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Entrevista: Bill Nitzberg da Altair
CORPORATE
Hardware ou
Cloudware?
A Altair produz aplicativos para sistemas de computação
de alto desempen (HPC) e também fornece serviços de
HPC através da nuvem. Perguntamos a Bill Nitzberg, diretor
técnico da divisão PBS Works da Altair, sobre as mudanças
no mercado e os benefícios da nuvem versus HPC.
por Joe Casad
Linux Magazine » Os principais produ-
tos da Altair são suas ferramentas de
software baseadas em simulação para
engenharia e design. No passado, vocês eram uma empresa de software
convencional, que vendia a outros
usuários software licenciado para
ser executado em sistemas locais – o
que ainda fazem, é claro. Mas o que
estão fazendo agora para enfrentar o
desafio da nuvem?
Bill Nitzberg » Ah a nuvem... Sou um
pouco cético. Deixe-me dizer primeiro
a minha visão do que é nuvem e, em
seguida, em que trabalhamos na nuvem.
De certa forma, a computação na nuvem é realmente nova, e de outra não é.
Desde os anos 1960 as pessoas queriam
conectar computadores em conjunto
para criar facilmente a ilusão de que
todos eles eram na verdade somente
um computador. E isso passou por várias interações – nos anos 1970 com a
computação distribuída, nos 1980 com
a rede de computadores, nos 1990 com
as estações de rede Sparc e computação
em cluster, e depois, na primeira década
de 2000, com a computação em grid – e
agora temos a computação em nuvem.
A grande imagem da computação na
nuvem, que deixa todo mundo super
animado, é muito mais centrada na
computação empresarial tradicional:
data center, email, web, aplicativos cor26
porativos. O impacto real e as grandes
oportunidades estão no lado do data center da nuvem. O data center típico, em
uma empresa qualquer, estará usando
umas duas máquinas para servidor de
emails com talvez 20% do tempo – ou
seja, 20% de utilização – gerando um
enorme desperdício. Consolidar isso é
uma grande oportunidade. O espaço da
HPC é um pouco diferente, e a Altair
trabalha nesse espaço. Computação
de alto desempenho significa trabalhar
em problemas realmente difíceis e com
toneladas e toneladas de computação
para fazer o trabalho. Tradicionalmente,
quem está fazendo HPC usa seus sistemas com 70%, 80% ou 90% de utilização ou mais. Assim, os benefícios da
consolidação não são tão significativos.
Mas o outro lado da nuvem é essa bela
e abstrata interface entre usuários e desenvolvedores, implementada como
portais. Então, quando você pensa em
nuvem no lado do negócio, realmente
não se importa com o que está por trás
da interface quando a acessa. Pode ser
um monte de gente, ou poderia ser um
monte de máquinas. Você não tem que
saber. E isso na verdade é o que mais se
leva do mercado de data center para o
mercado da HPC.
LM » Não é possível que isso leve
uma grande empresa a manter um
sistema interno de HPC funcionan-
do 24/7 com novos cálculos de 90%
a 95% de uso, e que talvez a nuvem
crie uma entrada no mercado para
empresas menores que não têm trabalho suficiente para manter um
sistema interno de HPC ocupado?
BN » Isso é absolutamente verdadeiro.
Se você é uma grande empresa, pode
construir uma infraestrutura interna
mais barata do que a fornecida pela
Google ou a Amazon para computação
de alto desempenho – ao que parece,
quando falo com as pessoas, algo em
torno da metade do custo. Se você é
um player pequeno, e só um mês do
ano – ou, digamos, dois meses do ano –
refaz alguma coisa onde só precisa usar
a computação HPC em dois meses do
ano, então realmente usar computação
HPC em nuvem é uma enorme vantagem comparando-se a tentar comprar
e manter seu próprio sistema.
LM » Visto que a interface é um
componente crítico, a Altair lançou dois produtos recentemente: o
Compute Manager e o PBS Desktop.
Como essas ferramentas se enquadram nesse conceito de uma interface para a nuvem?
BN » O Compute Manager na verdade
é nosso principal portal – nosso portal
da terceira geração – e nós aprendemos
bastante com ele. Achamos que ele faz
algumas coisas realmente originais. Para
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Entrevista com Bill Nitzberg | CORPORATE
os engenheiros, ele apresenta um fluxo de trabalho em relação aos tipos de
coisas que você precisa fazer. Eu quero
apresentar o meu trabalho, tenho alguns trabalhos em execução e quero
realmente monitorá-los, e não me refiro
apenas a ver quais estão sendo executados e quais não estão, mas estou falando
em poder clicar de todas as maneiras
nos dados que estão em execução no
dispositivo e dizer: “Ei, esta simulação
não está convergindo. Deixe-me mudar alguns parâmetros e reenviá-los”,
bem no meio de uma execução. Por
isso ele é realmente preparado para
lhe dar uma visão de sua simulação
sem expor todos os detalhes da ciência da computação e fazê-lo aprender
os meandros do Linux e do Windows.
Isso acontece do lado do usuário. Do
lado da administração, fatoramos várias
das partes administrativas de uma forma muito denotacional, basicamente
descritas em um arquivo XML, de uma
maneira muito portátil, de modo que
diferentes organizações possam de fato
compartilhar o que chamamos de definições de aplicativo, e assim só têm que
configurar coisas muito específicas do
local para um determinado conjunto
de aplicativos.
LM » E a ferramenta PBS Desktop?
BN » Quando estávamos construindo portais, não conseguimos decidir
se a melhor interface que poderíamos
apresentar aos nossos clientes era uma
interface web, que tem um grande número de vantagens, ou uma interface de
aplicativo mais no estilo de um iPhone
ou iPad. Então construímos o Compute
Manager como uma interface web e,
ao mesmo tempo, construímos o PBS
Desktop, que é um pouco mais despojado, mas também um pouco mais
fácil de usar, para ser executado como
um aplicativo cliente no Windows e
no Linux. E assim, por exemplo, uma
das coisas um pouco difíceis de fazer
com uma aplicativo web é arrastar e
soltar um arquivo no seu desktop, mas
isso é realmente fácil de fazer com um
aplicativo cliente. Portanto, se você está
Linux Magazine #91 | Junho de 2012
sentado em frente ao seu desktop Windows ou Linux, pode pegar um arquivo,
arrastar e soltar no PBS Desktop. Ele
reconhecerá automaticamente qual é
o aplicativo, preencherá todos os parâmetros e você pode apenas pressionar
“Go”. Então você volta novamente
mais tarde para verificar se tudo correu
bem. Quando a execução é feita, o PBS
Desktop automaticamente copia todos
os arquivos para você.
LM » O que você diria às pessoas
que estão pensando em entrar na
HPC agora e tentando decidir se querem seu próprio sistema HPC ou se
querem trabalhar em algum tipo de
ambiente baseado em nuvem?
BN » No mundo da HPC, cada
cliente é realmente único, por isso é
um pouco difícil elaborar uma regra
geral. Um problema é que se você está
entrando no mundo da HPC apenas
agora, se não tem muita experiência
com os aplicativos que está tentando
usar, isso é realmente mais importante
do que executá-los de fato, pois se você
está tentando projetar um novo widget,
de fato precisa saber sobre o software de
design de widget. Então, se você já passou desse limite, quer saber: devo usar
uma nuvem ou devo comprar meus
computadores? A única regra geral é:
você precisa fazer isso há algum tempo
para saber se está caminhando para se
adequar a um campo ou outro.
Se sua necessidade é realmente a
transferência ininterrupta de dados, é
um ajuste melhor para uma nuvem.
Estou verdadeiramente disposto a comprar metade de um rack de máquinas
e colocá-las em meu data center, pagando, digamos, de US$100.000,00 a
$250.000,00? Se você pode realmente
manter as máquinas ocupadas, vai economizar muito dinheiro fazendo isso.
Se não pode mantê-las ocupadas, vai
gastar muito dinheiro.
LM » Então você teria de começar a
trabalhar em algum tipo de base sob
demanda adquirindo alguma experiência com as ferramentas antes de
tomar uma decisão final?
BN » Se alguém chegasse até mim e
dissesse: “Estamos executando a suíte de
ferramentas Altair e queremos comprar
um cluster. Devemos fazê-lo?” Eu responderia: “Venha para o HyperWorks
on demand, experimente-o por um
mês, veja o quanto você está usando
e decida se faz sentido – se você está
usando o suficiente para que valha a
pena comprar um cluster ou não”.
LM » A Altair descreve o Compute
Manager como “...o primeiro bloco
fundamental no plano da Altair para
construir uma plataforma de simulação empresarial moderna baseada na
web.” Você pode contar o que será o
próximo bloco? Qual é o grande plano?
BN » Posso lhe dizer um pouco.
Vemos que há mais para o trabalho
de engenharia do que apenas apresentar o trabalho e obter resultados. E o
Compute Manager pode lhe permitir
ver os resultados e tirar uma amostra
do trabalho enquanto está sendo executado. Na engenharia, você quer
fazer muito mais. Você deseja gerenciar melhor seus dados. Você deseja
obter metadados sobre que tipo de
trabalhos está submetendo. Vamos
lentamente lançar ferramentas nesta área, dentro da suíte corporativa
HyperWorks. Também com relação
a resultados e visualização, é bom ser
capaz de extrair um dado e mostrá-lo
graficamente enquanto um trabalho
está sendo executado. Também seria
bom interagir com seus dados – talvez você não precise movê-los para
fora da nuvem, por exemplo, se estiver usando uma nuvem, você pode
visualizá-los ali mesmo.
LM » Qual o futuro do PBS Works
e da Altair?
BN » Este ano é realmente muito
empolgante para nós pelo fato de o
Compute Manager estar tendo uma
recepção melhor do que pensei que
teria. Então o futuro para nós é manter um foco muito maior em fazer as
coisas mais fáceis de usar para usuários finais, e o Compute Manager é
a nossa maneira de fazê-lo. ■
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