ID: 42800226
14-07-2012
Tiragem: 46555
Pág: 10
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 15,66 x 30,26 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
Exercício militar numa
Ibéria com três países em
conflito étnico-político
DR/HOTBLADE
Forças Armadas
Ricardo Vieira Soares
Nos céus do Norte,
Portugal participou com
um helicóptero e dois F16
numa operação financiada
pelo Luxermburgo
Executar missões em ambiente
quente, empoeirado e a grande altitude não é tarefa fácil, mas foi o
objectivo do Hot Blade 2012, exercício multinacional de helicópteros
no âmbito da União Europeia, em
que a cooperação é palavra-chave.
Simular as condições em alguns dos
teatros operacionais actuais e colocar forças de várias nacionalidades a trabalhar em conjunto foram
os desafios. Portugal participou na
quinta-feira com um helicóptero e
dois F16.
O exercício, enquadrado no programa de treino de helicópteros da
Agência Europeia de Defesa (EDA),
este ano entregou à Força Aérea
Portuguesa a organização. As operações contaram com a participação
da Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Reino Unido e
Suécia, os dois últimos apenas como
observadores. Estiveram envolvidos
3000 operacionais, apoiados por 36
meios aéreos, num exercício financiado pelo Luxemburgo. As “boas
condições atmosféricas e geográficas” de Portugal foram as razões
apontadas pela EDA para justificar
a escolha do nosso país.
Apesar de Portugal ter apenas um
helicóptero envolvido, e dois caças
F16, que davam cobertura aos militares no terreno, o ministro da
Defesa, José Pedro Aguiar-Branco,
enfatizou o facto de Portugal receber esta operação. “É o exemplo
perfeito do pool and sharing [junta
e partilha] de meios para atingir resultados em operações militares, é
uma honra para Portugal receber
este exercício ”, afirmou o ministro
no Aeródromo de Manobras n.º 1 em
Ovar, após assistir ao exercício em
Linhares da Beira.
O ministro da Defesa luxemburguês, Jean-Marie Halsdorf, afirmou
que os cortes orçamentais na Defesa
obrigam os países a apostar na cooperação, de forma a serem mais
eficientes, justificando assim o financiamento do Hot Blade.
Construído o cenário, uma Península Ibérica dividida em três países
em conflito político-étnico, o exercício consistia em “atacar um edifício
Um momento da operação Hot Blade
com comunicações, onde estavam
pessoas cativas e resgatá-las em segurança”, relatou o tenente-coronel
Lourenço, responsável pela organização do exercício.
Para além de Aguiar-Branco e
do seu homólogo luxemburguês,
Claude-France Arnould, directora
executiva da EDA, assistiu às operações. “Quem estava a executar a
missão não tinha conhecimento de
quem assistia, portanto o que se viu
foi exactamente o que eles executariam, se não estivesse lá ninguém”,
explicou o tenente-coronel, acrescentando “que não foi feito nenhum
teatrinho”.
A cooperação entre as forças presentes foi o objectivo do Hot Blade.
“A intenção é tornar o exercício
exigente para as tripulações, só assim se atinge a excelência”, disse o
responsável português pelo exercício. O tenente-coronel Lourenço
concluiu que “estes exercícios são
importantes, porque para teatros
não se vai sozinho, mas englobado
numa força multinacional”.
Cooperação é o futuro militar na Europa
Directora executiva da EDA falou ao PÚBLICO
A
redução do orçamento
destinado à Defesa nos
países da União Europeia
tem impacto negativo nas
Forças Armadas. No entanto,
“é um enorme incentivo
à cooperação”, afirmou
Claude-France Arnould. A
directora executiva da Agência
Europeia de Defesa (EDA),
falou ao PÚBLICO à margem
do exercício de treino de
helicópteros, Hot Blade.
“Cooperar é inevitavelmente
o futuro militar dos países da
UE”, afirmou Claude-France
Arnould da EDA. A agência
tem duas grandes linhas
de orientação, nas quais a
cooperação é o denominador
comum. Desenvolver as
capacidades militares e
investir no treino em áreas
especializadas pela partilha de
conhecimento entre os países
são objectivos em prática. A
outra via pretende estabelecer
sinergias entre o que é feito
pelos ministros da Defesa e
as políticas da UE. Na actual
situação económica, afirma
Arnould, apoiar a investigação e
o desenvolvimento tecnológico
é preparar o futuro.
“A Europa tem de estar
preparada para enfrentar
qualquer tipo de ameaças”,
alerta a responsável pela
EDA. “Nunca poderemos
estar satisfeitos com aquilo
que possuímos, temos
de estar comprometidos
em desenvolver as nossas
capacidades, em sermos mais
eficientes”, precisou. Quanto
a intervenções militares da
Europa em países em conflito,
a directora do organismo
europeu é taxativa: “Só
em conformidade com as
resoluções do Conselho de
Segurança da ONU.” R.V.S.
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Exercício militar numa Ibéria com três países em conflito étnico