RESUMO DA AULA 09: O contexto histórico e a linguagem do
Arcadismo
1.
2.
CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO OU NEOCLASSICISMO.
a.
O arcadismo constitui-se numa forma de literatura mais simples,
opondo-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso pela
expressão latina "inutilia truncat" ("cortar o inútil").
As situações mais frequentes apresentam um pastor
abandonado pela amada, triste e queixoso. É a "aurea
mediocritas" ("mediocridade áurea"), que simboliza a
valorização das coisas cotidianas, focalizadas pela razão.
Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da
natureza, refletida através da tradição clássica. Por isso a
presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.
Inspirados na frase do escritor latino Horácio "fugere urbem"
("fugir da cidade"), e imbuídos da teoria do "bom selvagem" de
Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades voltam-se para a
natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do
"locus amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros
urbanos dominados pelo Antigo Regime, pelo absolutismo
monárquico.
Utilizavam também o "fingimento poético" fato que transparece no
uso dos pseudônimos pastoris, como forma de criar um quadro
idealizado da vida simples e aprazível.
diante da efemeridade da vida, defendem o "carpe diem", pelo qual
o pastor, ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a
gozar o momento presente.
Valorização da vida no campo (bucolismo)
Crítica a vida nos centros urbanos
c.
d.
e.
f.
g.
h.
Objetividade
Idealização da mulher amada
3.
O ARCADISMO NO BRASIL
INTRODUÇÃO: contexto histórico e cultural do século XVIII
O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século
XVIII, razão por que também é denominada como setecentismo ou
neoclassicismo. O nome "arcadismo" é uma referência à Arcádia, região
campestre do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de inspiração
poética. No Brasil, esse estilo literário surge no momento em que a
Colônia buscava sua emancipação dos laços lusitanos. Foi um período de
intensa agitação política e social, visto que as ideias do Iluminismo e de
revoltas nativistas se intensificavam na Colônia. O século XVIII, também
referido como “Século das Luzes”, representa uma fase de importantes
transformações no campo da cultura europeia. Na Inglaterra e na França
forma-se uma burguesia que passa a dominar economicamente o Estado,
através de um intenso comércio ultramarino e da multiplicação de
estabelecimentos bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da
atividade agrícola. Paralelamente, a antiga Nobreza arruína-se, e o Clero,
com as suas intermináveis polêmicas, traz o descrédito às questões
teológicas. Em toda a Europa a influência do pensamento Iluminista
burguês se alastra. Na França, em 1751, começam a ser publicados os
volumes da Enciclopédia, que reunia pensadores como Voltaire, Diderot,
D'Alembert, Montesquieu, Rousseau, e que pode ser considerada o
símbolo da nova postura intelectual. A segunda metade do século é
marcada pela Revolução Industrial na Grã-Bretanha, pelo aumento da
urbanização de modo geral, e pela independência dos Estados Unidos
(1776). Esta, por sua vez, irá inspirar movimentos de revolta em muitas
colônias da América Latina como por exemplo a Inconfidência Mineira, no
Brasil. Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como
arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a
lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pã e habitada por pastores que,
vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo
disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer. Os italianos, procurando
imitar a lenda grega, criaram a "Arcádia" em 1690 - uma academia literária
que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir
os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como
simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e
pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para
gozar a vida natural. Em Portugal e no Brasil, a experiência neoclássica na
literatura deu-se em torno dos modelos do arcadismo italiano, com a
fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente
campestre, etc.
b.
i.
j.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
79
O eixo do Brasil-colônia se deslocara do nordeste para a região
centro-sul, mais precisamente Rio de Janeiro e, especialmente, Vila Rica,
atual cidade mineira de Ouro Preto. Esse deslocamento deu-se com o
declínio da produção açucareira no Nordeste e ao desenvolvimento do
ouro e do diamante em Minas Gerais. Essa intensa atividade econômica
deu ensejo ao aparecimento da vida urbana. Os poetas árcades brasileiros
estudaram em Portugal e de lá trouxeram ideais libertários que
fervilhavam pela Europa inteira. Alguns desses poetas viriam a participar
da Inconfidência Mineira. Portanto, o Arcadismo no Brasil desenvolveu-se
concomitantemente ao chamado ciclo do ouro, em Minas Gerais e teve
em Vila Rica (atual Ouro Preto) seu principal centro de difusão. Alguns de
seus integrantes estiveram ligados à Inconfidência Mineira, principal
evento político do século 18 no Brasil. A descoberta do ouro na região de
Minas Gerais, em fins do século XVII, significa o início de grandes
mudanças na sociedade colonial brasileira. A corrida em busca do metal
precioso desloca para serras, até então desertas, uma multidão de
aventureiros paulistas, baianos e, em seguida, portugueses. A abundância
do ouro gera extraordinária riqueza e os primeiros acampamentos de
mineiros transformam-se rapidamente em cidades. Um esquema de
abastecimento para as minas é organizado por tropeiros paulistas.
Sorocaba, no interior de São Paulo, torna-se o maior centro de transporte
das tropas de gado vacum e muar para Minas Gerais. Ali realiza-se uma
grande feira, entre maio e agosto, onde se encontram vendedores e
compradores de animais e mantimentos. São paulistas ainda os que
avançam cada vez mais para o Sul. Primeiro, desenvolvem roças e
fazendas de criação bovina na região de Curitiba. Depois, irrompem nos
campos da serra e no pampa rio-grandense para capturar o gado que vivia
em liberdade (milhões e milhões de cabeças). Este sistema de
abastecimento das cidades mineiras - já que nada se produzia nelas integra e unifica as várias regiões do Brasil, criando a noção de que
poderíamos constituir um país. Por outro lado, a leva de habitantes do
reino, que aqui chega, impõe a língua portuguesa como a língua básica,
desalojando a "língua geral", baseada no tupi, e que imperava nos sertões
e entre os paulistas. Desta forma, adquire-se também uma unidade
linguística. O ouro parece ser suficiente para todos. Enriquece os mineiros,
os comerciantes, os tropeiros e, acima de tudo, o reino português.
Centenas de toneladas do precioso metal são levadas para o luxo, o
desperdício e a ostentação da Corte. Parte considerável deste ouro vai
parar na Inglaterra, financiando a Revolução Industrial, na medida em que
o domínio comercial dos ingleses sobre a economia portuguesa era
absoluto. Contudo, a partir da segunda metade do século XVIII, a produção
aurífera começa a cair e as minas dão sinais de esgotamento.
LITERATURA
EXERCÍCIOS DE SALA
EXERCÍCIOS DE CASA
O soneto a seguir serve de apoio para responder as questões 01 e
02.
03) Os versos acima são exemplos:
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino.
a) do espírito harmonioso da poesia arcádica.
b) do estilo tortuoso do período barroco, marcado pelo abuso de
rebuscamentos.
c) do refinamento e da ostentação da poesia de Gregório de Matos.
d) do intento nacionalista na poesia romântica do século XIX..
e) do humor e do lirismo dos poetas neoclássicos do século XVIII.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
04) (Ufv) Considere as afirmações a respeito do Arcadismo brasileiro.
Todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) Foi o movimento literário que se desenvolveu no século XVIII, quando o
"saber" assumiu uma importância fundamental.
b) Confirmou um dos princípios ideológicos do Iluminismo, por uma forte
preocupação com a ciência e com o raciocínio.
c) Sob o ponto de vista literário reagiu contra o Barroco, retomando a
simplicidade e o bucolismo dos clássicos.
d) Empreendeu uma minuciosa análise do personagem, revelando-nos
claramente os traços de seu corpo e de sua alma.
e) Vivenciou uma expressiva transformação social, sendo fortemente
marcado pelos ideais político-filosóficos do enciclopedismo francês.
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,
Aqui descanse a louca fantasia,
E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia
dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
01) Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de
Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu
interlocutor.
a) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v.1)
b) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v.5)
c) “Os meus fiéis, meus doces companheiros,” (v.6)
d) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v.7)
e) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,” (v.11)
02) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os
elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a
opção correta acerca da relação entre o poema e o momento
histórico de sua produção.
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são
imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta
se vestiu com traje “rico e fino”.
a) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema,
revela uma contradição vivenciada pelo poetadividido entre a civilidade do
mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do
Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma
representação literária realista da vida nacional.
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira
estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica
paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está
representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe,
à transformação do pranto em alegria.
05) (Mackenzie) Assinale a alternativa que NÃO apresenta um trecho do
Arcadismo brasileiro.
a) "Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;"
b) "Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci! oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!"
c) "Musas, canoras musas, este canto
Vós me inspirastes, vós meu tenro alento
Erguestes brandamente àquele assento
Que tanto, ó musas, prezo, adoro tanto."
GABARITO DE SALA
01. A
02. A
GABARITO DE CASA
03. A
04. D
05. D
d) "Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões que me arrastava,
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!"
e) "Não vês, Nise, este vento desabrido,
Que arranca os duros troncos ? Não vês esta,
Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta,
Entre o horror de um relâmpago incendido?"
Sou Pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
80
LITERATURA
RESUMO DA AULA 10: a poesia lírica e satírica do Arcadismo brasileiro
Cláudio Manoel da Costa (o Glauceste Satúrnio),
advogado, magistrado e poeta, nasceu em Vila do Ribeirão do
Carmo (hoje Mariana), Minas Gerais, em 5 de junho de 1729. Após
seus primeiros estudos com os jesuítas, no Rio de Janeiro, vai, em
1749, para a Universidade de Coimbra para estudar Direito. Nessa
época, entrou em contato com os ideais iluministas e absorveu o
clima das primeiras manifestações do Arcadismo. Retornou ao
Brasil em 1754, trabalhando como advogado em Vila Rica, Minas
Gerais. Em 1768, lançou seu livro de poesias, „Obras‟, fundando a
Arcádia Ultramarina. Por ter participado como um dos líderes da
Inconfidência Mineira, foi preso quando o movimento foi sufocado.
Submetido
a
interrogatórios,
fez
algumas
declarações
comprometedoras sobre seus amigos, entre eles Tomás Antonio
Gonzaga. Foi encontrado morto, enforcado, em Ouro Preto, Minas
Gerais, no dia 4 de julho de 1789, não se sabendo se cometeu
suicídio ou se foi assassinado.
Glauceste Satúrnio
O poeta árcade usava o pseudônimo de Glauceste Satúrnio em
seus poemas bucólicos: sonetos, cantatas, romances e éclogas, que
compõem "Obras". Várias são as pastoras a quem o eu lírico se refere,
sem, no entanto, jamais alcançá-las. Com uma cultura humanística
evidente, escrevia ao estilo petrarquiano, ou seja, por meio de fórmulas de
composição que se valem de organizações sistemáticas de frases e ritmos,
sempre tendo a natureza como testemunha ou aliada. Sua poesia é rica e
elegante, sem banalidades e ostentações. É considerado o nosso poeta
neoclássico mais completo, pois ainda que nem sempre tenha realizado a
melhor poesia, tinha clareza de como deveria ser feita, como revela no
Prólogo já citado: "É infelicidade que haja de confessar que vejo e aprovo
o melhor, mas sigo o contrário na execução". Apresenta em muitos de
seus textos uma forte influência da paisagem de sua terra natal Mariana,
MG. Sua musa inspiradora, Nise, é considerada a musa mais cruel do
Arcadismo, pois ela nunca atende aos apelos do pastor Glauceste.
Tomás Antônio Gonzaga nasceu no Porto, em 1744. Órfão de
mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro,
para Pernambuco em 1751 e depois para a Bahia. Aí estudou no Colégio
dos Jesuítas e, em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito. Durante
alguns anos, foi juiz de fora em Beja (Portugal).
Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado ouvidor de Vila
Rica e um ano depois conheceu a adolescente Maria Joaquina Dorotéia de
Seixas Brandão, a pastora Marília, imortalizada em sua obra lírica, por
quem se apaixonou e chegou a ficar noivo. Pobre e bem mais velho que
ela, sofreu oposição da família. Tornou-se amigo, entre outros, de Cláudio
Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. Embora não acreditasse nas
aspirações sonhadoras dos amigos, ofereceu sua casa para as reuniões do
grupo.
Sua implicação na revolta de Minas parece ter sido fruto de
calúnias arquitetadas por seus adversários. Apesar do pequeno papel
nesse evento, foi preso como inconfidente e condenado ao exílio em
Moçambique, em 1792. Na África, recupera a fortuna e a influência
perdidas e morre, provavelmente em 1810.
Embora tenha escrito alguns poemas antes da estada em Vila
Rica e apesar de ter produzido algumas obras menores durante o exílio,
como o poemeto épico A Conceição, foi durante o curto período vivido em
Minas Gerais que Gonzaga produziu alguns dos mais significativos poemas
do arcadismo luso-brasileiro. Apaixonado pela jovem Maria Joaquina
Dorotéia de Seixas, Gonzaga dedicou-lhe os poemas líricos de Marília de
Dirceu, em que se retrata como Dirceu e à amada como Marília. O
estudioso Rodrigues Lapa provou serem dele também as Cartas Chilenas,
conjunto de poemas anônimos que satirizavam o governador Luís da
Cunha Menezes, seu desafeto.
Tomás Antônio Gonzaga, cujo nome arcádico é Dirceu, escreve
poesias líricas (Marília de Dirceu), com temas pastoris e de galanteio em
que o eu lírico está sempre na fala de uma personagem. Nelas, Dirceu se
dirige à amada, a pastora Marília. As liras à sua pastora refletem a
trajetória do poeta, na qual a prisão atua como um divisor de águas. Antes
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
81
do encarceramento, num tom de felicidade, canta a ventura da iniciação
amorosa, a satisfação do amante, que, valorizando o momento presente,
busca a simplicidade e o refúgio na natureza amena, que ora é europeia,
artificial, virginiana e ora mineira. Depois da reclusão, num tom trágico de
desalento, canta o infortúnio, a justiça, o destino e a eterna consolação no
amor de Marília. São compostas em redondilha menor ou em decassílabos
quebrados. Expressam simplicidade e gracioso lirismo íntimo, decorrentes
da naturalidade e da singeleza no trato dos sentimentos e da escolha
linguística. Demonstram subjetivismo intenso, revelando algo novo
naquela época fria e formal do vazio arcádico. Ao delegar posição poética
a um campesino, sob cuja pele se esconde um elemento civilizado,
Gonzaga cai em contradições, ora assumindo a postura de pastor, ora a de
burguês.
As Cartas Chilenas correspondem a uma coleção de doze
cartas, assinadas por Critilo e endereçadas a Doroteu, residente em Madri.
Critilo, habitante de Santiago do Chile (leia-se Vila Rica), narra os
desmandos despóticos e narcisistas do governador chileno, o Fanfarrão
Minésio (leia-se, Luís da Cunha Meneses). São poemas satíricos, em versos
decassílabos brancos, que circularam em Vila Rica poucos antes da
Inconfidência Mineira. Revelando seu lado satírico, num tom mordaz,
agressivo, jocoso, pleno de alusões e máscaras, o poeta satiriza
ferinamente a mediocridade administrativa e os desmandos dos
componentes do Governo. Por muito tempo, discutiu-se a autoria das
Cartas Chilenas. Após estudos comparativos da obra com cada um dos
elementos do "Grupo Mineiro", possíveis autores, concluiu-se que o
verdadeiro autor é Gonzaga e que Critilo é ele mesmo e Doroteu, Cláudio
Manuel da Costa.
ANOTAÇÕES
LITERATURA
EXERCÍCIOS DE SALA
EXERCÍCIOS DE CASA
01) Com relação à obra Marília de Dirceu, assinale o item FALSO:
04) Com relação ao texto, pode-se afirmar que, EXCETO:
a)- a obra é dividida em 2 partes: na primeira, temos a quebra do
convencionalismo clássico ao afastar-se da contenção emocional
b)- seu autor, preocupou-se na obra em retratar seu sentimento pela
mulher amada, numa postura racionalista e patriarcalista, especialmente
na parte inicial do poema
c)- a obra é um monólogo com estrutura de diálogo, só quem fala na é o
“pastor” Dirceu que se apresenta com uma forte exortação à mulher
amada
d)- o poeta estrutura sua poesia em liras que expressam sua filosofia de
vida epicurista
e)- a obra relaciona-se com a vida do autor, fazendo com que em parte, se
afaste do convencionalismo árcade
Leia com atenção o texto abaixo, do poeta árcade Cláudio Manoel da
Costa:
ALTÉIA
Aquele pastor amante,
Que nas úmidas ribeiras
Deste cristalino rio
Guiava as brancas ovelhas;
Aquele, que muitas vezes
Afinando a doce avena,
Parou as ligeiras águas,
Moveu as bárbaras penhas;
a)- apresenta aspectos característicos do estilo árcade, como o bucolismo
e o uso de pseudônimos
b)- apresenta perfeição formal, a rigidez dos versos que se influenciam
pelo estilo clássico
c)- na estrofe inicial do poema, o amanhecer é descrito através de uma
linguagem rebuscada, que mantém relações com a estética barroca
d)- o texto oscila em dois polos: o “ver” e o “sentir”, bem delineado em
duas partes do texto
e)- o texto apresenta uma contenção emocional, característica típica do
estilo árcade
05) O crítico Antônio Cândido afirma a respeito de Tomás Antônio
Gonzaga:
“Em Gonzaga, é interessante o contraste entre as precauções
mitológicas com que celebra a mulher e o senso de realidade com
que a integra no panorama da vida. Mas de uma lira é votada à
tarefa quase didática de mostrar à bem amada a naturalidade do
amor, mostrando-lhe a ordenação das coisas naturais. E, por outro
lado, valorizar a noção civil da vida social, salientando a nobreza
das artes da paz, o falso heroísmo da violência, a ordem serena da
razão.”
Para se exemplificar o contraste referido no trecho acima, será necessário
confrontar liras de MARÍLIA DE DIRCEU em que a amada do poeta:
Sobre uma rocha sentado
Caladamente se queixa:
Que para formar as vozes
Teme que o ar as perceba.
02) Assinale a alternativa incorreta:
a)- o poema exemplifica o bucolismo e o pastoralismo típicos da poesia
árcade
b)- a natureza convencional aparece como cenário para a vida dos
pastores
c)- a linguagem é simples, sem a sobrecarregada ornamentação barroca
d)- há no poema descrição estereotipada de elementos da natureza
e)- o tema predominante é o do Carpe Diem - desejo de fruição dos
prazeres diante da fugacidade da vida
03) (UFPB-98)- Na poesia arcádica ou neoclássica, NÃO se encontra:
a)- a influência das ideias iluministas
b)- a valorização do campo em detrimento da cidade
c)- a ênfase na interpretação subjetiva da realidade
d)- o retorno aos ideais greco-latinos
e)- a adoção de pseudônimos pelos poetas, que se figuravam pastores
O texto que se segue pertence a um poeta do período Colonial da
literatura brasileira. Leia-o com atenção para em seguida analisar as
questões propostas:
a)- se apresente, numa, como maliciosa personagem de sátira; na outra,
com os traços ingênuos de uma camponesa rústica
b)- aparece, numa, ainda figurada nos moldes da expressão barroca; na
outra, já representada com erotismo dos futuros românticos
c)- consagre, numa, a visão idealizada do amor platônico; na outra, a
imagem da mulher arrebatada pelas paixões
d)- seja caracterizada, numa, ao modo das Nises, Amarílis, Anardas; na
outra, como a canônica pastora de um campo da Arcádia
e)- surja representada, numa, dentro da pura convenção pastoral; na
outra, como esposa feliz de um estado proprietário
Leia com atenção:
“Porém se os justos céus, por fins ocultos,
então tiranos mal me não socorrem,
verás então que os sábios,
bem como vivem, morrem.
Eu tenho um coração maior que o mundo.
Tu, formosa Marília, bem o sabes
um coração, e basta,
onde tu mesma cabes.”
Tomás A. Gonzaga
06) Esse fragmento, pertencente às liras de MARÍLIA DE DIRCEU, mostra
a seguinte característica da poesia de Gonzaga:
Já rompe, Nise, a matutina Aurora
O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do sol a face pura,
Tinha escondido a chama brilhadora.
a)- a fruição dos prazeres da vida – Carpe Diem
b)- a idealização dos lugares amenos – Locus Amenus
c)- um certo lirismo lamuriento, pré – romântico, mas submetido à
disciplina e sobriedade Neoclássica
d)- a rejeição ao rebuscamento barroco – Inutilia Truncat
e)- a busca, no campo, da beleza e da simplicidade – Fugere Urbem
Que alegre, que suave, que sonora,
Aquela fontezinha aqui murmura!
E nestes campos cheios de verdura
Que avultado o prazer tanto melhora!
GABARITO DE AULA
01. A
02. E
03. C
Só minha alma em fatal melancolia,
Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda que coisa é alegria;
GABARITO DE CASA
4. E
5. E
6.E
E a suavidade do prazer trocada,
Tanto mais aborrece a luz do dia,
Quando a sombra da noite mais lhe agrada.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
82
LITERATURA
NO BRASIL
AULA 11: Romantismo, a arte da emoção e do sentimento de liberdade –
a idealização a fantasia da sociedade burguesa.
CONTEXTO HISTÓRICO
O Romantismo foi um movimento artístico ocorrido na
Europa por volta de 1800, que representa as mudanças no plano
individual, destacando a personalidade, sensibilidade, emoção e os
valores interiores. Atingiu primeiro a literatura e a filosofia, para
depois se expressar através das artes plásticas. A literatura
romântica, abarcando a épica e a lírica, do teatro ao romance, foi
um movimento de vanguarda e que teve grande repercussão na
formação da sociedade da época, ao contrário das artes plásticas,
que desempenharam um papel menos vanguardista. A arte
romântica se opôs ao racionalismo da época da Revolução
Francesa e de seus ideais, propondo a elevação dos sentimentos
acima do pensamento. Curiosamente, não se pode falar de uma
estética tipicamente romântica, visto que nenhum dos artistas se
afastou completamente do academicismo, mas sim de uma
homogeneidade conceitual pela temática das obras. A produção
artística romântica reforçou o individualismo na medida em que
baseou-se em valores emocionais subjetivos e muitas vezes
imaginários, tomando como modelo os dramas amorosos e as
lendas heroicas medievais, a partir dos quais revalorizou os
conceitos de pátria e república (no caso específico da Europa, pois
no Brasil a República ainda não tinha sido proclamada). Papel
especial desempenharam a morte heroica na guerra e o suicídio
por amor.
Os responsáveis pela Revolução Francesa tinham , ao promovê-la, pelo
menos dois objetivos principais:
1) a expansão do Comércio através da implementação de novos meios de
produção que colocassem mais produtos no mercado em menor tempo ( e
a Revolução Industrial é consequência disso) para aumentar o consumo e,
por conseguinte, a riqueza dos comerciantes
(BURGUESIA), que até então estavam sufocados pelo Estado Absolutista,
cujas leis não permitiam tal expansão; em outras palavras: introduzir o
LIBERALISMO ECONÔMICO (CAPITALISMO);
2) a queda do poder absoluto, passando o exercício do poder ao povo
através de seus representantes políticos (DEMOCRACIA) e promover a
República.
Com a Revolução Francesa, alguns dos ideais revolucionários se
concretizaram: a burguesia tornou-se mais rica, embora os integrantes
dessa classe se reduzissem a cada dia: a competição, a livre iniciativa, a
liberdade de mercado, etc, fizeram com que os mais ricos fossem, pouco a
pouco, adquirindo as riquezas dos não tão ricos.O aumento do capital deu
à já não tão numerosa classe burguesa PODER ECONÔMICO suficiente
para que ela passasse a comandar a "sociedade inteira", ou seja, o poder
econômico deu à burguesia PODER POLÍTICO e SOCIAL: a burguesia passa a
ser, nessa época, a CLASSE DOMINANTE na sociedade.
Napoleão Bonaparte é, na França e nos países de seu Império, quem
melhor garante à burguesia o lugar de classe dominante na sociedade.
Apesar de rica e poderosa, a burguesia da época não é culta (ao contrário);
com seu dinheiro e poder, essa classe passa a PATROCINAR uma literatura
que substitui a arcádica (principalmente por causa de seu preciosismo
vocabular) e que tem que ter os seguintes ingredientes:
. linguagem simples , de fácil entendimento;
. temas variados, desenvolvidos em textos repletos de ação, suspense e
emoção;
. personagens nobres, burguesas, caracterizadas através de dados
positivos, para que os leitores chegassem à conclusão de que a burguesia
era a única classe merecedora do poder , ou seja, uma obra literária
veículo de uma IDEOLOGIA que garantisse a manutenção da burguesia no
poder.
Em decorrência desse "desejo", surge o ROMANCE , uma narrativa
literária com todos os ingredientes acima citados. Inicialmente, o romance
é entregue quinzenalmente nas casas dos
leitores sob a forma de folhetins e em capítulos; a leitura desses folhetins
é uma das principais diversões da época: é motivo de reuniões sociais; no
final de cada capítulo, há sempre uma cena que serve de "gancho"para o
capítulo seguinte, para que os leitores desejem ardentemente receber o
próximo folhetim.Com o ROMANCE, surge o ROMANTISMO.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
83
O Brasil do início do século XIX foi palco de várias
transformações que contribuíram de forma decisiva para a
formação de uma verdadeira identidade nacional e,
consequentemente, uma literatura com características mais
brasileiras. A chegada da família real portuguesa em 1808 já era
um indício de que aquele seria um século de profundas mudanças
na estrutura política, econômica e cultural do país. D. João VI,
através de medidas importantes visando o desenvolvimento
nacional, abriu os portos para comércio com o mundo, o que
significava a fácil entrada de novas tendências culturais,
principalmente europeias. Além disso, criou novas escolas,
bibliotecas e museus, e deu incentivo à tipografia, que implicou a
impressão de livros, até então feitos em Portugal, e a edição de
jornais. O eixo político-econômico-cultural do Brasil sai então de
Minas Gerais para ganhar as portas da realeza no Rio de Janeiro,
onde nasce um público consistente de leitores principalmente
formado de mulheres e jovens estudantes, provenientes da classe
burguesa em ascensão.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA LITERATURA ROMÂNTICA
1. Subjetividade.
2. Culto do EU.
3. Individualismo e liberdade de expressão.
4. Sentimento nacionalista.
5. Idealização da vida e da realidade.
6. Valorização do amor.
7. Insatisfação com o mundo.
8. busca pelas forças inconscientes da alma, como a imaginação e os
sonhos.
9. É o coração acima da razão humana, que leva ao amor idealizado e
puro
10. Religiosidade.
11. Retorno à Idade Média.
12. Insatisfação, a depressão e a melancolia em relação ao mundo
incompreendido - o "mal-do-século".
13. A fuga, a busca pela morte, pelos ambientes exóticos.
14. Evasão no tempo e no espaço.
15. Tedio, desilusão adolescente.
No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se principalmente
nos gêneros romance e poesia, mas houve também manifestações
no teatro, embora muito menos que os outros gêneros. O romance
estava em ascensão na Europa e não tardou a fazer sucesso
também por aqui. Inúmeros jornais e folhetins traziam em suas
páginas as belas traduções de romances europeus de cavalaria ou
de amores impossíveis. Logo, toda uma gama de jovens escritores
brasileiros interessaram-se pelo gênero e especializaram-se nesse
tipo de literatura.
A PRODUÇÃO LITERÁRIA DO ROMANTISMO.
ESQUEMA DO ROMANTISMO
Ascensão
burguesia
da
 livre
concorrência
 vitória
do
capital industrial
 criação de escolas
 alfabetização geral
 desenvolvimento
imprensa
Revolução
Francesa
Implantação
definitiva
capitalismo
do
 liberalismo
jurídico,
filosófico, social
 democratização
da
vida política
da
NOVO
LEITOR
PÚBLICO
ROMANTISMO (Arte da burguesia em ascensão)
LITERATURA
EXERCÍCIOS DE SALA
EXERCÍCIOS DE CASA
04) (FEI - SP)- Assinale o item que contém somente características do
Romantismo.
01) (PUC/PR/PAES-2006) Assinale o único item incorreto.
São características do Romantismo:
A) Tendência patriótica e nacionalista.
B) Exagero na emoção e no sentimento.
C) Preocupação formal.
D) Reação aos modelos clássicos.
E) Idealização.
Alternativa C.
02) (UFAC-2007) A poesia Romântica desenvolveu-se em três
gerações: Nacionalista ou Indianista, do Mal-do-século e
Condoreira. O Indianismo de nossos poetas românticos é:
A) um meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava
durante a instalação da Capitania de São Vicente.
B) um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo índio, da nova
civilização que se instalava.
C) uma forma de apresentar o índio como motivo estético; idealização com
simpatia e piedade; exaltação de bravura, heroísmo e de todas as
qualidades morais superiores.
D) uma forma de apresentar o índio em toda a usa realidade objetiva; o
índio como elemento
étnico da futura raça do Brasil.
E) um modelo francês seguido no Brasil; uma necessidade de exotismo que
em nada difere do
modelo europeu.
03) Do ponto de
assistiu ao
Romantismo,
racionalismo
afirmar que:
a)
b)
c)
d)
e)
a)- subjetivismo, bucolismo, sentimentalismo
b)- subjetivismo, nacionalismo, pastoralismo
c)- culto à natureza, nacionalismo, culto do contraste
d)- conceitismo, liberdade de formas, cultismo
e)- nacionalismo, culto à natureza, liberdade de formas
05) (FMAB-SP)- Assinale a alternativa em que se encontrem três
características do movimento a qual se dá o nome de Romantismo.
a)- predomínio da razão - perfeição da forma - imitação dos antigos gregos
e romanos
b)- reação anti-clássica - busca de temas nacionais - sentimentalismo e
imaginação
c)- anseio de liberdade criadora - busca de verdades absolutas e universais
- racionalismo
d)- desejo de expressar a realidade objetiva - erotismo - visão materialista
do universo
e)- tensão entre o divino e o humano - cultismo - reflexão sobre a
brevidade enganosa da vida
06) (F. CARLOS CHAGAS - BA)- Leia atentamente o texto abaixo:
“É bela a noite, quando grave estende
Sobre a terra dormente o negro manto
De brilhantes estrelas recamado
Mas, nessa escuridão, nesse silêncio
Que ele consigo traz, há um que de horrível
Que espanta e desespera e geme n‘ alma
Um que de triste que nos lembra a morte.”
vista cultural, a primeira metade do século XIX
predomínio do movimento romântico ou
uma reação ao academicismo classicista e ao
da Ilustração. Sobre o Romantismo, é correto
representou uma volta aos ideais do Renascimento.
buscou uma volta ao passado medieval, mas seu propósito
declarado era a volta à natureza.
foi parte do movimento parnasiano, que enfatizava o
individualismo e a ação revolucionária.
gerou o Neoclassicismo, como reação ao Classicismo
renascentista, e inspirou a Revolução Francesa.
foi um movimento literário e musical que não se estendeu às
artes plásticas.
Anotações
Os versos acima:
a)- ilustram a característica romântica da projeção do estado de espírito
do poeta nos elementos da natureza.
b)- exemplificam a característica romântica do pessimismo, mal-do-século,
que vê na natureza algo nefando, capaz de matar o poeta.
c)- exploram a característica romântica do sentimento amoroso, que vê
em tudo a tragédia do amor não correspondido
d)- apontam a característica romântica do nacionalismo, que valoriza a
paisagem de nossa terra.
e)- apresentam a característica romântica do descritivismo, capaz de
valorização exagerada da natureza.
GABARITO
01. C
02. C
03. B
GABARITO DE CASA
04. E
05. B
06. A
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
84
LITERATURA
RESUMO DA AULA 12: a produção literária do romantismo e estudo da
poesia e suas gerações no Romantismo brasileiro.
O Romantismo no Brasil teve como marco fundador a
publicação do livro "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves
de Magalhães, em 1836, e durou 45 anos terminando em 1881
com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por
Machado de Assis. O Romantismo foi sucedido pelo Realismo.
Período Histórico: 1836 - 1881
1.
A Poesia Romântica
No Brasil, a poesia romântica é marcada, num primeiro
momento, pelo teor patriótico, de afirmação nacional, de compreensão do
que era ser brasileiro, ou pela expressão do eu, isto é, pela expressão dos
sentimentos mais íntimos, dos desejos mais pessoais, diferente do ideal de
imitação da natureza presente na poesia árcade. Isto tudo seguido de uma
revolução na linguagem poética, que passou a buscar uma proximidade
com o cotidiano das pessoas, com a linguagem do dia-a-dia. No poema
"Invocação do Anjo da Poesia", Gonçalves de Magalhães diz que vai
abandonar as convenções clássicas (cultura grega) em favor do sentimento
pessoal e do sentimento patriótico.
A poesia romântica surge em meio aos fervores
independentistas da primeira metade do século XIX, tendo como marco
inicial a obra de Gonçalves de Magalhães, "Suspiros Poéticos e Saudades".
Apesar de servir como marco de início do romantismo no Brasil, a obra
"Suspiros Poéticos e Saudades" não apresenta grande notoriedade ou
importância no cenário artístico poético do romantismo brasileiro assim
como as outras obras de Gonçalves de Magalhães. De acordo com as
características e vertentes assumidas por cada poeta romântico, a poesia
romântica pode ser dividida em:
Primeira geração - Indianista ou Nacionalista
- Influência direta da Independência do Brasil (1825)
- Nacionalismo, ufanismo
- Exaltação à natureza e à pátria
- O Índio como grande herói nacional
- Sentimentalismo
Principais poetas
Gonçalves de Magalhães
Gonçalves Dias
Segunda geração - Ultrarromantismo ou Mal do Século
- Egocentrismo
- Ultrarromantismo - Há uma ênfase nos traços românticos. O
sentimentalismo é ainda mais exagerado.
- Byronismo - Atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda
geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracterizase por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo;
um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da
bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica,
narcisista, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
- Spleen - Termo inglês que traduz o tédio, o desencanto, a insatisfação e a
melancolia diante da vida (significa, literalmente, "baço").
- Mal do Século
- Fuga da realidade, evasão - Através da morte, do sonho, da loucura, do
vinho, etc.
- Satanismo - A referência ao demônio, as cerimônias demoníacas
proibidas e obscuras. O inferno é visto como prolongamento das dores e
das orgias da Terra.
- A noite, o mistério - Preferência por ambientes fúnebres, noturnos,
misteriosos, apropriados aos rituais satânicos e à reflexão sobre a morte,
depressão e solidão.
- Mulher idealizada, distante - A figura feminina é frequentemente um
sonho, um anjo, inacessível. O amor não se concretiza e em alguns
momentos o poeta assume o medo de amar.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
85
Principais poetas
-Álvares de Azevedo
- Casimiro de Abreu
- Junqueira Freire
- Fagundes Varela
Terceira geração - Condoreira
- 1888 - Abolição da Escravatura
- 1889 - Proclamação da República
-Influenciada pelos acontecimentos sociais, discursa sobre liberdade,
questões sociais, o abolicionismo.
- Uso de exclamações, exageros, apóstrofes.
- Mulher presente, carnal.
- Volta-se para o futuro, progresso.
- Luta pela liberdade, temáticas sociais.
- Ainda fala sobre o amor.
- O condor simboliza a liberdade, por isso geração condoreira.
Principais poetas
-Castro Alves - "O Poeta dos Escravos"
- Sousândrade" o Poeta da transição" considerado o poeta "divisor de
águas" entre o Romantismo e a nova escola o Realismo.
A Prosa Romântica
A prosa romântica inicia-se com a publicação do primeiro
romance brasileiro "O Filho do Pescador", de Antônio Gonçalves Teixeira e
Sousa em 1843. O primeiro romance brasileiro em folhetim foi "A
Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. O
romance brasileiro caracteriza-se por ser uma "adaptação" do romance
europeu, conservando a estrutura folhetinesca européia, com início, meio
e fim seguindo a ordem cronológica dos fatos.
O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas fases: Antes
de José de Alencar e Pós-José de Alencar, pois antes desse importante
autor as narrativas eram basicamente urbanas, ambientadas no Rio de
Janeiro, e apresentavam uma visão muito superficial dos hábitos e
comportamentos da sociedade burguesa.
E com José de Alencar surgiram novos estilos de prosa
romântica como os romances regionalistas, históricos e indianistas e o
romance passou a ser mais crítico e realista. Os romances brasileiros
fizeram muito sucesso em sua época já que uniam o útil ao agradável: A
estrutura típica do romance europeu, ambientada nos cenários facilmente
identificáveis pelo leitor brasileiro (cafés, teatros, ruas de cidades como o
Rio de Janeiro).
O sucesso também se deve ao fato de que os romances eram
feitos para a classe burguesa, ressaltando o luxo e a pompa da vida social
burguesa e ocultando a hipocrisia dos costumes burgueses. Por isso podese dizer que, no geral, o romance brasileiro era urbano, superficial,
folhetinesco e burguês. Dentre os vários romancistas românticos
brasileiros, merecem destaque: José de Alencar, Joaquim Manuel de
Macedo, Bernardo de Guimarães, Visconde de Taunay, Manuel Antônio
de Almeida.
EXERCÍCIOS DEC REVISÃO
01) (ENEM-2005)- "Meu canto de morte, / Guerreiros, ouvi: / Sou filho
das selvas, / Nas selvas cresci / Guerreiros, descendo / Da tribo Tupi.
// Da tribo pujante, / Que agora anda errante / Por fado inconstante,
/ Guerreiros, nasci: / Sou bravo, sou forte, / Sou filho do Norte; /
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi."
("I. Juca Pirama", de Gonçalves Dias.)
Ao assinalar a coragem dos índios diante das adversidades, Gonçalves Dias
(1823-1864), como também outros poetas do Romantismo, aponta para o
(a)
LITERATURA
a)- lamentam-se pela impossibilidade de viverem a vida em toda a
sua plenitude
b)- sofrem por um amor não correspondido
c)- desejam ardentemente uma mulher inacessível
d)- rebelam-se ante às incoerências da vida
e)- rejubilam-se pela capacidade de aceitarem as adversidades da
vida
a) passividade indígena frente ao colonizador branco escravocrata.
b) preservação do ecossistema da Mata Atlântica.
c) avanço da civilização européia no interior do Brasil.
d) nascente consciência de nacionalidade brasileira.
e) aceitação pacífica do domínio europeu.
02) (ENEM-2010)
Soneto
05) (UFPB-2000)- Considere os fragmentos abaixo:
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!... já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração
romântica, porém, configura um lirismo que o projeta para além desse
momento específico. O fundamento desse lirismo é:
a)
b)
c)
d)
e)
a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da
morte.
a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.
o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.
03) (UFPB - 97)- A oposição arte clássica X arte romântica só não ocorre
em:
a)- expressão do geral e universal X expressão do pessoal e único
b)- obediência a convenções e modelos X obediência ao que dita o coração
c)- ênfase na razão X valorização do sentimento
d)- nostalgia ante o absoluto inatingível X idealização do objeto amoroso
e)- busca da perfeição formal X fidelidade ao acento, espontâneo, da
inspiração
I- “Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir.
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.”
II- “Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor do peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã.”
III- “Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes,
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.”
IV- “Somos nós, meu senhor, mas não temas
Nós quebramos as nossas algemas
Pr’a pedir-te as esposas ou mães.
Este é o filho do ancião que mataste.
Este – irmão da mulher que manchaste...
Oh! Não temas, senhor, são teus cães.”
A temática e o vocabulário permitem associar à primeira geração
romântica os fragmentos:
a)- I e IV
b)- II e III
c)- II e IV
d)- I e III
e)- apenas I
GABARITO
01. D
02.
03. A
04. D
GABARITO DE CASA
05. A
06. C
EXERCÍCIOS DE CASA
04) (UEPB-93)“Vinte anos! derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...
De fogosas visões nutri meu peito...
Vinte anos!...não vivi um só momento!”
“Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos
A vida inteira que podia ter sido e não foi .
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três
- Trinta e três...trinta e três...trinta e três”
Embora vivendo em momentos diferentes e, consequentemente,
ligados a estilos diferentes, os poetas Álvares de Azevedo e Manuel
Bandeira, abordam, muitas vezes, temática semelhante.
Considerando-se os fragmentos acima, é válido afirmar que os
poetas:
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
86
LITERATURA
AULA 13: O REALISMO: A era das revoluções – a nova
realidade europeia na segunda metade do século XIX
Durante as décadas de 1830 e 1840, em meio ao
sentimentalismo romântico, começa a ser gestada, na Europa, a
tendência que ocuparia a segunda metade do século XIX: o
Realismo, da qual decorrem o Naturalismo e o Parnasianismo.
O marco inicial dessa nova estética artística é a
publicação da obra do escritor francês Gustave Flaubert, Madame
Bovary, em 1857, cujo tema é a mediocridade da vida burguesa.
Antes de Flaubert, porém, o escritor também francês Honoré de
Balzac, mesmo vivendo durante o Romantismo (1799-1850), já
prenunciava o Realismo com a sua Comédia humana (1841),
conjunto de romances que retratam a sociedade francesa nos mais
diversos aspectos.
A literatura e as artes produzidas a partir da segunda
metade do século XIX apresentam traços radicalmente opostos aos
românticos: ao invés da subjetividade, a objetividade; ao invés da
emoção, a razão; no lugar do indivíduo, a sociedade.
O estilo realista fixa-se, portanto, na realidade do homem
em sociedade, cercado de problemas cotidianos e rotineiros. O foco
de atenção é a estrutura social, descritas em todas as suas
peculiaridades, identificando interesses, valores e mudanças. A
preocupação em conhecer a sociedade, revelar seu funcionamento
e os conflitos que ela gera torna a produção artística e literária
analítica, desconfiada e desmistificadora. Nesse sentido, o Realismo
é a expressão cultural da burguesia, de suas preocupações, anseios
e aspirações, num novo momento histórico. Naquilo que diz respeito
ao indivíduo, constitui um movimento de continuidade em relação ao
Romantismo, só que agora situado em sociedade, Ao invés de se
refugiar num mundo interior (como muitos românticos fizeram), o
artista realista volta-se para o exterior a fim de dissecá-lo e exporlhe as chagas, revelando que nem tudo vai bem na sociedade
burguesa. Reside aí o compromisso político, partindo do princípio
que não séc pode apenas conhecer a realidade, mas contribuir para
modificá-la. O foco de interesse desloca-se, portanto, de dentro para
fora, ou seja, do interior do sujeito para a realidade que o enforma,
incluindo nessa realidade também as classes sociais inferiores e os
fatos miúdos do dia-a-dia.
Como surgiu o REALISMO?
No período em que florescia o Realismo, a Europa vivia a
segunda fase da Revolução Industrial, as novas formas de
organização capitalista e de grande avanço técnico-científico. Por
exemplo, usa-se o aço e a eletricidade; desenvolvem-se máquinas
automáticas; usam-se produtos de química industrial; acelera-se o
desenvolvimento dos transportes e comunicações. Soma-se a isso
uma grande expansão demográfica, a urbanização crescente e a
polarização da sociedade em duas classes sociais: a burguesia
industrial e o proletariado.
Por esse tempo, a aristocracia europeia já havia saído do
centro dos acontecimentos históricos. A burguesia triunfava,
desfrutando plenamente seu poder, conquistado ao longo dos
séculos.
Durante a primeira fase da Revolução Industrial, os
operários aliaram-se à burguesia, contra a nobreza, pois os
interesses e aspirações ainda eram semelhantes. O despertar da
consciência da classe operária, por volta de 1830, dá início a
separação entre as duas. Em 1848, bandeiras vermelhas e negras
(socialistas e anarquistas, respectivamente) encheram as ruas, na
primeira revolução com conotação social que varreu toda a Europa,
chamada A primavera dos Povos: a revolução era agora usada
contra a burguesia e, embora derrotado, a partir daí o proletariado
consolida-se enquanto classe.
O pensamento científico, escorado no materialismo
(determinismo, evolucionismo e positivismo), vive o seu apogeu.
Destacam-se pesquisas no campo da Biologia, da Química, da
Física e da Medicina; a Psicologia, a Antropologia e a
Sociologia dão os primeiros passos.
A esse novo contexto corresponde uma nova arte e uma
nova literatura: não há mais lugar para a metafísica ou para os
exageros sentimentais; emergem em seu lugar os problemas da
sociedade burguesa, revelando aspectos e conflitos inéditos, que a
idealização e o otimismo românticos tão bem ocultaram.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
87
O capitalismo industrial já estava em curso, criando
uma nova elite e uma nova burguesia. No momento pósabolição da escravatura, eram impingidos salários miseráveis à
numerosa classe proletária, gerando conturbações sociais. As
ciências fervilhavam de descobertas, especialmente ligadas à
Biologia, levando a novas consequências filosóficas de à
revisão de conceitos religiosos consagrados.
Dentre as correntes de pensamento, destacamos o
Positivismo, o Determinismo, o Evolucionismo, o Marxismo; e a
psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud.
A Revolução Francesa e a Revolução Industrial
provocaram uma série de mudanças na sociedade, conforme se
viu anteriormente, ao se estudar a corrente romântica na
Europa. O desenvolvimento das máquinas, dos transportes, das
novas teorias sociais tornou inevitável uma visão de mundo
como se via anteriormente na estética idealizadora e fantasiosa
do romantismo, que considerava o indivíduo e seus dramas
sentimentais o centro do universo. As descobertas científicas
levavam a uma valorização da experiência concreta, racional,
controlada, de modo que a fantasia e o imaginário forma
deixados de lado.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REALISMO NA LITERATURA









Veracidade: despreza a imaginação romântica.
Contemporaneidade: descreve a realidade, fala sobre o
que está acontecendo de verdade.
Retrato fiel das personagens: caráter, aspectos
negativos da natureza humana.
Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa.
Materialismo do amor: a mulher objeto de
prazer/adultério.
Denúncia das injustiças sociais: mostra para todos a
realidade dos fatos.
Determinismo e relação entre causa e efeito: o realista
procurava uma explicação lógica para as atitudes das
personagens, considerando a soma de fatores que
justificasse suas ações. Na literatura naturalista, dava-se
ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à hereditariedade
como forças determinantes do comportamento dos
indivíduos.
Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara
e equilibrada.
Surgimento do romance de tese: os autores do
Realismo buscam criar histórias mais próximas da analise
cientificista, daí os romances adquirirem um caráter de
tese, de libelo contra os fatos sociais.
LITERATURA
EXERCÍCIOS DE SALA
“Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha
quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance
consternou a todos. Muitos homens choravam também, as
mulheres, todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a
si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era
geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver
tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem
algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu
enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na
sala. Redobrou as carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o
cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os
olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto e
palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora,
como se quisesse tragar também o narrador da manhã.”
(Machado de Assis, em D. Casmurro)
minha espera. Era uma saída; despedi-me e enfiei pelo corredor.
Andando, ouvi que a mãe censurava as maneiras da filha, mas a
filha não dizia nada.
03) Que aspecto da personalidade de Capitu revela-se no texto?
.............................................................................................................
.............................................................................................................
.............................................................................................................
.............................................................................................................
04) "Assim, apanhados pela mãe, éramos dois e contrários, ela
encobrindo com a palavra o que eu publicava pelo silêncio." O
que quis dizer o narrador nessa passagem do texto?
.............................................................................................................
.............................................................................................................
.............................................................................................................
.............................................................................................................
EXERCÍCIOS DE CASA
1)Os dois fragmentos acima foram extraídos de obras desse escritor
realista brasileiro. De acordo com o segundo fragmento, retirado de
sua obra prima, responda:
a)Na observação feita entre a reação da viúva e a de Capitu durante
o velório do amigo, o narrador mostra uma certa diferença na forma
de mostrar essa reação. O que Bentinho insinua a respeito de
Capitu?
.............................................................................................................
.............................................................................................................
.............................................................................................................
............................................................................................................
b)A subjetividade do narrador compromete a objetividade da
história, de forma que não se consegue saber se Capitu traiu ou não
Bentinho. Retire do fragmento duas passagens em que essa
objetividade é comprometida.
.............................................................................................................
.............................................................................................................
.............................................................................................................
.............................................................................................................
O fragmento a seguir foi extraído do romance D. Casmurro, do
escritor realista Machado de Assis:
Sou homem!
Ouvimos passos no corredor; era D. Fortunata, Capitu compôs-se
depressa, tão depressa que, quando a mãe apontou à porta, ela
abanava a cabeça e ria. Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração
de acanhamento, um riso espontâneo e claro, que ela explicou por
estas palavras alegres:
— Mamãe, olhe como este senhor cabeleireiro me penteou; pediume para acabar o penteado, e fez isto. Veja que tranças!
— Que tem? acudiu a mãe, transbordando de benevolência. Está
muito bem, ninguém dirá que é de pessoa que não sabe pentear.
— O quê, mamãe? Isto? redarguiu Capitu desfazendo as tranças.
Ora, mamãe!
E com um enfadamento gracioso e voluntário que às vezes tinha,
pegou do pente e alisou os cabelos para renovar o penteado. D.
Fortunata chamou-lhe tonta, e disse-me que não fizesse caso, não
era nada, maluquices da filha. Olhava com ternura para mim e para
ela. Depois, parece-me que desconfiou. Vendo-me calado, enfiado,
cosido à parede, achou talvez que houvera entre nós algo mais que
penteado, e sorriu por dissimulação...
Como eu quisesse falar também para disfarçar o meu estado,
chamei algumas palavras cá de dentro, e elas acudiram de pronto,
mas de atropelo, e encheram-me a boca sem poder sair nenhuma.
O beijo de Capitu fechava-me os lábios. Uma exclamação, um
simples artigo, por mais que investissem com força, não logravam
romper de dentro. E todas as palavras recolheram-se ao coração,
murmurando: "Eis aqui um que não fará grande carreira no mundo,
por menos que as emoções o dominem..."
Assim, apanhados pela mãe, éramos dois e contrários,
ela encobrindo com a palavra o que eu publicava pelo silêncio. D.
Fortunata tirou-me daquela hesitação, dizendo que minha mãe me
mandara chamar para a lição de latim: o padre Cabral estava à
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
88
01.Há correspondência entre o estilo literário indicado e o trecho
transcrito, em:
I.Arcadismo "Vinte anos! derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...
De fogosas visões nutri meu peito...
Vinte anos!... não vivi um só momento!"
II.Romantismo "Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dois fantasmas que a existência formam,
- Dessa alma vã e desse corpo enfermo."
III.Parnasianismo "Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia."
IV.Parnasianismo "Sonho Profundo, ó Sonho doloroso,
doloroso e profundo Sentimento!
Vai, vai nas harpas trêmulas do vento
chorar o teu mistério tenebroso."
V.Romantismo "Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças d'oiro converter-se em prata."
VI.Arcadismo "Ao mundo esconde o Sol seus resplendores,
e a mão da Noite embrulha os horizontes-,
não cantam aves, não murmuram fontes,
não fala Pã na boca dos pastores."
02) Assinale o item falso sobre o realismo literário.
a) O Realismo fundou uma Escola artística que surge no século XIX
em reação ao Romantismo e se desenvolveu baseada na
observação da realidade, na razão e na ciência.
b) Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os
escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em
sua totalidade.
c) Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica,
adotando uma objetividade que também foi cultivada pelo
Romantismo
d) Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme
interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade.
e) A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão
objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar
falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e
dos comportamentos humanos.
GABARITO
01. II, III E IV
02. C
LITERATURA
AULA 14: REALISMO-NATURALISMO: estudo dos autores
romances de enredo açucarado, o perfil do leitor que, anos mais
tarde, enfrentaria a ironia e o sarcasmo machadianos.
MACHADO DE ASSIS E O MICRORREALISMO
Surge uma nova visão do homem: penetrante e impiedosa.
Machado de Assis desvenda a miséria moral, os motivos escusos, a
hipocrisia , a traição, as injustiças, as ambições e as invejas rasteiras, o
adultério, as compensações psicológicas, a frivolidade, a vaidade,
revelando verdadeiras pessoas humanas com suas misérias e grandezas,
através de um "pessimismo negro", de um "humanismo pungente" e de
uma linguagem seca.
As narrativas da fase realista desse autor revelam profundo e
desencantado conhecimento da vida e da natureza humana, perplexidade
ante o destino da existência do homem, a significação deste mundo.
Profundidade, desencanto, experiência e perplexidade que se acentuam
através do humor.
O enredo, a ação e o tempo não têm uma seqüência linear; os
fatos só têm sentido em função da análise da consciência humana. A lógica
da narrativa é predominantemente interna.
Machado busca inspiração no homem comum, com suas ações
quotidianas. Penetrando na consciência da personagem para sondar-lhe o
funcionamento, Machado mostra-nos, de maneira impiedosa e aguda, a
vaidade, a inveja, a futilidade, a hipocrisia, a ambição, a inclinação para o
adultério. Como este autor capta sempre os impulsos contraditório do ser
humano, torna-se difícil classificar as personagens machadianas em boas
ou más.
Focalizando, uma burguesia que vive de acordo com o
convencionalismo. Machado desmascara o jogo das relações sociais,
enfatizando o contraste entre essência e aparência em personagens que
sempre têm como meta principal o sucesso social e financeiro.
Machado preocupa-se mais com a análise da personagem do
que com a ação; em suas narrativas, muito pouca coisa acontece. Suas
histórias apresentam poucos fatos, interligados por reflexões profundas. A
conversa constante com o leitor é outro aspecto que caracteriza a
narrativa desse autor, utilizando a metalinguagem, resultando daí,
algumas conseqüências no seu modo de narrar:
Engana-se quem pensa que o Realismo brasileiro terá as
mesmas feições que o português. A crítica social realizada por Machado de
Assis era, como ele mesmo disse no prólogo das Memórias Póstumas de
Brás Cubas, uma taça que, pertencendo à mesma escola, levava outro
vinho, preparado para paladares bem mais apurados. Vamos começar nos
informando sobre a vida daquele que foi o maior representante do
Realismo no Brasil.
ANOTAÇÕES
a) quebra da ordem cronológica da narrativa.
b) quebra do envolvimento emocional do leitor com a obra propiciando
uma atitude reflexiva.
c) humor, pessimismo, ironia - o homem deforma-se por causa de um
sistema social que o leva a se tornar hipócrita para ser aceito pela opinião
pública. O tédio e dor são os grandes inimigos da felicidade. Todo ser
humano tem de viver uma vida que não escolheu e cujo destino lhe
escapa. As causas nobres sempre ocultam interesses impuros.
d) humanitismo - é uma teoria que se caracteriza peia lei do mais forte,
herança da corrente filosófica de Darwin, o Evolucionismo, que coloca o
homem numa posição de combate diante dos fatos da vida social. O mais
forte sobrevive, o mais fraco se aniquila.
e) parasitismo social - reflexo de uma sociedade erigida sobre o trabalho
do escravo, uma sociedade parasitária em sua própria essência. Parasitas
são quase todos os personagens de Machado.
f) o egoísmo, a vaidade, o interesse •• numa sociedade que ;á
se voltava para o mercado, observa-se uma concorrência feroz,
traduzida num individualismo exaltado e na substituição de
valores autênticos, como a solidariedade, por falsos valores
como o interesse, o egoísmo e a vaidade. Pode-se dizer que,
sem estes elementos, nada ocorreria nos romances e contos de
Machado de Assis. Os personagens ficariam imóveis,
catatônicos. Eles agem por orgulho ou cobiça, e os que vivem
por outros motivos, em geral, são os enganados, os vencidos.
Numa sociedade corrompida, a vitória pertence aos corruptos.
Basta lembrarmos, em A Igreja do Diabo, que as personagens
agem de maneira convencional e interesseira, disputando os
interesses pela vaidade e pelo egoísmo, sempre de maneira
contraditória.
Os romances românticos cumpriram, no Brasil,
importante papel cultural, pois foi com eles que se formou o
nosso público leitor. De certa forma, homens como Joaquim
Manuel de Macedo e José de Alencar prepararam, com seus
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
89
LITERATURA
EXERCÍCIOS DE SALA
01) (UFV-2000)- Dentre as citações extraídas da obra Memórias
Póstumas de Brás Cubas, assinale aquela que não traça um perfil
psicológico da personagem:
a) "Bem diferente era o tio cônego [...]. Não era homem que visse a parte
substancial da Igreja; via o lado externo, a hierarquia, as preeminências, as
sobrepelizes, as circunflexões. Vinha antes da sacristia que do altar."
b) "Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é
que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a
moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida
pela austeridade do tempo [...]."
c) "Nem as bichas de ouro, que trazia na véspera, lhe pendiam agora das
orelhas, duas orelhas finamente recortadas numa cabeça de ninfa. Um
simples vestido branco, de cassa, sem enfeites, tendo ao colo, em vez de
broche, um botão de madrepérola, e outro botão nos punhos, fechando as
mangas, e nem sombra de pulseira."
d) "Virgília era o travesseiro do meu espírito, um travesseiro mole,
tépido, aromático, enfronhado em cambraia e bruxelas. Era ali que
ele costumava repousar de todas as sensações más, simplesmente
enfadonhas, ou até dolorosas."
e) "Então apareceu o Lobo Neves, um homem que não era mais
esbelto que eu, nem mais elegante, nem mais lido, nem mais
simpático, e todavia foi quem me arrebatou Virgília e a candidatura,
dentro de poucas semanas, com um ímpeto verdadeiramente
cesariano."
Texto 1
(...)
Pouco a pouco, tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no
mármore da mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. não
estando abotoadas, as mangas caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade
dos braços, muito claros, e menos magros do que se podia supor. A vista
não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele
momento, porém,a impressão que tive foi grande. As veias eram tão azuis,
que apesar da pouca claridade, podia contá-las do meu lugar. A presença
de Conceição espertara-me ainda mais que o livro. Continuei a dizer o que
pensava das festas da roça e da cidade, e de outras coisas que me iam
vindo à boca. Falava emendando os assuntos, sem saber porque, variando
deles ou tornando aos primeiros, e rindo para fazê-la sorrir e ver-lhe os
dentes que luziam de brancos, todos iguaizinhos. Os olhos dela não eram
bem negros, mas escuros; o nariz, seco e longo, um tantinho curvo, davalhe ao rosto um ar interrogativo. Quando eu alteava a voz, ela reprimiame:
- Mais baixo! mamãe pode acordar.
E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto
ficavam as nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser
ouvido; cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais; ela,
ás vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco franzida. afinal,
cansou; trocou de atitude e de lugar. Deu volta à mesa e veio sentar-se do
meu lado, no canapé. Voltei-me, e pude ver, a furto, o bico das chinelas;
mas foi só o tempo que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e
cobriu-as logo. Recordo-me que eram pretas.
(Missa do galo. In: Melhores contos; de Machado de Assis.)
02- A partir da leitura do texto depreende-se que:
a)- o narrador-personagem faz uma descrição idealizada da mulher, que
transparece de forma subjetiva e emocional
b)- o impressionismo presente no fragmento advém da descrição de um
fato passado que é recuperado pela memória do narrador
c)- a preocupação em retratar com detalhe a cena que lhe sobressai na
memória faz com que predomine a exteriorização do cenário descrito pelo
narrador
d)- o tempo da ação é concomitante ao tempo da narração, o que torna a
onisciência do narrador ainda mais precisa
e)- através da descrição física da mulher, se percebe a sua forte
personalidade e beleza sensual
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
90
03- Percebe-se que, é no momento de observação e atenção ao detalhe do
corpo da mulher, que o narrador passa a ter uma idéia diferente de antes,
uma vez que o momento narrado parece ser um momento de intimidade
entre ambos. Assinale o item em que essa nova percepção é observada.
a)- “E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam
as nossas caras.”
b)- “Falava emendando os assuntos, sem saber porque, variando deles ou
tornando aos primeiros, e rindo para fazê-la sorrir e ver-lhe os dentes que
luziam de brancos, todos iguaizinhos”
c)- “A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum;
naquele momento, porém,a impressão que tive foi grande.”
d)- “Continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da cidade, e de
outras coisas que me iam vindo à boca.”
e)- “...ela, ás vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco
franzida. afinal, cansou; trocou de atitude e de lugar.”
EXERCÍCIOS DE CASA
Leia com atenção o texto abaixo:
“- Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura,
breviário contra breviário. Terei a minha missa, com pão e vinho à farta, as
minha prédigas, bulas, novenas e todo o demais aparelho eclesiástico. O
meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda
de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se
dividem, a minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem
Maomé, nem Lutero. Há muitos modos de afirmar; há só um de negar
tudo.”
04)O excerto acima, extraído do conto “A Igreja do Diabo”, de Machado
de Assis, demonstra a fala do Diabo, em que:
a)- para o Diabo, a sua igreja apresentará uma doutrina voltada para o
próprio homem, em que cada qual terá o livre arbítrio
b)- expõe de forma objetiva a dialética de sua Igreja, onde cada ser
humano poderá seguir sua trilha
c)- através da intertextualidade bíblica, o narrador apresenta a análise do
comportamento humano a partir de seus interesses individuais na luta
pelo poder
d)- para ele, a sua negação está ligada ao pragmatismo das igrejas que
sempre demonstram a coletividade no que tange à relação entre os
homens
e)- “Maomé” e “Lutero” representam a união das igrejas que o Diabo
pretende combater
05) O termo em destaque no texto demonstra:
a)- que a proposta do Diabo é destruir a hipocrisia das igrejas
b)- a preocupação do Diabo em se unir a outras religiões
c)- a perspectiva de união entre os homens a partir de um único
pensamento
d)- que o Diabo pretende destruir as outras igrejas a partir da negação
entre os homens
e)- que os diferentes modos de afirmar sugerem a união entre as igrejas e
entre os homens
06) Uma das características das personagens de Machado de Assis é a
dissimulação, que o escritor mostra em suas obras, através do
contraste entre essência e aparência. Assinale o item do conto “A
Igreja do Diabo” em que isso NÃO ocorre:
a)- “...clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por
outras, que eram naturais e legítimas.”
b)- “...um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos
seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes...”
c)- “...muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas;...”
d)- “...- Só agora concluí uma observação, começada desde alguns séculos,
e é que as virtudes, filhas do céu, são em grande número comparáveis a
rainhas, cujo manto de veludo rematasse em franjas de algodão.”
e)- “Estou cansado da minha desorganização, do meu reinado casual e
adventício.”
GABARITO: 1-E 2-B 3-C 4-C 5-C 6-E
LITERATURA
AULA 15: AUTORES DO REALISMO-NATURALISMO
ANOTAÇÕES
Aluísio Azevedo e a paisagem coletiva
Aluísio Azevedo (1857-1913) nasceu em São Luís do Maranhão.
Fez estudos irregulares, enquanto trabalhava no comércio e praticava
pintura. Em 1881, ano da publicação de O mulato, transferiu-se
definitivamente para o Rio de Janeiro. Integrou-se nos grupos boêmios da
época, dedicando-se ao mesmo tempo à elaboração de seus romances. Em
1895, ingressou na carreira consular e prestou serviço em vários países:
Espanha, Japão, Inglaterra, Argentina.
Com a publicação de O mulato (1881), Aluísio Azevedo
consagrou-se como escritor naturalista. A partir daí tentou viver
exclusivamente como escritor. Para isso, recorreu ao jornalismo e
escreveu romances para publicação em folhetins, sujeitando-se muitas
vezes às exigências de um público heterogêneo, à pressa e à improvisação.
Tudo isso explica e justifica a irregularidade de sua produção
literária, ora oscilando entre influências do Realismo e do Naturalismo, ora
alternando trechos de intensa morbidez romântica com outros
predominantemente realistas.
É [...] como romancista social que melhor se afirmou o
talento de Aluísio. É o escritor apaixonado, o artista combativo,
pondo a nu os problemas sociais e morais da realidade brasileira do
seu tempo: o preconceito de cor, os preconceitos de classe, a
ganância de lucro fácil — e todas as injustiças e misérias
decorrentes. Mais do que o indivíduo, é a sociedade que lhe
interessa. Mais que miniaturista de alma, é o pintor de amplos
murais. E é na pintura um verdadeiro impressionista: colorido vivo,
tons fortes e quentes. Mostra preferência pêlos tipos vulgares e
grosseiros, pêlos ambientes sujos e situações deprimentes — o
artista procurando acordar a consciência do leitor, da sociedade
comprometida nas injustiças.
(Celso Pedro Luft. Dicionário de literatura portuguesa e
brasileira. Porto Alegre: Globo, 1967. p. 21.)
A publicação de O mulato marca oficialmente o início do
Naturalismo no Brasil. Embora essa não seja a nossa mais representativa
obra naturalista, seu aparecimento impressionou e causou represália ao
autor, tanto da parte do clero como da parte da alta sociedade de São Luís
do Maranhão, em razão dos temas que aborda: o anticlericalismo, o
racismo, a pressão do meio sobre o indivíduo, o puritanismo sexual.
O Naturalismo atinge seu apogeu com o romance O cortiço,
também de Aluísio Azevedo, publicado em 1890. Nesse mesmo ano,
embora tenha passado despercebido, foi lançado também o livro de
Rodolfo Teófilo, A fome; no ano seguinte, O missionário, de Inglês de
Sousa; em 1892 A normalista e em 1895 O bom crioulo, ambos de Adolfo
Caminha.
Nessas obras, o fatalismo das forças sociais e naturais atua
pesadamente sobre o homem. Natureza, ambiente social, educação, taras,
instintos geram conflitos dramáticos, situações anormais, finais
catastróficos. Em O cortiço, tem destaque o jogo dos fatores sociais; em O
missionário, Inglês de Sousa acentua a influência do meio físico na conduta
humana; em A normalista e O bom crioulo, Adolfo Caminha aborda com
precisão e sobriedade casos de desvio mal.
O regionalismo, iniciado com vigor pêlos românticos, teve
continuidade nesse período, formando um segmento importante de nossa
ficção. As melhores produções regionalistas dessa época são LuziaHomem, de Domingos Olímpio, e Dona Guidinha do Poço, de Manuel de
Oliveira Paiva, que aprofundou o estudo das relações do homem com a
paisagem.
Raul Pompéia foi um caso à parte no Naturalismo, como
veremos adiante.
O cortiço representa uma conquista definitiva do nosso
romance, pois, pela primeira vez na literatura brasileira, um escritor deu
vida e corpo a um agrupamento humano.
Inúmeros tipos humanos, quase todos representantes de uma
população marginal, desfilam pelas páginas do romance. O ambiente
degradado e corrupto onde vivem é o cortiço, cujo dono é o português
João Romão, também proprietário da pedreira, onde trabalham, e da
venda, onde endividam ao comprar fiado.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
91
LITERATURA
EXERCÍCIOS DE CASA
EXERCÍCIOS DE SALA
Atente para os seguintes fragmentos, da obra “O cortiço”, de Aluísio
Azevedo:
Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas
de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das
ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as
xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando
todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras
palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à
noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas
vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No
confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes
que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de
galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saíam mulheres que
vinham dependurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os
louros,
à
semelhança
dos
donos,
cumprimentavam-se
ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.
(...)
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias
acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído
compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na
venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e
pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação
sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés
vigorosos na lama preta e nutriente da vida o prazer animal de existir, a
triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
(O Cortiço, Aluísio Azevedo)
01- De acordo com o fragmento acima, é incorreto afirmar:
a)- o ambiente é focalizado como se fosse um personagem dotado de vida
própria, a partir da personificação, apresentando um forte poder
determinista exercido sobre seus habitantes
b)- as figuras humanas são apresentadas como tipos que compõem um
painel social, preocupando-se predominantemente com uma exposição de
quadros psicológicos, através de descrições individualizadas de
personagens
c)- o coletivo se sobrepõe ao individual, observando-se rigorosamente o
mundo físico, através de um processo de reificação humana
d)- a lentidão da narrativa se dá em virtude do detalhismo na exposição do
cenário e a valorização das ações das personagens, traço marcante na
narrativa naturalista
e)- o foco narrativo em terceira pessoa contribui para a objetividade da
narrativa, em que o narrador se coloca numa postura exclusivamente
científica, transformando a obra literária num laboratório de ficção
02- Um dos recursos característicos do fragmento acima é a captação da
realidade por diferentes canais sensoriais. Observe os itens abaixo, e
indique o(s) que apresenta(m) esse recurso:
I- “A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e
punha-lhe um fartum acre de sabão ordinário.”
II- “As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns
pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste...”
III- “...começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia,
suplantando todos os outros...”
IV- “Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e
rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se.”
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura,
rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a
esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal
num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de
barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda,
como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite em
que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se
voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos
no ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar
com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado
freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora
um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra
por fibra titilando.
(...)
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma
pelos olhos enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das
impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do
meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o
aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas
matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce
a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o
sapoti mais doce que mel e era a castanha do caju, que abre feridas
com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a
lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito
tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos,
acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra,
picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma
centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita
de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que
zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se si pelo ar numa
fosforescência afrodisíaca.
O cortiço, Aluísio Azevedo
01- A partir da leitura do texto, depreende-se que, exceto:
a)- a narrador descreve a dança por meio de verbos que indicam ação,
realçando a sensualidade da personagem Rita e seus instintos carnais
b)- a linguagem utilizada pelo narrador na descrição de Rita Baiana
identifica a personagem como a encarnação do sensualismo tropical
c)- há uma alusão a fatores culturais, a partir da relação entre Rita e
Jerônimo, já que o domínio da mulher sobre o olhar estático do homem,
reforça a crítica feita pelo narrador ao processo histórico da colonização
do Brasil
d)- a focalização das ações humanas condicionadas por fatores sociais
desfaz o livre arbítrio das personagens
e)- a subjetividade com que o narrador descreve as ações expostas no
ambiente físico do cortiço reforça a sua onisciência durante a narrativa
02- (UEPA)- leia o excerto abaixo. Ele nos fala da personagem
Piedade, que pertence ao romance “O cortiço”, do escritor realista
Aluísio Azevedo:
“Ela ergueu-se finalmente, foi lá fora ao capinzal, pôs-se a
andar agitada, falando sozinha, a gesticular forte. E nos seus
movimentos de desespero, quando levantava para o céu os punhos
fechados, dir-se-ia que não era contra o marido que se revoltava,
mas sim, contra aquela amaldiçoadora luz alucinadora, contra
aquele sol crapuloso, que fazia ferver o sangue dos homens e
metia-lhes no corpo luxúrias de bode.”
A característica do Naturalismo nele presente é:
a)- o anticlericalismo
b)- a descrição minuciosa do estado psicológico das personagens
sem apelar para explicações ditas científicas
c)- o uso da noção de determinismo mesológico (meio físico) para
explicar certos comportamentos de personagens
d)- a idealização de traços físicos das personagens referidas
e)- a descrição crua dos sórdidos ambientes físicos que vivem as
pessoas de baixa renda
Estão corretos:
a)- I, II e IV
b) I, II e III
c) II, III e IV
d)II e III
e)II e IV
GABARITO : 1-B 2-B 3-E 4- C
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92
LITERATURA
AULA 16: A POESIA PARNASIANA – linguagem e características gerais
Rigor formal
Valorizando o emprego da palavra rara, do vocabulário
precioso, da frase rebuscada, a poesia parnasiana teve, na preocupação
com a perfeição da forma, a sua característica básica, ainda que em
prejuízo da qualidade de sua expressão poética.
O estilo se define, portanto, pelo culto da forma e foi,
sobretudo uma renovação poética. Esta renovação teve sua origem na
França. Em l886, foi editada uma antologia, Le Parnasse Contemporáin,
que reunia composições de diversas tendências, com uma linha comum:
reagir contra o romantismo. Seus principais colaboradores, Leconte de
Lisle, Theóphile Gautier, Théodore Banville, José Maria Herédia (de
nacionalidade cubana), Baudelaire, Sully Prudhomme (ganhador do
prêmio Nobel em 1901), Verlaine, Mallarmé, obedeciam a uma nova
estética que pregava o principio da Arte pela Arte. Defendiam em última
análise, uma arte que não servisse a nada, nem a difusão qualquer
ideologia, nem a ninguém; uma arte voltada para si mesmo em sumo. O
objetivo da “arte pela arte” é o Belo, a criação da beleza pelo uso perfeito
dos recursos artísticos. Neste sentido, levam ao exagero o culto da rima,
do ritmo, do vocabulário, do verso longo. Para o Parnasiano, a poesia
deveria ser trabalhada até que resultasse perfeita.
Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às
regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pela rima rica
e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da
linguagem figurada é reduzido, com a valorização do exotismo e da
mitologia. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e paisagens.
A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os
românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os autores
parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte
devia existir por si só, e não por subterfúgios, como o amor, por exemplo.
A seguir, selecionamos um comentário sobre as propostas estéticas e
linguísticas dessa corrente literária no Brasil.
"A necessidade de objetivar ou despersonalizar a poesia tomou
vulto em França nos meados do séc. XIX. É sempre algo fictícia a tarefa de
rotular poetas e delimitar o âmbito de uma escola literária, até porque as
revoluções do pensamento e do gosto germinam já em épocas anteriores
àquela em que se declaram. Foi a saturação das «indecorosas carpiduras
românticas», o pudor do egolatrismo, que, até certo ponto, determinou o
movimento parnasiano, pois se afirmara uma reação anti-romântica, na
rejeição da confidência, na transposição dramática da experiência íntima;
e Vítor Hugo tentara operar a transição do individual para o geral. Com
toda a complexidade que os seus múltiplos expoentes lhe trazem, o
Parnasianismo francês, que ao mundo ditou os moldes de uma nova
estética, concentra-se, como teoria, em torno do ideal da Arte pela Arte,
renovado programaticamente (pois se trata de uma posição eterna do
espírito) por volta de 1830. Prende-se esta atitude com o repúdio da
tendência para tornar a arte útil, para colocar ao serviço da sociedade.
O nome de «parnasianos» foi dado ao grupo de poetas cujos
versos o editor Lemerre publicou numa colectânea - sucedâneo da revista
Art - intitulada Parnasse Contemporain (1866-1871-1876). O elo entre
esses poetas (e alguns prosadores) de diferentes origens e com diferentes
propósitos, era o respeito pela arte e pelo «ofício», pelo «artifício». [...]”
Opondo-se à simplicidade formal romântica, que de certa forma
popularizou a poesia os parnasianos eram rigorosos quanto à métrica em
rimas e também quanto à riqueza e raridade do vocabulário. É por isso que
são frequentes, nos textos parnasianos, os hipérbatos( ordem indireta), as
palavras eruditas e difíceis, as rimas forçadas.
Retorno ao Classicismo
Abordando temas mitológicos e da antiguidade greco-latina, os
poetas parnasianos valorizavam as normas e técnicas de composição e,
regra geral, exploravam o soneto (poema de forma fixa).
Arte pela arte
A poesia parnasiana atribuía a arte o papel de voltar-se
somente para o ato de sua própria criação. Assim, o poeta deveria se
preocupar exclusivamente com o “fazer poético”
Alheamento a problemas sociais
Os parnasianos, preocupados que estavam em valorizar a forma
poética, deixavam de lado tudo aquilo que não fosse relacionado ao fazer
poético. Daí, sua poesia se estender somente para a preocupação com a
forma, ficando completamente desprovida de preocupações sociais,
políticas o quaisquer outras que não interesse à poesia.
Outras características:
- culto da forma
- forte descritivismo
- necessidade de aproximar a poesia das artes plásticas, em especial a
escultura
- valorização de versos longos.
- sensualismo
- contenção emocional, através da impassibilidade
Rodrigues, Urbano Tavares, DICIONÁRIO
DE LITERATURA, 3ª edição, 3º volume,
Porto, Figueirinhas, 1979
Características do Parnasianismo:
Objetividade e descritivismo
Reagindo contra o sentimentalismo e o subjetivismo
românticos, a poesia parnasiana era comedida, objetiva: fugia das
manifestações sentimentais. Buscando esta impassibilidade ( frieza),
empenhava-se em descrever minúcias, na fixação de cenas, personagens
históricos e figuras mitológicas.
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LITERATURA
EXERCÍCIOS DE SALA
04- (fund. univ. riogrande) marque a afirmativa correta:
a) o parnasianismo caracterizou-se, no brasil, pela busca da perfeição
formal na poesia.
b) o parnasianismo determinou o surgimento de obras de tom
marcadamente coloquial.
c) o parnasianismo, por seus poetas, preconizava o uso do verso livre.
d) o parnasianismo brasileiro deu ênfase ao experimentalismo formal.
e) o parnasianismo foi o responsável pela afirmação de uma poesia de
caráter sugestivo e musical.
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego.
EXERCÍCIOS DE CASA
UM BEIJO
Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior... Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artificio,
É a força e a graça na simplicidade.
01- Podemos observar como recursos do parnasianismo no soneto
acima, EXCETO:
a)- a presença do “enjambement” como recurso clássico
b)- a mostragem do fazer poético através da metalinguagem mostrando o
perfeccionismo do texto
c)- a sobriedade, como resultado final, proporcionando um aspecto um
aspecto elevado, sério, culto, respeitável
d)- a presença do sentimentalismo na elaboração e dedicação que o poeta
deve dar ao elaborar sua poesia
e)- a presença da mitologia clássica retoma os modelos dessa civilização,
que se configura também através do culto pela forma poética
02- Com relação aos tercetos do soneto acima.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Nos versos, apresenta-se uma concepção de arte baseada _____________
, própria dos poetas __________ . Na frase, os espaços devem ser
preenchidos por
a)- na expressão dos sentimentos ... românticos.
b) na sugestão de sons e imagens ... parnasianos.
c) na contestação dos valores sociais ... simbolistas.
d) no extremo rigor formal ... parnasianos.
e) na expressão dos conflitos humanos ... simbolistas.
03- Os versos denunciam:
a) vocabulário simples e pouca preocupação com as qualidades técnicas do
poema, já que as sugestões sonoras não estão neles presentes.
b) emoção expressa racionalmente, embora seja bastante evidente o
caráter subjetivo na construção das imagens.
c) a busca da perfeição na expressão, visando ao universalismo, como
exemplificam os termos Beleza e Verdade, grafados com maiúsculas.
d) o afastamento da realidade social, decorrente de uma visão idealizada
do mundo, descrito por metáforas pouco objetivas.
e) a forma de expressão pouco idealizada, resultante de uma concepção
de mundo marcada pela complexidade que, nos versos, se manifesta em
vocabulário seleto.
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Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! E anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...
(BILAC, Olavo. Melhores Poemas de Olavo Bilac. 4
ed. São Paulo: Globo, 2005, p. 108.)
01 - Leia com atenção o soneto e assinale a alternativa INCORRETA.
a) Embora a temática do poema pareça estranha, tendo em vista o rótulo
de parnasiano atribuído ao poeta, observa-se que o soneto, do ponto de
vista formal, está dentro dos preceitos da escola Parnasiana.
b) O soneto, construído com versos decassílabos, segue as normas da
metrificação adotadas pelo estilo parnasiano.
c) Na primeira estrofe, o poeta lança mão de antíteses para revelar as
experiências contraditórias vivenciadas pelo eu lírico.
d) Tendo em vista a idealização romântica que impregna o poema, ele não
pode, formalmente, ser considerado parnasiano.
e) A leitura deste soneto e de vários outros poemas de Bilac, presentes na
obra indicada para leitura, põe sob suspeita a proclamada impassibilidade
parnasiana.
02 - Considere as seguintes afirmações sobre os aspectos morfológicos,
sintáticos e semânticos do Texto I:
I - A alternância de dois tempos verbais, ao longo do poema, revela a
consciência da perda e o desejo da permanência do objeto amado.
II - As formas pronominais me (v.6) e te (v.12), que funcionam como
objeto indireto, indicam referência do tipo possessivo.
III - As ocorrências de inversão sintática, nos versos 3 e 4, ocasionadas pelo
deslocamento de constituintes com função equivalente, valorizam o
contraste tematizado na estrofe.
Está (ão) correta(s) a(s) afirmação(ões)
a) I e II.
b) II.
c) I e III.
d) II e III.
e) III.
01. D
2. D 3.C 4. A
GABARITO
5.D 6.A
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