Recuperação de uma experiência antiga Nós professores, fazemos inúmeras atividades no decorrer do ano, mas podemos perdê-las ou desconsiderá-las pela falta do seu registo. Da minha experiência como docente recupero dois relatórios de avaliação do ano letivo 2000/01, chamados relatórios críticos: 1. Relatório crítico de avaliação do desempenho (ver anexo 1) 2. Relatório crítico de direção de turma (ver anexo 2) Estes dois documentos são marcos importantes na avaliação da minha carreira profissional e foram encontrados por mero acaso numa das minhas pesquisas. Aqui justifico a importância e necessidade do Portfolio como instrumento de avaliação do professor. Ele é uma sistematização, uma organização do nosso trabalho, podendo tornar-se também um instrumento de valorização do nosso trabalho e consequentemente de nós mesmos. Na era em que vivemos penso que até se justifica o e-Portfolio pelas vantagens que tenciono demonstrar: Conceito fundamental do e-Portfolio: educação ao longo da vida. Ser capaz de voltar e reformular vários componentes do Portfolio é uma vantagem significativa do e-Portfolio. O processo de recolha e seleção de itens para o e-Portfolio, é mais fácil: os utilizadores podem realizar, organizar e reorganizar o conteúdo fácil e rapidamente. Como um método de avaliação final do curso, os e-Portfolios fornecem muitas oportunidades para integrar todo o trabalho do aluno no curso e para ligar novas ideias com conhecimentos do aluno e do contexto. Pode fazer uso de arquivos de áudio e vídeo, gráficos, referências a fontes externas, fotografias e outros artefactos digitais. Em termos de avaliação, o e-Portfolio dota o aluno de confiança, de capacidade de reflexão e de recursos interativos e individuais. Permite, da parte do avaliador, uma avaliação mais dinâmica e voltada para uma abordagem formativa. Permite o feedback ao avaliador e uma visão holística de todo o processo de ensino/aprendizagem desenvolvido ao longo do período de avaliação estabelecido. Segundo Barret (2003), o potencial para criar um e-Portfolio oferece um processo interativo, em que os estudantes podem desenvolver e partilhar os seus e-Portfolios com professores e outros estudantes. Ao estar disponível eletronicamente, os e-portfolios podem formar a base para a colaboração e interação, comentando, revisionando e discutindo. ANEXO 1 RELATÓRIO CRÍTICO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO Eduardo Alberto Correia de Carvalho 6º Grupo 2º ciclo Ensino Básico 2000/2001 1. Introdução O documento de reflexão crítica de avaliação do desempenho que apresento refere actividades desenvolvidas por mim no ano lectivo 2000/2001. 2. Desenvolvimento 2.1. Identificação Nome – Eduardo Alberto Correia de Carvalho Data de nascimento – 17 de Abril de 1971 Bilhete de Identidade – 9626744 Arquivo de Identificação – Porto Data de Emissão – 27/08/1998 Naturalidade – Póvoa de Varzim Residência – Travessa das Flôres,19 4495-060 Aguçadoura Número Fiscal – 200161741 2.2. Formação académica e profissional - Exame do 8º grau de Formação Musical; - Frequência do 4º grau de Piano; - Exame do 1º ano de Acústica; - Exame do 3º ano de História da Música; - Exame do 3º ano de Análise e Técnicas de Composição; - Frequência do 3º ano de Conjuntos instrumentais; - 2º Ano do curso complementar dos Liceus. No ano lectivo de 2000/01 leccionei na Escola EB 2/3 em AVER-O-MAR, a disciplina de Educação Musical, em substituição da professora Fátima Vasconcelos, durante o primeiro período, e da professora Cecília Lopes durante o segundo e terceiro período. 2.3. Caracterização da escola/meio No ano lectivo de 2000/01, exerci funções docentes na Escola EB 2/3 de AVER-O-MAR, situada na freguesia de Aver-o-Mar e pertencente ao concelho da Póvoa do Varzim. Esta escola encontra-se localizada num meio rural, apesar de se encontrar muito próximo do meio urbano. Os alunos são provenientes das freguesias de Aver-o-Mar, Aguçadoura, Navais e Estela. Freguesias estas onde predominam os sectores da pesca e da agricultura. 2.4. Serviço distribuído 1º Período Horário: 20 horas Leccionei a disciplina de Educação Musical a quatro turmas do 5º ano: E, F, I, e J e duas turmas do 6º ano C e D e duas horas semanais no Clube de Música. 2º e 3º Período Horário: 22 horas Leccionei Educação Musical a quatro turmas do 5º ano: A, B, C e D e três turmas do 6º ano A, B, e D. Fui director da turma D do sexto ano. 2.5. Relação pedagógica com os alunos Até à data tenho tido uma óptima relação pedagógica e pessoal com os alunos. Não me limitando a ser o simples informador (transmissor de conhecimentos), mas também formador perfeitamente consciente do papel “modelo” que desempenhamos junto deles. E como “o mestre deve dar o exemplo” procuro ter a conduta mais adequada dentro e fora da sala de aula. O clima de abertura, frontalidade, sinceridade e a vontade que obtive ao longo deste ano, foi possível através de uma linguagem clara, precisa e concisa, sobre as condutas que devem ter, “negociando” se necessário um conjunto de normas, co-responsabilizando-nos pelo sucesso/insucesso a nível da formação pessoal e profissional da preservação do que nos rodeia. Faço-lhes ver que a base de uma boa relação são o respeito, a compreensão, a sinceridade, a humildade, o sentido da responsabilidade, o diálogo, a empatia e a amizade. Apelo constantemente para tal, não permitindo que menosprezem seja quem for. Na aula, por exemplo tento criar grupos de trabalho mistos tanto do ponto de vista cultural como do sócio – económico, não permitindo discriminações e dando a todos as mesmas oportunidades de se manifestarem. Procurei adaptar os programas de forma adequada ao ritmo de aprendizagem de cada turma. Ao avaliar tentei ser justo, tendo sempre presente que cada aluno é um caso. Da avaliação fazem parte as fichas de avaliação, as fichas individuais de trabalho, os trabalhos de grupo, os trabalhos de investigação sugeridos por mim ou feitos por iniciativa própria, a participação oral, os trabalhos de casa, o comportamento, o caderno diário e o interesse demonstrado pela disciplina. Tudo isto leva-me a considerar que ao longo deste ano lectivo consegui com os meus alunos uma relação séria e disciplinar e um ambiente pedagógico propício à concretização do processo ensino/aprendizagem. 2.6. Detecção de dificuldades de aprendizagem Desenvolvimento e estratégias para a sua superação e gestão de conflitos comportamentais. No meio rural, urbano (com grande predominância de crianças do meio rural e rural – piscatório) em que leccionei neste ano lectivo a que o relatório se refere, fui frequentemente confrontado com alunos que revelaram grandes dificuldades de aprendizagem. Por isso procurei diversificar estratégias recorrendo a diversos tipos de materiais (jogos didácticos, canções populares deste concelho, entre outros). Ao mesmo tempo desenvolvi esforços no sentido de dar um apoio o mais individualizado possível, de acordo com as minhas capacidades. Qualquer ficha de avaliação sumativa foi sempre precedida de uma formativa, com o objectivo de detectar dificuldades a fim de serem superadas. Os resultados obtidos justificaram todos os esforços. Na sala de aulas não me defrontei com situações graves de conflito (quer entre alunos, quer nas diferentes situações de relação existentes entre professor e aluno) aquelas que se poderiam tornar mais problemáticas eram analisadas, “desmontadas” e discutidas de uma forma positiva, tendo sempre conseguido, pela via do diálogo um consenso onde os diferentes laços existentes saíram reforçados. 2.7. Cumprimento dos Programas Curriculares O programa da disciplina de “Educação Musical” das turmas do 5º ano: A, B, C e D e do 6º ano A, B, e D foi cumprido. 2.8. Área – Escola Colaborei no desenvolvimento de todos os temas e actividades nas turmas em que leccionei, projectei a Área-Escola da turma D do 6º ano que será concluída no próximo ano lectivo. 2.9. Desempenho de Cargos Directivos e Pedagógicos Fui Director de turma do 6ºD, tentando ser o elo de ligação entre os Encarregados de Educação e a Escola. 2.10. Outras Actividades Participei na festa de Natal, que se realizou no Cine-Teatro Garrett, nas Janeiras, na Missa Pascal orientando um pequeno grupo coral de alunos e na festa de final de ano. Aderi, como espectador ou acompanhante de alunos a todas as actividades promovidas pelos colegas. 3. Nível de assiduidade Ao longo deste ano, tive a preocupação de ser assíduo e pontual. Apenas deixei de ir à escola por motivos inadiáveis ou de doença, justificando atempadamente e adequadamente as ausências existentes no meu compromisso educacional. 4. Conclusão O motivo da elaboração deste relatório foi o cumprimento de uma formalidade legal por ser professor contratado. A “apreciação crítica de avaliação do desempenho” revelou-se frutífera, pois obrigou-me a mais uma auto – avaliação e reflexão, o que é sempre positivo. Consciencializou-me não só das deficiências, frustrações e diferenças, mas também da dedicação, tentativa constante de adaptação, empenho e profissionalismo que tento incutir à minha prática docente. Posso agora com mais objectividade, perspectivar a minha acção futura no sentido de colmatar as deficiências detectadas, melhorar a qualidade do processo ensino/aprendizagem e a relação pessoal e pedagógica com os que nele estão envolvidos. (Eduardo Carvalho) ANEXO 2 Relatório Crítico de Direcção de Turma Escola E.B. 2/3 de Aver-o-Mar 2000/2001 Eduardo Alberto Correia de Carvalho Grupo disciplinar: Educação Musical Direcção de Turma: 6º ano, Turma D Caracterização da Turma Nº de Alunos: 22 Média das idades: 12 Nº de alunos retidos no ano anterior: 0 Caracterização socioprofissional dos pais: ver relatório em anexo Alunos que beneficiaram da Acção Social Escolar: Escalão A: alunos nº 1, 2, 5, 7, 8, 9, 11, 14, 19. Escalão B: alunos nº 3, 10, 13. Alunos com necessidades educativas especiais: Currículo alternativo: Carlos Miguel nº5 Dificuldades de aprendizagem: Fernando Miguel nº 8; Maria Albertina nº11; Maria de Fátima nº13; Isac Gonçalo nº 9 (disléxico) Alunos com apoio educativo: ; Isac Gonçalo nº 9; Maria Albertina nº11; Relação director de turma/alunos A relação manteve-se boa ao longo de todo o ano lectivo existindo respeito mútuo e colaboração entre os alunos e os professores da turma. Todas as dificuldades de aprendizagem e adaptação diagnosticadas na maioria dos alunos foram superadas o que implicou em alguns casos a adopção de novas estratégias, tais como fichas de trabalho, nunca esquecendo o propósito de desenvolver a autonomia do aluno na sua própria aprendizagem através da confrontação de ideias, o que contribui para o acréscimo de interesse pelos conteúdos leccionados e ao mesmo tempo para o aumento da auto-estima de cada aluno. Algumas questões de ordem disciplinar surgiram, tendo contudo sido resolvidas de imediato através do diálogo com os alunos e respectivos encarregados de educação. Ao longo do ano realizaram-se diferentes actividades nas quais participei activamente, tais como a festa de Natal, Janeiras, festa de final de ano. Relação director de turma/professores Houve entre o D. T. e os restantes professores da turma um bom relacionamento diário, existindo sempre o cuidado de dialogar acerca da turma no que diz respeito à assiduidade, aproveitamento e comportamento da mesma. Houve de parte a parte uma colaboração no sentido de realizar experiências interdisciplinares Relação D. T./encarregados de educação Em todos os períodos lectivos foi convocada uma reunião com todos os encarregados de educação para informação dos mesmos acerca dos seus educandos (aproveitamento, comportamento, assiduidade e actividades lectivas). Para além disto, houve uma preocupação regular por parte do D.T. de informar os encarregados de educação do processo de aprendizagem dos seus educandos respeitando os normativos em vigor, tendo para o efeito contactado os encarregados através de reuniões, atendimento individual, comunicações escritas e, se necessário, por telefone. Questões organizativas/administrativas Foi efectuado e verificado o registo de faltas dos alunos. Preparei e coordenei cuidadosamente todas as reuniões de Conselho de Turma necessárias. Do mesmo modo, o Dossier de Turma foi organizado e assim mantido. Aver-o-Mar, 9 de Julho de 2001 O Director de Turma (Eduardo Carvalho)