Cooperação Pesquisa Tecnologia SUMÁRIO COOPERAÇÃO Cooperação trilateral França-Brasil-África COOPERAÇÃO 1 abr mai jun 05 Cooperação trilateral França-Brasil-África Programa sobre as Agências de Inovação 3 Um projeto franco-brasileiro para a Amazônia nas estruturas e nos recursos técnicos das instituições francesas implantadas na África. Esse foi o objetivo que levou uma comissão franco-brasileira às cidades de Dacar e Bissau. A comissão compôs-se de represen- ©IRD/Philippe Lena 2 Preparar ações de cooperação na Guiné-Bissau, apoiando-se tantes de instituições aptas a desenvolver 4 Uma nova iniciativa de cooperação técnica entre Ibama e Cirad 4 EVENTO desenvolvimento sustentável, agricultura e 2005 - ANO MUNDIAL DA FÍSICA Cirad (Campina Grande, CE); Luiz Fonseca, rapidamente ações trilaterais de cooperação em ciências sociais e humanas, saúde: Jean-Philippe Tonneau, pesquisador 5 7 9 10 Os mistérios da água na Fiocruz (Rio de Janeiro); Marcel Bursz- ESTUDOS NA FRANÇA tyn, diretor de laboratório na Universidade de Brasília; Erasmus Mundus: masters internacionais de alto nível teur (Paris); Pedro Gama da Silva, diretor de centro de EduFrance fortalece sua rede no Brasil diretor de unidade de pesquisa no IRD (Rio de Janeiro). Rede “n+i”: para engenheiros com vocação internacional Novos integrantes da ASPEF 11 APEB.fr – uma associação para os pesquisadores e os estudantes brasileiros na França BREVES 16 ON LINE A visita estendeu-se de 30 de janeiro a 6 de fevereiro de 2005. Em Dacar foram estabelecidos contatos com diversos organismos governamentais e não governa- bem como com universidades e centros de pesquisa. Na Guiné-Bissau as reuniões realizaram-se principalmente: • no Ministério da Educação, com a pre- A escola e o carnaval das crianças em Bissau • no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa – INEP, Pesquisa e inovação em energia solar fotovoltaica 15 pesquisa na Embrapa (Petrolina, PE); Philippe Lena, sença de seu ministro, Marciano Silva Barbeiro; PESQUISA PUBLICAÇÕES Paola Minoprio, chefe de laboratório no Instituto Pas- volvimento agrícola e ao combate à seca, 11 14 Bissau, a antiga cidade colonial mentais ligados à pesquisa, ao desen- ASSOCIAÇÕES 12 responsável pela cooperação internacional a principal instituição de pesquisa do país; • nas duas universidades existentes: Amílcar Cabral e Colinas de Boe; • com Eugénie Pereira Saldanha Araucan, ministra da Solidariedade Social, da Família e do Combate à Pobreza. Na oportunidade discutiram-se eixos de cooperação, abrangendo essencialmente a formação e em especial a governança política. Itens destacados em azul no Quanto ao setor da agricultura, foi correspondem a links disponíveis em suas possível identificar quatro temas principais: versões eletrônicas no site do CenDoTeC. atualização do mapa de ocupação dos solos e zoneamento agroecológico; formação e trocas de tem uma versão eletrônica em espanhol - . experiências em gestão participativa dos agroe- Visita à Universidade Colinas de Boe cossistemas e dos territórios; documentação; transformação de produtos. ISSN 1516-6880 1 Para o setor da saúde, as recomendações mais de capacitações em diagnóstico, com a implantação de importantes referem-se a equiparação de nível e sistemas de informação sobre a demografia, a eco- certificação de recursos humanos, bem como à nomia, os recursos naturais etc. melhora e ao desenvolvimento sustentável dos Os membros da comissão puderam constatar o sistemas de apoio à saúde pública. Caso venham a grande interesse e a mobilização dos representantes concretizar-se as relações bilaterais entre as escolas diplomáticos da França e do Brasil e a intensa expec- de saúde pública da Guiné-Bissau e da Fiocruz, os tativa dos dirigentes da Guiné-Bissau quanto aos cursos a ser organizados deverão contar com o resultados da missão. suporte logístico dos Institutos Pasteur do pólo África, da Europa e do Brasil. As propostas estão sendo discutidas nas instituições participantes. Uma vez estabelecidas as bases Nas áreas das ciências sociais e do desenvolvi- dessa cooperação com as autoridades guineenses, mento, duas importantes contribuições imediatas deverão ter início missões de estudos de viabilidade seriam: dar início a um processo de reflexão sobre os com 15 dias de duração. roteiros aconselháveis para o país, tendo em mira um prazo de 20 anos, no contexto de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável; e propiciar o aporte Programa sobre as Agências de Inovação Como já foi dito em artigo publicado no França Flash n.° 41 sobre o processo de inovação tecnológica, as agências de inovação são essenciais nesse processo. Elas têm como funções: Como nossas culturas francesas e brasileiras da inovação tecnológica são muito próximas e bastante diferentes da cultura anglo-saxã, pareceu-nos proveitoso desenvolver uma estreita cooperação nessa área, para mutualizar nossas práticas, experiências, modelos e assim acelerar os avanços recíprocos. Tal cooperação já foi iniciada e vai desenvolver-se em várias etapas: • marketing interno: identificar dentro da Univer- 1) Realização de um seminário franco-brasileiro sidade ou em organismos de pesquisa as tecnologias sobre o assunto: o Seminário Franco-Brasileiro de maduras para ser lançadas no mercado; Inovação – Experiências e Redes de Cooperação, • proteção: implantar estratégias de proteção intelec- programado para 4, 5 e 6 de abril em Campinas, está tual dessas tecnologias; sendo co-organizado pelo Consulado da França em • marketing externo: identificar no mercado as São Paulo e pela agência INOVA da UNICAMP. Dele indústrias parceiras potenciais para desenvolver e participarão responsáveis pela Rede C.U.R.I.E. e por comercializar essas tecnologias; agências de inovação, tanto francesas como de uni- • prospecção comercial: contatar essas indústrias-alvo; versidades brasileiras que já adentraram esse campo. • conclusão de parcerias: implantar os acordos de 2) Criação de uma rede brasileira equivalente à licença e de transferência de tecnologia; Rede C.U.R.I.E. e organização de contatos regulares • criação de empresas inovadoras: avaliar os projetos entre as duas redes. Está previsto que essa ação seja para valorizar tecnologias e direcioná-los para as iniciada ao término do seminário. estruturas de acompanhamento mais adequadas. 3) Organização de intercâmbios de longa duração: Na França, a maioria das universidades e dos por períodos de algumas semanas a alguns meses, de organismos de pesquisa dotaram-se de tais estrutu- representantes dessas agências, possibilitando reais ras, com diferentes modelos de aplicação. Além disso, transferências de savoir-faire e de modelos. Já está uniram-se em uma rede: a Rede C.U.R.I.E., um programado para setembro-outubro de 2005 um espaço para contatos e para discussão de problemas, primeiro intercâmbio de dois meses, da responsável soluções e resultados. por uma agência de inovação de São Paulo para a Algumas universidades brasileiras começaram a implantar estruturas equivalentes às agências de Agência de Nice. 4) Futuramente, criação de uma nova formação inovação das universidades francesas. Destacam-se: para o pessoal de agências de inovação: científica, • na USP – Universidade de São Paulo: a CECAE – marketing, comercial, propriedade intelectual, jurídica Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária empresarial, financeira. Esses cursos existem na e de Atividades Especiais, e o GADI – Grupo de Asses- França, em diversos locais. Poderiam ser reproduzidos soramento ao Desenvolvimento de Inventos, que já no Brasil? estão operacionais, além da Agência USP de Inovação, O seminário do início de abril, que deverá ser em fase de criação, coordenada pelo prof. Oswaldo altamente técnico e prevê participações muito con- Massambani; cretas e práticas de profissionais atuantes, também • na UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas: inclui em seu programa reflexões e discussões sobre INOVA, a Agência de Inovação da UNICAMP; a Lei da Inovação brasileira, que se encontra em plena • na UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do fase de redação dos regulamentos de aplicação. Sul: o EITT – Escritório de Integração e Transferência de Tecnologia. 2 Contato Jean-Philippe Tonneau [email protected] Michel Brunet, Adido de Cooperação Científica e de Inovação Tecnológica - [email protected] Um projeto franco-brasileiro para a Amazônia Seu objetivo é melhorar os modos de gestão dos recursos florestais amazônicos, contribuindo para a preservação da biodiversidade, a conservação da reserva de carbono e, simultaneamente, para o aumento dos rendimentos das populações locais O Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial – FFEM aprovou em 2004 o projeto “Gestão sustentável dos recursos florestais na Amazônia brasileira”, de um montante total de 3,180 milhões de euros, dos quais ele financiará 43%. Esse projeto deve ter início já em 2005 e durar três anos. A área de ação do projeto – o estado do Pará e mais especificamente a região de Santarém – abrange uma superfície de aproximadamente 20.000 km², onde vivem 400.000 pessoas. O Pará é o principal produtor amazônico de madeira (12 milhões de m³, equivalentes a 45% da produção); tem a seu favor um A ONF Internacional Desde sua criação em 1966, a Agência Florestal Francesa – ONF administra na França 4,5 milhões de hectares de florestas públicas, com 12 mil empregados permanentes. É herdeira direta de séculos de experiência e de manejo de florestas nativas. No exterior, a ONF desenvolve atividades de assistência técnica, peritagem, consultoria e capacitação, através de sua empresa de direito privado ONF International – ONFI, que tem representações na América do Sul (ONF Conosur no Chile, ONF Andina na Colômbia e ONF Brasil) e África (Sylvafrica no Gabão) e atua em mais de 40 países do mundo. forte potencial florestal, bem como o avanço da certificação e do manejo florestal, graças ao engaja- a treinamentos para práticas que respeitem o ecos- mento da sociedade civil e dos poderes públicos sistema e assegurem sua conservação, a trocas de brasileiros. Entretanto, apresenta a mais alta taxa de experiências e a ações-teste, a fim de reforçar as desmatamento da Amazônia brasileira e fortes tensões qualificações técnicas e financeiras dos participantes, entre comunidades rurais e empresas florestais. conferindo-lhes assim autonomia na gestão de seus Nesse contexto, a ONF International (ver quadro) maciços florestais. e seus parceiros brasileiros – Ibama, Programa Nacio- Aspectos produtivos alternativos são incentivados, nal das Florestas, Embrapa e IIEB – e franceses – visando valorizar os rendimentos a se obter do meio GRET e Cirad-Floresta – 1 promovem o estabeleci- florestal fora dos ciclos de exploração da madeira. Por 1 IIEB: Instituto Internacional mento de relações contratuais entre as empresas e as exemplo, os produtos não lenhosos constituem para de Educação do Brasil. comunidades para elaboração e execução de planos de as comunidades uma das possibilidades de rentabi- gestão conjunta. Essas comunidade são de três tipos: lização econômica contínua da floresta; o projeto as famílias de origens variadas que se instalaram pelo facilita a realização de estudos de mercado. Da de Pesquisa Agronômica para programa de reforma agrária, as comunidades ribei- mesma forma, a identificação dos problemas técnicos o Desenvolvimento. rinhas tradicionais e as comunidades de quilombos, e a implantação de ações de treinamento direcionadas descendentes de antigos escravos que fugiram das virá melhorar, para os madeireiros, os rendimentos da plantações para reconstituir sociedades tradicionais. primeira transformação. Outro exemplo é a valori- Quatro iniciativas de gestão florestal conjunta zação dos subprodutos de usinagem pela co-geração empresas/comunidades foram pré-selecionadas como de energia, sabendo-se que há no Brasil um grande focos de ação do projeto na região de Santarém. O interesse ecológico e econômico pela produção de princípio desses contratos baseia-se no fato de que as eletricidade a partir de resíduos de serraria. florestas comunitárias aumentam significativamente O projeto deverá ser demonstrativo e reprodutível os volumes de madeira acessíveis aos madeireiros e para que, em um segundo tempo, essas experiências oferecem um rendimento para as comunidades. A possam servir de modelo para outras regiões (toda a redução dos custos de transação aumenta a renta- Amazônia legal brasileira, florestas comunitárias bilidade da área sob manejo e portanto reduz a amazônicas), integrando-as nas políticas florestais defasagem com relação à madeira proveniente do públicas. Para isso, a rentabilidade econômica dos desmatamento. Além disso, o reforço modelos de gestão florestal desen- à garantia de propriedade das áreas volvidos e seu impacto sobre a con- sob manejo diminui o incentivo ao servação das espécies serão objeto de desmatamento, que hoje ainda é a estudos. Por fim, se tratará de sensi- modalidade habitual e mais eficaz de bilizar o público francês para os pro- demonstrar a apropriação. dutos de origem sustentável, para Assim, uma das funções do pro- que as empresas importadoras fran- jeto consiste em propor e validar cesas possam diversificar seu forne- práticas inovadoras para a gestão cimento valorizando madeiras certi- sustentável dos recursos florestais, ficadas. levando em conta todas as etapas da produção, desde o plano de manejo até a transformação da madeira. Para isso ele recorre a ações de mediação, ©ONF Conosur Gret: Grupo de Pesquisa e de Intercâmbios Tecnológicos. Cirad: Centro Internacional Contato Ambroise Graffin ONF International [email protected] 3 Uma nova iniciativa de cooperação técnica entre Ibama e Cirad ©Ibama Entre as várias áreas de interesse em comum identificadas pelo Ibama e pelo Cirad, as duas instituições decidiram priorizar as preocupações com as emissões de poluentes e a geração de energia alternativa a partir da biomassa, formalizando um projeto de cooperação técnica. Esse projeto do Laboratório de Produtos Florestais Incinerador de refugos sem valorização energética Fornos de grandes dimensões; carga e descarga por caminhões intensamente utilizadas como única fonte de energia para atender às necessidades básicas de energia das comunidades rurais, estão extremamente comprometidas. São também exploradas pelas indústrias alimentícias, de produção de cal, cerâmica e por outras indústrias da região. Em função desses aspectos, a cooperação contemplará desenvolvimento tecnológico, difusão, transferência de tecnologias, capacitação e treinamento técnico, pontuando sobre os seguintes temas principais: Caracterização e inventário de resíduos ligno-celulósicos: ações de quantificação e qualificação desses resíduos e de transferência e difusão de tecnologias para sua valorização. – LPF do Ibama e do Departamento de Florestas do Substituição de lenha na região Nordeste: Cirad tramitou pela Agência Brasileira de Cooperação estudos de compactação dos diferentes resíduos com o seguinte título: Valorização da Biomassa disponíveis nessa região para substituição da lenha Florestal e de Resíduos Agroindustriais. como fonte de energia. Uma grande preocupação atual, não só do Brasil Carvão vegetal: análise e difusão de novos mas mundial, são as emissões de carbono, objeto do processos tecnológicos de carbonização, demons- protocolo de Kyoto. Grande consumidor trando as possibilidades de aumento de rendimento na de carvão vegetal na indústria siderúr- carbonização com redução da emissão de gás carbô- gica, o Brasil mobiliza-se para reduzir as nico por tonelada de carvão. emissões não só no processo industrial Energia rural: promoção da difusão de tecnologia da produção de aço como também para de geração de energia elétrica através de grupos melhorar globalmente a tecnologia de geradores de pequena capacidade (200 kWh) para transformação da madeira em carvão e comunidades isoladas. valorizar os resíduos de origem vegetal. O início formal desse projeto ocorreu com a Por exemplo, a primeira etapa do chegada em outubro de 2004 de um pesquisador do processamento industrial das madeiras tropicais, ou Cirad, Departamento de Florestas, que está sediado seja, o desdobramento das toras, gera um grande no Laboratório de Produtos Florestais em Brasília. Essa volume de resíduos, concentrado na região amazô- cooperação foi planejada inicialmente para um período nica. Ao mesmo tempo, a região Norte é a que apre- de três a seis anos. senta a maior carência de energia elétrica no Brasil, principalmente nas comunidades rurais e isoladas. Por outro lado, o IBAMA identificou que as reservas naturais remanescentes da região Nordeste, ainda Contatos Patrick Rousset [email protected] Waldir F. Quirino [email protected] EVENTO O 1.° encontro franco-brasileiro sobre polímeros – FBPOL-2005... Contatos Prof. Valdir Soldi, UFSC [email protected] Prof. Redouane Borsali, LCPO [email protected] 4 síntese e preparação. Isso implica em construir nanoestruturas controladas, monitorar arquiteturas ...acontecerá em Florianópolis, de 24 a 29 de abril. poliméricas e utilizar estratégias inteligentes de É organizado conjuntamente pela Universidade formulação e processamento a fim de obter materiais Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis e pelo com as propriedades desejadas. Laboratório de Química dos Polímeros Orgânicos – O encontro proporcionará a especialistas dos dois LCPO, Bordeaux, com o patrocínio de organismos bra- países uma oportunidade para analisarem juntos as sileiros (CNPq e CAPES) e franceses (CNRS e GFP). O perspectivas e os desafios da ciência e tecnologia dos objetivo é reunir cientistas, engenheiros e estudantes polímeros no século XXI. O enfoque nas nanobiociên- brasileiros com responsáveis por laboratórios fran- cias será um dos tópicos principais. ceses de universidades, indústrias e instituições De maneira crescente, as pesquisas relacionadas à governamentais, a fim de discutirem sobre as apli- ciência dos polímeros demandam um vasto conhe- cações e os últimos avanços dos sistemas poliméricos. cimento, que é contemplado principalmente em Tintas, revestimentos, cosméticos, alimentos, projetos interdisciplinares em colaboração; as parce- produtos farmacêuticos e eletrônicos são apenas rias internacionais assumirão nova dimensão. Uma das alguns exemplos de áreas que estão se beneficiando metas do 1.° FBPOL é buscar mecanismos para uma com os rápidos avanços na ciência dos materiais, os colaboração mais eficiente entre universidades quais têm sido impulsionados nas últimas décadas francesas e brasileiras. pelo desenvolvimento e domínio das metodologias de Mais informações http://quark.qmc.ufsc.br/fbpol2005/ 2005 - ANO MUNDIAL DA FÍSICA Os mistérios da água Apesar de tão comum na superfície terrestre, ela é um enigma. Na natureza, é o único líquido conhecido nas condições normais de pressão e temperatura do solo. Os outros líquidos são apenas Principais anomalias da água • coesão muito forte, que se evidencia por altas temperaturas de fusão e de ebulição; • constante dielétrica elevada, que lhe permite dissolver todos os sais; • grande expansão em baixa temperatura (abaixo de 4 °C) e também na cristalização. misturas de água e outros compostos. Diante de tanta originalidade, os físicos não hesitam em falar de líquido anômalo. Eles identificaram na água certos comportamentos que a tornam única. “Sua estrutura é muito diferente dos fluidos hidrogênio – , tudo leva a pensar que a forma da água em temperatura ambiente deve ser gasosa, como é o Mas ela é mesmo líquida. Por quê? Porque existe uma interação particular – a ligação de hidrogênio – entre as diferentes moléculas que a constituem. Os cientistas sabem que a molécula de álcool também de estudo”, explica José Teixeira, pesquisador no possui essa ligação; mas é preciso reconhecer que ela Laboratório Léon Brillouin . Além disso, quando com- não tem as mesmas propriedades que no caso da parada com outras moléculas presentes na natureza, água. Essa ligação se dá quando um átomo de seu comportamento continua a escapar-nos. Bernard hidrogênio de uma molécula (H2O) pode ligar-se a um Cabane, do Laboratório de Física e Mecânica dos Meios outro átomo de oxigênio de uma molécula vizinha. Em Heterogêneos2 , acrescenta: “Se olharmos na classi- média, uma molécula de água liga-se a quatro outras. ficação periódica os elementos que seguem direta- “E é esse arranjo das moléculas que explica em parte mente o oxigênio – a fórmula química da água é H2O, as propriedades do tão precioso líquido, acrescenta um átomo de oxigênio ligado a dois átomos de A ligação de hidrogênio – a “ponte” entre duas moléculas de água – é uma chave para se compreender a estrutura desse líquido vital. caso, por exemplo, do sulfeto de hidrogênio (H2S).” ideais, como o argônio, que nos servem de modelos 1 © Légi Photo J.P.Franc, J.M.Michel José Teixeira. Mas também é preciso levar em conta a 1 Laboratório CNRS-CEA. 2 Laboratório CNRSUniversidades de Paris 6 e 7Escola Superior de Física e Química Industriais – ESPCI. O que pensa o expert Água, inquestionavelmente, representa um dos mais importantes sistemas moleculares. Não se concebe a possibilidade de existência de vida sem sua participação. Ela é objeto de pesquisa básica em Física, Química e Biologia. Esta molécula, aparentemente tão simples, H 2O, guarda segredos extraordinários cuja elucidação pode ser vital em processos diversos e por isso têm motivado estudos intensos e profundos nos últimos anos. É comum dizer-se que a água é um líquido anômalo. Realmente, são conhecidas mais de trinta anomalias – características da água não encontradas em outros líquidos. Uma das mais importantes é o aumento da densidade da água em torno de 4 oC. Desta anomalia depende a vida sub-aquática. Mas existem várias outras. Ela tem um calor específico alto que permite atuar como um regulador de temperatura, uma constante dielétrica alta que permite dissolver compostos iônicos, fazendo dela um excelente solvente em geral e, em particular, para processos biológicos. Outra enorme curiosidade é que a água congela em mais de dez diferentes formas cristalinas. Muitas das anomalias da água estão relacionadas com sua força de coesão. Note-se que moléculas orgânicas pequenas normalmente são encontradas na forma de gás. A água, com apenas três átomos, é um sistema líquido. Mais: é um líquido num intervalo amplo de temperatura. Isto é conseqüência da existência de forças de coesão, das quais a mais importante é a chamada ligação de hidrogênio (anteriormente chamada de ponte de hidrogênio). Mais uma vez, a água mostra como ela é única: com apenas três átomos a água pode formar cerca de quatro ligações de hidrogênio. Não se conhece um sistema com tanta eficiência para formar ligações de hidrogênio. As propriedades das ligações de hidrogênio são importantes também em outros contextos. Elas são fundamentais para se entender o efeito hidrofóbico (água não se mistura com óleo) e o efeito complementar que é o efeito hidrofílico. Estes efeitos participam de forma crucial na formação de micelas e membranas biológicas. Mais singelamente, participam na atuação do efeito detergente dos sabonetes. Participam também no extraordinário problema do enovelamento de proteínas. As proteínas são formadas da combinação de moléculas, conhecidas como aminoácidos, e adquirem uma forma geométrica com enovelamento que é fundamental para a sua função e seu desempenho. É sabido que a má formação de proteínas pode levar a efeitos catastróficos, como mal de Alzheimer, doença da vaca louca, doença de príons etc. E a formação estrutural de uma proteína é influenciada pela interação com o meio aquoso. A água é, de fato, essencial em todos os processos relacionados com a vida. A questão de como e por quê uma molécula tão simples pode apresentar uma quantidade tão grande de propriedades singulares é intrigante. Não é por acaso que este solvente foi escolhido pela Natureza para ser o solvente biológico. Isto, entre outras coisas, como a diversidade de propriedades termodinâmicas, tem despertado crescente interesse científico. Alguns progressos têm sido obtidos, em parte devido aos grandes avanços nas áreas experimentais e instrumentais. Por outra parte, devido à possibilidade existente hoje de realizar simulações computacionais realistas, como resultado do revolucionário avanço em recursos computacionais. Estes assuntos não têm passado despercebidos da comunidade científica brasileira e existem grupos dedicados ao estudo não apenas das propriedades da água, mas também dela como meio regulador e influente de outros processos moleculares. A Sociedade Brasileira de Física publicou recentemente, em março de 2004, em sua revista, Brazilian Journal of Physics, uma edição especial dedicada ao tema. O artigo publicado pelo CNRS destaca algumas das propriedades extraordinárias da água e coloca a elucidação dos seus mistérios como um dos dez mais relevantes temas científicos do momento. Prof. Sylvio Canuto, Instituto de Física da USP, [email protected] 5 3 Em temperatura ambiente, de maneira como as ligações de hidrogênio se fazem e se gás em temperatura ambiente, porque as ligações de desfazem.” Por enquanto, os físicos conseguiram hidrogênio são suficientemente fortes. Resultado: é 60% efetivamente acontecem – observar que elas se criam e se destroem sem parar preciso um grande aporte de energia para romper uma taxa alta para um líquido. (cada uma vive em média um milésimo de bilionésimo essas ligações, o que explica que ela só entre em 4 CNRS/Universidade de Paris 6 de segundo), que se formam em grande número3 e ebulição a 100 °C. Por outro lado, tampouco se trata e 7/Escola Normal Superior – que os três átomos em questão precisam estar de um sólido em temperatura ambiente, porque ainda ENS perfeitamente alinhados para que aconteça uma assim as ligações são frágeis. 5 Há entre os fisicos um debate ligação. Ora, de todos os líquidos a água é o único a Para José Teixeira, um conhecimento mais pro- para determinar a temperatura reunir essas três características. E sem dúvida é isso fundo da dinâmica da ligação de hidrogênio é indis- que explica em parte as famosas anomalias descritas pensável para um dia compreendermos realmente a pelos pesquisadores: por um lado, a água não é um água. Bernard Cabane é da mesma opinião: “Ainda todas as ligações possíveis entre as moléculas de água, cerca de dessa transição vítrea: ela seria de -137 °C ou de -108 °C. nos faltam muitas informações sobre a água para 2005 – O Ano Mundial da Física A organização das Nações Unidas - ONU decretou o ano de 2005 como o Ano Mundial da Física (WYP2005). Por que 2005? Em 1905, trabalhando em um Escritório Suíço de Patentes, Albert Einstein publicou cinco trabalhos fantásticos. O primeiro artigo chegou à revista Annalen der Physik em 18 de março. Nesse trabalho, Einstein examinou as conseqüências da natureza corpuscular da luz, o efeito fotoelétrico, pelo qual viria a receber o prêmio Nobel em 1921. Ainda em 1905, o jovem cientista de apenas 26 anos apresentou sua tese de doutoramento, que tratava das dimensões das moléculas e como estas contribuíam para a mudança na viscosidade da água. Em seguida, submeteu para publicação um trabalho que dizia respeito ao incessante movimento de pequenas partículas na água – chamado de Movimento Browniano. Em junho desse ano, introduziu a Teoria Especial da Relatividade. Motivado pelo fato experimental que a velocidade da luz, c, é constante, mudou as leis da mecânica, de forma a compatibilizá-las com a experiência. E em setembro, como conseqüência dessa teoria, deduziu a equação mais famosa da física: E = mc2, mostrando a equivalência de massa e energia. Ou seja, a escolha deste ano é a forma de comemorarmos os 100 anos dos trabalhos fundamentais de Einstein. Por que a Física? O maior objetivo deste ano é chamar a atenção do público em geral, e em especial dos jovens, para a importância e o impacto da Física no mundo moderno. O impacto não diz respeito somente aos avanços no campo da Física, mas também às contribuições da Física em outras áreas do conhecimento e sua importância para a construção de um mundo melhor. A educação em ciência, em todos os níveis, dá ao estudante uma visão do mundo fundamentada na observação objetiva. Esse treinamento é um instrumento essencial numa sociedade democrática. Hoje estamos diante de questões cujo entendimento e encaminhamento de possíveis soluções exigem, cada vez mais, uma base mínima de conhecimento científico por parte da população, sem a qual o indivíduo ficará incapacitado para exercer plenamente sua cidadania. Neste ano, a SBF estará promovendo várias atividades, em todo o país, mostrando a importância da ciência. Faremos várias exposições itinerantes; os departamentos de Física de todo o Brasil (mais de 50) estarão promovendo a semana da Física com apresentação de palestras, cursos, mesas-redondas etc. Durante a SBPC, em Fortaleza, estaremos fazendo uma programação voltada para os trabalhos de Einstein. Iremos até a cidade de Sobral que, em 1919, acolheu a expedição inglesa para a confirmação da teoria da relatividade geral, através da observação do eclipse, com apresentações de peças teatrais sobre a Física Moderna. Estamos lançando a nossa série de livros sobre Temas Atuais em Física, dedicada a professores do ensino médio e fundamental, além do livro FÍSICA PARA O BRASIL. Este é um livro que tem como objetivo fazer um balanço do estado das pesquisas nos assuntos mais relevantes da Física, no Brasil e no mundo. Quais são os grandes desafios? Quais são as áreas em que contribuições de cientistas brasileiros poderão ser relevantes? Abordamos os tópicos multidisciplinares, examinamos a estrutura educacional, a formação de recursos humanos, a inclusão social. Mais informações sobre o Ano Mundial da Física: www.sbfisica.org.br Prof. Adalberto Fazzio, presidente da Sociedade Brasileira de Física - SBF, [email protected] 6 termos um modelo realista e preditivo de seu comportamento. Por mais que conheçamos a natureza das ligações entre moléculas, enquanto não soubermos como uma molécula isolada interage não apenas com suas vizinhas mais próximas mas também com as outras, o modelo não estará bom.” E as simulações numéricas atuais dão-lhe razão: quando se tenta dar conta das três principais anomalias específicas da água, os modelos reproduzem apenas uma ou duas delas. Nunca as três ao mesmo tempo. Mas não faltam aos físicos idéias para tentar desvendar o mistério. Por exemplo, estudam sua estrutura sob frio. “As ligações de hidrogênio são mais estáveis abaixo de 0 °C, explica José Teixeira. Assim, podemos tentar compreender melhor a água líquida se acompanharmos sua evolução até -40 °C.” Líquida até -40 °C? Sim, se forem eliminadas todas suas impurezas; caso contrário, ela imediatamente se cristaliza. É o que os cientistas chamam de superfusão – e que, aliás, existe para outros líquidos, como o tolueno, o gálio, a sílica fundida. “Por enquanto o recorde para a água está em -42 °C, pouco melhor que para a água superfundida presente em certas nuvens atmosféricas, especifica Frédéric Caupin, pesquisador no Laboratório de Física Estatística4 . Abaixo de -40 °C, a simples agitação térmica das moléculas de água parece suficiente para que o líquido se transforme em gelo.” Passada essa barreira de temperatura, o tempo de vida da água líquida torna-se extremamente breve e os físicos não têm mais como observá-la. É por volta de -130 °C que surge um outro fenômeno interessante: se for resfriada com suficiente rapidez até essa temperatura, a água transforma-se em gelo amorfo, ou seja, tem a estrutura do vidro5 . Uma constatação impõe-se: “Nada sabemos sobre a estrutura da água entre -40 °C e -130 °C”, admite José Teixeira. Em 1984, uma reviravolta: comprimindo gelo comum em baixíssima temperatura, os físicos Mishima, Calvert e Whalley descobrem uma segunda forma de gelo amorfo, mais densa que a primeira. Esse resultado trouxe de volta à tona idéias antigas: © Légi Photo – J.P. Franc, J. M. Michel Para desvendar os mistérios da água, os físicos apostam em experimentos de cavitação (na foto, em um túnel hidrodinâmico) em que surgem bolhas de vapor d’água. 6 Assim como existe água em 1892 Röntgen havia levantado a hipótese de que água líquida antes que a primeira bolha de vapor se a água seja uma mistura de líquido e gelo. Hoje alguns forme. “A expectativa é atingir uma pressão de -1.400 cientistas vêem na descoberta das duas formas de bars, explica Frédéric Caupin. Teríamos então ele- gelo amorfo uma pista promissora: pelo menos em mentos novos que nos permitiriam afastar certas explosivo de uma bolha chama- baixa te!mperatura, a água seria uma mistura de dois hipóteses sobre a estrutura da água.” Infelizmente, se cavitação. Uma queda de líquidos, um de baixa densidade e o outro de alta den- hoje essas experiências são muito difíceis de realizar. sidade. Uma idéia que deixa José Teixeira um tanto Ainda faltam avanços na purificação da água. Paciên- cético. Ele sugere que a responsável é, ainda e sem- cia, portanto: o mistério da água pode atazanar os (falam de pressão negativa) pre, a ligação de hidrogênio. Mas como dar a última pesquisadores durante muitos anos mais. até observarem a primeira Julien Bourdet palavra se as medições entre -40 °C e -130 °C continuam inacessíveis?? Uma solução: melhorar as experiências de cavitação, que se realizam em temperatura ambiente e em pressões qualificadas como “negativas”6 . Elas colocam superfundida, existe água superaquecida, ou seja, líquida acima de 100 °C. O surgimento pressão é equivalente a um aquecimento da água. Os pesquisadores estiram a água bolha de vapor. Contatos Bernard Cabane – [email protected] Frédéric Caupin – [email protected] José Teixeira – [email protected] à prova a coesão da água, buscando a tração máxima Le Journal du CNRS n.o 181, que, por meio de ultra-sons, pode ser exercida sobre dossiê “Les Dix Grandes Enigmes de la Physique” ESTUDOS NA FRANÇA Erasmus Mundus: masters internacionais de alto nível O programa Erasmus Mundus tem como objetivo reforçar a cooperação européia e os laços internacionais no ensino superior. Para isso, financia cursos de master de alta qualidade com bolsas para estudantes diplomados e universitários (professores ou pesquisadores) do mundo inteiro, ao mesmo tempo que incentiva a mobilidade de europeus para países terceiros. A decisão referente ao Erasmus Mundus entrou em vigor em 20 de janeiro de 2004. O programa abrange o período 2004-2008 e dispõe de uma verba de 230 milhões de euros. Compreende quatro ações: AÇÃO 1 – MASTERS ERASMUS MUNDUS A Comissão Européia financia cursos integrados de master de altíssimo nível, com um ou dois anos de duração, oferecidos por no mínimo três estabelecimentos de ensino superior de três países europeus diferentes¹ (um “consórcio”). Os cursos devem prever um período de estudos em pelo menos duas das três universidades e levar à obtenção de um diploma duplo, múltiplo ou conjunto. Os consórcios Erasmus Mundus devem estar aptos a receber estudantes/universitários de países terceiros² e a fornecer-lhes infra-estruturas e serviços de apoio de alta qualidade. Os masters são selecionados para um período de cinco anos, sob ressalva de renovação do programa em 2008. O primeiro ano de um master de cinco anos pode ser um período preparatório que visa a auxiliar o consórcio a receber e apoiar estudantes e universi- tários de países terceiros. Porém os masters devem estar muito operacionais no momento da apresentação da candidatura à Comunidade Européia: o ano preparatório não pode servir para a elaboração do programa integrado de estudos. Os períodos de estudos devem dar aos estudantes a possibilidade de praticar pelo menos duas línguas européias faladas nos Estados membros onde estiverem localizados os estabelecimentos participantes do master. Mesmo assim, isso não implica no recurso 1 Países participantes: Os a duas línguas de ensino. Da mesma forma, os estabelecimentos de ensino estabelecimentos não são obrigados a ministrar seus cursos na língua nacional. A lista dos masters Erasmus Mundus que foram selecionados como resultado do primeiro superior dos 25 Estados membros da União Européia e dos países do Espaço Econômico Europeu – EEE/ Associação Européia de Livre Comércio – AELE (Islândia, edital para apresentação de propostas pode ser Liechtenstein, Noruega) são acessada no site internet Europa (endereço: elegíveis para oferecer http://europa.eu.int/comm/education/pro- conjuntamente cursos de grammes/mundus/index_fr.html; os masters selecionados com base no edital para apre- master Erasmus Mundus, no contexto da ação 1. Essa ação também está aberta aos países sentação de propostas para o ano acadêmico candidatos à adesão à UE 2006/2007 serão divulgados no site internet em (Bulgária, Romênia e Turquia), outubro de 2005. mas sua participação oficial no programa ainda não foi formalizada. AÇÃO 2 – BOLSAS A Comissão, por intermédio dos consórcios selecionados que gerenciam os masters Erasmus Mundus, 2 Países terceiros: qualquer país que não os mencionados na nota 1. Erasmus Mundus em números No período 2004-2008, o programa Erasmus Mundus deverá apoiar cerca de: 100 cursos master de alta qualidade acadêmica 5.000 bolsas para estudantes graduados de países terceiros cursarem esses masters 4.000 bolsas para estudantes graduados europeus envolvidos nesses masters estudarem em países terceiros 1.000 bolsas para universitários de países terceiros ensinarem ou realizarem pesquisas na Europa 1.000 bolsas para universitários europeus ensinarem ou realizarem pesquisas em países terceiros 100 parcerias entre os cursos de master Erasmus Mundus e instituições de ensino superior em países terceiros 7 O Brasil no master Erasmus Mundus sobre tecnologias educativas O master europeu Engenharia dos meios de comunicação para a educação, coordenado pela UFR Letras e Línguas da Universidade de Poitiers, foi selecionado pela Comissão Européia para participar do programa Erasmus Mundus. Ministrado em colaboração com duas universidades da Europa e três da América Latina – Universidade Nacional de Educação a Distância (Madri), Universidade Técnica de Lisboa, Universidade de Brasília, Pontifícia Universidade Católica do Peru (Lima) e Universidade de Los Lagos (Osorno, Chile) –, ele é hoje o único master europeu Erasmus Mundus na área das novas tecnologias educativas. Mobilizando três das universidades européias mais atuantes nessa área, essa colaboração fez emergir na Europa um pólo de excelência em educação. Os diplomados nesse master profissionalizante são chamados a dirigir projetos para criar, explorar e avaliar recursos de formação via mídia, como por exemplo os novos dispositivos de ensino a distância. Mais informações www.euromime.org PARA ESTUDANTES SUL-AMERICANOS Uma das originalidades desse master está na região geográfica de admissão dos estudantes: embora possa receber estudantes do mundo inteiro, encontrase aberto mais particularmente para candidatos da América do Sul. A curto prazo o objetivo é consolidar os laços com essa região e favorecer o desenvolvimento na América do Sul de currículos voltados para as novas tecnologias educativas. Formação profissionalizante de alto nível, destina-se a estudantes de destaque. Os participantes do programa seguem um semestre de curso em cada estabelecimento europeu, onde vão integrando consecutivamente as turmas dos três masters nacionais. Em setembro de 2005 treze estudantes de países terceiros, na maioria integrantes de programas de formação continuada em empresas, ingressarão no master europeu Engenharia dos meios de comunicação para a educação. Quando o concluírem, serão titulares dos diplomas nacionais das três universidades européias parceiras. Contato Département d’ingénierie des médias pour l’éducation T (33-5) 49.45.32.23 [email protected] 3 Esses jurisdicionados dos concede bolsas para estudantes que já sejam titulares enviados para fora da UE. As parcerias devem ser países terceiros não podem de um primeiro diploma de nível superior e para feitas com no mínimo um estabelecimento de ensino universitários muito qualificados (que disponham de superior de um país terceiro. residir ou ter exercido sua atividade principal (estudos, empregos etc) durante um uma experiência universitária e/ou profissional de Para a realização da ação 3 durante o ano univer- total de mais de 12 meses dos primeira linha)3 de países terceiros. Os estudantes sitário 2006/2007, os consórcios Erasmus Mundus últimos cinco anos em um inscrevem-se para seguir os masters Erasmus Mundus devem apresentar propostas de parcerias até 31 de selecionados; os universitários, para efetuar missões outubro de 2005. Essas propostas conterão uma de ensino e de pesquisa e trabalhos eruditos nos descrição da parceria em questão, bem como o estabelecimentos participantes do master. número de estudantes e de universitários previsto Estado membro ou um país participante. Estudantes e universitários que desejarem candi- para as ações de mobilidade para fora da UE. datar-se para participar de um curso de master Erasmus Mundus (com ou sem bolsa) devem apre- AÇÃO 4 – MAIOR ATRATIVIDADE PARA sentar sua candidatura diretamente aos consórcios, O ENSINO EUROPEU independentemente do ano de seleção do master (a menos que este esteja em seu ano preparatório). Se sua participação for aceita, os consórcios Erasmus Mundus solicitam junto à Comissão o correspondente co-financiamento das bolsas. Os consórcios Erasmus Mundus adotam regras de seleção transparentes. Para o edital em andamento, com referência à outorga de bolsas para o ano acadêmico 2006/2007, cada consórcio deve reservar 12 vagas para estudantes e três para universitários de países terceiros. Os interessados devem apresentar sua candidatura no prazo estabelecido pelo consórcio, seguindo todas as instruções dadas por ele. (Os consórcios Erasmus Mundus estabeleceram esses prazos considerando que suas propostas de seleção devem ser enviadas à Comissão até 28 de fevereiro de 2006.) AÇÃO 3 – PARCERIAS Erasmus Mundus financia também projetos destinados a melhorar a atratividade e o interesse do ensino superior europeu. O programa colabora em atividades complementares que melhorem a imagem, a visibilidade e a acessibilidade do ensino superior europeu e também em questões essenciais para a internacionalização do ensino superior, como o reconhecimento mútuo dos diplomas com os países terceiros. São elegíveis os estabelecimentos e outros organismos públicos ou privados ativos no âmbito do ensino superior em todos os países do mundo, tendo formado uma parceria mínima constituída de três estabelecimentos/organismos provenientes de três países europeus. No edital ora em curso, os estabelecimentos admissíveis deverão apresentar propostas de atividades até 31 de maio de 2005; os projetos selecionados serão realizados a partir de outubro de 2005. A Comissão financia parcerias entre consórcios O programa confirma a intenção da Comissão Erasmus Mundus e estabelecimentos de ensino Européia de incentivar a abertura do ensino superior superior de países terceiros a fim de permitir que para o restante do mundo. Ele vem complementar os participantes europeus (estudantes diplomados e programas regionais da União Européia já implantados universitários) dos masters Erasmus Mundus passem nos países terceiros no âmbito do ensino superior, um breve período, como parte de seu curso, em como o programa ALFA para a América Latina. universidades parceiras dos países terceiros. Em princípio, anualmente cinco estudantes por estabelecimento membro de um consórcio Erasmus Mundus e três universitários por consórcio deverão ser 8 Mais informações http://europa.eu.int/comm/education/programmes/mundus/ index_fr.html EduFrance fortalece sua rede no Brasil A Agence EduFrance é um organismo público deram encontrar-se com estudantes e apresentar o criado em 1998 pelos Ministérios franceses da Edu- sistema de ensino superior na França, seus estabe- cação e das Relações Exteriores com a missão de lecimentos e os benefícios dessa experiência a promover o ensino superior francês. Informa e orienta milhares de estudantes brasileiros. as pessoas que desejam complementar seus estudos Nos próximos meses a EduFrance estará presente em universidades e escolas francesas. Sua sede fica em outros eventos: em Paris e possui representação em 40 países, nos • de 13 a 16 de abril – Feira do Vestibular – São Paulo, SP; cinco continentes. No Brasil, sua parceria com o • de 3 a 5 de maio - Feira de Intercâmbio da UNISINOS – CenDoTeC, os serviços culturais ligados à Embaixada São Leopoldo, RS; da França e a Aliança Francesa forma uma rede de • de 12 a 22 de maio – Bienal do Livro – Rio de Janeiro, RJ. informação sobre o ensino superior francês. Em 2005, além dos espaços já existentes a Agence SEMANA DO ENSINO SUPERIOR FRANCÊS NO EduFrance investe na abertura de um espaço em BRASIL – DE 22 A 29 DE SETEMBRO DE 2005 Recife e de vários pontos de informação, ampliando sua atuação no Brasil. A Agence EduFrance organiza em setembro duas grandes feiras no Rio de Janeiro e em São Paulo para atender a solicitações dos estudantes brasileiros. Os DIVULGAÇÃO DOS ESTUDOS NA FRANÇA estudantes poderão encontrar representantes de mais Durante a primeira de 50 estabelecimentos franceses de ensino superior quinzena de março, a em todas as áreas. Além disso, estão previstos EduFrance Brasil parti- encontros entre as instituições dos dois países para cipou dos principais discussão de possibilidades de cooperação nas cidades eventos de educação de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife. no exterior – Salão do Estudante, ExpoBelta e Expo Estude no Exterior – realizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Florianópolis, Salvador, Brasília e Porto Alegre. Nesses 15 dias de Programa da Semana do Ensino Superior Francês 22/09 Abertura oficial – Brasília 23/09 Encontros entre estabelecimentos franceses e brasileiros, em parceria com o Fórum de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais - FAUBAI – São Paulo 24 e 25/09 Salão EduFrance – MUBE, São Paulo 27/09 Encontros entre estabelecimentos franceses e brasileiros – Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife 29/09 Salão EduFrance – Hotel Sofitel, Rio de Janeiro eventos, representantes da EduFrance pu- Mais informações www.edufrance.com.br C O N TAT O S R E D E E D U F R A N C E N O B R A S I L EduFrance São Paulo CenDoTeC www.cendotec.org.br/edufrance Av. Prof. Dr. Lineu Prestes, 2242 IPEN - Cidade Universitária 05508-000 São Paulo - SP T (11) 3032-1214 Fax (11) 3032-1552 [email protected] EduFrance Recife Consulado Geral da França em Recife Serviço Cultural Av. Conselheiro Aguiar, 2333 - 6.º andar 51020-020 Recife - PE T (81) 3465-3290 Fax (81) 3466-3599 [email protected] EduFrance Salvador Serviço Cultural Secretaria de Estado da Educação da Bahia Centro Administrativo da Bahia- BCLE Sala 224 - Caixa Postal 9089 41750-300 Salvador - BA T/Fax (71) 3115-9195 [email protected] EduFrance Rio de Janeiro Consulado Geral da França no Rio de Janeiro Serviço Cultural Av. Presidente Antônio Carlos, 58 - 2.º andar 20020-010 Rio de Janeiro - RJ T (21) 3974-6680 Fax (21) 3974-6863 [email protected] EduFrance Campinas Centro Cultural Franco-Brasileiro Aliança Francesa de Campinas Rua Pandiá Calógeras, 59 - Cambuí 13024-170 Campinas - SP T/Fax (19) 3252-1063 [email protected] EduFrance Belo Horizonte Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais Centro de Referência do Professor - BCLE Praça da Liberdade 30140-010 Belo Horizonte - MG T/Fax (31) 3224-9717 [email protected] EduFrance Florianópolis Associaçõa de Cultura Franco-Brasileira Aliança Francesa de Florianópolis Rua Visconde de Ouro Preto, 282 - Centro 88020-040 Florianópolis - SC T (48) 222-8925 Fax (48) 222-1736 [email protected] EduFrance Brasília Embaixada da França no Brasil Birô de Cooperação Lingüística e Educativa SES - Av. das Nações - Lote 04 70404-900 Brasília - DF T (61) 312-9210 Fax (61) 312-9211 [email protected] EduFrance Porto Alegre Aliança Francesa - Moinho dos Ventos Praça Maurício Cardoso, 49 - Moinho dos Ventos 90570-010 Porto Alegre - RS T (51) 3222-6070 Fax (51) 3346-9335 [email protected] 9 Rede “n+i”: para engenheiros com vocação internacional Entre as diversas formas de que o estudante brasileiro dispõe para realizar estudos de engenharia na França, a Rede “n+i” oferece a vantagem adicional de reunir todas suas escolas em um único processo de candidatura. A Rede “n+i” propõe um programa de formação Em 2004 4 025 estudantes demonstraram interesse pela rede “n+i” (início do envio das candidaturas pelo site), 546 dossiês eletrônicos completos, 395 dossiês foram validados e assim puderam ser consultados, 339 candidatos foram escolhidos por pelo menos um estabelecimento (até este ponto a inscrição é gratuita), 225 candidatos aceitaram a oferta pedagógica e financeira, 169 candidatos finalizaram o projeto. de engenheiros internacionais no qual, a um currículo nacional, acrescenta-se (+) uma dimensão internacional (“n+i”). É gerenciada pela Agence Edufrance e financiada pelos Ministérios da Educação Nacional e das Relações Exteriores da França. Essa rede congrega mais de 57 Grandes Ecoles de Os candidatos podem escolher entre dois programas: • O programa longo, de dois anos, que leva ao Official Master’s Degree de padrão europeu. Após o semestre de transição (ST), os alunos-engenheiros engenharia (entre as quais: ENSAM, Supélec, ENST “n+i” vão para uma Grande École de sua escolha, Bretagne, ESTP, INSA de Toulouse e de Strasbourg, onde prosseguem os estudos. Estágios em empresas escolas de química e de agricultura etc), espalhadas e visitas a locais de produção fazem parte da for- por toda a França (41 cidades, 18 regiões) e de alto mação. nível em mais de 250 especialidades: da agricultura às • O programa curto, denominado “Experiência”. De telecomunicações, incluindo engenharia civil, mecâ- janeiro a junho depois do ST, o estudante pode optar nica, biotecnologia, química, materiais, eletrônica, entre: acompanhar cursos como ouvinte; realizar uma meio ambiente etc. atividade de pesquisa em uma empresa ou em uma Todos os estabelecimentos franceses “n+i” pro- escola de engenharia; efetuar um estágio em empre- põem, em dois anos de formação, o acesso ao diploma sa, orientado por um professor. Esse período de seis 1 Na França, o diploma em em engenharia1 para estudantes estrangeiros que meses permite-lhe descobrir uma outra forma de engenharia corresponde ao tenham no mínimo o grau de bacharelado (no Brasil, trabalhar, de pensar e de viver, enriquecendo sua 5 anos). O trunfo da Rede “n+i” está em aproveitar experiência cultural; além disso, fica registrado em uma forte mutualização entre estabelecimentos para seu currículo acadêmico e pode ser creditado (cer- propor um conjunto de soluções inovadoras, tais tificado de transferência de créditos) por sua univer- como: sidade de origem. nível europeu master. • inscrição: o site www.nplusi.com oferece ao estudante, onde quer que se encontre, a possibilidade de inscrever-se on line e candidatar-se simultaneamente a todas as escolas da Rede e aos diversos programas de bolsas (das regiões, de empresas e do Governo francês); • recepção dos estudantes: a Rede proporciona acompanhamento e assistência personalizados (desde o aeroporto até o diploma); • parcerias: cada escola beneficia-se de todas as parcerias estabelecidas com as melhores universidades de outros países, com as regiões da França (que procuram atrair alunos excelentes para seus estabelecimentos de ensino e seu mercado de trabalho) e com as empresas (que desejam participar da formação de seus futuros engenheiros internacionais). PROGRAMAS DE UM E DOIS ANOS Uma das originalidades da Rede “n+i” consiste em incluir em seus dois programas seis meses de adaptação cultural, lingüística e também metodológica, para auxiliar os estudantes internacionais a inserirem-se melhor entre os alunos-engenheiros franceses. 10 POSSIBILIDADES DE FINANCIAMENTO Graças às parcerias estabelecidas pela Rede “n+i”, em 2004 mais de 85% dos estudantes conseguiram bolsas complementares e mais de 20% obtiveram um financiamento total (acadêmico + custo de vida) para os dois anos do programa “n+i”. Por exemplo, as empresas francesas e brasileiras podem propor-se a acompanhar os estudantes que lhes parecerem mais adequados para seus objetivos, oferecendo-lhes estágios, projetos, bolsas, financiamentos, empregos etc. Mas para obter uma bolsa, um financiamento, uma oferta de formação etc é preciso que o estudante se candidate e que a Rede disponha de um dossiê completo para avaliação. A inscrição é gratuita. Para inscrever-se basta preencher um dossiê on line e transmitir à Rede “n+i” uma versão impressa assinada, acompanhada dos documentos complementares. A próxima data-limite de inscrições é 24 de abril. Mais informações www.nplusi.com [email protected] ASSOCIAÇÕES Novos integrantes da ASPEF Alunos das mais variadas especialidades, que habilidade de entender e responder à dinâmica das fizeram recentemente estudos de graduação ou de relações entre as duas nações – um diferencial valioso pós-graduação em escolas francesas, integraram-se para instituições num contexto globalizado. em 2005 à Associação Paulista dos Antigos Alunos e Estagiários das Escolas Francesas - ASPEF. No intuito de reverter essa situação, a ASPEF, com auxílio da recém-criada APFI - Associação Politécnica Essa geração de jovens é fruto dos acordos e de Formação Internacional, está organizando ativi- programas cada vez mais fortes entre Brasil e França. dades de divulgação desse novo perfil de profissionais Com o desenvolver das relações, surgiram acordos para empresas e câmaras de comércio. Como uma das entre instituições de ensino, de excelente qualidade medidas, está prevista a criação de um banco de internacional, que dão direito a diplomas dos dois currículos de pessoas com esse perfil e palestras sobre países e acesso a bolsas de estudos. As novidades não o assunto. estão restritas a programas de graduação mas abrangem também a pós-graduação. Além desses esforços, os jovens recém-associados estão fornecendo importante suporte na organização Independentemente do programa escolhido, a do seminário técnico anual da ASPEF. Este ano o semi- experiência internacional traz aos participantes nário será sobre o biodiesel, que está em ampla amadurecimento em aspectos tanto acadêmicos e discussão no Brasil e no mundo como uma das fontes profissionais como culturais e pessoais. No entanto, ao viáveis de energia renovável. Fiquem atentos para as retornarem, eles nem sempre encontram o reco- próximas informações e aproveitem para conhecer os nhecimento adequado com relação a essas aquisições. novos associados que estão engajados nesses pro- Há uma avaliação vaga sobre a importância dos jetos. intercâmbios acadêmicos e o potencial humano gerado nas empresas no Brasil. Muito mais do que profissionais bilíngües, esses programas oferecem ao parque empresarial brasileiro indivíduos biculturais com a Contato Jean Bodinaud [email protected] Karim Boudhraa [email protected] uma associação para os pesquisadores e os estudantes brasileiros na França Muitos dos estudantes e pesquisadores bra- parceria com a Maison du Brésil e a Embaixada do sileiros na França recebem apoio das agências Brasil na França e organiza atividades culturais brasileiras de financiamento da pesquisa, o CNPq e a abertas ao público (“Domingo de Sol”). CAPES. Existem diversos programas institucionais de A APEB-Fr realiza de 26 a 29 de abril seu primeiro cooperação científica (CAPES/COFECUB – que já Congresso Internacional: “A pesquisa científica no Ano financiou até o momento mais de 500 projetos –, do Brasil na França: balanço e futuro da cooperação”. FAPESP/ENS, CNPq/INSERM, CNPq/CNRS) e vários O 1. CIAPEB será em Paris e fará parte da temporada organismos que coordenam e promovem os esforços cultural “Brésil, Brésils”, em que eventos sobre o Brasil bilaterais em matéria de intercâmbios técnicos e estarão ocorrendo em toda a França. O congresso científicos (CRBC-EHESS, Délégation Régionale de quer mostrar uma outra face do país – sua pesquisa – Coopération France-Cône Sud, CenDoTeC). e visa incentivar o aprofundamento da cooperação Essa vigorosa cooperação tem resultado em um aumento constante do número de intercâmbios e o áreas do conhecimento. As atividades científicas serão pontuadas por sadores e Estudantes Brasileiros na França - APEB-Fr. manifestações culturais que ocorrerão concomitante- Com mais de 400 associados, a APEB-Fr é o interlo- mente na Maison du Brésil e no FIAP Jean Monet. O cutor privilegiado dos bolsistas brasileiros com as congresso conta com o apoio de: Embaixada do Brasil A associação tem por vocação “difundir e promo- PARIS 2005 científica e técnica entre os dois países, em todas as levou, em 1984, à criação da Associação dos Pesqui- agências brasileiras de financiamento da pesquisa. I CIAPEB em Paris, Maison du Brasil, EduFrance, CenDoTeC, Capes, CNPq, Conseil Régional de l’Île-de-France. ver a produção científica e cultural sobre o Brasil” e Estarão presentes no congresso, entre outros, “estimular a cooperação entre as comunidades cien- Edgar Morin, diretor emérito de pesquisa do CNRS; tíficas e culturais brasileiras e francesas”. Para isso, Jorge Guimarães, presidente da CAPES; Inez Machado apóia a estada de pesquisadores e estudantes brasi- Salim, diretora da Maison du Brésil da Cidade Inter- leiros na França fornecendo informações diversas em nacional Universitária de Paris; Olivier Giron, da um fórum de discussão no site internet www.apebfr. direção das Relações Internacionais e da Cooperação org, e organizando atividades culturais e científicas. do Ministério francês da Educação. Também promove seminários (“Ciclo APEB”) em Mais informações www.apebfr.org/ciapeb 11 PESQUISA Pesquisa e inovação em energia solar fotovoltaica Células solares em materiais orgânicos O material orgânico (ou seja, os plásticos), menos oneroso, desponta como uma via complementar O efeito fotovoltaico permite a conversão tecnologia limpa. De fácil manipulação, seu uso como solares em eletricidade. Na produção de material de base permitirá que toda a engenharia da eletricidade de origem renovável, a célula (do substrato até a cápsula protetora) aplique energia solar fotovoltaica pode constituir apenas uma única tecnologia industrial pouco one- um componente significativo, sobretudo rosa, próxima das técnicas habituais de impressão. para os setores residencial e terciário. Desde 2001 o CEA vem trabalhando no projeto de nos últimos 10 anos, o aporte fotovoltaico no fornecimento de energia ainda é marginal, principalmente porque o custo de seu quilowatt-hora conectado à rede é cerca de 10 vezes maior que o do gás ou do kW nuclear. Hoje o segmento está empenhado em melhorar o rendimento de conversão da energia e reduzir os custos de fabricação dos sistemas completos. Para isso, o CEA - Comissariado de Energia Atômica organizou-se em todo o segmento (células, módulos e sistemas, armazenagem da energia) para propiciar as rupturas tecnológicas indispensáveis a branas poliméricas com eficiência superior a 5% sob iluminação solar e estável por 5.000 horas no mínimo. Ainda devem ser feitas pesquisas para melhorar o tempo de vida dos componentes. O CEA coordena um projeto europeu, o Molycell, sobre esses segmentos inovadores. MÓDULOS E SISTEMAS FOTOVOLTAICOS é um processo difícil; por isso não é raro observar diferenças significativas (de menos ou mais 5%) entre os bancos de caracterização, tanto dos fabricantes dos módulos é diretamente proporcional à potência ficações de seu Laboratório de Eletrônica e medida. O projeto europeu PV-Catapult, que teve de Tecnologia da Informação - Leti em micro- início em 2004 e do qual o CEA participa, visa com- eletrônica (silício, filmes finos). preender as diferenças entre os bancos de teste e Em 2003, com o suporte financeiro da Ademe – contribuir para uma normalização internacional. Agência do Meio Ambiente e de Controle da Energia, Aproveitando a insolação ótima de suas instalações o CEA dotou-se de uma plataforma tecnológica, a em Cadarache, o CEA implantou a plataforma SOL - Restaure, que integra todos os equipamentos neces- Solar Outdoor Laboratory, cujo objetivo é medir a sários à fabricação de células em silício multicristalino. produtividade real de módulos e sistemas sob inso- As primeiras células de 150 mm X 150 mm, produ- lação natural, servindo assim como referência nesse zidas em 2004, apresentam rendimentos superiores a procedimento normativo. 15%. Esses resultados animadores prometem que até O passo seguinte é otimizar a gestão de um sis- 2010 será possível obter rendimentos de conversão da tema completo e integrar o fotovoltaico nos sistemas ordem de 20% para células de 200 mm X 200 mm, energéticos: redes de produção descentralizada, inte- com custos de fabricação inferiores a 1 euro/Watt-pico . gração nas edificações e no habitat etc. A modelagem Os equipamentos são muito semelhantes aos dos sistemas é um importante eixo de desenvolvimen- utilizados pela indústria, o que possibilita a trans- to para propor aos profissionais da energia solar ser- ferência progressiva de melhoramentos. A plataforma viços de auxílio a projetos (dimensionamento, escolha 1 2 Estão em andamento vários demonstrar até 2005 a viabilidade de células de mem- econômicas são consideráveis, pois o preço de venda O CEA apóia-se sobretudo nas quali- célula fotovoltaica. mentar. Um projeto financiado pela Ademe pretende como dos laboratórios de referência. As implicações Células em silício de alto rendimento insolação máxima para uma ainda é fraco (cerca de 3,5%), mas não pára de au- Medir a potência elétrica de módulos fotovoltaicos Atualmente são estudadas duas vias, potência correspondente à radas com as convencionais em silício, seu rendimento vez formam sistemas. com objetivos e aplicações complementares: 1 Watt-pico: unidade de células fotovoltaicas orgânicas ou híbridas. Compa- As células são montadas em módulos, que por sua esses desenvolvimentos. CÉLULAS FOTOVOLTAICAS Instalação de placas de silício de 200 mm x 200 mm no forno de difusão utilizado para a formação do emissor da célula fotovoltaica. A plataforma Restaure do CEA/Grenoble é uma das poucas que utilizam essas dimensões (o padrão é de 150 mm x 150 mm). produção. Degradáveis, os polímeros garantem uma direta da energia luminosa dos raios Na França, embora tenha aumentado sete vezes ©Michon-artechimique/CEA promissora e confiável para reduzir os custos de será acessível ao pessoal dos laboratórios externos e às indústrias, por meio de acordos específicos . 2 Além disso, as equipes do CEA desenvolvem ramos dos componentes, ensaios etc). A conexão à rede convencional de distribuição de eletricidade é uma questão importante e em pleno desenvolvimento. projetos (Sinergies, Reducop, inovadores a fim de diminuir a quantidade de silício Photosil e outros), em utilizada, particularmente a partir de células em filmes colaboração com equipes do finos de silício monocristalino. Também estudam A armazenagem da eletricidade é fundamental novos materiais que proporcionem alto rendimento para as fontes não conectadas à rede, chamadas (células multi-junção). intermitentes (eólica, fotovoltaica). Portanto, torna-se CNRS e em parceria com a Photowatt, a Pechiney, a Apollon Solar. 12 ARMAZENAMENTO DA ENERGIA O que pensam os experts Vivemos em uma parte do planeta na qual incidem elevados valores de radiação solar! Temos também as maiores reservas de quartzo do mundo, matéria-prima para a obtenção de silício purificado para a produção de células solares. Por que não usarmos esta matéria prima e uma forma limpa, silenciosa, democrática e de alta tecnologia para produção de energia elétrica, denominada energia solar fotovoltaica, para alcançarmos uma sociedade mais justa e de igualdade de oportunidades? Para acelerar o desenvolvimento tecnológico e aumentar o uso desta tecnologia no Brasil, em maio de 2004 foi assinado pelo Ministro da Ciência e Tecnologia o Acordo Técnico-Científico para a implementação do Centro Brasileiro para Desenvolvimento de Energia Solar Fotovoltaica – CB-Solar. Este acordo é resultado de uma parceria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS com o Ministério da Ciência e Tecnologia, Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia e de Energia, Minas e Comunicações do RS, Companhia Estadual de Energia Elétrica do RS e Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre. O Centro foi implantado no Núcleo Tecnológico de Energia Solar – NTSolar da PUCRS, o mais moderno laboratório da área na América Latina para fabricação de módulos fotovoltaicos. Estes laboratórios foram projetados especificamente para desenvolver protótipos de células solares e módulos fotovoltaicos bem como para implementar e analisar sistemas fotovoltaicos. O objetivo é desenvolver novas estru- turas mais eficientes na conversão de energia solar em elétrica, desenvolver tecnologias para fabricação de células solares e módulos fotovoltaicos mais econômicos ou mais eficientes, implementar e estudar sistemas fotovoltaicos e formar recursos humanos especializados na área. Desta forma, realiza a associação ciência/tecnologia/aplicações. O CB-Solar é constituído de um Comitê Diretor e uma Secretaria Executiva. Para assessorar em temas específicos, conta com uma equipe de consultores e os membros associados financiam projetos específicos. O Centro tem as funções de promover o desenvolvimento científico e tecnológico, programas para incentivar as aplicações e a formação de recursos humanos bem como estabelecer um trabalho em conjunto com especialistas de universidades, centros de pesquisa, empresas e usuários nesta área. Neste sentido, está sendo implementada uma planta piloto para fabricação de módulos fotovoltaicos com tecnologia nacional, nos laboratórios do NT-Solar. Outra atividade importante na área é a estruturação das normas para a etiquetagem/certificação dos componentes de um sistema fotovoltaico autônomo e do próprio sistema. Os trabalhos estão sendo coordenados pelo Inmetro e contam com a participação de especialistas das universidades e empresas. Prof.a Dra. Izete Zanesco e Prof. Dr. Adriano Moehlecke, professores da Faculdade de Física e do Programa de PósGraduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; coordenadores do Centro Brasileiro para Desenvolvimento da Energia Solar Fotovoltaica, CB-Solar [email protected] e [email protected] indispensável para as aplicações em locais isolados; poluentes. Quanto às tecnologias do frio, que repre- mas atualmente é a principal dificuldade, devido a seu sentam 15% do consumo francês, o uso de fluidos custo, ainda proibitivo, sobre o tempo de vida total de frigorígenos não poluentes poderia ser uma solução. um sistema autônomo.3 Por fim, materiais inovadores otimizariam a isolação e Quanto à armazenagem da eletricidade em geral, a iluminação das construções.4 as pesquisas visam melhorar os desempenhos, os rendimentos e os custos das baterias de chumbo. Também são estudadas soluções mais inovadoras a partir da tecnologia do lítio. Procura-se projetar e produzir novos eletrodos de baixo custo e novos eletrólitos. O CEA apóia-se nas microtecnologias e na obtenção de patentes para desenvolver baterias e acumuladores para aplicações que vão do veículo elétrico aos objetos nômades. RESIDÊNCIAS E SETOR TERCIÁRIO O PROJETO INES Para sanar a dispersão da P&D francesa sobre energia solar, principalmente fotovoltaica, era indispensável criar um centro de excelência que reunisse as qualificações e os recursos do segmento. Esse é o objetivo do projeto INES - Instituto da Energia Solar, que agrupa os principais atores da pesquisa francesa (CEA, CNRS, CSTB) e as indústrias do segmento solar 3 O CEA coordena um estudo sobre essas questões. Para o armazenamento das energias intermitentes, a EDF, a Total (Clipsol, Photowatt, Total Energie). Suas temáticas de Energie e a Accus Clément pesquisa são: estão entre os principais Nos setores residencial e terciário, responsáveis • a energia solar térmica e fotovoltaica: células, por 25% das emissões de CO2 do país, as possibi- sensores, módulos, sistemas, armazenagem da parceiros industriais do CEA. 4 A Ademe é um importante parceiro institucional do CEA lidades de economia de energia e de redução das eletricidade, demonstração e testes; emissões de gases de efeito estufa são consideráveis: • gestão ativa dos recursos e das cargas térmicas e o item “aquecimento”, por si só, representa 2/3 do elétricas de uma edificação, para chegar a habitats CSTB - Centro Científico e consumo atual do parque residencial e metade do autônomos em energia. Técnico da Construção são consumo do parque terciário. Estão em andamento Suas três plataformas de atuação deverão: na França e também atua em nível europeu. O CNRS e o parceiros em P&D. Quanto aos aspectos térmicos, ele conta pesquisas para melhorar a eficiência energética das • pesquisar, desenvolver e valorizar a inovação; edificações. Já é concebível que no futuro uma • formar e informar os profissionais (construtores, Grupo para Pesquisa sobre edificação possa produzir mais energia do que arquitetos), os pesquisadores e o público; Trocadores Térmicos para as consome: trata-se do conceito de “edifício com • demonstrar a integração dos componentes e dos energia positiva”. Graças às fontes renováveis (ma- sistemas solares nas edificações, validando em deira, solar térmica, solar fotovoltaica), esse edifício – situação real inovações da P&D. Integração de Sistemas e otimizado em seu projeto e nas redes de interconexão Contato Pascal Couffin - chefe de projeto solar fotovoltaico e controle de energia [email protected] Tecnologias e o Leti permitem- – produziria e trocaria energia térmica e elétrica. Para o aquecimento, é possível desenvolver caldeiras com alto rendimento e baixa emissão de Dossier de presse CEA jan 2005, Clefs CEA n.o 50/51 principalmente com o GRETh - ferramentas de simulação e experimentação. Internamente, o List - Laboratório de lhe uma abordagem sistêmica, desenvolvendo componentes eletrônicos, sensores inteligentes etc. 13 PUBLICAÇÕES Tudo sobre a malária Em Biodiversité du paludisme dans le monde (2004, Sobre a outra economia ed. John Libbey Eurotext, 420 p., ISBN 2-7420-0528-5, Dictionnaire de l’autre 60 euros), especialistas do Instituto de Pesquisa e économie (2005, ed. Desclée Desenvolvimento – IRD apresentam um panorama De Brouwer, ISBN 2-2200- completo da malária. Alguns dos capítulos: a malá- 5534-5, 32 euros) resulta de ria, parasitose e doença de transmissão vetorial; uma cooperação franco- histórico da aquisição dos conhecimentos e do com- brasileira e reúne contribuições bate; parasitas e vetores; ciclos dos plasmódios; de importantes autores dos dois bases da epidemiologia; a malária no mundo em 2000; biogeografia epidemiológica; as grandes re- países, sob direção de JeanLouis Laville (Conservatório Nacional de Artes e giões biogeográficas; evolução climática e malária; Ofícios – CNAM, Paris) e Antonio David Cattani modificações antrópicas do meio ambiente. (UFRGS, Porto Alegre). Teve como ponto de partida Informações e pedidos http://www.john-libbey-eurotext.fr o livro A outra economia (P. Alegre, Veraz Editores, Sciences au Sud n.° 26 Première mundial sobre o Internet Protocol versão 6 2003 – traduzido também para o espanhol: B. Aires, Editorial Altamira, 2004). O lançamento internacional aconteceu durante o Fórum Social Mundial de 2005, em Porto Alegre. O IPv6 deverá substituir progressiva- “Por muito tempo o sucesso do neoliberalismo deixou mente a versão 4 do Internet Protocol na sombra uma parte importante da economia real. (IP, a tecnologia de base da Internet), Sua pretensão a único modelo possível é hoje muito que está próxima da saturação. O Centro contestada, principalmente pelo movimento de alter- das Tecnologias Novas – CTN e o Instituto mundialização, que elabora também propostas con- Superior da Internet – ISI criaram dois cretas para promover mais solidariedade e demo- DVDs de auto-treinamento no uso do IPv6. cracia.” Para favorecer a reflexão sobre uma outra O primeiro, mais generalista, já está disponível economia, este dicionário enciclopédico propõe uma (24 euros); acompanhado de um manual de 16 síntese confiável e acessível dos conhecimentos páginas, apresenta em 90 minutos um panorama disponíveis. Interdisciplinar e internacional, oferece da nova tecnologia. O segundo é mais técnico uma definição aprofundada de 50 termos-chave e será comercializado em breve. (comércio justo, desenvolvimento sustentável, Informações e pedidos http://www.isi.unicaen.fr/CTN.php Contatos CTN – Philippe Lequesne – T (33-2) 31.46.28.09 ISI – Olivier Lamirault – T (33-2) 31.53.80.85 terceiro setor, economia solidária etc). Essas noções FranceST n.° 61 Turismo e coletividades A sinergia entre parceiros públicos (administrações locais) e privados (profissionais do turismo) é que impõe uma imagem turística. Em La communication touristique des collectivités territoriales (Les dossiers d’experts n.o 247, 184 p., ISBN 2-84130-547-7, 69 euros), os especialistas Pierre Frustier e François Perroy propõem um método de análise e apresentam as ferramentas da comunicação e seus potenciais; recorrem a exemplos que mostram os meios disponíveis em função dos objetivos e das pessoas envolvidas nesse trabalho. Os capítulos dividem-se em três seções: a comunicação, princípios gerais adaptados ao âmbito turístico; a comunicação em ações; as ferramentas da comunicação. Informações e pedidos www.territorial.fr ou [email protected] Contato Pierre Frustier [email protected] IUT Information-Communication - Université de Nantes remetem à história e à atualidade. Ferramenta indispensável para todos os envolvidos com a economia social e solidária, para pesquisadores e estudantes, alia as perspectivas teóricas às práticas sociais. Pedidos http://www.fnac.com Dicionário multimídia sobre desenvolvimento sustentável Durante o encontro internacional TIC21 – A Contribuição das Tecnologias da Informação e da Comunicação para o Desenvolvimento Sustentável, em fevereiro de 2005 em Valenciennes, foi apresentada a primeira versão do Dictionnaire Multimédia Développement Durable. São 35 mil links sobre as diversas vertentes do desenvolvimento sustentável, 400 vídeos e 100 mil palavras citadas, cobrindo todo o tema por meio das tecnologias semânticas da web. Contato Para informar-se sobre a publicação on line do dicionário, participar de sua evolução futura e contatar o autor, Michel Giran, escreva para [email protected], com o título “Dictionnaire Multimédia du Développement Durable” No site do CenDoTeC www.cendotec.org.br FranceST n.° 61 Cooperação e Redes – os projetos, as instituições, os convênios e as associações da cooperação científica franco-brasileira; Informações C&T – as publicações do CenDoTeC, as bases de dados para pesquisadores e estudantes, as exposições e o acervo; Estudos Superiores – o ponto de partida para os que querem estudar na França. 14 BREVES Novo tratamento para a osteoporose Até agora as terapias hormonais eram as mais eficazes, porém estudos recentes mostram que podem causar câncer de mama. O novo medicamento, que recebeu o nome de Protelos, foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica – Inserm em conjunto com os laboratórios Servier. Eles criaram uma molécula na qual o estrôncio, um elemento próximo do cálcio constitutivo dos ossos, é associado a um ácido orgânico, o ranelato, que aumenta sua disponibilidade e eficácia na conservação da massa óssea. De fato, o osso renova-se permanentemente para conservar suas propriedades mecânicas: o osso velho é reabsorvido para que uma nova matriz óssea seja formada. O déficit de estrogênio na menopausa provoca um desequilíbrio que agrava a perda óssea natural que ocorre com a idade. ©P. Marie Pierre Marie, chefe da equipe Inserm, explica: “Conseguimos mostrar in vivo em vários modelos, entre os quais o rato privado de estrogênio, que o ranelato de estrôncio inibe a reabsorção do osso sem prejudicar a formação, ao contrário dos tratamentos já disponíveis. Em animais sadios ele até mesmo a favorece. Também melhora as propriedades mecânicas do osso e assim age tanto sobre a quantidade como sobre a qualidade.” O Protelos já recebeu autorização para comercialização em 27 países europeus. Contato Pierre Marie [email protected] Le Journal du CNRS n.° 180 Uma rede européia sobre doenças animais A rede EADGENE - European Animal Disease GEnomics Network of Excellence, coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas - INRA, foi lançada em fins de 2004 em seu centro de Jouy-en-Josas. Ela estudará as principais espécies de animais de criação para responder a questões de saúde animal e humana e para melhorar a qualidade e a segurança dos produtos de origem animal. Mobiliza em 10 países 130 cientistas de 13 instituições parceiras; estas lançarão programas conjuntos de formação e pesquisa sobre as principais doenças de bovinos, porcos, aves e peixes. A abordagem multidisciplinar também deverá fazer avançar os conhecimentos sobre doenças humanas. Contato EADGENE – Marie-Hélène Pinard van der Laan [email protected] T (33-1) 34.65.21.84 FranceST n.° 61 ©IRD/P.Roger Espirulina: um milagre não reconhecido? Essa alga que cresce em lagos alcalinos intertropicais é rica em proteínas, micronutrientes, betacaroteno, ferro, vitamina B12, ácidos graxos. Entretanto, embora ONGs já a utilizem há muitos anos no combate à desnutrição, ela continua ausente das estratégias oficiais, devido à insuficiência de estudos científicos comprobatórios. Em um colóquio organizado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IRD e pelo Instituto Oceanográfico Paul Ricard, 120 cientistas, membros de ONGs e produtores (começa-se a cultivá-la para uso industrial em cosmética e como corante alimentar) chegaram a um consenso sobre certas propriedades e promessas da espirulina: • Cultivo: possibilidade de cultura em meios pobres e em água do mar, sem perda das qualidades; requer treinamento tanto em escala industrial como artesanal. • Potencial biotecnológico: há poucas espécies, mas nenhuma tóxica; a composição varia de acordo com a linhagem e o meio de crescimento. • Potencial médico: é uma arma eficaz para redução do colesterol, do diabetes e da obesidade, bem como para Microfotografia de uma linhagem de Spirulina isolada do solo de um arrozal filipino reforço do sistema imunitário e melhora da capacidade esportiva. • Combate à desnutrição: nesse tema central das polêmicas, os cientistas preconizam o uso como complemento alimentar (aporte diário de alguns gramas nos alimentos tradicionais). Contato Loïc Charpy [email protected] Sciences au Sud n.° 26 Amaya: um editor e navegador Web ao alcance de todos O Instituto Nacional de Pesquisa em Informática e Automação – INRIA anunciou o lançamento do Amaya 9.0, o único software livre que permite simultaneamente navegar na rede e criar ou editar páginas Web. Por essa característica, Amaya é uma ferramenta de trabalho colaborativo: se estiver autorizado a modificar as páginas de um site, o internauta pode atualizar as informações visualizadas e republicá-las imediatamente. O Web Amaya é desenvolvido pelo INRIA desde 1996, em conjunto com o W3C - World Wide Web Consortium. A versão 9.0 oferece uma interface totalmente renovada, mais intuitiva e acessível: é possível adicionar conteúdos diversos (fórmulas, textos, gráficos etc.) sem conhecimento das tecnologias associadas e sem necessidade de abrir várias janelas ou vários softwares. O uso por portadores de deficiências físicas também foi facilitado. Reúne quatro linguagens do W3C: XHTML e XML (edição de páginas estruturadas), MathML (edição de fórmulas matemáticas), CSS (padronização gráfica por definição de estilos) e SVG (desenhos vetoriais). É distribuído gratuitamente e utilizável nas plataformas Linux, Windows e em breve Mac OS X. Mais informações http://wam.inrialpes.fr/software/amaya/ Contato INRIA – Marie Collin T (33-4) 76.61.55.03 Comunicado Inria fev 2005 15 ...BREVES Laser para cortar... proteínas Para estudar as proteínas por espectrometria de massa, os biólogos utilizam uma enzima como “tesoura” molecular. Mas isso apaga parcialmente os vestígios das modificações que dão à proteína suas propriedades ©Ch.Jouvet específicas, além de cortá-la de modo pouco seletivo. Há nessas moléculas biológicas ligações que se quebram quando em presença de um elétron. Aproveitando-se dessa característica, pesquisadores do Laboratório de Fotofísica Molecular de Orsay aplicaram a um fragmento de proteína um pulso laser UV que excitou um elétron, tornando-o mais móvel; 200 femtosegundos depois, um segundo pulso laser guiou o elétron para uma ligação frágil, provocando sua quebra. Variando o intervalo de tempo entre os dois pulsos, seria possível até mesmo “escolher” o lugar da quebra. “Nosso objetivo é associar corte a laser e espectrometria de massa. Com isso esperamos oferecer aos biólogos uma ferramenta complementar que lhes permita determinar de modo ainda mais preciso as características das proteínas.” Contato Laboratoire de photophysique moléculaire d’Orsay Christophe Jouvet [email protected] Le Journal du CNRS n.° 181 Células-tronco embrionárias: uma nova aplicação? A regeneração do epitélio respiratório é lenta e não se conhecem ainda as células-tronco humanas que atuam no processo. Em muitas patologias respiratórias genéticas e/ou adquiridas, o repovoamento e a rápida regeneração do epitélio condicionam a funcionalidade da mucosa respiratória. Uma equipe Inserm conseguiu, pela primeira vez, demonstrar em ratos que células-tronco embrionárias podem gerar um epitélio funcional completo, com células secretoras não ciliares, células basais e ciliares. Demonstraram também que a diferenciação se processa melhor sob influência de colágeno tipo I. “A caracterização das célulastronco respiratórias e o conhecimento do meio favorável a seu crescimento e diferenciação constituem um fator essencial para o desenvolvimento de terapias regeneradoras do epitélio”, concluem os pesquisadores do Inserm. Contato Unidade Inserm UMR-S 514/Reims – Edith Puchelle [email protected] T (33-3) 26.78.77.70 e (33-3) 26.86.56.56 Comunicado Inserm fev 2005 ON LINE Novos dossiês Sagasciences Suinocultura alternativa http://www2.cnrs.fr/multimedia/ http://www.inra.fr/porcherie-verte/ Porcherie verte (“Chi- novos dossiês temáticos (ao todo são nove, ver FF queiro verde”) é um n.o 31), ricos em recursos multimídia: filmes, ani- programa de pesquisa mações, fotos etc. Os novos dossiês são: • Portrait Robots: os robôs que prestam serviço, que imitam a vida e que exploram o mundo. Pesquisas e ©INRA/C.Maître A coleção interdisciplinar do CNRS traz on line cinco pluridisciplinar e interorganismos, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas – INRA. Seu objetivo é perspectivas. • La cellule animale: viagem em 3D pela célula, terapia celular, clonagem, como uma célula se torna cancerosa, o processo de envelhecimento celular. • Sciences & Handicap: as pesquisas e as tecnologias para melhorar o dia-a-dia dos portadores de deficiências físicas. • Evolution: o conceito de evolução, cronologia, grandes eventos do mundo físico e história da vida, as teorias e as pesquisas atuais. criar e promover sistemas sustentáveis de suinocultura. Compõe-se de quatro eixos temáticos: limitações e oportunidades da produção suína no plano socioeconômico; novas condutas de criação; gestão dos efluentes; sistemas de produção e métodos. O programa, que teve início em 2001 e encerra-se em 2005, mobilizou cerca de 90 pesquisadores e engenheiros. Estudou-se, por exemplo, um modo de criação sobre cama de serragem e com acesso a um espaço externo, em comparação com o modo con- • Art & Sciences: as técnicas de investigação cientí- vencional sobre estrado. Resultados: impacto positivo fica a serviço das obras de arte. As obras: o escriba sobre o meio ambiente; maior peso do animal no de Saggaret, os papiros egípcios, os autocromos, abate e carne mais saborosa e mais tenra. “As Bodas de Caná”; as ferramentas: radiografia, O site apresenta as ações de pesquisa e fichas dos acelerador de partículas, química, cromatografia. resultados. é uma publicação trimestral do CenDoTeC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica Av. Prof. Dr. Lineu Prestes, 2242 IPEN Cidade Universitária 05508-000 São Paulo-SP APOIO Tel.: (11) 3032-1214 Expediente Fax: (11) 3032-1552 E-mail: [email protected] Diretor de publicação Pierre Fayard Editoração Neusa Watanabe Ferreira Tradução Rosemary Costhek Abílio Colaboração Halumi T. Takahashi, Dayane Martinez Takemiya, Tatiana Nikitin Silva, Verônica De Angelis Projeto gráfico Everton Teles Rodrigues Embaixada da França no Brasil www.ambafrance.org.br 16 Impressão HM Ind. Gráfica e Editora Jornalista responsável Roberto Penteado MTb 220/DF As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores. Esta edição contém 250 links internet. Tiragem: 3.500 exemplares Divulgação eletrônica de resumo em português: 13.000 endereços; em espanhol: 3.000 ; em francês: 2.800.