Aplicação de Métodos de Quarta Ordem para Resolver as Equações de Navier-Stokes em um Canal com uma Oclusão Katia Prado Fernandes Programa de Pós Graduação em Modelagem Computacional, LNCC 25651-075, Petrópolis, RJ E-mail: [email protected], Paulo F. A. Mancera Departamento de Bioestatı́stica, IBB, UNESP 18618-000, Botucatu, SP E-mail: [email protected]. Resumo: Métodos numéricos de diferenças finitas de alta ordem para as equações de NavierStokes nas formulações função corrente e função corrente-vorticidade são classificados como compactos ou não compactos. Neste trabalho, constrói-se um método compacto e um não compacto de quarta ordem para resolver numericamente as equações de Navier-Stokes na formulação função corrente em uma malha uniforme. Apresenta-se os erros RMS e máximo e verifica-se que o resultado numérico para a combinação de métodos de segunda ordem com métodos de quarta ordem são mais precisos do que o método de diferença central de segunda ordem. Palavras-chave: Equações de Navier-Stokes, Diferenças Finitas, Métodos de Alta Ordem 1 Introdução Nas últimas décadas nota-se o desenvolvimento de vários métodos numéricos de diferenças finitas para resolver numericamente as equações de Navier-Stokes, tanto em variáveis primitivas, quanto na formulação função corrente-vorticidade. Na maioria das vezes os métodos usados são de segunda ordem, resultando em uma molécula computacional de cinco pontos. Pode-se obter métodos numéricos de alta ordem para as equações de Navier-Stokes usando diferenças centrais de quarta ordem, porém os mesmos resultam em moléculas computacionais enormes (ver Figura 1.a), ditos métodos não compactos. Entretanto, é possı́vel obter métodos de diferenças finitas de alta ordem, com precisão de quarta ordem, que são computacionalmente eficientes e estáveis e tem como atrativo alto grau de precisão além de uma molécula computacional pequena (ver Figura 1.b). Esses métodos são conhecidos como compactos (ver Gupta [1], Mancera & Hunt [3, 4], Pandit et al. [6, 7] e Spotz & Carey [8]). Nr r r r O r r r r r r r r r r sr r r r r r r r r r r r rL r r r r r r r r r r r r r r rs r r r r r r r r r r r r S a) b) Figura 1: Molécula computacional com: a) 29 pontos; b) 25 pontos. Em diversos trabalhos são desenvolvidos métodos compactos 3×3 para as equações de Navier- 585 Stokes na formulação função corrente-vorticidade (ver Gupta [1]). Contudo, neste trabalho é apresentado um método compacto e um não compacto, de quarta ordem 5 × 5, na formulação função corrente. A escolha por essa formulação tem como atrativo a atribuição de condições de fronteira apenas para a função corrente, sem o uso da vorticidade. 2 Objetivos Os objetivos deste trabalho são calcular os erros RMS (Root Mean Square) e máximo para a combinação de métodos de segunda e quarta ordem usando duas diferentes malhas, uma com o dobro de pontos da outra e compará-los com os erros do método de diferença central de segunda ordem. 3 Metodologia No decorrer do trabalho são apresentados os procedimentos para a obtenção de um método compacto e um não compacto, ambos de quarta ordem, para as equações de Navier-Stokes estacionárias, bidimensionais, na formulação função corrente. Inicialmente descreve-se a motivação biológica do problema a ser estudado. 3.1 Motivação Biológica Durante décadas muitos pesquisadores descreveram a aterosclerose como sendo o acúmulo gradativo de gordura nas paredes das artérias, entretanto, sabe-se que a aterosclerose é um processo inflamatório crônico, identificado como uma doença na parede interna da artéria (ı́ntima) e um processo alimentado pela inflamação (ver McKay et al. [5]). Com o passar do tempo, a inflamação na parede da artéria começa a impedir a passagem do fluxo sanguı́neo levando a obstrução. O estudo de métodos numéricos para um canal com uma oclusão retangular (ver Figura 2), tem como uma de suas motivações o problema da obstrução de artérias, entretanto, devido a dificuldade em se trabalhar com um canal em 3D, simplificou-se o modelo utilizando uma representação bidimensional para um problema tipo estenose. De tal situação decorre o desenvolvimento e estudo do método numérico. - Figura 2: Canal com uma oclusão. 3.2 Equações de Navier-Stokes As equações de Navier-Stokes que modelam escoamentos de fluidos incompressı́veis podem ser escritas em variáveis não primitivas (vorticidade ζ e função corrente ψ), dadas por ζ= ∂v ∂u − , ∂x ∂y u= ∂ψ , ∂y v=− ∂ψ , ∂x (1) em que u e v são as componentes do vetor velocidade nas direções x e y, respectivamente. Substituindo as velocidades u e v na expressão da vorticidade ζ, tem-se ∂2ψ ∂2ψ + = −ζ. ∂x2 ∂y 2 (2) 586 A formulação função corrente-vorticidade das equações de Navier-Stokes é dada pela expressão (2) e pela equação para fluidos estacionários expressa por ∂2ζ ∂ψ ∂ζ ∂ψ ∂ζ ∂2ζ + = Re , − ∂x2 ∂y 2 ∂y ∂x ∂x ∂y (3) em que Re é o número de Reynolds. Substituindo a equação (2) em (3) tem-se ∂4ψ ∂4ψ ∂4ψ + 2 + ∂x4 ∂x2 ∂y 2 ∂y 4 ∂3ψ ∂3ψ + ∂x3 ∂x∂y 2 ∂ψ = Re ∂y ! ∂ψ − ∂x ∂3ψ ∂3ψ + ∂x2 ∂y ∂y 3 !! , (4) a qual é dita a formulação função corrente das equações de Navier-Stokes. 3.3 Obtenção dos Métodos de Quarta Ordem Um método não compacto de quarta ordem para as equações de Navier-Stokes estacionárias é obtido aproximando todas as derivadas da equação (4) por diferenças centrais de quarta ordem, o que resulta em uma molécula computacional de 29 pontos. A molécula computacional é mostrada na Figura 1.a, tendo os seguintes pontos cardeais N= Re DX −1 Re DX −1 − , S= + , 4 3 4 6h 8h 6h 8 h3 −1 Re DY L= + , 4 6h 8 h3 (5) −1 Re DY O= − , 4 6h 8 h3 em que h, DX e DY , são respectivamente, o espaçamento da malha e aproximações de quarta ∂ψ ordem para ∂ψ ∂x e ∂y . Quando o método não compacto é aplicado próximo a uma fronteira rı́gida, faz-se necessário uma condição de fronteira extra para obter a solução procurada (ver Figura 3). r r r r r r r r r r r r r r r r r r r r r r r r r fronteira rı́gida r r r r Figura 3: Molécula próxima de uma fronteira sólida. Assume-se que o fluido próximo de fronteiras rı́gidas tem a mesma velocidade da parede, ou seja, as velocidades u e v são nulas. Da aplicação da condição de contorno de não deslizamento tem-se duas condições de fronteira para a função corrente, ψ = 1 e ∂ψ ∂η = 0 com η = x ou y. Entretanto, são requeridas três condições. Para as fronteiras rı́gidas horizontais, tem-se que a condição ∂ψ ∂x = 0 e então para o ajuste do método é necessário substituı́-la na equação (4), logo ∂4ψ = 0, ∂y 4 (6) fornece a condição de fronteira extra utilizada no método não compacto de quarta ordem para o problema do canal com uma oclusão local. Condição similar é obtida para as fronteiras rı́gidas verticais. Após ilustrar a construção de um método não compacto de quarta ordem, apresenta-se os procedimentos para a obtenção de um método compacto de quarta ordem para a equação (4). Observa-se que o método compacto será obtido com as exclusões dos pontos cardeais. Seguindo Wittkopf [9] 587 1. As derivadas parciais de primeira e segunda ordens de (4) são calculadas em relação a x e a y. Estas expressões são denotadas por N Sx, N Sxx, N Sy e N Syy. Em seguida, para estas expressões, todas as derivadas de ordem superior a dois são aproximadas usando diferença central de segunda ordem, e as outras por diferença central de quarta ordem. Estas aproximações são denotadas por [N Sx], [N Sxx], [N Sy] e [N Syy]. 2. Na equação (4) representada por N S4 todas as derivadas são aproximadas por diferenças centrais de quarta ordem. Esta aproximação é representada por [N S4 ] e resulta numa molécula como já exibida na Figura 1.b, com os pontos cardeais dados em (5). A equação 2 [N S4] + h DX[N Sy] − DY [N Sx] [N Sxx] + [N Syy] + Re 6 12 = 0, (7) elimina os pontos cardeais resultando em um método compacto 5 × 5 (ver Figura 1.a) para a equação (4), com precisão O(Re2 h4 ). 3.4 Geometria e Resolução do Problema Considera-se um canal com duas quinas reentrantes, tendo paredes sólidas em y = ±1 para 1 1 x < m e x > n, y = ± para m < x < n e ≤ |y| ≤ 1 para x = m e x = n, em que m e n são 2 2 inteiros, m < n (ver Figura 4). Devido a simetria na geometria o problema é resolvido apenas para y ≥ 0 (ver Mancera & Hunt [4] e Pandit et al. [6]). ψ=1 ψ=1 3y y 3 − ψ= 2 2 ψ=1? ψ= 3y y 3 − 2 2 ψ=0 Figura 4: Canal com uma oclusão. As condições de fronteira para o problema são dadas por = 1, ∂ψ ∂y = 0 em y = 1, x ≤ m, x ≥ n, e y = 21 , m < x < n, = 1, ∂ψ ∂x = 0 em x = m e x = n, 21 ≤ y ≤ 1, = 0, ∂2ψ ∂y 2 → 3 2y − 21 y 3 , ζ → 3y, quando x → −∞, ψ → 3 2y − 21 y 3 , ζ → 3y, quando x → +∞. ψ ψ ψ ψ = 0 em y = 0, (8) com fluxo de Poiseuille tanto a montante (sentido contrário a corrente), quanto a jusante (seguindo o sentido da corrente). Conforme verificado na Figura 3 para aplicação do método não compacto nos pontos interiores ao domı́nio computacional são necessários dois pontos fantasmas (fora do domı́nio computacional) para cada fronteira. No intuito de simplificar a quantidade de linhas de pontos fantasmas, considera-se uma molécula computacional deslocada duas unidades de uma fronteira sólida (linha preta), ilustrada na Figura 5. 588 r r rr r r r r r r r r rr rr tr rr rr r r r rr r r Figura 5: Mólecula próxima a fronteira sólida. Os procedimentos adotados para implementar a combinação de métodos de segunda e quarta ordem em uma geometria como a exibida na Figura 5 são dados por • Aplica-se na primeira linha de pontos internos ao domı́nio computacional o método de diferença central de segunda ordem (linha ). Por exemplo, 1 ∂ψ = (ψi+1,j − ψi−1,j ) + O(h2 ). ∂x 2h • Aplica-se o método de diferença central de quarta ordem (compacto/não compacto) nas demais linhas internas do domı́nio computacional. • Para as fronteiras rı́gidas (linha sólida) tem-se as seguintes condições ψ = 1, ∂ψ =0 ∂x ou ∂ψ = 0. ∂y (9) • Para o eixo de simetria tem-se como condição ψ = 0. Verifica-se que para essa condição os pontos são simétricos, então, ψi,j−1 = ψi,j+1 . • Para o comportamento do fluido tanto na entrada quanto na saı́da do canal, assume-se a seguinte condição ψ= 1 3 y − y3. 2 2 (10) • Na linha de pontos fantasmas aplica-se diferenças finitas ascendentes/descendentes de ). Por exemplo, quarta ordem ou diferença central de segunda ordem (linha ∂ψ 1 = (3ψi,j + 10ψi,j−1 − 18ψi,j−2 + 6ψi,j−3 − ψi,j−4 ) + O(h4 ). ∂y 12h 4 Resultados Numéricos As simulações envolveram dois métodos numéricos de quarta ordem (compacto e não compacto) e o método de diferença central de segunda ordem para a formulação função corrente (ver equação (4)). Obteve-se os resultados para duas malhas com diferentes tamanhos, sendo uma com 256 × 64 e a outra com 512 × 128. Para o problema do canal com um ressalto, tem-se uma malha uniforme, com o comprimento do canal sendo quatro, e espaçamentos hx = hy = 1/ny em ambas as direções. A geometria considerada para as simulações foi • antes da oclusão: 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 1; • oclusão: 1 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ 0.5; 589 • depois da oclusão: 2 ≤ x ≤ 4 e 0 ≤ y ≤ 1. Nas Tabelas 1 e 2 a , são apresentados os erros RMS e máximo para os seguintes métodos na formulação função corrente: diferença central de segunda ordem (SO), método não compacto e aproximações de quarta ordem na linha de pontos fantasmas (MNC 4h), método não compacto e aproximações de segunda ordem na linha de pontos fantasmas (MNC 2h), método compacto e aproximações de segunda ordem na linha de pontos fantasmas (MC 2h) e método compacto e aproximações de quarta ordem na linha de pontos fantasmas (MC 4h). Re 0 10 50 100 250 500 SO 1.15(-4) 1.20(-4) 1.69(-4) 2.06(-4) 2.93(-4) 4.28(-4) Erros ψ - Métodos MNC 4h MNC 2h MC 2h 2.63(-5) 2.49(-5) 2.48(-5) 2.72(-5) 2.57(-5) 2.42(-5) 3.25(-5) 3.11(-5) 4.46(-5) 3.44(-5) 3.13(-5) 7.03(-5) 3.75(-5) 3.08(-5) ** 5.41(-5) 3.91(-5) ** MC 4h 2.62(-5) 2.51(-5) 4.58(-5) 7.47(-5) ** ** Tabela 1: Erros RMS Re 0 10 50 100 250 500 SO 4.95(-4) 7.14(-4) 1.13(-3) 1.47(-3) 1.84(-3) 2.11(-3) Erros ψ - Métodos MNC 4h MNC 2h MC 2h 1.08(-4) 1.06(-4) 1.05(-4) 1.47(-4) 1.49(-4) 1.51(-4) 2.00(-4) 2.06(-4) 2.20(-4) 2.17(-4) 2.23(-4) 2.65(-4) 2.45(-4) 2.24(-4) ** 3.63(-4) 3.02(-4) ** MC 4h 1.08(-4) 1.49(-4) 2.20(-4) 2.66(-4) ** ** Tabela 2: Erros máximo Como pode ser visto nas tabelas, os erros RMS variam de ∼ 10−5 a ∼ 10−4 e os erros máximo de ∼ 10−4 a ∼ 10−3 , respectivamente, para 0 ≤ Re ≤ 500. O sı́mbolo ** indica que o método de Newton não convergiu para a dada precisão estipulada depois de 10 iterações. Também é observado que os erros RMS para as combinações dos métodos mistos MNC 2h e MC 2h apresentaram erros menores quando comparados com os métodos mistos MNC 4h e MC 4h. Nota-se que para todos os erros a ordem de grandeza é a mesma, porém a precisão de alta ordem, que era esperada para os métodos nominados MNC 4h e MC 4h, não foi obtida. Esse comportamento deve-se as duas quinas reentrantes (no afunilamento e na expansão do canal), aos pontos singulares e ao uso de malha uniforme. O fato é reforçado com os resultados apresentados por Hunt [2] para o problema do degrau fazendo uso de malha não uniforme. Para o problema estudado, verificou-se que os métodos mistos MNC apresentam erros menores quando comparados com os erros dos métodos mistos compacto MC, e isto pode ser explicado pelo fato que o método não compacto tem erro de truncamento de ordem O(Re h4 ), enquanto os erros de truncamento para o método compacto são de ordem O(Re2 h4 ). Na Figura 6 são apresentadas as linhas de corrente e para a construção dessas linhas foi realizado os cálculos em uma malha 512 × 128. Nas Figuras (6(a))-(6(b)) são exibidas as linhas de corrente para o método MNC 2h, figuras essas semelhantes para os métodos MNC 4h, MNC 2h, MC 4h e MC 2h. Para Re = 500, os métodos mistos MC 4h e MC 2h não convergiram. A Figura 6(c) apresenta linhas de corrente para o método MNC 4h. Nota-se na Figura 6(a) a simetria (antes e após a oclusão) que só ocorre em Re = 0; na Figura 6(b) tem-se uma pequena recirculação na oclusão e após a oclusão a recirculação é bem a Em que a notação p(−q) é equivalente a p × 10−q . 590 acentuada, e na Figura 6(c) há duas regiões de recirculação, sendo respectivamente, uma na oclusão e outra mais intensa após a oclusão. 0.8 0.8 0.8 0.6 0.6 0.6 y 1 y 1 y 1 0.4 0.4 0.4 0.2 0.2 0.2 0 0 1 2 3 4 0 0 1 2 3 4 0 0 1 2 x x x (a) Re = 0 (b) Re = 250 (c) Re = 500 3 4 Figura 6: Linhas de corrente. 5 Conclusão Apresentou-se resultados para o problema do canal com um ressalto utilizando a combinação de métodos de quarta ordem com os métodos de segunda ordem. Escolheu-se essa combinação com o intuito de diminuir as dificuldades computacionais. Conclui-se que essa combinação além da facilidade de implementação do método para a geometria considera, ainda produz resultados mais precisos quando comparados com o método de segunda ordem. 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