Editor-responsável: Mário Reis Álvares-da-Silva Setembro/2012 Sociedade Brasileira de Hepatologia SBH vs. ABEF Crise de identidade na Hepatologia brasileira Dengue e as bromélias WIAH e Joint: movimentando agosto Monotemático de NASH Vamos ganhar mais? | Seção Espaço Porta | Índice Sociedade Brasileira de Hepatologia Diretoria Biênio 2011-2013 Presidente: Henrique Sérgio de Moraes Coelho (RJ) 1º Vice-presidente: Maria Lucia Gomes Ferraz (SP) 2° Vice-presidente: José Carlos Ferraz Fonseca (AM) 3º Vice-presidente: Francisco José Dutra Souto (MT) Secretário-geral: Mário Reis Álvares-da-Silva (RS) Secretário-adjunto: Jorge André de Segadas Soares (RJ) Tesoureira: Letícia Cancela Nabuco (RJ) 2º Tesoureiro: André de Castro Lyra (BA) Representante AMB: Edna Strauss (SP) Editor Boletim SBH: Mário Reis Álvares-da-Silva (RS) Comissão de Admissão: Henrique Sérgio M. Coelho (RJ), Fábio Marinho do Rego Barros (PE), Edmundo Pessoa Lopes Neto (PE) Editor Arquivos de Gastroenterologia: Alberto Queiroz Farias (SP) Editor GED: Paulo Lisboa Bittencourt (BA) Home Page: Fábio Marinho do Rego Barros (PE) Concurso da Área de Atuação: José Eymard de Medeiros Filho (PB), Maria Chiara Chindamo (RJ), Carlos Eduardo Brandão Mello (RJ) Conselho Fiscal: Paulo Roberto Lerias de Almeida (RS), João Luiz Pereira (RJ), Roberto José de Carvalho Filho (SP), Giovanni Faria Silva (SP) e Rodrigo Sebba Aires (GO) Comissão de Pesquisa Clínica: Maria Lucia G. Ferraz (SP), Renata de Mello Perez (RJ), Angelo Alves de Mattos (RS) Comissão de Residência Médica: Raymundo Paraná (BA), Edna Strauss (SP), Angelo Alves de Mattos (RS), Cristiane Alves Villela Nogueira (RJ) Presidente Eleito: Edison Roberto Parise (SP) Esta é uma publicação técnico-científica para distribuição exclusiva a profissionais habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos. Créditos Boletim SBH Capa: detalhe de uma viela em Roma. Todas as fotografias: Mário Reis Álvares-da-Silva (exceto: Bromélias – Flair Carrilho; Curitiba e Punta Del Este - Fórum e Consenso: Rosane Fantin). Arte final: VRA+ Comunicação. Contato e sugestões: [email protected]. Editor-responsável: Mário Reis Álvares-da-Silva Sociedade Brasileira de Hepatologia SBH vs. ABEF Crise de identidade na Hepatologia brasileira Ora direis, ouvir bromélias WIAH e Joint: movimentando agosto 2 | Boletim SBH Monotemático de NASH Vamos ganhar mais? 2 2 2 3 4 6 8 12 15 16 20 22 24 26 Expediente da diretoria Editorial Créditos Boletim SBH Seção Espaço Porta – 1º Simpósio de Hepatologia do Nordeste Seção Placa Ductal – Câmara Técnica Nacional de Transplante Seção Células Estreladas – Vamos Ganhar Mais? Seção Células Endoteliais – WIAH e Joint Meeting Seção Espaço de Disse – Bromélias Seção Transporte Biliar – Elastografia tecidual. Seção Células de Kupffer – SBH vs. ABEF: Crise de Identidade Seção Artéria Hepática – Monotemático NASH Seção Veia Porta – Fórum de Pesquisadores e Consenso HCV Seção Canais de Hering – Tratamento da Hepatite C no Brasil Seção Zona 3 – Notícias SBH Editorial Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ) Prezados Colegas, a cada momento surge um desafio para a SBH. No ano passado conseguimos perante ao Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, tornarmo-nos área de atuação da Clínica Médica e da Infectologia. O passo seguinte foi a criação da Residência Médica em Hepatologia em 2 anos, que é o período que consideramos ideal para os residentes adquirirem as aptidões necessárias para exercer a Hepatologia. Na gestão de Raymundo Paraná, foi enviada à AMB a proposta de Residência Médica em Hepatologia, e na minha gestão defendemos na AMB, com Edna Strauss e Raymundo Paraná, a necessidade de criarmos a especialidade Hepatologia para atender as demandas de doenças altamente prevalentes em nosso meio como as hepatites, a esteatose, a cirrose hepática e o câncer de fígado. Entendemos que em diversas regiões do país, principalmente no SUS, não há um número de profissionais preparados para atender com qualidade milhões de pessoas com estas patologias. Nossas posições foram bem aceitas e como primeiro passo em direção à realização de nosso sonho que é o reconhecimento da Hepatologia como especialidade, formulamos um Programa de Residência Médica em 2 anos tendo como pré-requisito a Clínica Médica e a Infectologia. Recebemos como exigência da Comissão Nacio- nal da Residência Médica (CNRM) e da AMB que apresentássemos o programa dentro de uma matriz de conteúdo padronizado para todas as especialidades. A Comissão de Residência da SBH (Edna Strauss, Raymundo Paraná e Cristiane Villela) trabalhou neste último mês adaptando este Programa às normas da CNRM, recentemente enviado a todos os associados na forma apresentada à CNRM. Agora é identificar os Serviços capazes de desenvolver este programa e incentivá-los para que solicitem às comissões locais a alocação de vagas novas para Hepatologia tendo como pré-requisito a Clínica Médica ou Infectologia. Em um segundo passo, discutir com a Gastroenterologia a RM daqueles que optarem por inicialmente cursar a Gastroenterologia. Em futuro breve todas as áreas de atuação deverão ter programas em 2 anos e será necessária a adaptação do Programa em vigência. Creio ser muito importante que todos os Serviços que venham a desenvolver o Programa possam interagir e eventualmente até organizem programas de cooperação em áreas pouco desenvolvidas em determinada região. Somente com Residência em Hepatologia ativa e forte poderemos exigir maiores oportunidades no mercado de trabalho público, realização de concursos públicos bem como a inserção da Hepatologia no SUS. Aracaju | 27 a 29 de Setembro de 2012 Alex Vianey Callado França (SE) Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ) “Neste evento serão discutidos temas de interesse mundial como as hepatites virais, carcinoma hepatocelular, mas também focando em doenças de interesse regional, como a esquistossomose.” Visando a difusão do conhecimento da hepatologia por todo Brasil, a SBH realizará o I Simpósio de Hepatologia do Nordeste em Aracaju-Sergipe no final de setembro do corrente ano. Neste evento serão discutidos temas de interesse mundial como as hepatites virais, carcinoma hepatocelular, mas também focando em doenças de interesse regional, como a esquistossomose. Além de levar os conhecimentos da nossa especialidade a todas regiões da nação, a SBH tem como objetivo estimular a ação conjunta dos diversos estados no desenvolvimento da hepatologia tanto na divulgação como na realização de estudos científicos em doenças prevalentes em cada região. Além dos convidados locais (Sergipe), estão confirmadas as presenças de 9 palestrantes do nordeste, 7 de outras regiões do Brasil e 1 convidado internacional do grupo BCLC de Barcelona, Dr. Ramón Vilana, que irá abordar a importância dos métodos de imagem no diagnóstico e tratamento do carcinoma hepatocelular. Este será o primeiro evento de um programa que será itinerante entre os estados. Esperamos contar com a presença de todos e aproveitar para desfrutar dos encantos da capital brasileira da qualidade de vida. Boletim SBH | 3 | Seção Placa Ductal | Câmara Técnica Nacional para os Transplantes de Fígado: novidades à vista Luiz A. Carneiro D’Albuquerque (SP) Desde Maio de 2011 a Câmara Técnica para os Transplantes de Fígado, designada pelo Sistema Nacional de Transplantes, conta com um representante da Sociedade Brasileira de Hepatologia e um do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva. Esta ampliação da entidade que regula as políticas do transplante de fígado mostra uma adequação salutar às novas realidades e necessidades observadas nos centros transplantadores de todo o Brasil. O momento vivido pelas Câmaras Técnicas anteriores era de consolidação do Transplante Hepático no Brasil e a manutenção de normas e pareceres de formato cartorial por ela emitidos sinalizava seriedade e respeito aos assuntos relacionados ao transplante. E este objetivo foi cumprido, pois se os transplantes no País são vistos atualmente como confiáveis também é decorrente da política anteriormente adotada. Poderia questionar-se o conservadorismo e o estrito seguimento da lei nas decisões, mas nunca questionar-se sua integridade. 4 | Boletim SBH Consequente a essa seriedade adotada obteve-se, no transplante de fígado, credibilidade generalizada pelo Brasil. Com o crescimento do número de Transplantes de Fígado no país passou-se a outro momento, observando-se reivindicação geral, para que os regulamentos permitissem a inclusão de novas formas de complicações da doença hepática. Assim, a nova Câmara Técnica teve a sensibilidade de discutir maduramente, e incluir, novas doenças em situação especial, beneficiando pacientes, anteriormente sem perspectivas próximas de viabilizar seus transplantes. A visão atual da Câmara é a de permitir que doentes crônicos, portadores de doenças hepáticas graves porém compensados mas com graves repercussões clínicas e que imponham grande risco de morte nas crises agudas ou acarretem inaceitável qualidade de vida possam ter acesso ao transplante através da concessão de situação especial. Enquadram-se perfeitamente neste conceito a ascite e o prurido intratável, a encefalopatia incapacitante e as colangites de repetição, desde que se respeitem os critérios estabelecidos e com a documentação comprobatória da gravidade da patologia. Através da documentação de internações múltiplas, tratamentos adequados, etc. e o preenchimento correto das fichas instituídas que serão então encaminhadas as Centrais Regionais, que as repassem ao Sistema Nacional de Transplantes para análise. Muitos pacientes já foram beneficiados por esta nova regulamentação. Reforçamos que o histórico da doença, detalhado e com a cronologia das formas terapêuticas e necessidades de intervenções e/ ou internações hospitalares são essenciais para que se tenha visão correta das necessidades destes pacientes para que possam receber situação especial, beneficiando-os com o transplante. O carcinoma hepatocelular também teve sua pontuação alterada e aguarda a inclusão nos Sistemas “ Obteve-se, no transplante de fígado, credibilidade generalizada pelo Brasil. Com o crescimento do número de Transplantes de Fígado no país passou-se a outro momento, observando-se reivindicação geral, para que os regulamentos permitissem a inclusão de novas formas de complicações da doença hepática. “ Câmara Técnica Nacional de Transplante Operacionais do SNT. Visto que as pontuações respeitarão alguns critérios regionais, com intuito de equilibrar os pontos da situação especial com o tempo de espera em lista, MELD regionais e estádio clínico. No carcinoma hepatocelular o estadiamento clínico será levado em consideração, utilizando-se como base o critério de Bologna (que respeita os de Milão) e que nos tumores estadiados como Barcelona 2 diferenciar-se-á os 2A (tumor entre 2,0 e 3,0 cm) e 2B (tumor maior que 3,0cm ou 2-3 tumores acima de 2,0 cm com até 3,0 cm). Os tumores 2A receberão o MELD básico do paciente, calculado com as variáveis acima, mais 4 pontos incorporando 0,5 ponto/mês enquanto o T2B ganhará 8 pontos + 1 ponto por mês. Os pacientes aceitos nas Centrais como downstaging receberão seu MELD de base + 12 pontos + 1 ponto/mês. Em meu nome e, certamente de todos os membros desta Câmera gostaríamos de enfatizar o empe- nho do SNT nos últimos anos no sentido de transformar o Brasil em um centro de excelência na área de Transplantes. Nos últimos anos o Ministério da Saúde através do SNT tem alocado recursos crescentes para a concretização deste objetivo e acreditamos que a comunidade dos transplantadores tem correspondido às expectativas e anseios da população. Hoje na área de fígado somos o terceiro País do mundo em volume de transplantes de fígado. Vamos agora, trabalhar arduamente objetivando aumentar ainda mais a doação de órgãos em estados onde ela inexiste e organizá-las nos estados restantes, em apoio as atitudes concretas, adotados pelo SNT e em implementação. Finalmente a comunidade transplantadora deverá dar continuidade à busca de melhores resultados com o objetivo de em pouco tempo, consolidar o Brasil como excelência mundial, em números e resultados, na área de transplantes de órgãos do aparelho digestivo. Câmara Técnica Nacional de Transplante Hepático (Ministério da Saúde - Portaria 227, 20 de Maio de 2011) Membros titulares Agnaldo Soares Lima (MG) José Ben-Hur Ferraz Neto (SP) Ilka Boin (SP) José Huygens Parente Garcia (CE) Luiz A. Carneiro D’Albuquerque (SP) Marcelo Nogara (SC) Mário Reis Álvares-da-Silva (RS) Paulo Massarollo (SP) Tércio Genzini (SP) Representante SBH Paulo Lisboa Bittencourt (BA) Representante CBCD Cleber Dario Pinto Kruel (RS) Boletim SBH | 5 | Seção Células Estreladas | s o Vam r a h n ga ? s i ma Como aumentar os ganhos dos hepatologistas André Lyra (BA) A Hepatologia é uma especialidade eminentemente clinica, na qual poucos procedimentos fazem parte do seu arsenal. Certamente esta característica contribui para a menor procura dos novos médicos pela especialidade. Como já é de amplo conhecimento, os convênios habitualmente remuneram melhor procedimentos médicos em detrimento das consultas medicas, cujos honorários são baixos. Portanto, a busca 6 | Boletim SBH por uma melhor e justa remuneração dos hepatologistas provavelmente seria um atrativo importante para o recrutamento de novos especialistas. Embora o Fibroscan venha a ser um novo procedimento que tenha proporcionado perspectivas para um melhor ganho dos hepatologistas, o aparelho ainda é muito caro, possivelmente radiologistas também irão utiliza-lo e por isso muitos têm receio de adquiri-lo em certas regiões do país por preocupação em não obter o retorno financeiro desejado e necessário para compensar o investimento. Provavelmente, o primeiro passo que deveria ser dado pelos hepatologistas para obter uma melhor remuneração seria a organização da classe neste sentido e definição de um preço adequado da consulta médica tanto a nível ambulatorial quanto a nível hospitalar, a exemplo de como os anestesiologistas, fizeram em vários locais. Nossos pacientes ambulatoriais e, particularmente os que necessitam de internação são, habitualmente, complexos, demandam tempo e conhecimento científico profundo para o seu manuseio correto. Portanto, seriam apropriados honorários médicos acima do que atualmente é proposto pelas tabelas vigentes. A hepatologia é uma das especialidades que mais internam pacientes para acompanhamento hospitalar e uma adequação desta remuneração já representaria um grande avanço nos ganhos. É necessário valorizar a hora do trabalho do médico que não realiza procedimentos invasivos e reduzir a desproporcionalidade que existe entre os honorários deste profissional e daquele que faz procedimentos, levando-se em consideração que o tempo de formação de ambos é elevado, demandando varias ho- ras de treinamento e dedicação. É válido ressaltar que, na maioria das vezes, o Hepatologista lida com pacientes portadores de doenças crônicas e, consequentemente, estes pacientes requerem uma atenção que frequentemente vai além daquele momento da consulta médica. Desta forma, embora isto seja observado em outras especialidades, é muito frequente, na Hepatologia, que os pacientes liguem para os telefones dos seus médicos nas horas de trabalho e mesmo em horários não convencionais para obterem orientação a cerca de algo relacionado à sua doença em um dado momento. Paralelamente, embora seja um aspecto menos prioritário em relação ao anteriormente comentado, não deve ser esquecida a necessidade de adequação dos honorários médicos referentes às paracenteses abdominais e biópsias hepáticas. Finalmente, outra possibilidade a ser avaliada seria a tentativa de se estabelecer, junto aos convênios, uma tabela de honorários médicos relacionados a todo o acompanhamento clinico de um tratamento mais complexo de algumas condições clínicas, como por exemplo, é o caso da hepatite C. Boletim SBH | 7 | Seção Células Endoteliais | Dominique foi ao mar - Joint na Bahia Mário Reis Álvares-da-Silva (RS) WIAH e Joint Meeting. 8 | Boletim SBH Dominique foi ao mar, o mar verdinho e quente do inverno da Bahia. Pulou ondinha, leve, feliz e afoita. Sol a pino. Foi entrando, água quase na panturrilha, moda praia, bronze de Curitiba. “Você sabe que muda o vento, você sabe que o vento vira, ai, o vento virou ...”, Caymmi cantando ao fundo. Traiçoeira a Praia do Forte, o microtsunami pegou em cheio, arrastou a banhista do Sul, gritos de horror, segundos de pânico, a lâmina de água cobrindo parte da mãozinha direita cravada na areia, os pulmões quase encharcados de água e sal. Salva e sã, intacta da aventura, coração aos pulos, respiração ruidosa, e, felizmente, o maiozinho no lugar, jazia a moça, pé em terra firme, final feliz. O salva-vidas do Iberostar, lá de cima, nem se tocou, distraído. Claudia seguiu fazendo estrelas na areia, alheia, que é época de Olimpíadas, Mario Pessôa nos apoios, André no tênis de mesa. 4º Joint Meeting, tudo incluído no Nordeste brasileiro fora de época. Público recorde – qualificado e atento, ciência e lazer, leveza e profundidade – pure espírito Joint Meeting. Carcinoma hepatocelular e vírus C. Variantes do KIR, polimorfismos do PNPLA3, IL28B como nunca, os mistérios da microbiota – somos mais bactérias que humanos, só não havíamos nos dado conta! Mais as polêmicas dos casos clínicos, que não foram poucas. Quem teve sorte viu tartarugas e baleias no mar, Rombino na Gandaia, Sérgio Andrade cantando Xuxa (cer- to, eu cantei, também, piano bar), a lua cheia derramada sobre o mar. Quem teve muita sorte ouviu Paulo Chagas (da Nelminha) no quiosque, ou mais ainda, no palco, encerrando o Joint, Asa Branca matadora. Ano de lançamentos, grandes lançamentos, gente que foi pela primeira vez: Angelo Mattos, João Mendonça, Tania Reuter, Cris Villela, Cirley Lobato, Renata Perez, muitos outros. Pela primeira vez, Paulo e sua nécessaire, pronto para tudo – esta é pra ter orgulho do Joint: na Amaralina do Iberostar, pela primeira vez na história da Hepatologia foram discutidos artigos que ele ainda não havia lido! Aprendemos também que “existe vida depois dos 60 anos” – Themis aplaudida em cena aberta. Desta vez não teve vulcão, não teve confusão na saída. Teve o frio baiano do centro de eventos, um gelo! – muita gente passou frio. Dominique-de-sobretudo (sim, a moda praia abandonada depois da experiência traumática) fez um protesto pelo lead-in, e ensinou a todos, pure Paraná-British, ”lead-in”. Stickel não veio, virose suíça, mas mandou as aulas, simpático – Themis, André e Claudia na substituição. Moisés Diago veio, e se saiu muito bem. Muita gente veio e ficou o tempo todo, que bom. Muita gente ficou pouco tempo, e houve quem tenha ficado pouquíssimo. Evaldo levou o troféu The Flash, mais tempo de viagem que de evento, mas deu uma bela aula. O Joint tem para todos. Fábio e Marcelo com esposas e filhos, seriíssimos, .... O bar da piscina foi um point, o bar do lobby, outro, o teatro, nem tanto – poucos descobriram que havia danças pós-espetáculo, a beira-mar só não ajudou mais pelo repuxo – a lua cheia até que tentou. Iberostar Praia do Forte, estilo mourisco-like no litoral baiano, lindo, belos apartamentos, sem cheiro de mofo, novinho e bem cuidado. Muita comida, muita - certo, não se espere grande qualidade. Piscina sem bagunça, borda infinita, vista para os coqueiros e o mar, sem música, sem agito, sem axé, delícia! Como a Vila da Praia do Forte – quem não se lembrou de Búzios ao caminhar pela cidadezinha? – um pouco de licença poética é preciso, mas é assim que se leva a vida. E que ninguém diga que não trabalhamos: trabalhamos muito, discutimos muito, aprendemos muito uns com os outros, e sem sacrifício. Foram 3 dias vibrantes, escreveu Marcelo Costa. Ou, como disse Rosamar, “imunologia, biologia molecular, ciência básica...., hora para o compromisso, e hora para o lazer”. Leila, resumiu, na lama do coco, tranquila: “Isso é Nordeste, Mário Reis”. Boletim SBH | 9 O melhor do ser humano, assuntos da moda e o mensalão – VI WIAH Dominique Muzzillo (PR) Sob as luzes da cidade lá está o Paço da Liberdade. Linda foto! A mais linda até agora? É nossa sexta homenagem à Curitiba. VI Workshop Internacional de Atualização em Hepatologia, WIAH. No primeiro WIAH, em 2006, museu Oscar Niemeyer; no segundo o Jardim Botânico; em 2008 o Parque Tanguá; em 2009 a Ópera de Arame; em 2010 o Bosque do Alemão. Em 2011 não teve... Sem investimento. Crise financeira. Sem WIAH. Partiu meu coração. Chorei muito. Sofri demais. Depois entendi que fica melhor assim: WIAH a cada 2 anos, acontecendo no ano que não tem brasileiro de Hepatologia. Seria a foto do Tanguá a mais linda? Não importa qual foto é a mais linda! Todas lindas em estilos diferentes. Muito lindo é fazer o WIAH acontecer e enriquecer a nossa plateia com uma chuva de conhecimento em Hepatologia. Essa amada e linda Hepatologia. Brasileiros de altíssima qualidade, temas modernos e importantes. IL28B, IPs, HEV. Cirley Lobato nos traz a Hepatite Delta! E bombons de cupuaçu e de castanha do Pará para vender. Mas a terra dela não é o Acre? Sim, é. E lá ela faz um trabalho voluntário com jovens carentes. E o colega da plateia diz: que tal cada um oferecer o que deseja para ajudar? Sim. Excelente ideia! 10 | Boletim SBH Três maravilhosos estrangeiros: Helena Cortez-Pinto, Felix Stickel e Laurent Castera. Tradução simultânea. Muito chique. Acordei tão feliz naquele domingo. O WIAH começaria na sexta-feira seguinte. A alegria e tranquilidade acabaram quando li bem cedo o e-mail do Stickel: …I have very bad news for both of us. Sim, ele com parvovirose – grave - e eu sem um dos meus convidados estrangeiros! Que sufoco. O amigo do outro lado do mundo com plaquetopenia e leucopenia, hemólise e colestase e eu cá com a responsabilidade do evento. Tudo prontinho. Passagem emitida e programa pronto! Mas, não rodado… Marcelo e eu ficamos muito espertos com o passar desses 6 anos de WIAH. Em 10 minutos de troca de e-mails tinha Helena e Paraná substituindo duas palestras e logo depois o Pessôa com outra. Que alívio! Que revolução este tipo de alteração causa! Quanta preocupação. Os assuntos da moda foram abordados com maestria pelos estrangeiros – NAFLD pela Helena, testes não invasivos pelo Laurent. E tantos outros... Mário diz que eu coloco temas “exóticos” no WIAH (só porque pedi para falar de varizes de esôfago em gestante uma vez!). Uma das mesas, Mário certamente diria que era exótica, mas não estava lá para ver, causou frisson: Capacidade Laborativa do Hepatopata. Que será isso? Quando e como dou o atestado para meu paciente. O povo queria mais! E demos mais 10 minutos. Que raro dar mais tempo para alguém! Com mão de ferro sempre coordeno o tempo com precisão. Depois, esses 10 minutos foram descontados de algo. Nunca sobra tempo. Queremos mais. Mais pergunta. Mais discussão. Mais coffee break... e que delicioso estava. Estudar consome energia. Muitas energia! No final homenageio essa guerreira chamada Cirley. Digo que as Olimpíadas aí estavam mostrando o melhor do ser humano e que o mensalão, do lado oposto mostrando seu lado pior! Queremos justiça! Mas, como não podemos mudar o mundo peço a todos para batalhar para melhorar seu micromundo, diariamente. Todos os dias um pouquinho. E que devemos seguir esse lindo exemplo da Cirley. E ouço no canto esquerdo o Pessôa dizendo: assim ela vai me fazer chorar... E vejo pessoas emocionadas. E digo que nada daquilo ocorreria sem a ajuda de meu irmão amado que trabalha com seu expertise de administrador de empresas. “Não, não faço eventos. Só o da minha irmã”, responde ele. Ah! E voltando... o Mário não estava pois pela primeira vez foi embora mais cedo. Tinha que preparar coisas do Joint Meeting! Sob meus veementes protestos ele colocou o Joint no mesmo final de semana do WIAH. Vontade de matar o amigo, e com a ajuda da Pocahontas. Como não dá, a gente briga muito com ele e já avisa que a data do VII WIAH já está marcada: 2014 nos dias 29 e 30 de agosto. Boletim SBH | 11 | Seção Espaço de Disse | Bromélias Bromélias, dengue e culicídeos: que história é essa? Flair Carrilho (SP) As bromeliáceas são uma família de plantas tropicais e subtropicais, distribuídas no continente americano desde o sul dos Estados Unidos da América até o Chile, com mais de 65% das espécies originárias no Brasil, classificadas em 52 gêneros com mais de 3.000 espécies e variedades, sendo o seu exemplar mais conhecido o abacaxi (Ananas comosus) e muitas de suas espécies tem sido utilizadas em paisagismo como plantas ornamentais. As formas imaturas de culicídeos estão entre as espécies de organismos aquáticos que habitam os tanques de bromélias, algumas especializadas nesse tipo de micro-habitat e outras ocorrendo ocasionalmente. As bromélias podem constituir fonte permanente de água, portanto, sendo importante conhecer seu potencial de atuação como criadouro de mosquitos. Os vários sorotipos da Dengue têm sido transmitidos aos humanos através da picada dos insetos Aedes aegypti, Aedes albopictus, Aedes polynesiensis e Aedes scutellaris. As estratégias de controle da Dengue tem sido a atuação sobre as larvas dos insetos descritos, sendo necessário o conhecimento da ecologia local do vetor nos seus criadouros urbanos, periurbanos e nas florestas. A Organização Mundial da Saúde em 12 | Boletim SBH sua publicação de 2009, sobre o Diagnóstico, Tratamento, Prevenção e Controle da Dengue, sugere que sejam removidas ou eliminadas das vizinhanças das casas residenciais, as plantas ornamentais ou selvagens como as bromélias. Em consequência dessa orientação, muitos municípios brasileiros exigiram a eliminação das bromélias em seus habitats. Em geral, há pouca informação sobre a fauna de mosquitos em bromélias. MARQUES & FORATTINI analisando um total de 31.134 formas imaturas de mosquitos encontradas em 7 diferentes gêneros e 37 espécies de bromélias na Ilhabela, localizada no litoral norte paulista do sudeste do país, encontraram como as espécies dominantes de culicídeos a Culex pleuristriatus na área urbana e a Culex ocellatus na floresta. Entre as espécies de insetos transmissores da Dengue, somente o Aedes albopictus foi encontrado em 5,2%, 1,3% e 0,6%, respectivamente, nas amostras obtidas nos ambientes urbano, periurbano e da mata; não tendo sido encontrado nenhuma forma de larva do Aedes aegypti. MOCELLIN e cols, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), ambas unidades da FIOCRUZ, e do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro concluíram que as plantas popularmente conhecidas como bromé- lias não são, como se imaginava, micro-habitats importantes para o desenvolvimento de mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus, dois dos principais vetores da Dengue no Brasil. Para o estudo, foram capturados, durante quase um ano, aproximadamente 3 mil espécimes de mosquitos encontrados em 120 bromélias pertencentes a dez diferentes espécies da planta no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O espaço fica a menos de 200 metros de moradias do bairro da Gávea, área endêmica da doença no estado do Rio de Janeiro. Os resultados da coleta demonstraram que as espécies nativas de mosquitos Culex (77,2%) e Wyeomuia (21,4%) são os culicídeos mais abundantes e o Aedes aegypti (0,07%) e Aedes albopictus (0,18%) são raramente encontrados nessas plantas, não devendo assim ser consideradas um problema para o controle da Dengue, sugerindo que estas duas espécies não são bons competidores em relação aos outros mosquitos habitantes naturais de bromélias ou que as fêmeas dessas espécies preferem não depositar seus ovos nesses locais. As bromélias são vítimas do desconhecimento dos profissionais da área da saúde e dos políticos que atuam no controle da dengue. Uma decisão tomada, não solidamente baseada em evidências, supostamente para proteger o ser humano contra a Dengue, pode produzir um crime ecológico irreparável para o meio ambiente. Boletim SBH | 13 | SeçãoTransporte Biliar | a fi a r g o t s Ela idual. tec r? a fica r a p a veio c i t á a Hep fi a r g sto doso (RJ) A Ela ar Boletim SBH entrevista o h l i r r a C Flair Professor Flair Carrilho, gastroenterologista e hepatologista, é também um reconhecido bromeliófilo, o que pode causar surpresa a muitos dos nossos leitores. O Boletim SBH foi até ele, saber um pouco mais de sua história com as bromélias. Boletim SBH: Desde quando vem seu interesse pelas bromélias? Flair: Iniciou há 20 anos, após ter construído uma casa no litoral norte do estado de São Paulo, onde tive a oportunidade de conhecer melhor a riqueza da flora da Mata Atlântica. Com o espaço destinado ao jardim, senti a necessidade de ocupar o meu tempo fora da Medicina com o aprendizado que tive durante a minha infância e adolescência com 14 | Boletim SBH meus pais junto a natureza, ou seja, costumo dizer que “apesar de ter saído do interior paulista, o interior não saiu de dentro de mim”. Boletim SBH: Morando em São Paulo, uma cidade mais conhecida pelo asfalto que pela natureza, como faz um bromeliófilo para manter seu hobby ativo? Flair: Vou ao litoral. Lá encontrei o ambiente para manter o contato com a natureza. Boletim SBH: Fale um pouco das suas publicações, não em Hepatologia, mas sobre bromélias. Flair: O Brasil tem uma rica diversidade na natureza e entre os colecionadores particulares e/ou jardins botânicos. Como um bromeliófilo sem aC arolin Ana C a formação de um botânico, sem o conhecimento taxonômico, comecei a fotografar com o olhar de um leigo. Dentre as 3.000 espécies, fotografei mais de 1.300, material que está sendo preparado para a publicação de um atlas sobre as bromélias brasileiras. Tenho editados em Barcelona alguns exemplares de fotografias, que serão a base para o atlas. Boletim SBH: Suas fotografias de bromélias são mesmo lindas. Certamente nestes anos de busca pela “bromélia-perfeita” devem existir muitas histórias e amigos. Flair: Tenho tido o prazer de encontrar “amigos temáticos” entre os colecionadores de bromélias em várias parte do nosso país, que me permitiram fotografar suas coleções, entre eles, Veloso e Marquinhos, de Parati, Moreira no Frade Bromélias, de Angra dos Reis, além de Carlos Sandoval Gonçalves, Ronnie Von e Roberto Menescal, bons amigos. Desde o início da história da Hepatologia o uso da biópsia hepática sempre foi praticamente obrigatório, pois a análise histopatológica oferecia informações inacessíveis através de outros métodos. Muitas definições de conduta passavam através desse, muitas vezes temido, procedimento. Por ser invasivo, a possibilidade de complicações esteve e ainda está presente na rotina desse exame. Dessa forma, a busca por métodos alternativos ao dito padrão ouro sempre marcou os estudos das doenças do fígado. Em 2006, quando o aparelho para avaliação da elastografia hepática transitória – o FibroScan® – surgiu no mercado abriu-se uma porta talvez capaz de suprir a carência de um método não invasivo para a avaliação das hepatopatias. Como todo novo método ele precisava ser explorado, avaliado e validado, ou seja precisava de tempo. Alguns anos e muitos exames depois, percebe-se que a elastografia pode realmente colaborar, e muito, na análise das hepatopatias. A substituição de um procedimento invasivo por outro totalmente indolor, rápido e com boa acurácia tornou-se um fato, primeiramente na hepatopatia crônica C e hoje até mesmo em doencas menos frequentes como a cirrose biliar primária. A técnica tem se mostrado uma ferramenta interessante, não só para uma primeira avaliação mas também no seguimento e prognóstico das doenças hepáticas. Recentemente, com o desenvolvimento de um novo programa para detecção e quantificação do grau de esteatose hepática o aparelho abriu uma nova perspectiva na avaliação da doença hepática gordurosa. O método permite a quantificação de níveis inferiores àqueles anteriomente detectados pelos métodos não invasivos. Porém, seus pontos de corte e sua acurácia para avaliar esteato-hepatite ainda precisam ser melhor definidos. Como qualquer outra técnica, a elastografia possui limitações. Ainda existem, obviamente, problemas a serem solucionados, mas, fica claro ao lançarmos mão desta ferramenta que muitas biópsias podem ser postergadas ou, até mesmo, evitadas. Novos métodos complementares são sempre bem-vindos na medicina principalmente quando permitem a redução do risco associado a investigação dos nossos pacientes. Técnicas que concentrem diferentes avaliações em um mesmo aparelho (tipo “all in one”) são mais bem vindas ainda e deverão ser o futuro. Entretanto, elas terão que passar pelo mesmo processo que a elastografia passou para chegar ao dia-a-dia da prática clínica. A elastografia veio certamente para ficar e complementar o arsenal de exames para investigação das hepatopatias. Os próximos anos nos trarão avanços ainda mais significativos dessa técnica, permitindo a ampliação de seu uso. Boletim SBH | 15 | Seção Células de Kupffer | SBH vs. ABEF: Cr ise de Identidade. SBH ou ABEF? Identidade em crise na Hepatologia brasileira Mário Reis Álvares-da-Silva (RS) De volta à matéria de capa do último Boletim SBH: Hepatologia e Identi16 | Boletim SBH dade. A fachada única do prédio do New Museum de New York lembrando que identidade é coisa séria. Este é mesmo um assunto polêmico. Identidade é coisa MUITO séria. Ninguém me perguntou, mas eu respondo: tenho com o nome SBH uma relação de carinho e intimidade, mas, por outro lado, sei que ele não nos identifica. Se não identifica, não ser- ve! Esta sigla não é só nossa – este H é também de hipertensão, de herpetologia, de hérnia, de hanseníase… Têm surgido opções, dentre elas ABEF. Mas ABEF, cá entre nós, ABEF é um nome muito ruim! O Boletim SBH “foi às ruas”, e perguntou a vários dos participantes do ultimo Joint Meeting a sua opinião sobre o tema. No último Boletim SBH, em entrevista com Maria Lucia Ferraz, Jorge André Segadas Soares, Waldir Pedrosa e Marcelo Abrahão Costa, o nome SBH foi questionado, uma vez que ele identifica Boletim SBH | 17 várias outras sociedades de especialidades médicas (ou não) em nosso país. Alguns nomes foram levantados como opção à marca SBH. Gostaria que respondessem à seguinte pergunta: Qual a melhor marca para a Hepatologia brasileira? 1. A que temos: SBH. 2. A que temos, mas trocando a sigla para SBHepatologia Associado Angelo Mattos (RS) Carlos Eduardo Brandão-Mello (RJ) Claudio Figueiredo-Mendes (RJ) Cristiane Villela (RJ) 3. Associação Brasileira para o Estudo do Fígado 4. Outro: _______. O retorno foi bom. Angelo Mattos, ex-presidente, pergunta se a marca já não é nossa, se já não foi registrada – e a resposta é não, não foi, é de domínio público e nunca será nossa, que pena. Giovanni concorda que SBH é um nome com história, mas… E aproveita para dizer que nem APEF Nome preferencial (a tradicional associação paulista) é bem identificada com o nome que tem. Confira abaixo as opiniões de vários colegas, veja que nos dividimos entre o tradicional e o pretenso novo, e não deixe de ler o texto saboroso que nosso atual presidente escreveu. Alô, publicitários, não é hora de irmos atrás de uma consultoria especializada? Alternativa SBH Associação Brasileira para o estudo do Fígado SBH Associação Brasileira para o estudo do Fígado Associação Brasileira para o estudo do Fígado Francisco Souto (MT) SBH Associação Brasileira para o estudo do Fígado Giovanni Faria Silva (SP) SBH Associação Brasileira para o estudo do Fígado Helma Cotrim (BA) SBH Associação Brasileira para o estudo do Fígado Sociedade Brasileira de Fígado Associação Brasileira para o estudo do Fígado SBH Associação Brasileira para o estudo do Fígado Raymundo Paraná (BA) Renata Pérez (RJ) Rosângela Teixeira (MG) Associação Brasileira para o estudo do Fígado Themis Reverbel da Silveira (RS) Associação Brasileira para o estudo do Fígado Mário Reis Álvares-da- Silva (RS) Nem SBH, nem ABEF! 18 | Boletim SBH Leia o texto acima Festa musical é luau, agenda de correio é mailing – e a SBH? Henrique Sérgio Moraes Coelho (RJ) A lei brasileira permite que se troque de nome após a maioridade e a nossa SBH tem mais de 40 anos! Geralmente, a troca de nome parte da própria pessoa ou de seus pais ou, no caso, dos fundadores. Troca-se de nome por um nome ou sigla mais bonita ou para não confundirmos com outra sociedade com a mesma sigla. Quantos de nós ao falarmos da SBH fomos confundidos com a Sociedade de Hipertensão (talvez porta) ou da de Hipnose? Quantos de nós entrou errado nestes sites ou foi a algum Congresso de Hipnose por confusão de nomes? Troca-se de nome por ameaça de morte, por nomes jocosos ou feios (uma certa Sra. Maria José Pau pediu à Justiça para tirar o Pau do nome. Veja na Internet a sentença do Juiz ..., ele mesmo, Pinto) ou por motivo de chacota ou bullying. Creio não ser o caso. Talvez por existir homônimos. Mario Prata em uma ótima história chamada « O nome das coisas» fala de outra troca de nomes- a dos modismos. Comenta que abajures e lustres viraram luminárias, festa musical é luau, agenda de correio é mailing e programação de televisão virou grade televisiva. As sociedades por influência americana, europeia ou latina viraram associações para estudos do fígado quando sabemos que algumas delas nada es- tudam. O nome ABEF lembra alguma agência reguladora do governo do tempo da ditadura e se consultarmos o Google atrás de homônimos encontramos uma espetacular Associação Brasileira de Produtores e Exportadores do Frango ou uma coirmã especializada em Engenharia de Fundações ou mesmo uma Associação Brasileira de Estratégia Financeira que nos parece uma coirmã bastante útil para nosso aconselhamento. Fico com SBH ! Remeto-me a infância e ao aprendizado do nome das coisas e lembro-me bem que aprendendo os nomes as coisas estranhas vão ficando conhecidas e amigas e que ao dar o nome o ser humano se aproxima das coisas ... Um abraço do Presidente da SBH. Boletim SBH | 19 | Seção Artéria Hepática | Highlights do Monotemático: Vou resumir os principais pontos discutidos, mas sem citar os nomes dos palestrantes (não há espaço, lembram-se?). Entretanto, as palestras foram brilhantes e o programa com o nome de todos está no site da SBH. Mereceu destaque a elevada e crescente prevalência da doença. Estimada hoje em 20-30% ao redor do mundo, esses índices crescem em paralelo com a epidemia de obesidade, tanto em adultos como em crianças. No Brasil, a prevalência da DHGNA não é conhecida, mas a de esteatose, avaliada em indivíduos que se submetem a ultrassonografia abdominal, está estimada em 18%. Contribuem também com a elevada frequência da doença o diabetes e a dislipidemia, entretanto, atenção também deve ser dada aos indivíduos com história exposição a produtos químicos e de uso de anabolizantes. A denominação de TAFLD (toxicant-associated fatty liver disease) foi sugerida para a DHGNA desses indivíduos, e TASH (toxicant-associated steatohepatitis) a esteato-hepatite. Monotemático Doença gordurosa não alcoólica do fígado Highlights da Reunião Monotemática da SBH Helma Pinchemel Cotrim (BA) A História: Na posse do Henrique Sérgio como Presidente na SBH em Salvador, ao cumprimentá-lo, ele disse: vamos fazer um Monotemático sobre NASH? Claro, falei, quando e onde? Adiante conversamos e ficou decidido que seria no Rio. Na organização do programa participaram, ainda, Parise e Claudia. Contamos todos com o apoio da Diretoria da SBH. Assim, em maio de 2012 realizou-se na “Cidade Maravilhosa” a 2ª. Reunião Monotemática sobre a DHGNA. O Evento: Participaram hepatologistas e investigadores do Brasil. De Portugal veio a Profa. Helena Cortez-Pinto, 20 | Boletim SBH excelente palestrante e pesquisadora, e durante todo o evento houve uma expressiva presença de médicos e profissionais das diversas áreas da saúde de todo o país, contribuindo e enriquecendo as discussões. O Boletim: Mario, o editor do Boletim da SBH, um pouco antes do Monotemático me convidou para escrever sobre o evento: o e-mail convite dizia que o texto deveria ter até 5000 caracteres. Entendi que deveria resumir e comentar cada tópico do programa. Escrevi inicialmente um resumo de todas as palestras, desde prevalência até tratamento. Quando contei havia 18.000 caracteres. A 2ª. versão, mais econômica, ficou em 11.000. Então, antes do resumo seguinte, recebi o último número do Boletim com nova apresentação, novo enfoque. Tomei um susto e pensei: “meu artigo não tem nada a ver com este modelo do Boletim”. Conversei com o Mario, e ele muito cavalheiro, disse que o Boletim era mais informal, mas que meu artigo, quando “resumido” seria publicado. Resolvi então tentar uma diferente abordagem e aderir ao moderno formato do atual Boletim. O outro texto, o grande e rejeitado, informo aos interessados, foi para o site da SBH. Pontos importantes, que também foram discutidos: a) importância da investigação da doença cardiovascular (DCV) em pacientes com DHGNA. Essas duas doenças têm fatores de risco semelhantes (obesidade, DM, hipertensão, dislipidemia), e pacientes com DHGNA têm maior risco e maior mortalidade por DCV; a) a possível correlação entre carcinoma hepatocelular (CHC) e DHGNA. Embora a maioria dos casos de CHC se associe à cirrose, há relatos dessa associação em pacientes com NASH e fibrose. Assim, recomendam-se identificar os pacientes portadores de DHGNA, aqueles de maior risco de desenvolver CHC e incluí-los em protocolos para diagnóstico precoce dessa neoplasia. Entre esses estão homens acima de 60 anos, portadores de diabetes, portadores de NASH com fibrose ou cirrose. Com o avanço dos conhecimentos a teoria dos dois hits foi substituída pela dos múltiplos hits para explicar a fisiopatologia da DHGNA. No first hit ou desenvolvimento da esteatose, a resistência à insulina tem um papel relevante. Na evolução para NASH parece ocorrer uma sequência de etapas (multiple hits): aumento do estresse oxidativo, estresse do retículo endoplasmático, disfunção mitocondrial e endotoxemia crônica, todos os fatores predispondo a maior agressão hepatocelular e fibrose, que pode evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular. Discutiu-se também a relevância do diagnóstico: parâmetros clínicos e laboratoriais associados a métodos de imagem podem estabelecer o diagnóstico da DHGNA ou da esteatose. Entretanto, no momento apenas a histologia é capaz de estadiar a doença. Recentemente, os Guidelines da AASLD sugeriram definir NASH pela presença de esteatose, inflamação e balonização com ou sem fibrose. Recomendou também que o NAS escore fosse utilizado para graduar as alterações, mas não como critério diagnóstico. O NAS escore classifica em graus a esteatose (0-3), inflamação lobular (0-3) e balonização (0-2). NASH é considerada em escores ³ 5. Como perspectivas futuras para o diagnóstico, marcadores sorológicos e a elastografia hepática têm sido avaliados na tentativa de identificar graus de esteatose e fibrose em pacientes com DHGNA. O diagnóstico histológico, em muitos casos é necessário, para definir o tratamento, pois recomenda- se para pacientes com esteatose controle dos fatores de risco e mudanças no estilo de vida. A atividade física deve ser incentivada, pois contribui no controle do peso, reduz a resistência insulínica, glicemia e o risco cardiovascular. A dieta deve ser balanceada, com ajustes para portadores de alterações metabólicas e cardiopatias. Naqueles com NASH, além das medidas comportamentais drogas podem ser utilizadas, embora ainda não aprovadas como uma classe de medicamentos específicos para a DHGNA. Sensibilizadores de insulina: estudos com pioglitazona mostraram melhora da NASH, entretanto, o maior risco cardiovascular e de neoplasia de bexiga tem limitado o seu uso. A metformina, embora com discutível melhora histológica, melhora os níveis de ALT/AST, contribui com a perda de peso, reduz o risco de diabetes e de complicações cardiovasculares. Entre as novas drogas, em estudo, estão os análogos de GLP-1 e inibidores de DPP-4 (a enzima que degrada o GLP1). Antioxidantes: em pacientes com NASH, a vitamina E melhora as enzimas, a esteatose e inflamação, entretanto atenção deve ser dada aos efeitos adversos como o risco de acidente vascular hemorrágico. Ácido ursodesoxicólico: novas perspectivas surgiram com sua associação à vitamina E, ou com doses mais elevadas. Entretanto o pequeno número de pacientes envolvidos e a falta de controle histológico nesses estudos mostram a necessidade de novos ensaios com esta droga. A cirurgia bariátrica(CBA), indicada para obesos graves, parece contribuir no tratamento da DHGNA. São diversos os estudos que mostram melhora de parâmetros clínicos e histológicos da DHGNA pós CBA, entretanto medidas comportamentais e controle das condições associadas à obesidade devem ser mantidas após a cirurgia. NASH já é uma causa frequente de transplante de fígado, contudo os pacientes transplantados apresentam maior mortalidade cardiovascular e maior recidiva da doença no enxerto. Os Resultados: A Reunião Monotemática Brasileira da DHGNA mostrou que é grande o interesse por essa doença do fígado entre os hepatologistas e profissionais de outras áreas da saúde no país. Mostrou também que é grande o interesse por investigações nessa área no Brasil, e crescente o número de publicações brasileiras sobre o tema. Esse cenário permite afirmar que o evento alcançou o seu principal objetivo: discutir os aspectos mais relevantes e atuais da DHGNA. Boletim SBH | 21 | Seção Veia Porta | m u r ó F de Pesquisadores e Consenso HCV. Consenso HCV Edna Strauss (SP) Para o tratamento da Hepatite Crônica C está sendo introduzido no Brasil o uso dos inibidores de protease (IPs). A Sociedade Brasileira de Hepatologia deve manifestar-se através de resoluções procedentes de uma reunião, que embora de Consenso abranja as Diretrizes sobre o tema. Consenso é a concordância 22 | Boletim SBH ou uniformidade de opiniões enquanto as Diretrizes são normas de procedimento ou conduta, com embasamento científico. Assim, da reunião de consenso é possível extrair concordância ou não dos membros da SBH sobre os diferentes detalhes que envolvem esse novo tipo de tratamento. Por outro lado, numa reunião para estipular diretrizes faz-se uma análise sistemática da literatura existente sobre o tema, extrain- do dela as possíveis condutas clínicas. Neste momento, os membros da SBH ainda não têm experiência prática acumulada em IPs, certamente importante para uma reunião de Consenso. Por outro lado, acreditamos ser esta a hora adequada para fazermos juntos uma revisão sistemática da literatura, avaliando as condutas que, em consenso, acreditamos fundamentais para o uso de IPs em nosso meio Este é o desafio! Fórum Jovem Pesquisador Maria Lucia Ferraz (SP) A Hepatologia está crescendo no país, e com ela aumenta também o número de jovens talentos envolvidos com estudo e pesquisas nessa área do conhecimento. Com o objetivo de conhecer o que esta nova safra de talentos vem desenvolvendo, a SBH idealizou a organização do primeiro Fórum de Jovens Pesquisadores, que deverá ocorrer nos dias 29 e 30 de novembro de 2012, organizado por Angelo Mattos, Renata Pérez e Maria Lucia Ferraz. Importante definir o conceito de “jovem” adotado pela SBH: idade até 40 anos! O evento será uma oportunidade de divulgar e incentivar a produção científica nacional na área da Hepatologia, por meio da apresentação e discussão dos trabalhos científicos elaborados pelos jovens pesqui- sadores dos diversos serviços no Brasil. Além disso, queremos que este seja um momento de rica troca de experiências e conhecimentos e uma oportunidade de criação de redes de pesquisa em nível nacional. Temos exercitado pouco a nossa capacidade de trabalhar em rede, de forma colaborativa, envolvendo os diversos centros geradores de conhecimento no país. Queremos que o Fórum seja um catalizador e facilitador dessas iniciativas. O Fórum será formatado em módulos, por assunto (Cirrose e suas complicações, Transplante hepático e carcinoma hepatocelular, Hepatite B e outras hepatites virais, Hepatite C, Doença hepática gordurosa alcoólica e não-alcoólica e Hepatite Autoimune) dentro dos quais haverá apresentação de 5 a 7 trabalhos, com duração de 15 min por trabalho (entre apresentação e discus- são, mediada por um pesquisador da área). Serão considerados para apresentação apenas trabalhos que tenham sido submetidos à aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa local, e que estejam relacionados às diversas áreas da Hepatologia. Os trabalhos podem até mesmo já ter sido publicados, desde que em 2011 ou 2012. Por outro lado, não serão aceitos séries e relatos de casos e estudos multicêntricos de indústria farmacêutica. Os trabalhos selecionados darão direito à passagem, hospedagem e inscrição no evento. Quando se tratar de trabalho de tese, orientador e orientando terão direito ao pacote. A ideia é que este evento seja integre o calendário anual de programação da SBH e que seja capaz de congregar cada vez mais toda a comunidade científica envolvida com a Hepatologia brasileira. Contamos, para tanto, com a participação de todos! Boletim SBH | 23 | Seção Canais de Hering | a d o t n e m a t a r T l i s a r B o n C Hepatite letim SBH Repercussões do Bo No mês de Junho passado o Boletim SBH publicou matérias sobre o tratamento da hepatite C no Brasil que deixavam evidente que o tratamento ainda é desigual. A reportagem gerou muitos comentários – e alguma polêmica. O país não é um só no que se refere à política de acesso ao diagnóstico, de distribuição de medicamentos e, mesmo, de respeito ao cidadão portador do vírus e ao médico que o atende. De um lado, o Acre, modelo. De outro, estados em que há inúmeros entraves, como Goiás e Rio Grande do Sul. Alarmante ver a diferença na qualidade do serviço oferecido em Rio Branco e em Porto Alegre. Não é hora disto mudar? Esta pergunta foi feita a dois associados com grande experiência na área. Leia abaixo suas opiniões Comentários et al – o Brasil precisa ser um Acre Fábio Marinho (PE) Na última edição do nosso Boletim o Estado do Acre, lá na fronteira oeste do nosso país, nos deu exemplo de como atender um paciente do SUS quando se fala em hepatites. Vários colegas e amigos de vários outros Estados da Federação nos mostraram uma outra realidade, distinta daquela do Acre: seriam dois SUS? Em tempos de mensalão, greves, dificuldades econômicas, parece até que falar de saúde no âmbito do SUS é secundário, mas quem vive a realidade dos ambulatórios públicos sabe a dificuldade de atender os pacientes, na sua grande maioria humildes, com baixo grau de instrução, com doenças que podem ceifar sua vida. A carência é grande. E o que nós, não-gestores, podemos fazer? O acolhimento ao nosso paciente deve ser total, na tentativa de minimizar, ou abrandar, as falhas do “sistema”. A sensibilização 24 | Boletim SBH dos gestores é outra atitude que podemos tomar. ATITUDE ! Não podemos nos calar. Nosso objetivo-mor é tratar bem o nosso paciente-cidadão. O exemplo do Acre nos diz isto. As dificuldades encontradas por nós e pelos nossos pacientes são reflexo de um Estado onde mais vale “barrar” uma CPI no congresso do que calçar uma rua, sanear uma vila... Isto reflete o grau de desinteresse ou de manipulação da população que mais utiliza o serviço de saúde pública. Brasileiro vota mal. Que tal pensarmos em mudar esta realidade nas próximas eleições de outubro, naquilo que nos é mais próximo, a cidade? Fazer com que nosso paciente seja bem atendido latu sensu é nossa obrigação. O nosso paciente-cidadão precisa ser esclarecido sobre sua saúde e ter acesso ao atendimento de qualidade. Para isso precisa votar bem e ter respostas às suas demandas. Claramente, o Brasil precisa ser um Acre na questão das hepatites. Questionar se o modelo atual funciona é fundamental Marcelo Costa (DF) “DESÍDIA”, substantivo feminino. Significado: tendência para se esquivar de todo ou qualquer esforço físico e moral; ausência de atenção ou cuidado, negligência; parte da culpa que se fundamenta no desleixo do desenvolvimento de uma determinada função. Sinônimos: desleixo, imperícia, incúria, indolência, negligência, ociosidade e preguiça. Ao ler as matérias no nosso boletim SBH sinto ao mesmo tempo orgulho e vergonha das experiências relatadas. Para muitos se corrige a desídia através da judicialização da assistência em um Brasil continental. Essa dicotomia entre experiências que dão certo e que dão errado nas sociedades democráticas fomenta a discussão sobre o que fazer quando se pretende integralizar a assistência ao portador. Questionar se o modelo atual funciona é fundamental. As câmaras técnicas federais parecem já não atender aos anseios dos portadores ou da classe médica que os trata. Torna-se insuportável a dicotomia entre uma diretriz terapêutica federal restritiva e a ingerência política na aplicação estadual ou municipal da mesma. Também torna-se insustentável o modelo de centralizar as discussões sobre qualquer diretriz terapêutica nas mãos de poucos agentes debatedores, ainda que dotados de notório saber mas nem sempre chancelados pelas suas respectivas sociedades científicas. Há muito que as Sociedades Brasileiras de Hepatologia e Infectologia devem a seus sócios, e à sociedade, câmaras técnicas próprias, isentas, distintas das que já existem. Fomentando discussões abertas, francas, ágeis, amplamente divulgadas na mídia tradicional e digital, emitindo GUIDELINES INDEPENDENTES, sinalizariam em definitivo uma postura político-científica de quebra de paradigma afirmando à sociedade civil e ao gestor que o tratamento das hepatites virais deva seguir princípios há muito esquecidos – UNIVERSALIDADE, EQUIDADE e INTEGRALIDADE. Antônimos de DESÍDIA: vigor e vitalidade. Além de senso crítico, profissionalização, compromisso, humanização, ética e moral – conceitos fundamentais em uma gestão pública ágil e transparente. Faltam esses conceitos em tantos gabinetes políticos nas diversas esferas administrativas pelo Brasil afora, assim como faltam os kits de biologia molecular em tantos LACENs brasileiros. É preciso ampliar o vanguardismo das ações em DST/AIDS para as hepatites virais B, C e Delta. Boletim SBH | 25 | Seção Zona 3 | Congresso Brasileiro de Hepatologia 2013, Rio de Janeiro, cada vez mais próximo e cada vez mais pronto. Muitos convidados estrangeiros confirmados, dentre eles Arun Sanyal, Anna Lok, Florence Wong, Patrick Marcellin, Michael Manns e Patrick Kamath. Prepare-se para o Rio, para as atividades científicas de ponta e para as surpresas sociais. Entre 02 e 05 de Outubro, no Centro de Convenções Sul América. A muitos pacientes a recomendação de vacina para hepatite B resulta na aplicação da mesma de uma forma errada ou incompleta, por puro esquecimento. O site http://www. hepatitesvirais.com.br oferece a oportunidade do indivíduo cadastrar-se para ser automaticamente avisado da data da dose seguinte. Uma dica prática a nossos pacientes. 26 | Boletim SBH Em Novembro será inaugurado o primeiro centro de treinamento em Hepatologia da Organização Mundial de Gastroenterologia em todo o mundo. Atualmente a organização tem 14 centros de treinamento em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva espalhados pelos 5 continentes. O World Gastroenterology Organisation Porto Alegre Hepatology Training Center será sediado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, hospital universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Henry Cohen, presidente da WGO, estará no Brasil para a inauguração do centro, dirigido por Mário Reis Álvares-da-Silva. O centro de treinamento tem o apoio da MSD. CDC recomenda testar todos os baby boomers. Todos os nascidos entre 1945 e 1965 devem ser testados para hepatite C, conforme determinação feita no mês de agosto passado pelo U.S. Centers for Disease Control and Prevention. Segundo o CDC 1 em cada 30 baby boomers tem o vírus, 5 vezes mais que os demais adultos americanos. e que “o telaprevir e o boceprevir têm uma taxa de eficácia de 80%, o dobro da estratégia convencional utilizada atualmente”. Infelizmente, os pacientes com cirrose e fibrose avançada fazem parte de um grupo em que a taxa de eficácia fica muito abaixo de 80%. Onde tudo o que se planta cresce, como declarou Raymundo Paraná no último Boletim SBH, o que se faz? Planta-se mais! A Fundação Merieux, braço filantrópico do Grupo Merieux – grande conglomerado francês que desenvolve atividades na área da saúde, investirá neste ano 900 mil euros no Hospital Universitário da Universidade Federal da Bahia e no governo do Acre para ações em infraestrutura na área de hepatites virais. Esta é a primeira vez que a Fundação Merieux investe no Brasil. Um laboratório de biologia molecular será criado no Hospital das Clínicas do Acre e serão concedidas bolsas para formação em biologia molecular na Bahia e na Europa. Muito boa notícia! Palmas do Boletim SBH. O Ministério da Saúde anunciou que os novos agentes antivirais diretos para hepatite C (boceprevir e telaprevir) estarão disponíveis na rede pública a partir do início de 2013. No Portal da Saúde (www.saude.gov.br) pode-se conferir as informações oficiais do governo – dentre elas que “os novos fármacos deverão beneficiar 5,5 mil pacientes, todos portadores de cirrose e fibrose avançada, grupo de maior risco de progressão da doença e de morte” Boletim SBH | 27 SUPERIORIDADE EVIDENCIADA , CURA COMPROVADA . 1 2 PREPARE-SE PARA A EVOLUÇÃO REFERÊNCIAS: 1 - Awad T, Thorlund K, Hauser G, Stimac D, Mabrouk M, Gluud C. Peginterferon alpha-2a is associated with higher sustained virological response than peginterferon alfa-2b in chronic hepatitis C: systematic review of randomized trials. Hepatology 2010;51(4):1176-84. 2 - Swain MG, Lai MY, Shiffman ML. A sustained virologic response is durable in patients with chronic hepatitis C treated with peginterferon alfa-2a and ribavirin. Gastroenterology 2010;139:1593–1601. 3 - Zeuzem S. Interferon-based therapy for chronic hepatitis C: current and future perspectives. Nature Clinical Practice Gastroenterology & Hepatology 2008;5(11):610-22. Pegasys® (alfapeginterferona 2a) é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida às alfainterferonas. Pegasys® (alfapeginterferona 2a) - o uso concomitante de teofilina deve ser monitorado e ajustado. Pegasys® (alfapeginterferona 2a) – Caixa com 1 seringa preenchida de 180mcg em 0,5 ml. – USO ADULTO – Composição: alfapeginterferona 2a – Indicações: tratamento das hepatites crônicas B e C em pacientes não cirróticos e cirróticos com doença hepática compensada; tratamento da hepatite crônica C em pacientes co-infectados com o vírus HIV e retratamento da hepatite crônica C em pacientes que falharam em obter resposta virológica sustentada, após tratamento prévio com alfainterferona ou alfapeginterferona, combinada ou não à ribavirina. – Contra- indicações: hipersensibilidade conhecida ao interferon alfa, a produtos derivados de Escherichia coli, ao polietilenoglicol ou a qualquer componente do produto. Hepatite autoimune, cirrose descompensada ou escore de Child-Pough ≥6 (exceto se devido somente a hiperbilirrubinemia indireta causada por medicamentos), neonatos e crianças até 3 anos de idade. A combinação Pegasys® / ribavirina não deve ser usada em mulheres grávidas ou durante a lactação. Consulte também a bula da ribavirina. – Precauções e Advertências: interação medicamentosa com a teofilina é observada; desta forma, deve-se monitorar a teofilina sérica e ajustar suas doses nos pacientes que receberam teofilina e alfapeginterferona 2a concomitante. Pancitopenia e supressão da medula óssea reversíveis foram relatados entre 3 e 7 semanas após a administração concomitante de ribavirina e azatioprina com resolução após a suspensão dos tratamentos. Mulheres em idade fértil devem usar contracepção eficaz e segura durante a terapia. Uso na lactação não recomendado. Realizar exames oftalmológicos se alterações visuais ocorrerem. Descontinuar no caso de hipersensibilidade, alterações pulmonares ou disfunção hepática. Precaução em pacientes com doenças autoimunes e monitorização de sintomas de depressão, de doença cardíaca e dos hormônios da tireóide. Usar com precaução quando associado a agentes mielossupressores e em pacientes com neutrófilos na linha basal < 1500 células/mm3, plaquetas < 75.000 células/mm3 ou hemoglobina <10g/dl. A segurança e eficácia do tratamento de Pegasys® e ribavirina não foram estabelecidas em pacientes que receberam transplante do fígado e outros órgãos e rejeições de transplante de fígado e rim têm sido reportados com o uso de Pegasys®, sozinho ou em combinação com ribavirina. O tratamento com Pegasys® em pacientes co- infectados com HCV-HIV deve ser descontinuado imediatamente em pacientes com descompensação hepática. Os pacientes que desenvolvem vertigem, confusão, sonolência ou fadiga não devem dirigir veículos ou operar máquinas. – Reações Adversas: mais frequentes: leucopenia, neutropenia, plaquetopenia, depressão, dispneia, fadiga, cefaleia, febre, mialgia, calafrios e alopécia. Menos frequentes: anormalidades da tireoide, arritmia cardíaca, suicídio, ideação homicida, sangramento gastrintestinal, aplasia pura de células vermelhas, Sd. de Steven Johnson, necrólise epidérmica tóxica, úlcera de córnea, hemorragia retiniana, descolamento de retina, endocardite, pneumonite intersticial com resultado fatal, embolia pulmonar, coma e hemorragia cerebral. – Posologia: Hepatite crônica C - 1 seringa preenchida, pronta para o uso, de Pegasys® 180 mcg/semana, individualmente ou em combinação com a ribavirina. Recomenda-se que a ribavirina seja administrada com alimentação nas seguintes dosagens: para genótipos 1 e 4 – 1.000mg/dia (<75kg) ou 1.200mg/dia (>75kg) e genótipos 2 e 3 devem receber ribavirina 800mg/dia. Hepatite crônica C, pacientes virgens de tratamento: para combinação Pegasys® e ribavirina em pacientes virgens de tratamento recomenda-se: 48 semanas de tratamento para genótipos 1 e 4 e 24 semanas para genótipos 2 e 3. Pacientes genótipo 1, 2 e 3 com HCV RNA indetectável na 4ª semana de terapia e com carga viral pré-tratamento < 800.000 UI/ml poderão encurtar o tempo de tratamento, ou seja, 24 semanas no caso de pacientes infectados pelo genótipo 1 e 16 semanas para pacientes genótipos 2 ou 3. Pacientes genótipo 4 com HCV RNA indetectável na 4ª semana de tratamento poderão também encurtar o tempo da terapia para 24 semanas. Entretanto, um tratamento de duração menor pode estar associado a um risco maior de recidiva. Hepatite crônica C, pacientes em retratamento: O retratamento de pacientes genótipos 2 e 3 deverá ser feito com a combinação Pegasys® e ribavirina por 48 semanas e os pacientes genótipo 1 deverão receber 72 semanas de terapia. A dose de ribavirina deve ser de 1.000mg/dia (<75kg) ou 1.200mg/dia (>75kg), independentemente do genótipo. Hepatite crônica B: 1 seringa preenchida, pronta para o uso, de Pegasys® 180mcg/semana, por 48 semanas. – Via de administração: subcutânea no abdômen ou coxas. – Venda sob prescrição médica. USO RESTRITO A HOSPITAIS – Registro MS – 1.0100.0565 – A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVE SER CONSULTADO. Pegasys® É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO, NÃO DIRIJA VEÍCULOS OU OPERE MÁQUINAS, POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS. – Informações disponíveis à classe médica mediante solicitação a Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Av. Engenheiro Billings, 1.729 – Jaguaré – CEP 05321-900 – São Paulo – SP – Brasil. VIR.25.11. Direitos Reservados - é proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização de Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Esta é uma publicação técnico-científica para distribuição exclusiva a profissionais habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos. Setembro/2012 VIR.xxx.xxx