4 Opinião O Estado do Maranhão - São Luís, 4 de fevereiro de 2010 - quinta-feira OESTADOMaranhão SECRETÁRIO DE REDAÇÃO: ADEMIR SANTOS - [email protected] COORDENADOR DE REDAÇÃO: CLÓVIS CABALAU - [email protected] FUNDADORES PRESIDENTE Teresa Sarney José Sarney e Bandeira Tribuzi DIRETOR EXECUTIVO Leonidas Escobar DIRETOR DE REDAÇÃO DIRETOR COMERCIAL Ribamar Corrêa Gustavo Assumpção “O Maranhão é uma saudade que dói e não passa. Não o esqueço um só dia, um só instante. É amor demais. Maranhão, minha terra, minha paixão.” José Sarney Editorial Uma obra necessária U m grande esforço une Governo do Estado e Prefeitura de São Luís para restaurar a Avenida Santos Dumont, que liga o Anil ao Tirirical e considerada por muitos uma das artérias mais importantes daquela região. O trabalho agora iniciado tirará da inanição e do abandono uma via pública que poderia estar sendo usada para desafogar o trânsito na Avenida Guajajaras, bem como a Avenida São Sebastião e a chamada Via Aurora. Infelizmente, descompassos administrativos transformaram a Santos Dumont, durante anos, em terra abandonada, sem qualquer manutenção, sob o argumento de que obras de saneamento não realizadas pela Caema impediam a realização de qualquer obra ali. Mais recentemente, a verdade veio à O que mais impressiona nesse caso é tona: a Avenida Santos Dumont foi abandonada pela Caema durante o go- a leviandade dos envolvidos na pataverno do sr. Jackson Lago (PDT), que coada. Eles vêm a público e contam vernão dimensionou corretamente as sões fantasiosas, como considerassem obras de saneamento a serem ali reali- a população ingênua a ponto de “engolir” suas estórias. Pazadas, projetou-as recem não lembrar erradamente, le- As diferenças políticas que, mesmo sob vando a Caixa governos ruins e Econômica federal entre a governadora e o incompetentes, a a suspender o fi- prefeito não estão máquina pública nanciamento do impedindo a conjunção funciona e, como é projeto. Essa verde interesses institucionais norma e tradição, dade foi dita direregistra os fatos tamente e sem rodeios pelo governador em exercício João que a movem. No caso, a incompetênAlberto de Souza (PMDB), inconforma- cia do governo do sr. Jackson Lago, que do com as versões que membros do go- fora prefeito de São Luís, levou a Aveniverno cassado por corrupção andaram da Santos Dumont à situação em que disseminando em São Luís para expli- ela se encontra hoje – quase uma estrada carroçável. Fez assim com a Avenida car o abandono da avenida. Cabral Sobe - Desce O fim do mundo, o começo de tudo O bilionário americano Michael Dell comprou quase 200 mil fotos originais de coleção da Magnum Photos, que inclui celebridades e o famoso rosto da garota afegã durante a invasão soviética em 1984. PAULO HAYASHI JR. Um importante clérigo linha-dura do Irã, aiatolá Ahmad Jannati, pediu que mais ativistas sejam sentenciados à morte para não protestarem contra o governo. Um dia antes, dois homens foram enforcados. Um dia como hoje 4 de fevereiro 1945 Divisão 1997 O presidente Franklin Roosevelt, o primeiro-ministro Winston Churchill e o líder Josef Stálin se reúnem na Conferência de Yalta, que decidiu a divisão da Alemanha em quatro zonas, pondo fim à II Guerra. Morte O jornalista Paulo Francis morreu de infarto, aos 66 anos, em Nova York, onde morava. O corpo de Francis foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. 1974 Sequestro A americana Patty Hearst, neta do magnata das comunicações que inspirou o filme Cidadão Kane, foi seqüestrada pelo Exército Simbionês de Libertação e acabou aderindo à causa dos seqüestradores. Reminiscências da França Equinocial IV WILSON PIRES FERRO Prosseguindo no seu projeto de reconhecimento dos domínios franceses além de Cumã (Guimarães), alcançando Caeté (Bragança), no Pará, La Ravardière enviou uma expedição de 40 homens ao Mearim e outra composta de 35 franceses e 200 indígenas ao Gurupi, alcançando o êxito esperado. O comandante francês, animado com os sucessos iniciais, no afã de estender os domínios da França Equinocial, explorar evidências de fabulosas riquezas de que muito se falava e reconhecer terras mais ao norte, partiu em uma expedição com destino ao Amazonas, entretanto, informado por De Pezieux da presença de uma nau portuguesa na ilha de Sant’Ana, provavelmente comandada por Martim Soares Moreno, a mando de Jerônimo de Albuquerque, para espionar a França Equinocial, interrompeu a viagem, recolhendo-se ao Forte de São Luís, onde se achava a sede do governo. A esse tempo a Corte de Madri decidiu intensificar a luta pela reconquista do Maranhão, substituiu Diogo de Menezes (1608-1612) por Gaspar de Sousa (1612-1617) no governo do Brasil e, estrategicamente, transferiu a sede do governo de Salvador para Olinda, em Pernambuco, por ser esta mais próxima do palco onde as forças portuguesas atuariam. Em 01.06.1613, Jerônimo de Albuquerque, jun- tamente com 100 homens, em quatro embarcações, partiu para o Maranhão, antes passando pelo Ceará, fazendo-se acompanhar então de Martim Soares Moreno, comandante do Forte N. S. do Amparo. Daí seguiram para o Maranhão e, no caminho, atearam fogo em um armazém dos franceses. No encalço destes últimos, o comandante português chegou à foz do Munim, aí mandando erigir o Forte de Santa Maria, onde, no dia Em 01.06.1613, Jerônimo de Albuquerque, juntamente com 100 homens, partiu para o Maranhão 28.10.1614, foi celebrada uma missa pelo Frei Antonio da Natividade, carmelita que veio com os missionários da Jornada Milagrosa. Estava montado o cenário onde atuariam as forças lusas contra as gaulesas. A partir daí aconteceriam confrontos entre as duas forças, com triunfos para ambos os lados, até a batalha final de Guaxenduba, na qual as tropas de Jerônimo de Albuquerque, mesmo inferiorizadas numericamente, impuseram fragorosa derrota às de La Ravardière. Litorânea, por exemplo, que só há pouco tempo foi socorrida pelo novo governo. Não tivesse o Maranhão uma nova gestão, a Avenida Guajajaras corria o risco de tornar-se intrafegável. As diferenças políticas entre a governadora Roseana Sarney (PMDB) e o prefeito João Castelo (PSDB) não estão impedindo a conjunção de interesses institucionais. Os dois têm trabalhado corretamente e nesse contexto é que surgem soluções para problemas criados em gestões passadas e que causam danos graves ao dia-a-dia da capital e maior complexo urbano do Maranhão. Que as obras sejam breves e bem realizadas, porque a Avenida Santos Dumont é uma artéria importante na estrutura da cidade e precisa ser revitalizada o mais rapidamente possível. Mais no terreno das lendas do que propriamente da História, talvez para justificar o inusitado episódio da vitória portuguesa, registra a tradição que, no fragor da luta, quando a vitória parecia sorrir para o lado francês, uma bela e virtuosa senhora apareceu misteriosamente acudindo as tropas lusitanas, assistindo os feridos e transformando em pólvora a areia da praia, evento este que os católicos atribuem à Virgem Mãe de Deus. Assim, em reconhecimento pela milagrosa ajuda, homenagearam-na, consagrando-a como padroeira da cidade, sob a evocação de N. S. da Vitória. É possível que tenha contribuído para o desânimo das hostes francesas e selado, de vez, a sorte da florescente colônia a morte de De Pezieux, fidalgo de alta linhagem, primo-irmão da Princesa de Condé, muito estimado pelos seus compatriotas, e provável sucessor de La Ravardière, em plena luta com as tropas de Jerônimo de Albuquerque. Os franceses, abatidos no confronto, com perdas materiais e humanas, de mais de uma centena de combatentes, incluindo-se dentre estes 30 gentis-homens, cerca de mais de 400 tupinambás seus aliados, sem contar os prisioneiros e feridos, embora ainda dispusessem de fôlego para reagir, desistiram de continuar lutando ante a inesperada derrota de Guaxenduba. Professor aposentado e ex-diretor do IFCH, da UFMA e associado da União Brasileira de Escritores - UBE [email protected] O ESTADO DO MARANHÃO não se responsabiliza por opiniões emitidas nesta seção. Os comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colaboradores são de sua inteira responsabilidade. As cartas para esta seção devem ser enviadas com nome, número da carteira de identidade, endereço e, se possível, telefone de contato. Os textos devem ser encaminhados para a Redação em nome do editor de Opinião, avenida Ana Jansen, 200 - Bairro São Francisco - São Luís-MA - CEP 65.076-902 ou para os e-mails: [email protected] ou [email protected], ou ainda pelo fax (098) 3215-5054. Muitas pessoas não sabem viver. Não sabem como buscar a verdadeira felicidade. Focam no passageiro e transitório, na beleza comprada em salão, ou na mercadoria que um dia irá para o lixo. Destinam suas forças, energias e pensamento para realizar seus desejos egóicos num carpe diem existencial, numa desesperadora ânsia de viver, mas que se esvaiam em momentos ilusórios. Não percebem que o belo um dia se tornará feio, ou o luxo irá para o lixo. “Pantha rei”, tudo fluí, diria o filósofo grego Heráclito. Tudo muda, até a nossa condição de encarnado. Na sabedoria oriental da yoga, apenas quem não nasce pode não morrer. Aqueles que adentraram na vida corpuscular do espírito um dia vai ter que abandonar o corpo carnal, tal qual se abandona uma vestimenta que já não mais o pertence. Todavia, ainda é um tabu falar e escrever sobre a morte. Não se percebe que ela é algo natural, sendo a nossa única certeza que temos em vida. Por isso, assim como nas grandes empresas, devemos nos preparar com antecedência. Realizar um planejamento estratégico para possibilitar o preparo e a semeadura de boas sementes para quando desencarnarmos. As estratégias que apenas reagem ao ambiente tornam as pessoas suscetíveis de grandes perdas, tais como um barco à deriva ao sabor das ondas. Já se preparar para o futuro, agir com antecipação é como um pequeno leme que pode ir dirigindo um grande barco, evitando assim a tempestade e o naufrágio. Somos responsáveis pelo nosso destino, assim como a nossa felicidade, ou infelicidade, pois esta depende da lei da causa e efeito. Ou seja, de que colhemos o que plantamos e isso nos permite saber que tipo de ações, pensamentos e sentimentos precisamos cultivar em nós para angariarmos condições para um futuro melhor. A caridade e o amor ao próximo são os parâmetros para a ação. Todavia, é fácil fazer a caridade e o bem-querer para aqueles que nos são queridos e que compartilham conosco o mesmo jeito de ser, de pensar e agir. Não requer muito esforço, nem abnegação. Não é a prova, mas apenas o refrigério para se recompor dela. O grande desafio está em melhorar a si mesmo por meio dos relacionamentos atritosos, dos contatos e (des)encontros com pessoas que pensam e agem de maneira diferente da nossa. É preciso perdoar aqueles que nos feriram, pois é melhor ser credor do que devedor espiritual e se partíssemos para a vingança, estaríamos apenas criando dívidas e não recompensas. É preciso respeitar aqueles que nos são contrários, pois o respeito é condição impar do homem civilizado e que mantém as portas do diálogo abertas. Além disso, o respeito pode não ser o amor ao próximo, mas é o pavimento que se edificará mais tarde tal obra. Ainda, é preciso ajudar, pois é estendendo a mão para quem erra que seremos, mais tarde, ajudado com os nossos erros. Perdoar, respeitar e ajudar são lições para o nosso aperfeiçoamento. Com isso, conseguiremos tratar bem a todos, aos que nos são queridos e aqueles que um dia serão. Dessa forma, estaremos nos aproximando do verdadeiro amar ao próximo como a ti mesmo, pois, como escreveu um dia Isaac Newton, “deve-se aprender sempre, até mesmo com um inimigo”. Portanto, tenha coragem de aceitar este desafio e comecemos a plantar hoje as boas sementes do amanhã, para que a morte “vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Marcos, 13, 36). Doutorando em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)