INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM HOTÉIS DO SEGMENTO DE LAZER E NEGÓCIOS EM FLORIANÓPOLIS Shirlei Aparecida de Chaves [email protected] Resumo Este trabalho de conclusão de curso objetivou a investigação da incorporação da Tecnologia da Informação nos hotéis do segmento de lazer e negócios de Florianópolis, filiados à ABIH-SC (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Santa Catarina). Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, realizada no período compreendido entre 15 de dezembro de 2004 e 31 de março de 2005, cujo objetivo geral foi o citado no início desse parágrafo. Outros objetivos da pesquisa foram: obter uma visão geral do hotel em termos de tempo de mercado, público alvo e mão de obra utilizada; analisar os investimentos e os processos de utilização em TI; investigar a satisfação da gerência de TI dos hotéis com a incorporação da Tecnologia da Informação. A pergunta de pesquisa foi se esses hotéis estariam utilizando TI apenas como suporte operacional. Dentre as descobertas dessa investigação pode-se se salientar que os dois principais papéis apontados para a TI nos hotéis são: aumentar produtividade e reduzir custos e automatizar tarefas; 77% dos hotéis não mantêm uma equipe responsável pela TI dentro da própria empresa; a maioria quase absoluta não planeja os gastos nessa área, além de que 59% não dispõem de um Planejamento Estratégico Empresarial, o que acarreta forte indício de que não há ações estratégicas articuladas para a área. Palavras – Chaves: tecnologia da informação, lazer e tecnologia da informação, hotéis. 1.Introdução Há meio século computadores faziam parte da realidade de poucas pessoas, em ambientes governamentais ou universidades. Em poucas décadas, a computação experimentou um salto tecnológico muito grande e hoje é difícil imaginar uma área da vida humana em que ela não esteja presente. Como não poderia deixar de ser, o setor empresarial, tão logo percebeu a oportunidade não só de negócios, mas também de alavancá-los e agilizar processos através do uso da mesma, passou a incorporá-la ao seu diaa-dia. Inicialmente foram automatizadas rotinas básicas da empresa, como folha de pagamento, cadastro de clientes e produtos, etc. Mais tarde, ela passou a ser incorporada à empresa como vantagem competitiva e hoje é discussão se Tecnologia da Informação (TI) ainda pode ser considerada dessa forma ou se já pode ser considerada como commodity1, pois praticamente todas as empresas do mercado investem recursos consideráveis na mesma (Beal,2003), (Karr, 2003). Muitas pesquisas a esse respeito são realizadas com grandes empresas brasileiras, a fim de traçar um perfil das mesmas com relação ao uso de TI. A pesquisa realizada nesse trabalho de conclusão de curso estudou a incorporação da TI nos hotéis do segmento de lazer e negócios de Florianópolis, filiados à ABIHSC. O tópico 2 desse artigo faz um breve relato da metodologia empregada, enquanto o tópico 3 apresenta os principais resultados. No tópico 4 são apresentadas as considerações finais e no 5 a bibliografia utilizada. 2. Metodologia utilizada A população escolhida para esta pesquisa foi o segmento de hotéis de lazer e 1 Aurélio: [Ingl., 'mercadoria'.] S. f. Econ. 1. Produto primário (q. v.), esp. um de grande participação no comércio internacional, como café, algodão, minério de ferro, etc. [Pl.: commodities.] Michaelis Escolar Ingles/Português: com.mod.i.ty [k2m¢6diti] n mercadoria, bem consumível. negócio, conforme pesquisa feita no site da ABIH-SC, em 22/04/2004. Nesta data, constavam 55 (cinqüenta e cinco) associados. Foram excluídos desta pesquisa aqueles estabelecimentos caracterizados como pousadas. Dessa forma a população ficou constituída por 46 hotéis. A coleta de dados foi realizada com o uso de questionário, aplicado através de entrevista individual com o gerente de TI dos hotéis pesquisados. Quando não havia esta figura na organização, o questionário foi aplicado com o responsável indicado pela gerência administrativa, sendo geralmente o próprio gerente administrativo ou proprietário. O questionário de coleta de dados foi prétestado com cinco hotéis da população em estudo, entre os dias 25 de novembro e 05 de dezembro de 2004. Após sua pré-testagem, foi aplicado aos demais hotéis da população, entre os dias 15/12/2004 e 31/03/2005. 3. Principais resultados A definição de Tecnologia da Informação adotada no trabalho é a entendida por Amaral (2000): “Numa perspectiva estritamente tecnológica, é o conjunto de equipamentos e suporte lógico (hardware e software) que permitem executar tarefas como aquisição, transmissão, armazenamento, recuperação e exposição de dados. Pode ser definida também como um conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos de computação”. (p. 10) Pacheco (2000) afirma que as empresas não sobrevivem nos dias atuais sem o uso de tecnologia de informação (TI), dentro da qual se tem o uso dos computadores como ferramentas poderosas para auxiliar tanto no desenvolvimento das tarefas organizacionais rotineiras como no alcance da vantagem competitiva e/ou prestação de serviços ao cidadão. Dos hotéis pesquisados, a média é de 13,36 computadores por hotel. Para Drucker (2003), o computador tem sido para a Revolução da Informação o que o motor a vapor foi para a Revolução Industrial: seu gatilho, mas acima de tudo, seu símbolo. Ele acredita que a Revolução da Informação está hoje no mesmo estágio em que esteve a Revolução Industrial nos seus primeiros cinqüenta anos: “... em seu primeiro meio século a Revolução Industrial mecanizou somente a produção de bens que já existiam anteriormente. Ela elevou incrivelmente a produção e reduziu incrivelmente os custos. Criou consumidores e produtos de consumo. Mas os produtos em si já existiam. (p.18) (...) ...até agora a revolução da informação- isto é, desde os primeiros computadores, em meados da década de 1940 somente transformou processos que já existiam...”(p.19). Muitos dos processos, senão a maioria, amparados pela Tecnologia da Informação hoje já existiam e foram rotinizados, automatizados. Existem hoje softwares para folha de pagamento, controle de estoque, fornecedores, cadastro de clientes, etc. Os hotéis pesquisados foram questionados a respeito do papel da TI para os mesmos e a maioria citou mais de um. Os mais indicados foram automatizar produtividade e reduzir custos, com 71,8% de indicações, e automatizar tarefas, com 59%, indicando o emprego centrado no processo de rotinização, automação e agilização de tarefas. Para Rezende (2002) “é inquestionável que a TI pode desempenhar um papel estratégico na organização, participando ativamente dos processos e estratégias dos negócios, gerando resultados efetivos, agregando valores aos produtos e/ou serviços, promovendo a inteligência competitiva e empresarial” (p.85). Para tal, no entanto, é necessário um planejamento da TI, isto é, um Planejamento Estratégico da TI (PETI) e também um Planejamento Estratégico Empresarial (PEE) e que ambos sejam integrados. 59% dos hotéis pesquisados não possui PEE. 35,9% não possui uma forma de mensurar o retorno dos investimentos em TI e 56,4% indicaram a agilidade na execução dos processos do hotel como forma de medir esse retorno. A grande maioria dos hotéis está satisfeita com o retorno dos investimentos. Uma das grandes vantagens do uso da TI, é ter nela o uso dos computadores como ferramentas poderosas para se auxiliar no desenvolvimento das tarefas organizacionais. Sendo usado como método de mensuração a agilidade, conforme citado anteriormente, esse retorno pode ser facilmente percebido. 82% dos hotéis da população informaram que não definem orçamentos para investimento em TI e 84,6 % indicaram utilizar TI de forma reativa, reforçando a idéia de que o uso da mesma é para solucionar problemas imediatos, situações corriqueiras e sem um prévio planejamento. Quanto à mão-de-obra utilizada, 71,8% não possui uma equipe interna responsável pela TI. Pôde-se observar também que a maioria dos hotéis terceiriza funções de TI e que as funções com maior freqüência de terceirização são as mais tradicionais, como suporte técnico, gerenciamento de redes e telecomunicações. Dos 31(trinta e um) hotéis que terceirizam funções de TI, apenas 3 não terceirizam suporte técnico, ao passo que 15 (quinze) deles terceirizam duas ou mais funções de TI. 4. Considerações finais Dos 46 (quarenta e seis) hotéis da população inicial de pesquisa, 2 (dois) encerraram suas atividades. Nos demais, 5 (cinco) hotéis se mostraram inacessíveis. Várias tentativas de contato foram realizadas, tais como contato telefônico para agendar entrevista, visitas pessoalmente para conversar com o responsável ou agendar, entre outras, mas nenhuma com sucesso. Após essas inúmeras tentativas, optouse por deixá-los de fora da pesquisa, por questões financeiras e de tempo. Porém, baseada em observações empíricas, através da Internet, folders de propaganda do hotel, a autora considera que esses cinco hotéis apresentam as mesmas características dos demais que foram pesquisados, não causando assim prejuízo significante à representatividade dos hotéis efetivamente pesquisados. Pôde-se perceber, ao término do trabalho, que os hotéis pesquisados utilizam a Tecnologia da Informação como suporte operacional, deixando dessa forma de utilizar todo o potencial que a mesma pode oferecer à empresa. Muitos dos hotéis, no entanto, se mostraram receptivos à pesquisa e percebeu-se neles um campo fértil não só para adoção de novas tecnologias, mas para testes de projetos pilotos. 5. Referências Bibliográficas DRUCKER, Peter F. A profissão Administrador São Paulo: Pioneira, 1998. do ________________. A Administração na Próxima Sociedade. Tradução de Nivaldo Montigelli Jr. São Paulo: Nobel, 2003. PACHECO, Roberto C.S.; TAIT, Tânia Fátima Calvi. Tecnologia da Informação: Evolução e Aplicações. Revista Teoria e Evidência Econômica. Passo Fundo, v.8, n.14, p.97-113, maio 2000. Disponível em: http://www.upf.br/cepeac/download/artigo06_14.p df Acessado em: 11/02/2005. REZENDE, Denis Alcides. Alinhamento do planejamento estratégico da tecnologia da informação ao planejamento empresarial: proposta de um modelo e verificação da prática em grandes empresas brasileiras. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção – Gestão da Tecnologia da Informação) Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002