O valor da biodiversidade e a
importância econômica das áreas de
conservação
Carlos Eduardo Frickmann Young
IE-UFRJ e INCT PPED
www.ie.ufrj.br/gema
Valoração econômica de
recursos ambientais
O que é?
Para que serve?
Como fazer?
Valoração econômica de
recursos ambientais
Valorar significa estimar a variação do bem-estar das
pessoas devido a mudanças na quantidade ou qualidade
de bens e serviços ambientais, seja na apropriação para
uso ou não.
Para tal, atribui-se um valor (“imputar”) em unidades
monetárias das perdas ou ganhos da sociedade diante da
variação do recurso ambiental.
Valoração econômica de
recursos ambientais
Valorar significa estimar a variação do bem-estar das
pessoas devido a mudanças na quantidade ou qualidade
de bens e serviços ambientais, seja na apropriação para
uso ou não.
Para tal, atribui-se um valor (“imputar”) em unidades
monetárias das perdas ou ganhos da sociedade diante da
variação do recurso ambiental.
Valoração econômica de
recursos ambientais
Valoração prospectiva: refere-se eventos ainda não
realizados.
Análise de projetos: busca antever as externalidades
esperadas e saber se o saldo líquido do projeto é positivo
ou negativo para o bem estar social
Valoração econômica de
recursos ambientais
Valoração retrospectiva: avalia monetariamente a
compensação referente aos danos ambientais de
empreendimentos já instalados (possuidores de passivo
ambiental), ou para casos de acidentes ou outras formas
de impactos não esperados, que não podem ser
mitigados.
Valoração econômica de
recursos ambientais
Florestas e Desenvolvimento
• É preciso acabar com o mito de que florestas
são um entrave para o desenvolvimento
• Na economia do século XXI, florestas e sua
biodiversidade criam janelas de oportunidade
únicas para o Brasil
IDH e cobertura florestal
IDH
% do território coberto por
florestas
Suécia
0.883
66,9
Japão
0.873
68,2
Coréia do Sul
0.851
63,5
Malásia
0.726
63,6
Brasil
0.678
57,2
Mundo
0.598
30,3
África
0.406
21,4
Haiti
0.406
3,8
Nigéria
0.402
12,2
Fonte: FAO e UNDP
IDH e desmatamento:
desmentindo o mito
Fonte: Celentano et al. 2009
Regressão: Desmatamento na
Mata Atlântica
Variable
Constant
PO
BOV
PAST
TOR
VARPROD
HDI
DUM
Coefficient
3699.64
-0.07
0.05
-0.04
-5.58
0.02
-4123.07
-506.67
T- Statistic
6.12
-2.93
5.19
-4.64
-4.46
2.07
-5.21
-3.86
P-value
0.00
0.00
0.00
0.00
0.00
0.04
0.00
0.00
Dependent Variable:
Variable
AVGTX_HOM9808
Method:
Least Squares
(1)
(2)
(3)
-138.509*
-140.458*
-140.898*
DESMAT
28.719*
29.28395*
41.33395*
LN_RENDAPERCAPITA
43.3113*
43.67953*
43.51267*
LN_RENDAPERCAPITA^2
-3.80633*
-3.83931*
-3.57956*
CH_MUL
0.816251*
0.80509*
0.66705*
GINI
44.34065*
46.11138*
42.97265*
LAND_REF_9808
2.120998
39.8005**
43.94017*
DENS_POP
0.006425*
0.00643*
0.0057*
-64.0814**
-76.3678*
C
GINI*LAND_REF_9808
CAA
-0.42189
MTATL
-3.94351*
CERR
-4.89267*
PAMP
-3.63193*
PANT
9.58531*
Pano de fundo: a crise
orçamentária do setor ambiental
• Crise das instituições ambientais: aumentam
as demandas mas diminuem os recursos para
a gestão.
• É preciso criar mecanismos inovadores para a
gestão ambiental.
Despesas discricionárias federais totais, MMA e
infraestrutura (Fonte: SOF)
Ano
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Despesas
discricionárias
MMA, R$ Milhões
de 2010
614,0
660,0
684,2
593,9
698,5
684,3
637,0
694,4
% do total das despesas discricionárias
totais de infra-estrutura para o MMA
6,00%
5,00%
4,00%
3,00%
2,00%
1,00%
0,00%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Crise no Orçamento Ambiental
Investimento por hectare de Unidade de Conservação em
diferentes países
Fonte:
Medeiros, R. & Young; C.E.F. 2011. Contribuição das unidades de conservação brasileiras
para a economia nacional: Relatório Final. Brasília: UNEP‐WCMC, 120p.
Biodiversidade: como
valorar?
Contribuição das áreas protegidas
para a economia nacional
Metodologia e Resultados
• Rodrigo Medeiros &
Carlos Eduardo
Frickmann Young
(Editores). – Brasília:
UNEP‐WCMC, 2011.
Produtos florestais
Madeira
Produtos não-madeireiros
Potencial para a Amazônia – Madeira em tora
Baseado no modelo atual de concessão e
somente para do tipo Florestas Nacionais e
Estaduais.
33 Florestas Nacionais ( 19 milhões ha)
10 Florestas Estaduais ( 9 milhões ha)
Potencial para a Amazônia – Madeira em tora
Projeção calculada em dois cenários:
- Cenário 1 = área operacional de 56%;
produtividade 19,4 m3/ha; ciclo de 25 anos
- Cenário 2 = área operacional de 78%;
produtividade 25,0 m3/ha; ciclo de 25 anos
Potencial para a Amazônia – Madeira em tora
Cenário 1 = R$ 1,225 bilhão/ano
Cenário 2 = R$ 2,253 bilhão/ano
Ou seja... Toda a produção corrente de madeira
nativa pode ser atendida por manejo em
FLONAs e FLOTAs na Amazônia!
Produto Não-madeireiro
Potencial – Borracha
11 Resex ( 4,1 milhões ha) no bioma Amazônia,
com  22 mil indivíduos (Pop Tradicional), dos
quais 8,8 mil coletores:
3,7 mil Toneladas = R$ 16,6 milhões/anuais
Média de R$ 1886/coletor/ano
Produto Não-madeireiro
Potencial – Castanha
17 Resex ( 6,6 milhões ha) no bioma Amazônia,
com  28 mil indivíduos, dos quais 9,3 mil
coletores (Pop Tradicional):
26,3 mil Toneladas = R$ 39 milhões/anuais
Média de R$ 4100/coletor/ano
Carbono
Desmatamento: 76% das emissões de CO2
A criação e manutenção das UCs no Brasil
impediu a emissão de pelo menos 2,8 bilhões
de toneladas de carbono.
Usando um valor bastante conservador de R$
34/t C, o valor do estoque de emissões
evitadas é de pelo menos R$ 96 bilhões.
Considerando os limites do custo de
oportunidade do capital entre 3% e 6% ao
ano, pode-se estimar o valor do “aluguel”
anual do estoque de carbono em unidades de
conservação entre R$ 2,9 bilhões e R$ 5,8
bilhões.
Uso Público
Turismo
Recreação
Metodologia: Adaptação do Money
Generation Model” (MGM) (STYNES,
2009)
IMPACTO ECONÔMICO = número de
visitantes * média de gastos por
visitante * multiplicador
Cenário atual: estima o impacto econômico da
visitação com base no fluxo atual de visitantes
nestas áreas;
Cenário potencial: estima o impacto econômico
da visitação considerando uma projeção do
número de visitantes aos parques, a partir da
consolidação da estrutura mínima necessária
destas áreas.
Cenário conservador: multiplicador do gasto
estimado entre 1,3 e 1,6
Cenário otimista: multiplicador do gasto
estimado entre 1,5 e 1,8
Obs: Valor do multiplicador é função do
tamanho da economia local
Cenário Atual:
- Em 2009, 3,8 milhões de visitantes em 18
Parques Nacionais, gerando entre R$ 460 e R$
519 Milhões anuais para as economias locais.
Cenário potencial (2016) para 67 PARNAs:
Visitação nos 18 PARNAs pode aumentar para
12,6 Milhões de visitantes/ano;
Outros 49 PARNAs em consolidação podem
receber 1,1 Milhões de visitantes/ano;
Geração de renda estimada para economias
locais: R$ 1,6 a R$ 1,8 Bilhão/ano
Cenário potencial (2016) para 310 Unidades de
Conservação Federais e 388 Estaduais:
Visitação total em Ucs pode aumentar para 20
milhões de visitantes/ano, gerando de R$ 2,0
a R$ 2,2 Bilhões/ano para economias locais.
Água
80% da hidreletricidade do país vem de fontes
geradores que têm pelo menos um tributário
a jusante de alguma UC.
9% da água para consumo humano é captada
diretamente em UCs e 26% é captada em
fontes a jusante de alguma UC.
4% da água para agricultura e irrigação é
captada dentro ou a jusante de alguma UC.
ICMS Ecológico
ESTADO
ACRE **
AMAPA
CEARA
MATO GROSSO
MATO GROSSO DO
SUL* (2009)
MINAS GERAIS
PARANA
PERNAMBUCO
PIAUI ***
RIO DE JANEIRO*
(2009)
RIO GRANDE DO
SUL**
RONDONIA*
(2009)
SAO PAULO
TOCANTINS
TOTAL
Coeficiente de
ICMS ecológico
Valores reais de ICMS ecológico
Porcentagem total de para as Unidades ICMS ecológico real em
para as Unidades de
ICMS ecológico
de Conservação e
2008 (R$)
Conservação em 2008 (R$)
Terras Indígenas
(%)
5%
5%
n.d.
n.d.
1,40%
1,40%
1.007.538,00
1.007.538,00
2%
2%
n.d.
n.d.
5%
5%
52.811.192,40
52.811.192,40
5%
5%
39.470.197,10
39.470.197,10
1%
5%
15%
5%
0,50%
2,50%
1%
5%
48.655.430,46
147.912.932,30
37.583.238,65
n.d
24.174.910,73
73.956.466,13
12.527.746,22
n.d
2,50%
1,13%
37.920.477,62
17.064.214,93
7%
7%
n.d.
n.d.
5%
5%
90.688.530,83
90.688.530,83
0,50%
13%
0,50%
3,50%
77.807.315,84
29.700.000
563.556.853,20
77.807.315,84
7.996.153,85
397.504.266,03
Mas esse estudo é uma forte
subestimativa: há muito mais valores
na floresta!!!
Valor de existência
Valor de existência
Muito obrigado!
[email protected]
Professor Associado Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) e
Pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e
Desenvolvimento (INCT/PPED)
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O valor da biodiversidade e a importância econômica das áreas de