R A importância da segunda opinião ??????? MULHER DE TOM HANKS FAZ DUPLA MASTECTOMIA E RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA Descobri isto cedo “ ” É a mais recente celebridade a revelar o diagnóstico de cancro da mama e o tratamento a que foi submetida. Rita Wilson apela a que todos procurem uma segunda avaliação. N “ a semana passada, com o meu marido ao meu lado, e com o amor e apoio da minha família e amigos, submeti-me a uma dupla mastectomia e reconstrução, depois de me ter sido diagnosticado um cancro da mama lobular invasivo”. Foi desta forma emotiva e sincera que Rita Wilson, mulher de Tom Hanks, revelou há dias à revista People tratar-se de mais uma vítima do cancro da mama. A atriz e produtora, de 58 anos, havia recentemente realizado duas biópsias que mostraram que não tinha cancro. Aconselhada por uma amiga que havia enfrentado a mesma doença – e seguindo a sua própria intuição –, Rita procurou uma segunda opinião e o diagnóstico foi positivo. “Estou a recuperar e, mais importante, esperam que recupere totalmente. Porquê? Porque descobri isto cedo, tenho médi- ACONSELHADA POR AMIGA Depois de fazer duas biópsias que indicavam que não tinha cancro da mama, Rita procurou outro médico e o resultado foi aquele que temia 48 NOVA GENTE cos excelentes e porque procurei uma segunda opinião.” Mãe de dois filhos, Rita Wilson (após a cirurgia em que removeu completamente as duas mamas) partilhou a entrevista no seu perfil de Facebook, com um apelo na legenda: “Estou a partilhar isto para mostrar às pessoas que uma segunda opinião pode ser crítica para a nossa saúde. Não tens nada a perder se as duas opiniões forem iguais e só tens a ganhar se alguma coisa nova for descoberta, o que acontece. O diagnóstico precoce é a chave”. A mulher de Tom Hanks estava atualmente a trabalhar numa peça de teatro, Fish in the Dark, e espera que o seu testemunho encoraje todas as mulheres a não irem abaixo depois de uma primeira avaliação ao seu estado de saúde. Muito pelo contrário. Texto: NEUZA GOMES ([email protected]); Fotos: ARQUIVO Colocamos duas questões ao dr. Luís Costa, director de Oncologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa: Qual a importância de procurar uma segunda opinião, após recebido um diagnóstico? As situações médicas mais complexas, quer seja pela incerteza no prognóstico ou pela existência de múltiplas opções terapêuticas para a mesma situação, não são raras e justificam a procura de uma segunda opinião. Esta segunda opinião, na maior parte das vezes, serve para confirmar a proposta já orientada pelo médico ou equipa médica assistente. Mesmo assim, tem sempre valor porque reforça a confiança nas opções propostas. Tem-se, então, mais a ganhar do que a perder? As situações que mais frequentemente requerem uma segunda opinião são as de dúvidas num diagnóstico (sobretudo se for uma doença rara); as que decorrem de doenças com prognóstico incerto ou com múltiplas alternativas terapêuticas (cirurgia ou não cirurgia). Portanto, para a maioria das situações médicas não necessitamos de uma segunda opinião. Para algumas doenças, nomeadamente as oncológicas, que se enquadram nas características anteriormente referidas é frequente a procura de uma segunda opinião. A forma como o doente é orientado para a obtenção dessa segunda opinião não é muitas das vezes a melhor. Os doentes precisam de guidance sobre como encontrar uma opinião de mais valia para a sua situação em concreto. A melhor forma de obter uma segunda opinião é aquela que é promovida pelo médico assistente (equipa médica) e não tanto pela multiplicidade de informação não qualificada que chega ao doente e aos seus familiares.Ganha-se sempre algo quando se procura, justificadamente e adequadamente, uma segunda opinião: um conselho ou orientação útil; um reforço de opções propostas; uma maior confiança no acompanhamento médico. Uma segunda opinião, inadequadamente obtida, pode ser prejudicial porque pode não provir de um verdadeiro expert no assunto e pode ser perturbadora de um plano terapêutico que estava bem orientado.