O novo Erasmus Mais oportunidades para todos: o programa de intercâmbio europeu ganhou um outro fôlego e já não é só para quem está na faculdade POR TERESA CAMPOS 25 anos, o mais popular programa de intercâmbio universitário da Europa, o Erasmus, entra num novo ciclo. Desde 1987, perto de três milhões de pessoas beneficiaram dele - cerca de 70 mil foram portugueses -, numa rede que engloba os 28 países da União Europeia, mais a Islândia, o Liechtenstein, a Noruega, a Suíça e a Turquia. Agora, o Eramus +, como passou a designar-se, Aos quer ir mais além, juntando os programas de mobilidade já existentes dedicados à Educação, Formação e Juventude (Leonardo da Vinci, Comenius, Grundtvig, Erasmus Mundus, Tempus, Alfa e Edulink) ao Desporto, especialmente o não profissional. É um programa ambicioso. A partir deste ano, e até 2020, espera-se que quatro milhões de pessoas possam estudar ou receber formação fora dos eu país de origem. Há ainda espaço para a cooperação institucional entre estabelecimentos de ensino, organizações de juventude, empresas, autoridades locais e regionais e organizações não-governamentais. E está também previsto apoio a quem quiser modernizar os seus sistemas de educação e formação, além de promover a inovação, o espírito empresarial e a empregabilidade. Há mais alterações: as bolsas que vão estar disponíveis para estudar ou estagiar no estrangeiro têm uma duração variável, de uma semana a um ano. O subsídio cobre custos de viagem e uma formação inicial na língua do país - mas o montante varia consoante o custo de vida no país de origem e no país de acolhimento, entre o mínimo de 50 euros e um máximo de 500. A fim de garantir a igualdade de acesso ao programa, prevê-se que os mais participantes economicamente desfavorecidos possam receber bolsas mais altas. de destino EMPRÉSTIMOS PARA ESTUDANTES Esta nova mobilidade integra os estágios e os mestrados conjuntos em universidades europeias. Outra novidade é o sistema de empréstimos para estudantes, através do Banco Europeu de Investimento, direcionado para os alunos que frequentem um mestrado completo num país europeu diferente do seu. Na prática, vão ser as escolas e as instituições de ensino e formação, e Até 2020, espera-se que quatro milhões de estudantes sejam abrangidos pelo novo modelo de intercâmbio Para todos A desde 1987, o mudar mentalidades mais querido programa de mobilidade de estudantes avança agora para uma nova etapa não os candidatos a título individual, a fazer os pedidos de financiamento. Estamos a falar de mais de dois milhões de estudantes do ensino superior, 650 mil alunos e aprendizes de cursos de formação profissional, 800 mil professores do ensino básico e secundário, docentes do ensino superior, profissionais dos setores da educação, formação e da juventude, bem como mais de 500 mil participantes em programas de intercâmbio de jovens ou de voluntariado no estrangeiro. «O Erasmus tira-nos da zona de conforto mostra-nos o mundo que desconhecemos», gosta de apregoar o realizador Filipe Araújo, beneficiário e também embaixador nacional do e programa. Para ele, este programa terá feito mais pela construção europeia do que qualquer tratado. Foi, aliás, assim que o definiu Domenico Lenarduzzi, o pai do Erasmus, cuja ideia era demonstrar que a UE não tinha apenas uma dimensão económica, mas devia também preocupar-se em criar cidadãos com uma consciência europeia. Daí que, há dois anos, se tenham levantado as mais diversas - de prémios Nobel a personalidades realizadores, passando por campeões olímpicos - em nome da sua manutenção: o Erasmus enfrentava um défice de 90 milhões e muitos temiam que desaparecesse. Assim surgiu a ideia de o integrar num programa maior e de dar outro passo: hoje, a União quer também tornar-se mais atrativa para estudantes e investigadores estrangeiros. A luz verde a este programa é assim uma espécie de novo fôlego para o mundo Erasmus, além de alimentar ainda a ambição de aumentar o número dos que concluem o ensino superior para 40% (atualmente, são 32 por cento) e reduzir a taxa de abandono precoce de 14 para 10 por cento. Como assumiu a própria Androulla Vassiliou, comissária responsável pela e Educação, Cultura, Multilinguismo Juventude, na apresentação do novo Erasmus, «o objetivo é tornar a Europa no destino favorito para o ensino supe- rior, a investigação e a inovação». ?