Realização:
A Implantação da INCUBAVALE - Incubadora de Empresa do Vale
do São Francisco, no Município de Petrolina-PE: uma ação de
estruturação local-regional para o empreendedorismo e inovação.
José Geraldo Pimentel Neto1
Marcia Maria Pereira Lira2
Geraldo de Magela Souza Catão3
Resumo
A implantação de uma incubadora de base tecnológica na região do Vale do São Francisco,
em Pernambuco (Petrolina), era uma ação vislumbrada pelo Governo do Estado de
Pernambuco, pois é uma região com um grande dinamismo econômico. Além disso,
desenvolveria as ações de políticas públicas para a interiorização, desenvolvimento localregional e Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado. Neste sentido, a partir de um
instrumento de pactuação (Contrato de Gestão) entre o ITEP (Instituto de Tecnologia de
Pernambuco) e a SECTEC (Secretaria de Ciência e Tecnologia), em 2009, iniciou-se o
processo de articulação institucional local-regional para a criação da Incubadora do Vale do
são Francisco – INCUBAVALE. Pelo fato do ITEP possuir, a mais de vinte (20) anos, uma
Incubadora de Empresas – INCUBATEP (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do
Estado de Pernambuco) garantiu a experiência para iniciar o processo de implementação e
desenvolvimento de incubadoras no Interior do Estado de Pernambuco. O projeto piloto foi
iniciado no Vale do São Francisco, depois de um estudo de viabilidade econômica,
mostrando que a região possui um grande potencial econômico, pois em sua microrregião
interagem dois Estados: Pernambuco e Bahia. Na totalidade da regionalização existem,
para o ano de 2010, 898.396 habitantes (Censo do IBGE), e um PIB (produto Interno bruto)
de R$ 6.283.183.000,00, no ano de 2009, para os setores de Agropecuária, Indústria e
Serviços. Em Petrolina, cidade sede da INCUBAVALE e polo da região, localiza-se no
extremo oeste do estado (PE) a 800 quilômetros distância de Recife (Capital Regional) que
privilegia a cidade tornando-a um importante nó interestadual, com grandes interações
municipais, sendo uma referência na região do semiárido Nordestino Brasileiro. Além disso,
possui uma rede de instituições: de ensino (UNIVASF, IF-SERTÃO-PE, FACAPE),
Instituições federais de pesquisa: (Embrapa e Codevasf), sistema S: SEBRAE, SENAI, IEL,
além das instituições locais tais como a Prefeitura e suas secretarias que proporcionam
maiores possibilidades para a implementação e desenvolvimento da incubadora na região.
Neste sentido, o objetivo do artigo é mostrar os principais procedimentos metodológicos,
aspectos inovativos, resultados e aprendizados para o desenvolvimento da articulação entre
essas instituições locais-regionais e implementação da INCUBAVALE.
1
Geógrafo e mestre em Geografia pela UFPE. Coordenador técnico da Incubadora de Empresas de Base
Tecnológica do Estado de Pernambuco – INCUBATEP/ITEP [email protected] Fone: (81) 31834381
2
Química e Mestre em Gestão e Política Ambiental pela UFPE. Superintendente de Inovação Tecnológica
(SITEP) do Instituto de Tecnologia de Pernambuco – ITEP – [email protected] Fone: (81) 31834367
3
Engenheiro civil pela UFPE e especialista em Quality Control for American Society. Gerente da Incubadora de
Empresas de Base Tecnológica do Estado de Pernambuco – INCUBATEP/ITEP [email protected] Fone: (81)
31834293
Palavras-chaves:
Petrolina (PE), Instituições, Implementação, Desenvolvimento, Incubadora de empresas.
Implantation of INCUBAVALE - Incubator Company of the São
Francisco, the city of Petrolina-PE: a share of Regional-place
structure for entrepreneurship and innovation.
Abstract
The implementation of a technology-based incubator at the region of Vale do São Francisco,
in Pernambuco (Petrolina) was an action glimpsed by the State Government of Pernambuco
due to the fact that it is a region with great economic dynamism. Furthermore, it would be
developed the actions of public policies for internalization, local-regional development and
Science, Technology and Innovation of the State. In this sense, as an instrument of
agreement (Contract of management) between the ITEP (Pernambuco Institute of
Technology) and SECTEC (Department of Science and Technology) in 2009 began the
process of local-regional institutional coordination for the creation of the Incubator of Vale do
São Francisco - INCUBAVALE. Because of the ITEP possess more than twenty (20) years, a
Business Incubator - INCUBATEP (Technology Business Incubator of the State of
Pernambuco) guaranteed the experience to begin the process of implementation and
development of incubators in the Interior of the State Pernambuco. The pilot project was
launched in the Vale do São Francisco, after an economic feasibility study, showing that the
region has great economic potential because in its micro-region two states interact:
Pernambuco and Bahia. In the entirety of regionalization are, for the year 2010, 898,396
inhabitants (IBGE Census), and a GDP (Gross Domestic Product) of R$ 6,283,183,000.00, in
2009, for the sectors of Agriculture, Industry and services. In Petrolina, host city of
INCUBAVALE and hub region, located in the extreme west of the state (PE), 800 kilometers
away from Recife (Capital Region) which favors the city making it an important interstate
node with large local interactions being a reference in the semi-arid region of the Brazilian
Northeastern. Furthermore, It has a network of institutions: Education (UNIVASF, IFSERTÃO-PE, FACAPE), Federal research institutions: (Embrapa and Codevasf) system S:
SEBRAE SENAI, IEL, and local institutions such as the Prefecture and its departments which
provide greater possibilities for the implementation and development of the incubator in the
region. In this sense, the article aims to show the main methodological procedures,
innovative aspects, results and lessons for the development of links between these
institutions, regional and local, and implementation of INCUBAVALE.
Keywords:
Petrolina (PE), Institutions, Implementation, development, business incubator.
Introdução:
Em Pernambuco há uma forte concentração industrial na região litorânea do Estado. No
período de 2008 – 2011, a estratégia de desenvolvimento do Governo de Pernambuco teve
como um dos focos prioritários a interiorização do desenvolvimento, valorizando o estímulo
aos arranjos produtivos locais, multiplicando o acesso à geração de emprego e renda na
indústria, na agricultura ou no comércio e serviços. Além da articulação de ações de atração
de investimentos para infraestruturas, de forma a aumentar o potencial de implantação das
políticas definidas para o desenvolvimento do Estado. Neste contexto, no ano de 2010, e de
forma pioneira em Pernambuco, o governo aportou recursos estaduais para implantação de
uma incubadora de empresas voltada para o fortalecimento do Arranjo Produtivo Local
(APL) da Fruticultura Irrigada na região do Vale do São Francisco. A característica que se
destaca neste APL, em relação aos demais do Estado de Pernambuco, é o seu alto nível de
inovação tecnológica, em decorrência da necessidade de se manter no mercado
internacional. No Brasil, 96% das frutas exportadas, são do Vale do São Francisco. A
microrregião do Vale do São Francisco abrange os Estados de Pernambuco e Bahia, com
898.396 habitantes (IBGE 2010), e PIB de R$ 6.283.183.000,00, no ano de 2009, para os
setores de Agropecuária, Indústria e Serviços. Em Pernambuco, Petrolina é a cidade polo,
localizada no extremo oeste do estado a 800 quilômetros de distância de Recife. Petrolina é
uma espécie de nó interestadual, com grandes interações municipais, sendo uma referência
na região do semiárido Nordestino Brasileiro.
Sob a ótica das atividades econômicas do Vale, de maneira resumida, destacam-se:
Perímetros irrigados de alta dinâmica produtiva;
Cadeia produtiva vitivinícola em expansão;
Infraestrutura de transporte, energia e comunicações que favorecem principalmente os
espaços mais dinâmicos;
Bases agroindustriais, industriais, de comércio e de serviços especializadas instalados
nos centros urbanos mais destacados;
Existência de universidades, centros e escolas técnicas federais, empresas e centros de
pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
Serviços especializados, de suporte à produção e à comercialização, focados na
exportação de uva e manga;
Empreendedorismo empresarial concentrado nos focos de desenvolvimento da região.
A geração de inovações tecnológicas é uma condição para o avanço na modernização da
agricultura. Nesse sentido, o Polo é favorecido pela presença da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA e, ainda, de instituições de ensino, pesquisa e difusão
tecnológica na região, dotadas de pessoal qualificado, a exemplo de faculdades (inclusive
de Agronomia), do IFET e escolas técnico-profissionalizantes do SENAR, SENAI, SENAC e
do SEBRAE, dentre outras instituições governamentais e não governamentais existentes na
região. Um passo muito importante nesse sentido é a instituição, criada em 2002, da
Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF com sede em
Petrolina (PE) e campus em Juazeiro-BA. Ainda assim, o processo de incubação de
empresas era um tema desconhecido e gerou, inicialmente, desconfiança, quanto ao
sucesso, das instituições locais no estabelecimento das parcerias necessárias para um
empreendimento desta natureza. Na fase seguinte, os múltiplos interesses dificultaram
sobremaneira a interinstitucionalidade necessária para dar suporte ao esforço de
estabelecer as relações entre o setor privado e as instituições públicas e de ensino.
O poder local e suas especificidades, num país como o Brasil que possui uma grande
dimensão territorial, cultura diversificada e escalas administrativas de poderes diferentes
(municipal, estadual e federal), requereram uma imersão nas particularidades locais e, em
especial, no respeito à identidade cultural da região.
Aspectos inovativos e metodológicos para implementação da Incubadora do Vale do
são Francisco – INCUBAVALE – Petrolina-PE
Dois aspectos mereceram destaque neste case. O primeiro foi a ação concreta e
direcionada para as atividades de implantação da incubadora, num ambiente em que,
historicamente, prevalecia apenas o debate teórico sobre empreendedorismo e inovação.
O segundo foi a utilização de ferramentas de gestão pela administração pública, para
implantação do empreendimento, cuja base conceitual foi o Ciclo PDCA, no âmbito do
Modelo Integrado de Gestão do Poder Executivo do Estado de Pernambuco. Esta ação foi
delegada ao ITEP/OS, uma sociedade civil de direito privado sem fins econômicos,
qualificada como Organização Social, cuja experiência no tema é de mais de vinte anos na
condução da INCUBATEP. Neste sentido, com esse acumulo de experiência e pesquisas
bibliográficas tais como: ANPROTEC (2012), Biagio (2006), CERNE (2011), Dornelas (2002)
e Tonholo & Pires (2007), foi desenvolvido, a metodologia para a implementação da
INCUBAVALE:
1) Elaboração do Plano de Negócios da INCUBAVALE, em 2009;
2) Desenvolvimento de ações de difusão sobre a temática e, principalmente, de
articulação entre os principais agentes locais-regionais;
3) Articulação e negociação do espaço a ser ocupado pela INCUBAVALE, a ser cedido
pelos parceiros locais;
4) Em 2010, realização do I Workshop de Capacitação em Empreendedorismo,
Inovação e Incubação de Empresa do Vale do São Francisco;
5) Instalação de 07 empresas incubadas.
Em 2011, foram desenvolvidas ações focadas na capacitação e divulgação da incubadora,
cursos e consultorias, tais como: EMPRETEC, plano de negócio, desenvolvimento de
projetos inovadores para instituições de fomento, planejamento estratégico, planejamento de
marketing e participação em feiras.
Para dar maior legitimidade às ações estratégicas da INCUBAVALE foi criado em
Outubro/2011 um comitê gestor com representantes das instituições parceiras com o
objetivo de nortear as ações e responsabilidades de cada parceiro, para o desenvolvimento
da incubadora.
Resultados, Aprendizados e Colaboração Institucional
1. Possui atualmente sete (7) empresas incubadas;
2. Difusão do conhecimento inovador e empreendedor na região do Vale do São
Francisco;
3. A importância do conhecimento preliminar das especificidades locais-regionais
(cultura, política, economia, sociedade). A inserção e vivência da equipe de técnicos
responsáveis pela implantação da incubadora com os atores locais.
4. Desenvolvimento de uma rede de cooperação entre as instituições locais-regionais
da região para o desenvolvimento de uma ação do Governo do Estado. Abaixo
segue as instituições da região:
UNIVASF;
IF-Sertão;
FACAPE;
VALEEXPORT;
SENAI
SEBRAE
IEL
Banco do Nordeste e
EMBRAPA – Semiárido
Referência
ANPROTEC.
Panorama
2006.
Disponível
em:
http://www.anprotec.org.br/ArquivosDin/Graficos_Evolucao_2006_Locus_pdf_59.pdf >.
em: 8 de mar. 2012.
<
Acesso
CERNE – Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos. Termo de
Referência. Brasília: SEBRAE/ANPROTEC, 2011.
BIAGIO, L. A. . Incubadoras de Empreendimentos Orientados para o Desenvolvimento Local
e Setorial - Planejamento e Gestão. 1/1. ed.Brasília: SEBRAE/ANPROTEC, 2006. v.1.179 p.
DORNELAS, J.C.A. Planejando incubadoras de empresas: como desenvolver um plano de
negócios para incubadoras. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
TONHOLO, J. ; PIRES, S. O. . Caminhos para o sucesso em incubadoras e parques
tecnológicos - um guia de boas práticas 2007-2008. 1. ed. Brasília: ANPROTEC/SEBRAE,
2008. v. 1. 169 p.
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(Incubatep), Marcia Maria Pereira Lira