Curitiba, 22/11/11
JURAMENTO
NEY LISBOA DE MIRANDA 33º
Iniciamos o dia realizando um passeio pelos caminhos da filosofia maçônica,
deparamos com um majestoso horto florestal contendo os mais belos
exemplares de obras cujo conteúdo esotérico e exotérico, dá um colorido
especial ao jardim, ornamentando-o como flores de todos os matizes, criadas e
perfumadas pelo pensamento de inúmeros irmãos jardineiros que manejam
com inigualável destreza o seu instrumento de trabalho – “a pena” – guiada na
sua marcha pelo conhecimento e inteligência dos maçons que a empunham
com mãos fortes e hábeis, vão aformoseando e aplainando caminhos tornandoos accessíveis a aqueles “nautas” que se disponham enriquecer-se com o
maior tesouro que a Maçonaria oferta aos seus filhos estimados; “SABEDORIA” – “HORADEZ” – “RESPEITO” – “DIGNIDADE” – “AMOR A
DEUS” – a quem denomina, para evitar constrangimento de “GRANDE
ARQUITETO DO UNIVERSO”.
Nesse meu caminhar pelas alamedas do maravilhoso jardim, sentado em um
banco de mármore de “Carrara”; polido e de um branco “lirial”, tal a sua alvura
e perfeição, acredito que seja obra de algum “artífice da Arte Real”, deparei
com o notável “VICTOR HUGO”, grande e renomado escritor, filosofo e
pensador francês que legou a humanidade uma das mais empolgantes, e até
hoje, inigualável produção literária.
Aproximei-me e saudei-o com um meneio de cabeça, desejando-lhe um “bom
dia”, sorrindo respondeu-me com um “bom jour” monsieur!
- Apresentei-me, afirmado-lhe que era um seu admirador, e que havia lido
algumas de suas obras, e que elas tiveram o condão de transportar-me, como
um viajante do tempo em mar aberto, através das páginas, e assim, consegui
participar, em pensamento, com todos os acontecimentos descritos nos seus
romances.
- Naturalmente, o Senhor está curioso de como o reconheci?
- Pois bem!
- Alguém há mais de dois mil anos afirmou que: “pelas obras se conhece o
autor”.
- Assim, ao ler a sua biografia, e não faz muito tempo, ali estava estampada
uma fotografia, e pela minha afinidade com as suas obras aliada a minha
admiração pela sua produção literária, o reconheceria em qualquer época e em
qualquer local.
- “Monsieur Victor Hugo”, permita-me apresentar-me, sou um operário da
“cantaria”, trabalho com o escopro e o cinzel; utilizo-me do maço, e do
esquadro; do prumo e do nível; do cordel e do lápis; quando necessário, faço
uso da alavanca e da régua de vinte e quatro polegadas.
- Diante dessa apresentação, naturalmente já deduziu quem sou?
- Respondeu-me:
- Sim! Pelo seu trabalho e pela descrição dos seus objetos de trabalho, já sei
que “Sois Maçom”. E que é assim que os seus irmãos „o reconhecem‟.
- Continuou!
- Não diga nada. Respeito o seu “JURAMENTO”
- Meu amigo, disse-me!
JURAMENTO!
“-” É coisa santa o juramento. O homem, que presta um juramento, não é mais
um homem, é um altar, tem Deus em si.
Homem, essa enfermidade, essa sombra, esse átomo, esse Grão de areia,
essa gota d‟água, essa lágrima caída dos olhos dos destinos; o homem que
anda na perturbação e na dúvida, sabendo de ontem pouca coisa e nada de
amanhã, vendo no caminho o quanto chega para por os pés, o resto tudo
trevas; trêmulo se olha para diante, triste se olha para trás; o homem envolvido
nessas imensidades dessas obscurecidades, o tempo, o espaço, o ser, e neles
perdidos, tendo em si um abismo – sua alma, um abismo fora de si – o céu; o
homem que em certas horas se curva com uma espécie de horror sagrado a
todas as forças da natureza, ao ruído do mar, ao agitar das árvores, a sombra
das montanhas, ao irradiar das estrelas; o homem que não pode levantar a
cabeça de dia sem que cegue a luz, de noite sem que o esmague o infinito; o
homem, que não conhece nada, não vê nada, não entende nada, que pode ser
levado amanhã, hoje, agora mesmo – pela onda que passa, pelo vento que
sopra, pela pedra que cai, pela hora que soa: o homem, esse ser tímido,
incerto, miserável brinco do acaso, ludíbrio do minuto que escoa – ergue-se de
súbito diante do enigma que se chama vida humana, sente que há nela alguma
coisa maior que se chama vida abismo – honra; mais forte que a fatalidade –
virtude; mais profunda que o desconhecimento – a fé; e só, fraco e nu, diz a
todo este mistério que o envolve:
Faz de mim o que quiseres, mas eu farei isto e não farei aquilo; e altivo,
sereno, tranqüilo, criando com uma palavra um ponto fixo nessa sombria
estabilidade que enche o horizonte como o marinheiro joga uma âncora no
oceano, joga no futuro - SEU JURAMENTO.
O juramento! Esplendor da alma! Confiança admirável do justo em si
mesmo! Sublime permissão de afirmar, dada por DEUS ao homem.”
- Com os olhos marejados de lágrimas, agradeci a gentileza do grande escritor
francês – VICTOR HUGO, pelos momentos de grande felicidade que me fora
proporcionado, dizendo-lhe estar eternamente agradecido e que jamais havia
ouvido palavras tão eloqüentes e santas para alertar sobre o sentido profundo
e essência contida num JURAMENTO, prestado sem a mínima coação,
perante uma assembléia de homens livres e dentro de um Templo, dedicado ao
Grande Arquiteto do Universo e com o braço direito estendido sobre o Volume
da Lei Sagrada.
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