Anais do II Seminário Nacional Literatura e Cultura
Vol. 2, São Cristóvão: GELIC, 2010. ISSN 2175-4128
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O HERÓI PROBLEMÁTICO E SUA BUSCA PELA TOTALIDADE: FUNDAMENTOS PARA
UMA DISCUSSÃO NA PERSPECTIVA ESTÉTICA D’A TEORIA DO ROMANCE, DE
GEORG LUKÁCS
Rosa Lúcia Miguel Fontes1 (UFMG)
“Uma vez que a liberdade explode no peito de um homem, contra este
homem nada mais podem os deuses.”Jean-Paul Sartre
Com a condição expressa por Sartre no texto da epígrafe, instaura-se no homem
moderno a angústia, uma vez que na liberdade está contida sua responsabilidade de fazer
escolhas. Todavia, diante dela, o homem se retém e, assim, se ilude ao acreditar que não foi
obrigado a escolher. A inquietude, o tormento decorrem da consciência de que são as
escolhas que definem o homem e que elas podem afetar de maneira irreparável seu próprio
mundo. Este sofrimento decorre, portanto, da consciência da liberdade e do receio de usá-la
de forma errada.
Em Angústia, (1936) há o protagonista Luís da Silva, de natureza introspectiva,
reservado em seu mundo, avesso ao convívio social. O romance apresenta, de uma forma
violenta e cruel, a trajetória de um intelectual insatisfeito com tudo e todos à sua volta e,
sobretudo, com seu trabalho burocrático, por não admitir a literatura encomendada que é
obrigado a praticar, e contrariado por vender alguns de seus poemas em momentos de
apertos financeiros, como ele próprio narra.
Habituei-me a escrever, como já disse. Nunca estudei, sou um ignorante, e
julgo que os meus escritos não prestam. Mas adquiri cedo o vício de ler
romances e posso, com facilidade, arranjar um artigo, talvez um conto.
Compus no tempo da métrica e da rima, um livro de versos. Eram duzentos
sonetos, aproximadamente. Não me foi possível publicá-los, e com a idade
compreendi que não valiam nada. Em todo caso acompanharam por onde
andei. Um dia, na pensão de d. Aurora, o meu vizinho Macedo começou a
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Rosa Lúcia Miguel Fontes – mestranda em Teoria da Literatura – FALE/UFMG.
Contato: [email protected].
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elogiar um desses sonetos, que por sinal era dos piores, e acabou
oferecendo-me por ele cinqüenta mil-réis. Nem foi preciso copiar: arranquei
a folha do livro e recebi o dinehiro, depois de jurar que a coisa estava
inédita (RAMOS, 2001, p.45).
Nesta perspectiva, este artigo tem a intenção de analisar o herói problemático, com
base na Teoria do Romance, (2000) de Georg Lukács, (1855-1971) uma vez que a figura do
herói solitário, vivida pelo personagen Luís da Silva, corresponde à figura de um herói
“polêmico e problemático” e humilhado sob o peso das injustiças sociais. No romance, o
escritor busca legitimar na criação de um personagem um ser situado no seu tempo e no
seu espaço, descrevendo um indivíduo isolado, vivendo na solidão. De acordo com Walter
Benjamin, (1892-1940) em Magia e técnica, arte e política (1996), “a matriz do romance é o
indivíduo em sua solidão, o homem que não pode mais falar exemplarmente sobre suas
preocupações, a quem ninguém pode dar conselhos, e que não sabe dar conselhos a
ninguém”. E acrescenta: “escrever um romance significa descrever a existência humana”
(BENJAMIN, 1996, p. 54).
Angústia apresenta um narrador personagem frustrado e atormentado pela vida. Luís
da Silva vive um pesadelo. Impossibilitado de conviver com sua rotina, passa a conviver
com um crescente sentimento de emulação que o impele ao crime. Neste confronto, surgem
as prisões internas impostas a ele mesmo, marcadas por vivência pessoal e mal estar de
sobreviver em uma sociedade da qual se sente expelido. Luís da Silva tem sempre uma
atitude de repreensão consigo mesmo; sua palavra é feroz e sua consciência está situada à
beira da loucura. Algumas vezes, encontra-se com amigos, vai ao café, lê jornais, mas seu
espírito está sempre insatisfeito.
E gosto do café, passo lé uma hora por dia, olhando as caras. Há o grupo
dos médicos, o dos advogados, o dos comerciantes, o dos funcionários
públicos, o dos literatos. [...] A mesa que me sento fica ao pé da vitrina dos
cigarros. É um lugar incômodo. [...] Contudo não poderia sentar-me dois
passos adiante. [...] É agradável observar aquela gente. [...] Passo ali
encolhido junto à porta, distraio-me (RAMOS, 2001, p. 23 e 24).
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No entanto, o conflito se instaura quando se apaixona por sua vizinha, Marina. Até
este momento era um homem arredio sim, mas equilibrado financeiramente, desenvolvia
seu trabalho diário e encetava conversa com poucos amigos.
Para entender o juízo de Luís da Silva e o movimento do sentido no livro, é
necessário compreender o romance como forma épica moderna. De acordo com Bakhtin,
(1895-1975) em Questões de literatura e estética A teoria do romance (2002), “O romance
introduz uma problemática, um inacabamento semântico específico e o contato vivo com o
inacabado, com a sua época que está se fazendo (o presente ainda não acabado)”
(BAKHTIN, 2002, p. 400).
Lukács confere a luta interna do herói ao “mundo abandonado por deus”, quando a
“alma sai a campo para conhecer a si mesma” (LUKÁCS, 2000, p.91), por conseguinte, Luís
da Silva representa esta “alma” que está no momento de “conhecer a si mesma”. Ele é um
indivíduo participante do mundo com uma trajetória de vida marcada, sobretudo, por uma
formação intelectual, o herói tem consciência dolorosa de todas as transformações que o
cerca. Ele se define por sua existência e como essa existência condiciona a relação dele
consigo próprio, ou seja suas escolhas. De acordo com Lukács,
No destino que dá forma e no herói que, criando-se encontra-se a si
mesmo, a pura essência desperta para a vida, a simples vida aniquila-se
perante a única realidade verdadeira da essência; para além da vida, foi
alçado um nível de ser repleto de uma plenitude ricamente florescente,
diante da qual a vida cotidiana não serve nem sequer de contraste
(LUKÁCS, 2000, p.32).
Luís da Silva busca tenazmente o sentido da vida. Na forma do romance, Graciliano
Ramos (1892-1953) o determina e o individualiza. A principal característica deste herói é
viver a sua essência num determinado momento de sua vida na forma romanesca que
também o atualiza. Essa essência torna-se uma unidade interna que confere ao herói
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atributos que o faz ser justamente o que ele é: ser dotado de vontades, capaz de criar um
mundo independente que existe somente na essência dele próprio.
O destino de Luís da Silva ultrapassa a particularidade para a universalidade. Este
sujeito distanciado do convívio social, amargurado por seus valores degradantes, realça e
se supera na ficção. Toda a sua problemática, todo o seu dilaceramento constituirá um dos
aspectos mais importantes para estudar e entender o romance na era moderna. De acordo
com Lukács, Luís da Silva é um personagens significativo
apenas em sua relação com o mundo de ideais que lhe é superior, mas
este, por sua vez, só é realizado através da vida corporificada nesse
indivíduo e mediante a eficácia dessa experiência. Assim [...] o equilíbrio
entre ambas as esferas da vida, irrealizadas e irrealizáveis em seu
isolamento, faz surgir uma vida nova e autônoma, dotada – embora
paradoxalmente – de sentido imanente e perfeita em si mesma: a vida do
indivíduo problemático” (LUKÁCS, p. 78-79).
Como homem isolado, visto que no “Novo Mundo”, ser homem significa ser solitário”,
(LUKÁCS, 1999, p.34) Luís da Silva é um herói a priori com características individuais, cheio
de inadequações perante a sociedade. Ele representa um herói típico do romance moderno
que foge à concepção clássica da figura do herói na epopéia: aquele que luta para defender
um ideal, que representa uma nação. Houve transformações no caráter deste homem
moderno de tal maneira que ele não é mais como um Aquiles ou um Hércules. Ele é um ser
só, um desconhecido na multidão e a sua luta é para defender o seu próprio “universo”, quer
seja, sua formação, sua vivência, tão diferentes dos heróis clássicos que na Teoria do
romance, Lukács define como “afortunados”. O percurso do herói no romance moderno
transforma-se em relação ao herói épico, o destino a ser traçado por ele é acima de tudo
pessoal e não o de toda uma comunidade.
Lukács inicia assim A teoria do romance apresentando este mundo dos heróis
gregos, num tempo distante e harmônico. Neste mundo de composição uniforme, há uma
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dualidade perfeita e integrada entre o interior e exterior, o que torna o homem equilíbrado e
isento de dor. Na “idade da epopéia” tudo se configurava em conformidade. Ainda que o
homem encontrasse obstáculos, não sentia-se perturbado, pois o mundo da epopeia é
perfeito, fechado e acabado. De acordo com Lukács,
O mundo é vasto, e no entanto é como a própria casa, pois o fogo que arde
na alma é da mesma essência que as estrelas, didtinguem-se deles
nitidamente, o mundo e o eu, a luz e o fogo, porém jamais se tornarão para
sempre alheios um ao outro, pois o fogo é a alma de toda luz e de luz vestese todo o fogo. Todo ato da alma torna-se, pois, significativo e integrado
nessa dualidade (LUKÁCS, 2000, p. 25).
Lukács, ao descrever este mundo perfeito, evidencia as imperfeções do mundo
moderno. E ao comparar as duas épocas, mostra também como o homem grego constituiu a
sua “essência transcendental” a que o homem moderno nunca alcançou. Faltou ao homem
moderno a “substância verdadeira” que os gregos tinham. Faltou ao homem o que era
natural ao grego; a totalidade, pois totalidade para Lukács “só é possível quando tudo já é
homogêneo” (LUKÁCS, 2000, p. 31).
Em sua teoria, Lukács diz que o herói do romance tem de enfrentar a busca, abre-se
espaço para a ação individual e o indivíduo escolhe seus caminhos e fins, passando por
angustiantes questões existenciais para alcançar (ou não) seu objetivo. O herói moderno
pode falhar. E este é o processo de surgimento do indivíduo, em sua busca por sentido, que
dá forma ao romance. Cabe ao herói romanesco, este novo personagem, buscar à
totalidade e Lukács n’A teoria do romance apresenta quão diferente será o percurso do
indivíduo na sua busca e como isso vai refletir na configuração do romance.
A epopéia dá forma a uma totalidade de vida fechada a partir de si mesma,
o romance busca descobrir e construir, pela forma, a totalidade oculta da
vida. A estrutura dado do objeto – a busca é apenas expressão, da
perspectiva do sujeito, de que tanto a totalidade objetiva da vida quanto sua
relação com os sujeitos nada têm em si de espontaneamente harmonioso –
aponta para a intenção da configuração: todos os abismos e fissuras
inerentes à situação histórica têm de ser incorporados à configuração e não
podem nem devem ser encombertos por meios composicionais (LUKÁCS,
2000, p. 60).
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Para Lukács, o romance surge da “dissolução da narrativa medieval” e somente no
século XIX ele se confirma “como forma típica de expressão da consciência burguesa da
literatura” (LUKÁCS, 1999, p.88). N’A teoria do romance, Lukács retoma a indicação de
Hegel e mostra a importância do filósofo em sua abordagem histórico-filosófica para
determinar a oposição entre epopéia e romance e apresenta o romance como gênero mais
representativo da modernidade, uma vez que o romance corresponde “à epopéia de uma
era para qual a totalidade extensiva da vida não é mais dada de modo evidente, para o qual
a imanência do sentido à vida se tornou problemática, mas que ainda assim tem por
intenção a totalidade" (LUKÁCS, 2000, p.55).
Nesta forma do romance, que é estudada por Lukács, está caracterizado o herói –
como ele o designou problemático – e sua busca por valores autênticos, mas que em razão
de um mundo degradado, também estão degradados. No entanto, estes valores autênticos
não estão expressos formalmente no romance e variam de um romance para outro, como
também não são apresentados de maneira concreta, eles se configuram na consciência do
romancista, conferindo assim o caráter ético da obra. De forma que o escritor, segundo
Lukács, em seu “ato criador”, ao ultrapassar a consciência de seus heróis determina a
condição da narrativa; o “criador”, além de conhecer o seu herói, conhece também a sua
própria consciência. O romance torna-se assim o único gênero literário em que a “ética do
escritor converte-se em problema estético da obra”. Assim, o romance é um gênero literário
em que o ponto central é o surgimento de duas degradações – a do herói e a do mundo, ou
seja, o herói do romance em sua busca degradada constituirá o conteúdo desse novo
gênero, o romance.
O romance é a epopéia do mundo abandonado por deus; a psicologia do
herói romanesco é a demoníaca; a objetividade do romance, a percepção
virilmente madura de que o sentido jamais é capaz de penetrar a realidade,
mas de que, sem ele, esta sucumbiria ao nada da inessencialidade – tudo
isso redunda numa única e mesma coisa, que define os limites produtivos,
traçados a partir de dentro, das possibilidades de configuração do romance
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e ao mesmo tempo remete inequivocamente ao momento histórico-filosófico
em que os grandes romances são possíveis, em que afloram em símbolo do
essencial que há para dizer. A mentalidade do romance é a virilidade
madura, e a estrutrura característica de sua matéria é seu modo
descontínuo, o hiato entre interioridade e aventura (LUKÀCS, 2000, p. 8990).
O herói de Angústia esta dentro de uma circunferência que fez com que seu caráter
problemático influenciasse seu destino, seu destino fracassado. De acordo com Lukács, “a
psicologia do herói romanesco é o campo de ação do demoníaco” (LUKÁCS, 2000, p. 92) e
a luta, o conflito de Luís da Silva se deu justamente neste campo. Oprimido pelos
acontecimentos, Luís da Silva persegue seu rival. Paulatinamente, amplia-se seu drama
interior, sente-se ínfimo diante da prepotência de Julião Tavares e percebe que não há outra
saída a não ser eliminar seu rival. Para Luís da Silva, ao ser pôr como assassínio de seu
rival, ser-lhe-ia concedida a sua liberdade.
Durante a narrativa, são vários os momentos em que Luís da Silva anuncia a morte
de Julião Tavares. Até em situações exteriores a seu rival, o protagonista é tomado por
desejos de mortandade extremamente cruéis, como bem exemplifica a seguinte passagem.
Necessário que ele morresse. Julião Tavares cortado em pedaços, como o
moleque da história do seu Ramalho contava. [...] Julião Tavares morreria
violentamente e sem derramar sangue. Em sonhos ou acordado, vi-o roxo,
os olhos esbugalhados, a língua fora da boca. [...] Lembrava disse e
apalpava
com desgosto os meus muques reduzidos. Que miséria!
(RAMOS, 2001, p.140-142).
Luís da Silva acreditou que com esse ato poderia ver-se livre de todas as suas
culpas, que Julião Tavares fosse o único entrave a prejudicar a sua vida. Com a prática
criminosa, o herói de Angústia pensou que alcançaria o que sempre buscara, pois a
sensação de liberdade que sentiu, no ato do crime, ele ainda não havia experimentado.
O crime praticado por Luís da Silva é um ponto alto no romance. É também elemento
recorrente nas narrativas. Criar personagens que o praticam, num momento de desatino, é
uma das formas usadas pelos narradores para mostrarem uma nova realidade que se
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estabeleceu: o aceleramento industrial; a criação das grandes metrópoles; contrapondo com
a miséria das cidades, a crise da produção no campo e as más condições de vida da
maioria da população. Assassínios a sangue frio como Mersault, em O estrangeiro, (1942)
de Albert Camus, (1913-1960) que mata de forma tão fútil, prenunciam todo o “vazio moral
da modernidade.”
Há a possíbilidade de Luís da Silva ser um herói humanizado, especialmente, por
carregar o peso do fracasso nas costas. Todavia, a constituição deste herói é pautada em
valores que irão ressaltar seu fracasso para assim problematizá-lo, surgindo uma nova
imagem, um novo valor para o herói moderno. E esta é a complexidade do herói. Por ser
constituído dessa forma, ele será sempre inacabado, não totalmente realizado. Ele
encontra-se frequentemente na metade do caminho entre o bem e o mal. Esse tipo de herói
corresponde à teoria de Lukács na qual “a intenção fundamental determinante da forma
romance objetiva-se como psicologia dos heróis romanescos: eles buscam algo. [...] Em
outras palavras: pode-se tratar de crime ou loucura e os limites que separam o crime do
heroísmo aclamado [...]” (LUKÁCS, 2000 p.60).
N’A teoria do romance, Lukács apresenta como a forma do romance é consequência
do processo histórico e filosófico que se instaurou na sociedade moderna. Assim as
narrativas épicas cederam lugar para os conflitos internos e particulares do herói moderno.
Ademais, não é mais possível criar heróis classícos que lutam por uma coletividade, por
uma totalidade do mundo. A luta agora é solitária, é o embate do homem com ele mesmo.
Dessa forma, o romance traz um herói com toda carga de subjetivismo, apresentando toda
sua problemática e sua relação com a sociedade.
Se na epopeia o herói faz parte de um todo e sua história reflete a homogeneidade
da comunidade, não é isso que ocorre em Angústia. Luís da Silva é um personagem
centrado, sua narrativa, carregada de subjetividade, reflete seu eterno conflito em relação às
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pessoas e sua inadequação na sociedade. Essa forma de ser do personagem é um dos
sinais que o diferencia da epopeia. Ao destacar todos os dilemas, toda a solidão do herói, o
romance revela um ser dentro do seu contexto histórico e social.
Dito isto, percebe-se que Luís da Silva, em sua busca, mostra o que é essencial a
ele. A sua problemática é fazer com que a sua busca não seja infritívera e, embora tenha
sido completamente individual, simbolizou não só a individualidade do personagem, não só
a certeza de que ele sempre estará sozinho, mas, sobretudo, simbolizou a sua natureza, a
natureza humana.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética. A teoria do romance. 3º. ed. São
Paulo: Ed. Unesp/hucitec, 2002.
BENJAMIM, Walter. A crise no romance. Sobre Alexanderplatz, de Doblin e O narrador.
Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: _________. Magia e técnica, arte e
política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas, V. 1 São Paulo: Ed.
Brasiliense, 1996.
CAMUS, Albert. O estrangeiro. Trad. de Valerie Rumjaneck. Rio de Janeiro: Ed. Record,
1986.
COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora,1986.V.5
GOLDMANN, Lucien. Sociologia do romance. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 1967.
LUKÁCS, Georg. A teoria do romance: um ensaio histórico filosófico. Tradução/posfácio
e notas de José Marcos Mariani de Macedo. Editora 34º. ed. São Paulo: Duas Cidades.
2000.
______________. O romance como epopéia burguesa. Ensaios ad hominem 1. Revista de
filosofia/política/ciência da história. S.A: Estudos e Edições Ad Hominem, 1999. p. 87-117.
RAMOS, Graciliano. Angústia. São Paulo: Record, 200l.
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