PLANO DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DE SERPA Parte 1 Julho 2008 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Índice 1. Enquadramento 2 1.1 Introdução 2 1.2 Nota Metodológica 4 1.3 Posição Comparativa 8 2. Matriz de Caracterização e Estratégica 9 2.1 Matriz de Caracterização 9 2.2 Matriz Estratégica 13 2.3 Objectivos Estratégicos 14 3. Nichos de Mercado, Produtos Turísticos e Indicadores 16 3.1 Nichos de Mercado e Produtos Turísticos 17 3.2 Indicadores de Qualidade 29 4. Áreas e Medidas de Acção Estratégicas 33 4.1 Áreas Estratégicas de Acção 33 4.2 Medidas Estratégicas de Acção 34 4.3 Factores Críticos de Sucesso 36 5. Acções Estratégicas e Projectos Estruturantes 39 5.1 Programas e Projectos Estratégicos 39 5.2 Selecção Projectos Estruturantes 41 5.3 Prioridades de Investimento Público 45 5.4 Concretização de Oportunidades de Investimento e de Negócio 48 6. Fontes de Financiamento 50 6.1 Fontes de Financiamento Comunitário 50 6.2 Fontes de Financiamento Nacional Público 58 7. Matriz de Investimento – Financiamento 64 Anexo I 67 1 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 1. Enquadramento 1.1. Introdução 1. O concelho de Serpa, situado no Baixo Alentejo, distrito de Beja, é limitado a oeste pelo Rio Guadiana, a norte pelo concelho de Moura, a sul pelo de Mértola e a leste pela fronteira com Espanha. Apresenta uma diversidade de recursos turísticos, alguns objecto de valorização no presente, outros claramente subaproveitados. Nessa diversidade figura o património natural e a paisagem, associados nomeadamente a áreas protegidas, mas também a acidentes topográficos e a uma longa ocupação humana e rural, com suas estruturas sociais, suas formas de habitar, seus modos de vida e suas tradições culturais; figura igualmente o património edificado, destacando-se a arquitectura em terra. Património edificado erudito e popular, património cultural e património natural são recursos turísticos que podem ser mobilizados numa estratégia de desenvolvimento capaz de atrair clientelas diversas, nacionais e ibéricas, regionais ou mais distantes, no Inverno como nas estações intermédias e mesmo no Verão. Clientelas que se posicionam por uma escolha clara pela qualidade, sustentada nomeadamente em elementos ambientais, paisagísticos, arquitecturais e urbanos, movidas por imaginários de descoberta, de regresso ao natural e autêntico, de cultura ou mesmo de desporto e saúde. 2. O Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa, contratado pelo Município de Serpa, tem como objectivo afirmar o concelho como território de desenvolvimento turístico baseado na qualidade, orientado para a atracção selectiva de nichos de mercado turístico e para a polarização de investimentos empresariais, através: A) do aproveitamento das potencialidades dos recursos naturais, ambientais, patrimoniais, culturais, económicos e turísticos; 2 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 B) do reforço do aproveitamento dos recursos turísticos existentes no concelho e nas regiões limítrofes com potencial turístico; C) da definição de estratégias de desenvolvimento do turismo, identificando projectos estruturantes e iniciativas e acções a realizar por entidades públicas e privadas de âmbito regional e local; D) da atracção de investimento – capitais e conhecimentos –, gerador de desenvolvimento económico e susceptível de ser completado pela qualificação do capital humano da Região. Diversamente de um plano estratégico do turismo para o Município, que avalia o papel estratégico do turismo no desenvolvimento local e propõe escolhas políticas baseadas na qualidade, sustentabilidade, viabilidade e responsabilidade, o presente Plano de Desenvolvimento Turístico, no quadro das tendências europeias e internacionais do turismo, das opções estratégicas do turismo português e das opções de desenvolvimento regional e local, propõe formas de funcionamento estruturado de um sistema de parceiros públicos e privados e de actividades com vista à viabilidade continuada da actividade turística no concelho. 3. Assim, pensar e planear o futuro do desenvolvimento turístico do concelho de Serpa significa privilegiar a sustentabilidade dos recursos, a identidade local, os sistemas de comunicação, a diversidade económica e os produtos culturais, tendo presente que o mundo contemporâneo se caracteriza pelo reforço e multiplicação das redes, o crescimento e desenvolvimento do trabalho baseado no conhecimento e a globalização da produção e do consumo, incluindo o do lazer e o do turismo. Significa, ainda, ter em atenção o micro-local e evoluir para ideias e negócios inovadores, concretizar competências de «fabrico» que sustentem resultados de indiscutível qualidade assente na tradição/inovação, conjugar os recursos colectivos e promover uma rede de conexões geograficamente alargada. 3 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Neste contexto, as escolhas públicas de investimento e de constituição de parcerias público-privadas para o desenvolvimento turístico e económico, nomeadamente em projectos estruturantes, revestem-se de importância decisiva. O que implica, obviamente, reforçar a confiança recíproca, entendida como a base necessária ao surgimento de mútuas expectativas duráveis e ao alargamento de solidariedades. 4. O Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa que se apresenta, face ao estádio de estruturação e sofisticação em que se encontram os recursos do concelho, aposta não apenas no aumento do seu valor acrescentado para a indústria turística, mas também nas potencialidades de protecção e valorização própria que para os mesmos advirão da promoção e marketing do território e do aumento da presença de turistas e visitantes. Significa isto que os planos de acção que se propõem baseiam-se em estratégias intersectoriais, aptas para servir o turismo, o ambiente, o património e a cultura; supõem a partilha do conhecimento sobre os mercados potenciais e os perfis das respectivas clientelas, assim como dos canais de difusão, promoção e distribuição, utilizando e cruzando as várias redes disponíveis; envolvem o desenvolvimento de produtos, a criação de parcerias entre estabelecimentos hoteleiros, os detentores dos recursos turísticos, a promoção e marketing, a comunicação com os média turísticos e a utilização intensiva das tecnologias da comunicação. 1.2. Nota Metodológica As opções metodológicas Desenvolvimento Turístico seleccionadas de Serpa, para a obedeceram elaboração ao princípio do do Plano de pluralismo metodológico1, combinando metodologias quantitativas – extensivas2, metodologias comparativas – tipológicas e metodologias qualitativas intensivas3. 1 Cf Ragin, Charles (1994), Constructing Social Research. The Unity and Diversity of Method, Thousand Oaks, Pine Forge. 4 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Sendo o turismo um sector/indústria claramente verticalizado, sofisticado4, procuramos potenciar as “horizontalidades” do sistema turístico, onde no processo de globalização5 as procuras da diferença, das especificidades, de tradições e modos e vida, dos patrimónios culturais e naturais, podem constituir “matéria – prima” para transformar patrimónios em recursos turísticos. Os sentimentos de pertença e as identidades locais, a memória e a história, podem, ser organizados em recursos turísticos com tal capacidade de atractividade, que no limite, oferecem ao turista uma experiência única, e ao residente, um orgulho acrescido na valorização do olhar do outro, onde não é despiciente a capacidade de fixação de população local, de jovens, com recurso à criatividade, formação e inovação, enquadrados por um conhecimento técnico da extrema competitividade deste sector. Neste sentido, explorámos as clássicas e obrigatórias linhas de investigação bibliográfica, documental e estatística, tanto ao nível do próprio concelho como do Alentejo, do País, de Espanha e internacionalmente, analisando os dados referentes a Serpa e muitos outros, do Baixo Alentejo, da Região de Turismo, do PENT, do INE, da OMT, numa perspectiva simultaneamente diacrónica, sincrónica e prospectiva. Na análise bibliográfica específica tivemos em conta duas décadas de investigação sobre o papel do turismo no desenvolvimento do interior do país6. E neste contexto podemos considerar o investigador como um dos principais recursos da investigação. A presença prolongada dos investigadores no terreno da investigação em turismo, constitui um recurso metodológico essencial nas relações entre a autarquia local, o posicionamento regional, o turismo nacional, e o contexto de aceleradas mudanças internacionais, tanto ao nível da procura como da oferta turísticas. 2 Cf Ghilione e Benjamin (1987), Les Enquêtes Sociologiques-Théories et Pratique, Ed. Armand Colin, Paris. 3 Cf Burguess,Robert G.(2001), A Pesquisa de Terreno. Uma introdução, Oeiras, Celta Editora. 4 Cf Urry,Jonh(1990), The Tourist Gaze. Leisure and Travel in Contemporary Societies, Sage, Londres. 5 Cf Giddens (2000), O Mundo na Era da Globalização, Presença, Lisboa. 6 Para além dos trabalhos pioneiros e continuados de Cavaco, cf Capucha sobre o «turismo e desenvolvimento rural» (1986); Joaquim 1989;1992;19941997;2001;2003;2006) sobre o mesmo tema e sobre o Alentejo; Ribeiro (2000;2003;) e Figueiredo (1999;2000;2003) sobre o Norte do País. Sobre a região Centro cf. Caracterização do Potencial Turístico do Distrito de Castelo Branco, NERCAB, IPI, 2002. 5 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Este posicionamento metodológico do papel do investigador enquanto instrumento de investigação, materializou-se também por uma pesquisa de terreno intensiva/qualitativa, com permanência em Serpa de dois elementos da equipa técnica e uma proximidade metodológica essencial, objectivada nos contactos telefónicos posteriores e regulares. As entrevistas realizadas a informantes/observadores privilegiados (6 entrevistas), informadores institucionais (12 entrevistas) e unidades de alojamento (13 entrevistas), assim como a multiplicidade de visitas realizadas, da adega aos museus, queijaria, albufeira e outras, permitiram um conhecimento do terreno, das diferentes dinâmicas sociais e das diferenciadas representações sobre o turismo (ressaltaram aliás fortes descoincidências ao nível dos observadores privilegiados, institucionais e do turismo). A informação e o conhecimento então obtidos autorizam-nos a analisar as dinâmicas locais, cruzando nomeadamente representações muito diferenciadas sobre o desenvolvimento do concelho e da região. Importa também relevar que a IPI tem, desde o início da sua actividade (1999), trabalhado sobre o sector turístico, tendo realizado e estando a desenvolver algumas dezenas de trabalhos, quer de âmbito nacional, quer de âmbito local, directa ou indirectamente ligados ao turismo e ao seu impacte no desenvolvimento. As análises extensivas, de cariz nacional e internacional, e o conhecimento do sector, em termos científicos e também tecnicamente, assim como as profundas transformações internacionais, das quais o turismo é simultaneamente agente e actor, permitem-nos situar Serpa num contexto não apenas local, mas também regional, nacional e internacional, e identificar as principais oportunidades e ameaças internas e externas ao seu desenvolvimento turístico. Neste contexto alargado, as propostas apresentadas são o resultado de uma análise amadurecida pelo pluralismo metodológico usado, constituindo um plano de acção que pode efectivamente ser aplicado, numa negociação da natural conflitualidade entre agentes/actores diferenciados, mas onde o resultado final será certamente a melhoria do tecido produtivo, a criação de emprego, novas oportunidades no turismo e noutras actividades a montante e a jusante, em suma, o turismo como um dos pilares do 6 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 desenvolvimento sustentável do concelho nas suas múltiplas vertentes – ambiental, económica, social, cultural, institucional e organizativa. A título de exemplo: a qualidade do património não o torna automaticamente um recurso turístico, salvo nos casos excepcionais com atribuição e reconhecimento de valor simbólico nacional ou internacional, que ultrapassa em muito as classificações oficiais/institucionais. Este é um dos mitos que, recorrentemente, enforma muitos dos planos de desenvolvimento turístico e os condena ao fracasso. Um recurso pressupõe investimento, caracterização, potencialidades, estado de conservação, negociação no caso dos privados, sinalização, informação, promoção. Pressupõe organização e envolvimento simbólico e institucional. O turismo é um dos sectores mais competitivos e sofisticados do mundo contemporâneo. Se «o turista é um investigador do gozo das coisas», a indústria turística é uma fábrica de fantasias e sonhos. E neste palco planetário, salvo as raras excepções de patrimónios emblemáticos que se constituem simultânea e imperativamente como produtos e destinos, as nossas pertenças e as nossas identidades patrimoniais, só são recursos turísticos quando acrescidos do saber, da técnica, da parceria público privado, do jogo simbólico entre agentes/actores do processo turístico. Ou de uma qualquer marca poderosa, multinacional, que tenha a capacidade de promover e comercializar a planície como a mais ancestral das experiências humanas. Como se nos afigura que o objectivo de Serpa é o primeiro caminho, neste jogam todos os actores em presença. Desde os turistas que configuram a procura turística, e dispõem cada vez mais, de ofertas multifacetadas e planetárias em todos os produtos, aos agentes privados com os seus objectivos diversificados, aos institucionais que, a quererem o desenvolvimento turístico do concelho, necessitam de parcerias e processos de negociação sobre outras visões que não a sua. Mas estas são apenas algumas das linhas de reflexão a que o pluralismo metodológico nos conduziu e que exploramos ao longo das propostas. 7 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 1.3. Posição Comparativa O concelho de Serpa apresenta um conjunto de recursos com potencial turístico passíveis de criarem potencialidades de desenvolvimento turístico. Este desenvolvimento depende da capacidade de valorização dos recursos existentes e da criação de novos factores de atracção. Todavia, apesar de o Concelho constatar, no plano das iniciativas públicas, esforços vários com vista à captação de fluxos turísticos, o peso relativo de Serpa no contexto nacional e regional do turismo é diminuto. A atestar este facto estão os indicadores a nível da capacidade e tipologia de alojamento, número de turistas, estada média de hóspedes, número de camas por habitante e capacidade instalada de oferta de restauração qualificada quando confrontados com os resultados médios constatados, nos mesmos indicadores, no Baixo Alentejo7. Situação semelhante ocorre quando se avalia o posicionamento do concelho relativamente aos factores externos que condicionarão o desenvolvimento futuro do turismo, revelando existir, no presente, uma capacidade insuficiente no destino para fazer face às determinantes estratégicas do turismo. 7 Ver Relatório de Progresso – Fevereiro 2008. 8 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 2. Matriz de caracterização e Estratégica 2.1. Matriz de Caracterização A Matriz de Caracterização permite avaliar o posicionamento do município relativamente aos factores externos e internos que determinam as condições de competitividade do turismo no território de implantação. Importa, por isso, avaliar o posicionamento global do município relativamente aqueles factores e simultaneamente identificar aqueles que se deverão priorizar e sobre os quais se deverá agir em termos estratégicos. 2.1.1. Factores Externos Os factores externos estratégicos incorporam as oportunidades e ameaças que contextualizam e determinam o desenvolvimento futuro do turismo num determinado destino. Assim, umas e outras, na sua globalidade, constituem-se no contexto estratégico que influenciará, no curto e médio prazo, o turismo nomeadamente no município de Serpa. O Quadro de Análise dos Factores Externos pretende avaliar a condição (posicionamento) relativa actual do destino Serpa face aos factores externos estruturantes do turismo, tanto no nosso país como na área do município em apreço. Este posicionamento é o resultado da conjugação dos factores externos com a capacidade de resposta actual do destino a cada um desses factores. A selecção daqueles factores externos decorre da análise, e respectiva síntese, efectuada pela equipa técnica da IPI dos elementos que condicionam, por um lado, a actividade turística a nível nacional e internacional e, por outro, o desenvolvimento do turismo em Serpa, os quais, no seu conjunto, se repercutirão em condições e potencialidades de geração de fluxos turísticos, tanto no presente como, prospectivamente, no futuro. 9 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O critério de ponderação – e o valor dessa ponderação – é da responsabilidade da equipa técnica. Naturalmente que as oportunidades e ameaças identificadas, com maior capacidade de impacto na natureza e na condição do turismo, recebem um valor mais elevado, correspondente aos seus efeitos (repercussão) relativos no desenvolvimento do turismo e na potencialização de geração de fluxos turísticos num futuro próximo, mormente no destino em estudo. Para uma melhor compreensão dos seus efeitos e, logicamente, do seu valor, cada factor externo é acompanhado com a explicitação da condição que justifica a valoração da ponderação8. A escala de valoração utilizada para efeitos de avaliação da capacidade de resposta do destino à natureza do factor estratégico foi de 1 a 5, abrangendo a banda de, respectivamente, “fraca” a “forte”. QUADRO n.º 1 QUADRO DE ANÁLISE DOS FACTORES EXTERNOS 8 Ver coluna de “Observação” no Quadro de Análise dos Factores Externos. 10 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O resultado final deste exercício revela existir, no presente, uma capacidade insuficiente no destino para fazer face às determinantes estratégicas actuais do turismo. 2.1.2. Factores Internos Os factores internos estratégicos incorporam as forças e as fraquezas que coexistem num determinado destino turístico em face dos factores externos estratégicos constatados. Assim, umas e outras, na sua globalidade, constituem-se na capacidade interna passível de, no curto e médio prazo, contribuir para o reforço do potencial turístico e de fluxos turísticos no destino, tendo por base a maximização dos factores externos. O Quadro de Análise dos Factores Internos pretende avaliar a capacidade interna global do agente promotor do desenvolvimento turístico, traduzida pela existência de elementos no destino passíveis de contribuir para o aproveitamento das potencialidades de desenvolvimento turístico geradas pelos factores externos. Esta capacidade global é o resultado da conjugação dos factores internos estratégicos com a capacidade de resposta actual do promotor do desenvolvimento turístico a cada um desses factores. A selecção dos factores internos decorre da análise, e respectiva síntese, efectuada pela equipa técnica multidisciplinar da IPI – com base no trabalho de campo efectuado – dos elementos locais que podem responder à evolução dos comportamentos dos consumidores e à natureza dos fluxos turísticos futuros e que capacitam a sua atracção ou fixação no destino (Serpa). O critério de ponderação – e o valor dessa ponderação – é da responsabilidade da equipa técnica e resulta da necessidade de avaliar a existência de recursos turísticos, de condições socioeconómicas ou outros elementos internos para desenvolver políticas e medidas que respondam ao contexto e às tendências turísticas futuras. As forças e as fraquezas identificadas, com maior capacidade de repercussão no processo, recebem um valor mais elevado, correspondente aos seus contributos 11 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 relativos para a maximização dos factores externos. Para uma melhor compreensão dos seus efeitos e, logicamente, do seu valor, cada factor interno é acompanhado com a explicitação da condição que justifica a valoração da ponderação9. A escala de valoração utilizada para efeitos de avaliação da capacidade de resposta do destino à natureza do factor estratégico foi de 1 a 5, abrangendo a banda de, respectivamente, “fraca” a “forte”. QUADRO n.º 2 QUADRO DE ANÁLISE DOS FACTORES INTERNOS O resultado final deste exercício revela existir um significativo potencial interno do município para fazer face às determinantes estratégicas actuais do turismo. 9 Ver coluna de “Observação” no Quadro de Análise dos Factores Internos. 12 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 2.2. Matriz Estratégica A Matriz Estratégica, resultante da combinação dos factores externos com os factores internos anteriormente identificados, expressa as propostas estratégias a desenvolver. No caso em apreço, as estratégias propostas para o desenvolvimento turístico de Serpa são as seguintes: - Estratégia de Crescimento da Oferta Através da utilização dos factores internos, que se configuraram Forças, para obtenção das vantagens das Oportunidades estratégicas identificadas no contexto externo; - Estratégia de Diferenciação do Produto Turístico Fazendo uso das Forças como factores essenciais para evitar ou diluir o impacto das Ameaças em presença; - Estratégia de Qualificação do Serviço Pela selecção e implementação de medidas e acções de política que permitam ultrapassar as Fraquezas com base nas Oportunidades presentes no contexto; - Estratégia de Minimização de Impactos Traduzida na selecção e implementação de medidas e acções de política que reduzam, por um lado, as Fraquezas e afastem, por outro, as Ameaças identificadas. A configuração e o posicionamento destas estratégias encontram-se traduzidos na Matriz Estratégica para o efeito desenvolvida. Nesta é, igualmente, possível identificar os factores, externos e internos, que cada uma das estratégias utilizará para efeitos de alavancar as potencialidades, externas e internas, e de debelar as dificuldades presentes nos contextos externo e interno. 13 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 QUADRO n.º 3 MATRIZ ESTRATÉGICA A natureza de cada uma das estratégias a desenvolver e as características dos factores estratégicos com os quais cada uma delas se relaciona determinam os programas e os projectos a implementar. Todavia, este exercício deve estar em perfeita sintonia com as opções estratégicas que devem subordinar o desenvolvimento do turismo no município de Serpa, quer a nível dos seus objectivos estratégicos e dos mercados e produtos turísticos. 2.3. Objectivos Estratégicos As opções estratégicas propostas traduzem, por um lado, a posicionamento turístico do município de Serpa no contexto do turismo nacional e, por outro, os objectivos estratégicos primários a alcançar pelo turismo no âmbito do modelo de desenvolvimento económico e social para o município de Serpa. 14 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O posicionamento e os objectivos estratégicos propostos, para os próximos cinco anos, são os seguintes: Posicionar o Município de Serpa como destino turístico diferenciado; Contribuir, através do turismo, para a dinamização da sociedade, cultura e economia locais; Contribuir para a qualificação do território; Reforçar o contributo de Serpa, através do turismo, no desenvolvimento regional. 15 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 3. Nichos de Mercado, Produtos Turísticos e Indicadores As condições estruturais no contexto externo, já anteriormente referidas, a par da natureza e características dos recursos turísticos existentes no município de Serpa e do papel que se deseja atribuir ao turismo, igualmente já expresso, no modelo de desenvolvimento económico e social do município de Serpa aconselham a uma selecção criteriosa dos produtos turísticos e dos segmentos de mercado a eleger como prioritários. Relembrando: OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS PARA O TURISMO EM SERPA O posicionamento e os objectivos estratégicos propostos, para os próximos cinco anos, são os seguintes: Posicionar o Município de Serpa como destino turístico diferenciado; Contribuir, através do turismo, para a dinamização da sociedade, cultura e economia locais; Contribuir para a qualificação do território; Reforçar o contributo de Serpa, através do turismo, no desenvolvimento regional. MERCADO E PRODUTOS TURÍSTICOS As condições estruturais, o contexto externo, já anteriormente referidos, a par da natureza e características dos recursos turísticos existentes no município de Serpa e do papel que se deseja atribuir ao turismo, igualmente já expresso, no modelo de desenvolvimento económico e social do município aconselham a uma selecção criteriosa dos produtos turísticos e dos segmentos de mercado a eleger como prioritários. 16 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 3.1. Nichos de Mercado e Produtos Turísticos 3.1.1. Turismo em Espaço Rural (TER) O Turismo em Espaço Rural (TER), constitui já um segmento turístico relevante em Serpa, sobretudo nas modalidades de Turismo Rural e Agro - Turismo. Assinale-se ainda a presença do Turismo de Habitação e do Turismo em Casa de Campo. Também o facto de Pias pertencer a uma rede europeia de Turismo de Aldeia, pode ser potenciado neste contexto. O Turismo em Espaço Rural privilegia espaços com densidades populacionais baixas, patrimónios naturais e culturais preservados, modos de vida “autênticos”, sossego, gastronomia local de qualidade e com características identitárias e articula-se com outros segmentos e nichos de mercado turístico e de lazer. Ao nível do Agro-turismo e mesmo do Turismo Rural, de Habitação e em Casa de Campo, a valorização dos produtos agrícolas de base local, a inovação em termos de animação ligada às actividades agrícolas, o enoturismo, o turismo equestre, a articulação e cooperação de operadores locais, ao nível da produção integrada de itinerários constituem necessidades de profissionalização e afirmação deste segmento. A predominância do turismo interno no Turismo em Espaço Rural do Sul do País, assim como do mercado espanhol, tanto ao nível turístico como de lazer ou excursionismo, e mesmo dos mercados holandeses e alemães, já com uma presença actual, ainda que residual, a aposta no mercado francês e italiano, através de ofertas concertadas de produtos baseados na genuinidade, e na preservação das componentes primárias da oferta turística, aliadas a um forte investimento na informação, sinalização, disponibilização de produtos com processos de interpretação da natureza e da cultura, constituem necessidades de profissionalização neste segmento. As classes médias, média baixa e média alta, relativamente escolarizadas, o segmento famílias, com preocupações ambientais, consumidores culturais, assumem-se como os perfis mais consistentes neste tipo de segmento. 17 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 A oferta existe, mas não está organizada. A necessidade de cooperação entre os vários operadores e entre o sector público e privado é condição indispensável ao sucesso deste segmento turístico. Ao nível dos operadores privados, existe a necessidade de desenvolver pequenos operadores vocacionados para os itinerários turísticos, específicos, integrados e temáticos, e guias especializados na região. Como por exemplo criar o itinerário dos Engenhos Hidráulicos Tradicionais, onde o concelho é exemplar. A articulação das múltiplas actividades culturais da Câmara Municipal com os operadores locais, pode constituir um primeiro passo na profissionalização deste segmento. Como por exemplo uma estada numa unidade de TER, um itinerário histórico, uma prova de vinho, uma refeição típica e uma noite de cante, articulando entidades e espaços diferenciados. As possibilidades são inúmeras, mas necessitam de uma efectiva cooperação entre os vários agentes, públicos e privados. Para todos os segmentos e nichos a questão da comercialização é vital, e ultrapassa claramente o nível local e regional. 3.1.2. Turismo de Natureza O turismo de natureza assume actualmente múltiplas formas e abrange produtos diferenciados, que vão do ecoturismo, à ornitologia, ao turismo de aventura, ao turismo radical, a algumas tipologias de turismo de saúde e bem estar, ao pedestrianismo, entre muitas outras práticas de turismo e denominações associadas: denominações que variam de contexto para contexto, onde podemos encontrar, por exemplo, a de «turismo suave» ou a de «turismo responsável». No caso português, o turismo de natureza está legislado como as actividades turísticas que têm lugar no âmbito das áreas protegidas, dispondo de alojamento classificado para tal, como as unidades de TER ou ainda as casas de abrigo. No entanto os operadores turísticos comercializam o turismo natureza de uma forma muito mais abrangente que a 18 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 definição legal, e os turistas percepcionam as suas experiências turísticas como turismo de natureza numa lógica próxima da dos operadores. O nível de preservação da natureza é a condição essencial para o desenvolvimento deste tipo de turismo. A definição e delimitação de áreas de protecção especial, codificam os espaços naturais e acrescentam-lhe um elevado valor simbólico, enquanto espaços de visitação e consumo turístico. A exemplo dos outros nichos de mercado do turismo, o nível de qualidade das infra – estruturas, a disponibilidade de informação (guias, brochuras), a qualidade da sinalização são elementos essenciais para o desenvolvimento do turismo de natureza. Neste nicho de mercado a existência de equipamentos de interpretação da natureza e do património, assim como o grau de profissionalismo de guias e monitores de natureza assumem-se como centrais. Os processos de auto regulação, como os rótulos ecológicos ou o EMAS, acrescentam um valor importante a este tipo de oferta turística e atraem consumidores com maior poder intelectual e económico. Pela diversidade de ofertas no contexto deste nicho, os públicos alvo, vão das famílias com filhos, onde a interpretação ambiental, numa lógica de educação ambiental e o pedestrianismo assumem particular importância, aos jovens que combinam ofertas mais tradicionais com actividades mais radicais, aos reformados nas modalidades mais tradicionais da natureza, até a um turismo aventura mais suave, aos “amantes” do “bird watching”, ao turismo aventura para grupos específicos, e ainda aos que procuram a natureza como tratamento do corpo e do espírito, numa vertente mais contemplativa e de rotura com as paisagens urbanas quotidianas. O mito do “eterno retorno” ou da “utopia do rural” nas palavras de Rambaud, investe o campo de qualidades simbólicas que têm como função restaurar o corpo e o espírito. Os mercados português, espanhol, alemão, holandês e britânico, são determinantes neste nicho. A multiplicidade de actividades e o cruzamento de nichos ao nível da natureza é imenso. Dos itinerários organizados à informação sobre passeios, às ciclovias, passeios a cavalo, centros de interpretação, ementas adaptadas a estes “exploradores”, potenciando as 19 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 actividades de outros nichos como o TER e a animação agrícola ou a integração dos circuitos culturais do concelho em alguns itinerários, a imaginação e capacidade de cooperação entre os operadores privados e públicos é o limite. A proximidade do Alqueva, que deverá vir a constituir-se como um dos mais importantes pólos turísticos do Alentejo, aconselha à constituição de redes integradas de entidades públicas e privadas nos domínios da natureza, cultura, gastronomia e vinhos, grandes mais valias da região, por forma a capacitá-la para uma oferta turística integrada e enriquecedora. 3.1.3. Gastronomia e vinhos A gastronomia e os vinhos assumem-se cada vez mais como importantes factores no contexto das motivações turísticas, de visitação e de lazer. Não está estudado o peso da gastronomia e dos vinhos no excursionismo e visitação em Portugal, mas todos os estudos apontam a gastronomia como um factor importante na qualidade de um destino turístico, podendo assumir-se como motivação principal ao nível de segmentos e nichos de mercado. O Alentejo tem uma forte imagem de marca no campo da gastronomia e dos vinhos e este nicho do mercado turístico deve ser encarado de forma profissional, com vista a desenvolver o enoturismo e o turismo/excursionismo gastronómico, tanto interno como externo, com particular atenção para os mercados de proximidade como o espanhol. Acresce o facto deste nicho poder potenciar o desenvolvimento de outros segmentos e nichos de mercado como o TER, o turismo natureza, o touring paisagístico e cultural, o turismo cinegético e o excursionismo e a visitação. A proliferação de feiras gastronómicas, semanas gastronómicas, provas de vinho, confrarias, e a crescente valorização social da “comida caseira”, do vinho, do azeite, do queijo, da dieta mediterrânea tradicional (pão, vinho e azeite), dos produtos de origem local, dos vinhos DOC e VQPRD, dos prémios gastronómicos e vitivinícolas, assim como 20 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 o surgimento e consolidação de movimentos como o “Slow Food”, fazem deste nicho um dos com maior capacidade de crescimento e afirmação. No que concerne aos públicos alvo, este nicho tem ainda a vantagem de se apresentar bastante abrangente, desde famílias, “ninhos vazios”, reformados, clubes de vinho e de gastronomia, confrarias, e ser transversal a todos os outros segmentos e nichos, podendo potenciar o seu próprio desenvolvimento e o crescimento sustentado de outros nichos. Portugal, Espanha, França, Alemanha, Holanda e Itália são os mercados preferenciais deste tipo de produtos. O desenvolvimento e consolidação do nicho Gastronomia e Vinhos exige, para além dos indicadores de qualidade dos outros nichos, tais como a qualidade das infraestruturas de acolhimento, disponibilidade de informação (livros, guias, brochuras), equipamentos e guias de interpretação histórico-cultural, natural e dos produtos, nível de qualidade da sinalização, uma forte aposta na certificação dos produtos gastronómicos e vitivinícolas. A oferta organizada de actividades de degustação e prova gastronómica e de vinhos, assim como a existência de pontos de venda especializados em produtos locais emblemáticos, constitui um eixo importante de consolidação deste nicho. Importa também introduzir algum grau de inovação ao nível das “artes da mesa” e a introdução de outros produtos locais nas ementas, para além dos tradicionais porcos e borrego. A aposta nas ervas silvestres comestíveis e a organização de semanas/feiras gastronómicas e de vinhos com presença diversificada de produtos regionais, podem ser um bom complemento para os produtos tradicionais da região. A cooperação entre restauradores, outros operadores privados como as unidades de TER e operadores públicos ao nível da criação de rotas e itinerários gastronómicos e vitivinícolas, e a introdução da componente gastronómica e vitivinícola em itinerários de dominância patrimonial e de natureza, constituem lógicas de integração das actividades turísticas e de lazer, conducentes ao sucesso destas actividades. 21 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 3.1.4. Touring urbano/cultural Com o aumento dos tempos livres, semanais e de férias, a melhoria dos níveis de vida, a democratização dos lazeres, as novas acessibilidades (novas estradas e autoestradas), a banalização do automóvel e com ele as novas mobilidades, o encurtar das distâncias, a afirmação cultural urbana de valores rurais, eco e etno, e de novos conceitos de património, a difusão de imagens através de revistas da especialidade, cadernos de jornais como o Fugas, programas de televisão e conteúdos em sites da Internet, a familiarização com o espaço europeu comum, sem fronteiras e com uma mesma moeda - território, economia, cultura, língua – viabilizou-se a efectivação da curiosidade e desejo de conhecer o país, outros países também acessíveis, ou pelo menos as regiões mais próximas, como é próprio do tour/turismo desde os seus primórdios dos séculos XVIII e XIX. A motivação principal destes lazeres, procura primária, é a descoberta, o conhecimento e a exploração do território, dos atractivos de uma região, principalmente do seu diverso e abrangente património cultural, histórico, natural, durante estadas curtas, 1-2 noites, e desse modo lazeres e viagens com experiências mais ricas, com mais conhecimentos, bem mais activas do que as tradicionais estadas de vilegiatura à beira mar, nas termas ou nas aldeias de familiares e amigos, as terras de origem de muitos citadinos. Em causa, uma itinerância difusa e generalista, sobretudo de clientelas regionais de Portugal e de Espanha, mais raramente de turistas de além Pirinéus viajando com independência, e de alguns turistas estrangeiros com outras motivações primárias que realizam percursos rápidos pelas regiões próximas: • viagens decididas no seguimento de recomendações de familiares e amigos, programas de televisão e revistas dos jornais diários ou semanais; • viagens independentes, em veículo particular, próprio ou alugado, com programas à medida das suas preferências, no geral duas pessoas, casal, mas também famílias, casais com filhos, e muitos reformados, com bastante tempo e liberdade, ou grupos reduzidos de amigos; 22 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 • viagens de classes média e alta, tanto em termos económicos como de nível de formação, e desse modo gastos muito variados nos destinos percorridos (alojamento, mesmo alojamento privado e intimo, além de hotéis e também de campismo e caravanismo, serviços avulsos de restauração, compras de souvenirs, de produtos artesanais ou de produtos DOC...; • viagens que se realizam em épocas variadas, durante as férias escolares, nos fins de semana, nas «pontes», com preferência nas estações intermédias – Abril, Maio, Junho, Setembro e mesmo Outubro, com dias longos, bom tempo, paisagens frescas e sem multidões nas estradas e nos destinos visitados. Muitos destes turistas independentes provêm de países além Pirinéus, como França, Alemanha, Holanda, RU ou Itália, com suas «casas de férias móveis, ou favorecidos pelas low cost, com fly and drive, bed and breakfast, enquanto outros praticam o touring a partir dos destinos de férias, durante estas: este funciona como procura secundária no quadro de viagens com outras motivações principais, diversificando e enriquecendo as experiências através de circuitos ocasionais e regionais, de descoberta e fruição do território onde se encontram, das suas atracções paisagísticas e culturais e mesmo da sua oferta de restauração e animação Acresce o touring organizado em tours de interesse geral, com conteúdos culturais e paisagísticos, como outrora o excursionismo, ou em tours especializados, centrados em determinados interesses, como história, arqueologia, castelos e muralhas, arte, eventos, de grupos no geral bem mais reduzidos, com ou sem recurso a alojamento nos locais visitados, com destaque para alojamento de nível médio/superior e pequeno-almoço incluído, e com recurso a restauração, logo à gastronomia local, sobretudo na base de produtos de qualidade e certificados, e compras de souvenirs e de produtos locais específicos e identitários. No caso de Serpa é de considerar a concentração de atractivos diversos e de qualidade, naturais e culturais, a pequenas distâncias, favoráveis a itinerâncias que se desenvolvem bastante ao sabor do acaso, como convém a populações terciárias, de 23 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 quotidianos rígidos, em ambientes fechados, e largamente imobilizados em frente dos computadores (paisagens, aldeias e vilas, gastronomia, vinhos, adegas, herdades, património histórico – arquitectónico - cultural urbano). Sem esquecer a sua acessibilidade a partir de mercados urbanos potencialmente emissores e difusores de procura de touring primária e secundária, como Beja, Évora, Setúbal, Lisboa, Badajoz, Mérida, ou mesmo Sevilha. Sem esquecer também a sua inserção em percursos polarizados por Mértola, Reguengos, Alqueva, Beja ou Évora, ou pelo Parque Natural do Vale do Guadiana. E em particular a difusão regional da procura turística que venha a se instalar no futuro pólo turístico de Alqueva, seja do turismo residencial seja do turismo de golfo ou equitação. A potenciação deste segmento de mercado implica: • optimização da sinalização dos recursos e atracções turísticas, das que melhor definem a identidade ou a personalidade e singularidade dos lugares; • dos miradouros que proporcionam pontos de vista únicos e paisagens de beleza indiscutível, pela amenidade ou pela rudeza, pelas sonoridades ou pelos tons avermelhados de cada pôr-do-sol, onde não devem faltar os devidos painéis de orientação e interpretação; • a dos horários de funcionamento dos museus, monumentos e postos de informação e apoio dos turistas e do próprio comércio, não esquecendo que neste segmento predominam os turistas de fim-de-semana; • a disponibilização de informação em diferentes idiomas, do património construído, mesmo do pequeno património rural, e do património imaterial, incluindo a história e as estórias e lendas que lhe andam associadas, e incluindo muito particularmente a música popular tradicional (CANTE); • oferta e informação também quanto a alojamento e restauração, com adequados padrões de qualidade e modernidade, por exemplo em termos de meios de pagamento e serviços ao cliente com perfil personalizado, guias locais com 24 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 conhecimentos dos recursos e domínio de línguas estrangeiras, não obstante o esmagador predomínio do mercado interno, secundado pelo espanhol; • a oferta comercial de produtos artesanais; • a animação local, com seu calendário de eventos, das feiras e festas locais, a festivais ou a reconstituições históricas; • a qualidade geral dos serviços prestados, estreitamente dependente da formação dos recursos humanos e da sua abertura ao turismo, ao Outro, ao de fora, ao estrangeiro; • sem esquecer as facilidades de parqueamento, as boas estradas secundárias e respectiva sinalização, o conforto, a comodidade e a segurança das visitas, as sombras repousantes e frescas para as horas mais quentes, as da «sesta» tradicional; • sem esquecer igualmente as acções promocionais orientadas para os principais mercados emissores de turistas e visitantes, nomeadamente encarando estes últimos como possíveis turistas num futuro próximo e como potenciais informadores influentes na decisões de visita e permanência de amigos e familiares, a quem recomendem o destino Serpa; • implica também a inserção de Serpa e do seu concelho em diferentes tipos de circuitos de touring, mesmo em rotas temáticas10 (vinhos, azeites, sabores, castelos e muralhas, restos arqueológicos, aldeias tradicionais, à semelhança das «aldeias históricas» ou das «aldeias de xisto»...), como sucede com Pias e a Rede Europeia de Turismo de Aldeia. No conjunto, factores de sucesso a que importa estar atento, e que envolvem tanto o sector público como o sector privado, em acções que vão desde promover Serpa não apenas como destino mas como experiência de descoberta e de vivências marcadas 10 A título exemplificativo disponibiliza-se no Anexo I a metodologia de elaboração da organização da oferta turística que é constituída pelos itinerários. 25 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 pelo contacto com as populações locais, pela sua hospitalidade, algo de particular e de diferente, mobilizando a sociedade local para o turismo – sensibilização, motivação, formação, cooperação, mobilizando também a atenção de tour operadores especializados em percursos demorados nos locais de visita, suportada por um website atraente e motivador, que convide a visitas, descobertas, e também a estadas. 3.1.5. Turismo residencial Como em muitas outras regiões rurais do interior, observa-se diminuição da população residente (e de consumidores) e libertação de unidades de alojamento, com riscos de degradação, que pela estrutura dominante do povoamento se concentram em Serpa e nas aldeias. Ao mesmo tempo, acentua-se por todo o mundo ocidental, o peso da população essencialmente urbana, pelas origens e pela residência, o da população idosa e reformada, e na continuidade, o isolamento e o desejo de natureza ou pelo menos de espaço, um espaço de andar a pé, um espaço de encontro, seguro. Muitos citadinos respondem a essas aspirações através da aquisição de residências secundárias, de férias e de fins-de-semana, quando facilmente acessíveis em termos de tempo e custos, que passam a residências alternantes e mesmo a residências permanentes, uma vez alcançada a situação de reformas: • habitações de ocupação pessoal, exclusiva, livre de constrangimentos de tempos e funcionalidades, que permitem decorações e recheios ao gosto dos seus ocupantes; • habitações com dimensões suficientes para acolher familiares e amigos; • custos de manutenção modestos e controlados; • habitações que pela localização em vilas e aldeias proporcionam novos conhecimentos e solidariedades, segurança, acessibilidades por transportes colectivos, comércio e serviços de proximidade, em particular comércio alimentar, banco, médico, farmácia, restaurantes, e espaços de lazer... 26 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Importam nesta perspectiva: • locais com climas pouco chuvosos, fraca nebulosidade, quase sem nevoeiros, muito sol, em suma amenos, mesmo de Inverno; • locais não isolados e com personalidade, pelas paisagens envolventes, pelo património, pela arquitectura tradicional, pela estrutura urbana, pelos modos de vida, pela cultura, com suas tradições; • locais onde seja fácil viver, conviver e ocupar os tempos livres; • locais infra estruturados, com equipamentos modernizados e funcionais, dos de saúde aos desportivos (piscinas, campos de ténis e campos de jogos); • locais onde não falte uma restauração de qualidade e cunho regional, nem animação variada ao longo do ano, capaz de satisfazer diferentes gerações, dos avós aos netos; • regiões que revelem algum dinamismo económico, que se modernizem, mesmo se agrícolas, como vem sucedendo no concelho (vinhas e olivais; novos regadios, etc.). A aquisição, a renovação e a ocupação do património edificado, mesmo se com descontinuidades temporárias, permite: • a sua manutenção e valorização, a continuidade do povoamento, garante de mínimos de clientelas que viabilizam a oferta de bens e serviços básicos, e reforça a tradicional hospitalidade; • sustenta a auto estima dos que não emigraram, possibilita alguns rendimentos de complemento aos que se disponibilizam para a prestação remunerada de alguns trabalhos, sobretudo se houver sensibilização social para o turismo e em particular para a satisfação das suas necessidades. 27 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O público alvo são populações urbanas, residentes em grandes cidades, adultas e com filhos crescidos e independentes, ou já reformadas, das classes média e média baixa, e sem raízes rurais, nacionais (Portugal do Sul), e estrangeiras, de Espanha, mas sobretudo da Europa Ocidental e da Europa do Norte, desde há muito atraídas pelos climas do Sul, pela sua luz e amenidade, pelas paisagens meridionais, com largos horizontes e suas cores sazonais, como lugares de férias e de residência, quando não de trabalho, mesmo de trabalho agrícola. Alemães, holandeses, franceses, sem esquecer os mercados inglês e irlandês, muito atraídos pela península ibérica como destino de férias e não menos como lugar de residência prolongada após a reforma, no seguimento de apropriação plena de habitação particular, não necessariamente em resorts integrados, sempre mais dispendiosos, mais segregadores social e economicamente e muito menos autênticos. A qualidade deste segmento aparece intimamente associada à qualidade do quadro de vida local, em que os turistas residenciais vindos de fora se integram: • infraestruturas, equipamentos, acessibilidades, transportes, serviços públicos, comércio de bens de primeira necessidade e aquisição diária ou semanal; • renovação urbana preservando os traços tradicionais identificadores; • limpeza e embelezamento de ruas, pelo mobiliário, pelas fachadas, pela iluminação, pelas sombras, pelas montras, pelas esplanadas; • disponibilização de informação que estimule a valorização do património local, do arqueológico ao museológico, ao cultural e ao natural, e dos equipamentos de lazer; • possibilidades de participação nos eventos de animação que se sucedem ao longo do ano, também atractivos para turistas e visitantes vindos de fora, instalados e residentes na região, ibéricos e estrangeiros. 28 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 A promoção deste segmento passa pela difusão de imagens da cidade e das aldeias e vilas, aldeias brancas, luminosas, calmas..., das paisagens envolventes, das naturais e das agrícolas, das tradicionais e não menos das modernas. Pode ser facilitada pelo inventário das casas desocupadas, da sua venda eventual, por facilidades de reconversão, adaptação, modernização e funcionalidade, pelo jogo das licenças de obras, IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis e disponibilização da respectiva informação útil num site camarário de fácil leitura. 3.2. Indicadores de Qualidade O desenvolvimento e a existência de indicadores de qualidade num destino turístico são percepcionados como uma questão essencial do processo de planeamento e gestão do destino e um elemento fundamental no esforço de promoção do desenvolvimento sustentável do turismo em todos os seus níveis. Além disso, a utilização de indicadores, podendo desencadear acções de antecipação e de prevenção de situações indesejáveis no destino turístico, é uma ferramenta útil para os agentes económicos e públicos. Em face dos produtos e nichos de mercado anteriormente propostos emerge uma bateria de indicadores considerados essenciais à sua monitorização, avaliação e controlo. A natureza e o âmbito dos indicadores propostos para cada um dos produtos são os seguintes: TURISMO EM ESPAÇO RURAL - Nível de preservação do património; - Nível de preservação da natureza; - Existência de equipamentos de interpretação patrimonial e paisagística; 29 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 - Nível de genuinidade e de atractividade; - Nível de qualidade da sinalização. TURISMO DE NATUREZA - Nível de qualidade das infra-estruturas de acolhimento; - Nível de informação (guias, brochuras, etc.); - Existência de equipamentos de interpretação da natureza; - Nível de preservação da natureza; - Nível de genuinidade e de atractividade; - Nível de qualidade da sinalização. GASTRONOMIA E VINHOS - Nível de qualidade das infra-estruturas de acolhimento; - Nível de informação (livros, guias, brochuras, etc.); - Existência de equipamentos de interpretação tecnológica (áudio-guias e multimédia) para gastronomia e vinhos; - Grau de genuinidade e certificação dos produtos; - Nível de qualidade da sinalização; - Oferta de actividades de degustação e prova gastronómica e de vinhos; - Oferta de pontos de venda especializados em produtos típicos; - Existência de Roteiro. “TOURING” URBANO/CULTURAL - Nível de preservação do património; 30 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 - Nível de qualidade das infra-estruturas de acolhimento; - Nível de informação (livros, guias, brochuras, etc.); - Existência de equipamentos de interpretação cultural; - Disponibilização de conteúdos com recurso às TIC; - Nível de qualidade da sinalização; - Grau de qualificação de guias e monitores culturais (técnica e línguas); - Existência de Roteiro. “TOURING” PAISAGÍSTICO - Nível de preservação da paisagem; - Nível de qualidade das infra-estruturas de acolhimento; - Nível genuinidade e atractividade; - Nível de informação (livros, guias, brochuras, etc.); - Existência de equipamentos de interpretação paisagística; - Nível de qualidade da sinalização; - Grau de qualificação de guias e monitores paisagísticos (técnica e línguas); - Existência de Roteiro. TURISMO RESIDENCIAL - Número de habitações desabitadas objecto de recuperação por habitantes portugueses não permanentes; - Número de habitações desabitadas objecto de recuperação por habitantes estrangeiros não permanentes; 31 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 - Nível de qualidade das obras de recuperação e seus contributos para a manutenção das identidades arquitecturais locais; - Localização das novas residências secundárias e seus contributos para o povoamento e a vida económica e social local; - Disponibilização de informação detalhada sobre oportunidades de aquisição de imóveis desabitados (áreas de construção, planta, idade dos imóveis, estado de conservação, localização em Serpa ou nas aldeias...); - Disponibilização de informação detalhada sobre condições de recuperação com vista a habitação não permanente. 32 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 4. Áreas e Medidas de Acção Estratégicas 4.1. Áreas Estratégicas de Acção Tendo em atenção os objectivos propostos para o Plano de Desenvolvimento Turístico, as áreas seleccionadas de intervenção prioritária são as seguintes: Território e Produtos Turísticos Através da requalificação do território, dos recursos turísticos e do desenvolvimento dos produtos turísticos estratégicos propostos, numa base sustentável sobre o ponto de vista ambiental, económico e social Qualificação e Inovação Contribuindo para a promoção de condições de competitividade dos agentes económicos e capacidade de resposta aos desafios do mercado e destinos concorrenciais Marketing Turístico Reforçando a visibilidade da marca, assegurando a promoção do destino, monitorizando os mercados, gerindo as ferramentas comunicacionais e avaliando os resultados obtidos Cooperação e Parcerias Promovendo a constituição de redes de cooperação, regionais, nacionais e internacional, constituindo parcerias com os agentes envolvidos no turismo, sejam públicos ou privados, assegurando o envolvimento activo da população nas condições de atracção e fixação do turismo e a sua participação nos seus benefícios gerados pela actividade turística. 33 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 4.2. Medidas Estratégicas de Acção As medidas estratégicas de acção propostas, desenvolvendo-se no âmbito e natureza das estratégias anteriormente identificadas, concorrem, nas áreas de acção estratégicas eleitas, para a concretização dos objectivos do Plano. Propõem-se as seguintes Medidas, por área de acção estratégica: Na área do Território e Produtos Turísticos: - Fomento da criação de produtos turísticos, com base nas motivações ambientais, culturais e gastronómicas, e que se enquadrem no leque de produtos considerados no PENT como estratégicos para a região do Alentejo; - Implementação de roteiros temáticos que potenciem o conhecimento, o usufruto e a experiência dos produtos turísticos, existentes ou a criar; - Requalificação de equipamentos culturais e de lazer de natureza pública e das suas envolventes; - Requalificação do espaço público em centros históricos ou de espaços turísticos de natureza pública integrados em roteiros temáticos; - Requalificação de imóveis de interesse público. Na área da Qualificação e Inovação - Apoio a iniciativas de criação de novo alojamento turístico e às iniciativas de requalificação e redimensionamento do alojamento existente; - Apoio às iniciativas de requalificação e inovação da oferta de restauração; - Apoio a projectos de inovação de processos de produção na cadeia de valor do turismo; - Reforço e inovação na sinalização rodoviária turística. 34 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Na área do Marketing Turístico - Construção do conceito e imagem de Serpa como uma nova centralidade regional do Alentejo; - Dinamização da marca “Serpa – Terra Forte” e reforço dos seus actuais e novos valores como elemento de reforço da sua visibilidade e notoriedade; - Dinamização de ferramentas tecnológicas para promoção do destino, comunicação das suas actividades turísticas e facilitação do negócio turístico. Na área da Cooperação e Parcerias - Promoção de acções de sensibilização dos agentes envolvidos na actividade turística para a necessidade da sua dinamização e qualificação de forma a contribuir para o desenvolvimento económico e social das populações; - Promoção de acções e agregação de iniciativas que tenham por objectivo a endogeneização dos recursos locais existentes; - Desenvolvimento de instrumentos e mecanismo de cooperação e de constituição de parcerias para a promoção e reforço da competitividade do território e dos produtos turísticos; - Desenvolvimento de instrumentos e mecanismo de cooperação para a qualificação global do centro histórico de Serpa. Para melhor percepção do enquadramento das medidas propostas na concretização das estratégias anteriormente apontadas, bem assim como dos factores, externos e internos, envolvidos é apresentada a Matriz de Medidas de Acção Prioritária. 35 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 QUADRO n.º 4 MATRIZ ESTRATÉGICA – MEDIDAS DE ACÇÃO 4.3. Factores Críticos de Sucesso Os desígnios prosseguidos pelo Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa impõem a identificação dos factores, de natureza material e imaterial, que se configuram como críticos para a sua concretização. Ou seja, a identificação dos elementos que, se inexistentes ou insuficientemente tratados, comprometem a concretização do papel desejado para o turismo no economia local e dos objectivos estratégicos fixados no Plano. 36 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Consideram-se como factores críticos de sucesso na implementação e concretização das estratégias inscritas na Matriz Estratégica, os seguintes: PLANEAMENTO Este factor é elemento chave no processo de implementação e concretização de um Plano por se constituir numa ferramenta eficaz para a sua boa gestão e concretização. O seu processo deve assegurar que serão materializados, em tempo útil e em condições de operacionalidade – sob pena de comprometer os objectivos estratégicos prosseguidos pelo Plano de Desenvolvimento do Turismo de Serpa - os seguintes projectos: 9 Sustentabilidade dos recursos; 9 Revitalização do Centro Histórico de Serpa; 9 Estruturação e concretização de itinerários 9 Informação e Sinalização. NEGÓCIO Neste factor reside a base económica que é vital para a competitividade da economia local, para a remuneração dos factores endógenos locais e para a criação e distribuição de riqueza pelos agentes locais (famílias, empresas e entidades públicas). Para que este contributo das actividades económicas possa ocorrer haverá que assegurar: 9 Dinamismo empresarial; 9 Articulação e cooperação entre todos os agentes envolvidos. 37 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 COMPETITIVIDADE Este factor assegura as condições, tangíveis e intangíveis, propícias, por um lado, ao investimento e, por outro, ao desenvolvimento de capacidades de um espaço, área, ou organização poder criar, desenvolver, implementar e manter um contexto (ou moldura) distintiva e favorável à aquisição, utilização e reforço de condições - de mercado ou outra - de forma sustentada e perdurável. Sendo certo não ser possível alcançar, a médio prazo, níveis superiores de competitividade sem produtividade e sustentabilidade, também estas últimas não poderão, por si só, ocorrer sem que se alcance a primeira. Para que aqueles níveis de competitividade possam ser prosseguidos no âmbito da execução do Plano de Desenvolvimento do Turismo em Serpa é essencial assegurar: 9 Parcerias público-privadas; 9 Qualificação da oferta de alojamento e de restauração; 9 Imagem e Promoção do destino. 38 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 5. Acções Estratégicas e Projectos Estruturantes 5.1. Programas e Projectos Estratégicos 5.1.1. Programas A operacionalização do Plano de Desenvolvimento é assegurada através da concepção e implementação de Programas de Acção e da Identificação dos Projectos Estratégicos. Assim, propõe-se a criação de quatro Programas que possam, no seu conjunto, assegurar os objectivos prosseguidos pelo Plano, agir sobre as áreas estratégicas de intervenção e assegurar a concretização das medidas consideradas prioritárias. Os Programas11 são os seguintes: P1 – Acolher Mais Turismo P2 – Prestar Melhor Serviço P3 – Inovar em Produtos Turísticos P4 – Ganhar o Turismo O Programa “Acolher Mais Turismo” pretende agir fundamentalmente na área do Território e Produtos Turísticos assegurando os projectos que concorrem para a boa materialização das Medidas nela contidas. O Programa “Prestar Melhor Serviço Turístico” pretende agir fundamentalmente na área da Qualificação e Inovação assegurando os projectos que concorrem para a boa materialização das Medidas aí previstas. 11 Os títulos dos Programas são meramente indicativos. 39 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O Programa “Inovar Produtos Turísticos” pretende agir fundamentalmente na vertente dos Produtos Turísticos (área do Território e Produtos Turísticos) assegurando os projectos que concorrem para a boa materialização das Medidas que lhe estão associadas. O Programa “Ganhar o Turismo” pretende agir fundamentalmente nas áreas do Marketing Turístico e da Cooperação e Parcerias assegurando os projectos que concorrem para a concretização das Medidas previstas no seu âmbito. 5.1.2. Projectos Estratégicos Sendo conhecidos os actuais constrangimentos orçamentais com que os agentes institucionais e empresariais se debatem, bem assim como, as características e a natureza da procura e da oferta presente no município de Serpa, propõem-se os seguintes projectos estratégicos para concretização nos próximos cinco anos, no âmbito de cada um dos Programas: Programa “Acolher Mais Turismo” - Revitalização do Centro Histórico de Serpa; - Reforço da Internacionalização e Projecção do Festival Encontro de Culturas; - Apoio à Projecção do Museu do Relógio; - Incentivos ao Reforço e Qualificação da Oferta de Alojamento; - Incentivos à Qualificação e Inovação da Oferta e Serviço de Restauração. Programa “Prestar Melhor Serviço Turístico” - Criação do Roteiro Gastronómico, do Roteiro dos Azeites e dos Vinhos; - Criação do roteiro das “Aldeias de Terra Forte” - Incentivo à formação e requalificação dos profissionais de turismo. Programa “Inovar Produtos Turísticos” - Dinamização de Feiras Gastronómicas; 40 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 - Dinamização de Visitas a Adegas, Provas de Vinhos, Provas de Azeites e Interpretação. Programa “Ganhar o Turismo” - Dinamização da marca “Serpa Terra Forte”; - Divulgação do Cante Alentejano; - Sensibilização das Entidades Públicas para o Turismo; - Criação do Conselho Municipal de Turismo; - Sensibilização da População para os benefícios económicos e de bem-estar proporcionados pelo turismo sustentável. 5.2. Selecção de Projectos Estruturantes Considera-se projecto estruturante todo aquele que, em face do contexto em que se insere, apresenta capacidades para influenciar ou determinar um novo padrão de desenvolvimento socioeconómico ou contribuir fortemente para a alteração, reforço ou manutenção das condições de sustentabilidade do modelo de desenvolvimento prosseguido. Um projecto estruturante congrega, assim, uma visão de desenvolvimento, de objectivos estratégicos e de resultados socioeconómicos capaz de por si só (ou em conjugação com outros elementos) alterar significativamente o status quo de uma realidade. Ele é integrado por capacidades, iniciativas e elementos de ordem organizacional, processual, financeira (não necessária e estritamente de volume), de mercado e de sustentabilidade suficientemente fortes para alterar, reconfigurar ou projectar um território ou as condições de partida numa nova realidade ou contexto. De entre os projectos propostos no âmbito do Plano de Desenvolvimento Turístico, assumem o carácter de projectos estruturantes os seguintes: a) Revitalização do Centro Histórico de Serpa; b) Reforço e qualificação da oferta de alojamento e de restauração; 41 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 c) Promoção do destino. A – Revitalização do Centro Histórico de Serpa O Centro Histórico de Serpa assume-se como projecto âncora. O objectivo estratégico deverá ser a sua revitalização, devendo esta ser prosseguido através da: - Requalificação dos espaços e actividades; e - Reutilização dos espaços. No âmbito da requalificação dos espaços e das actividades devem ser privilegiadas políticas que actuem nos campos da inovação e modernização dos espaços, públicos e privados, e das actividades, nomeadamente, económicas (comércio, serviços e turismo) e culturais. As acções a desenvolver no âmbito daquelas políticas devem incidir em vertentes heterogéneas, todavia complementares e integradoras, como sejam: - Recuperação de imóveis, equipamentos e espaços públicos; - Incentivos à recuperação de imóveis por parte dos privados; - Incentivos ao repovoamento do Centro Histórico; - Mobilidade de pessoas; - Incentivo à modernização e inovação nas actividades económicas; - Gestão energética; - Gestão ambiental; - Transportes; - Limpeza. 42 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 No âmbito da reutilização dos espaços devem ser privilegiadas políticas que actuem nos campos da atractividade e repovoamento do Centro. As acções a desenvolver no âmbito destas políticas devem incidir na: - Atracção e fixação de novos públicos (jovens, artistas e empresários), através da redução do IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis e da agilização do processo de obras; - Atracção de população com maior poder de compra (nomeadamente para aquisição de segunda residência), disponibilizando lista de casas desocupadas, de venda potencial ou com facilidades de reconversão; - Modernização e instalação de novos serviços públicos; - Identificação e concretização de novos usos dos equipamentos e imóveis, públicos e privados; - Promoção de actividades culturais e de animação. B – Reforço e Qualificação da Oferta de Alojamento e Restauração A ausência de oferta qualificada é um constrangimento à captação e fixação dos fluxos turísticos. Neste campo o objectivo estratégico a alcançar é o de dotar o município, nomeadamente a sua sede, de oferta de alojamento e de restauração em tipologia, dimensão e qualidade adequadas aos segmentos de mercado que se pretendem atingir. As acções prioritárias a desenvolver devem assegurar um contexto favorável às actividades económicas, à geração de negócio, à criação de oferta de alojamento e de restauração, bem assim, como a criação de emprego, numa lógica de inovação, modernização e endogeneização dos recursos existentes. Neste sentido, as políticas públicas devem incidir na criação de um contexto adequado e na cooperação com os agentes económicos privados de forma a prosseguir o progresso social e económico da área territorial. 43 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 As acções concretas a desenvolver no âmbito destas políticas devem incidir na: - Criação de incentivos à oferta qualificada de alojamento, mormente na sede do concelho; - Criação de incentivos à oferta qualificada de restauração, mormente na sede do concelho; - Criação de incentivos à oferta de animação, mormente na sede do concelho; - Criação de incentivos à criação de outros serviços turísticos; - Criação de clima propício ao desenvolvimento de parcerias públicoprivadas, para execução de projectos turísticos. e de apoio à recepção e fixação de fluxos turísticos. C – Promoção do Destino Num contexto global de competição, que é característica dos mercados turísticos, a promoção dos destinos e dos seus produtos turísticos afigura-se como uma condição essencial ao sucesso de qualquer estratégia de desenvolvimento turístico. Nesta área o objectivo prioritário deve ser o de assegurar a visibilidade e notoriedade da marca, assente em valores de genuinidade e singularidade. A par deste desígnio, a cooperação de todos os agentes envolvidos no produto turístico é de primordial importância. Deste modo, as acções a desenvolver no âmbito deste projecto estruturante devem assegurar a: - Criação, na esfera da Câmara Municipal, de órgão consultivo para as questões do turismo, integrando representantes públicos, privados e da comunidade; 44 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 - Criação de clima propício ao estabelecimento de parcerias públicoprivadas, para desenvolvimento de iniciativas e projectos de recepção e fixação de fluxos turísticos; - “Comercialização” do destino nos circuitos de distribuição, nacionais e estrangeiros; - Desenvolvimento de plataforma comunicacional do destino (website, blogs, etc.); - Produção de material promocional. 5.3. Prioridades de Investimento Público O turismo é uma actividade económica que, no contexto actual das economias, tem na iniciativa privada o seu principal elemento dinamizador. Contudo, a natureza dos recursos, a base territorial da sua implantação e as características de alguns dos seus problemas, determinam a necessidade de uma actuação e intervenção por parte das entidades públicas. Estes planos e posicionamentos determinam a assumpção de responsabilidades, distintas nos papéis a desempenhar e nos projectos a desenvolver. Neste contexto, cabe à iniciativa pública o desempenho de um conjunto de papéis de entre os quais se destacam os de planeamento, coordenação, angariação, facilitação e criação de contexto e fomento do investimento e de iniciativas. A nível dos projectos, a sua iniciativa deve recair naqueles que promovam o desenvolvimento social, infraestrutural e territorial, pugnando pela defesa do bem público e do interesse das comunidades envolvidas. Contudo, entre outras razões, a complexidade e dimensão de muitos dos problemas com que o turismo se confronta, por um lado, e as restrições de ordem orçamental que afligem as entidades públicas, por outro, determinam a necessidade de estabelecimento de parcerias público-privadas no turismo. 45 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Assim, as prioridades do investimento público assentam na implementação de políticas que consagrem os principais papéis que cabem aos actores públicos e de medidas de política pró-activas que concorram para a criação de uma base competitiva do destino turístico. QUADRO n.º 5 PRIORIDADES DE INVESTIMENTO PÚBLICO PARCERIAS PAPÉIS (Áreas de Cooperação) Planeamento Estratégico Criação condições sustentabilidade no turismo Coordenação Reforço da competitividade no turismo Angariação de Investimento (procurement) Promoção do destino turístico Facilitação e Criação de Contexto Acções de marketing turístico Fomento de Investimento e Iniciativas Formulação de políticas Regulação Coordenação das actuações Concretizando uma tipologia de acções a desenvolver dentro das áreas de cooperação público-privadas, temos como prioritárias as seguintes: Criação de Condições de Sustentabilidade no Turismo 9 Protecção do meio ambiente. 9 Conservação dos recursos culturais; 9 Conservação do património; 9 Afectação local dos benefícios do turismo. Reforço da Competitividade no Turismo 9 Criação de quadro favorável ao turismo; 46 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 9 Redução de custos de contexto; 9 Reforço do investimento público. Promoção do Destino Turístico 9 Melhoria da imagem do destino; 9 Melhoria das infra-estruturas; 9 Criação de marcas e sub-marcas; 9 Criação de produtos turísticos. Acções de Marketing Turístico 9 Aprofundamento na utilização das novas tecnologias de informação e comunicação; 9 Melhoria do marketing electrónico; 9 Integração em motores de busca na internet. Relativamente ao conjunto de projectos propostos no presente Plano de Desenvolvimento Turístico, a prioridade pública deve ser dada aos projectos constantes do quadro seguinte. 47 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 QUADRO n.º 6 PRIORIDADES DE INVESTIMENTO PÚBLICO - PROJECTOS – PRÓPRIOS EM PARCERIA Revitalização do Centro Histórico Revitalização do Centro Histórico (vertente requalificação dos espaços e das (vertente reutilização dos espaços) actividades) Projecção do Festival Encontro de Culturas Criação do Conselho Municipal de Turismo Incentivos ao reforço da oferta de alojamento Criação e promoção do calendário de eventos Incentivos à qualificação da oferta de alojamento Criação de roteiro gastronómico e de vinhos Incentivos à qualificação da restauração Criação de roteiro “Aldeias de Terra Forte” Dinamização da marca “Serpa Terra Forte” Qualificação de profissionais de turismo Divulgação do Cante Alentejano Dinamização de feiras gastronómicas Sensibilização das entidades públicas para o turismo Dinamização de visitas a adegas e provas Sensibilização da população para o turismo Acções concretas de marketing 5.4. Concretização de Oportunidades de Investimento e de Negócio A concretização de alguns dos projectos previstos implicam a angariação (procurement) dos potenciais investidores e o seu posterior envolvimento. O sucesso da estratégia de desenvolvimento desejada passa em boa parte pela aceitação e comunhão com interesses estratégicos privados. Encontrar parceiros 48 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 privados para a implementação do Plano de Desenvolvimento é pois uma tarefa primordial. Garantir um acerto estratégico e operacional é, então, um elemento chave de sucesso da estratégia. Desejando contribuir para esse desiderato, enumeram-se, a título indicativo, um conjunto de potenciais investidores interessados, cujas estratégias empresariais se revelam mais adequadas ao território em presença e à estratégia a desenvolver localmente no âmbito do turismo. A identificação dos potenciais investidores é feita através da sede de decisão estratégica, nesta se integrando todas as marcas (sociedades) por si detidas (participadas) numa lógica de grupo empresarial. QUADRO n.º 7 POTENCIAIS INVESTIDORES ALOJAMENTO Base Nacional DISTRIBUIÇÃO Base Internacional Grupo Pestana Choice Hotels Grupo Espírito Santo Viagens Grupo Vila Galé Grupo Accor Viagens Abreu Grupo Lena Halcon Viagens Evidência Hotéis Viagens Marsans Alentejo Tours Fuga Perfeita, Animação e Turismo Cultural Cabra Montez – Eventos Alternativos e Animação Turística 49 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 6. FONTES DE FINANCIAMENTO 6.1. Fontes de Financiamento Comunitário O QREN, ao traduzir as Opções Estratégicas nacionais para o período da sua vigência, estabeleceu os Eixos Prioritários do desenvolvimento e orientou a programação de utilização de fundos comunitários. Esta última está materializada nos diversos sistemas de incentivos ao desenvolvimento e investimento. Assim, no que ao objecto do presente trabalho importa, referem-se aqueles que se poderão traduzir em instrumentos de concretização das opções, programas e projectos estratégicos anteriormente propostos. 6.1.1. POR ALENTEJO – Programa Operacional do Alentejo O PO Alentejo é, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional a moldura de identificação da matriz de desenvolvimento pretendida para o Alentejo e a base de enquadramento das tipologias de incentivos financeiros. O POA, consagrando a Estratégia “Alentejo 2015”, está estruturado em 5 eixos, sendo os Eixos 1 – Competitividade, Inovação e Conhecimento; Eixo 2 – Desenvolvimento Urbano e Eixo 4 – Qualificação Ambiental e Valorização do Espaço Rural os mais significativos para os fins de enquadramento do Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa. De entre as áreas que constituem os Eixos as mais relevantes são as seguintes: Eixo 1 – Competitividade, Inovação e Conhecimento - criação de micro e pequenas empresas inovadoras; - projectos de investimento produtivo para inovação em micro e pequenas empresas; - qualificação de micro e pequenas empresas; - acções colectivas de desenvolvimento empresarial. 50 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Eixo 2 – Desenvolvimento Urbano - parcerias para a regeneração urbana; - redes urbanas para a competitividade e inovação. Eixo 4 – Qualificação Ambiental e Valorização do Espaço Rural - conservação da natureza e promoção da biodiversidade; - valorização económica do espaço rural. Em cada um destes Eixos e nas Áreas respectivas serão criados sistemas de incentivos financeiros ao investimento e definidos a tipologia dos projectos a apoiar, a natureza dos incentivos e a sua intensidade. Assim, nos pontos seguintes identificam-se os principais instrumentos financeiros de apoio12, passíveis de serem utilizados na implementação do Plano de Desenvolvimento Turístico. 6.1.2. PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural O PRODER é um programa, adoptado no âmbito do PEN – Plano Estratégico Nacional, que visa apoiar o desenvolvimento rural do continente. A promoção da qualidade de vida nas zonas rurais e a diversificação das actividades económicas são dois dos seus grandes objectivos, a par da promoção da sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais. De entre os Subprogramas que o constituem, o Subprograma 3 – Dinamização das Zonas Rurais é o mais adaptado às condições de implementação do Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa, sendo aplicado numa abordagem LEADER em estratégia de desenvolvimento definida pelo respectivo GAL – Grupo de Acção Local. Neste Subprograma está contida a Acção 3.1.3. – Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer, tendo como objectivos o desenvolvimento do turismo e de outras 12 Dentro e fora do âmbito do QREN. 51 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 actividades de lazer como forma de potenciar e valorizar os recursos endógenos do território, nomeadamente, a nível dos produtos locais e do património cultural e natural. Esta intervenção apoia a criação e desenvolvimento de produtos turísticos (nomeadamente cultural); o alojamento turístico de pequena escala (TER e de Natureza) e infra-estruturas de pequena escala (centros de observação da natureza/paisagem, rotas/percursos e animação turística). Os beneficiários são pessoas colectivas ou singular de direito privado que desenvolvam um projecto, localizados fora das explorações agrícolas, de valor igual ou superior a 5 mil euros. Os projectos de investimento são apoiados até ao montante de 200 mil euros de despesa elegível, de acordo com as seguintes regras: - Investimento até 25 mil euros: o incentivo é não reembolsável até 30% das despesas elegíveis, sendo de 50% no caso de criação de pelo menos um posto de trabalho; - Investimento superior a 25 mil euros: o incentivo é não reembolsável até 30% das despesas elegíveis, sendo de 40% ou 50% no caso de, respectivamente, criação de um ou dois postos de trabalho. 6.1.3. SUDOE (Sudoeste Europeu) INTERREG IV B O Programa de cooperação transnacional SUDOE (aprovado pela Comissão Europeia através da sua Decisão (2007) 4347 de 26 de Setembro) permite co-financiar projectos de cooperação no território SUDOE sobre as temáticas prioritárias identificadas no Programa Operacional (PO). O objectivo Cooperação Territorial Europeia encontra-se dividido em três vertentes: Cooperação transfronteiriça, Cooperação transnacional e Cooperação inter-regional. 52 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O Programa SUDOE 2007-2013 faz parte da vertente transnacional da cooperação e agrupa regiões de Portugal, Espanha, França e Reino Unido13. Os principais objectivos do Programa SUDOE são: • Aumentar o grau de integração do espaço SUDOE no resto da UE através da melhoria da acessibilidade e da intensificação das interacções económicas e sociais; • Formar uma zona de carácter sustentável na Europa proporcionando a protecção e a melhoria do património natural e cultural, na qual o espaço seja um lugar privilegiado das experimentações ecológicas e sociais para um desenvolvimento sustentável; • Desenvolver a economia do espaço SUDOE; • Integrar as cooperações transnacionais nas estratégias de desenvolvimento promovidas pelos actores públicos nacionais, regionais e locais. Os projectos aprovados são co-financiados até uma taxa máxima de 75% dos custos elegíveis. São beneficiários os actores públicos (administrações nacionais, regionais e locais, outros organismos públicos, institutos de investigação, universidades, actores e organizações socioeconómicas). As prioridades do Programa 2007-2013 articulam-se em redor de 4 eixos. Os objectivos (gerais e intermédios) dos Eixos com maior importância no âmbito do Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa são os seguintes: 13 Portugal, a totalidade do seu território continental; Espanha a totalidade do seu território com excepção das Ilhas Canária; França, região da Aquitaine, Auvergne, Languedoc-Roussillon, Limousin, Midi-Pyrénées, Poitou-Charentes e Reino Unido, somente Gibraltar 53 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 EIXO 2 – Reforço da protecção e da conservação duradoura do ambiente e do meio natural do SUDOE Objectivo Geral Proporcionar as bases para as práticas mais adequadas no campo da prevenção de riscos e a conservação dos recursos naturais. Objectivos Intermédios Preservar e melhorar o valor patrimonial dos espaços e dos recursos naturais; Melhora a gestão dos recursos naturais, em especial, fomentando a eficiência energética e a utilização sustentável dos recursos hídricos; Desenvolver estratégias de cooperação conjuntas a favor da prevenção de riscos naturais e, particularmente, do risco de incêndios. EIXO 3 - Integração harmoniosa do Espaço do SUDOE e melhoria da acessibilidade às redes de informação Objectivo Geral Desenvolver fórmulas alternativas que contribuam para uma maior eficiência dos sistemas de transporte, uma melhor integração das redes de infra-estruturas ou para uma identificação mais clara das necessidades de interconexão dos diferentes territórios do SUDOE Objectivos Intermédios Integrar a multi-modalidade no transporte e a inter-conexão das redes numa óptica transnacional; Promover condições de igualdade territorial no acesso às infra-estruturas de comunicação, à sociedade da informação e do conhecimento. 54 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 EIXO 4 - Incentivar o desenvolvimento urbano sustentável aproveitando os efeitos positivos da cooperação transnacional Objectivo Geral Impulsionar o desenvolvimento equilibrado das cidades e as redes de cidades, favorecendo a criação de sinergias entre elas e os meios rurais. Objectivos Intermédios Aproveitar as sinergias entre as zonas urbanas e rurais para impulsionar o desenvolvimento sustentável do SUDOE, mediante a associação de recursos e conhecimento; Acrescer o valor socioeconómico dos municípios e regiões do SUDOE mediante a sua inclusão em redes de cooperação. Valorizar o património cultural com interesse transnacional e a identidade do espaço SUDOE. 6.1.4. PROVERE – Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos O PROVERE é dirigido aos territórios com baixa densidade populacional e baixos índices de desenvolvimento económico, mas que dispõem de valores singulares, ambientais, paisagísticos ou patrimoniais que podem suportar actividades económicas. O Programa visa estimular iniciativas dos agentes económicos orientadas para a melhoria da competitividade territorial e que criem valor económico nos recursos endógenos. O Programa pretende, ainda, concretizar programas de acção integrada, em torno de parcerias público-privadas locais, enquadrados em estratégias de médio e longo prazo que contribuem para o reforço da base económica e atractividade do território. O PROVERE pretende atingir um conjunto de objectivos de entre os quais se ressaltam os de criação de espaços atractivos para estratos específicos da população e das empresas (que ajudem igualmente à criação de mercados locais, nomeadamente de 55 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 bens culturais) e de fixação de segmentos empresariais dinâmicos que induzam o desenvolvimento local e do território. O funcionamento do Programa assenta no lançamento de concursos para a apresentação de Estratégias e Programas de Acção centrados numa visão de valorização do território e dos recursos endógenos. Estes Programas de Acção podem compreender projectos âncoras e projectos complementares indispensáveis à viabilidade daqueles. Assim um PROVERE deve ser concebido e implementado por parcerias, envolvendo actores relevantes (Município, empresas, associações sem fins lucrativos), numa base de consórcio. Os instrumentos de apoio financeiro cobrem a fase de preparação de Estratégias e Programas de Acção, bem assim como, o desenvolvimento do próprio PROVERE, incluindo os projectos integrados no programa de acção. Os apoios financeiros no âmbito do PROVERE são veiculados pelos Programas Operacionais do QREN ou do PRODER. 6.1.5. SI QUALIFICAÇÃO de PME – Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME14 O objectivo deste Sistema é o de promover a competitividade das PME através do aumento da produtividade, da dinamização dos factores imateriais de competitividade e da capacidade de resposta aos desafios do mercado. Os beneficiários são as PME de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica, bem assim como as entidades públicas com competências específicas em políticas dirigidas às PME. 14 Não sendo, contudo, as Câmaras Municipais entidades beneficiárias deste Sistema, entende-se, ser útil o seu conhecimento para efeitos de esclarecimento junto das empresas potencialmente interessadas no desenvolvimento turístico do concelho de Serpa. 56 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 As áreas de intervenção deste Sistema abarcam o desenvolvimento e engenharia de produtos, serviços e processos; a qualidade; o ambiente; a inovação; a diversificação e eficiência energética; a comercialização e marketing; a segurança e saúde no trabalho e a igualdade de oportunidades. A tipologia de projectos abrange os projectos individuais (promovidos apenas por uma empresa), os projectos em cooperação (mínimo de três empresas) e os projectos conjuntos (apresentado por uma entidade pública ou associação que se proponham desenvolver um Programa de intervenção num conjunto de PME). A despesa mínima elegível é de 25 mil euros e o incentivo máximo para os projectos individuais pode atingir os 750 mil euros. O incentivo é repartido por uma parcela não reembolsável e outra reembolsável, sem juros, por um período máximo de 5 anos, com 2 anos de carência. A taxa de incentivo base é de 35%, podendo atingir, sob determinadas condições, uma taxa de apoio máximo de 75%. A apresentação de candidaturas processa-se mediante Aviso de Abertura de Concurso. 6.1.6. SI INOVAÇÃO – Sistema de Incentivos à Inovação15 O objectivo deste Sistema é o de promover a inovação no tecido empresarial, pela via de prestação de novos serviços e de processos que suportem a progressão da empresa na cadeia de valor, bem assim como estimular o empreendedorismo qualificado. Os beneficiários são empresas de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica. A tipologia de projectos abrange os projectos de inovação em novos bens e serviços; projectos de inovação de processos, através da adopção de novos ou melhorados processos e métodos de fabrico, de logística e distribuição, organizacionais ou de marketing; projectos em actividades de elevado valor acrescentado com procura internacional dinâmica e projectos de empreendedorismo qualificado. 15 Não sendo, contudo, as Câmaras Municipais entidades beneficiárias deste Sistema, entende-se, ser útil o seu conhecimento para efeitos de esclarecimento junto das empresas potencialmente interessadas no desenvolvimento turístico do concelho de Serpa. 57 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 A despesa mínima elegível é de 150 mil euros, para os dois primeiros tipos de projecto e de 50 mil a 1 milhão de euros para os projectos de empreendedorismo qualificado. O incentivo base é de 35 % das despesas elegíveis, podendo sob determinadas condições atingir 55%. O reembolso é feito sem juros, no prazo base máximo de 5 anos (podendo atingir 10 anos no caso de criação de estabelecimentos hoteleiros), com um período de carência base de 2 anos (podendo atingir 3 anos no caso dos estabelecimentos hoteleiros). Caso o projecto venha a ter uma avaliação de desempenho superior a 100%, o incentivo reembolsável poderá ser convertido em incentivo não reembolsável, até ao montante máximo de 75% do incentivo concedido. A apresentação de candidaturas processa-se mediante Aviso de Abertura de Concurso. 6.2. Fontes de Financiamento Nacional Público 6.2.1. PIT – Programa de Intervenção do Turismo (2007-2009) O Programa incentiva, por um lado, as intervenções prioritárias de interesse público que visem a qualificação da oferta em complemento do investimento empresarial e, por outro, estimula as opções de investimento público na actividade de organização e divulgação de eventos de grande dimensão que contribuam para a promoção da imagem de Portugal enquanto destino turístico. O PIT está, assim, destinado a investimentos de natureza infra-estrutural que contribuam para a concretização da estratégia definida no PENT, cujos projectos visem o desenvolvimento de pólos turísticos, desenvolvimento ou consolidação dos produtos estratégicos e requalificação de destinos turísticos, bem como eventos relevantes para a promoção da notoriedade de Portugal enquanto destino turístico. 58 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O PIT estrutura-se em duas linhas de apoio: Linha de Apoio I – Território, Destinos e Produtos Turísticos Assentando nas noções de pólo turístico e de produto turístico estratégico do PENT, visa a valorização turística dos recursos naturais e patrimoniais das regiões, bem como a requalificação dos destinos turísticos tradicionais. Os projectos elegíveis devem assegurar um investimento superior a 250 mil , serem financiados com um mínimo de 10 % de capitais próprios, estar localizados no Pólo de Alqueva e prosseguirem o desenvolvimento dos produtos estratégicos de Touring Cultural e Paisagístico, Gastronomia e Vinhos, Resorts Integrados / Turismo Residencial, Saúde e Bem-Estar e Golfe. Os promotores elegíveis são: Entidades Públicas; Outras entidades jurídicas desde que as entidades públicas exerçam uma influência dominante na sua gestão; Pessoas colectivas sem fins lucrativos que tenham a posse de património cultural edificado; Pessoas colectivas de utilidade pública. A tipologia indicativa de projectos elegíveis é a seguinte: Requalificação de imóveis classificados; Criação / requalificação de equipamentos culturais e de lazer; Requalificação de espaço público em centros históricos ou zonas turísticas de interesse integrados em circuitos temáticos; Criação de sinalização rodoviária turística; Criação / requalificação de estruturas e equipamentos de apoio à gastronomia e / ou vinhos regionais. 59 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 As candidaturas são apresentadas a todo o tempo. O incentivo financeiro é não reembolsável e pode variar entre 10 % a 60 %, podendo obter uma majoração de 5 p.p. por incorporação de componente ambiental. Linha de Apoio II – Eventos para a Projecção do Destino Portugal Centra-se em projectos de promoção da imagem do País enquanto destino turístico de excelência através de um apoio mais explícito aos eventos cujo potencial de promoção efectiva justifica a intervenção pública. Os projectos elegíveis devem assegurar um investimento superior a 500 mil , podendo ser de montante inferior se a relevância turística do evento o justificar. Os promotores elegíveis são: Entidades Públicas com competência na área do turismo; Entidades detentoras dos direitos de organização dos eventos. A tipologia indicativa de projectos elegíveis é a seguinte: Eventos desportivos, culturais ou de outra natureza que, pela sua projecção internacional alcançada, se demonstrem relevantes para a promoção internacional de Portugal; Excepcionalmente, outros eventos que contribuam para o desenvolvimento de um Pólo Turístico ou de um Produto Turístico estratégico, desde que demonstrem ter potencial para obter dimensão e projecção internacional. As candidaturas são apresentadas de 1 de Setembro a 31 de Outubro para eventos a realizar no ano seguinte. O incentivo financeiro é não reembolsável e pode variar entre 100 mil a 500 mil . 60 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 6.2.2. Crédito ao Investimento no Turismo – Protocolos Bancários (Até 4 de Junho de 2009)16 A Linha de Crédito, criada em parceria com o sector financeiro, visa o apoio financeiro a projectos turísticos, promovidos por empresas que, em função das prioridades definidas no PENT, contribuam para o acréscimo da qualidade, inovação e competitividade da oferta do turismo. As entidades beneficiárias são micro, pequenas e médias empresas de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica que se proponham desenvolver projectos de investimento que: Visem o desenvolvimento de Produtos Turísticos Estratégicos identificados no PENT; Outros projectos que demonstrem contribuírem para uma adequada estruturação de algum dos Pólos de Desenvolvimento Turístico ou Produtos Turísticos Estratégicos. A tipologia indicativa de projectos elegíveis é a seguinte: Projectos enquadráveis em Pólos de Desenvolvimento Turístico; Criação de unidades de alojamento, restauração e animação, através da recuperação e adaptação de património cultural de interesse nacional ou público; Criação de hotéis e restaurantes inovadores; Empreendimentos, equipamentos e actividades de animação turística; Criação ou requalificação de esplanadas de estabelecimentos de restauração e bebidas. Os projectos elegíveis devem assegurar um investimento superior a 150 mil . As candidaturas são apresentadas a todo o tempo junto das instituições de crédito aderentes ao Protocolo. 16 Não sendo, contudo, as Câmaras Municipais entidades beneficiárias deste Sistema, entende-se ser útil o seu conhecimento para efeitos de esclarecimento junto das empresas potencialmente interessadas no desenvolvimento turístico do concelho de Serpa 61 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 O financiamento é reembolsável e pode atingir um montante máximo equivalente a 75 % do investimento. A taxa de juro é bonificada, podendo situar-se entre 3,5% a 4,5% com spread incluído. O financiamento concedido ao abrigo do Protocolo é acumulável com os incentivos no âmbito do QREN. Os prazos de reembolso variam, sendo de 15 anos (incluindo um período máximo de carência de 4 anos), para a criação de estabelecimentos hoteleiros; de 10 anos (incluindo um período máximo de carência de 3 anos), para a requalificação de estabelecimentos hoteleiros e de empreendimentos, actividades ou equipamentos de animação e de 6 anos (incluindo um período máximo de carência de 2 anos) nos restantes projectos. 6.2.3. Programa FINICIA17 Este Programa proporciona a empresas de pequena dimensão recursos essenciais ao desenvolvimento da actividade nas fases iniciais do seu ciclo de vida. O Programa assenta em três eixos de intervenção: Eixo I – Projectos de Forte Conteúdo de Inovação Destinado à criação de empresas ou a PME existentes que apresentem projectos empresariais com elevada componente de inovação reconhecida pelo organismo gestor (IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação) e que apresentem investimentos com necessidades de financiamento até 2,5 milhões de euros. 17 Não sendo, contudo, as Câmaras Municipais entidades beneficiárias deste Sistema, entende-se ser útil o seu conhecimento para efeitos de esclarecimento junto das empresas potencialmente interessadas no desenvolvimento turístico do concelho de Serpa 62 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Eixo II – Negócios Emergentes de Pequena Escala Financiamento para a criação de empresas ou para PME criadas há menos de 3 anos. Pretende apoiar negócios emergentes, com necessidades de financiamento até 250 mil euros, e de pequena dimensão através dos seguintes produtos financeiros: 1 - O micro crédito – para financiamento de investimento empresarial até 25 mil euros, e destinado exclusivamente a micro empresas (até 9 trabalhadores). 2 - O micro capital de risco para iniciativas no âmbito do fomento do espírito empreendedor, em particular as oriundas do meio académico. Eixo III – Iniciativas Empresariais de Interesse Regional Destinado a PME existentes ou em fase de criação, com actividade ou projecto empresarial de relevância local em municípios aderentes aos Fundos FINICIA. Pretende apoiar projectos de investimentos promovidos por empresas de dimensão reduzida com actividade essencialmente de âmbito local, complementando a actuação de outros agentes públicos de desenvolvimento local e regional, entre os quais as Câmaras Municipais, as Agências de Desenvolvimento Local e as CCDR. No âmbito deste eixo o Município de Serpa aderiu ao FAME – Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Concelho de Serpa ao qual se podem candidatar, nomeadamente, empresas do turismo, comércio e serviços. O montante máximo de financiamento é de 45 mil euros. 63 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 7. Matriz de Investimento/Investimento A Matriz de Investimento/Financiamento identifica o cruzamento entre os programas e os projectos propostos e as fontes de financiamento externas disponíveis para apoio à sua concretização. Estas encontram-se distribuídas em razão da natureza dos projectos e dos seus beneficiários. Importa, contudo, reter que os instrumentos financeiros de apoio público não garantem na íntegra o financiamento do investimento total dos projectos. Assim o financiamento dos projectos implica complementarmente o recurso, em menor ou maior grau, a fontes de financiamento internas, públicas ou privadas, para cobertura integral do investimento. Os promotores deverão, por isso, encontrar internamente (ou em fontes externas fora do quadro instrumental apresentado) os recursos financeiros em falta. No caso das entidades públicas, com recurso a orçamento próprio e no caso de entidades privadas, com recurso a capitais próprios. Num e noutra caso, podendo recorrer ainda ao sistema bancário para obtenção de crédito. 64 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 QUADRO n.º 8 MATRIZ DE INVESTIMENTO / FINANCIAMENTO FONTES DE FINANCIAMENTO PLANO DE DESENVOLVIMENTO Beneficiários Públicos Beneficiários Privados PROGRAMA FINICIA PB PIT SII SIQI PROVERE SUDOE Acolher mais Turismo Revitalização do Centro Histórico de Serpa Aprofundamento do Encontro de Culturas x x x Incentivo à Qualificação do Projectos PRODER POA TURÍSTICO x Alojamento Reforço da sua capacidade de oferta x x x x x x x x x x x x x x x x x Incentivo à Qualificação e Inovação da oferta e serviço x de Restauração Projecção do Museu do Relógio Projectos PROGRAMA x x x x x Prestar Melhor Serviço Turístico Criação Roteiro Gastronómico x x x Criação Roteiro de Vinhos x x x x x x Criação Roteiro “Aldeias de Terra Forte” 65 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Qualificação Profissionais Turismo PROGRAMA Inovar em x Turísticos Gastronómicas Projectos x Produtos Dinamização de Feiras Dinamização Visitas Adegas e Provas de Vinhos Turismo de Natureza Touring Cultural e Paisagístico PROGRAMA x x x x x x x x x x x x x x x Ganhar o Turismo Dinamização da Marca “Serpa Terra Forte” x x x x x x x x Projectos Sensibilização das entidades públicas para apoio ao turismo no interior Sensibilização da população para benefícios do turismo Divulgação do Cante Alentejano 66 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 ANEXO I ITINERÁRIOS Uma proposta de Organização da Oferta Turística A visitação, o recreio e o turismo, constituem formas privilegiadas de articular o passado e o presente e de materializar a relação tradição/inovação. Constituem ainda poderosos instrumentos de aprendizagem da nossa e de outras culturas. Numa época em que a experiência turística se torna cada vez mais sofisticada em contextos de produção e comercialização claramente internacionalizados e altamente profissionalizados, afigura – se - nos extraordinariamente importante organizar e propor olhares de dimensão local e regional, que possam potenciar o desenvolvimento de actividades sustentáveis, dando visibilidade à nossa memória colectiva permanentemente reestruturada pela marcha inexorável da história. Esta proposta pretende testemunhar de forma muito sintética como se elaboram itinerários18. Tecnicamente que metodologia propomos. Os itinerários turísticos nada mais são, que uma proposta de organização da oferta turística existente, ao nível das suas componentes primárias, os patrimónios natural, histórico – cultural e artístico móvel, fortemente definidores da vocação turística de uma região. São um instrumento flexível e poderoso na organização dos recursos turísticos, que permitem às entidades públicas e privadas que operam no sistema turístico, organizarem o olhar do visitante em função das mais-valias materiais e simbólicas da região. 18 A base desta metodologia foi desenvolvida e testada ao longo de quatro anos (2001/2005), em Alcácer do Sal, por Graça Joaquim e Raquel Moreira, e encontra-se publicada em Valagão, org ,(2006)) Tradição e Inovação Alimentar. Dos Recursos Silvestres aos Itinerários Turísticos, Colibri/Iniap, Joaquim e Moreira” Itinerários Turísticos. Passeando em Torno do Ambiente, do Património e da Gastronomia” pp 207-250. 67 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 No contexto do Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa, esta metodologia constitui um Plano de Acção que a Autarquia pode desenvolver em colaboração com outros operadores do sistema turístico, tanto locais, como regionais ou nacionais. Sobretudo nas fases de promoção, comercialização e distribuição destes produtos turísticos, o nível regional e nacional, e mesmo transfronteiriço, impõe-se. Tipologia dos Itinerários A tipologia dos Itinerários proposta resulta de muitos anos de reflexão e trabalho de terreno no campo do turismo, onde, maioritariamente os itinerários aparecem como passeios ou colecções de patrimónios exemplares. O raciocínio que esteve na base desta proposta prende – se com a natureza do consumo turístico, que tendo uma forte componente simbólica, tem evoluído para procuras cada vez mais diversificadas e sofisticadas. O conceito de Rota, que o Conselho da Europa tem vindo a desenvolver, foi também uma fonte de inspiração. Se a rota é essencialmente uma marcação temática num território, mais ou menos alargado, porque não organizar o material e o imaterial ao nível da oferta turística? Articular patrimónios diferenciados, gastronomia, alojamento, e fazer propostas com durações distintas, formas de transporte diferentes, para visitantes ou para turistas. Nesta lógica, consideramos três tipos de itinerários: os integrados, os temáticos e os específicos; Itinerários Integrados – Constituídos por várias componentes do património natural, histórico-cultural e artístico móvel. Podem ser mais especializados ou mais generalistas e podem ter duração diferenciada, de 1 a 3 ou mais dias. Normalmente incluem várias opções de alojamento e restauração. Podem ainda combinar vários tipos de transporte, desde o carro, a bicicleta, o barco, o passeio ou outros. Itinerários Temáticos – São constituídos por uma só componente do património da região, e tal como os integrados podem ter durações diferenciadas e incluir diferentes 68 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 combinações de alojamento, restauração e transporte. Podem ainda ser de muito curta duração, inserindo-se na categoria da visitação. Dentro do mesmo tema podem fazer-se várias combinações, articulando territórios diferentes dentro da região, ou mesmo interregional. Itinerários Específicos – Trata-se de itinerários claramente especializados num aspecto particular da região, como por exemplo uma visita guiada ao museu do relógio com explicação detalhada de algumas peças e até experimentação de alguns engenhos, a observação das técnicas de produção de vinho, queijo, azeite ou enchidos. ou a observação da apanha de azeitonas. São itinerários de curta duração que podem funcionar autonomamente ou surgirem como uma componente dos temáticos ou integrados. A organização dos itinerários permite múltiplas combinações, que podem funcionar em simultâneo para visitante e turistas com interesses diferentes. Como “fazer” itinerários? Já testadas no terreno, estas são as fases obrigatórias para a elaboração de itinerários concretos: 1.Conhecimento da região; 2.Consulta de bibliografia relevante e outras fontes sobre a região; 3.Levantamento e inventário dos patrimónios existentes; 4.De Património a Recurso Turístico Caracterização e definição das potencialidades; 4.1 Classificação; 4.2 Estado de conservação 4.3 Acessibilidade 69 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 5.Definição dos itinerários 6.Monitorização dos itinerários. 7.Negociação dos Itinerários. 8.Comercialização e Distribuição. Só é possível definir itinerários exequíveis e que espelhem o sentido identitário da região, fazendo trabalho de campo, conhecendo a região de carro e a pé, de mapa e cronómetro na mão, e voltando a repetir várias vezes este exercício .É preciso ter a noção do todo, para poder organizar itinerários multifacetados e flexíveis que enriqueçam o olhar do visitante. 1.Conhecimento da Região No caso em que a elaboração de itinerários seja solicitada a uma equipa externa, começar por passear sem destino pela região que vamos estudar. As denominadas visitas exploratórias. Sentir o ambiente. Provar a gastronomia local. Dormir nas aldeias mais remotas. E voltar sempre a este exercício. Começar a conhecer os notáveis locais e os observadores privilegiados. No caso da elaboração de itinerários por equipas locais, conhecedoras do terreno, é necessário fazer um exercício de “exterioridade”, para que as propostas finais reflictam a pertença identitária colectiva, e não apenas o olhar dos técnicos. Tal como no caso das equipas externas, torna-se indispensável o contacto com os observadores privilegiados, o passear sem destino, para permitir um outro olhar sobre o território e as suas potencialidades. 2.Consulta de bibliografia relevante e outras fontes sobre a região A exploração bibliográfica, seja mais específica e técnica, como mais documental, um bom acervo de mapas sobre a região e fontes de informação oral são fundamentais para 70 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 se perceber não só a história, como a dinâmica da região, de modo a poder vir a identificar itinerários que espelhem o sentir, a pertença das pessoas, em suma a identidade que hoje é uma marca turística tão importante, como factor de atracção, de visitantes, de turistas e de viajantes. Do ponto de vista documental é importante identificar zonas de especial sensibilidade e testar no terreno a viabilidade da inclusão dessas zonas nos itinerários. O recurso a fontes orais transporta-nos para o profundo conhecimento que os locais têm da sua região e permite-nos identificar espaços de especial valor simbólico. Nesta fase dever – se á já dispor de um primeiro inventário dos patrimónios a partir de fontes escritas e orais. 3.Levantamento e inventário dos patrimónios existentes A partir do primeiro levantamento elaborado na fase anterior, este deverá ser complementado e testado no terreno, identificando fisicamente os patrimónios históricos – culturais e naturais. Ao sistematizar o levantamento dos patrimónios, é relativamente comum, a existência de descoincidências entre os registos e o terreno. Procedemos então a uma inventariação temática dos patrimónios da região. 4.De Património a Recurso Turístico Caracterização e definição das potencialidades. Classificação, estado de conservação e estatuto de propriedade. Como é que se define se um património tem ou não tem potencialidades turísticas? Isto é se é potencialmente visitável, se pode vir a constituir um motivo de atracção para a região? Ninguém tem dúvidas que os Jerónimos, que Évora, ou que um Parque Natural têm fortes potencialidades turísticas. Porquê? Porque têm um forte valor simbólico (veja-se o caso de Évora antes de ser classificado património mundial). A definição das 71 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 potencialidades turísticas, depois de todo o levantamento, caracterização, inventariação, classificação, estado de conservação, acessibilidade, estatuto de propriedade, pressupõe o conhecimento das tendências do lazer e do turismo tanto internas como externas, e um profundo conhecimento da região que permita a definição de potencialidades genuínas da região, de patrimónios enquanto recursos turísticos, que permitam ao visitante o espaço da memória do território que visita, e a beleza cénica com que o presente lhe presenteia os sentidos, num perfume onde tradição e inovação dão no presente, futuro ao nosso passado. 5.Definição dos itinerários Nesta fase, temos o concelho todo mapeado e zonado. Temos a classificação dos recursos, o seu estado de conservação, o estatuto de propriedade e já temos uma primeira abordagem dos itinerários a definir através da identificação das potencialidades, que consideramos relevantes. Temos muitos dos itinerários possíveis, já mentalmente definidos, muitos rascunhados nos mapas. Trata-se agora de definir os itinerários propriamente ditos e experimentá-los no terreno, tal qual vão ser propostos. Devem ser feitos de mapa na mão, de cronómetro, onde vão ser anotadas as correcções e feitas as alterações. É a fase em que se alteram sentidos, que se mudam horários propostos inicialmente, em que se começam a conseguir trabalhar de forma flexível os vários itinerários já definidos. 6.Monitorização dos itinerários. Na fase de monitorização, a proposta de itinerários é já a final. Importa testá-los com os operadores do sistema turístico local, e com observadores privilegiados. 72 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 Cada itinerário deve ter uma ficha técnica, com a identificação do percurso, a duração, o património a visitar, as hipóteses de restauração e alojamento, as várias formas de transporte. Os itinerários devem ser monitorizados regularmente, para garantir a qualidade da oferta turística e a manutenção das condições que constam do itinerário. 7. Negociação dos Itinerários Para a implementação dos itinerários é necessário um processo de negociação, quando estes atravessam propriedade privada. Esta fase fundamental caberá aos poderes locais ou à iniciativa privada, dependendo de quem vai promover este tipo de oferta turística. 8. Comercialização e Distribuição A questão da comercialização é vital, e existem nos país circuitos de comercialização profissionais. Estamos na era da integração e da complementaridade de produtos. Seria desejável que esta complementaridade e integração de produtos se estendesse territorialmente, no caso do Alentejo, a Lisboa, a Espanha e ao Algarve, com a oferta de itinerários integrados tanto de produtos diferenciados como de territórios com diferentes competências turísticas. Usualmente, as autarquias promovem publicações com alguma organização da oferta turística, de forma não integrada. Publicações sobre património, alojamento, natureza, gastronomia e outras. No caso da distribuição e comercialização ser feita pela autarquia, uma boa publicação turística de natureza integrada, é um excelente apoio ao visitante que chega a Serpa, mas por si só não atrai visitantes. Um processo de comercialização e distribuição feito por operadores especializados, coloca a questão da procura turística a outro nível e tem mais hipóteses de ser eficaz. 73 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 1 A integração dos itinerários turísticos em produtos territorialmente mais vastos traz óbvias vantagens a Serpa. 74 PLANO DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO DE SERPA Parte 2 Julho 2008 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Índice 1. Introdução 2 2. Turismo Hoje 5 2.1 Turismo no Mundo 5 2.2 Turismo em Portugal 7 2.3 PENT: produtos e destinos 10 2.4 O Alentejo no quadro do PENT 11 2.5 Instrumentos de gestão territorial relevantes para o turismo 3. Turismo no concelho de Serpa: condições de partida 12 14 3.1 Enquadramento e Acessibilidades 14 3.2 População 18 3.3 Estrutura empresarial 27 3.4 Recursos turísticos 28 3.4.1 Cultura e Património 29 3.4.2 Produtos agro-alimentares e florestais 38 3.4.3 Ambiente e Paisagem 41 3.4.4 Artes e ofícios tradicionais 47 3.4.5 “Do caminho de ferro às Ecopistas” 48 3.5 Projectos Âncora identificados como estratégicos pelo Município 4. Oferta Turística 50 52 4.1 Alojamento 52 4.2 Restauração 56 4.3 Animação turística 58 5. Procura Turística 60 6. Informadores Privilegiados 68 7. Empresa e Equipa 70 1 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 1. Introdução A afirmação do concelho de Serpa como território de desenvolvimento turístico baseado na qualidade, orientado para a atracção selectiva de nichos de mercado turístico e para a polarização de investimentos empresariais, que constitui o objectivo do presente trabalho, supõe: o aproveitamento das potencialidades dos recursos naturais, ambientais, patrimoniais, culturais, económicos e turísticos; o reforço do aproveitamento dos recursos turísticos existentes no concelho e nas regiões limítrofes com potencial turístico; a definição de estratégias de desenvolvimento do turismo, identificando projectos estruturantes e iniciativas e acções a realizar por entidades públicas e privadas de âmbito regional e local. Património edificado, erudito e popular, património cultural e património natural são recursos turísticos que podem ser mobilizados numa estratégia de desenvolvimento capaz de atrair clientelas diversas, nacionais e ibéricas, regionais ou mais distantes, no Inverno como nas estações intermédias e mesmo no Verão. Clientelas que se posicionam por uma escolha clara pela qualidade, sustentada nomeadamente em elementos ambientais, paisagísticos, arquitecturais e urbanos, movidas por imaginários de descoberta, de autenticidade e de singularidade. Neste potencial percurso de desenvolvimento do Município, a qualidade de vida é um factor crescentemente importante de atractividade turística, sobretudo num contexto geral de globalização da produção e do consumo, que inclui o do lazer e o do turismo. 2 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Todavia: O interior alentejano, comparativamente a outras regiões do país como o Algarve, Lisboa ou mesmo o litoral Alentejano, apresenta um nível de desenvolvimento turístico pouco expressivo. O seu futuro parece no entanto promissor, se atendermos ao conjunto de projectos que existem e poderão vir a existir, projectos esses que assegurarão um crescimento significativo da função turística deste território do interior sul. O concelho de Serpa dispõe de recursos turísticos relevantes, como o património arquitectónico e arqueológico, a cultura, a gastronomia, as paisagens, a fauna, a proximidade ao Guadiana na vertente rio e albufeira. A integração de parte do território no Parque Natural Vale do Guadiana (PNVG) é demonstrativa do património natural de que dispõe (fauna e flora) e da percepção desta mais-valia ambiental. Esses recursos ambientais, se mobilizados por uma estratégia adequada, poderão constituir um importante factor de suporte do desenvolvimento do turismo e um possível motor de desenvolvimento económico e social. A valorização dos recursos ambientais do Vale do Guadiana em termos de turismo deverá contar com a criação de infra-estruturas de apoio a actividades educativas, desportivas, de lazer e recreio. Importa que o município de Serpa tenha em conta que, 3 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 uma vez que o Parque Natural Vale do Guadiana ocupa uma vasta área repartida por vários concelhos, a abordagem dos seus visitantes será sempre mais próxima dos concelhos que oferecerem melhores condições de acolhimento. O aumento da procura turística, sobretudo de segmentos mais exigentes, aliado a uma oferta de qualidade e diversificada é criador de emprego durável e qualificado. Os efeitos multiplicadores na restauração, no comércio e nos serviços que lhes estão associados fortalecem as economias locais e as estruturas empresariais subjacentes. A localização central do concelho de Serpa relativamente ao sul alentejano, posiciona-o como ponto de partida e ponto de chegada para diversos rotas e percursos pela região. Os distintos pontos de interesse, explorados e promovidos de forma integrada, podem incrementar a atractividade e o período de permanência dos visitantes no Município. Acresce que: A divulgação dos recursos turísticos do Município é um factor crítico de sucesso na atracção dos fluxos turísticos potenciais de Serpa. A mobilização dos diferentes agentes económicos e a sua sensibilização para uma oferta integrada de qualidade é também uma necessidade premente. Experiências de qualidade associadas a uma passagem ou uma curta permanência em Serpa, mesmo que em trabalho, poderão fomentar, a curto e médio prazo, a repetição de visitas e estadas e/ou passar palavra a familiares e amigos. O desenvolvimento turístico não pode ser considerado uma opção exclusiva do Governo, do Município, do sector privado ou dos cidadãos: cada stakeholder deve desempenhar o seu papel e contribuir para um todo. O papel do Município é, no 4 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 entanto, fulcral por se encontrar num posição intermédia entre o Governo Central, os cidadãos e o sector privado local. Neste sentido, é determinante estruturar um modo de actuação que, por um lado traduza as directrizes nacionais para a realidade do concelho e, por outro, enquadre o conjunto de actividades nas disponibilidades financeiras, técnicas e humanas. 2. Turismo Hoje 2.1 Turismo no Mundo A Europa continuará a ser, em 2020, a principal região receptora de turistas internacionais (717 milhões de turistas, contra 397 milhões para a Ásia Oriental/Pacífico e 282 milhões para a América, seguidas de África, Médio Oriente e Ásia do Sul – Organização Mundial de Turismo). O turismo Internacional representa 7% das exportações anuais de bens e serviços e aparece em 4º lugar atrás das exportações de químicos, automóveis e combustíveis. Cálculos recentes do World Trade and Tourism Council (WTTC) indiciam que o turismo é, em média, responsável por impactes directos sobre o PIB e o emprego na ordem dos 6,4% e 7,3% respectivamente. O mercado do turismo internacional está cada vez mais competitivo, com os destinos a disputarem os mesmos consumidores. Ao turismo internacional há que juntar o turismo doméstico, dos residentes num país no próprio país, muito mais volumoso do que aquele, sobretudo no quadro dos países 5 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 desenvolvidos, onde as férias e as viagens de lazer são reconhecidas como direitos democráticos. Com o encurtar das distâncias, tanto em termos de tempo como de custos, e mesmo das distâncias culturais, uma parcela dos fluxos turísticos internacionais tende para global, muito embora predominem largamente as componentes regionais, por exemplo dos turistas europeus na própria Europa. Com a banalização dos fluxos de turismo internacional e a multiplicação das viagens para destinos distantes, não se apaga a força atractiva das diferenças, antes valoriza-se cada vez mais as identidades locais. A par das férias grandes aumentam as férias repartidas, por diferentes períodos do ano e diferentes destinos, nomeadamente destinos relativamente próximos e acessíveis, mesmo se de outros países: acessos rápidos por auto-estradas, TGV e low cost; touring, short breaks, prática de golfe, caça, etc. Existe uma maior utilização da Internet nas reservas de viagens, aumentando a desmaterialização do sector. A natureza cultural da prática turística acompanhe faz a com esta diferenciação cultural dos turistas, e com ela a segmentação da procura e a afirmação de nichos diferenciados de procura. Na continuação, têm vindo a ser desenvolvidos novos produtos para novos mercados: turismo ecológico, turismo de ambientes rurais, turismo de aventura, com desafios para aumentar a adrenalina. 6 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 2.2 Turismo em Portugal O turismo internacional tem vindo a conquistar, desde meados do passado século, uma posição de destaque na economia e no desenvolvimento socioeconómico do país, nomeadamente nas regiões de Lisboa, Algarve e Madeira, regiões igualmente privilegiadas pelo turismo interno. Portugal constitui um destino muito procurado pelos turistas europeus, desde logo pelos espanhóis, com que partilha uma vasta fronteira, mas também pelos ingleses, alemães, irlandeses, franceses, italianos, etc. Um destino de certo modo regional, pelo encurtar das distâncias atrás referido, e um destino familiar, já que europeu e misto entre o atlântico e o mediterrâneo, familiaridade reforçada com a multiplicação das estadas dos turistas que nos visitam, o desenvolvimento e modernização do país, e a sua já longa integração na UE. Continua a ser reconhecida a importância estratégica do sector do Turismo, enquanto vector de criação de novos equipamentos e empregos e, em última instância, de crescimento económico e de redução das assimetrias regionais. Os factores que nos diferenciam de outros destinos turísticos concorrentes são: clima e luz, associados à sua posição entre o Mediterrâneo e o Atlântico; a História, de diferenciação e independência no quadro peninsular e de descoberta, comércio e colonização de escalas mundiais, com reflexos na cultura e nas tradições; o sentido da hospitalidade, desenvolvida nos contactos com outros povos e civilizações; a diversidade paisagística, do noroeste montanhoso e chuvoso aos planaltos interiores, às planuras meridionais de estios longos e secos, aos litorais 7 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 atlânticos e aos quase mediterrâneos, uma diversidade concentrada numa pequena superfície, da ordem dos 90 mil km2; uma autenticidade algo moderna; segurança e qualidade competitivas. Trata-se de factores de atracção relativamente aos quais o território de Serpa se apresenta no geral bem dotado. Em termos promocionais, o País foi estrategicamente apresentado como um todo, no qual cabe um conjunto de subdestinos com conceitos, imagens e marcas próprias: tem como base o conceito “umbrella”, isto é, sobre um grande “guarda-chuva”. Por outro lado, tem-se vindo a registar a democratização das férias e das deslocações turísticas entre a população nacional residente no país, se bem que com flutuações associadas económicas, não a obstante dificuldades uma certa generalização do subsídio de férias, e com níveis que permanecem muito inferiores aos dos povos mais ricos da Europa ocidental e do Norte: em 2006, as taxas de gozo de férias fora da residência habitual elevavam-se a 53% da população residente com 15 e +anos; os valores mais altos observavam-se então nas áreas Metropolitanas, nomeadamente na de Lisboa, e nas principais cidades do Sul – Setúbal, Sines, Évora, Portalegre, Beja; 8 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 as taxas de partida eram maiores entre os adultos jovens e os profissionais liberais que compõem o estrato sócio-económico mais elevado, ao contrário da classe média inferior e dos trabalhadores por conta de outrem, por condicionalismos económicos; os destinos preferidos para férias eram os ambientes de praia e as áreas rurais, sem dúvida predominantemente em relação com as origens (êxodo rural tardio); no alojamento preferencial relevavam-se as casas de familiares e amigos e as segundas residências, não obstante o recurso crescente à hotelaria em sentido lato, incluindo unidades TER (Turismo em Espaço Rural), designadamente no Alentejo, onde predominam nas dormidas; o fraccionamento das férias permanece ainda fraco, muito embora se multipliquem as viagens de lazer de curta duração (menos de 4 noites), processos condicionados por razões económicas, e em particular pela evolução dos preços dos combustíveis e portagens; a sazonalidade das férias permanece muito forte e marcadamente estival, em larga medida condicionada pelos calendários escolares; pelo contrário, as deslocações de curta duração repartem-se ao longo do ano, ao sabor de festividades como o Natal, Ano Novo, Carnaval ou Páscoa e dos fins-de-semana alargados, com pontes envolvendo feriados. 9 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 2.3 Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT): produtos e destinos O PENT é responsável pela realização de 11 programas com várias acções que visam captar turistas para Portugal, e cuja monitorização vai ser seguida pelo Instituto de Turismo de Portugal. Para a sua concretização vão ser disponibilizados cem milhões de euros, através do PIT (Programa de Intervenção para o Turismo) e do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), onde o turismo consta das medidas referentes à competitividade e à formação profissional. A maior parte dos 11 programas do PENT deverão ser lançados até final de 2008, e vão ser apoiados por dez produtos estratégicos: o gastronomia e vinhos; o turismo náutico; o golfe; o saúde e bem-estar; o turismo da natureza; o turismo residencial; o turismo de negócios; o city/short breaks; o touring cultural e paisagístico; o sol e mar. O programa vai desenvolver sete novos pólos turísticos para diversificar a oferta: o Douro; o Oeste; o Litoral Alentejano; 10 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 o Serra da Estrela; o Alqueva; o Açores; o Porto Santo. 2.4 O Alentejo no Quadro do PENT Principais recursos turísticos: o o o o o o Património arquitectónico e arqueológico; Alqueva; Aldeias típicas; Pousadas; Gastronomia e vinhos; Castelos e fortalezas. Objectivos do desenvolvimento do turismo regional: o o o Crescimento em número e sobretudo em valor de turistas (nacional e internacional); Contraste entre tranquilidade e diversão saudável; Aposta no Touring. Principais acções: o o o Requalificar a oferta hoteleira; Promover o desenvolvimento da oferta de animação diurna – passeios, natureza, jogos; Desenvolver as actividades culturais. 11 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 2.5 Instrumentos de Gestão Territorial relevantes para o turismo No âmbito do sistema de gestão territorial destacamos: 1 Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) em que se releva como necessário: melhorar a integração territorial e a atractividade do vasto espaço de baixa densidade que é o Alentejo; consolidar o corredor Sines-Grândola-Beja-Vila Verde de Ficalho como elementos estruturantes de um sistema urbano regional policêntrico; reforçar a cooperação urbana transfronteiriça de Beja e outros centros urbanos do Baixo Alentejo com as cidades da Andaluzia. 2 O Plano de Ordenamento do Parque Natural do Vale do Guadiana: abrange as freguesias de Santa Maria e São Salvador do concelho de Serpa; define regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais tendo em vista a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento económico das populações; promove a harmonização e compatibilização das actividades humanas com a manutenção e valorização das características das paisagens naturais e seminaturais e a diversidade ecológica. 3 O Plano de Ordenamento das Albufeiras do Alqueva e do Pedrógão: define as áreas de vocação turística, que reúnem condições potenciais para o desenvolvimento turístico, numa perspectiva de complementaridade e de compatibilização de funções e de aproveitamento das potencialidades existentes em especial do plano de água; contempla a Mina da Orada, freguesia de Pias, concelho de Serpa. 12 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 4 O Plano de Ordenamento da Albufeira do Enxoé, no concelho de Serpa: procura conciliar a forte procura desta área com a conservação dos valores ambientais e ecológicos, principalmente a preservação da qualidade da água; prevê um espaço de utilização turística, no qual admite a instalação de um parque de campismo rural. 5 O Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo: identifica e propõe espaços florestais prioritários para instalação de Zona de Intervenção Florestal (ZIF) nas freguesias de Vale de Vargo e Vila Verde de Ficalho, concelho de Serpa. 6 O Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo: prevê o desenvolvimento de áreas de especialização regional e de desenvolvimento turístico com relevância para o concelho de Serpa; bem como uma articulação transfronteiriça com a Andaluzia ao nível do subsistema urbano do Baixo Alentejo. 13 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3 Turismo no concelho de Serpa: condições de partida 3.1 Enquadramento e acessibilidades Serpa situa-se no Baixo Alentejo, no distrito de Beja, na margem esquerda do rio Guadiana: ocupa uma área de 1.106,5 km2; compreende 7 freguesias (Brinches, Pias, S. Salvador, Santa Maria, Vale de Vargo, Vila Nova de S. Bento e Vila Verde de Ficalho). O IP8 terá um papel fundamental nas acessibilidades do Concelho de Serpa e para a revitalização económica e demográfica de todo o Baixo Alentejo, fazendo a ligação entre o Porto de Sines, Beja, Alqueva, Serpa, a fronteira com Espanha e com ligação ao eixo Lisboa-Sevilha. 14 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 O Aeroporto de Beja assume-se, igualmente, como importante motor para o desenvolvimento económico e turístico para a região do Alentejo. A EN260 com um percurso semelhante de ligação de Beja à fronteira não apresenta actualmente grandes condições de segurança. 15 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Figura 1 – População das Regiões Metropolitanas e Cidades da Península Ibérica Porto Madrid Lisboa Badajoz Sevilha Huelva Fonte: Plano Nacional de Política de Ordenamento do Território Serpa Distâncias a: Alqueva – 25 km e 0:25 horas Beja – 28 km e 0:25 horas Sines – 140 km e 1:55 horas Faro – 180 km e 2:00 horas Lisboa – 220 km e 2:20 horas Espanha Huelva – 140 km e 2:20 horas Sevilha – 195 km e 2:35 horas Madrid – 590km e 6:10 horas Nota: os tempos e distâncias foram calculados para um percurso de automóvel através do Viamichelin 16 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Figura 2 – Sistema Urbano e acessibilidades de Portugal Continental Fonte: PROT – Alentejo (2007) 17 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.2 População Figura 3 – População residente nas freguesias e concelho de Serpa. 18000 16000 Habitantes (nº) 14000 12000 10000 8000 6000 1991 4000 2001 2000 2006 0 Vale de Brinches Vila Vargo Verde de Ficalho Santa Maria Pias Vila Nova Salvador Concelho (total) de S. Bento Fonte: INE, Censos 1991 e 2001 e Estimativas da população para 2006 Figura 4 – Dinâmica demográfica 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 -5,00 -10,00 -15,00 Indicadores de população (2005) Taxa de natalidade (‰) Taxa de m ortalidade (‰) 8,40 16,40 Taxa de Evolução da crescim ento pop. 91-06 (%) efectivo (%) -11,80 -0,76 Fonte: INE, 2005 18 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Todas as freguesias perderam população, excepto Salvador (+10,5%). A maior perda aconteceu em Brinches (-17,7%). Em 1960 residiam 32.476 habitantes e em 1981, 20.784 habitantes. A evolução da população, entre 1991 e 2006 continuou a ser negativa (-11,8%). A população em idade activa (15-64 anos) situa-se em 63% (2006). Muitos outros têm 65 ou mais anos. Figura 5 – População residente, por classes etárias, em 2006. Serpa 13,6 11,3 51,2 23,9 Baixo Alentejo 13,3 11,4 51,7 23,6 0-14 15-24 Portugal 15,5 11,9 55,4 17,3 25-64 >=65 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: INE, 2006 Licenciatura Bacharelato Ensino Secundário 3º Ciclo do Ensino Básico 2º Ciclo do Ensino Básico 1º Ciclo do Ensino Básico População residente Figura 6 – População residente, por qualificação académica* 5000 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 * Nível de instrução completo mais elevado que o indivíduo atingiu no período de referência. Fonte: INE, Censos 2001 19 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Os níveis de qualificação académica da população residente são baixos. Em 2001, apenas metade tinham completado o ensino básico e apenas 5% o ensino superior. Figura 7 – População residente com qualificação académica ao nível da licenciatura e bacharelato População residente 120 100 80 60 40 20 Outras Direito Arquitectura e Construção Ciências Sociais e do Comportam. Comércio e Administração Letras e Ciências Religiosas Agricultura,Silvicult., Ciências Vet. e Pescas Saúde Formação Profes. e Ciênc.Educação 0 Bacharelato e Licenciatura Fonte: INE, Censos 2001 No ensino superior dominavam as formações de professores e ciências da educação, seguidos da saúde; Faltavam qualificações na área do turismo. Em 2006 surgiu o curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural, na Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa; Existem várias escolas na região do Baixo Alentejo com oferta de cursos de formação na área do turismo, que variam ao longo dos anos; 20 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Em Serpa, o curso profissional de Técnico de Turismo Ambiental e Rural, vocacionado para o turismo sustentável e actividades de animação ao ar livre, existe desde 2006: o a carga horária é de 3100 horas (3 anos); o funcionam duas turmas, com cerca de 15-20 alunos cada; o ainda não existem alunos formados; o complementarmente, esta escola oferece também cursos profissionais ligados ao comércio e à produção agrária, que também poderão vir a reforçar a qualidade da oferta de bens e serviços com interesse para o turismo. INSTITUIÇÕES DE ENSINO NO BAIXO ALENTEJO COM OFERTA NA ÁREA DO TURISMO Escola Profissional (E.P.) de Alvito (Técnico de Turismo; Hotelaria e Cozinha) E.P. Bento de Jesus Caraça (Técnico de Turismo – Beja; Técnico de Turismo Ambiental e Rural – Mértola) E.P. de Desenvolvimento Rural de Serpa (Técnico de Comércio; Técnico de Turismo Ambiental e Rural) E.P. de Moura (Técnico de Turismo; Técnico de Restauração/Cozinha-Pastelaria) E.P. de Odemira (Curso Prof. Hotelaria e Restauração; Curso Educação-Formação Serviço de Mesa) I. S. Politécnico de Beja Licenciatura em Turismo (3 anos – diurno) Fonte: Região de Turismo da Planície Dourada 21 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Acresce que: Está prevista a criação do núcleo da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa em Beja, com oferta formativa especializada nas áreas de hotelaria e restauração (formação inicial e contínua); O Instituto Nacional de Formação Turística tem organizado diversas acções de formação e de divulgação para a certificação e/ou reciclagem de activos, em horário pós-laboral; A Região de Turismo da Planície Dourada tem um papel de divulgação destes cursos nos treze concelhos abrangidos, e de organização da parte logística (ex. de cursos: doçaria regional, mesa e cozinha, entre outros). Figura 8 – População residente empregada, por ramos de actividade económica (2001) 3355 3000 2500 2000 1348 1500 1000 1227 916 807 856 492 771 436 355 500 374 Sector Primário Sector Secundário Total população CAE G-Q Alojamento e Restauração Educação Total população CAE C-F Comércio por Grosso e a retalho Adm. Pública, defesa e seg. social Construção Indústrias Transformadoras Total população CAE A-B Prod. Animal, Silvicult, Caça e Pesca 0 Agricultura, População residente empregada 3500 Sector Terciário Fonte: INE, Censos 2001 22 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Em termos de emprego: Destacava-se, e continua a destacar-se, o sector terciário, particularmente nos ramos do comércio por grosso e a retalho e na administração pública; Destacava-se também a Câmara Municipal, em termos de empregabilidade; O concelho dispõe de pouca indústria, maioritariamente pequenas e médias empresas. 23 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Quadro 1 – Peso do turismo no emprego em Serpa População residente empregada em actividades directa ou indirectamente ligadas ao turismo (INE, 2001) Estabelecimentos hoteleiros Parques campismo e outros locais de alojamento de curta duração Nº 101 9 Restaurantes 153 Estabelecimentos de bebidas 106 Aluguer de veículos automóveis 1 Agências de viagens e de turismo 2 Actividade das bibliotecas, arquivos, museus e outras actividades culturais 3 Actividades desportivas Outras actividades recreativas 10 1 Total (no turismo em sentido lato) 386 Total de população residente empregada 5.930 Peso do turismo 6,5 % Fonte: INE (2001) O turismo, tomado em sentido lato, representava em 2001 cerca de 6,5% da população empregada, com predomínio dos restaurantes, estabelecimentos de bebidas e hoteleiros: Nos últimos 7 anos os sectores do alojamento e restauração cresceram, em quantidade e qualidade; Está sedeada em Serpa uma agência de viagens da Halcon, mas nenhuma empresa de animação turística. 24 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Figura 9 – Total de activos que saem do concelho de Serpa para outros concelhos Fonte: Elaborado a partir de Marques da Costa et al, Estratégias de Povoamento e Políticas de Expansão dos Aglomerados Urbanos. Serpa perdeu atractividade nas deslocações casa-trabalho inter concelhias. Em 1991, o concelho de Serpa foi atractivo em termos de emprego para o concelho de Moura: a população residente no concelho de Serpa que trabalha fora do concelho (representado na figura pelo índice de geração), não tem peso significativo, sendo inferior a 15%; 25 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 em 1991, 25% e 50% dos que saíam tinham como local de trabalho os concelhos de Beja e Mértola, mas em 2001 apenas o concelho de Beja. 800 1400 700 1200 600 1000 500 800 400 600 300 400 200 200 100 0 Nº total de desempregados Nº de desempregados por género Figura 10 – Evolução do nº de desempregados 0 Abr-05 M Out-05 Abr-06 H Total Out-06 Abr-07 Out-07 Taxa desem prego (2001) = 16,5% Fonte: IEFP, 2007 Entre 2005 e 2007 o nº total de desempregados diminuiu, mantendo-se o maior peso no sexo feminino. Segundo dados do IEFP, de Novembro de 2007, o desemprego dominava na classe 35-54 anos (44%), com o 1º e 2º ciclos do ensino básico (33% e 24%, respectivamente). Figura 11 – Desemprego registado no concelho por grupos etários e os seus níveis de escolaridade (Novembro de 2007) 11% 24% 11% 21% 3% 15% 14% 33% 24% 44% < 25 anos 25-34 anos 35-54 anos 55 e + anos Nenhum 2º ciclo ens. bás. Secundário 1º ciclo ens. bás. 3º ciclo ens. bás. Superior Fonte: IEFP, 2007 26 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.3 Estrutura empresarial Da análise destaca-se: o peso esmagador dos estabelecimentos com menos de 10 pessoas ao serviço, 93%; segundo a CAE-Rev. 2.1, de 2005, computavam-se 1.972, com 616 no comércio por grosso e a retalho e 501 na agricultura e pesca; a Zona industrial de Serpa, constituída actualmente por 24 lotes de empresas, oficinas e armazéns, microempresas na área da agricultura, comércio e serviços. Em termos de turismo, relevam-se os estabelecimentos no âmbito do pequeno comércio, lojas de venda de produtos tradicionais no centro da cidade, queijarias, várias unidades de alojamento concentradas na cidade e restaurantes. A Rota do Guadiana – Associação de Desenvolvimento Integrado é uma entidade privada sem fins lucrativos, criada em 1992 e com sede em Serpa. Assume-se como uma iniciativa de desenvolvimento local e tem a Margem Esquerda do Guadiana como território prioritário de intervenção. As suas grandes áreas de intervenção são: Animação Económica; Cultura e Ambiente; Educação, Formação e Certificação de Competências; Inserção Social, Profissional e Animação Comunitária; Serviços de Apoio aos Agentes Locais; Através desta associação está a decorrer um novo projecto turístico no concelho de Serpa, que consiste na recuperação e remodelação de um conjunto de Edifícios existentes em S. Marcos, que foram instalações da Guarda Fiscal com vista a transformá-lo como Centro de Lazer e Educação Ambiental. 27 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.4 Recursos turísticos RECURSOS TURÍSTICOS CULTURA e PATRIMÓNIO - Museus - Monumentos - Arqueologia - Festas, feiras, teatro, pintura, música - Cante PRODUTOS AGROALIMENTARES E FLORESTAIS - Queijo - Mel - Azeite - Enchidos - Vinho - Doçaria regional - Cortiça AMBIENTE E PAISAGEM - PNVG e Rio Guadiana - Observação de aves - Caça - Actividades de desporto/aventura ARTESANATO LOCAL - Cadeiras em buínho; - Calçado artesanal; - Latoaria; - Cestaria; - Ferro forjado Fonte: trabalho de campo 28 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.4.1 Cultura e Património Museus MUSEUS MUSEU DO RELÓGIO (Privado) Dez salas de exposição, 1.800 peças, datadas do século XVII. - Muito atractivo, recebe visitantes de todo o país - Oficina de restauro e loja do museu - Pequeno jardim, bar e biblioteca - Exposições temáticas. MUSEU ETNOGRÁFICO MUSEU ARQUEOLÓGICO (CMS) (CMS) Exposição permanente sobre onze Ofícios Tradicionais Fechado para recuperação e reabilitação - Maior público: visitas de escolas e de excursões seniores - Mais visitantes portugueses do que estrangeiros (Espanhóis, Ingleses e Franceses). - Protocolo entre a CMS, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, Direcção Regional de Cultura do Alentejo e Instituto Português dos Museus. www.museudorelogio.com Fonte: CMS e trabalho de campo De acordo com o Anuário Estatístico do Alentejo 2005 do INE, em 2004 existiam no concelho de Serpa 3 Museus1 (Museu do Relógio, Museu Etnográfico e Museu Arqueológico). Os dados apresentados correspondem aos museus que, no ano de referência, cumpriam os seguintes critérios: existência de, pelo menos, uma sala ou espaço de exposição, abertura ao público permanente ou sazonal; existência de, pelo menos, um conservador ou técnico superior. 1 29 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Com vista a que o Museu Arqueológico seja integrado na Rede Portuguesa de Museus está a ser executada a renovação do seu espaço, nas vertentes de Arquitectura Recuperação do Sistema Construtivo e na Reabilitação dos usos. Acresce a reformulação da exposição permanente, baseada nos conceitos actuais de Museologia e a criação de actividades diversas, que passam pelas exposições temporárias e pelo serviço educativo, entre outras. O projecto encontra-se em articulação com outros preconizados pela autarquia: o o o beneficiação do Caminho de Ronda do Castelo; conservação das Muralhas; arranjo do espaço da Alcáçova. Em termos de frequentação museológica: o Museu Arqueológico recebeu, em 2005, 18.262 visitantes; o Museu Etnográfico recebeu, no mesmo ano, 4.518 visitantes e em 2006, 5.119 visitantes. Importa destacar o Museu do Relógio: é único na Península Ibérica; é auto-sustentável graças aos relógios mecânicos que produz artesanalmente; nos meses fortes de 2007 (Julho e Agosto), recebeu uma média diária de 100 visitas, nomeadamente turistas nacionais, mas também estrangeiros. No Baixo Alentejo existem mais 7 Museus (1 em Aljustrel, 2 em Almodôvar, 1 em Beja, 1 em Castro Verde, 1 em Moura e 1 em Mértola). 30 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Espectáculos ao vivo Quadro 2 – Indicadores de Cultura por concelho em 2004 – espectáculos ao vivo. Serpa Mértola Moura Baixo Alentejo Nº de sessões Nº de espectadore s Receitas (milhares de ) Bilhetes vendidos Espectadores por habitante Valor médio dos bilhetes vendidos ) 130 80 42 24.677 28.773 14.388 3 15 105 372 3.016 5.217 1,5 3,6 0,9 7,0 5,0 20,1 496 112.866 240 20.986 0,9 11,4 Os espectáculos ao vivo incluem teatro, dança, concertos musicais e outros pequenos espectáculos; não inclui cinema. Fonte: Anuário Estatístico do Alentejo, 2005 Em Serpa, os bilhetes vendidos em 2004 foram em número bastante reduzido, em comparação com os outros concelhos: a relação nº de espectadores/nº de bilhetes vendidos indicia que a maioria dos espectáculos ao vivo são gratuitos; as despesas da Câmara Municipal com as actividades culturais representavam 12,2% no total de despesas (2004); a capitação de actividades culturais por habitante foi de 99,9 (2004); O concelho de Serpa tem uma agenda cultural muito diversificada ao longo do ano, nomeadamente feiras, festivais de música e dança, festas e romarias. A Câmara Municipal é a principal promotora dos eventos culturais e existe um grupo de teatro profissional, os Baal 17, que enriquece o panorama teatral do concelho. 31 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 A Região de Turismo da Planície Dourada organiza diversas semanas gastronómicas, com a participação de restaurantes dos treze concelhos. No início do mês de Junho de cada ano tem lugar o Encontro de Culturas/Mercado Cultural promovido pela Câmara Municipal de Serpa, com a participação das Juntas de Freguesia do concelho e do movimento associativo. O objectivo é promover a cultura enquanto factor de desenvolvimento: ocorrem demonstrações culturais de vários pontos de Portugal e de outros países com os quais o município tem laços de cooperação e de amizade (Brasil, Angola, entre outros); De salientar a forte presença do cante alentejano na região; os grupos de Serpa e o grupo “Os Cantadores” de Aldeia Nova de São Bento, entusiastas do cante alentejano estes grupos têm sido solicitados para actuações em diversos pontos do país e do mundo. Situada no centro da cidade de Serpa desde 2002, a livraria “Vemos, Ouvimos e Lemos” é igualmente um espaço de cultura e lazer, que organiza regularmente eventos e iniciativas, incluindo actividades dirigidas ao público infantil, como leitura de contos e exposições. Funciona das 8h as 20h todos os dias e tem como áreas funcionais, uma papelaria, um espaço dedicado a livros e discos, um café/bar e uma sala para exposições. 32 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Agenda Cultural 2007 de Serpa Mês Exposições e congressos Duração Local “Mina de S. Domingos” 1 mês Serpa JAN FEV MAR ABR MAI 300 anos de relógios mecânicos usados no Norte Até 31 Julho Espectáculos ao vivo (teatro, dança, concertos musicais) Teatro “Caldo Verde” Duração Local Feiras, Festas e Romarias Duração Local 7 dias Serpa, Vales Mortos e V. N. São Bento Festas de S. Sebastião 2 dias II edição do Musikando: Festival de Inverno 9 dias Serpa e V. N. São Bento Vale de Vargo e V.N São Bento Feira do Queijo do Alentejo Festa de N. S. dos Remédios 3 dias Serpa 2 dias Serpa 3 dias 5 dias Vale de Vargo Serpa 4 dias V. V. Ficalho 6 dias V. N Sao Bento Vale de Vargo Serpa Mês do Teatro Festival da Mulher 1 mês 4 dias Pias Concelho de Serpa IV Feira do Azeite de Vale de Vargo Festa de N. Sr.ª da Guadalupe Festas de N. Sr.ª das Pazes e S. Jorge Festa das Santas Cruzes Festas da Ascensao 4 dias 33 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Mês JUN Exposições e congressos Duração Local O orfeon de Serpa na historia do cante alent. 1 dia Serpa JUL e AGO SET OUT NOV / DEZ Espectáculos ao vivo (teatro, dança, concertos musicais) IV Encontro de culturas/Mercado cultural Duração Local Feiras, Festas e Romarias Duração Local 10 dias Serpa Festas dos Jordoes 7 dias Pias V Docks Kingdom – Seminário intern. sobre cinema document. Noites de Rua Cheia Festival Cultural Noites na Nora 6 dias Serpa Mês e meio Festas da Penalva 2 dias 2 semanas Julho Ruas e Praças do concelho de Serpa Esplanada da Nora Serpa Feira da Tradição e do desenvolvimento 4 dias V. N. São Bento Serpa 3 dias Pias Feira Anual 3 dias V. N São Bento 7 dias Vale de Vargo Festas do Sant. Sacramento V Feira Agro Pecuária Transfronteiriça 4 dias Pias 3 dias Vale do Poço Feira do Vinho 2/3 dias Pias Espectáculo de acordeão; cinema ao ar livre Semana Cultural de Vale de Vargo Pintura de Maria C. Ventura Serpa 2 Festival de Folha Caída Teatro Valsa nº 6 1 mês Serpa 5 dias Serpa Fonte: Câmara Municipal de Serpa e Região de Turismo da Planície Dourada 34 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Quadro 3 – Agenda de actividades de Natureza e Ambiente MÊS JAN FEV MAR ABR NATUREZA E AMBIENTE Descida do Rio Guadiana e Travessia do Tejo em BTT (2 fins de semana) MAI JUN JUL e AGO Grande travessia de Verão em BTT Queluz – Serpa 1 dia SET OUT NOV / DEZ Organizadores: Câmara Municipal de Serpa Grupo de Teatro Profissional de Serpa BAAL 17 www.baal17.com Grupo de Teatro Experimental de Pias Natureza e Ambiente: Cabra Montez www.cabramontez.com Outros: Semana Gastronómica do Gaspacho e Tomatada, Julho, organizado pela RTPD (Região Turismo Planície Dourada), com restaurantes dos vários concelhos Semana Gastronómica do Porco, Borrego e da Caça, organizadas pela RTPD, com restaurantes dos vários concelhos, incluindo Serpa Cineteatro Municipal de Serpa Todas as 3ª F, 6ªF e Sábados CINEMA Cineteatro Maria Lamas, V. N. São Bento Todas as 6.ª F e Sábados 35 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Património Monumental e Arqueológico O concelho tem um património rico e classificado: O património arqueológico de Serpa surge numa posição de destaque no Inventário Nacional, nomeadamente a Cidade das Rosas e a Necrópole; O património arquitectónico assume no seu conjunto grande relevo, em especial o núcleo mais antigo da cidade; O Núcleo Intra-muralhas da Cidade de Serpa encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público; O Gabinete do Património da Câmara Municipal de Serpa tem em curso uma série de projectos de recuperação e reabilitação de espaços públicos no centro histórico da cidade; Património Monumental (IGESPAR) Barragem romana do Muro dos Mouros Muralhas de Serpa Igreja de São Francisco // Convento de Santo António Palácio dos Condes de Ficalho // Casa do Castelo Mosteirinho // Convento do Mosteirinho Igreja de Santa Iria // Igreja Paroquial de Santa Iria Ermida de Santa Luzia Igreja de Santa Maria // Igreja Matriz de Serpa Núcleo Intramuralhas da Cidade de Serpa Ponte antiga sobre a ribeira do Enxoé Situação actual Categoria de Protecção Classificado IIP Imóvel de Interesse Público Em Vias de Classificação MN Monumento Nacional Em Vias de Classificação (Homologado) Fonte: IGESPAR – Instituto de Gestão de Património Arquitectónico e Arqueológico 36 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 A informação disponível na figura anterior resulta do carregamento de um módulo específico dedicado ao Património Imóvel, constante do Sistema de Informação do IGESPAR, e refere-se preferencialmente aos imóveis classificados e em vias de classificação. Paralelamente é divulgado um conjunto de imóveis que não possui protecção legal, mas que faz parte dos inventários temáticos em curso no IGESPAR. Integra-se neste conjunto a Ponte sobre a Ribeira de Enxoé, que por sua vez integra o itinerário das Pontes Históricas do Alentejo. Em 1997 foi realizada a carta arqueológica com uma listagem de 322 sítios. Actualmente, segundo o IGESPAR, existem 516 sítios arqueológicos. 37 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.4.2 Produtos agro-alimentares e florestais A grande qualidade dos produtos encontra-se reconhecida pela Denominação de Origem Protegida (DOP), casos do Azeite, Mel, Queijo e Vinho, e pela Indicação Geográfica Protegida (IGP), no caso do Borrego. Olival e Azeite O concelho apresenta condições climáticas excelentes e solos de elevada aptidão para esta cultura: em 2005, o concelho produziu cerca de 5% do azeite extraído em Portugal e foi o 2º maior produtor do Baixo Alentejo; o consumo do azeite está enraizado nos hábitos alimentares e presente em todos os restaurantes; Na produção concelhia, destaque para a Cooperativa Agrícola de Brinches e a Sociedade Agrícola de Pias, entre outros. De destacar também para a compra de terrenos por Espanhóis, com vista à plantação de olival de produção intensiva. Mel O mel também é produzido na região, na continuação das pastagens naturais dos montados; Constitui um elemento importante na doçaria regional; 38 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Enchidos Os enchidos de porco preto (da raça negra alentejana) são famosos em todo o concelho, relevando-se os de Vila Nova de S. Bento e de Vila Verde de Ficalho; Cortiça A cortiça que se extrai junto à Serra de Serpa é considerada uma das melhores do mundo. Queijo Serpa Produto artesanal conhecido e reconhecido pela sua excepcional qualidade; fabricado exclusivamente com o leite de ovelha produzido na Região Demarcada do Queijo Serpa, criada em Junho de 1987 e abrangendo 12 concelhos da região do Baixo Alentejo; «Queijo Serpa» premiado internacionalmente2. 2 Os Presidia são distinções atribuídas pela Slow Food. (www.slowfoodfoundation.org) Têm o objectivo de premiar produtos extraordinários de todo o mundo. Estes produtos de Presidia conquistaram não somente cozinheiros e gourmets, mas ganharam também os consumidores. 39 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Vinho Em 2005 o concelho produziu 10% do total de vinho do Baixo Alentejo: na produção, destaque para o Vinho Regional Tinto; o Vinho da região de Pias é o mais conhecido; os Vinhos de Pias e de Serpa, de que se distinguem os tintos, são encorpados, de cor escura e gosto suave, e têm sido premiados a nível nacional. Borrego Esta carne provém essencialmente de borregos da raça Merino Branco. A sua criação beneficia de um ecossistema característico que impera em torno de Serpa e Beja; o sistema de produção é tradicional, tem raízes seculares, e conjuga factores naturais e humanos. 40 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.4.3 Ambiente e Paisagem A paisagem de Serpa estende-se para lá das muralhas e do centro histórico e espraia-se nas extensas planícies e montes com vinhas e olivais. É toda uma riqueza natural, ambiental e paisagística. São de considerar o Parque Natural do Vale do Guadiana, os sítios e as zonas de protecção especial, onde a flora e sobretudo a fauna merece especial destaque. O rio Guadiana destaca-se pela barragem do Alqueva e a sua albufeira, e pela diversidade biológica e paisagística das suas margens, na quase totalidade da sua extensão. 41 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Algumas espécies raras encontram refúgio nesta região, casos da Cegonha Preta, Grou, Cortiçol-de-barriga-preta, Águia-imperial e Alcaravão e fazem do Sul Alentejano um dos poucos sítios do globo onde podem ser encontradas. A denominação IBA (em inglês Important Bird Area) representa sítios com significado internacional para a conservação das aves à escala Global. Estas áreas, definidas através de critérios científicos internacionais são, na sua maioria, compatíveis com os princípios de criação de Zonas de Protecção Especial (ZPE) prevista na Directiva 79/409/CEE (Directiva Aves da União Europeia). Serpa tem dentro dos limites do concelho parcelas de duas IBA’s das quais pode retirar proveitos significativos para o seu desenvolvimento local. Em termos de turismo, importa ter presente que: O Touring cultural e paisagístico tem vindo a afirmar-se, em paralelo com a crescente mobilidade, melhoria das acessibilidades e tempo livre, designadamente nos fins-de-semana; a riqueza ornitóloga pode funcionar como atractivo de Birdwatching. Em todo o mundo haverá cerca de 80 milhões de pessoas que têm como entretenimento observar aves, sendo que muitas delas viajam milhares de quilómetros para fotografar espécies que não existem nos seus países; 42 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Muitos destes turistas permanecem algum tempo no destino, sendo clientes do alojamento e restauração também adquirem artesanato e outros produtos, impulsionando o comércio e a economia locais; Serpa e os concelhos vizinhos apresentam um enorme potencial cinegético. Embora ainda se observem caçadores com a arma ao ombro e os seus cães a passear pelos campos e se pense que a caça é apenas isso, a actividade cinegética tem vindo a converter-se num autêntico negócio que envolve muito dinheiro: A caça, actividade muito antiga, está a adaptar-se aos novos tempos e as novas tecnologias. Caminha-se para uma caça mais técnica e regulamentada que exige, não apenas guardas mas, especialistas, cursos de formação para gestores cinegéticos e técnicos responsáveis por planos de caça ou certificações de qualidade cinegética, que contribuem para dinamizar economicamente o município e a região. 43 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Figura 12 – Áreas de aptidão potencial para caça Fonte: Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo, MADRP (2007) Um exemplo da importância económica desta actividade é ilustrado por Huelva, província espanhola mais próxima do Sul Alentejano, incluída na Comunidade Autónoma da Andaluzia e que faz fronteira com Portugal desde Barrancos até à costa Mediterrânica, com área semelhante ao distrito de Beja (10.128 km2), mas quase três vezes mais população (483.792 habitantes) e território com clima, fauna e flora muito semelhantes às que se verificam no sul interior alentejano. A actividade cinegética desenrola-se em Huelva, tal como em Portugal, em coutos associativos e em privados. Os primeiros são em geral terrenos regionais ou municipais e cada um deles tem características particulares atendendo ao número de sócios, às quotas a pagar e à repartição das peças de caçadas: 44 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 num couto privado paga-se em geral por dia de caçada ou por peça, e os valores praticados em Espanha são semelhantes aos portugueses, ou seja, valores que podem facilmente passar dos 500 por pessoa e por dia ou os 50 por perdiz; com a actividade cinegética movem-se anualmente na província de Huelva 30 milhões de euros. Os caçadores garantem gastos pela caça e outros pela alimentação, transporte dos animais abatidos e dos cães, e muitas vezes também alojamento. Figura 13 – Zonas de Caça do concelho de Serpa Fonte: Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo, MADRP (2007) 45 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Mudanças no Ambiente e nas paisagens introduzidas pelo Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva Alqueva tem uma grande influência sobre toda a região interior do Alentejo. Destacamse várias valências, como o abastecimento público, a agricultura de regadio, a energia, o ambiente e de um modo particular o turismo. O aumento da produtividade e diversidade das culturas agrícolas, através dos novos perímetros de rega, gerará maior riqueza e competitividade económica e com eles, maiores fluxos de bens e pessoas, nomeadamente associadas ao negócio; a vastidão do novo lago interior criou uma nova paisagem, com forte capacidade de atracção de turistas sensíveis aos horizontes aquáticos e as novas amenidades; estas novas potencialidades para actividades náuticas fundamentam muitos novos projectos de desenvolvimento de uma oferta turística diversificada, do alojamento ao desporto; as facilidades de rega, combinam-se com estruturas fundiárias dominadas pela média e grande propriedade e capacidades empresariais e exprimem-se em grandes projectos PIN, de resorts integrados, com hotelaria, turismo residencial, golfe... o perímetro de Alqueva foi oficialmente reconhecido pelo PENT como um novo destino turístico a desenvolver e promover. Pela vizinhança do perímetro de Alqueva e dos projectos turísticos que nele serão implementados, o Município de Serpa pode tirar benefícios de uma procura crescente e diferenciada, capaz de valorizar lazeres e experiências diversas, dos silêncios e rusticidades rurais e ambientais, das manifestações culturais, passando pelo património, pelos museus, pela gastronomia, pelos vinhos... 46 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.4.4 Artes e ofícios tradicionais Artesanato O artesanato em Serpa permanece sem grande inovação. Alguns exemplos dos velhos ofícios (ferrador, latoeiro, abegão, sapateiro, ceramista) e os seus utensílios (cadeira em buínho, calçado artesanal, cestos) estão patentes no museu etnográfico. A prática das actividades tradicionais tem se vindo a perder; os poucos artesãos são, na sua maioria, idosos e sem capacidade para, por si sós, passar o conhecimento às novas gerações. Gastronomia A Região continua a oferecer pratos tradicionais, que se podem encontrar nos restaurantes locais - "migas", "açorda", "borrego à pastora", "lavadas", "gaspacho", "masmarras", "grãos com alho e louro", "surra-burra", "caldeiradas de peixe do rio", etc.. As sobremesas e doces são também tidas como especialidades e "folhados gila", de características da “tosquiados", região: "turtas", "queijadas de requeijão". 47 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.4.5 “Do Caminho-de-ferro às Ecopistas…” Foi elaborado pela REFER um plano estratégico para a requalificação de canais ferroviários em Ecopistas, entre os quais se encontra a reconversão do ramal de Moura. Este percurso atravessa os três concelhos de Beja, Serpa e Moura, numa extensão total de 57,6 km. Tem início na cidade de Beja (estação de Beja, em funcionamento) e termina na estação de Moura (actualmente desactivada). Aproximadamente a meio do percurso a Ecopista intersectará o Sitio do “Guadiana”, pertencente à Rede Natura 2000, local de grande beleza cénica e diversidade ecológica. Algumas estações (como é o caso de Pias), apeadeiros e edifícios associados, encontram-se num estado avançado de degradação. Dado o seu valor cultural susceptível de recuperação, estes edifícios oferecem potencialidades de funcionar como infra-estruturas de apoio à referida Ecopista. Com a implementação do projecto pretende-se, também, a sua preservação e recuperação, mantendo viva a memória do local. 48 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Fonte: REFER (2006) 49 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 3.5 Projectos âncora identificados como estratégicos pelo Município GRANDES OPÇÕES DO PLANO (2007-2013) A água e o ambiente de futuro - Recursos Hídricos para as populações - Prevenção de Riscos - Gestão de resíduos sólidos e limpeza Urbana - Tratamento de águas residuais - Ambiente do Futuro LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DE TÉCNICAS E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO TRADICIONAIS DA CIDADE ATÉ AO RIO CAMINHOS PEDONAIS E DE BICICLETAS DA CIDADE ATÉ AO RIO Valorizar a herança e promover a cultura Desenvolver o concelho com qualidade de vida Revitalizar o Centro Histórico de Serpa e Valorizar o Património Histórico e Arquitectónico - Valorizar as Tradições e Produções Locais - Dinamizar Projectos Culturais - World Music Center - Melhorar a circulação e a mobilidade - Valorizar os espaços urbanos - Promover a e Dinamizar a Rede de Equipamentos Culturais e Desportivos - Promover e apoiar iniciativas para a população jovem MUSIBERIA – CENTRO INTERNACIONAL DE MÚSICAS E DANÇAS DO MUNDO IBÉRICO PLANO MUNICIPAL DE PORMENOR DE SALVAGUARDA E REABILITAÇÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL CONJUNTO MUSEOLÓGICO E MUSEU ARQUEOLÓGICO Fonte: Gabinete do Património da Câmara Municipal de Serpa 50 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Nestes projectos destacamos: O de criação de um centro de música a nível europeu – World Music Center – assumido actualmente pela CMS como um projecto de menor dimensão – Musiberia. O MUSIBERIA – Centro Internacional de Músicas e Danças do Mundo Ibérico com vista a aproximar, integrar e divulgar a música e a dança do Mundo, assentando a sua oferta de partida nas expressões de países e grupos culturais da diáspora luso-espanhola; espera-se que este centro inicie as suas funções no último trimestre de 2009, com os turistas, a comunidade e os alunos das escolas como público-alvo. O MUSIBERIA vai instalar-se em Serpa, num espaço que foi anteriormente uma Fábrica de Moagem, situado junto das muralhas da cidade. As suas actividades principais vão ser: a formação especializada em música e dança a artistas, professores e alunos; a difusão cultural, através de concertos e exposições; e a educação para a vida. 51 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 4 Oferta Turística 4.1 Alojamento Unidades de alojamento – caracterização resultante do trabalho de campo (Nov. 2007) Clientes: 80% - 90% Portugueses Estrangeiros: espanhóis, ingleses e franceses Estada média: 1-2 dias Características: Trabalhadores (incluindo gerentes) sem formação adequada na área do turismo Maioria não vende produtos regionais nas unidades; Alguns vendem azeite e vinho da região. Maioria não serve refeições sem ser o pequeno-almoço Divulgação: Maioria com página de Internet, somente informativo; pouco interactivo, sem possibilidade de fazer reservas Poucos trabalham com operadores turísticos Lacunas: folhetos de informação turística Taxa de ocupação média: Máx. JUL/AGO: 80% -90% Min. NOV/DEZ: 30-40% Preços praticados (euros) Residenciais: Single varia entre 30 a 40 Duplo entre 40 a 50 Estalagem S. Gens: single 65 duplo 75 suite 100 52 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Alojamentos turísticos Localidade Categoria Nº quartos Nº de camas Estalagem S. Gens * Serpa Estalagem 18 36 Zens Village * Serpa Estalagem 7 14 Residencial Beatriz * Serpa Residencial 10 17 Residencial Serpínia Serpa Residencial 31 40 Residencial Pulo do Lobo Serpa Residencial 8 13 Casa de Serpa * Serpa TER - turismo rural 6 9 Colaboração com uma empresa de Beja para grupos; Rent-a-bike ( 4 bicicletas) Casa da Muralha * Serpa TER - turismo rural 4 8 canoagem El Rincon * Serpa TER - turismo habit. 7 14 Herdade do Topo * Serpa TER - agro-turismo 4 8 Cavalos; lições de equitação Serpa TER - agro-turismo 7 (5 + Apart. T2) 10 O proprietário recomenda visitas e actividades Monte da Morena * (inserido numa propriedade agrícola de 30 ha) Organização de actividades Para grupos: actividades ao ar livre – BTT, TT e canoagem 53 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Alojamentos turísticos Localidade Categoria Nº quartos Nº de camas Organização de actividades Herdade de Besteiros * (propriedade de 400 ha) Serpa TER - turismo rural 7 (distribuídos por 4 casas) 10 Passeios de barco ou canoa pelo Guadiana a partir de Mértola, slide, escalada em parede, tiro com arco, paintball, rotas de jeep, etc.. Monte de Vale Perditos * Vila N. São Bento TER - agro-turismo 4 8 Caça Outeiro da Vila * (nova unidade de alojamento) Vila Verde Ficalho TER - casas de Campo 6 12 Casa agrícola centenária; possível conhecer o processo de produção do azeite Horta da Larga Serpa Alojamento Part. 3 4 O Casarão Serpa Alojamento Part. 14 28 Albergaria Bética * Pias Albergaria 14 25 Monte da Portela Nova * Serpa Moradia Turística 2ª 3 6 Casa Hóspedes "Virgínia" Serpa Casa de Hóspedes 6 9 Parque Campismo Municipal Serpa O proprietário recomenda visitas e actividades Passeios TT para motos; participação na época da vindima e da azeitona; passeios safari com Jeep 110 tendas 30 caravanas * Alojamentos Turísticos Classificados pela Direcção Geral de Turismo Fonte: Trabalho de campo; Câmara Municipal de Serpa; sites das unidades de alojamento, 2007 54 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 O alojamento e a restauração são componentes essenciais da oferta turística, sendo responsáveis, em grande parte, pela retenção dos benefícios económicos do turismo numa dada localidade: O alojamento no concelho de Serpa conta com 18 unidades (além do parque de campismo), sendo o nº de camas de 271, 13 são classificadas pela Direcção-Geral de Turismo, 8 são englobadas no Turismo em Espaço Rural (TER), a grande maioria encontra-se na cidade de Serpa; O alojamento é diversificado, mas insuficiente, não existe uma unidade hoteleira que receba grandes grupos. A Pousada de Serpa perdeu, recentemente, a sua ligação às Pousadas de Portugal e passo para Estalagem; Sente-se a ausência de comunicação entre os diversos estabelecimentos e a falta de programas para ocupação durante as estadias. Na maioria das vezes são os proprietários destas unidades que indicam aos hóspedes os vários percursos e locais a visitar no concelho e na região, tanto a Barragem do Alqueva como a região da Andaluzia. De salientar o facto de algumas unidades de alojamento nos terem referido que recebem hóspedes estrangeiros por se encontrarem incluídas em guias turísticos internacionais conhecidos (Routard, Lonely Planet). A complementar a oferta hoteleira e similares contam-se também 17 quartos com 32 camas oferecidas por particulares e não inscritas na Direcção-Geral do Turismo, que em geral, praticam preços inferiores aos restantes alojamentos turísticos: a mão-de-obra é sobretudo doméstica e pouco qualificada, e o acolhimento tem um cariz familiar. 55 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 O parque de campismo municipal acolhe no Inverno vários estrangeiros, nomeadamente holandeses e ingleses, com estadias longas. 4.2 Restauração Quadro 4 – Estabelecimentos de restauração no concelho de Serpa Restaurante A Adega A Gare A Quintinha As Piscinas Cruz Nova D. Pedro O Casalinho -Estalagem de S. Gens Lebrinha Molho Bico Nascer do Sol O Alentejano O Casarão O Cuiça O Forcado O Forno O Gato O Nay O Recanto O Voluntário O Zé Pedra de Sal Ponto de Encontro Toca do Coelho Tradição Vila Branca Zens – Restaurante Bar Medieval Girassol Local Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Tipo de estabelecimento Pizzeria Snack Bar Take Away Snack Bar Restaurante Restaurante Capacidade 70 68 30 90 35 42 Serpa Restaurante 60 Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Serpa Cervejaria Restaurante Snack Bar Restaurante Restaurante Restaurante Restaurante Restaurante Restaurante Restaurante Snack Bar Restaurante Restaurante Restaurante Restaurante Snack Bar Restaurante Restaurante Restaurante 100 120 40 48 46 44 55 53 25 45 60 42 30 40 20 60 38 30 180 Serpa (St.ª Snack Bar Iria) Total Serpa = 27 estabelecimentos (1491 lugares) 20 56 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Arroz Doce Pias Restaurante O Adro Pias Restaurante O Lagar Pias Restaurante Central Norte Pias Restaurante Central Pias Restaurante A Cantina Pias Restaurante O Alpendre Pias Restaurante A Trindade Pias Restaurante Zorrito Pias Restaurante Total Pias = 9 estabelecimentos (878 lugares) V. V. Restaurante Ficalho Azinheira dos Guiões V. V. Snack Bar Ficalho Boa Vista V. V. Restaurante Ficalho Dimas V. V. Restaurante Ficalho A Bica do Vinho V. V. Restaurante Ficalho O Património V. V. Restaurante Ficalho Total V.V. Ficalho = 6 estabelecimentos (470 lugares) 70 80 258 80 50 140 70 80 50 A Raiana Venâncio O Milho Primavera O Tareco 20 40 170 120 V.N. São Restaurante Bento V.N. São Restaurante Bento V.N. São Restaurante Bento Total = 3 estabelecimentos (115 lugares) Vale de Restaurante Vargo Total = 1 estabelecimento (60 lugares) 60 60 33 50 32 60 Fonte: Região de Turismo da Planície Dourada e Câmara Municipal de Serpa, 2007 No total existem 46 estabelecimentos com capacidade para 3014 lugares: Os restaurantes são em geral de boa qualidade, maioritariamente na cidade de Serpa e na Vila de Pias; 57 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 A gastronomia é característica da região e a sua confecção é tradicional (sem grandes inovações); Três produtos da região estão presentes em quase todas as refeições: o queijo, o azeite (azeitona) e o vinho, acresce a doçaria regional. Existe um conjunto de estabelecimentos com capacidade para grupos e que atraem clientela proveniente de Espanha. A mão-de-obra é em geral qualificada nos restaurantes de melhor qualidade, alguns saídos dos cursos de formação de Beja; inversamente nos restaurantes de nível inferior e estrutura familiar. 4.3 Animação turística Nos concelhos de Beja e Mértola já existem empresas com ofertas nesta área, sobretudo para actividades ao ar livre ao longo do Rio Guadiana. Algumas empresas sedeadas na região de Lisboa e no Alentejo oferecem programas para o concelho de Serpa, principalmente relacionados com as actividades de desporto e aventura, património monumental e gastronomia; A AlentejoTours, com sede em Beja, que tem como objectivo organizar a oferta turística do Alentejo, incluindo Serpa, através da oferta de programas estruturados, organizados por temas e programas faça você mesmo. Têm acordos com várias agências de viagens em Portugal e fazem a promoção externa em Espanha, nas regiões da Andaluzia e da Estremadura. 58 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 EMPRESAS DE ANIMAÇÃO TURÍSTICA COM PROGRAMAS EM SERPA Cabra Montez – Eventos Alternativos e Animação Turística Sede: Belas Fuga Perfeita Animação e Turismo Cultural Actividades ao ar livre – canoagem, BTT, passeios pedestres, entre outros Programa Histórias e Sabores do Alentejo, Serpa e Moura Sede: Colares Alentejo Tours, Operador turístico regional especializado no Alentejo Sede: Beja Programas: Vinhos e Gastronomia Histórico Culturais Natureza O Monte das Arouchas, a 2 km de Serpa, a caminho de Pias, oferece a possibilidade de realização de eventos diversos, como casamentos, festas tradicionais alentejanas com cantares e comida típica. 59 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 5 Procura Turística Recordemos os traços gerais do turismo na Região da Planície Dourada, segundo informação disponibilizada pela Região de Turismo e referente a 2006, ano em que foi elaborado um inquérito ao turista, tendo sido obtidas 300 respostas (64% de Portugueses e 36% de Estrangeiros). O território da Planície Dourada, correspondente à parte interior do distrito de Beja (13 concelhos) atrai um perfil de turista que quer fugir aos destinos de massas e que está disposto a gastar mais dinheiro em produtos cuja qualidade reconhece. O turista que procura o Baixo Alentejo, seja ele nacional ou estrangeiro, pertence, na sua generalidade, a um estrato social, económico e cultural mais elevado do que a média: são turistas que se deslocam em pequenos grupos, famílias ou em casais e, normalmente, em automóvel próprio ou alugado; predominam largamente os turistas portugueses, claramente menos no segmento de 65 e +anos; a motivação das viagens é a vivência de férias e fins-de-semana; As estadas são predominantemente curtas e inferiores a 5 noites; Na atractividade destacam a paisagem, a tranquilidade e o património arquitectónico, mas também a gastronomia e a hospitalidade; Muitos definem as visitas, sobretudo os portugueses, muito influenciados por familiares e amigos; Nas práticas turísticas relevam-se o descanso, a par das visitas aos museus e monumentos, de algumas actividades ao ar livre, sem esquecer a restauração, a que os estrangeiros são também muito sensíveis; 60 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 INQUÉRITO AO TURISTA 2006 – REGIÃO DE TURISMO DA PLANÍCIE DOURADA (RTPD) CARACTERIZAÇÃO DO TURISTA Nacionalidade dos turistas com origem fora de Portugal 20 15 10 5 25-34 anos (24,7%) 45-54 anos (19,1%) 15-24 anos (82% origem em Portugal) = ou > 65 anos (turistas estrangeiros são mais do dobro dos nacionais) Britânica Alemã Holandesa Estatuto profissional actual segundo o país de origem do turista Quadro superior Estatuto profissional Faixas etárias mais representadas: Espanhola Italiana Nacionalidade Francesa Suiça Canadiana Americana Sul Africana Russa Brasileira Australiana Sueca Dinamarquesa Lituana Belga Austriaca Irlandesa Estoniana 0 Finlandesa Nº de respostas 25 Conta-própria Portugal Trabalhador qualificado Estudante Outro país Quadro técnico Reformado Outro Desempregado Doméstico/a 0 5 10 15 20 25 30 35 Nº de respostas 40 45 61 50 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 INQUÉRITO AO TURISTA 2006 – REGIÃO DE TURISMO DA PLANÍCIE DOURADA (RTPD) CARACTERIZAÇÃO DA VISITA Nº de noites de estada na Planície Dourada 5% Motivo da visita em função da origem 82 79 Motivo da viagem Férias Nenhuma Uma a duas Portugal 49 Fim de semana 11% 11% 7% Três a cinco 3 Seis a oito Outro país 28 Trabalho 11 Visitas (sem dormida) 14 23% 9 7 0 10 Sem dados 43% 2 Outro Mais de oito Principais atractivos que o trouxeram à RTPD 20 30 40 50 60 Nº de respostas 70 80 90 Paisagem Tranquilidade Gastronomia Mais visitantes nos meses: Património Arquitectónico Hospitalidade Agosto (1º), Julho (2º), Dezembro (3º) Janeiro (4º) Concelhos mais visitados: Beja (1º), Serpa (2º), Mértola (3º), Moura (4º) Preservação do ambiente Preços Outros Acessibilidades 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Nº de respostas 62 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 INQUÉRITO AO TURISTA 2006 – REGIÃO DE TURISMO DA PLANÍCIE DOURADA (RTPD) CARACTERIZAÇÃO DA VISITA Razões de escolha da RTPD Visita anterior Conselho de amigos/familiares Avaliação de 17 aspectos da região (escala de 1 – mau a 5 – excelente) Portugal Outro Internet Outro país Artigos revistas/jornais Classificação global da região é marcadamente positiva Média: 3,73 Guias turísticos Publicidade da RTPD Agência de viagens Brochuras turísticas Actividades praticadas/a praticar durante a visita à RTPD 0 10 20 30 40 50 Nº de respostas 60 70 80 Museus/Monumentos Descansar Restaurantes Portugal Actividades ao ar livre Outro país Feiras Bares/Discotecas Outro Rota do Fresco Parque Temático Eventos desportivos Congressos/Seminários 0 20 40 60 80 Nº de respostas 100 120 63 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Analisemos complementarmente, alguma informação específica da procura turística incidente no concelho de Serpa, e traduzida nos quadros que se seguem: Quadro 5 – Indicadores de Hotelaria por concelho (2004) Nº. de noites 1,3 4,9 0,4 16,8 28,1 Dormidas em estab. Hoteleiros e Similares por 100 Hab. N.º 55,8 1,2 21,4 0,2 2,8 25,5 41,4 1,3 14,0 1,1 21,6 27,6 154,5 1,4 8,4 0,5 17,1 28,9 76,0 Estada média de hóspedes estrangeiros Serpa Ferreira do Alentejo Beja Baixo Alentejo Número de camas por por 1000 Habitantes Hóspedes por habitante Proporção de Hóspedes Estrangeiros N.º Proporção de dormidas entre Julho e Setembro % Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2004 Nota: Os dados apresentados abrangem apenas os estabelecimentos classificados na Direcção Geral do Turismo. Estes e outros indicadores de hotelaria não foram possíveis de obter para o concelho no ano 2005 visto que, segundo o INE, não respeitaram os critérios de qualidade por uma de duas situações: “o número de estabelecimentos é inferior a 10 e houve estimativa do valor de dormidas de pelo menos um estabelecimento ou a unidades territoriais com 10 ou mais estabelecimentos em que o valor declarado das dormidas é inferior a 70% do total das dormidas estimadas”. Figura 14 – Nº de hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros no concelho de Serpa, segundo o país de residência habitual, em 2004. União Europeia (15) Total Geral Total UE25 6.167 5.942 Total Portuga l Reino Unid o 5.94 0 5 129 210 Espanh a Alemanh a Franç a Países Baixos Itália 192 182 76 53 37 E.U.A 68 Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2004 64 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Figura 15 – Nº de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros no concelho de Serpa, segundo o país de residência habitual, em 2004 Total Geral Total UE25 Total Portugal 8.967 8.702 8.700 7.600 União Europeia (15) Reino Alemanha Espanha Unido 278 272 251 França Países Baixos Itália 90 66 57 E.U.A. 89 Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2004 Nota: Em ambos os quadros os totais não correspondem à soma das partes em virtude de não ser publicada alguma informação de menor valor expressão quantitativa. Em 2006, as dormidas apontam para um crescimento de 19% em relação a 2005: os portugueses continuam a ser o principal mercado com um peso de 82%; os acréscimos verificaram-se em todos os principais mercados externos, excepto nos EUA; Espanha é o país mais representativo dos mercados externos, com 29,6% do total das dormidas: proximidade e campanhas de promoção desenvolvidas pelo Turismo do Alentejo; em segundo lugar encontramos o Reino Unido, com 11,6%, seguido pela Alemanha com 9,6%. Apenas foi possível obter dados para a estada média no estabelecimento (hotel, pensão, outros) – Serpa (1,5 noites) e Baixo Alentejo (1,4 noites) e para a taxa de ocupaçãocama – Serpa (32,7%) e Baixo Alentejo (25%). 65 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 A informação anterior é, até certo ponto, confirmada pela frequentação dos Postos de Turismo. Existem dois postos no concelho de Serpa: um situado na cidade, no centro histórico, junto da Praça do Município; outro, localizado na estrada que faz a ligação a Espanha, freguesia Vila Verde de Ficalho, muito perto da fronteira. Muitos turistas não procuram os postos de turismo e muitos visitantes que os procuram não são turistas (permanência inferior a 24 horas). Nos últimos anos, o número de visitantes anuais tem registado flutuações várias, tanto dos nacionais como dos residentes no estrangeiro, com ritmos aliás em grande medida semelhantes; Nos estrangeiros figuram maioritariamente, mas dependendo dos meses do ano, ingleses, espanhóis e franceses; Note-se que a informação turística facultada no posto de Serpa é pouco articulada e orientadora. Os folhetos disponibilizados não têm ligação entre si, nem se enquadram num roteiro geral; Alguns são esteticamente agradáveis mas dão pouca informação. Não existe por exemplo referência às zonas de caça. O posto abre as 9h, fecha para almoço das 12.30h as 14h e encerra às 17h30 (7 dias por semana). Assegura vendas de publicações diversas e de artesanato. A maioria das unidades de alojamento está presente nos Postos de Turismo apenas através de um pequeno cartão de visita. 66 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 10000 16000 9000 14000 8000 12000 7000 6000 10000 5000 8000 4000 6000 3000 4000 2000 2000 1000 0 Nº total de visitantes no posto de turismo Nº de visitantes portugueses e estrangeiros Figura 16 – Visitantes no Posto de Turismo de Serpa 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Portugueses Estrangeiros Total Fonte: Câmara Municipal de Serpa, 2007 67 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 6. Informadores Privilegiados Trabalho de campo – Concelho de Serpa 19/11 a 30/11 de 2007 Ao nível da Câmara Vice-Presidente e Vereador José Sesinando – Pelouros da Cultura e Urbanismo Dr.ª Anabela Arsénio – Câmara Municipal de Serpa Sr. Fernando Mestre - Câmara Municipal de Serpa (viagem pelo concelho) Dr. Sebastião Rodrigues – Vereador da Oposição e Presidente da Associação de Agricultores do concelho de Serpa Dr. Sérgio Pestana – Câmara Municipal de Serpa Informadores Institucionais: Sr.ª Rosalina Caeiro – Junta de Freguesia de Pias Dr. Manuel Machado Nunes – Presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de S. Bento Dr. Mário Apolinário – Presidente da Junta de Freguesia de Salvador Dr. José Monteiro – Junta de Freguesia de Salvador Dr.ª Ana de Seixas Palma – Região de Turismo da Planície Dourada Dr. Pedro Rocha – Director do Parque Natural do Vale do Guadiana Eng.º. David Machado – Associação Rota do Guadiana Ana Margarida Bravo – Chefe da Agência HALCON Viagens Domingos Breyner – Proprietário do Monte das Arouchas Sr. José Miguel Carvalho – Representante da Zona de Caça Turística e proprietário da Herdade da Cascalheira Professora Lurdes Pato – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa Professor Azedo (Ginásio) 68 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Unidades de alojamento (visita e/ou contacto telefónico): Sr.ª Margarida Gonçalves – Residencial Pulo do Lobo Sr. Vítor – Albergaria Bética Sr.ª Raquel – Residencial Serpínia Sr. David Figueira – Residencial Beatriz Eng.º João Costa – Monte de Vale Perditos Dr.ª Teresa – Monte da Morena Dr.ª Sílvia – Casa de Serpa Sr. José Horta – O Casarão Sr. Vasco Azedo – Zens Village Estalagem S. Gens Outeiro da Vila Casa da Muralha Parque de Campismo Municipal Visitas: Museu Etnográfico Museu do Relógio Livraria “Vemos, Ouvimos e Lemos” Adega em Pias Queijaria em Serpa Pulo do Lobo Albufeira do Enxoé Espanha – Rosal de la Frontera 69 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 7. Empresa e Equipa A IPI, fundada em Lisboa em 1999, integra uma rede de pequenas empresas de consultadoria de excelência em Lisboa, Madrid, Paris, Washington, D.C., Maastricht e Istambul, com ética, dimensão e procedimentos análogos. Esta rede desenvolve uma política de integração e complementaridade, que é também apoiada num conjunto de parcerias com empresas e instituições perfilhando os mesmos valores. A rede IPI: afirma uma actividade de consultadoria orientada para a inovação, o desenvolvimento estratégico, a potenciação de oportunidades, a implementação de projectos e a concretização de iniciativas; adopta uma morfologia interdisciplinar, assumindo a dinâmica do risco e a partilha do conhecimento na confiança e numa ética de responsabilidade. A rede IPI actua nas seguintes áreas: Desenvolvimento regional, local e sectorial; Microempresas e trabalho; Inovação e qualidade; Ambiente; Património cultural; Análise de impacte económico e fiscal; Indicadores de actividade económica. Na constituição das suas equipas, a IPI escolhe pessoas com carreiras e experiências profissionais consolidadas e reconhecidas na vida académica, na administração pública e na administração de empresas. 70 Plano de Desenvolvimento Turístico de Serpa – Parte 2 Neste trabalho colaboraram: Coordenador: − Professor Dr. Carlos Laranjo Medeiros Consultores especialistas: − Dr. António Abrantes − Professora Doutora Carminda Cavaco − Mestre Graça Joaquim − Drª. Paula Oliveira Investigadores: − Engª. Andreia Salvado − Eng. Bruno Vila Lobos 71