecimentos, traços culturais e sociais são registrados nos diferentes suportes
documentais e reunidos pelas bibliotecas, no caso das públicas, elas devem reunir os suportes
documentais segundo uma demanda social, mas também respeitar as recomendações do poder
político e público.
O pensamento humano quando registrado embute em geral traços sociais, culturais e
de identidade próprios dos grupos sociais e influem na dinâmica da sociedade. Essas ideias e
resultados culturais registrados são constantemente modificados, pois refletem as
características das pessoas e do ambiente onde estão inseridas, bem como das relações e o
entrecruzamento desses traços. Essa constante transformação é elemento vital para o
desenvolvimento e para a formação do social, do cultural, da identidade, da memória e da
própria sociedade como um todo. Johnson (1997, p. 59) define cultura como:
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O conjunto de símbolos, ideias e produtos materiais associados a um sistema social,
seja uma sociedade inteira ou uma família [...] A cultura possui aspectos materiais e
não materiais. A cultura material inclui tudo o que é feito, modelado ou transformado
como parte da vida social coletiva [...] A cultura não material inclui símbolos [...] bem
como as ideias que modelam e informam a vida de seres humanos em relações
recíprocas e os sistemas sociais dos quais participam. As mais importantes dessas
ideias são as atitudes, crenças, valores e normas.
A cultura e as ideias resultantes das produções humanas na sociedade vão além de
conjuntos de objetos produzidos pelos mesmos. A ação de afirmar sua presença e existência
faz com que nossas criações sejam registradas e preservadas para gerações futuras. Cada
geração terá suas práticas sociais únicas e é papel dos bibliotecários preservarem esses
registros para garantir o acesso a essas informações no futuro. O exemplo disso tem-se os
arquivos de Elba, a Biblioteca de Alexandria e o Mouseion Alexandrino que são exemplos de
construções das civilizações da Antiguidade que já se preocupavam com a preservação do
conhecimento, bem como da cultura. (Araujo, 2011, p. 20).
Os registros culturais da humanidade refletem a realidade humana, e registram suas
práticas culturais e sociais que pode ser comparada a um organismo vivo, em constante
modificação, pois “A sociedade humana é entendida como um todo orgânico, composto de
partes que desempenham funções específicas necessárias para a manutenção do equilíbrio do
todo.” (ARAÚJO, 2011, p. 24). A produção humana reúne obras artísticas, filosóficas e
científicas, que desenvolvem uma cultura e em instituições como a biblioteca pública, a
seleção, o armazenamento, a conservação e a disseminação dependem do auxilio de
bibliotecários.
Alguns autores defendem a ideia de que a cultura está ligada diretamente à história e é
um símbolo da nacionalidade e da representação da realidade social. Sendo assim, preservar o
conhecimento é uma tarefa fundamental para a constante transição cultural, ou seja, para que
gerações anteriores ou futuras tenham acesso a elementos do passado ou do presente. Esse é
um pensamento tradicional de cultura e identidade, por isso aqui alertamos para as
ponderações de Stuart Hall (2005), pois ele alerta que esse terreno – o da identidade - está em
processo de modificação, ou seja, em crise, em fragmentação. E como as bibliotecas, públicas,
mentem-se como instituições sociais, culturais e de memória, e como elas ainda tem, como
função maior manter uma coesão, uma ordem social apoiando-se na educação, na cidadania,
na cultura e no lazer.
Para alinhavar a segunda seção à terceira optou-se por utilizar as ponderações de Hall
(2005) e conectá-las as análises relativas ao poder feitas pelo filósofo francês Michel Foucault
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que visam destacar o modo como as bibliotecas públicas mentem-se como instrumentos de
manipulação do poder.
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3 ESTRUTURAS DO PODER
A sociedade disciplinar vigorou do século 18 até a segunda metade do século 20. O
apogeu da sociedade disciplinar ocorreu até o século 20 e nesse período a economia do poder
percebeu ser mais eficaz e rentável “vigiar” do que “punir”.
A imagem de disciplina na sociedade disciplinar não é a de uma instituição fechada;
ela está voltada para o modelo panóptico, com mecanismos que melhoram o exercício do
poder. O exercício do poder nos corpos sociais através dos dispositivos de disciplina ao longo
dos séculos 18 até a 2º metade do século 20, formaram a sociedade disciplinar.
Michel Foucault (1979) identifica duas configurações sociais: a primeira ele denomina
de sociedade disciplinar abrangendo o período que compreende o século XVII até a segunda
metade do século XX. Foucault faz análises relativas ao poder e se preocupa em desmembrar
as formas de sujeição da sociedade disciplinar. A segunda, ele denomina de sociedade de
regulamentação que se instaura a partir da segunda metade do século XX.
Foucault (1979) rompeu como o modo como tradicionalmente se pensava
principalmente no que diz respeito à tradição marxista. Para realizar esta ruptura, o filósofo
adverte que é preciso escapar a quatro formas de análise ao poder: a apropriação do poder (o
poder é algo que alguns possuem); a localização do poder (o poder se adéqua às estruturas
políticas dominantes); a subordinação do poder (o poder esta subordinado a um modo de
produção); e ao nível do conhecimento (o poder pode produzir efeitos ideológicos). Indo mais
além, Foucault (1979, p. 46-48) afirma que:
[...] não se detém o poder, porque ele se exerce em toda malha do
tecido social. Isso ocorre porque o poder circula e se exerce através de
instituições sociais como a família, a escola, o hospital, a biblioteca,
etc. A biblioteca é uma instituição social, cultural e de memória, logo
serve ao exercício do poder.
Para haver tal circulação, o poder jamais é controlado por um individuo ou grupo.
Entretanto, nas sociedades disciplinares o poder é mediado pelas instituições. Em cada uma
delas, e aí se inclui a biblioteca, o poder circula e se exerce, participando de um jogo de
pequenas partidas. Isso significa dizer que o poder se exerce através de relações estratégicas,
entre as quais pode ser colocada a relação com o conhecimento e os modos de armazená-lo,
organizá-lo, conservá-lo e disseminá-lo.
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As ideias que norteiam este trabalho perpassam por essas questões, isso porque se
optou por enfatizar a biblioteca pública enquanto instituição social, cultural e de memória e
como um instrumento de manipulação do poder, afinal ela participa da dinâmica social,
cultural e de memória, além de influir no processo de construção de identidades. Cabe
destacar três elementos essenciais a essa discussão – o social, o cultural e a memória, sem
contar com a formação de identidade, todos esses elementos não são apenas construções do
poder, mas sim produções, mecanismos, instrumentos de manipulação.
O mecanismo utilizado por muitas instituições e mesmo para alcançar o controle da
sociedade é o poder. Através das instituições que o poder circula e atinge diretamente os
modos de vida. As instituições sociais, e em destaque a biblioteca pode ser considerada
instrumento de poder, posto que influenciam os indivíduos no que tange o consumo, uso e
produção de informação e de conhecimento.
Nas palavras de Johnson (1997, p. 130) “[...] uma instituição é um conjunto duradouro
de ideias sobre como atingir metas reconhecidamente importantes na sociedade [...]” e
logicamente com a aceitação da sociedade. Essa aceitação aponta diretamente a
funcionalidade das metas que a instituição irá apresentar, pois a mesma “[...] exerce o controle
social através de sua legitimação, ou seja, da aplicação de normas e regras que orientam os
indivíduos a fazerem o que é considerado correto [ou normativo] de acordo com o ponto de
vista da ordem social”.
É válido supor que respeitando a definição atribuída por Johnson (1997), as
instituições legitimam determinados ‘comportamentos’, inclusive informacionais. No que
tange o processo de legitimação Berger e Luckmann (2000, p. 128-129) declaram que:
A legitimação “explica” a ordem institucional outorgando validade cognosciva a seus
significados objetivados. A legitimação justifica a ordem institucional dando
dignidade normativa a seus imperativos práticos. É importante compreender que a
legitimação tem um elemento cognoscitivo assim como um elemento normativo. Em
outras palavras, a legitimação não é apenas uma questão de “valores”. Sempre implica
também “conhecimento” [...] A legitimação não apenas diz ao indivíduo por que deve
realizar uma ação e não outra; diz-lhe também por que as coisas são o que são. Em
outras palavras, o “conhecimento” precede os “valores” na legitimação das
instituições [...]
O desempenho das funções da cada indivíduo e seus grupos na sociedade é regido
através da ordem social, que legitima determinados comportamentos e modos de vida, e no
caso das bibliotecas públicas, legitimam comportamentos educacionais, informacionais,
sociais, culturais, políticos, econômicos, de lazer, de cidadania, dentre outros. Logo, a
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biblioteca pública neste contexto, a partir do momento que ela legitima uma espécie ordem
social com ações.
A biblioteca tem um papel essencial sobre a guarda e consequente conservação e
preservação dos registros conhecimento e o bibliotecário tem como função auxiliar na
organização e tratamento desses registros do conhecimento visando, atender as necessidades
da sociedade. Ao refletir sobre o armazenamento, Breitas (2010, p. 107) afirma que:
[...] esse acúmulo não se dá de forma mecânica e sem consequências. A
biblioteca não é um lugar inerte e frio. É um lugar onde convergem
informações sobre o mundo, dados locais e globais, fragmentos de saber e da
realidade, ficção e obras verossímeis.
Logo, Breitas (2010) indica que a missão, bem como a função das bibliotecas tem algo
de intencional. Mas que intencionalidade é esta? Talvez se possa inferir que as bibliotecas são
os canais pelo qual o poder político controla a sociedade. Visto que elas são tidas como locais
onde os valores, comportamentos são construídos e podem ser preservados. Além disso,
poderão influenciar e deixar ‘heranças’ para gerações futuras, a partir da disseminação de
informações, de crenças e de cultura representativa daquela região e época.
A comunidade cria uma relação com a biblioteca e isso se expande na construção
social, o que gera produções políticas, sociais, econômicas e principalmente culturais. Sendo
assim cabe esclarecer que essas produções se dão nas relações, mas retornam a biblioteca por
meio dos registros do conhecimento desenvolvidos por esses indivíduos que compõem a
comunidade, os grupos sociais, e consequentemente a sociedade. Esses registros do
conhecimento serão armazenados para servir as gerações futuras. Valores e crenças passadas
para outras gerações irão refletir um herança cultural e na preservação dessa herança. Com
isso, Milanesi (1997, p. 24) afirma que:
A biblioteca é a mais antiga e frequente instituição identificada com a cultura. Desde
que o homem passou a registrar o conhecimento ela existiu, colecionando e ordenando
tabuinhas de argila, papiros, pergaminhos e papeis impressos. Está presente na história
e nas tradições, destacando-se em Alexandria nos tempos de Cristo e proliferando nos
interiores dos mosteiros medievais como repositório do ser humano.
A afirmação de Milanesi (1986, p. 15) de que “uma biblioteca pública é um centro de
informações [...] atendendo a demanda da população, estimulando o processo contínuo de
descobrimento e produção de novas obras [...]” corrobora com a ideia de que a biblioteca é o
meio pelo qual os mecanismos de poder podem influir na vida do individuo. Em um
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determinado momento da história, a biblioteca atuou como um centro de qualificação
oferecendo informações, que ajudariam na qualificação de profissionais que estavam surgindo
naquele período, isso significa que ela está a serviço sim de um poder político. Quando a
engrenagem sócio, política e econômica precisa mão-de-obra, é a biblioteca que pode auxiliar
na formação de operários, por exemplo.
Vinculada a ideia de que a biblioteca é uma instituição que serve aos mecanismos de
poder e ainda faz parte do processo cultural e formação de identidades, ela pode ser vista a
partir de sua situação e muitas vezes direcionada aos “[...] interesses políticos [...]. [Logo, se
faz um] instrumento de manutenção do poder. Suas obras foram recolhidas em uma ordem
institucional específica, com suas regras, convenções e hierarquias.” (BREITAS, 2010, p.
114) e essa ordem específica seguiu uma ordem em meio ao caos e produção massiva de
informação.
Ao retomar a ideia de Breitas (2010), “a biblioteca como instrumento de manipulação
do poder”, pode-se ponderar que a produção do conhecimento, o armazenamento e a sua
disseminação estão ligadas diretamente com a função e com a missão das bibliotecas públicas.
Uma das missões da biblioteca pública é apoiar a educação, e deve alimentar e proporcionar
base para a constante construção do conhecimento. Logo, a educação se coloca como peça
chave nesse processo de construção do conhecimento e formação de identidade.
A razão de ser de uma biblioteca é suprir as necessidades de um determinado grupo na
sociedade (usuários e despertar interesse nos não usuários), diante disso, a biblioteca pública
deverá ser responsável por atender grupos heterogêneos, com uma política pública que
abarque interesses e necessidades diversas.
Trabalhar com interesses e necessidades de grupos heterogêneos não é uma tarefa
fácil, visto também que eles podem se modificar de tempos em tempos, conforme as
produções e construções que ocorrem no contexto cultural e informacional. Dessa forma, a
biblioteca pública deverá manter o acervo e seus serviços alinhados a situação e condição da
comunidade ou grupo que esta inserida. Retomando Stuart Hall (2005) as construções a partir
da segunda metade do século XX se darão por fragmentações e entrecruzamentos. Já nas
palavras de Milanesi (1986, p. 14) “Cada biblioteca serve a um determinado público, quanto
mais heterogêneo for esse público, mais diversificado será seu acervo – como é o caso da
pública”.
Assim, o atendimento a um público diversificado é um dos grandes desafios de uma
biblioteca pública, posto que ela direciona o seu funcionamento e os seus serviços baseandose na diversidade de singularidades. Mas, a realidade das bibliotecas públicas ainda está muito
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longe disso, o que se encontra em seus acervos são coleções carregadas de influencias
ideológicas, Entretanto, se sabe que zelar pela imparcialidade no momento de seleção dos
materiais adquiridos é algo mítico.
A respeito da construção do conhecimento, Breitas (2010, p. 117) enfatiza a
importância da leitura vinculada com “[...] a escrita, refletem a organização da biblioteca
pública. [...]”. Segundo Breitas (2010) o saber [o conhecimento] adquirido através da leitura é
reelaborado e mobilizado na escrita de novos textos sobre os mais variados temas [...]” e o
saber com o tempo é a memória constituída de seus registros (fotografias, livros, revistas,
artigos e etc.). A partir dessas afirmações de Breitas (2010), se pode observar o elo entre todos
os elementos elencados neste trabalho: educação, leitura, escrita, produção do conhecimento,
função da biblioteca e poder político e ainda, construção de identidades.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os usuários de uma biblioteca, bem como o acervo estão imersos em um conjunto de
mudanças constantes e fazem parte do processo cultural. O poder público e a imagem dessa
instituição estão ligados a alguns aspectos, a se destacar a possibilidade de atingir a
potencialidade no que tange as ferramentas e os serviços de informação, que podem gerar
possibilidades novas e criativas no ambiente da biblioteca públicas. Tais possibilidades
englobam instrumentos de pesquisa, informação e lazer, e consequentemente influencia na
construção de identidades. Isso porque é através da escrita, da leitura e da pesquisa, que essas
oportunidades novas e criativas, bem como aquelas impostas pelo poder são encontradas.
Quando se há oportunidades novas e criativas, elas funcionam como derivas ao poder imposto
por uma configuração social, política e econômica, via as instituições, como a biblioteca, e
propicia a vivencia de novas experiências e abertura de novos rumos sociais, políticos,
econômicos, culturais e informacionais.
Interesses políticos, sociais, econômicos, culturais e informacionais estão por de trás
das seleções e escolhas das informações, e por isso, às vezes, determinadas mudanças são
presenciadas. Para que as escolhas e mudanças tenham um impacto positivo em nossas vidas,
é necessário pegar outras vias, a das possibilidades criativas. Portanto, o objetivo aqui foi
alertar que restringir a biblioteca pública a ser uma instituição de apoio a educação ou a
cidadania é limitar seu papel, sua missão, sua função, bem como sua atuação. Acreditamos
que cabe ao bibliotecário atentar para uma nova realidade – a de que as bibliotecas públicas
são instituições sociais, culturais e de memória que servem de instrumento de manipulação de
poder que influencia a formação de diversos elementos importantes e inerente a formação de
identidades, tais como: a educação e a cidadania.
Dessa forma, tais produções – sociais, culturais e de memória, entre outras afetam
diretamente a dinâmica da sociedade no que tange a construção de identidades, isso significa
que as bibliotecas especialmente as públicas possuem uma função relevante nesse processo.
Trabalhar com essa nova perspectiva que atribuímos aqui às bibliotecas públicas pode ser a
via pela qual saímos desse impasse que essas bibliotecas estão inseridas para torná-las
instituições que possibilitam os indivíduos maiores capacidades criticas e autonomia no que
tange o consumo, uso e produção de informação e conhecimento.
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ESTUDO E ANÁLISE DO CENTRO DE INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DE
ENGENHARIA DE TRANSPORTE MARÍTIMO
GT 6:Livre. - Modalidade Oral
TORRES, Marcela M.¹
RESUMO
Nesse trabalho o Centro de Informação e Documentação de Engenharia de Transporte
Marítimo é a unidade de informação, estudada a qual optamos pelo vocabulário e pelo tesauro
afinal, a área em que está situada, é especializada e por isso deve haver uma padronização
maior para que haja uma recuperação da informação mais eficaz. Propondo apresentar
terminologias na área de domínio de Engenharia de transporte Marítimo com intuito de
organizar os conceitos da área e assim facilitar a tomada de decisão no emprego do termo
específico. Visando desenvolver um instrumento para mapear as decisões no emprego de
terminologia específica na área Engenharia de Transporte Marítimo, considerando para esse
fim, nesse trabalho, a terminologia, ’emergência’ referente ao tipo ‘itens de segurança’. Para
essa macroestrutura de tesauro, consideramos como área de domínio a “segurança” e
desenvolvemos uma estrutura hierárquica, tendo em vista os termos gerais (TG), Termos
específicos (TE) e os termos relacionados (TR). É importante suprir as necessidades
informacionais de engenheiros navais e das pesquisas da área, visando sempre á atuação do
bibliotecário para organizar e facilitar o acesso ao usuário e a transferência da informação.
Palavras-chave: Tesauro. Informação marítima. Engenharia marítima. Segurança. Ítens de Segurança.
Hierarquia.
ABSTRACT
In this work the Centre for Information and Maritime Transportation Engineering Documentation is
the unit of information, which we chose to study vocabulary and the thesaurus after all, the area in
which it is situated, is specialized, so there should be greater standardization so there a recovery of
the more effective information. Proposing terminology present in the area of Maritime transport
engineering domain with the intention of organizing the concepts of area and thus facilitate decisionmaking in the specific term employment. Aimed at developing an instrument to map the decisions on
specific terminology employment in Maritime Transport Engineering area, considering for this
purpose, in this work, the terminology, 'emergency' for the type 'safety features'. For this
macrostructure thesaurus, we consider as domain area "security" and develop a hierarchical
structure, in view of the general (TG), specific terms (TE) and related terms (RT). It is important to
meet the information needs of naval engineers and research in the area, aiming to performance will
Librarian to organize and facilitate access the user and transfer of information.
Keywords : Thesaurus. Maritime Information. Marine engineering. Safety. Items of safety.
Hierarchy.
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¹Graduando em Biblioteconomia na UNIRIO
email: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
O Centro de Informação e Documentação de Engenharia de Transporte Marítimo,
detém um acervo especializado em Transporte Marítimo de petróleo e seus derivados. O
acervo abrange objetos bibliográficos e iconográficos para atender as necessidades dos
Engenheiros Navais, especializados em construção e manutenção de transporte marítimo. O
Centro de Informação de Engenharia de Transporte Marítimo é subdividido em duas áreas:
Biblioteca e Arquivo especializados em transporte marítimo, ambos são complementares e
afins O objetivo do Centro de Informação de Engenharia de Transporte Marítimo é a
integração e o aperfeiçoamento da construção e manutenção de transportes marítimos, através
de um forte aparato informacional, sendo amparados por publicações técnicas (livros e
normas) e documentação técnica do arquivo (planos e manuais) para ter o suporte eficaz para
o desenvolvimento de suas atividades. O documento está organizado dentro do acervo por
sua relevância aos objetivos e missão do centro de informação e documentação.
2 Metodologia Utilizada
Dentro da organização do acervo de Centro de Informação e Documentação, essas
relações estão explicitadas como um conjunto de práticas que possuem variadas interpretações
de livros técnicos e de legislação específica, que acabam produzindo efeitos diferentes no
momento de executar a tarefa. No uso de normas, manuais (documento bibliográfico), dando
suporte aos planos (documento iconográfico), através de uma relação de documento
testemunha com documento co-testemunha embasando desta forma, o efeito que a prática
produz.
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LIVRO (publicação técnica) – Com teorias que e técnicas gerais da área de
engenharia naval, oferece embasamento sobre técnicas básicas de
construção e manutenção de transportes marítimos.
NORMAS (publicação técnica) – Publicação de cunho legal, onde regula,
através de padrões internacionais, a construção e manutenção de
transportes marítimos.
MANUAL (documentação técnica de arquivo) – Documentação
específica voltada para orientar e embasar a construção de transportes
marítimos para diversas finalidades, tendo cada transporte, seu modelo,
finalidade (propósito) e guia especifico para sua construção e manutenção.
2.1 Documento Iconográfico
PLANO (documentação técnica) – Documento com a finalidade de orientar
sendo mais um instrumento a ser utilizado na construção e a manutenção
de transportes marítimos com o propósito de esclarecer de forma dinâmica
detalhes da construção destes transportes.
3 RELACIONAMENTO EM ESTRUTURA DE CATEGORIAZAÇÕES
(
modelo FRBR)
Tendo em vista as características e a necessidade de descrição do documento e a
demanda e busca de nosso usuário especialista, é que foi escolhido e usado o modelo
conceitual da FRBR na construção da estrutura de categorização do Centro de Informação de
Engenharia Marítimo.
O modelo de FRBR é conceitual, sendo utilizado como guia na construção dos
relacionamentos das categorias firmando-se hoje em dia por tratar da apresentação de uma
forma de dispor a informação, permitindo uma consecução mais completa de resultados para
as demandas dos usuários, além de fortalecer o debate na esfera da representação descritiva.
Ao elaborar a representação de um documento para descrever sua temática e atributos
e, torná-la recuperável com intuito a utilização, se constitui um meio de comunicação com o
qual o usuário é informado sobre os materiais acessíveis na biblioteca, e assim os solicitar. O
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seu diferencial é o aprimoramento que introduz neste processo ao oferecer uma perspectiva
sobre a estrutura, e as relações dos registros bibliográficos. Vale ressaltar que o FRBR causa
impactos na revisão dos códigos de catalogação e ISBD, mas não se trata de um novo código
nem novo tipo de ISBD.
Utilizando as categorias aristotélicas em que a, digamos, “coisa” já existe em si
mesma, a substância apresenta uma característica de potencialidade existente dentro dela
mesma, desta forma está relacionada ao sujeito, e a sua substância não apresenta mudança,
apenas alterações que se atualizam.
As categorias Aristotélicas estão relacionadas à ação, posse, tempo, estar, lugar,
relação, paixão, qualidade, quantidade. Todas essas características são apresentadas à
substância. A existência de algo está relacionada à forma e a matéria, que se relacionam entre
si.
Dessa forma pensada por Aristóteles é que se podem compreender as relações obtidas
no modelo da FRBR.
Levando em consideração esses moldes, podemos dizer que FRBR divide-se em três
grupos estruturados de entidades, de acordo com as seguintes lógicas; a de entender os
produtos do trabalho artístico ou intelectivo que se apresenta nos registros bibliográficos e não
bibliográficos, produzindo a base do modelo que podemos dizer que é, a obra, expressão,
manifestação e item. Seguindo a linha de raciocínio, a partir daí, se une as entidades
responsáveis pelo teor intelectivo; armazenamento ou disseminação das entidades préestabelecidas. Trata-se de duas entidades compreensíveis, pessoa e entidade coletiva. Já a
terceira linha de raciocínio (grupo) trata das entidades que representam o emaranhado de
temas que caracterizam uma obra, que seria as entidades que podemos denominar como
Conceito, Objeto, Evento e Lugar.
Segundo Moreno (2006) analisa o desenvolvimento dos FRBR:
Ao longo de oito anos, o grupo de estudos oriundo da Seção de Catalogação
e da Seção de Classificação e Indexação da IFLA, com a colaboração de
consultores e de voluntários de várias nacionalidades, desenvolveu os
FRBR, apresentando um relatório final em 1998, configurando uma
recomendação para reestruturar os registros bibliográficos de maneira a
refletir a estrutura conceitual de buscas de informação, levando em conta a
diversidade de:
• usuários - usuários da biblioteca, pesquisadores, bibliotecários da seção
de aquisição, publicadores, editores, vendedores;
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• materiais - textuais, musicais, cartográficos, audiovisuais, gráficos e
tridimensionais;
• suporte físico - papel, filme, fita magnética, meios óticos de armazenagem,
etc. e,
• formatos - livros, folhas, discos, cassetes, cartuchos, etc. que o registro
possa conter.
Portanto com base nas leituras de aula, fichamento e elaboração até o momento desse
projeto, vimos que o FRBR oferece a viabilidade de se fazer uma busca única, para localizar
variados tipos de materiais sejam eles bibliográficos ou não, que dessa maneira escapam da
esfera biblioteconômica e abrangem qualquer acervo constituído por qualquer tipo material,
mesmo esses materiais estando catalogados em idiomas ou edições variadas, ou com
cabeçalhos diferentes de assuntos.
Segundo Patrick Le Boeuf, (2003?) complementa:
A utilização dos conceitos estabelecidos pelos FRBR proporcionará o
estabelecimento da recuperação da informação de forma integrada, ou seja,
tornará possível a recuperação de uma obra em todos os itens em que tiver
sido manifestada.
No caso do nosso centro de informação e documentação, a escolha dos descritores e
suas relações foram escolhidas tendo em consideração as necessidades de nossos usuários e
com base nas informações conceituais da FRBR, e sua estrutura está apresentada no Anexo no
item 3.
4 METADADOS E NECESSIDADE DE NORMALIZAÇÃO DE DADOS
Segundo ALVES (2005), “metadados [são] atributos ou dados referenciais que
representam um recurso, sendo que o conjunto codificado e padronizado de metadados
(atributos) constitui o padrão de metadados ou formato de metadados”, utilizando uma
linguagem mais simples. Para MARCONDES (2006) os metadados “[...] São dados
associados a um recurso web, um documento eletrônico, por exemplo”. Os metadados servem
para facilitar a recuperação e o compartilhamento da informação, logo quanto mais
padronizado são os metadados em uma unidade de informação, maior será sua eficácia na
recuperação de informações.
O Centro de Informação e Documentação adota a FRBR como um guia para a
construção dos relacionamentos, mas apenas um guia não é o suficiente para tornar uma
informação totalmente recuperável. Visando buscar subsídios para a implantação de
procedimentos da recuperação da informação, a unidade de informação tem como base
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adoção de normas mais específicas como a ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas e o AACR2 – Código de Catalogação Anglo-Americano. Existem também as
organizações internacionais que auxiliam na organização desses dados como é o caso da ISO
– InternationalOrganization for Standardization, além de ferramentas para a organização da
informação na web, alguns exemplos são o Dublin Core (DC) Desenvolvido pelo Dublin Core
Metadata Initiative (DCMI), Learning Object Metadata (LOM) desenvolvido pelo Institute of
Electrical and Electronics Engineers (IEEE) e etc. Para que o sistema recupere a informação
de forma efetiva é necessário que sua padronização e normalização sejam eficazes conforme
ALVES e SANTOS (200-?) dizem:
O uso do padrão de metadados correspondente ao tipo específico de
ambiente informacional, bem como a normalização ou construção adequada
de representações se constitui na chave para a efetividade dos sistemas de
informação nesses ambientes.
Para melhor organização do nosso ponto de acesso utilizamos o Autor, conforme o
código da AACR2, que tem como objetivo a normalização de catalogação a nível
Internacional, tendo como base o catálogo de autoridade da Biblioteca Nacional, mas o
usuário poderá pesquisar o nome do autor tanto por extenso quanto abreviado em sua
pesquisa.
5 ORGANIZAÇÃO CONCEITUAL DO ACERVO
Para que haja a organização do acervo de modo que a informação obtida em uma
busca não seja incoerente com o que o usuário procura, é necessário um padrão, como foi dito
anteriormente. Para que isso ocorra utiliza-se alguma uma linguagem documentária que pode
ser um tesauro, ontologia, sistema de classificação, etc.
Na construção dessas linguagens documentárias é necessário um vocabulário
controlado, que nada mais é que a construção de uma lista de termos referentes a um ou mais
áreas do conhecimento, nosso caso é a de transporte marítimo. Uma de suas funções é
padronizar a entrada e a saída de dados de um sistema de informação e está construído numa
estrutura hierárquica e alfabética e é utilizado para a indexação de documentos.
O tesauro é uma ferramenta que auxilia na recuperação da informação e sua
organização assim como CAVALCANTI (1978) afirma:
Tesauro é uma lista estruturada de termos associada empregada por
analistas de informação e indexadores, para descrever um documento com a
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desejada especificidade, em nível de entrada, e para permitir aos
pesquisadores a recuperação da informação que procura.
O tesauro necessita da criação de um vocabulário controlado anteriormente a sua
construção, uma vez que é formado por descritores relacionados.
Outra ferramenta é a ontologia que segundo SALES; CAFÉ “Uma ontologia define o
vocabulário usado para compor expressões complexas. O objetivo da ontologia é viabilizar
um comum acordo no uso do vocabulário compartilhado de uma maneira coerente e
consistente.” Para FEITOSA (2006), “O uso de ontologias fornece uma grande possibilidade
de se descrever objetos e suas relações com outros objetos.”
Em nossa unidade de informação, optamos pelo vocabulário e pelo tesauro afinal, a
área em que está situada, é especializada e por isso deve haver uma padronização maior para
que haja uma recuperação da informação mais eficaz.
Para os itens de segurança não adotamos nenhuma norma específica para essa entrada, porém,
indicamos para o usuário e para quem irá inserir os dados no sistema, que para o
preenchimento do campo. Tomamos essa preocupação em normalizar essa entrada desse
modo para que sejam evitados erros no preenchimento do campo
6. Vocabulário Controlado
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7. Desenvolvimento
Para essa macroestrutura de tesauro, consideramos como área de domínio a
“segurança” e desenvolvemos uma estrutura hierárquica, tendo em vista os termos gerais
(TG), termos específicos (TE) e os termos relacionados (TR), Conforme pode ser observado
no organograma a seguir:
8. Tesauro - Figura 1
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Tesauro - Figura 2
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Tesauro - Figura 3
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9 CONSIDERAÇÕESA FINAIS
Encontramos uma biblioteca organizada, com um acervo especializado e em constante
expansão, com profissionais empenhados em satisfazer as necessidades informacionais dos
usuários, permite que o visitante e os pesquisadores encontrem as respostas para as suas
questões.
O desenvolvimento das Ciências Marítimas e a informação específica vinculada a
ela, tem como base a experimentação e resultados das pesquisas nas áreas afins,
interligando os diversos campos científicos, desenvolvendo uma conjuntura axiomática
aplicada ao estudo da informação.
O ótimo atendimento dos profissionais, um acervo de qualidade e um Setor de
Referência que faz a diferença, cativa cada vez mais usuários reforçando uma dos principais
objetivos da biblioteca. A biblioteca é para o usuário e deve ser administrada em torno das
suas necessidades informacionais.
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A TERCEIRA IDADE E A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: as dificuldades de
utilização das novas tecnologias
FREITAS, Maria da Conceição 80
COSTA, Emanuelle Barros Ferreira 81
TAVARES, Maria Valdenice Mendes Santiago 82
SANTOS, Raquel Barbalho dos 83
PONTES, Luciana Fontenele Meira 84
RESUMO
Este artigo objetiva debater sobre as dificuldades encontradas pelos idosos em usar as novas
tecnologias, e o que isso influencia na sua qualidade de vida e dependência em uma sociedade
que cada vez cobra mais agilidade de uso e aplicabilidade das novas tecnologias. Nesse
sentido, aborda desde a utilização dos celulares e dos computadores, até dos atuais modelos
de aparelhos de televisão. Conforme constatado em alguns estudos feitos pelo IBGE, a
sociedade está tendo um maior número de idosos, pode-se questionar a relação do índice de
envelhecimento com o índice de qualidade de vida que deve ser proporcionado pela
sociedade. Utilizamos de questionários que buscam identificar as maiores dificuldades de uma
amostra de idosos em utilizar as novas mídias no seu dia a dia. Podemos identificar problemas
simples, como fazer uma ligação de telefone celular.
Palavras- Chave: Envelhecimento da população. Tecnologias. Mídias do cotidiano.
ABSTRACT
This article aims to discuss the difficulties faced by the elderly people in the use of new
technologies, and the influence of this in their quality of life and dependence in a society that
increasingly demands more use of agility and application of new technologies. In this sense,
this article discusses everything from the use of cell phones and computers, even the current
models of television sets. As seen in some studies made by IBGE, the company is having a
greater number of older people, and it's questioned the aging index associated with the quality
of life index that should be provided by the company. We used the questionnaires that attempt
to identify the major difficulties of a sample of elderly in using new media in their daily
routine. We can identify simple problems, how to make a cell phone call.
Keywords: aging population. Technologies. Daily media
80
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. [email protected]
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
82
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
83
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
84
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
81
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1 INTRODUÇÃO
Ao afirmarmos que estamos na Sociedade da Informação podemos considerar que
a circulação da informação, sua interpretação e a utilização através dos meios de comunicação
tem sido algo disseminado e bem aproveitado por toda a sociedade. Porém, podemos observar
que este não é o caso em muitas situações, pois nem todos que fazem parte desta sociedade
têm as mesmas oportunidades e qualidade de acesso. Podemos citar a pessoas que não têm
acesso aos meios de comunicação eletrônicos ou que não sabem como utilizá-los, em especial,
destacamos uma boa parte da população representada pelos idosos. Vamos nos ater a esta
parcela, uma vez que uma das características principais da sociedade contemporânea é o
crescente envelhecimento populacional. Conforme afirma Pekka Himanen:
O envelhecimento da população é uma das mais importantes tendências da Europa e
de outras regiões. Nestes países, significa um deslocamento da “sociedade dos
jovens”, através da actual “sociedade de meia-idade” para a “sociedade dos
pensionistas” [...] (2005, p.349).
Este tipo de transição pode acarretar problemas financeiros para o Estado, devido
às necessidades que a população de idosos necessita. Isto porque o Estado deve subsidiar seu
bem estar, garantido também condições para o acesso e uso da informação.
A população idosa necessita de cuidados especiais em vários sentidos e isso inclui
o acesso às informações por meio das novas tecnologias, que até mesmo alguns jovens sentem
dificuldade ao utilizá-las. Contudo, dentre os problemas enfrentados pelos idosos podemos
destacar desde dificuldades em manusear aparelhos celulares, como, por exemplo, tentar
encontrar um número de telefone em sua agenda, ou mesmo lidar com o controle remoto do
aparelho de televisão.
Em decorrência disso, ressaltamos a necessidade de um olhar atento para essa
população, trazendo qualificação para o uso das tecnologias eletrônicas, possibilitando, assim,
um ambiente com oportunidades de acesso à informação com condições mais igualitárias para
todos. Além da qualificação ao acesso, poderia haver também meios de comunicação e
tecnologias voltadas para este público. Possivelmente, em breve isto despertará o interesse de
empreendedores, o que fará visualizar os idosos como um público de consumo, similar a visão
que muitas empresas têm dos jovens.
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2 ESTADO E A TERCEIRA IDADE: relação com a informação
De acordo com o Estatuto do Idoso no Brasil o termo “idoso” se refere a “pessoa
com idade igual ou superior a 60 anos”. Em muitos países, o envelhecimento da população já
é um fato e no Brasil podemos comprovar isto através do censo de 2010, onde a população
idosa passou de 5,9% para 7,4%, este índice tende a aumentar, pois é calculado também pelas
taxas de natalidade e pela redução da população jovem. Segundo Tavares e Souza (2012, p.
3), “O aumento da população idosa tende a modificar o formato da pirâmide populacional”.
Na figura 1, podemos visualizar essa tendência.
Fonte: IBGE, 2010.
Esta mudança no perfil deste público cria novas necessidades que o Estado precisa
suprir. É necessário que se criem políticas públicas voltadas para esta população específica.
Dentro destas políticas merecem destaque questões relacionadas à saúde, cultura, lazer e,
principalmente, a inclusão digital.
O Estatuto do Idoso foi criado para garantir os direitos dessa parcela da população
e a inclusão digital pode ser representada em alguns dos seus artigos, tais como o art. 3, “que
prevê a viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio com as
demais gerações”, e também no art. 21, § 1o, onde é colocada a garantia a cursos especiais
para idosos, incluindo “conteúdos relativos às técnicas de comunicação, computação e demais
avanços tecnológicos, para garantir a integração à vida moderna” (BRASIL, 2003).
Baseado na Lei 8.842 de 1994, art. 1, “a política nacional do idoso tem por
objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua
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autonomia, integração e participação efetiva na sociedade”. E, para garantir autonomia,
integração e participação na sociedade, o idoso precisa estar bem informado. Conforme o
art.4, da Lei 8.842, inciso VI, a “implementação de sistema de informações que permita a
divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada
nível de governo” também é direito da população idosa. Entretanto, uma parcela significativa
desta população não tem o real acesso às informações e aos conhecimentos divulgados nas
leis. Alguns, por não saberem interpretá-las; e, outros, por não saber como acessá-las por
meios eletrônicos ou até por não conseguir usar as mídias digitais.
Apesar de quem possui uma renda financeira maior ter uma facilidade de acesso e
até de compreensão, podemos observar que a dificuldade está na usabilidade dos aparelhos e
sistemas, com essa desigualdade de oportunidades. Sobre isso, Alencar (2013, p.2) afirma:
“aqueles que possuem uma renda financeira maior, por exemplo, possuem mais facilidade de
compreender as funcionalidades, o uso e a linguagem novas tecnologias se comparados aos de
renda inferior”.
3 ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO X ESTADO
Depois da Lei 10.741, constituída em 2003, que dispôs aos idosos o seu Estatuto e
outras providências, passamos a vislumbrar uma melhoria em sua qualidade de vida. Vários
pontos foram implementados, enquanto outros reforçados, tais como o da prioridade de
atendimentos, a gratuidade em transportes coletivos. Além disso, houve um estímulo à
educação, ao esporte, a cultura e ao lazer, inserindo o idoso nos programas de
profissionalização, dentre os quais alguns se destinam a capacitação no uso das tecnologias
digitais. Isto representa um avanço no que diz respeito à classe dos idosos, protegendo-os,
inclusive, contra preconceitos e violências.
Tais fatores contribuem diretamente para que a velhice possa ser vivida como um
período tão ou mais prazeroso do que os períodos anteriores, e até com certas vantagens. No
entanto, inúmeros são os desafios que se apresentam na velhice, e o avanço das tecnologias
eletrônicas constitui um deles, juntamente com essa avalanche de informações que chegam a
todo instante, deixando-os, por vezes, confusos diante de tanta mudança em tão pouco tempo.
Portanto, é fundamental que o Estado brasileiro garanta uma infraestrutura de
serviços em vários âmbitos de atuação das políticas públicas, favorecendo a todos um
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conjunto de medidas que possam garantir o bem-estar dos idosos e o exercício de sua
cidadania, pois com esse aumento da longevidade, faz-se necessário que o Estado despenda
mais de recursos para o bem-estar do idoso.
4 O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO E A SOCIEDADE DO BEM-ESTAR
O viver em sociedade encontra-se passando por grandes mudanças, a melhoria na
qualidade de vida está fazendo com que a população prolongue sua expectativa de vida e para
que esse envelhecimento venha acompanhado de aspectos positivos são necessários novos
modos de ver o mundo. Contudo, o que entendemos por estado do bem-estar social ou
sociedade do bem-estar?
Grosso modo, trata-se de uma concepção de governo no qual o estado exerce um
papel-chave na proteção e promoção do desenvolvimento social. Bem-estar pode ser
caracterizado como o conjunto de fatores que uma pessoa precise para gozar de uma boa
qualidade de vida, englobando elementos que proporcionem de forma positiva o viver do ser
humano.
Nesse entendimento, a sociedade deve ser justa com todos e é nesse contexto que
a terceira idade merece ter as mesmas oportunidades que as demais pessoas. As tecnologias
devem ser desenvolvidas levando em consideração que esse público possui limitações
acarretadas pelo tempo, mas que têm direitos a oportunidades iguais de vida e de acesso. O
Estado por ser responsável principal em proporcionar qualidade de vida igual a todos deve ser
o primeiro a incentivar o desenvolvimento de tecnologias eletrônicas voltadas para esta
camada da população.
O envelhecimento da população aumenta as despesas sociais, entretanto é algo
incomodo estar em frente a um aparelho de televisão e não saber como utilizar o seu controle
remoto, por exemplo. O envelhecimento torna necessário um maior planejamento e
investimentos para lidar com um número cada vez maior de idosos.
A sociedade do bem estar precisa ter como um dos objetivos capacitar essa parte
da população para que ela possa acompanhar o processo de mudança ocorrido devido às
inovações tecnológicas. Essa sociedade tem como obrigação disponibilizar educação de
qualidade, como fica claro nas palavras de Himamen, (2005, p.362), quando assevera que “a
acessibilidade à informação e ao conhecimento ajuda a desenvolver competências associadas
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ao processamento da informação, enquanto que também pode ser usada como base de mais
informações e inovações”.
O uso das tecnologias eletrônicas não pode ficar restrito aos jovens ou àquelas
pessoas que tiveram ou têm melhores condições de vida econômica, mas precisa englobar
todos, e esse é o grande significado da sociedade do bem estar, uma real qualidade de vida em
todas as áreas da vida, independente das limitações que possui o ser humano.
5 NOVAS TECNOLOGIAS E USO DOS IDOSOS
A relação entre idosos e aparelhos eletrônicos nem sempre é das mais amistosas;
na mesma velocidade em que aumenta a média de idade da população em todo o planeta, o
mundo parece estar ficando cada vez mais tecnológico. Vários são os empecilhos que
dificultam a inclusão digital dos idosos. Entre as dificuldades mais comuns encontradas,
mencionamos, em alguns casos, a capacidade motora decorrente do avanço da idade. No
entanto, a disseminação das tecnologias eletrônicas tem exigido dos idosos um exercício
contínuo, e isto para lhes proporcionar interagir de maneira independente com os aparelhos
tecnológicos e suas múltiplas funções.
Dentre as diferentes questões importantes que podem ser levantadas nessa
discussão sobre a usabilidade das tecnologias eletrônicas pelos idosos, aqui, abordamos a
problemática da inclusão digital. Através de questionários foi observado qual o grau de
intimidade dos idosos com os atuais mecanismos digitais, buscando perceber também suas
possíveis limitações.
Outro ponto importante a ser destacado, como relata Alencar (2013), diz respeito
ao fato de “que as tecnologias surgiram na vida dos idosos de hoje quando estes já eram
adultos ou até mesmo velhos, e isto influencia no surgimento das dificuldades de manuseio”.
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Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Segundo Czaja e Lee (2007), “não ter acesso e ser capaz de usar a tecnologia cada
vez mais colocará os idosos em desvantagem em termos de sua capacidade de viver e
funcionar independentemente”. Nesse contexto, as tecnologias eletrônicas podem ser vistas
como um dos fatores que mais podem isolar a população idosa no mundo contemporâneo.
É comum que parte da população idosa apresente dificuldades de ordem
cognitiva, motora ou até financeira, que podem ser fatores limitantes ao acesso às tecnologias
eletrônicas recentes. Outro fator também seria a falta de atenção para a educação tecnológica.
E, sobre a usabilidade, são necessárias mais iniciativas voltadas à inclusão digital que visem
desmistificar os aparelhos tecnológicos para todos os interessados, uma vez que ao utilizar as
tecnologias eletrônicas, o idoso as tem como ferramenta de auxílio no seu cotidiano,
tornando-se independente nas atividades que pode desenvolver com tais dispositivos,
garantindo, sobretudo, autoconfiança.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Dessa forma podemos compreender que o uso das tecnologias eletrônicas é algo
indispensável para a vida contemporânea, visto que está em todos os lugares. Isto pode ser
verificado desde nossa própria casa, pelos aparelhos eletrodomésticos; em agências bancárias,
com a utilização de caixas eletrônicos e dispositivos de autoatendimento; nos supermercados,
entre muitos outros, sendo de fundamental importância desenvolver iniciativas que promovam
a inclusão digital dos idosos, reconhecendo sua cidadania e capacidade de ter uma vida ativa.
6 METODOLOGIA
Para a elaboração do trabalho foram utilizados revisão de literatura e questionário
fechado, a coleta de dados foi realizada durante trinta dias. Quanto à abordagem da pesquisa
para a elaboração do artigo, vale destacarmos que se trata de uma pesquisa quanti-qualitativa,
pois é onde o pesquisador pode ser ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas,
onde seus resultados são, consequentemente, imprevisíveis. O conhecimento do pesquisador é
parcial e limitado, contudo, deve ser realizado um recorte, bem como uma delimitação dos
indivíduos a serem pesquisados. “O objetivo da amostra é de produzir informações
aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de
produzir novas informações (GERHARDT e SILVEIRA apud DESLAURIERS, 2009)”.
De acordo com Gil (2007), este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses. Ele foi elaborado também através de pesquisas que envolveram levantamentos
bibliográficos e entrevista com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão, essas pesquisas podem ser
classificadas como pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já
analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou
sobre o assunto (FONSECA, 2002, p. 32).
O autor ainda continua:
O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal
como ele o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva
interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos
participantes (FONSECA, 2002, p. 33).
Também nos utilizamos de pesquisa com survey, que é a obtenção de dados ou
informações sobre as opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante
de uma população-alvo, utilizando um questionário como instrumento de pesquisa
(FONSECA, 2002, p. 33).
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Foi aplicado um questionário composto por quatro perguntas, a respeito da
dificuldade em utilizar algumas mídias, as mesmas foram escolhidas por fazer parte de ações
que podem interferir no cotidiano dos pesquisados, a amostra escolhida é composta por
sessenta pessoas na faixa etária entre sessenta a oitenta anos.
7 RESULTADOS
Da amostra pesquisada pudemos colher os seguintes resultados, do total de
pesquisados oitenta e dois por cento tem dificuldades no uso das mídias escolhidas (controle
da TV, e-mail, caixa eletrônico e celular). Apenas oito por cento dos entrevistados não tem
nenhuma dificuldade em se relacionar com as mídias do cotidiano e dez por cento tem pouca
dificuldade. Identificamos setenta e dois por cento tem dificuldade no uso de todas as mídias,
para driblar o obstáculo de acesso setenta por cento pede ajuda a terceiros, vinte e oito por
cento desistem e apenas dois por cento continuam tentando sozinhos. Os gráficos abaixo
ilustram os dados coletados durante a pesquisa.
Gráfico 1 – Dificuldades em mais de uma mídia
Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 2 – Dificuldade em utilizar as mídias
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Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 3 – Driblando as Dificuldades
Fonte: Elaborado pelos autores
Gráfico 4 – Resultados Encontrados
Fonte: Elaborado pelos autores
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8 CONCLUSÃO
Apesar de algumas iniciativas já terem sido feitas para melhorar e ampliar a
inclusão digital dos idosos para estes terem uma maior facilidade no acesso às informações,
ainda pode verificar que muitos estão excluídos, quase não se discute a necessidade de
inclusão dos idosos das classes menos favorecidas e também a usabilidade de aparelhos
considerados complexos pelos idosos que têm suas habilidades manuais diminuídas.
Percebemos que as dificuldades interferem em seu cotidiano, pois ações simples com atender
a uma chamada telefônica ou fazer um saque em um caixa eletrônico pode se tornar um
transtorno para essa população que vem aumentando nos últimos anos.
E mesmo com os dos esforços do Estado, as leis feitas ainda não são suficientes.
Por esse motivo, sugerimos que sejam feitas fiscalizações e até mesmo cursos voltados ao uso
das tecnologias eletrônicas para os idosos que incluam uma parcela maior da população,
independente da renda ou classe social. Sugerimos também uma maior sensibilização por
parte dos desenvolvedores de softwares e fabricantes de aparelhos eletrônicos para que
aumentem a sua atenção para esse público. É necessário que a população em geral tenha
consciência das necessidades de informação e de uso dos dispositivos eletrônicos pelos
idosos, de modo a torná-los independente na busca e autônomos no acesso às informações.
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Conceito.de. disponível em: <http://conceito.de/bem-estar-social> acessado dia 18/11/2014
as 22h11min.
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Janeiro: Jan. / Dez. 2005, Vol.4, N.1. Acesso: 18 de novembro de 2014. Disponível em:
http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=260.
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FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre:
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Rede do conhecimento à acção política. Belém: Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 4-5
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http://www.antoniomoser.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=82:oenvelhecimento-da-papulacao-brasileira-e-seus-.
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últimos 60 anos, passando de 1,7 milhão para 18,5 milhões de pessoas nesta faixa etária.
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TAVARES, Marília Matias Kestering; Souza, Samara Tomé Correa de. Os idosos e as
barreiras de acesso às novas tecnologias da informação e comunicação. Novas tecnologias na
educação. Rio de Janeiro, v.10, n. 1, p. 1-7, jul. 2012. Acesso em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinte
seindicsociais2010/SIS_2010.pdf.
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PRÁTICAS LEITORAS EM ESCOLAS DO CONJUNTO CEARÁ
GT 6, modalidade pôster
FREITAS, Maria da Conceição de85
COSTA, Emanuelle Barros Ferreira86
TAVARES, Maria Valdenice Mendes Santiago 87
SILVA, Thays Pereira da88
MENDES, Luciana Marçal89
RESUMO
Projeto Práticas Leitoras nas Escolas do Conjunto Ceará desenvolve ações de incentivo à
leitura, desde 2001, sua criação se deu a partir da necessidade de um local adequado que
possibilitasse promover ações oferecendo suporte informacional aos professores da região e
orientação teórica e prática para o desenvolvimento da leitura e da escrita favorecendo o
desenvolvimento de seus alunos. A partir de 2007 o Projeto está atrelado às atividades da
Biblioteca Comunitária do Conjunto Ceará – BCC. E tem como objetivos desenvolver e
apoiar projetos de incentivo a leitura, suprindo as necessidades informacionais de professores
e alunos integrando-os a comunidade e contribuindo para o desenvolvimento da BCC e da
comunidade do entorno. Desenvolver e apoiar projetos de incentivo a leitura, suprindo aas
necessidades informacionais de professores e alunos integrando-os a comunidade e
contribuindo para o desenvolvimento da BCC.
Palavras-chave: Escolas. Biblioteca Comunitária. Leitura.
ABSTRACT
The Project 'Práticas Leitoras' in the Conjunto Ceará schools develops actions to encourage
reading since 2001, its creation was made from the need for a suitable location that would
allow promoting actions providing informational support to teachers in the region and
theoretical and practical guidance for the development of reading and writing favoring the
development of their students. From 2007 the project is related to the activities of the
Biblioteca Comunitária do Conjunto Ceará – BCC. And aims to develop and to support
projects to encourage reading, supplying the informational needs of teachers and students
integrating the community and contributing to the development of BCC and the surrounding
community. Develop and support projects to encourage reading, meeting the information
needs of teachers and students integrating the community and contributing to the development
of BCC.
Keywords: Schools. Community Library. Reading.
1 INTRODUÇÃO
85
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
87
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
88
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
89
Graduanda em Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará. E-mail. [email protected]
86
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Projeto Práticas Leitoras nas Escolas do Conjunto Ceará foi idealizado pelas
professoras Ana Maria Sá de Carvalho e Ruth Batista Pontes, ambas foram professoras da
Universidade Federal do Ceará – UFC, como forma de promover ações de incentivo a leitura,
fortalecer a identidade cultural.
2 PÚBLICO ALVO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO PROJETO
O Público alvo do projeto são as escolas do Conjunto Ceará e a comunidade em
geral. Tem como parceiros o projeto PROLER desenvolvido pela professora Ruth Batista
Pontes que também estimula o habito pela leitura, Grupo Convite de Contadores de História
projeto idealizado pela professora Lídia Eugênia Cavalcante. Conta com o apoio da Sociedade
de Amigos da Biblioteca Comunitária do Conjunto Ceará, Centro de Cidadania e Direitos
Humanos do conjunto Ceará e com a Coordenação de Cultura do Centro de Cidadania e
Direitos Humanos - CCDH.
As atividades desenvolvidas são:
a)
Participação no Planejamento e divulgação do Festival de leitura - Festler,
realizado no Centro de Cidadania do Conjunto Ceará a cada dois anos durante três
dias;
b)
Participação na organização do evento que acontece a cada dois anos, onde
autores do Bairro são convidados para apresentarem seus trabalhos; a biblioteca fica
responsável pela divulgação nas escolas públicas e particulares. Durante o Festler
ocorre contação de história, exibição de filmes relacionados com a leitura, palestras de
professores envolvidos com o desenvolvimento do hábito e do prazer pela leitura; pois
segundo CARVALHO: “... estamos vivendo numa sociedade letrada na qual leitura se
faz necessária para engajamento do homem nesta sociedade, pois as informações estão
contidas nos diversos códigos e linguagens que precisaram ser desvendados e
semantizados...” ([s.d.], p.1);
c)
Realização de oficinas de portfólio para crianças e professores, continuando
com CARVALHO: “alguns dos objetivos do portfólio escolar é oferecer ao estudante
uma oportunidade de documentar a sua história. [...] facilitará o professor conhecer
melhor seus alunos [...] capacitar o aluno para assumir responsabilidades pela
aprendizagem e realizá-las.” ([s.d.], p.2);
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d)
Apresentação no 7º Seminário de Educação e Leitura realizado em Natal RN, da pesquisa realizada nas escolas do Conj. Ceará: Percorrendo os Meandros da
Escola Pública, em Foco Leitura e Escrita.
Alunos das escolas do Conjunto Ceará no V Festler
Fotografia: Maria da Conceição.
O evento Festler tem como finalidade congregar escolas e comunidade com
atividade de leitura, visando criar uma população leitora, compreendendo a leitura como
agente de transformação social. Tivemos como resultado o desdobramento da oficina de
portfólio para professores e a oficina de fanzines que continuarão acontecendo na BCC, sem
data prevista de encerramento. Conclui-se, portanto, que os objetivos propostos por esse
evento e as ações desenvolvidas pela biblioteca estão sendo atingidos.
3 METODOLOGIA
Foi utilizado o método de observação participativa, onde o autor pode observar
em loco e também compartilhar seus aprendizados durante a participação no projeto.
4 CONCLUSÃO
O projeto precisa ser continuado preferencialmente com a expansão para a
comunidade, estimulando o hábito e o prazer pela leitura. O Projeto Prática Leitoras nas
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Escolas do Conjunto Ceará é um projeto visionário onde a participação da sociedade é
indispensável.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Ana Maria Sá de. Trabalhando com leitura e portfólio. Fortaleza, CE: [s.n.],
[20--].
ROGER, Chartie. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Editora UNESP,
1990.
ORLANDI, Eni Puccinelli (Org.). A leitura e os leitores. 2.ed. Campinas, SP: Pontes, 2003.
LIMA, Batista de. Do sabor do texto ao prazer da leitura. Rev. de letras, n. 20, vol. 1/2,
jan./dez. 1998. p. 19-22.
400
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PROSPECÇÃO CONCEITUAL SOBRE CULTURA E COMUNICAÇÃO
ORGANIZACIONAL DA BIBLIOTECA TEBYREÇÁ DE OLIVEIRA DO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO MARANHÃO (IFMA)
GT6 - Livre e modalidade oral
SILVA, Márcio André90
CASTRO, Carla Jeane91
BRITO, Jéssica Gomes92
LICÁ, Núbia Medeiros93
RESUMO
Apresenta análise da cultura e comunicação organizacional da Biblioteca Tebyreça de
Oliveira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA).
Objetiva analisar a cultura e a comunicação organizacional da referida biblioteca, de forma a
mostrar como ambas interagem e se relacionam no processo de mudança. A pesquisa é de
caráter descritivo e bibliográfico, além da pesquisa de campo, onde foi aplicado entrevista
com a gestora da biblioteca do IFMA. Como resultado, é apresentado pela entrevistada que a
biblioteca é tida naquele espaço como uma organização, mas não faz uso dos termos
administrativos. Conclui-se que a biblioteca estudada é uma organização, mesmo não sendo
reconhecido em seu dia-a-dia termos como cultura e comunicação organizacional.
Palavras-chave: Cultura organizacional. Comunicação organizacional. Organização.
ABSTRACT
It presents an analysis of the organizational culture and communication Olive Tebyreça
Library of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Maranhão (IFMA).
It aims to analyze the culture and organizational communication of the library in order to
show how both interact and relate in the change process. The research is descriptive and
bibliographical, in addition to fieldwork, where it was applied interview with the management
of IFMA library. As a result, it is submitted by the respondent that the library is taken that
space as an organization, but does not make use of administrative terms. We conclude that
the studied library is an organization, not even recognized in their day- to-day terms as
culture and organizational communication.
Keywords: Organizational culture. Organizational communication. Organization.
1 INTRODUÇÃO
90
Graduando em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: má[email protected]
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected].
92
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail: [email protected].
93
Graduanda em Biblioteconomia pela UFMA. E-mail:
91
401
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O conceito de cultura vem sendo bastante discutido e estudado atualmente. Embora,
a ideia de cultura organizacional tenha sido inserida no início desse século nas corporações
norte-americanas, somente na década de 80 as academias começaram a trabalhar esse assunto
como objetivo de investigação científica.
O termo cultura organizacional já se tornou popular e o interesse por estes aspectos
culturais podem ser atribuídos, ao processo de fragmentação e heterogeneidade causado por
problemas econômicos e problemas práticos identificados na interação social dentro das
organizações. Hoje vivenciamos as transformações que ocorrem numa velocidade tamanha e
inevitável na nossa sociedade e temos como consequências as grandes mudanças nas
organizações. Para Gonçalves (2004, p. 1) “A cultura de cada empresa, marcada por seus
públicos internos e externos, por seus objetivos e funções, por seus interesses e realidades,
existe e se solidifica com o tempo, mas necessita mudar constantemente, em função das novas
demandas de mercado e da sociedade”.
Torquato, (1991 apud Gonçalves 2014) indica que “[...] a cultura da organização é
formada pelas redes de comunicação formal e informal, sendo que esta é aferida pelas
expressões dos funcionários e laços informais, a outra ponta do sistema cultural”.
A cultura de uma organização tem consequências poderosas, em especial, quando é
fortalecida pela continuidade da liderança, estabilidade dos membros no grupo, concentração
geográfica, o tamanho pequeno do grupo e o sucesso considerável, através desse poder ela
permiti um grupo agir com rapidez e coordenação contra um concorrente ou em benefício de
um cliente. Diante desse imperativo, podemos acreditar que toda organização tem sua própria
história e na medida em que se estrutura, adquire identidade, tradições e padrões de
comportamento, passando a delinear os valores.
Conhecer a cultura é importante de acordo com o ponto de vista da organização para
aumentar a efetividade dos negócios. E, sob a ótica da comunicação interna, é imprescindível,
pois ajuda a detectar quais são os melhores caminhos para atingir eficientemente o público
interno.
Tendo em vista estes fatores, o presente estudo tem por objetivo analisar a cultura e a
comunicação organizacional na Biblioteca Tebyreça de Oliveira do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), de forma a mostrar como ambas
interagem e se relacionam no processo de mudança.
A pesquisa é de caráter descritivo e bibliográfico no qual traça-se uma breve revisão
da literatura da área, além da pesquisa de campo, onde foi aplicado entrevista com a gestora
da biblioteca do Instituto. É necessário ressaltar que este estudo vem a contribuir com a
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Biblioteca Tebyreça de Oliveira uma vez que a Instituição conhecerá a importância da cultura
e comunicação organizacional dentro da organização.
O presente trabalho está dividido em quatro vertentes, a primeira descortina sobre a
Organização: cultura e comunicação em ambiente organizacional, à segunda traz o histórico
do Instituto Federal e da Biblioteca Tebyreça de Oliveira, a terceira apresenta a análise de
dados coletados durante a entrevista com a gestora da biblioteca estudada e a quarta vertente
traz a conclusão finalizando com as considerações referentes ao trabalho.
2 ORGANIZAÇÃO: cultura e comunicação em ambiente organizacional
Para compreender o que vem ser cultura e comunicação organizacional, é necessário
que se contextualize o ambiente em que estão relacionados, ou seja, a organização. O termo
organização refere-se a “[...] uma unidade social consciente, coordenada, composta de duas ou
mais pessoas, que funciona de maneira relativamente contínua, com o intuito de atingir um
objetivo comum.” (CHIAVENATO, 2005, p. 24).
Organização é entendida aqui como um todo formado por partes que se relacionam e
se integralizam por meio de diferentes níveis de relações, a fim de atingir um determinado
objetivo. De acordo com Valentim (2006, p. 14), a organização é formada por dois diferentes
ambientes,
[...] o primeiro está ligado ao próprio organograma (estrutura formal), ao qual se
denomina fluxos formais, isto é, são as inter-relações entre as diferentes unidades de
trabalho/centros de custo como diretorias, gerências, divisões, departamentos,
setores, seções, etc.; o segundo está relacionado as pessoas que atuam no ambiente
corporativo (estrutura informal), ao qual se denomina fluxos informais, isto é, são as
relações entre pessoas das diferentes unidades de trabalho/centros de custo.
Através das relações existentes nesses ambientes é que podem ser observados e
analisados as informações e o conhecimento presentes em cada situação. Informação e
conhecimento são dois fatores de suma importância para a organização, “[...] porque todas as
atividades desenvolvidas, desde o planejamento até a execução das ações planejadas, assim
como o processo decisório, são apoiadas por dados, informação e conhecimento.”
(VALENTIM, 2006, p. 9).
2.1 Cultura organizacional
O conceito cultura tem sua origem na Antropologia, quando Edward Tylor (18321917), ainda que não necessariamente utilizasse a palavra “cultura”, a definiu como “[...]
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.” (LARAIA, 2003 apud RUSSO,
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2010, p. 15). Sendo assim, entende-se por cultura, o conjunto de características e
manifestações destas por um determinado grupo de pessoas.
Cultura organizacional é um padrão de pressupostos básicos compartilhados que um
grupo aprendeu ao resolver seus problemas de adaptação externa e integração
interna e que funcionou bem o suficiente para ser considerado válido e ensinado a
novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir com relação a
esses problemas. (SCHEIN, 1992 apud RUSSO, 2006, p. 18).
A partir do conceito de Schein (1992), pode-se afirmar que a cultura organizacional
está diretamente ligada ao modo que os membros de uma organização costumam lidar com as
diversas situações a que são impostos, de modo que, a partir de experiências anteriores,
constroem um conjunto de ações a serem tomadas de acordo com determinada situação e pela
maneira utilizada por seus membros para desenvolver suas atividades.
A cultura organizacional pode ser melhor visualizada ao relacionar-se os elementos
comuns à cultura aos atributos da organização
Valores: em geral as organizações possuem um número reduzido de valores, mas
são mantidos por um longo período de tempo por serem constantemente enfatizados;
Crenças e Pressupostos: são usados como sinônimos para expressar o que é aceito
como verdade nas organizações e por isso tendem a tornarem-se inquestionáveis;
Ritos, Rituais e Cerimônias: atividades planejadas em que são expressos certos
gestos, linguagem e comportamentos salientando uma visão consensual para a
ocasião;
Estórias e Mitos: informam sobre as organizações, sustentando os valores
organizacionais;
Tabus: demarcam as áreas de proibições, orientando o comportamento com ênfase
no não-permtido;
Heróis: personagens que condensam as forças da organização;
Normas: são as regras que defendem o comportamento que é esperado e aceito pelo
grupo, podendo ou não estar escrito;
Processo de comunicação: é a rede de relações e papéis informais e formais criados
pelos membros da organização. (FREITAS apud ALIGLERI, 2001, p. 61).
Observa-se que a cultura organizacional é essencial para a gestão de uma organização,
pois até mesmo o comportamento das pessoas que a compõem é influenciado pela cultura.
Para Schein (2001 apud RUSSO, 2006, p. 21) “[...] se quisermos tornar uma organização mais
eficiente e eficaz, deveremos entender o papel da cultura na vida organizacional.” Conclui-se
que o bom funcionamento de uma organização depende diretamente da sua cultura.
2.2 Comunicação organizacional
Um fator importante que influencia na cultura organizacional é a comunicação
organizacional, que tem origem na comunicação interna às organizações e caracteriza-se
como “[...] o processo através do qual, os indivíduos da organização obtêm as informações
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pertinentes sobre ela e as mudanças que nela ocorrem, desempenhando a função da fonte de
informação para os indivíduos da organização.” (VALENTIM; ZWARETCH, 2006, p. 45).
A comunicação organizacional possibilita conhecer a relação entre os indivíduos,
identificando a transferência de informação e conhecimento existentes nesse processo, o que
reflete na cultura organizacional, que caracteriza os relacionamentos de toda a organização.
A comunicação se estabelece no ambiente organizacional de duas formas, formal e
informal. “A comunicação formal é planejada e, formalmente, representada pelo organograma
da organização, enquanto que a informal é a rede de relações sociais e pessoais que não é
estabelecida formalmente.” (VALENTIM; ZWARETCH, 2006, p. 50). Sendo assim, a
comunicação informal refere-se às reações interpessoais, enquanto a formal concerne às suas
funções.
Ressalta-se ainda, os fluxos informacionais, que são resultado da interação formal ou
informal entre os setores e as pessoas da organização e podem acontecer de quatro formas.
A comunicação descendente é realizada da alta administração para as gerências e
dessas para a base. [...] A comunicação ascendente é menos formal, faz parte do
controle das organizações. Dá-se das bases para as gerências e dessas para a alta
administração. [...] A comunicação lateral ou horizontal ocorre entre pessoas e
setores de uma mesma posição no organograma da organização. [...] a comunicação
diagonal refere-se à troca de informações entre um superior e um subordinado
localizado em outro setor. (VALENTIM; ZWARETCH, 2006, p. 53-54)
Independente da forma que acontece e do meio utilizado para tal, a comunicação é o
pilar para o sucesso de uma organização por ser o fator principal de interação entre seus
membros. Com base nas informações descritas anteriormente concernentes a cultura e
comunicação organizacional, o presente trabalho se propõe a analisar como esses importantes
fatores ocorrem em uma unidade de informação enquanto organização, mais especificamente
na Biblioteca Tebyreçá de Oliveira, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Maranhão (IFMA).
3 O INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
MARANHÃO (IFMA)
De acordo com as informações disponíveis no site do IFMA no dia 23 de setembro de
1909, por meio do Decreto n.º 7.566 - assinado pelo então presidente Nilo Peçanha - foram
criadas as Escolas de Aprendizes Artífices nas capitais dos estados, incluindo a capital do
Maranhão, São Luís. A Escola foi criada com o intuito de proporcionar às classes
economicamente desfavorecidas uma educação voltada para o trabalho, sendo instalada na
capital maranhense no dia 16 de janeiro de 1910.
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Em 03 de setembro de 1942, o novo regime político comandado por militares, com
ênfase na centralidade do Estado controlador das políticas públicas, procura realçar a unidade
da federação nas denominações dos órgãos públicos. Deste modo, por meio da Portaria n.º
239/65, seguindo o que dispunha a Lei n.º 4.795, de 20 de agosto do mesmo ano, a Escola
Técnica Federal de São Luís passou a se chamar Escola Técnica Federal do Maranhão.
Por meio da Lei n.º 7.863, cria-se o Centro Federal de Educação Tecnológica do
Maranhão, elevando-o à competência para ministrar, também, cursos de graduação e de pósgraduação. Em 2009, inicia a oferta de cursos de graduação, com a aprovação da licenciatura
em Física. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, doravante
tratado como Instituto Federal do Maranhão, com sede em São Luís, criado pela Lei Nº
11.892, de 29 de dezembro de 2008, mediante integração do Centro Federal de Educação
Tecnológica do Maranhão e das Escolas Agrotécnicas Federais de Codó, de São Luís e de São
Raimundo das Mangabeiras é Autarquia com atuação no Estado do Maranhão, detentora de
autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar.
3.1 Biblioteca Tebyreçá de Oliveira (BTO)
De acordo com os estudos de Gois (200?) a Biblioteca Tebyreça de Oliveira foi
denominada assim para prestar uma homenagem ao Professor Jorge Tebyreçá de Oliveira,
nascido no ano de 1898 na cidade de Bagé – Rio Grande do Sul, vindo a falecer aos 70 anos
de idade, no dia 29/04/1968 na cidade do Rio de Janeiro em decorrência de um infarto.
Tebyreçá de Oliveira era Engenheiro Mecânico Eletricista (formado na Suíça), ocupou
o cargo da inspetoria do Ensino Profissional Técnico e desempenhou interinamente o cargo de
Diretor da Escola de Aprendizes Artífices do Estado do Maranhão, de ordem do Chefe do
Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil em 30/05/1932.
A Biblioteca Tebyreçá de Oliveira (BTO) tem como objetivo geral integrar-se a
política educacional e administrativa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Maranhão (IFMA), funcionando como órgão de apoio didático-educativo aos programas
de ensino, pesquisa e extensão e as atividades extraclasse, contribuindo para o
desenvolvimento técnico-científico, cultural, literário e artístico, através da disposição dos
mais variados tipos de regulamento da biblioteca Tebyreçá de Oliveira serviços e produtos de
informação, que atendam às exigências de relevância e rapidez, enriquecendo assim as
potencialidades individuais da comunidade do Instituto Federal.
A Biblioteca é administrada por uma Equipe de Bibliotecários, sob a Coordenação de
um Bibliotecário designado pelo Diretor Geral, funciona como uma Coordenação de apoio ao
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processo ensino-aprendizagem do IFMA, diretamente subordinada ao Departamento de Apoio
ao Ensino.
Atualmente a BTO encontra-se automatizada em seus serviços, onde o sistema permite
ao usuário a renovação de empréstimo, indicação de bibliografia para aquisição pela
instituição e pesquisa de títulos online. Para ter acesso aos serviços e produtos da biblioteca é
necessário possuir vínculo ativo com o IFMA.
Entendendo sua formação e os trabalhos oferecidos pela biblioteca e tendo como
objeto de estudo deste trabalho entender como se dá a cultura e comunicação organizacional
da mesma, a próxima seção apresenta uma análise oriunda de uma entrevista realizada na
instituição que visa sanar tais questões.
4 METODOLOGIA
A fim de analisar a compreensão da gestão referente aos termos Cultura e
Comunicação Organizacional, realizou-se uma pesquisa de campo de caráter descritiva e
bibliográfica.
Segundo Gil, (2007, p.53), o estudo de campo procura muito mais o aprofundamento
das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo
determinadas variáveis. Como consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta
muito maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao
longo da pesquisa. Escolheu como campo de estudo a biblioteca do Instituto Federal do
Maranhão (IFMA) por atender uma grande demanda informacional de diferentes públicos
como estudantes de ensino médio, técnico e superior.
Na pesquisa bibliográfica, como qualquer outra modalidade de pesquisa, inicia-se com
a escolha de um tema. No entanto a escolha de um tema que de fato possibilite a realização de
uma pesquisa bibliográfica requer bastante energia e habilidade do pesquisador. Não basta o
interesse pelo assunto. É necessário também dispor de bons conhecimentos na área do estudo.
Quem conhece pouco, dificilmente faz escolhas adequadas. Isso significa que o aluno só
poderá escolher a respeito do qual já estudou. (GIL, 2007)
Estruturou-se uma entrevista fechada com oito perguntas abordando essa temática, que
foram respondidas pela bibliotecária responsável pela direção da referida biblioteca. A
entrevista ocorreu no dia 24 de novembro de 2014 as 14h 30 min, previamente agendado com
a bibliotecária-chefe. Escolheu esse tipo de entrevista por apresentar as seguintes vantagens:
rapidez e o fato de não exigirem exaustiva preparação dos pesquisadores, o que implica em
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custos relativamente baixos. Outra vantagem é possibilitar a análise estatística dos dados, já
que as respostas obtidas são padronizadas. (BRITTO JÚNIOR, FERES JÚNIOR, 2011).
Ribeiro (2008 p.141) trata a entrevista como:
A técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a respeito
do seu objeto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores
subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além das descrições
das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos
próprios entrevistadores.
Além de realizar as entrevistas que foram gravadas e depois transcritas conheceu todos
os ambientes da biblioteca, como o acervo, o processamento técnico, o salão de estudos, e a
direção da mesma.
5 ANÁLISE DA CULTURA E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL DA
BIBLIOTECA TEBYREÇA DE OLIVEIRA
A fim de analisar a compreensão da gestão referente aos termos Cultura e
Comunicação Organizacional, foi estruturada uma entrevista fechada com oito perguntas
abordando essa temática, que foram respondidas pela bibliotecária responsável pela gestão da
referida biblioteca. As perguntas estarão discorridas no início dos parágrafos.
Todas as empresas possuem uma cultura organizacional, independentemente do seu
tamanho e do segmento em que atuam. Formalmente instituída ou não (cultura organizacional
formal e informal), possui um conjunto de valores que são compartilhados pelos membros da
organização, com o intuito de atingir os objetivos e as metas da empresa. (MARTINS, 201?).
A entrevista teve início com questionamento acerca da visão que a bibliotecária tem da
biblioteca como um todo, se a percebe isoladamente ou se consegue visualizá-la como uma
organização que está vinculada à um órgão maior. Obteve-se resposta positiva quanto a esse
ponto, pois, a biblioteca está ligada hierarquicamente a outros setores, no caso a Divisão de
Assuntos Estudantis (DAE).
A partir desse entendimento, questionou-se se ela visualiza a biblioteca como um
órgão de uma organização maior. A bibliotecária respondeu positivamente, enfatizando que
esse vínculo está sendo construído, e afirmando que a biblioteca tem um bibliotecário como
representante na elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Para que isso
acontecesse, foi empenhado um esforço maior por parte dos bibliotecários para obterem seu
devido reconhecimento. O que possibilita afirmar, que a instituição reconhece o cunho
político-educacional da biblioteca, deixando de lado aquela velha visão que os bibliotecários
estavam somente ligados ao processamento técnico.
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A quarta pergunta diz respeito ao conhecimento sobre o tema cultura e comunicação
organizacional, questionou-se se ela conhecia e trabalha com esses termos, a resposta foi
afirmativa, no entanto a bibliotecária enfatizou que apesar de serem utilizados, não o são
exatamente com esses conceitos. Enfatizou ainda o fato de que no tempo de sua graduação, o
curso de Biblioteconomia não se preocupava em formar gestores, esclarecendo que isso se
deve ao fato de sua graduação estar vinculada ao currículo 20, no qual as disciplinas eram
extremamente técnicas e poucas voltadas para a gestão/liderança dos mais diversos tipos de
biblioteca, aspectos que foram alterados no currículo 30, o currículo que vigora no curso de
Biblioteconomia atualmente.
Geralmente, a cultura organizacional é imposta pela direção superior da organização.
A entrevistada afirmou que no caso da biblioteca tudo foi pensado e criado nesse espaço,
como normas, políticas de aquisição e seleção de material bibliográfico, horário de
funcionamento, entre outros. Embora algumas normas e condutas fossem comuns a todos os
funcionários e departamentos que compõem o Instituto. Utilizando as propostas da
entrevistada, ela afirma: “Foi criada aqui, todas as questões de norma, empréstimos, vagas,
horários, tudo é a gente que pensa. Porém, a gente não manda em nada, a gente só sugere”.
Contudo, a biblioteca do IFMA localizada no bairro Monte Castelo em São Luís - MA
é independente em relação à rede de biblioteca do IFMA. A quinta pergunta questionava se a
biblioteca central do IFMA imponha a sua cultura nas demais bibliotecas dos campi. Afirmou
categoricamente que cada biblioteca possui a sua própria cultura, justamente para possibilitar
que cada biblioteca tenha autonomia com relação à política de desenvolvimento de acervo,
horário de funcionamento, quantidade de livros emprestados por alunos, preço da multa, entre
outros. E uma desvantagem dessa independência é a duplicação informacional do material,
onde poderia haver um compartilhamento bibliográfico dos documentos otimizando o
trabalho dos bibliotecários. A bibliotecária relatou que embora sejam independentes eles
possuem uma comunicação com as bibliotecas “continentes” ou campi. Eles não impõem
nenhuma ordem, apenas sugerem. Em 2013, foi feita em reunião com os gestores de cada
biblioteca campi da instituição, para visualizar a prestação de serviço e produtos das unidades
de informação aos usuários.
Uma boa comunicação é, sem qualquer sombra de dúvida, o fator mais importante
dentro de uma organização. O relacionamento entre as pessoas só é possível através da
comunicação. Portanto,
A má comunicação traz desgastes nas relações, agressões verbais, perda de tempo
com retrabalho, mal entendidos, suscetibilidades afetadas, perda de motivação e
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stresse. Liderar é comunicar, para atingir os objetivos da empresa (MARTINIANO,
2007, p.15).
Portanto, a comunicação bem administrada oferece agilidade e clareza nas
tomadas de decisões, sendo ela responsável pelo desenvolvimento organização. Tudo que é
construído, ou destruído, é pela comunicação ou falta dela.
Para verificar se realmente a comunicação é essencial para a organização, a sexta
perguntava queria saber se já houveram caso de imprevistos ou problemas por conta de uma
má comunicação. Ela nos afirmou relatando um acontecimento e explicou que utilizam
mecanismos para facilitar a comunicação, como um quadro branco localizado na sala da
direção, onde são escritos informes.
Outro ponto positivo a destacar, que a sala da direção fica próxima ao salão de
estudo localizado bem na entrada e essa sala é formada por parede de vidro, o que possibilita
aos gestores olhar a biblioteca e aos alunos olharem os diretores, criando um ambiente de
reciprocidade entre o usuário e a direção da biblioteca.
Todos os recursos disponíveis de uma empresa devem ser otimizados, ou seja,
utilizados da melhor maneira possível. Quando se fala em recursos, inclui-se aqui recursos
humanos, tecnologia, matérias primas, espaço físico e todos os fatores que formam uma
organização. (SOUZA, 2009, p. 3).
Percebe-se que a utilização do quadro branco é um método prático e fácil de
comunicarem entre eles. Porque a jornada de trabalho dos bibliotecários é 30 horas semanais,
o que representa 6 horas de trabalho por dias úteis (segunda a sexta-feira). O funcionamento
da biblioteca é das 7 às 21 horas, não havendo bibliotecários, exceto o diretor da biblioteca,
que trabalha às 8 horas. Então, nesse trocar de turno recomenda-se que utilizem o quadro
branco para avisar, lembrar ou destacar algum acontecimento.
A sétima pergunta, questionava se a comunicação do IFMA com a biblioteca, e viceversa, era satisfatória. Ela nos relatou que existe sim e considera satisfatória na medida que a
biblioteca faz suas solicitações e são atendidas, assim como o IFMA informa sobre algum
procedimento que a biblioteca deverá realizar e eles acatam. Porém, ela faz uma ressalva que
a comunicação poderia ser melhor e por parte dos bibliotecários eles estão se empenhando
muito para serem ouvidos na instituição.
A oitava pergunta estava direcionada as transformações ocorrida ao longo dos anos, se
teve alguma mudança na estrutura organizacional da biblioteca. A entrevistada afirmou que
não, o que houve foi um aumento na verba para aquisição e seleção de materiais
bibliográficos, mas nos quesitos sobre qual seria o público, as mudanças da estrutura
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organizacional, entre outros aspectos, não foram comunicadas à direção da biblioteca. Como
a biblioteca não é especificamente universitária, especializada ou escolar por atender a um
público diversificado, respectivamente, do ensino superior, dos cursos técnicos e do ensino
médio, a bibliotecária a define como mista, pois não existe uma Política de Desenvolvimento
e Formação de Coleção especificada para cada segmento, o que existe é uma política geral
que tenta abordar esses segmentos. Ressalva a necessidade do Instituto possuir esses
diferentes espaços para poder desenvolver com mais eficiências seus serviços destinando a
um público específico.
A comunicação entre Instituição (IFMA) e biblioteca, também deve ser
considerada relevante, principalmente quando é perguntado a entrevistada se essa
comunicação é satisfatória, e se são estabelecidas parcerias para efetivação de algum projeto,
ou algo parecido, a mesma afirma que não, a comunicação não é satisfatória e que a biblioteca
não tinha muita voz dentro da instituição, e que só está conquistando seu espaço agora, mas
lentamente, e ainda não é suficiente. A biblioteca consegue, na maioria das vezes, o que
precisa, por exemplo, capacitação para os profissionais, custeio para a participação dos
mesmos em eventos, mas mesmo assim, com certa dificuldade.
Portanto, é importante perceber a formação da biblioteca para se chegar a uma
conclusão sobre sua formação organizacional, pois através da sua estrutura e hierarquização
dentro da instituição é possível chegar a resultados e conclusões acerca da mesma. Para tanto,
discute-se na próxima seção as conclusões sobre a biblioteca em estudo e qual visão se teve
6 CONCLUSÃO
A cultura e comunicação organizacional são importante cada um com suas
peculiaridades no melhor desenvolvimento da organização, nas tomadas de decisões, e no
relacionamento entre os indivíduos.
É fundamental conhecer suas características e principalmente seus elementos de
formação. A cultura organizacional forma-se da confluência de alguns fatores que tem sua
origem na autarquia da administração ou pela vivência dos funcionários cada um trazendo
consigo, seus valores, crenças, tradições, entre outros. Na comunicação organizacional a sua
utilização correta favorece que informações sejam circuladas na integra, não havendo ruídos
comunicacionais que muitas vezes interferem no desenvolvimento da organização e no
próprio convívio dos funcionários.
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O relatório proposto é fundamental, pois favorece conhecer o andamento desses
conhecimentos em uma organização educacional pública. Entende-se através do senso
comum, que por ser público não se trabalham com esses conceitos, por pensarem em estarem
estritamente ligadas às organizações capitalistas.
Percebe-se a aplicabilidade desses conceitos não somente no ambiente estudado,
biblioteca, mais na organização (IFMA) como todo. Por mais, que a bibliotecária entrevistada
demonstrasse conhecimento acerca dos temas relatou-nos da dificuldade da sua aplicação e da
sua deficiência, assim que assumiu o cargo de gestora, pois veio conhecer cultura e
comunicação organizacional quando adentrou na organização. Essa deficiência é advinda de
um currículo educacional de Biblioteconomia que não acompanhou as mudanças sociais da
área, como a tecnologia e a aplicação dos conhecimentos administrativos na Biblioteconomia
por não reconhecerem a biblioteca como uma organização.
Desta forma, tal pesquisa teve seu objetivo de analisar a cultura e a comunicação
organizacional da referida biblioteca, de forma a mostrar como ambas interagem e se
relacionam no processo de mudança, alcançado, mostrando como é importante a relação
desses dois mecanismos dentro da instituição e como a sua má aplicabilidade pode vir a
acarretar danos dentro do ambiente organizacional.
Para tanto, surge à necessidade de se desenvolver mais sobre conhecimentos de
gestão ainda na universidade, para que ao adentrar no espaço profissional, o bibliotecário
noção da sua atuação profissional na gestão de bibliotecas.
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Encontro Nacional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação.
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profissional temos e qual queremos ser?
19 a 25 de julho de 2015
FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO E INFORMAÇÃO FILOSÓFICA
GT 6 Livre / Apresentação oral
SILVA, Ingrid Fabiana de Jesus94
SANTOS, Fernando Bittencourt dos Santos95
RESUMO
Considerando que as áreas de Biblioteconomia, Ciência da Informação e Filosofia e suas
relações interdisciplinares podem influenciar na busca pelo conceito de Informação filosófica,
bem como fortalecer a discussão sobre Filosofia da informação, o presente trabalho apresenta
como objetivo: caracterizar a Filosofia da informação e a informação filosófica sobre a égide
da Ciência da Informação. Utilizou-se a metodologia exploratória, embasada por um
levantamento bibliográfico. Dessa maneira, com a realização do levantamento bibliográfico,
passamos a identificar conceitos, registrando-os no tempo, mostrando conceitos antigos e
proporcionando a criação de novos, em face da busca pela base conceitual da Filosofia da
informação e da informação filosófica. Espera-se que este trabalho contribua de maneira
significativa para as áreas de Biblioteconomia, Ciência da Informação e Filosofia, bem como
suscite outras discussões sobre o tema.
Palavras-chave: Filosofia da informação. Informação filosófica. Ciência da Informação.
ABSTRACT
Whereas the areas of Library, Information and Philosophy Science and its interdisciplinary
relationships can influence the search for the philosophical concept of information as well as
strengthen the discussion on information Philosophy, this paper presents the objective: to
characterize the information and Philosophy philosophical information under the aegis of
Information Science. Exploratory methodology, based on a literature review was used. Thus,
with the completion of the literature, we identify concepts, registering them in time, showing
old concepts and providing the creation of new, due to the search for conceptual basis of the
information philosophy and philosophical information. It is expected that this work will
contribute significantly to the areas of Library, Information Science and Philosophy, as well
as inspire other discussions on the subject.
Keywords: Philosophy of information. Philosophical information. Information Science.
1 INTRODUÇÃO
94
Graduada em Biblioteconomia e Documentação pela UFS/Campus de São Cristóvão. E-mail:
[email protected]
95
Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/Marília. E-mail: [email protected]
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A Biblioteconomia e a Ciência da Informação são historicamente ricas no que tange ao
estudo da informação, bem como dos produtos documentários dela decorrentes, sendo que
estas últimas apresentam a contribuição de outras interdisciplinas, tais como a Semiótica,
Sociologia, Ciência da Computação, Linguística, Filosofia, entre outras.
Dessa maneira, vimos que o homem em sua trajetória tentou reunir informações e
agregá-las para desenvolver o conhecimento. A Filosofia foi uma das áreas precursoras na
geração do conhecimento filosófico, e como subsídio para consolidação do conhecimento
científico, gerando produtos de informação que compuseram o acervo das bibliotecas da
Antiguidade.
O homem por natureza é um ser inconstante, um inventor permanente de si,
que acaba atingindo o seu meio constituído por ele mesmo, e ao longo da sua jornada
constrói bens denominados culturais, informacionais e tecnológicos, nos quais estes
últimos desenvolvem e permeiam a existência humana.
As transformações ocorridas em decorrência das várias revoluções e buscas por
melhorias, ao longo dos anos fizeram com que a sociedade implantasse meios que
facilitassem o uso da informação, convertendo-lhe em conhecimento, ou seja, uma:
“renovação do laço social” por parte do conhecimento.
Esta pesquisa parte-se da hipótese de que a interdisciplinaridade existente na
Biblioteconomia, Ciência da Informação e Filosofia, podem influenciar na busca pelo conceito de
informação filosófica, bem como fortalecer a discussão sobre Filosofia da Informação.
Em outros contextos a Filosofia vem sendo abordada na Biblioteconomia e na Ciência da
Informação, gerando a necessidade de estuda - lá de maneira mais profunda visualizando a criação
de novas áreas e conceitos com estas junções.
O interesse em desenvolver este trabalho de pesquisa, partiu-se da leitura de textos de
autores que abordam a temática, tais como: Floridi (2001), Robredo (2007), Braga (2013),
Ilharco (2004) e Francelin e Pellegatti (2004) e por se tratar de um tema pouco explorado no
universo da Biblioteconomia e Ciência da Informação96.
Como problema de pesquisa que norteia este trabalho, apresentamos o seguinte
questionamento:
a) Como a Filosofia da Informação e a informação filosófica são caracterizadas sob a
perspectiva da Ciência da Informação?
96
Pesquisa realizada nos periódicos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI), Bibliotecas
Digitais de Teses e Dissertações (BDTDs) e bases de dados referenciais da área de BCI.
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Este artigo apresenta como objetivo caracterizar a Filosofia da informação e a informação
filosófica sobre a égide da Ciência da Informação.
Apresenta como metodologia, a pesquisa exploratória, na qual Farias (2007, p. 30),
afirma que na maioria das pesquisas com caráter exploratório, é utilizado o levantamento
bibliográfico. Partindo-se da premissa de que a temática “não requer métodos e técnicas
estatísticas. [...] o processo e seu significado são os focos principais de abordagem” (GIL,
2002). Esta pesquisa apresenta-se como qualitativa quanto à sua abordagem.
Foram feitas buscas e leituras de publicações em revistas, livros e/ou meios eletrônicos
como as bases de teses e dissertações da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP e
da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações do Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia (IBICT) e na BRAPCI – Base de dados Referencial de artigos de
periódicos em Ciência da Informação.
2 FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO
A Filosofia da Informação começou a ser estudada por Luciano Floridi em 2001, o
qual conceituou o pensar filosófico da informação na sociedade e como a informação pode
mudar o doutrinar de determinados contextos sociais (REVOREDO, SAMLA, 2011). Dessa
maneira percebemos que a mesma vem de um questionamento formulado pelos novos campos
do saber, por meio uma expressão reflexiva do giro informacional que, no mundo
contemporâneo, designa as transformações ocorridas com o desenvolvimento das ciências e
tecnologias da computação, da comunicação e da informação, visando à ampliação dos
conceitos informacionais nestas áreas. Para Ilharco (2004, p. 4), “Historicamente a filosofia
da informação nasce da Filosofia da computação, mas nasce não como um dos seus ramos,
mas antes como a sua base mais vasta, profunda e fundadora”.
A questão base da Filosofia da Informação é a própria informação, não devemos nos
atrelar a compará-la a Filosofia da computação, pois nesta trabalhamos diretamente com os
meios tecnológicos e com aquela diretamente com os meios filosóficos e informacionais.
Assim estamos vendo surgir vários questionamentos e torno da informação, e dos seus
levantamentos. Para Ilharco (2004, p. 2) a Filosofia da informação é:
Um projeto destinado a consolidar numa área de investigação autônoma, uma série
vastíssima de problemas e de questões originados e relacionados
com emergência da chamada sociedade da informação. Em termos gerais ela
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é a colocação filosófica, sem pressupostos, rigorosa e radical da questão da
informação. Ela é a tentativa de pensar filosoficamente a informação: O que é
informação? O que é a informação? Quais as dinâmicas e modos de ser da
informação? O que distingue a informação doutros fenômenos que lhe são
associados, como a comunicação, os dados, o conhecimento, a ação, o ser, a
diferença? O que é que permite identificar, assumir ou pressupor determinada
manifestação, fenômeno ou evento como informação?
De acordo com Ilharco (2004, p. 2):
Podemos observar que a Filosofia da Informação é uma área relativamente nova e
que está à procura de seu reconhecimento formal como um campo de pesquisa
filosófica. Possui um grande potencial que é proporcionar uma reflexão de base, sob
uma mesma perspectiva de fundo, a informação, sobre os pressupostos, os métodos,
os problemas e as soluções de cada vez maiores parte das atividades científicas,
culturais, sociais e profissionais nas sociedades desenvolvidas.
A Filosofia da Informação encontrou espaço por parte da Ciência da Informação (CI),
quando ela resolveu ser aplicada aos objetos de estudos e de instrução da Filosofia,