Indicadores biológicos podem atestar a qualidade do ambiente em que você
vive: basta ficar atento aos sinais
Se você prestou bastante atenção nas aulas de biologia, vai lembrar bem do
assunto desta semana. Para começar, vamos recordar que a presença ou ausência de
certas espécies nos ecossistemas pode, incrivelmente, trazer muitas informações
sobre a qualidade do ambiente. Isto ocorre porque elas respondem fielmente aos
parâmetros ambientais que garantem a sua sobrevivência, ou seja, o seu habitat.
Assim, quando o ambiente natural é alterado, por exemplo, com a entrada de um
poluente, ou pelo desmatamento, o equilíbrio ecológico se altera, fazendo com que
algumas espécies sensíveis à essas substâncias tóxicas desapareçam, ou se tornem
raras.
Com a redução na quantidade de indivíduos e a redução de espécies do
ambiente, algumas populações resistentes ao estresse, antes com abundâncias
controladas pela competição, encontram espaço e recursos disponíveis para crescer e
dominar o ambiente, diminuindo a biodiversidade – diversidade de espécies.
Uma das mais conhecidas espécies que indicam a qualidade do ambiente do ar
é o chamado líquen, ser vivo altamente sensível a poluentes. Essa grande
sensibilidade, é importante esclarecer, está estreitamente relacionada com sua
biologia: anatomicamente, os líquens não possuem estomas nem cutícula, o que
significa que os gases e aerossóis podem ser absorvidos pelo talo e difundir-se
rapidamente pelo tecido onde está o fotobionte. Além disso, a ausência destas
estruturas tampouco permite excretar as substâncias tóxicas, ou a seleção destas que
são absorvidas.
Mas,
além
das
espécies
indicadoras da qualidade do ar, existem
também as espécies indicadoras em
ambientes terrestres e em ambientes
aquáticos. Os anelídeos (minhocas), por
exemplo,
são
considerados
bons
indicadores de distúrbios do solo, pois
por
meio
de
seu
deslocamento
e
ingestão de solo contaminado, estes
organismos entram em contato com poluentes, que podem ser absorvidos por contato
direto e passagem pela cutícula. Através dessa exposição, as minhocas podem se
intoxicar, morrer ou acumular estes poluentes. Seguindo esta lógica, percebemos que
a diminuição ou a extinção das espécies no ambiente, pode ter sua causa na
destruição ou toxicidade do ambiente em que vivem.
Também as aves tem se mostrado indicadores de poluição muito úteis,
principalmente as aves de rapina para ambientes terrestres, isto porque estas aves
estão no topo ou quase no topo de suas cadeias alimentares. Isso significa que
durante toda sua vida vão acumulando em seus corpos poluentes presentes nos
alimentos e na água que ingerem. Da mesma forma, pesquisadores aprenderam a
avaliar a qualidade da água por meio da presença ou da ausência de espécies,
algumas características de águas limpas, outras de águas poluídas.
A vantagem da utilização dos indicadores naturais é, portanto, que eles
permitem uma avaliação mais segura e confiável da qualidade ambiental, como uma
fotografia instantânea, um "flash" da situação. Eles são o testemunho, pois respondem
ao efeito cumulativo de todas as alterações durante um período de tempo mais longo.
Por Simone Luiza Fritzen/Assessoria de Comunicação da Asapan
Foto: José Reynaldo da Fonseca
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