Arsuna Moruma Indice Onde vivo I. Olhares encarnados II. III. Descoberto IV. À vizinha Chinesa V. VI. Amade o monhê do meu quarteirão Em sua custodia VII. VIII. Sol a 1000 Dentre as grades IX. X. Arsuna Moruma Amiga Cirineu Grego ONDE VIVO Onde vivo; Só eu conheço; Gente de menosprezo; Onde posso fazer o recomeço. Arsuna Moruma Murmúrios encarcerados; Por acções martirizadas; Por vínculos declarados; Em mentes ferroadas. Ferroadas pelo recomeço; De viver a sofrer pela; Pestilência da fome; Que a eles sempre assole. Gente de olhares cronometrados; De ódio e em betumada burrice; Nada interdite-os; Mais Deus que livre-os. OLHARES ENCARNADOS Arsuna Moruma Olhares encarnados Por estado desgastado De uma vida prevaricada Pelo sofrimento alheio sem proveito Que pelos nobres se propaga Petizes fatigados, por uma vida E desperdício enfático… Enrugado no meu ditirambo maleável Fermentando acção censurável Não me posso calar. Idosos pelo tempo que pelo arrastados Pelo negativismo da africanisse dilatados Mas em cada irritação destes Homens oprimidos Poderá resultar numa neoplastia Que gerará uma neurastenia. Arsuna Moruma AMIGA (Escrita) Amor platónico, que né Platão imaginou Que pela primeira vista em mim fecundou Sobrepondo-me neste árduo sentimento Minha razão nisto me fundamento. Amo-te como nada… Unir-me contigo, gostaria fazer mais que uma década Em cada desfio da minha mente enfiada Na tua perfeição comportada. És pra mim uma amiga singular Que me fazes sentir impar Quando dialogamos no ondular Do desejo inefável do crespular Possues rosto que só eu contemplo És pra mim Afrodite, pois estas em mim a todo tempo Arsuna Moruma Da meditação e reflexão lusófona Pelo benefício da lavoura humana. DESCOBERTO Porque te fazes por desentendido Lá nas ruas de betão esculpido Que decorra a autarquia Pelos murros de hipocrisia da paróquia. Teus pensamentos, castigados pela utopia Desiludida pela sinfonia de miséria Engrandecendo-te demais, sentindo – te superior Aos que te fizeram ser, multicor e sonhador. Te direi hoje, oh! Perdeste a vanguarda Que outrora possuías por salvaguarda Teus ascendentes te acham um demónio Por mais que finjas no alpendre do refeitório. Arsuna Moruma Escute pelo menos o meu desafiando assobio De quem pela tua desconsideração, sente o frio Te exibes através o teu exterior… Ah! A! Mesmo assim és um pobre sonhador. Á VISINHA CHINESA Ao raiar do dia O mesmo sorriso que em sua boca jazia Estampado, exibindo seus dentes emmarfinados Mulher de palavras e meia. O seu físico pouco importa És por tudo composto Contigo não me perco Pra te ter é o que a Deus peço. Em ti minha curiosidade tem resposta Arsuna Moruma Que da minha pequeninice mental ta posta Neste árduo mar de personalidades, tu és a lagosta Que vagas na minha costa. Que me prende pela retórica Em dócil cadeia teórica Da sua persuasão de clímax Em sintonia de viva galax. AMADE O MONHÉ DO MEU QUARTEIRÃO De barbas penteadas Linguagem insolente e de verbalizações afiadas De quem tem pouco papo Em cada transacção, em cada acto. Sua batina e cofio de heresia Velando-se no seu sorriso de maçonaria Seu olhar de opressor fanático Arsuna Moruma De origem sanguínea do extremo asiático. Pouco se importa com o carente Não conhece a solidariedade, pois e ingente Com seu nariz empenado e seu olhar pra seu umbigo Não sabendo que carrega em si um castigo Olhar de desprezo a vossa negritude Aprisionando-se pela inquietude EM SUA CUSTODIA… Deslizando e escorrendo Dos montes vem ascendendo Em sua fútil fragrância Debicando-se em sua elegância Arsuna Moruma Em cada novo dia… Ah! Tudo já existia Quando vejo os vales… Ribeirões, matas são mistérios dos ares Que são indecifráveis As acções divinas são imutáveis Desde a manha de domingo Sobrevoarei sobre todas especulações como o flamingo. Se eu aterrar Qual será este lugar Lugar este que há em mim Onde bisbilhotarei a videira do alecrim Que só Deus o detêm… Novamente, lançarei minhas asas… O SOL A 1000… Nesta triste andança solitária Sem ninguém pra me apaziguar Arsuna Moruma Me ostentar desta cruel dor Que destrui a minha nostalgia. Choraste bastante quando a ti deixei Senti bastante mas tive que seguir meu instinto Sentimentos egoístas e agora! O que sinto… É tamanha saudade, assim desfalecerei Gostaria de estar com ela agora Só tenho lembranças engavetadas em meu coração Porque a deixei quando a achei, esta é a confissão Pois fui ignorante a ela, todo o tempo que se fora. Nestas circunstâncias embaraçosas Nada a não ser lacrimejar somente Porem reconheço que fui indecente para com ela… Por esse amor darei todas as coisas Para voltar para ela novamente. Arsuna Moruma DENTRE AS GRADES Vendo o sofrimento pelas janelas Desenrolando-se em meu salutar Coagido pelo suspiro, paixão de amar De ser eu, em vez dessas frágeis crianças na cancela… Da negritude enfeitada em falsidade Cheio de bruxaria, burrice e insensatez Não cruzarei os dedos… tocarei na minha tenaz Abrasadora e pelo suspiro limarei a comunidade Encobridora os actos lubrificados pelo chão de África. Entre genocídio e feitiço Acusações e mortes e especulações Que vão abrangendo e afectando emoções Onde jaze o nosso bom siso? O mundo negro esta atritado de sangue sem dono e inocente Arsuna Moruma A martirizados em situações irracionais Pelas vontades de viver e vendo-nos, salpicados em umbrais Nossas mentes estão amortizadas, sem decência CIRINEU GREGO Em olhares secos Imergidos em lágrimas de sol Me encontro na imensidão dos ombros Descurados pelo martelo caracol. Dentre árvores da sexta-feira Encubo-me do pensamento idóneo De ontem Febril autarquia assoalhada Enodoada pela moda abalada. Em passos de medo Gotejando o venho de ontem Arsuna Moruma Me apego ao amarado Licor falante do nordeste. O vento falando Em voz evocante e clamando Ao meio dia convidando. Arsuna Moruma