O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Agradecimentos Aos meus amigos, entre eles os jovens com quem trabalho na minha associação: são uma inspiração para mim! 1 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Resumo A juventude enquanto conceito encontra-se em constante evolução e atualização, sendo associada na generalidade dos autores por um conjunto de alterações biológicas e fisiológicas importantes e decisivas, acompanhadas por um processo de amadurecimento da personalidade e maior conhecimento e envolvimento na vida social, familiar e especialmente entre pares. Este momento de “moratória” dos jovens permite uma experimentação e apropriação da sua vida e responsabilização pelas suas decisões, dando a oportunidade ao jovem de se envolver nas decisões e ser mais ativo na sociedade. O papel das associações juvenis e em especial da figura do animador sociocultural no processo de estimulação, reflexão e acompanhamento dos jovens através de metodologia de educação não formal, torna-se essencial para um maior envolvimento dos futuros adultos que compõe a nossa comunidade, com vista a um futuro de melhor qualidade de participação. Participação juvenil é muitas vezes utilizada como sinónimo de “participação ativa”, significando mais do que simplesmente participar numa atividade. Refere-se a todo o processo de identificação de necessidades e exploração de soluções, tomando decisões e planeando ações dentro das comunidades e organizações que procuram apoiar a sociedade civil. Este trabalho de investigação pretende caraterizar os jovens de ensino secundário de Vila Nova de Famalicão, identificando os seus hábitos de participação ativa e o seu conhecimento sobre a forma, procedimentos e atores de políticas locais e nacionais. Na segunda fase, os mesmos jovens e demais interessados na temática (dirigentes associativos e autoridades locais na área da Juventude) foram convidados a construir de forma coletiva soluções e possíveis medidas para combater os problemas identificados através da fase de questionários, ou reforçar/melhorar possíveis situações face à participação juvenil no concelho. 2 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Abstract “Youth” as a concept is constantly evolving and updating, being associated in most authors to a set of important biological and physiological changes, followed by a process of personality maturity and greater awareness and commitment to social and familiar life, especially among peers. This moment of “moratorium” allows youth to experience and initiate a sense of ownership on one’s life, taking responsibility for one’s actions and decisions, giving opportunity to participate in a more active way in the society. The role of youth organizations and especially the role of the animator for youth in the process of motivating, supporting reflection and accompanying youth through non formal education become essential for a better engagement as future adults that will compose the new society, with the objective of achieving a better quality in youth participation. Youth participation is commonly associated to “active participation”, meaning more than participating in one single activity. It refers to all the process of identifying the needs, exploring solutions, making decisions and planning actions inside their communities and organizations that aim at supporting the civil society. This research aims at identifying the profile of youth from the high school in Vila ova de Famalicão, listing their participation styles and their knowledge about local and national procedures and actors regarding youth policies. During the second phase of this action research method, the same target group of the first stage and other interested on the subject (e.g. youth representatives and local authorities in youth) were invited to build collective solutions and possible measures to implement in order to face the problems met through the first stage and to improve the quality of youth participation at local level. 3 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Índice Introdução Capítulo I – Identificação do problema e questões da investigação 8 1.1 Identificação do problema 8 1.2 Finalidades 9 1.3 Questões da investigação 10 1.4 Pertinência da investigação 10 Capítulo II – Revisão da Literatura 12 2.1 Definição de conceitos 12 2.1.1- A Juventude 12 2.1.2- A participação ativa como instrumento de cidadania 15 2.1.3- Empowerment dos jovens para uma efetiva participação 16 2.1.4- Experiência em processos de consulta a jovens 18 2.1.5- O animador sociocultural como agente essencial na transformação social 23 Capítulo III – Metodologia 25 3.1 – Modelo de Investigação-Ação 26 3.2 – Escolha do método de investigação 28 3.2.1 – Vantagens e desvantagens desta escolha 3.3 - Questão inicial e hipóteses 32 3.4- Objetivos 39 3.5- Caracterização da amostra (concelho, escolas secundárias envolvidas, Rede Associativa Jovem, jovens voluntários envolvidos) 45 3.6- Papel da investigadora 46 4 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Capítulo IV – Descrição dos dados recolhidos 48 4.1 – Análise e interpretação de dados (questionário e processo de consulta) 48 4.2 – Processos de consulta (grupos de foco) 64 4.3 – Reflexão e avaliação da investigação-ação 71 Capítulo V – Aprofundamento dos resultados e follow-up 73 5.1- Cultura de participação associativa local dos jovens 73 5.2- Participação consciente e informada 74 5.3- Processo de consulta 75 5.4- Concurso de Ideias Empreendedoras como follow-up do processo de consulta 76 Capítulo VI – Conclusões 78 Bibliografia 81 Anexos 85 5 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Introdução No âmbito do Mestrado em Ciências da Educação, especialização em Animação sociocultural, surge o desafio de selecionar um tema de interesse na área e explorar questões relevantes para a prática da Animação Sociocultural. Pela natureza transversal a várias áreas da Animação Sociocultural, o mestrando deve eleger uma área de interesse pessoal e que traga aspetos inovadores à praxis, gerando curiosidade e abrindo novos caminhos nesta dimensão do conhecimento. Esta dissertação de Mestrado tem por objetivo refletir sobre o papel do animador sociocultural na promoção da participação ativa dos jovens na sociedade, mapeando a realidade dos jovens de ensino secundário do concelho de Vila Nova de Famalicão num dado ano letivo (2010/2011) no que respeita aos seus hábitos de participação microlocal (dentro da escola), local (no seu concelho) e nacional. Este tema revela-se muito pertinente perante um gap cada vez maior entre gerações e maior afastamento dos jovens perante as esferas de participação existentes, pelo que o facto de a investigadora coordenar diariamente projetos com e para jovens numa Associação juvenil vem facilitar toda a investigação e permitir uma maior legitimidade no planeamento estratégico da própria associação, servindo melhor os jovens do concelho em que atuam. Este trabalho pretende responder de forma efetiva, esclarecendo sobre o número de jovens que participam em atividades extracurriculares (participação social), o número de jovens que participam em espaços políticos e a qualidade da informação dos jovens relativamente à política (participação política) e por fim, ao reunir a informação e, numa perspetiva de investigação-ação, convidar de novo os jovens e os dirigentes associativos para refletir sobre os resultados e sugerir medidas de ação para prevenir/inverter certas tendências que afastam os jovens da influência de decisões e reforçar comportamentos pró-participação. Para responder a este desafio, o trabalho encontra-se dividido em capítulos que nos permitem, após uma identificação das questões centrais da investigação e numa primeira fase (capítulo I), esclarecer os conceitos relacionados com o tema, tais 6 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação como Juventude, participação ativa enquanto instrumento de cidadania, empowerment dos jovens e o papel do animador sociocultural neste contexto (capítulo II). No capítulo III abordam-se as questões relacionadas com a escolha da metodologia e as suas caraterísticas enquanto investigação-ação, referindo o enquadramento geográfico e social desta investigação. No capítulo IV podemos visualizar os dados resultantes da aplicação do questionário desta investigação e inferir sobre os seus resultados, terminando no capítulo V com um aprofundamento dos dados recolhidos e propostas de ação para a continuidade deste trabalho de promoção de participação ativa com jovens a nível local. Participação juvenil é muitas vezes utilizada como sinónimo de “participação activa”, significando mais do que simplesmente participar numa actividade. Refere-se a todo o processo de identificação de necessidades e exploração de soluções, tomando decisões e planeando acções dentro das comunidades e organizações que procuram apoiar a sociedade civil. Em relação aos jovens, a participação destes é frequentemente considerada como o envolvimento nas tomadas de decisão que os afectam directa e indirectamente. Porquê participar? É um direito inerente a todos os seres humanos a oportunidade de estar envolvido e ser ouvido nas decisões que têm impacto sobre os próprios. Este é um direito consagrado na Convenção dos Direitos das Crianças das Nações Unidas, artigo 12. A participação de todos os cidadãos é essencial a um processo saudável de democracia. Esta premissa inclui obviamente a participação dos jovens. Esta é uma razão pertinente e bastante actual num cenário de “descrença” e distanciamento dos jovens perante processos eleitorais (apenas 29% dos jovens europeus entre os 18 e os 24 anos votaram para as eleições europeias de 2009, com uma média nacional de 39% em Portugal, de acordo com estudos da Unidade de Acompanhamento da Opinião Pública do Parlamento Europeu). Participar mais porque é necessário melhorar a qualidade, melhor direccionar e tornar mais eficientes os serviços e projectos prestados pelas autoridades locais e nacionais. Através do envolvimento de jovens no planeamento e gestão dos 7 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação projectos, poderemos garantir que estes são mais eficazes a servir os reais problemas e necessidades dos jovens contrapondo com a visão distanciada e exterior de um trabalhador ou técnico na área da juventude. Participar é também um espaço de excelência para o desenvolvimento de competências nos próprios jovens, que podem melhorar os seus níveis de autoconfiança ao verem refletidas as suas opiniões e experiências como contributo para mudanças positivas na sua comunidade. Este desenvolvimento de competências também se reflete no desenvolvimento pessoal e social do jovem e contribui para a empregabilidade do próprio jovem envolvido. Capítulo I – Identificação do problema e questões da investigação 1.1 Identificação do problema Em 2010, ano em que iniciou esta investigação, a disciplina de “Formação Cívica” era uma disciplina integrante do currículo de 12º ano. Esta disciplina, pelo caráter mais informal e livre de currículos formatados, permitia aos jovens, em contexto regular e dentro da escola (o que já de si permite um ambiente seguro), utilizar a sua criatividade e desenvolver as suas competências de gestão e implementação de projetos. A chamada “metodologia de projetos” conduz os jovens através de um processo em que os próprios definem tema, objetivos, metodologia e implementam as próprias atividades, sendo avaliados nesta disciplina com reflexo na média curricular. Os jovens de 12º ano já demonstram alguma maturidade e aliando a regularidade das aulas e o incentivo à realização de projetos inovadores, a conjuntura estaria alinhada para que esta disciplina resultasse enquanto processo e resultados, envolvendo os alunos na reflexão crítica e implementação de ideias, num verdadeiro espírito empreendedor. No ano letivo de 2010/2011 a que se reporta esta investigação, a disciplina de Formação Cívica era ministrada por um único professor, o que se revela insuficiente para orientar cada grupo de alunos numa lógica de metodologia de projeto e acompanhamento do processo educativo. A acrescentar a esta realidade, o facto de não existirem currículos com algumas orientações, manuais de acompanhamento e formação específica para lecionar 8 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Formação Cívica, os professores não têm os instrumentos necessários para a execução desta ação educativa. É no âmbito destas disciplinas, com um menor objetivo nos resultados mas sim no processo de trabalho de grupo e implementação de ideias, que existe o espaço e a oportunidade de refletir temas importantes e significativos para os próprios jovens e a sua construção enquanto cidadãos mais conscientes e ativos em sociedade, para além do treino de competências para o empreendedorismo. Apesar de estar preconizado nos objetivos do Ensino, a necessidade de se “proporcionar aos alunos experiências que favoreçam a sua maturidade cívica e sócioafetiva, e aumentem atitudes e hábitos positivos de relação e cooperação” (Moura, 2002: 208), tem-se constatado que este objetivo não se encontra refletido no aumento e diversidade de formação a professores que os prepare de forma específica para disciplinas como Formação Cívica. Desta forma, os professores nem sempre têm condições de promover, com regularidade, atitudes relacionadas com estas questões, ou de valorizar o pluralismo cultural e os saberes familiares, no atual ensino aprendizagem, plural e heterogéneo. Assim, a reduzida cultura de investigação e a falta de aposta em formação especializada de professores, as práticas pouco conscientes da realidade circundante e pouco sensibilizadas para a educação para a cidadania, para a diversidade cultural e para as relações humanas, a reduzida bibliografia traduzida para português no campo da educação para a cidadania e desenvolvimento de competências para o empreendedorismo em contexto escolar, e a ainda a fraca articulação da escola com a comunidade associativa local, são um conjunto de fatores que conduz ao subaproveitamento destes potenciais espaços de participação em contexto escolar. 1.2 Finalidades Através desta investigação, é possível ambicionar as seguintes finalidades: (1) Caraterizar os jovens de ensino secundário de Vila Nova de Famalicão relativamente aos seus hábitos de participação social e política e também relativamente à informação que detêm sobre a cultura política local e nacional em alguns dos seus campos; 9 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação (2) Recolher de forma progressiva e numa construção coletiva com jovens e dirigentes associativos, aquelas que são as suas recomendações para a mudança na sua cidade em diversas áreas como a educação, mobilidade, acesso à cultura, entre outros; (3) Advocacy (processo político por um indivíduo ou grupo organizado com vista à influência de decisões políticas e económicas) por parte da associação YUPI (à qual a investigadora presidia à época da investigação), no sentido de garantir que as recomendações são recebidas e absorvidas pelas autoridades locais na área da Juventude, sendo implementadas as medidas possíveis. 1.3 Questões da investigação Para o desenvolvimento deste estudo, formularam-se as seguintes questões: (1) Qual a participação dos jovens famalicenses que frequentam o ensino secundário em grupos locais de ação, associações ou outras atividades extracurriculares? (2) Qual o nível de informação e interesse relativamente à participação política (microlocal, local e nacional) por parte dos jovens famalicenses em frequência do ensino secundário em Vila Nova de Famalicão? (3) Como podem os jovens, as associações locais, juventudes partidárias e autoridades locais na área da juventude, contribuir para um aumento de informação e efetiva participação dos jovens representados ou não por associações ou grupos informais de jovens? 1.4 Pertinência da investigação Desde 2007 que a investigadora dedica o seu trabalho e atuação local à estimulação da participação ativa dos jovens através de voluntariado e do incentivo à reflexão das experiências extracurriculares (em contexto de educação não formal), e desta forma entende que existe uma lacuna enorme no desenvolvimento de crianças e jovens fora da escola. A escola, na sua formatação e no seu enfoque cada vez mais em resultados académicos, oferece cada vez menos espaços para a verdadeira revolução das mentes, a revolução necessária para melhorar e desenvolver as competências de jovens que já não terão o mesmo cenário que os seus pais tiveram 10 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação quando saíram da escola. A visão “assistencialista” do conhecimento, onde o professor é especialista e hierarquicamente acima aos seus alunos no que toca a conhecimentos (saber saber), é cada vez mais posta em causa numa sociedade de informação e conhecimento onde o conteúdo e acesso à informação se encontra naturalmente mais facilitado para os jovens do que para os seus professores. A incoerência desta educação traz consequências na relação professor-aluno e sobretudo uma descredibilização da escola por parte dos alunos e ainda mais grave, uma desadequação entre as necessidades de educação como preparação para o futuro e o programa curricular implementado. O associativismo e as atividades fora de contexto escolar vêm devolver e complementar o conhecimento trabalhado em contexto formal de educação com um conjunto de princípios e atitudes necessárias ao aprendente. Sem estas competências do saber ser/saber estar, os jovens têm a sua ação limitada e o conhecimento torna-se absorto de significado já que o jovem não se encontra preparado para reconhecer o valor e a utilidade do conhecimento. Também num contexto académico cada vez mais apressado, há também dificuldades na gestão do tempo para incluir o saber fazer, aspeto crucial na capacitação dos jovens e no aumento da autoconfiança para o exercício prático em várias áreas. A participação em atividades extracurriculares permite a exploração dos domínios do saber ser/saber estar e do saber fazer, o que facilitam a descoberta e valorização do saber saber por parte dos jovens. Os espaços de educação não formal permitem a reflexão, debate e descoberta de temas pouco trabalhados entre os jovens como a informação ou literacia política. Um último estudo da Universidade Católica e CESOP (Magalhães & Moral, 2008), refere que “de um ponto de vista quer absoluto quer comparativo, os portugueses evidenciam atitudes de baixo envolvimento com a política. A relação entre a idade e o grau de importância dada à (e interesse na) política é curvilinear, ou seja, menor entre os muito jovens e entre os mais velhos.” Esta situação remete-nos para a pertinência de investigar para além da quantificação também as razões que afastam as pessoas de forma geral dos mecanismos de decisão. “Os jovens encontram-se menos expostos à informação política pelos meios de comunicação convencional do que o resto da população. E em geral − e não apenas aqueles que ainda não 11 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação chegaram à idade do voto − os jovens tendem a exibir menores níveis de conhecimentos políticos” do mesmo estudo (Magalhães & Moral, 2008) vem confirmar mais uma vez a necessidade de entender a nível local esta lacuna de informação e, numa perspetiva de investigação-ação envolver os próprios jovens e outros atores importantes como os dirigentes associativos, na definição e implementação de estratégias que promovam a consciencialização, aproximação e intervenção mais direta dos jovens a nível local. Neste sentido, considera-se pertinente quantificar os níveis de participação que os jovens demonstram neste tipo de grupos, clubes, associações ou outros. Este estudo servirá como base para o novo plano para a Juventude visto que dotará a ação do conhecimento da realidade no que toca à participação dos jovens a nível local. A investigadora acredita que através desta pesquisa, os diferentes atores envolvidos nas questões da participação de jovens compreenderão a necessidade e urgência em atuar, compreender e criar estratégias de motivação e envolvimento de jovens na construção da sua própria comunidade. Capítulo II – Revisão da Literatura 2.1 Definição de conceitos 2.1.1- A Juventude O termo juventude começou a ser categorizado recentemente no início do século XX, por se tratar de uma categoria social recentemente construída, manifesta-se de modos diferentes de acordo com o momento em que a sociedade passa. Não se pode dizer que existe uma juventude, mas várias juventudes como pode ser percebido na citação: “(...) a juventude é uma categoria socialmente construída. Ganha contornos próprios em contexto históricos, sociais distintos, e é marcada pela diversidade nas condições sociais (...), culturais (...), de género e até mesmo geográficas, dentre outros aspetos. Além de ser marcada pela diversidade a juventude é uma categoria dinâmica, transformando-se de acordo com as mutações sociais que vem ocorrendo ao longo da história. Na realidade, não há tanto uma juventude e sim jovens, enquanto sujeitos 12 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação que a experimentam e sentem, segundo determinado contexto sociocultural onde se inserem” (Dayrell 2007: 4). Dayrell (2007) afirma que essa condição juvenil vai depender de onde esses jovens estão inseridos na sociedade. E essa condição manifesta-se em várias dimensões, na qual destaca cinco características nas quais esta se manifesta: o trabalho; as culturas juvenis; a sociabilidade; espaço e tempo e a transição para a vida adulta. O facto de se falar dos jovens como uma “unidade social”, um grupo dotado de “interesses comuns” e de se referirem à juventude como fazendo parte de uma cultura unitária juvenil, é per si manipulador. A questão central torna-se mais complexa quando por um lado reconhecemos relativas similaridades entre jovens ou grupos sociais jovens (em termos de expetativas, consumos culturais), e por outro lado observamos curiosas diferenças sociais entre os jovens. A sociologia da juventude, ela própria, tem vacilado, como veremos, entre duas tendências: a) Numa das tendências, a juventude é considerada no mesmo conjunto social cujo principal atributo é o de ser constituído por indivíduos pertencentes a uma dada “fase da vida”, prevalecendo a busca dos aspetos mais uniformes e homogéneos que caracterizam esta fase da vida – geração definida em termos etários; b) Na outra tendência sociológica, a juventude é tomada como um conjunto social necessariamente diversificado, perfilando-se diferentes culturas juvenis em função de diferentes pertenças de classe, diferentes situações económicas, diferentes interesses, diferentes oportunidades ocupacionais. Neste sentido, seria um abuso de linguagem integrar sobre o mesmo conceito de juventude um conjunto de universos sociais que não têm entre si praticamente nada em comum (Pais, J., 1990) Para uma maior compreensão do fenómeno da juventude, para além de a conceptualizar segundo correntes mais psicológicas ou sociológicas, também devemos olhar para um enquadramento mais alargado que nos permita inferir sobre a situação atual desta “juventude” no mundo atual, cada vez mais globalizado e visto à escala europeia e menos à escala nacional. No âmbito dos resultados emanados do Livro Branco da Comissão Europeia Um novo impulso à juventude europeia (Bruxelas, 2011), devemos considerar algumas 13 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação conclusões relativas à realidade da juventude a nível europeu, que refletem também uma tendência portuguesa. A primeira conclusão deste Livro Branco remete-nos para o prolongamento da juventude. Os demógrafos observam que, sob a pressão de fatores económicos (capacidade de emprego, desemprego, etc.) e de fatores socioculturais, os jovens são, em média, mais velhos quando transpõem as diferentes etapas da vida: final de estudos, acesso ao emprego, constituição de família, entre outros. A segunda conclusão a considerar são os itinerários não lineares. Assiste-se hoje a "um emaranhado das sequências de vida": uma pessoa pode ser ao mesmo tempo estudante, membro de uma família, trabalhador, ou candidato a emprego, viver em casa dos pais, sendo cada vez mais frequentes as idas e voltas entre estes diferentes estatutos. Os percursos individuais são tanto menos lineares quanto as nossas sociedades deixaram de oferecer determinadas garantias (segurança do emprego, prestações sociais). A terceira conclusão a ter em linha de conta é a que nos apresenta os modelos coletivos tradicionais, que perdem a sua pertinência em proveito de trajetórias pessoais cada vez mais individualizadas. "Os calendários familiar, matrimonial e profissional [de cada indivíduo] deixaram de se organizar de forma estandardizada". (Livro Branco, 2011) Este aspeto exerce o seu impacto por exemplo nas políticas conduzidas pelas autoridades públicas. Desta forma, e no âmbito desta investigação, podemos entender a juventude com um conjunto de características semelhantes no que respeita às expetativas generalizadas para o futuro e num sentimento partilhado de afastamento da política e níveis baixos de interesse na participação, conforme sugerem estudos na área (Magalhães & Moral, 2008). Por outro lado, é necessário ter em consideração ao longo da investigação que a juventude ou juventudes em estudo tem origem geográfica semelhante (concelho de Vila Nova de Famalicão) mas apresentam contextos socioculturais e demográficos muito distintos, com diferentes níveis de acesso a oportunidades na área educativa, cultural e desportiva, o que não deixa de ser um fator diferenciador na população em estudo. De acordo com estas diferenças nos jovens das 9 escolas secundárias sob investigação, podemos afirmar que ao estudar a juventude em Famalicão, estudamos 14 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação as juventudes em Vila Nova de Famalicão em todas as suas particularidades e diferenças, mas também permitindo encontrar dados semelhantes que sirvam de base a uma intervenção mais holística e de acordo com as necessidades e interesses de todos os envolvidos. 2.1.2- Participação ativa como instrumento de cidadania A participação convencional e ritualista através do voto programado e ditada por calendários eleitorais, para além de constituir uma pseudoparticipação (Lopes, 2006: 427), cria uma desresponsabilização dos próprios cidadãos que encerram nestes momentos o seu poder de ação direta. Se considerarmos os jovens até aos 18 anos, constatamos que não estão sequer incluídos nestes ciclos de participação pontual e direta, pelo que o grau de comprometimento com as decisões se encontra longínquo e qualquer ação de influência de decisão política se encontra facilmente enquadrável em ações ilegais (manifestações, assembleias populares, marketing de guerrilha, entre outros cada vez mais populares entre os jovens pela sua perceção de influência direta em decisões e reflexão de mais apoiantes). Uma verdadeira participação deve estar refletida num comprometimento com o desenvolvimento, fruto de uma democracia participativa e de um convite permanente à reflexão e opinião dos cidadãos, assumindo desta forma a responsabilidade conjunta das ações com influência na coisa pública e na vida em comunidade. (Lopes, 2006:427). De acordo com Lopes (2006:429), a política educativa das últimas décadas têm condicionado e limitado a participação. Podemos observar nas escolas a atual “cultura” do medo e do silêncio, o medo do “erro” que não permite opiniões distintas e evita criar novos caminhos através de processos mais criativos, o que traz consequentes bloqueios à participação, à vida em comunidade e ao próprio desenvolvimento do sentido crítico dos jovens, com as lógicas consequências que estes acontecimentos trazem ao futuro como cidadãos plenos na construção da própria sociedade. “Ser cidadão não é uma tarefa cómoda, é muito complicada, as pessoas não nascem cidadãs, fazem-se no tempo e no espaço”, dizia Juan Suaréz (Lopes, 2006), e nesse sentido poderemos questionar qual o tempo e o espaço que criamos enquanto 15 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação sociedade para as nossas crianças e jovens se desenvolverem como cidadãos? Será na escola, sobrelotada de currículos que pressionam professores e alunos contra o tempo e os resultados quantificáveis? Será na família onde todos trabalham horas extraordinárias e o número de irmãos é tendencialmente mais reduzido, e por isso há menor tempo em quantidade e qualidade pela disponibilidade mental que nos sobra em família? O espaço privilegiado das associações e grupos informais de jovens constituem-se como essenciais para o acompanhamento e desenvolvimento de jovens numa determinada comunidade. Desta forma, entendemos o conceito trazido por Ana Sastre (2000), que defende que a “participação deve ser definida como um direito de cidadania que implica estar informado, opinar na vida política e social da comunidade; deve ser orientada para um objetivo concreto (um projeto, uma organização, uma tarefa); deve ser organizada e intencional, pois, não se trata de uma manifestação humana espontânea, mas antes de uma ação social coordenada e organizada.” As associações constituem um laboratório seguro para os jovens para serem informados, partilharem opiniões, negociarem ideias e implementarem projetos em conjunto, num processo semelhante à vida em comunidade mais alargada. Este espaço seguro permite a descoberta do próprio, a vivência com o outro e alargar horizontes e reflexões que noutros contextos estariam muito dificultados por tempo e espaço (escola, família, grupo de pares). 2.1.3- Empowerment dos jovens e condições para uma efetiva participação O interesse pelo conceito de empowerment tem vindo a aumentar ao longo do tempo e uma prova disso é o crescente número de artigos que podemos encontrar acerca do tema. Neste sentido, é possível afirmar que o empowerment se tem vindo a tornar um construto indispensável para a compreensão do desenvolvimento dos indivíduos, organizações e comunidade (Perkins & Zimmerman, 1995). Este conceito tem as suas raízes nos Estados Unidos, no final da década de 70 (Fazenda, s/d), nas lutas pelos direitos civis e nos movimentos feministas, sendo que, mais tarde, na década de 80, o empowerment começou a sofrer algumas influências dos movimentos de autoajuda e da Psicologia Comunitária. Este conceito é ainda influenciado pelos movimentos que 16 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação visam a defesa dos direitos de cidadania sobre os vários domínios da vida social (Carvalho, 2004). Definir o conceito de empowerment revela-se bastante complexo, tendo em conta os diferentes contextos, populações e fases de desenvolvimento a que o mesmo pode ser aplicado. Mas, apesar das múltiplas definições apresentadas pela literatura, muitas delas partilham e chegam a um consenso relativamente a alguns aspetos conceptuais do conceito de empowerment (Moniz & Morgado, 2010). Perkins & Zimmerman (1995) afirmam que as várias definições de empowerment são, normalmente, consistentes com uma visão do conceito como um processo em andamento, centrado na comunidade local, que envolve o respeito mútuo, a reflexão crítica, a preocupação e a participação em grupo, através da qual as pessoas que necessitam de mais recursos de valor ganham um maior acesso e maior controlo sobre esses recursos (Cornell Empowerment Group, 1989), ou simplesmente como o processo através do qual as pessoas ganham o controlo sobre as suas vidas e participação democrática na vida da sua comunidade (Rappaport, 1987). Como já foi mencionado anteriormente, o empowerment é um conceito multidimensional que pode ser aplicado a diversos contextos e populações, tornando os jovens um grupo etário que também pode ser alvo de estratégias ou projetos relacionados com o empowerment e com a tentativa de uma maior participação na comunidade. A respeito do empowerment dos jovens, Putnam (cit. por Silveira, 2005), defende que a participação dos jovens em atividades participativas, em parcerias com associações existentes na sua comunidade, contribui para o desenvolvimento das normas sociais, da confiança nas instituições e da confiança nas outras pessoas. Através de uma extensa revisão da bibliografia surgem quatro modelos conceptuais de Empowerment da juventude (Jennings et al, 2006). Os mesmos autores conseguiram, após a análise dos quatro modelos de empowerment, identificar seis dimensões do que pode ser denominado de empowerment da juventude, que se caracteriza por ser um quadro conceptual que se baseia na integração dos processos e dos resultados do empowerment da juventude, tanto a nível individual como a nível coletivo. Assim, são 17 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação analisados quatro modelos que têm sido desenvolvidos para explicar e guiar os esforços da comunidade em capacitar os jovens (Castela, 2011). 1) Ciclo de empowerment dos adolescentes (Chinman e Linney, 1998); 2) Modelo de programa de desenvolvimento e empowerment da juventude (Kim et al, 1998) 3) Modelo de parceria transacional (Cargo et al, 2003) 4) Modelo de educação do empowerment (Wallerstein, Sanchez-Merki e Velarde com base em pressupostos de Freire, 2005). (Castela, 2011) O modelo utilizado nesta investigação segue os princípios do modelo de parceria transacional, na medida em que, ao contrário de outros modelos que se baseiam em teorias psicológicas do desenvolvimento, este modelo é bastante mais pragmático já que envolve diretamente os jovens na melhoria da qualidade de vida local, através de intervenções nas áreas que interessam aos próprios jovens. Este modelo conceptualiza o empowerment como um processo de cooperação entre adultos e jovens, sendo que um dos elementos chave deste processo é o papel dos adultos em criarem um ambiente acolhedor e facilitador da comunicação e da horizontalidade do próprio processo. Outro aspeto central neste modelo é a noção da interrelação que existe entre os resultados do empowerment a nível individual e a nível comunitário, na medida em que se espera que os jovens experimentem resultados individuais através da participação e do sucesso dos esforços para a mudança da comunidade (Jennings et al, 2006). Os autores estudados nesta seção partilham que a promoção do empowerment dos jovens deve ter em consideração 6 dimensões: um ambiente acolhedor e seguro, participação e envolvimento com significado, uma partilha equitativa do poder entre adultos e jovens, o envolvimento numa reflexão crítica sobre os processos interpessoais e sociopolíticos, a participação em processos sociopolíticos para uma mudança efetiva, e a integração dos níveis individual e comunitário do empowerment. Analisando a questão da participação de uma forma mais holística através da Carta Europeia para a Participação dos jovens a nível local e regional revista recentemente (2003) no Congresso de Autoridades locais e regionais do Conselho da Europa, podemos entender que a participação de jovens se tornou uma forte prioridade do 18 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Conselho da Europa que tem incentivado um variado número de iniciativas que visam dotar os jovens da informação e competências necessárias para o seu envolvimento pleno. 2.1.4- Experiência em processos de consulta a jovens O processo de consulta envolve recolher informação junto das pessoas sobre um determinado assunto para apoiar a ação/decisão. Consultar os jovens que apoiem a implementação de novas medidas na área da juventude, significa reunir informações que sejam relevantes nos domínios que interessam aos jovens envolvidos (Youth Consultation Guide, 2004). Os jovens têm diferentes padrões de comunicação, estilos de vida, prioridades e gostam de diferentes atividades, comparando com os adultos. O processo de consulta precisa então de desenvolver diferentes métodos de comunicação e facilitação que incluam os jovens e compreendam o público-alvo nas suas especificidades. Estudos indicam que, se envolvermos os jovens em primeira instância recolhendo as suas opiniões e identificando as suas necessidades e interesses, estes estarão mais comprometidos e ativos no acompanhamento das medidas sugeridas. (Youth Consultation Guide, 2004). Um dos processos mais alargados de consulta a jovens de nível europeu resultou na edição do Livro Branco da Comissão Europeia Um novo impulso à juventude europeia (2001). O processo de consulta que serviu de base conceptual para este Livro Branco estendeu-se de Maio de 2000 a Março de 2001 e abrangeu jovens europeus de todas as origens, organizações de juventude, comunidade científica, responsáveis políticos e respetivas administrações na área da juventude. A sua amplitude, duração, diversidade das pessoas consultadas e riqueza de ensinamentos fazem desta uma consulta sem precedentes à escala europeia. Para alguns Estados-Membros, constitui igualmente uma estreia. A mobilização foi considerável: – os Estados-Membros organizaram 17 conferências nacionais, que reuniram vários milhares de jovens e recolheram 440 sugestões; – o Encontro Europeu de Paris em Outubro de 2000, sob a Presidência francesa, permitiu colocar os resultados das conferências nacionais numa perspetiva europeia; 19 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - 450 jovens delegados representando 31 países acordaram a seleção de cerca de 80 sugestões; – em Fevereiro de 2001 foram ouvidas no Comité Económico e Social em Bruxelas mais de 60 organizações ativas no terreno; – a comunidade científica, representada por uma dezena de investigadores pluridisciplinares, foi mobilizada para fornecer uma abordagem prospetiva sobre a evolução da juventude; – em cada uma das capitais europeias foram organizados encontros com os responsáveis políticos e administrativos mas também com os Conselhos Nacionais da Juventude, tendo sido organizadas duas reuniões dos Diretores-Gerais de tutela da Juventude (uma no lançamento destes encontros bilaterais, outra no encerramento das consultas); – em meados de Março de 2001, realizou-se um encontro em Umeå, sob a Presidência sueca. Jovens, organizações de juventude, investigadores e autoridades públicas delinearam as prioridades que devem orientar a ação política; – em 24 de Abril de 2001 teve lugar uma jornada de debate no Parlamento Europeu, que contou com a participação de quase 300 pessoas, essencialmente jovens. (Livro Branco para a Juventude, 2001) Deste processo de consulta emergiram quatro mensagens fundamentais (Livro Branco, 2011): 1) Para uma participação ativa dos jovens enquanto cidadãos Os jovens consultados reivindicam a sua condição de cidadãos responsáveis. A este título, pretendem ser mais diretamente associados à vida da comunidade. Além disso, a participação dos jovens não pode limitar-se a uma única consulta, e ainda menos a sondagens de opinião, devendo antes incluir os jovens no processo de tomada de decisões. 2) Alargar e reconhecer melhor os campos de experimentação Os jovens gostariam que os poderes públicos reconhecessem que a educação e a formação não se limitam àquelas que são ministradas de forma tradicional ou formal. 20 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Do seu ponto de vista, este período charneira da aprendizagem e experiência pessoal ganharia se fosse tratado de forma mais global e incluísse os aspetos não formais da educação e da formação. Nesta ótica, merecem destaque a mobilidade e o voluntariado, que continuam a ser práticas demasiado limitadas e escassamente reconhecidas: desenvolvê-las em articulação com as políticas relativas aos domínios da educação e da formação representa, para os jovens, uma prioridade. 3) Desenvolver a autonomia dos jovens A autonomia é uma reivindicação básica dos jovens. Essa autonomia assenta nos meios à sua disposição e, em primeiro lugar, nos meios materiais. Neste aspeto, a questão do rendimento é fulcral. As políticas do emprego, da proteção social, do auxílio à inserção mas também da habitação e dos transportes afetam a juventude. São políticas necessárias para lhes proporcionar maior autonomia, pelo que deverão incorporar os seus pontos de vista e os seus interesses e aproveitar as conquistas e experiências no domínio em causa. 4) Por uma União Europeia campeã de valores A grande maioria dos jovens identifica-se com certos valores que são também os da construção europeia. No entanto, isso não os impede de achar que as instituições são entidades longínquas, pouco acessíveis, e muito pouco sensíveis às suas preocupações. Consideram que deve ser feito muito mais, e a todos os níveis de intervenção pública, para garantir os direitos fundamentais de cada indivíduo e, sobretudo, para garantir os direitos das minorias e lutar contra toda e qualquer forma de discriminação ou de racismo. (Livro Branco para a Juventude, 2001) A nível local, os processos de consulta na área da juventude não são uma tendência generalizada, existindo poucos Municípios com práticas nestes âmbitos. No entanto, o papel das associações juvenis tem sido um forte estímulo à reflexão por parte dos jovens e consequente legitimidade para advocacy perante os decisores políticos locais. A título de exemplo, a nível nacional e local: 21 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - O Conselho Nacional da Juventude lançou de Janeiro a Abril de 2011 uma série de seminários regionais que culminaram num seminário nacional sob o tema “Rumo ao Emprego Jovem”, que permitiu a auscultação e construção coletiva de possíveis medidas de combate ao desemprego jovem, para futura negociação entre CNJ e diferentes Comissões políticas que integra (CNJ, 2011); - O Conselho Nacional da Juventude lança no ano de 2012 um conjunto de seminários regionais seguidos de um seminário nacional sob o tema “Portugal participa! – Participação dos jovens e Inclusão social de jovens com menos oportunidades”, que pretendeu reunir contributos dos jovens relativos a esta matéria e idealizar medidas concretas para apresentação e discussão a nível europeu no próximo encontro europeu, que encerra a Presidência da União Europeia tripartida entre Polónia, Dinamarca e Chipre (CNJ, 2012); - A nível local pode referir-se o papel das associações juvenis na estimulação da participação ativa dos jovens e do seu comprometimento com os problemas e soluções para a melhoria de vida na sua comunidade. Um exemplo vivo é o caso da Associação juvenil Dínamo que lançou o desafio a jovens de Sintra para participarem com ideias para a transformação da sua cidade, culminando numa Carta de Recomendações para a Participação local, finalizada em Março de 2012 (Dínamo, 2012). Este processo resultou numa verdadeira mobilização de jovens que pretendem refletir a cidade e encontrar, em conjunto com decisores políticos, um caminho comum de entendimento e resolução de problemas. Enquanto metodologia, o diálogo estruturado a nível europeu não é recente, mas num contexto nacional, esta prática não tem sido explorada. Para além do know-how necessário para convidar, facilitar e negociar os temas em debate com os diferentes envolvidos, é indispensável uma verdadeira vontade política e disponibilidade para criticar de forma construtiva as políticas atuais com vista a uma melhoria. Esta cultura de participação e de horizontalidade entre eleitos e eleitores não é muito usual, pelo que a sociedade civil deverá ter um papel mais preponderante no estímulo à reflexão independente e apartidária, comprometida pelos e com os cidadãos e futuros cidadãos. 22 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação 2.1.5- O animador sociocultural como agente essencial na transformação social Enquanto jovem, começam a manifestar-se sentimentos de pertença a grupos, normalmente associados à cultura da imagem, tendências musicais e estéticas, paralelamente à libertação da tutela e do controlo familiar, num desafio de afirmação de identidade pessoal. As linhas orientadoras da Animação Juvenil surgem desta forma para responder às necessidades de desenvolvimento e afirmação de identidade, entre as quais: - a liberdade, no sentido de procura do desconhecido, o risco como processo de auto e heteroconhecimento; - a promoção do associativismo: associado à afirmação de identidade individual surge a necessidade de socialização e canal de aprendizagens diversas; - a participação, que entende o jovem como ativo e envolvido desde o processo de decisão até à implementação, colocando-o no centro da ação; - o voluntariado, como processo solidário e integrante do desenvolvimento humano, também associado à capacidade de influência dos jovens na resolução de problemas da sua comunidade. (Lopes, 2006: 318) A animação sociocultural investe em práticas de cidadania plena, mediante as quais o ser humano é incitado a intervir na causa pública. Esta intervenção solicitada a cada cidadão deve ter por base um conjunto de informação, consciencialização, cultura e vivência democráticas que promovam à pessoa as condições de se tornar ator protagonista no seu desenvolvimento social, cultural, educativo e político. (Lopes, 2006: 565). Como nos anima Lopes, M. (2006:568), é necessário “viver a participação e rejeitar a delegação”; a animação sociocultural deve ter “como missão futura (…) promover uma pedagogia de libertação como nos ensinou Paulo Freire”; “defender um novo associativismo que vá ao encontro do pulsar deste novo tempo e que constitua um espaço propício de educação não formal”; valorizar a dimensão da política, entendida como meio de participação na causa pública e não reduzida apenas a um jogo exercido por uma classe política”. Animados por estes objetivos da Animação Sociocultural, perspetivamos esta disciplina do saber como um motor da 23 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação transformação social, necessária para estimular o desenvolvimento de jovens mais conscientes, críticos e interventivos na sociedade. Assim sendo, entre os vários objetivos da Animação Juvenil, surge-nos como pertinente para esta investigação a importância do fortalecimento da interação e interrelação dos jovens, mediante uma metodologia ativa, participada, horizontal e de valorização da autoestima e do protagonismo dos jovens. O associativismo juvenil é uma escola de valores para a cidadania, que, ao ser experimentada pelos jovens num contexto seguro, pode ser considerada uma tecnologia educativa potenciando a complementaridade com o sistema de educação formal e aportar um conjunto de saberes, experiências e vivências únicas. (Lopes, 2006:318) É na perspetiva de Salas Larrazábal (1998) que “o animador é um educador, porque estimula a ação, o que se supõe uma educação na mudança de atitudes”, que se posiciona esta investigadora. É na criação de oportunidades de reflexão sobre questões importantes para o quotidiano dos jovens e na estimulação de ideias inovadoras e identificadas através de um processo coletivo e comprometido, que este projeto se desenrola. O papel de um/a animador/a centra-se nos indivíduos jovens e na comunidade em que se desenvolve, no sentido de promover a autonomia e crescimento pessoal dos atores envolvidos, para além da melhoria de qualidade de vida da comunidade. Através da abordagem da educação não formal, é possível criar um ambiente facilitador de troca de experiências, de diálogo franco e de estímulo à reflexão organizada, com vista à consciencialização da realidade que nos rodeia e à idealização de soluções para os problemas que enfrentamos. Numa lógica cada vez mais participativa e num quadro de cooperação europeia em matéria de juventude para 2010 a 2018 que prevê o diálogo estruturado como metodologia para a reflexão e identificação de medidas de prevenção e redução de problemas, surge o animador como peça fundamental na mediação dos diferentes atores neste processo. O conceito de diálogo estruturado, desenvolvido a partir de 2005/2006, é um marco fundamental nas políticas europeias de juventude e através do qual a juventude europeia é chamada a participar no debate alargado sobre os temas prioritários da União Europeia. Este diálogo supõe que os governos e as administrações, inclusive as da UE, fomentem o debate com os jovens sobre 24 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação determinados temas, cujos resultados devem ser úteis para a decisão política. Esse debate é estruturado quer em termos dos temas escolhidos, quer nos tempos e métodos de trabalho (Conselho Nacional da Juventude, 2011). Desta forma, o/a animador/a será o profissional mais habilitado em termos de competências de facilitador, animador de grupos e mediador entre diferentes faixas etárias e situações sociais. Num processo de diálogo estruturado, será o animador que detém um bom conhecimento de dinâmicas de grupo na área da educação não formal, e por conseguinte que pode moderar o debate consoante os temas escolhidos de uma forma atrativa para o grupo, tendo em conta que jovens, técnicos e decisores políticos fazem parte de um mesmo grupo bastante heterogéneo. Estes momentos de diálogo estruturado requerem uma boa preparação técnica através de uma planificação de objetivos, resultados quantificáveis do processo e utilização de uma variedade de métodos (com predominância dos métodos ativos que estimulam a participação) que envolvam e comprometam os participantes, desde os jovens aos decisores políticos. É numa lógica de “animar o espírito” que muitas vezes estas sessões de diálogo estruturado decorrem, já que partimos frequentemente de um grupo de jovens com vontade de participar mas com baixa perceção de eficácia/influência na tomada de decisões decorrente destes processos, e de um grupo de decisores políticos que ainda credibiliza pouco os momentos de auscultação e negociação direta com a população ou por outro lado que não tem hábitos de debate e comunicação com jovens, sendo difícil estabelecer uma plataforma de entendimento e comunicação efetiva entre estes dois públicos. O facilitador do processo de diálogo estruturado deve por isso reunir um conjunto de competências que, no entender da investigadora, coincidem com o perfil de um animador, tais como: competência de organização de informação e devolução da mesma de forma visual, atrativa e intuitiva; competência de animação e facilitação de grupos; competência de negociação entre diferentes faixas etárias e interesses, entre outras. Nesta investigação-ação, o diálogo estruturado é fundamental ao processo de participação de jovens nas tomadas de decisão. Após uma fase de questionários aplicados a uma amostra significativa de jovens de ensino secundário de Vila Nova de Famalicão, foi possível implementar o diálogo estruturado através de “grupos de 25 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação foco”, onde os diversos temas já se encontravam organizados e se convidavam jovens, dirigentes associativos e de juventudes partidárias de diferentes idades a pronunciar-se sobre os resultados dos questionários e produzirem ideias coletivas para a promoção de medidas para atenuar/resolver problemas ou melhorar aspetos positivos para os próprios jovens. No final deste trabalho em “grupos de foco”, e como está contemplado num processo de diálogo estruturado, os jovens, dirigentes associativos e decisor político local na área da Juventude (Vereador da Juventude) foram chamados a esclarecer as medidas propostas e negociar a possível implementação das mesmas. Capítulo III – Metodologia 3.1 – Modelo de Investigação-Ação A metodologia a utilizar na realização deste projeto prende-se com a Investigaçãoação, que se destaca pela descoberta e exploração de factores e pela possibilidade que nos dá de se realizar a investigação no próprio espaço de ação - a rede associativa juvenil de Vila Nova de Famalicão. De uma forma simplificada podemos afirmar que a Investigação-ação é uma metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos campos da ação. Já como refere Serrano (1998: 111), a investigação-ação, tem como objetivo básico e essencial, “por um lado obter melhores resultados naquilo que se faz e, por outro, facilitar o aperfeiçoamento das pessoas e dos grupos com que se trabalha”. Esta metodologia orienta para a melhoria das práticas mediante a mudança e a aprendizagem a partir das consequências dessas mudanças e permite a participação de todos os implicados. O seu objetivo é a reflexão sobre a ação de forma a transformar a realidade. Alguns autores caracterizam-na como uma metodologia apelativa e motivadora porque se centra na prática e na melhoria das estratégias utilizadas, o que leva a uma eficácia da prática muito maior. Assim, pode dizer-se que “a investigaçãoação orienta-se para o aperfeiçoamento mediante a mudança e para a aprendizagem a partir das consequências das mudanças: é participativa; segue uma espiral de ciclos de 26 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação planificação, ação, observação e reflexão; é um processo sistemático de aprendizagem orientado para a praxis.” (Serrano, 2004: 111). Existem muitas e variadas definições do modelo de investigação-ação e muitos são os teóricos que o definem. Por exemplo, Cohen & Manion referem que a investigação-ação se adequa a qualquer situação, sempre que seja identificado um problema numa situação específica, ou sempre que se aplique uma nova abordagem. Descrevem-na como “um procedimento in loco, com vista a lidar com um problema concreto localizado numa situação imediata (…) controlado passo a passo (…) durante períodos de tempo variáveis, através de diversos mecanismos (…), de modo que os resultados subsequentes possam ser traduzidos em modificações, ajustamentos, mudanças de direção, redefinições, de acordo com as necessidades, de modo a trazer vantagens duradouras ao próprio processo em curso”. (Bell, 1993, pp. 20-22) Bell refere que a investigação-ação precisa de ser pensada e planeada como qualquer outra investigação, dependendo dos métodos que forem seleccionados para a recolha de dados. Defende que os investigadores quantitativos recolhem os factos e estudam a relação entre eles. Realizam medições com a ajuda de técnicas científicas que conduzam a conclusões quantificadas e, se possível, generalizáveis. Os investigadores que adoptam uma perspetiva qualitativa estão mais interessados em compreender as perceções individuais do mundo. Procuram compreensão, em vez de análise estatística. Duvidam da existência de factos “sociais” e põem em questão a abordagem “científica” quando se trata de estudar seres humanos (Bell 1993: 20). Sanches (2005) entende que esta metodologia permite ao investigador partilhar informação com os seus pares, compreender o processo de uma perspetiva interna, encontrar respostas pertinentes, oportunas e adequadas à realidade em que trabalha e usar um processo dinâmico, motivador, inovador e responsável entre todos os intervenientes do processo educativo (p. 130). Enquanto que Bogdan & Biklen (1994) defendem que a investigação-ação, situada dentro da investigação qualitativa, envolve um estudo ativo, empenhado, sistemático, uma participação constante do investigador no próprio local da investigação e uma 27 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação associação directa e sistemática entre a ação, a reflexão e a mudança, a partir do registo escrito de todos os dados recolhidos e dos seus valores. Entendem que este método compreende “uma atitude prática, centrada nas inquietações do investigador e é usada como um instrumento de mudança social, que consiste na recolha de informações sistemáticas, com o objetivo de promover mudanças sociais” (pp. 292294). Nesta linha de pensamento, Patton defende que os métodos qualitativos possibilitam ao investigador fazer o trabalho de campo sem estar restringido a categorias já determinadas e tornar a pesquisa mais profunda, aberta e pormenorizada (1980: p. 13). Sendo assim a Investigação-ação é um modo de investigação que toma por objeto um fenómeno situado no contexto da vida real, onde o investigador está pessoalmente implicado e aborda o seu campo de investigação a partir do interior, reunindo informação tão numerosa e tão personalizada quanto possível, com vista a abranger a totalidade da situação. 3.2 – Escolha do método de investigação Nesta investigação decidiu usar-se um método de pesquisa e de desenvolvimento pedagógico que se relacionasse com o conhecimento do quotidiano dos jovens e que permitisse adaptar e testar estratégias nacionais e internacionais de vários autores, refletir e avaliar a sua eficácia, num contexto específico e compreender problemas reais, relacionados com os conceitos em estudo. A própria revisão de literatura sobre métodos de investigação levou à constatação, de que uma investigação qualitativa acabaria por ser mais promissora e adequada ao estudo do problema desta investigação. Assim, a natureza de uma investigação-ação essencialmente prática, na resolução de problemas educativos, diagnosticados em situações específicas, tornou-se atrativa para a investigadora, no papel de investigadora mas também de animadora. Outro motivo deveu-se ao facto de ser um método que se adequa a uma reflexão profunda e multifacetada (Kemmis, 1988), que permite um diálogo ao longo da pesquisa, faz uma avaliação formativa dos processos (Stenhouse, 1987), interage constantemente entre o investigador e os sujeitos da amostra, admite a realização de 28 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação correções no decurso da investigação e que pode ser ligado à inovação curricular. Um método que coloca em prática, num curto período de tempo, um modelo teórico crítico, que permite questionar e experimentar práticas em contexto natural, numa dialética de reflexão-ação-reflexão contínua e sistemática, como defende Elliott (1994). Assim, a investigação-ação foi a metodologia que se adequou às finalidades da investigação, por facilitar a resolução de problemas dos jovens, integrar e valorizar os interesses e necessidades destes e privilegiar a integração e reflexão e por estar atenta à mudança e à intervenção social. Foi o modelo mais apelativo e adequado ao contexto e à amostra em estudo, porque: (I) Permitiu experimentações práticas em contextos naturais de sala de aula e em contextos de encontros informais de jovens num curto espaço de tempo; (II) Adaptou-se à profissão, experiência profissional e associação onde a investigadora é órgão social com responsabilidades, como animadora; (III) Facilitou as colaborações e o entendimento entre os principais participantes da ação: jovens, dirigentes associativos, decisores políticos, investigadora; (IV) Permitiu melhorar a qualidade da comunicação entre associações juvenis do mesmo Concelho e escolas secundárias, a partir da pesquisa, da mudança de atitudes e comportamentos, por parte dos inquiridos e participantes; (v) Procurou resolver problemas no próprio local da investigação, permitindo à investigadora questionar práticas, produzir materiais, tomar notas, implementar e testar estratégias de acção e técnicas de recolha de dados, avaliar e refletir a sua eficácia de forma alternada, sistemática e contínua; (VI) Deu respostas ao problema selecionado. E conclui-se, que a escolha do método investigação-ação, esteve relacionada com todos os benefícios que este poderia trazer. 3.2.1 – Vantagens e desvantagens desta escolha Cohen & Manion (1994) referiram que o modelo de investigação-ação incide na resolução de problemas específicos, “sempre que queremos um conhecimento específico para um problema específico, numa situação específica” (p. 271). 29 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Segundo eles, este método como método empírico, reúne, partilha, estuda, regista, reflete, avalia e atua sobre a informação recolhida, através do registo, das observações e da análise de comportamentos e atitudes. Constitui, nesta sequência, a base das revisões que levaram à melhoria e ao progresso da situação que se pretende alterar. Psathas refere que numa investigação-ação, “os investigadores qualitativos em educação estão continuamente a questionar os sujeitos de investigação, com o objetivo de perceber “aquilo que eles experimentam, o modo como eles interpretam as suas experiências e o modo como eles próprios estruturam o mundo social em que vivem” (Bogdan & Biklen, 1994: p. 51). Enquanto que Elliott (1994) define a investigação-ação, como o estudo de uma situação social, que tenta melhorar a qualidade da acção em si mesma e que tem como objectivo proporcionar elementos que sirvam para facilitar o exercício prático, em situações concretas e a validade das teorias e hipóteses, geradas e não dependentes das provas científicas, mas da forma inteligente e acertada como ajuda as pessoas a actuarem. Para este investigador, o modelo de Lewin envolve uma espiral de ciclos, onde o ciclo básico das atividades identifica a ideia inicial, reconhece a situação, efectua a planificação geral, desenvolve a primeira fase da acção, implementa, avalia a ação e revê o plano geral. A partir deste ciclo, os investigadores adiantam-se e buscam a espiral para desenvolverem a segunda fase da acção, implementar, avaliar o processo, rever o plano geral e desenvolver a terceira fase da ação, que implica a implementação e avaliação do processo num ciclo contínuo, sistemático e alternado, até considerarem o problema solucionado ou reduzido ou encontrarem os dados necessários ao estudo. Assim, Elliott (1994) define um modelo em três ciclos, semelhante ao de Lewin porque crê que o seu modelo constitui uma excelente base para nos levar a pensar em que consiste a investigação-ação (p. 88). Refere que quem utiliza o modelo de Lewin pode ter tendência a pensar que é possível fixar antecipadamente a ideia geral, que o reconhecimento só consiste em descobrir factos e que a implementação é um processo linear (1994: p. 89). Faz uma revisão ao modelo de Lewin, dizendo que: 1 - É possível modificar a ideia geral; 2 - O reconhecimento inclui a análise e a descoberta de factos, reintegração do cumprimento da espiral, sem obedecer ao início do processo; 30 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação 3 - A implementação de uma fase da acção nem sempre é fácil, pois não deve proceder à avaliação dos factos de uma ação, até que se tenha comprovado em que medida estes foram implementados. Conclui-se, segundo os três ciclos de Elliott (1994) e após este ter feito uma reformulação aos três ciclos de Lewin, que o método de investigação-ação é um tipo de prática reflexiva que privilegia, em simultâneo, a prática e a teoria pois permite ao investigador recolher dados, formular questões, avaliar e refletir numa dialética de reflexão-ação-reflexão, alternada, contínua e sistemática, em todos os ciclos da ação, até encontrar dados suficientes e concretos ao seu estudo. E que a investigação-ação corresponde a uma metodologia suficientemente flexível, facilmente alterada, adaptada e complementada, no final de cada ciclo (p. 89). Por fim, este investigador defende uma ação, que envolve ciclos de planeamento, observação, reflexão e avaliação, que tem de ser bastante flexíveis para permitir que se façam alterações e ajustamentos. A investigação-ação é um procedimento, um ato contínuo desenhado para abordar um problema concreto numa situação específica. É um processo de investigação que se vai desenvolvendo passo a passo, sobre períodos de tempo, e usando uma variedade de instrumentos, que possibilitam a reflexão e avaliação sobre a ação e que está relacionado com a formação de uma equipa de trabalho, capaz de alcançar mais facilmente mudanças e respostas do que indivíduos isolados. É um método que se relaciona com a adaptabilidade e a flexibilidade, proporcionando mudanças durante a sua implementação, encorajando a experimentação e a inovação e a obtenção de dados concretos num curto espaço de tempo e que, como todos os outros modelos, tem vantagens e desvantagens. Cohen & Manion (1986) referem que a investigaçãoação é preferível às abordagens subjetivas para resolver os problemas, embora lhe falte o rigor de uma investigação científica. No entanto, também têm sido levantadas muitas objeções à investigação-ação, levadas a cabo pela falta de rigor científico e pelo facto dos seus objetivos serem demasiado situacionais e específicos. Segundo estes investigadores, o facto de ser situacional exclui a sua aplicação em outros contextos educativos (1994: p. 271). Outra desvantagem diz respeito ao facto de este método não ir para além da resolução de problemas práticos, ter pouco ou mesmo nenhum controlo sobre as variáveis 31 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação independentes e, como referem Cohen & Manion, apresentar resultados que não são generalizáveis, mas restritos ao meio envolvente na qual a investigação tem lugar (Serrano, 1994). As suas críticas advêm da forma amadora, sem rigor científico, como, muitas das vezes, se usa o método. Contudo, pode ser tão rigoroso como qualquer outro método de investigação, quando usado por um investigador (Moura, 2000). 3.3 – Plano da Acção 3.3.1 - Calendarização do projeto 1º Passo - Construção dos questionários No âmbito da disciplina de Área de Projeto da Escola Secundária D. Sancho I do ano letivo de 2010/2011, um grupo de alunas (Ana Silva, Ana Moreira, Ana Barbosa e Ana Morais1) escolheu por tema “Jovens na democracia”, com o objetivo de compreender as perceções dos jovens relativamente ao sistema de democracia e à sua participação ativa em sociedade. O questionário “Play demo!” foi construído pela investigadora baseado em 4 sessões de facilitação do grupo “Jovens na 1 Nome fictício para proteção dos jovens envolvidos 32 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação democracia”, recolhendo ideias e conceitos importantes e trabalhando estes conceitos de forma neutra e refletida através de um questionário. Após este trabalho de recolha, análise e tratamento pela investigadora, o questionário recebeu contributos de melhoria por especialistas nas áreas mais técnicas e políticas, através de diferentes atores envolvidos2: Presidente da Concelhia do Partido Social Democrata em Vila Nova de Famalicão, deputado na Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão pelo Partido Comunista Português e doutorando em Marketing Político e Professor Assistente de Comunicação Institucional na Licenciatura em Comunicação Empresarial da Universidade Católica. 2º Passo – Seleção da amostra e aplicação dos questionários A aplicação do questionário abrangeu um total de 527 estudantes entre o 10º e o 12º do ensino regular e profissional de todas as instituições de ensino famalicenses, entre as quais: a Escola Cooperativa Vale S. Cosme, a Escola Cooperativa de Riba d’Ave, a Escola Secundária Camilo Castelo Branco, a Escola Secundária D. Sancho I, a Escola Secundária Padre Benjamim Salgado, a Escola Profissional CIOR, a Escola Profissional FORAVE. O número total de estudantes entre o 10º e 12º anos é de 5009 no ano lectivo de 2010/2011, pelo que este estudo representa 10.5% da população em estudo. A amostra foi construída de forma aleatória (foi sistematizada a informação sobre número de turmas e tipologia de ensino – geral ou profissional e gerados de forma aleatória um grupo de 10.5% em cada escola e de forma aleatória os números das turmas para a amostra) e os questionários aplicados entre Janeiro e Março de 2011 nas diferentes escolas, em cooperação com a Direcção e professores das mesmas. Através deste questionário pretendeu-se recolher informações sobre a visão dos jovens em relação à democracia e a sua participação a nível local. Os resultados dos questionários aplicados a todas as escolas secundárias do concelho foram analisados para a construção de uma campanha de informação dirigida aos jovens. 2 Nomes omitidos para proteção dos envolvidos, apenas identificação de cargos para melhor contextualização 33 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação O preenchimento do referido questionário teve uma duração média de 15 a 20 minutos de aplicação e foi de tratamento estatístico anónimo e confidencial. Perfil dos respondentes Legenda: Feminino Masculino Legenda: 15 anos 16 anos 17 anos 18 anos 16 anos 34 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação 3º Passo: Recolha e tratamento de dados estatísticos A recolha de dados e tratamento estatístico dos questionários foram realizados pelo grupo de alunas do 12º2 “Jovens na democracia”, com supervisão da coordenadora do projeto/investigadora e de um especialista de informática da Escola Secundária D. Sancho I (seleção aleatória das turmas para amostra no programa Excel). 4º Passo: Encontros de consulta a jovens e dirigentes associativos (grupos de foco) O principal objetivo destes encontros de jovens e dirigentes associativos na área da juventude foi o de analisar os dados dos questionários relativos aos índices de participação activa dos jovens e perceções dos jovens sobre a vida política e participativa e apontar algumas justificações para estes dados, assim como refletir de forma conjunta para uma série de recomendações que poderiam colmatar as lacunas existentes, resolver problemas ou apresentar novas ideias que aproximassem de forma mais consistente os jovens de forma geral à vida associativa e política enquanto exercício de cidadania. O encontro de dia 6 de Maio foi dedicado a jovens “não organizados” (isto é, estudantes não representantes de qualquer associação ou grupo de jovens) entre os 15 e os 19 anos do ensino secundário de Instituições de ensino do concelho (Escola Secundária Camilo Castelo Branco, Escola Secundária D. Sancho I e Escola Secundária Padre Benjamim Salgado) com a participação voluntária de 40 jovens. Este encontro realizou-se no auditório da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco e contou com o desenvolvimento de diversas dinâmicas de grupo e desafios que colocavam os jovens numa postura de reflexão face aos resultados do questionário, sugerindo propostas genéricas de intervenção para a sua resolução. No dia 7 de Maio o encontro realizou-se na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, tendo como público jovens representantes de associações de estudantes, jovens representantes de parlamentos de jovens a nível local e nacional, jovens de grupos informais com interesse no tema e dirigentes associativos (associações culturais, juvenis e juventudes partidárias) num total de 25 participantes. O encontro teve como objetivo fazer um ponto de situação relativamente à perspetiva 35 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação dos diferentes participantes sobre a “participação ativa juvenil” e, tendo por base o documento genérico de intervenção delineado no dia anterior, especificar medidas e recomendações na área da juventude para os problemas/necessidades identificados. Neste encontro o grupo participante era muito heterogéneo, com idades entre os 16 e os 36 anos, refletindo-se numa dinâmica muito rica de intercâmbio de ideias e argumentos. Dos encontros com jovens e dirigentes associativos, os participantes identificaram de forma espontânea os diversos contextos de participação onde um jovem actua: Família, Escola, Associações, Grupos de amigos, Media, Cidade, País, Europa. Perante estes resultados e comparando com a literatura nesta área, podemos compreender a lacuna da participação individual (“eu” enquanto contexto de participação), que por exemplo é refletido através de escolhas pessoais (vegetarianismo, boicote de compras em determinada superfície,..) e que atribui poder e responsabilidade a cada um de nós enquanto cidadãos e nos compromete a nível individual, mas facilmente é negligenciado. Relativamente às condições para a participação de um jovem (sentido lato), foram apontadas várias, entre as quais: Responsabilidade, Linguagem acessível e “descomplicada”, Informar, Apoiar, Comunicação/marketing, Contacto intersocial (diversidade), Escuta ativa, Desenvolvimento de competências (atitude participativa), Oportunidades/espaços de participação. Remetendo para um dos conceitos teóricos da Participação (Modelo RMSOS – condições para a participação), podemos elencar as condições de participação em 5 dimensões/condições: direito de participar, meios para a participação, suporte/apoio à participação, oportunidade para a participação e espaços onde participar. Comparando as respostas recolhidas com o modelo apresentado, podemos inferir que os participantes tiveram uma perspetiva muito prática, identificando Meios e Suporte/apoio à participação (informar, apoiar, linguagem, escuta), e também Oportunidades e espaços de forma mais generalizada. Quando o grupo foi questionado relativamente ao perfil de um jovem participativo, várias capacidades, conhecimentos e atitudes 36 foram identificados pelos O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação participantes, tais como: Ativo; Corajoso; Sensível; Exigente; Dinâmico; Orgulhoso; Preocupado; Interessado; Confiante; Ambicioso; Com autoconhecimento; Com vontade; acesso a Educação política; Motivação; Liderança; Delegação de tarefas; Proativo; Otimista; Altruísta/com espírito de serviço; Sentido de comunidade e Sentido de pertença. Perante estas respostas, podem ser várias as interpretações, também estas discutidas com o próprio grupo. Relativamente ao perfil pode dizer-se que é bastante ambiciosa a conjugação de tantas características positivas na mesma pessoa ou grupo de pessoas, pelo que pode ser um fator de inibição e desculpabilização por parte dos jovens para não serem tão ativos (porque exige numerosas caraterísticas cumulativamente) mas também como uma clara consciência de que ser ativo está associado a muitas outras características positivas que podemos ir desenvolvendo durante a vida através do envolvimento em associações ou outros grupos. 5º Passo: Edição e apresentação dos resultados à comunidade Após os encontros em Maio de 2011, seguiu-se um período de reflexão e edição das diferentes conclusões, sendo revisto por todo o grupo de trabalho dos encontros (jovens e dirigentes associativos), assim como pelos diferentes parceiros do projecto até Setembro de 2011. Em Setembro de 2011, estes resultados foram devolvidos de forma organizada e trabalhada aos vários participantes dos questionários e dos encontros (grupos de foco) para que fossem revistos e validados. Desta forma, foi possível apresentar à Rede Associativa Juvenil de Vila Nova de Famalicão e ao Conselho Municipal da Juventude, dois órgãos consultivos e de debate das questões da juventude, os resultados deste trabalho. A apresentação foi também realizada perante a comunidade local e a imprensa, por forma a disseminar os resultados e causar o maior impacto possível desta investigação. 37 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação 3.3.2 – Descrição do contexto Este trabalho de investigação desenvolve-se no concelho de Vila Nova de Famalicão, pelo que merece uma pequena incursão por este domínio geográfico. Vila Nova de Famalicão é hoje uma terra frequentemente mencionada como um dos principais centros culturais, comerciais e industriais do país. Situada estrategicamente entre as cidades de Braga, Guimarães e Porto, Vila Nova de Famalicão é uma cidade de referência no Baixo Minho e no Vale do Ave. Liderando um dos pólos de desenvolvimento do Vale do Ave, a cuja Associação de Municípios pertence, o concelho de Vila Nova de Famalicão, com cerca de 140.000 habitantes, é uma terra de encantos e oportunidades (in www.vilanovadefamalicao.org a 30/05/2012). Composto por 49 freguesias, o concelho de Vila Nova de Famalicão possui 9 estabelecimentos de ensino secundário, num total de 5009 alunos no ano letivo de 2010/2011 (ano em que decorreu o presente estudo). Vila Nova de Famalicão possui um forte dinamismo associativo reforçado por uma política que apoia a criação de novas associações através da atribuição de subsídios específicos para a realização de atividades em domínios que a Câmara necessita de parceiros. Em particular as associações juvenis e que trabalham na área da juventude são muito ativas e intervêm em diferentes áreas (desportivas, culturais, voluntariado, inclusão social) oferecendo um vasto leque diverso de oportunidades aos jovens de Vila Nova de Famalicão. Os jovens envolvidos diretamente na equipa de aplicação dos questionários são jovens que voluntariamente se ofereceram para a concretização deste projeto e são interessados pelo tema e pela promoção da discussão do tema entre os seus pares. Este grupo composto por 4 raparigas entre os 17 e os 18 anos encontrava-se no 12º ano e acompanhou todas as fases do projeto, contribuindo com ideias, divisão de tarefas e a aplicação dos questionários nas turmas selecionadas. O seu empenho e aproximação etária ao público-alvo tornaram-se essenciais para que a investigação conseguisse identificar as questões de forma pertinente e pudesse assim inferir resultados muito próximos da realidade dos jovens. 38 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Em todos os ciclos, o papel de investigadora consistiu na implementação, reflexão e avaliação das estratégias educativas, relacionadas com os conceitos em estudo e com as técnicas de recolha de dados. Serviu para apoiar os jovens na articulação das suas necessidades e interesses e na reflexão sobre vários domínios dos hábitos de participação ativa, preparando todos os instrumentos de trabalho, observando, questionando, registando os comentários dos intervenientes ao longo da ação, implementando estratégias e atividades e usando técnicas e materiais, previamente estabelecidos pela equipa de trabalho. Na fase dos encontros de auscultação, a investigadora actuou como facilitadora, ajudando os jovens a encontrar caminhos para ultrapassar lacunas ao nível dos problemas identificados nos questionários, planificou a avaliação e refletiu todas as atividades realizadas. Conduziu a sua investigação de forma sistemática e rigorosa, recolhendo informações, fomentando a confiança e partilhando saberes entre todos os intervenientes, discutiu, refletiu e avaliou com os jovens e dirigentes associativos os resultados do estudo, ao nível das suas aprendizagens, necessidades, interesses e dificuldades. Segundo Yin (1989) a investigadora não é uma observadora passiva, porque ela própria desempenha, no momento do estudo, vários papéis interventivos. Para Bogdan & Biklen (1994) a investigadora assume vários papéis diferentes: inquiridora; ouvinte; exploradora; negociadora; avaliadora; narradora; observadora e animadora, pois cabe-lhe a seleção das perguntas e dos instrumentos de trabalho e a tomada de decisões. 3.4 – Recolha de dados A recolha de dados tem como principal finalidade registar o que aconteceu nas diferentes fases do projeto, de forma que fosse possível refletir e avaliar contínua e sistematicamente. Foram identificadas formas de recolha de dados, durante o planeamento e implementação da mudança curricular e formas de avaliação das atitudes e comportamentos, relativamente à mudança, depois de colocadas em prática, ao longo das diferentes fases. As informações recolhidas, a partir da utilização dos diversos instrumentos, foram registadas o mais fielmente possível, com a preocupação de 39 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação descrever, analisar e interpretar todos os dados recolhidos. Assim, foram utilizados comentários dos jovens e dirigentes associativos, foram recolhidas e analisadas as opiniões e as notas de campo da observadora, no sentido de se perceber e concluir que estas foram eficazes ao estudo e que existirão alterações a introduzir, em futuras práticas e investigações. De referir que os primeiros dados recolhidos através de recolha de opiniões com diferentes jovens foram bastante úteis e pertinentes à realização das perguntas do questionário. A câmara fotográfica e de filmar foram usadas nos encontros de auscultação, facilitando a observação e análise dos processos pedagógicos e permitindo à investigadora uma visão mais global e correta, no momento da apresentação dos resultados. Os métodos e técnicas usados para a recolha dos dados foram os mencionados: (1) Notas de campo; (2) Observações participantes; (3) Programação de encontros de auscultação; (4) Conversas informais com jovens e especialistas em temas de participação ativa, política e social; (5) Vídeo e fotografia; (6) Questionários. 3.4.1 – Instrumentos e técnicas de recolha de dados: Como instrumentos de trabalho foram utilizados nas diferentes fases de investigação, as notas de campo, as observações participantes, os registos audiovisuais, os registos visuais e escritos, a entrevista e os questionários, de modo a satisfazer os objetivos deste estudo e encontrar respostas ao problema e às questões da tese. Segundo Graue & Walsh (2003: 94), os dados recolhidos “provêm das interacções do investigador num contexto local, através das relações com os participantes e de interpretações do que é importante para as questões de interesse”. O uso de múltiplos métodos de recolha de dados contribui para desviar certas incertezas ou evitar subjetividades, pelo que foram recolhidos vários dados ao longo das diferentes fases da investigação-ação e usadas técnicas diversificadas, como: 40 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação (1) Notas de campo As notas de campo e as observações participantes permitiram sistematicamente descrever, apresentar as ideias e fazer reajustamentos e mudanças, reflexões e avaliações de todo o processo pedagógico e dos resultados. Segundo Bogdan & Biklen (1994) as notas de campo correspondem ao “relato escrito daquilo que o investigador ouve, vê, experiência e pensa no decurso da recolha e reflete sobre os dados de um estudo qualitativo”, pretendem melhorar a qualidade da escrita e a destreza manual, face a uma série de registos realizados de forma contínua e sistemática, saídos diretamente das suas cabeças e representando um estilo particular, sempre refletido e muito ponderado (p.150). A investigadora/observadora, durante cada encontro, registou e descreveu toda a ação, tirou notas de campo e registou algumas impressões in loco, que a levou a refletir e avaliar as falhas e os sucessos dos intervenientes, face a tudo que lhes fora proposto (Cohen & Manion, 1990: p. 171). Tudo o que foi considerado importante foi registado e analisado para ajudar a recordar e a entender o contexto, compreender os comportamentos e as ações dos jovens. As vantagens de utilização deste instrumento foram várias, pois permitiu durante a análise relembrar factos e acontecimentos de forma a que outras pessoas experimentassem, indirectamente, o que aconteceu nesta investigação, uma vez que continham comentários dos jovens e textos mais descritivos, tão úteis à reflexão e avaliação das intervenções, ao desenvolvimento profissional e pessoal da investigadora. (2) Observações participantes Nesta investigação, a observação participante esteve sempre presente nas diferentes fases da investigação-ação e foi levada a cabo pela investigadora e observadora. Segundo Graue & Walsh (2003), a observação participante “fornece-nos uma descrição mais completa da parte do mundo social que está a ser investigada” (pp. 127 e 128). Na perspetiva de Serrano (1994), a observação participante tem lugar quando um observador participa na vida do grupo, conversa com os seus membros, estabelece contactos próximos com eles e tenta assegurar que a sua presença não perturbe ou interfira no percurso natural dos acontecimentos. 41 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Segundo Cohen & Manion (1994), a observação participante leva a investigadora a participar ativamente na investigação e a integrar-se na amostra. Referem, como vantagens, que: (1) A observação participante é mais eficaz do que as experiências e pesquisas quando se pretende recolher comportamentos e ações não verbais; (2) Na observação, os investigadores são capazes de discernir comportamentos diferentes dos habituais e tomar notas apropriadas, acerca das características mais salientes; (3) Os estudos realizados através da observação estendem-se por um longo período de tempo, permitindo aos investigadores desenvolverem uma relação mais afetiva e informal com a amostra que estão a observar, geralmente em ambientes mais naturais do que os que são utilizados em pesquisa e experiências; (4) Os estudos realizados através da observação são menos reativos, do que os outros métodos de recolha de informação. Por exemplo, em experiências de laboratório e em pesquisas que dependem de respostas verbais para perguntas estruturadas, pode haver um desequilíbrio sobre os dados que os investigadores pretendem investigar. No entanto, salientam algumas desvantagens, tais como a subjectividade: (1) Os valores imergidos da observação participante são, várias vezes, descritos como subjetivos, influenciáveis, impressionistas e com falta de avaliação científica. Nesta investigação, a observação participante como utensílio de recolha de dados e enquanto processo de tomada de decisão, teve lugar nos vários espaços onde a investigação decorreu, principalmente no encontro de auscultação com jovens e dirigentes associativos. Foi completada in situ ou após a ação, a partir das notas escritas da investigadora e observadora. (2) Registos audiovisuais, visuais e escritos Os registos visuais e escritos dos jovens e dirigentes associativos, realizados em momentos diferentes da investigação-ação, constituíram um valioso dado de interpretação e análise, sobre o que se pretendia investigar, verificar e concluir. Os registos audiovisuais, gravações em vídeo e fotográficos, serviram para registar 42 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação visualmente a dinâmica de todo o percurso da intervenção, gestos e atitudes dos participantes. No contexto deste estudo foram usados registos audiovisuais, fundamentais ao auxílio da memória e confirmação de todos os outros registos escritos, que captaram aspetos visuais das ações. O uso da máquina fotográfica digital e da câmara de vídeo permitiu, como defendem Bogdan & Biklen (1994, p. 143), que se conseguissem excelentes registos das ações, gestos, comentários e expressões dos jovens e que a investigadora, segundo Pérez (1998, pp. 51-52), obtivesse uma grande quantidade de informação, sobre a realidade circundante, como suporte à memória e reflexão de todos os pormenores, que de outra forma, teriam sido facilmente esquecidos. É de referir que houve uma habituação rápida aos dois instrumentos de recolha de dados, embora a investigadora tenha consciência que este método de recolha de informação pode ser muito perturbador e constituir um elemento de distracção. Bogdan & Biklen (1994) referem que a máquina fotográfica, um instrumento familiar aos jovens, não gera tantas reacções estranhas em nenhum dos intervenientes, apesar de ter sido usada de duas maneiras, como suporte dos registos visuais dos participantes e análise dos mesmos. E mencionam que é, “um meio de lembrar e estudar detalhes que poderiam ser descurados se uma imagem fotográfica não estivesse disponível para os refletir” (p. 189). Collier refere que “a câmara é um excelente meio de estabelecer relação”, entre a investigadora e os intervenientes (In Bogdan e Biklen, 1994: p. 189). As gravações em vídeo foram realizadas em formato digital e gravadas num disco externo, por um técnico de informática para suporte digital, facilmente manuseadas, visualizadas num computador e analisadas. As fotografias digitais foram armazenadas em ficheiros num computador portátil, permitindo um rápido e eficaz acesso, sem custos e desperdícios de tempo e permitindo o armazenamento de um grande número de fotografias, face à utilização de um cartão de 512Mb. A transcrição à mão do som dos registos audiovisuais foi realizada de forma parcial e não total, uma vez que se pretendia registar apenas os comentários dos jovens mais pertinentes e relacionadas com o estudo. As duas câmaras, associadas aos outros 43 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação instrumentos, permitiram obter imagens necessárias e oportunas à análise dos dados e a futuras investigações e complementaram as notas de campo, as observações participantes e todos os outros dados recolhidos. Neste estudo, todas estas produções foram efetuadas no interior da sala do encontro de auscultação (Biblioteca Municipal e Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão). Os registos visuais e escritos realizados pelos participantes foram complementares ao estudo e descritos nesta investigação em momentos diferentes, por constituírem um valioso dado de análise/ interpretação e avaliação. (4) Questionários A técnica do questionário foi essencial à recolha de dados, junto dos jovens de ensino secundário de Vila Nova de Famalicão, permitindo à investigadora refletir e avaliar os hábitos de participação ativa dos jovens na vida social, associativa e política, chegar a conclusões mais pertinentes, modificar futuras práticas e propor novas investigações. O questionário, segundo Bell (1997), corresponde a uma técnica que consegue recolher boa informação se o inquérito formulado for bom, se fornecer informação necessária ao investigador, se for aceite pelos sujeitos em estudo e se não levantar novas questões ou problemas, no momento da sua análise e interpretação (p. 99). Oppenheim refere que é difícil planificar um bom inquérito, e que mesmo as pessoas com uma linguagem simples e abundante e com um senso insólito, têm dificuldades em formular um questionário, já que estes fatores não são suficientes à sua conceção. Este investigador defende que é preciso “atentar na seleção do tipo de questões, na sua formulação, apresentação, ensaio, distribuição e devolução dos questionários”. (Bell, 1997: pp. 99) Por outro lado, Bell (1997) refere vantagens deste instrumento, afirmando que constituem uma forma rápida e relativamente barata de recolher informação, se pensarmos que os inquiridos responderem em concordância com os objetivos da investigação. Neste sentido refere-se que nesta investigação a técnica do questionário foi utilizada como um importante instrumento de pesquisa e uma ferramenta crucial, ao nível da recolha de dados. Esta técnica envolveu várias semanas de planeamento, leitura, trabalho de investigação, preparação e validação, questionário-piloto validado por três profissionais de áreas distintas: um especialista em Marketing Político, um 44 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação dirigente político concelhio do Partido Social Democrata e um deputado da Assembleia Municipal do Partido Comunista Português, antes de a investigadora os aplicar aos sujeitos em estudo. Neste caso, menciona-se que os questionários usados foram delineados a partir dos principais assuntos operacionais que foram investigados, dos erros e lacunas identificados e do desenho desta investigação, uma vez que nenhum questionário pode ser implementado se o investigador não tiver uma completa especificação das variáveis que pretende avaliar/medir e dos instrumentos que tem de construir (Bell: pp. 100-116). A investigadora monitorizou a aplicação de todos os questionários nas 7 escolas secundárias do concelho, com características semelhantes ao que constituíram a população em estudo, a fim de corrigir e evitar possíveis falhas durante a realização dos questionários. Preparou cuidadosamente o respectivo guião e carta de apresentação à Direção das Escolas Secundárias, para obter um questionário bem concebido e com boa apresentação e poupar dias de trabalho e tempo, durante a análise e interpretação dos dados 3.5 – Análise de dados Para Bogdan & Biklen (1994) a objetividade que se deve manter na análise de dados, relaciona-se com a integridade e com a honestidade do investigador, no momento da descrição dos dados recolhidos (p. 295). E para a investigadora e jornalista Jessica Mitford, a objetividade conduz à anulação do ponto de vista pessoal, pois defende que, “o rigor é essencial, não só para a integridade do trabalho, mas também para evitar processos por difamação, (…), e quaisquer modificações naquilo que é dito (…).” (Bogdan e Biklen, 1994: p. 296) A análise de dados deve ser feita ao longo do estudo e não apenas após a recolha de todos os dados, (Le Compte e Preissle, cit. por Pérez, 1998: p. 189). Assim, refere-se que a análise desta investigação-ação incidiu no exame e comparação dos dados recolhidos, nas fontes atrás mencionadas e na transcrição das informações obtidas, nas entrevistas e questionários, a partir dos textos escritos e das suas audições gravadas, e nas notas de campo da investigadora e observadora. As respostas dadas pelos participantes foram todas codificadas e comparadas, ajudando a investigadora a seleccionar a informação mais relevante e a tomar decisões 45 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação sobre os passos seguintes que consistiram na selecção de temas ou categorias de análise. A análise de dados serviu para verificar se os principais objetivos deste estudo foram desenvolvidos e se foram obtidas respostas adequadas às questões chave, após a investigadora ter formulado as questões, a partir do problema inicial, revisto a revisão da literatura e o plano geral, feito novas leituras e investigações, sempre relacionadas com o tema a nível nacional e internacional e a partir de fontes primárias e secundárias (livros, artigos e internet), lido e relido as suas notas de campo já transcritas para um processador de texto, e visualizado as gravações em vídeo, analisado as várias respostas dadas pelos participantes e apresentado as informações mais relevantes ao estudo. De acordo com Bogdan & Biklen (1994), nesta investigação foi realizado um trabalho mecânico dos dados recolhidos e tornado “manejável algo de potencialmente complexo”, permitindo à investigadora a realização de leituras mais organizadas e eficazes e direcionando múltiplos esforços, após vários trabalhos de campo (p. 232). 3.6 – Considerações éticas Começa-se por dizer que a ética está relacionada com a honestidade e a confidencialidade, com “a atitude que cada um leva para o campo de investigação e para a sua interpretação pessoal dos factos” (Graue & Walsh, 2003: p. 76). Neste estudo foram contempladas algumas questões éticas, relacionadas com a comunicação, o acordo mútuo, a confidencialidade, a fidelidade, a autorização, o respeito, o acordo e a informação dos resultados obtidos, às pessoas envolvidas no estudo, e realizados os agradecimentos a todas as pessoas envolvidas direta e indiretamente. Todos os dados foram recolhidos no contexto real a observar, após a obtenção de todas as autorizações solicitadas, pois como refere Lee (2003) “o estudo das pessoas sem a sua permissão viola alguns importantes princípios éticos” (p. 92). Este autor argumenta que todas as pessoas devem ter conhecimento, autorizando ou não a sua participação em qualquer investigação, sob a pena de ser violado o princípio de autonomia e de privacidade. Assim, antes de iniciar a recolha dos dados, a 46 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação investigadora tentou tomar todas as precauções éticas necessárias à privacidade, como: (i) Pedir permissão por escrito, à Direção das Escolas Secundárias envolvidas para a realização do estudo; (ii) Pedir permissão a todos os intervenientes dos encontros de auscultação para o registo vídeo e fotográfico do dia, com utilização de imagens e sons para fins unicamente de investigação e de forma anónima; Foram esclarecidos todos os intervenientes, com lealdade e objectividade, do que era pretendido, passando estes a confiar na investigadora e a tornarem-se mais espontâneos nas suas atitudes, e da publicação na tese das fotografias selecionadas; (iii) Respeitar a questão do anonimato, não identificando os participantes pelo seu nome e omitindo a sua identidade; (iv) Tratar todos os dados recolhidos durante a investigação com cuidado e rigor. 47 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Capítulo IV – Descrição dos dados recolhidos 4.1 - Análise e interpretação dos dados (questionário e focus groups) Os resultados abaixo apresentados referem-se ao tratamento de dados estatísticos dos questionários, seguidos das principais ideias e recomendações pelo grupo participante: 1- Perante a pergunta “Participas em algum grupo? E em qual(is)?”, apenas 30% dos inquiridos respondeu “Sim”. Considerando o universo de 30% que respondeu afirmativamente: Legenda: Grupos desportivos Grupos religiosos Grupos políticos Outros 48 Grupos estudantis O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Considerando os que responderam negativamente (70% dos inquiridos): Legenda: Falta de tempo Desinteresse Outros Não respondem Legenda: Extinção do grupo Desinteresse Falta de tempo Outros Não respondem/não participam 49 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação 2 – Perante a pergunta “Votaste para a Associação de estudantes da tua escola?”, as respostas foram: Legenda: Sim Não Legenda: Incumprimento das promessas eleitorais Falta de confiança nos candidatos Outros (Inexistência de AE) (Desinteresse pela eleição em si) 50 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Legenda: Plano de atividades Campanha Outros Não responderam Elementos constituintes Ideias/recomendações apontadas pelo grupo no processo de consulta (grupos de foco): - A falta de informação é causada por uma certa inércia e comodismo individual (reflexo do próprio meio) e pela falta de acesso à mesma através da diversidade de espaços de informação. - Soluções passariam por campanhas de informação e sensibilização direcionadas para as faixas etárias a nível do 1º a 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário (atuação ao nível mais precoce possível para prevenir a “iliteracia política” atual); - Existência de apoios da Junta de freguesia e Câmaras municipais para criação de espaços culturais, educativos e recreativos para promover o acesso à informação e estimular o espírito crítico, seria essencial para a criação de espaços de informação e ocupação educativa; - O desenvolvimento de vias de comunicação e acesso (especialmente para zonas isoladas e rurais) poderia ajudar a aproximação de jovens que sofrem de maior isolamento geográfico e têm menos oportunidades de participação e conhecimento/ envolvimento em diferentes actividades. 51 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - Outra sugestão seria a atribuição da responsabilidade à rede associativa na criação de uma compilação de informação das associações por áreas de interesse e localização geográfica (para posterior divulgação aos jovens) – esta divulgação de informação seria realizada online mas também em visitas às escolas para a promoção das associações famalicenses (com sugestão da realização de uma semana associativa em casa escola do concelho, atribuindo um dia por cada área de intervenção); - A implementação da disciplina de Formação Cívica no percurso escolar obrigatório com objetivos concretos e adequados (englobando áreas de conhecimento de cultura geral e análise da situação económica, política e social atual) é uma das medidas mais vincadas pelos jovens e dirigentes associativos neste encontro. 3-Perante o conjunto de questões relativas ao conhecimento e identificação de autoridades locais, regionais e nacionais, é possível visualizar os diferentes níveis de conhecimento dos jovens: Legenda: Responde de forma correta Responde de forma incorreta 52 Não responde O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Legenda: Responde de forma correta Responde de forma incorreta Não responde Responde de forma incorreta Não responde Legenda: Responde de forma correta 53 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Legenda: Responde de forma correta Responde de forma incorreta Não responde Responde de forma incorreta Não responde Legenda: Responde de forma correta 54 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Legenda: Responde de forma correta Responde de forma incorreta Não responde Responde de forma incorreta Não responde Legenda: Responde de forma correta 55 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Legenda: Responde de forma correta Responde de forma incorreta Não responde Responde de forma incorreta Não responde Legenda: Responde de forma correta Ideias/recomendações apontadas pelo grupo no processo de consulta (grupos de foco): - Organização de Olimpíadas de conhecimento geral nas escolas de 2º e 3º ciclos do Ensino básico e ensino secundário, à semelhança de outras Olimpíadas de caráter 56 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação mais específico como a Matemática ou o Português. Os departamentos de Ciências Sociais e Humanas de cada escola em articulação com os Pelouros da Juventude e Educação seriam responsáveis pela iniciativa estimulando a participação de equipas verticais, com proposta de eliminatórias intraescola e posteriormente interescolas. Estas Olimpíadas abordariam temas como a cidadania, ambiente, política, democracia, história, cultura, geografia, entre outros; - Integração na componente letiva de Formação Cívica um conjunto de conteúdos e manuais de estimulação para a reflexão crítica e debate de questões da actualidade. 4- Perante o pedido de correspondência entre diferentes afirmações e orientações político-partidárias, temos que: Políticas de esquerda (afirmações no questionário) - O estado está muito presente nas nossas vidas - O casamento pode realizar-se entre pessoas do mesmo sexo - Distribuição igual para todos - O indivíduo não escolhe que tipo de educação, saúde ou segurança social quer para si, mas elas são asseguradas, de forma igual, pelo estado - Principal preocupação na distribuição da riqueza - Estado está presente em todas as actividades 57 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - Rendimento igual para trabalho igual Políticas de direita (afirmações no questionário) - O estado está pouco presente nas nossas vidas - O casamento deve ser só realizado entre pessoas de sexos opostos - Distribuição de acordo com o mérito de cada um - Cada indivíduo escolhe que tipo de educação, saúde e segurança social quer para si, mas tem de pagar pela diferenciação em relação à base que o estado proporciona - Principal preocupação na criação de riqueza - O Estado está presente nas funções de soberania e regula a actividade privada - Igualdade de oportunidades (e não de rendimentos) para todos Legenda: Mal informado Pouco informado (Até 3 respostas corretas) (de 4 a 7 respostas corretas) Informado Bem informado (de 8 a 11 respostas corretas) (de 11 a 14 respostas corretas) Ideias/recomendações apontadas pelo grupo no processo de consulta (grupos de foco): - Como razões para o baixo nível de conhecimento dos jovens relativamente ao enquadramento partidário de cada afirmação, os jovens apontam: tipo de linguagem por parte dos políticos; desinteresse pelo tema; abordagem pela comunicação social; falta de informação e descredibilização da classe política; - Uma das soluções mais focadas foi a necessidade de “descomplicar” a linguagem política, tornando-a mais simples e pragmática (acessível para todos); - Os participantes defenderam que deverá ser uma responsabilidade dos próprios políticos o esclarecimento de certos conceitos técnicos (ligados à vida financeira e económica) que são desconhecidos pela população em geral; 58 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - Mais uma vez a referência a áreas integradas no percurso escolar como a Formação Cívica ou Área projeto para a estimulação da reflexão, fornecendo informação aos jovens sobre dúvidas e situações atuais; - Os participantes salientaram que é importante para o próprio processo participativo o reconhecimento do empenho dos jovens que de forma ativa contribuem para o bem-estar da comunidade escolar (através de associações de estudantes/académicas). De forma mais específica, propõe o grupo: 1ª- Inclusão de Educação para a Cidadania na disciplina que será criada no âmbito da moção já aprovada na Assembleia da República (que prevê o término da Área Projeto). Nessa disciplina deverá constar educação para a política: - Diferenças entre políticas de esquerda e direita; - Esclarecimento de conceitos políticos; - As funções e hierarquias da política local e nacional; - Outros tópicos de interesse 2ª- Organização de um evento de esclarecimento político nas escolas do concelho, com presença das várias personalidades ligadas às juventudes partidárias do concelho (assegurando o pluralismo de opiniões com a indicação aos palestrantes de um discurso mais educativo e menos retórico); 3ª- Utilizar os instrumentos outdoor da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão com: esclarecimento de conceitos políticos (exemplo: O que é um Orçamento de Estado?); mensagens de consciencialização para a participação cívica ativa (através do Portal da Juventude da Câmara Municipal); 4ª- Utilização do site do Portal da Juventude e/ou outros do Município como instrumento de esclarecimento político, através de: - janelas de pop-up; - publicidades laterais; - conteúdo do próprio site. 1- Perante a questão da intenção do voto e as diferenças de voto branco, nulo e abstenção, resultou que: 59 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Legenda: Não respondem Sim Não Sim, mas não sei a diferença Legenda: Não respondem Sim Não Sim, mas não sei a diferença 60 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Legenda: Não respondem Sim Não Não sei Legenda: Muito interesse Algum interesse Nenhum interesse Não responde 61 Pouco interesse O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Ideias/recomendações apontadas pelo grupo no processo de consulta (grupos de foco): - A realização de mais iniciativas empreendedoras e de informação aos jovens em contexto de escola sobre a importância do voto; - Valorização da voz do cidadão através da garantia de espaços de participação não manipulados e com legitimação das tomadas de decisão aí concertadas; - Fomentar o espírito crítico dos jovens, através da criação de momentos de reflexão intra e interescolas, assim como entre associações que visem o debate transparente e apartidário; - Promover a importância da democracia através de campanhas apelativas aos jovens sobre o valor do voto, utilizando redes sociais, outdoors e campanhas em espaço públicos relevantes. - Desenvolvimento de formação na área do empreendedorismo com especialistas, promovida nas escolas e pela própria Câmara; - Utilização da metodologia de educação não formal em iniciativas camarárias, em encontros da rede associativa e em tertúlias escolares; - Criação de Parlamentos Jovens nas Freguesia e de um Parlamento Concelhio de Jovens. Estes Parlamentos seriam abertos à participação de todos os jovens e realizar-se-iam de 3 em 3 meses para discutir ideias e iniciativas para o Concelho. 2- Perante a questão aberta sobre o que uma Casa da Juventude deve ter, as respostas mais frequentes foram: atividades de ocupação de tempos livres e de utilidade social, informação sobre assuntos de interesse para jovens (emprego, formação, bolsas de estudo), promoção de workshops e atividades artísticas diversas. 3- Perante a questão aberta sobre “Problemas/questões que encontres à tua volta (que estão directamente relacionados contigo) e que gostavas de ver resolvidas”, os jovens apontam problemas locais e problemas nacionais, assim como problemas diretos e indiretos face à juventude, tais como: excesso de carga horária dos alunos, possível encerramento de cooperativas de educação por falta de apoios, falta de controlo na atribuição de escalões sociais, falta de tempo e 62 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação dinheiro para atividades fora da escola, poucas condições para a prática desportiva, falta de qualidade nas estradas secundárias. Problemas mais globais como aumento do IVA, desemprego, estado da economia, falta de acessos para deficientes, toxicodependência e abuso de substâncias e criminalidade e corrupção, também foram mencionados pelos jovens inquiridos. Ideias/recomendações apontadas pelo grupo no processo de consulta (grupos de foco): - Apostar na formação de modo a participar de forma consciente e informada acerca da realidade; - A Casa da Juventude deve manter e reforçar serviços como a Orientação vocacional, apoio à saúde juvenil, apoio ao emprego e empreendedorismo e apoio ao voluntariado, assim como manter um centro de documentação actualizado, em formato livro e digital. - A Casa da Juventude deve apostar/investir para se posicionar como um Espaço de Experimentação de Educação não formal (articulação com associações, escolas para experimentação/workshops de diferentes áreas e tertúlias/debates em temas de cultura geral); deve prestar apoio técnico à concretização de ideias/projectos dos jovens não organizados em associações; na área da Informação/apoio, deverá investir na informação sobre mobilidade nacional e internacional dos jovens (intercâmbios, campos de trabalho, encontros e oportunidades de participação) e na prestação de informação sobre associações famalicenses. Outras medidas políticas na área da Juventude (não enquadráveis nos campos acima): - Construção do plano de actividades e orçamento do Pelouro da Juventude em cooperação com o Conselho Municipal de Juventude e a Rede Associativa; - Atribuição de 50% do orçamento decorrente da construção do plano de atividades a projetos para serem executados pelas associações (negociação em CMJ e Rede Associativa e fiscalização pela Câmara). - A longo prazo criar um programa educativo de estímulo à participação activa durante o 1º ciclo e através de metodologias de Educação Não Formal; 63 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - Implementar uma melhoria na rede de transportes que permita aos jovens das freguesias mais isoladas a utilização de equipamentos localizados no centro urbano; - Adaptação de horários de equipamentos para jovens (como a Casa da Juventude) a horários mais compatíveis com a época escolar). 4.2 – Processos de consulta (grupos de foco) Os encontros de dia 6 e 7 de Maio tinham por objetivos: − Promover a reflexão acerca dos níveis de participação dos jovens no concelho; − Facilitar o debate acerca de quais são as condições para a participação e que tipo de perfil exploramos em cada pessoa enquanto cidadão activo; − Elaborar recomendações para o município pôr em prática no sentido de uma maior adesão dos jovens ao nível da participação cívica e política. A programação destes encontros foi da responsabilidade da investigadora, tendo solicitado auxílio a 2 formadores da Bolsa de Formadores do Conselho Nacional da Juventude. Tendo por base a educação não formal como facilitador de troca de experiências, como potenciador da participação e gerador de reflexões de aprendizagem, esta metodologia foi utilizada para criar um maior dinamismo entre os participantes e conseguir resultados mais efetivos. O dia 6 de Maio foi dedicado a jovens de ensino secundário “não organizados” em qualquer associação e pertencentes a 3 escolas secundárias distintas. O dia 7 de Maio foi programado para um conjunto mais heterogéneo, formado por jovens sem qualquer associação, mas também jovens ativos em espaços como o Parlamento de Jovens Nacional e Europeu, dirigentes associativos e dirigentes de juventudes partidárias, abrindo o leque de oportunidades e riqueza na diversidade do grupo (programação poderá ser encontrada nos anexos). Parecer dos jovens relativamente a serviços/políticas atuais na área da Juventude (jovens, associações, escolas, Pelouro da Juventude): 1- Disponibilidade de oferta formativa 2- Acesso a oferta formativa 3- Emprego – busca proativa 64 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação 4- Emprego – oferta proativa 5- Empreendedorismo – apoios 6- Saúde – oferta 7- Associativismo 8- Apoios a associações 9- Formação de dirigentes associativos 10- Importância do reconhecimento da Educação Não formal 11- Aposta nos grupos informais de jovens 12- Voluntariado jovem 1- Disponibilidade de oferta formativa Avaliação negativa: - Famalicão possui nas escolas muitos cursos profissionais, mas podiam ser mais ajudados a nível material; - Bastante oferta mas em áreas repetidas e às vezes desajustada à zona de Famalicão; - Devia haver mais disponibilidade formativa; - Má distribuição dos cursos de ensino secundário (culpa da falta de liberdade a nível nacional); - Investimento excessivo em áreas de formação musical ou artes performativas; - Áreas específicas como agricultura não têm oferta formativa. Avaliação razoável: - Existe, mas ainda falta mais oferta de formação ao longo da vida; - Pouco esclarecimento e desconhecimento de saídas profissionais. Avaliação positiva: - Penso que existe oferta formativa em áreas diferentes, o que é positivo; - Há muitas empresas privadas mas ainda peca por escassez em áreas mais técnicas. 2- Acesso a oferta formativa: Avaliação negativa: - Baixo conhecimento e necessidade desenvolver espírito de iniciativa; 65 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - Falta de liberdade de escolha da escola (problema nacional); - Devido a fatores como o aspeto financeiro, essa oferta por vezes não é acessível (como por exemplo na área da música e artes performativas); - Falta divulgação e adequação da oferta à necessidade; - Falta de tempo por parte dos profissionais responsáveis pelo Serviço de Orientação Vocacional nas escolas; - Desconhecimento de serviços públicos na Casa da Juventude de apoio à orientação vocacional. Avaliação razoável: - Devia estar mais disseminada, apostar na publicidade; Avaliação positiva: - O acesso encontra-se bastante facilitado a todos; - Jovens referem que jornais locais e internet têm bastante informação a este nível. 3- Emprego – busca proativa Avaliação negativa: - Começam a haver algumas medidas para promover o empreendedorismo mas ainda há muito trabalho a fazer; - Baixos incentivos (à procura fora do concelho); - Há muita gente que se continua a aproveitar dos subsídios de desemprego; - Falta de informação sobre ofertas de emprego no concelho; - As pessoas ainda “ficam à espera”; - Devia existir formação nas escolas para trabalhar competências de empreendedorismo. Avaliação razoável: - A taxa de desemprego em Famalicão diminuiu; - Entre os jovens que ainda frequentam o ensino secundário ainda existe um sentimento de esperança e de desafio perante os obstáculos económicos. 66 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação 4- Emprego – oferta proativa Avaliação razoável: - Existem portais de apoio? Como ocorre a procura? - Falta publicitação de oportunidades (exemplo: website municipal) 5- Empreendedorismo – apoios Avaliação razoável: - Nota-se uma preocupação crescente (embora existam limitações financeiras); - Existe a Associação de Empreendedores de Famalicão, mas faltam programas de apoio como a isenção de impostos na criação de empresas; - Começam a surgir alguns apoios ao empreendedorismo, no entanto há muito ainda a fazer; - Pouco conhecimento por parte dos jovens de ensino secundário sobre associações que promovem e apoiam o empreendedorismo; - Área projecto é uma boa oportunidade para desenvolver competências de gestão e de iniciativa (com a anulação desta disciplina é um ponto negativo); Avaliação positiva: - O concurso de ideias empreendedoras é uma boa iniciativa; - FINICIA é o próprio contacto com entidades públicas e facilita o empreendedorismo. Há muita cooperação e os apoios surgem. Bom hábito a cuidar; - Vila Nova de Famalicão através da Associação de Empreendedores deu um grande passo para o apoio ao empreendedorismo. - O facto de frequentar um curso profissional foi manifestado pelos jovens estudantes como uma forma prática para compreender a realização de projectos. 6- Saúde – oferta Avaliação negativa: - Faltam soluções a nível público no que diz respeito à saúde mental; 67 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - O serviço público de saúde é insuficiente. Avaliação razoável: - Boa oferta, mas falta integrar informação sobre terapias complementares; - Devíamos captar um hospital privado além do da Trofa (que é apenas diurno); - Existe bastante oferta na saúde, tanto no privado como no público. 7- Associativismo Avaliação negativa: - Falta de crédito na sociedade/comunidade; Avaliação razoável: - Poucas associações juvenis; - Associações com potencial e jovens interessados mas com dificuldades em mobilizar outros participantes; - Em crescimento e já criada a Rede Associativa; - Estruturas como o Conselho Municipal da Juventude e a Rede associativa são um potencial de trabalho e cooperação; - Grande variedade de associações que abrangem várias áreas. - Segundo os jovens estudantes, as associações devem ser mais apoiadas e reconhecidas (mas tem de acrescentar uma mais valia à comunidade) 8- Apoios a associações Avaliação negativa: - Maior atribuição de fundos às associações juvenis; - Falta um programa/estratégias de apoio às associações; Avaliação razoável: - Deviam ser maiores os apoios, indo de encontro às suas necessidades (apoios não só financeiros); - A Casa da Juventude para apoio às associações; 68 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - A Câmara apoia as associações através da Rede associativa; - Preocupação do Pelouro da Juventude nas necessidades das associações; - A evoluir devido à rede associativa, mas ainda assim as associações só. Avaliação positiva: - Apoios existentes, mas falta de conhecimento da realidade e dos projetos das associações para os distribuir adequadamente; - Aumento do número de associações; - Jovens estudantes são da opinião que associações da sociedade civil são importantes para o desenvolvimento da comunidade. 9- Formação de dirigentes associativos Avaliação negativa: - Deveria haver uma rede de apoio às associações; - Maior disponibilidade dos dirigentes; - Está a dar os primeiros passos; - Pouca formação disponível para líderes associativos; Avaliação razoável: - Temos associações no concelho que se preocupam e dão soluções a este nível; - Estão a dar-se os primeiros passos mas formação propriamente dita, ainda não sobressai; - Formação em curso por parte da AEF e YUPI; - De louvar as formações que aconteceram nos dois últimos anos. Podiam ser promovidas formações pelas próprias associações de partilha de conhecimentos 10- Importância do reconhecimento da Educação Não formal Avaliação negativa: - Não existe reconhecimento das aprendizagens não formais; - Poucas iniciativas no âmbito da Educação não formal; 69 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação - Inserida em Famalicão através da YUPI, tem ganho cada vez mais importância. Deve ser estimulada e dotar os dirigentes associativos com estas ferramentas (possível formação); - Ainda não se acredita no sucesso deste método. Avaliação razoável: - Ainda há um longo caminho a ser percorrido para a educação não formal ser reconhecida pela população (país, por exemplo). Avaliação positiva: - Jovens estudantes reconhecem que a informalidade e não universalidade deste tipo de educação facilita o partilhar de experiências; - Este grupo também refere que iniciativas como este encontro são de louvar porque realmente dão importância à voz dos jovens através de métodos que facilitam a participação. 11- Aposta nos grupos informais jovens Avaliação negativa: - Poucas apostas municipais na criação de grupos informais; - Grupos informais não são chamados ao Conselho Municipal da Juventude; Avaliação positiva: - Muitas iniciativas de desporto e artes; - Bons apoios da Câmara (experiência própria); - Apoio prestado por associações como a YUPI; - Vila Nova de Famalicão apresenta associações como a YUPI que aposta em grupos informais. 12- Voluntariado Jovem Avaliação razoável: - Delegar maior responsabilidade aos jovens; - Existe pouca divulgação/informação nessa área. 70 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Avaliação positiva: - Como a YUPI deveria haver mais associações assim; - Tem sido feito um trabalho importante de formação (a continuar); falta fazer a ponte com a oferta formativa divulgada pela Rede Social; - Temos uma bolsa de voluntariado para jovens do nosso concelho; - Temos uma bolsa de voluntariado juvenil; - Famalicão está num bom caminho nesta área através da YUPI. 4.3 – Reflexão e avaliação da investigação-ação Como já referido através da explanação das vantagens e desvantagens da investigação-ação no capítulo III, é possível identificar a possível influência que um investigador, mesmo que mantendo um certo distanciamento, possa causar no processo e resultados sem disto ter consciência. A influência inconsciente que um investigador pode causar nestes processos é uma das desvantagens que foi assumida para que, por outro lado, a investigadora tivesse uma perspetiva da realidade o mais fidedigna possível, encontrando-se completamente integrada no contexto da investigação. O facto de se ter integrado uma equipa de jovens em todas as fases da investigação possibilitou que fossem levantadas questões e gerar curiosidade por parte da investigadora que de outra forma não aconteceriam, e que depois se refletiu muito útil já que as perguntas foram adaptadas para melhor compreensão por parte dos jovens. Este aspeto foi fundamental já que os questionários eram autoaplicados e nalgumas situações de aplicação, não estava presente qualquer elemento da equipa de investigação na sala no momento da aplicação, pelo que se relevou muito pertinente que o questionário fosse facilmente percebido pelos inquiridos. A investigação-ação também permite uma maior reflexão e inquietação dos envolvidos, porque através da investigação os jovens envolvidos foram-se questionando sobre possíveis soluções e muitos destes jovens foram mesmo empreendendo novas ideias para a resolução de certas problemáticas da sua comunidade e /ou escola. 71 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Por todas as razões elencadas, a escolha deste método de investigação revelou-se acertado e gratificante, cumprindo os objetivos desejados do ponto de vista da mobilização de jovens, afirmação do papel do animador na promoção da participação dos jovens, e na influência nos processos de tomada de decisão a nível de políticas da juventude. 72 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Capítulo V – Aprofundamento dos resultados e follow-up 5.1- Cultura de participação associativa local dos jovens As associações funcionam como escolas de democracia, proporcionando aos seus membros competências sociais que os tornam mais aptos a intervirem politicamente, ao mesmo tempo que incutem e reforçam as “virtudes cívicas" que promovem o interesse comum e a tolerância em relação aos outros. De acordo com os resultados de uma investigação levada a cabo pela Federação Nacional de Associações Juvenis relativamente ao perfil do associativismo em Portugal (2011, www.fnaj.pt), o associativismo juvenil desempenha um papel crucial na ocupação dos tempos livres, é um espaço de construção de sociabilidades e identidades juvenis, assim como garante oportunidade de acesso a meios e equipamentos que de outra forma estaria dificultado. Trabalhando em associações, os jovens desenvolvem o espírito empreendedor, crítico, reflexivo, e valores como a solidariedade, justiça, compromisso, liderança, cooperação, criatividade e consciência social. É uma verdadeira “escola de cidadania”, suportada em trabalho de equipa e aprendizagem constante. O papel do associativismo juvenil é assim fundamental na influência direta na sociedade para responder de forma mais adequada à necessidade dos jovens e devemos considerar alguns aspetos fundamentais da ação das associações: - Formação/aprendizagem/socialização da identidade coletiva; - Fomento do espírito de participação cívica e da aprendizagem democrática; - Catalisador da energia empreendedora e criativa da juventude; - Pólos de educação não formal. Perante os resultados da investigação da FNAJ que envolveu as mais de 1630 associações juvenis em Portugal à data desta mesma investigação, podemos inferir algumas semelhanças com as conclusões dos grupos de foco desta pesquisa. Nos grupos de foco, havia uma clara expressão de necessidade de desenvolvimento pessoal e social através de metodologias de educação não formal que fossem mais orientadas para a reflexão e consciência social, ao invés do investimento no conhecimento puro e em currículos exigentes relativamente a gestão de tempo e conteúdos académicos. Muitos jovens reconhecem o papel das associações juvenis enquanto “escolas de 73 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação cidadania”, mas são pouco estimulados para a participação nestas, ou pressionados noutros meios (por exemplo a escola) para que se dediquem exclusivamente a esta. Também podemos analisar que, à semelhança do país, os jovens apresentam baixas taxas de participação em associações ou grupos informais de jovens, demonstrando uma reduzida cultura de participação entre os jovens. Este fenómeno condiciona assim o desenvolvimento dos jovens pela falta de oportunidades e desafios ao trabalho em equipa, cooperação, consciência social, criatividade e empreendedorismo, cada vez mais apreciados e valorizados no mercado de trabalho e ao qual a escola dedica pouca atenção. Estamos perante uma situação incoerente, onde por um lado as associações poderiam assumir um papel complementar à educação integral dos jovens, fornecendo instrumentos, capacidades e competências para uma maior autonomia e realização de vida dos jovens, e por outro uma escola que, ao absorver os alunos em currículos extensos e focados exclusivamente em conhecimento, não permite e estimula os jovens à reflexão crítica e iniciativa, exigindo maior tempo aos alunos para uma participação constante e produtiva em associações. 5.2- Participação consciente e informada A participação dos jovens em projetos e associações deve ser sempre um processo claro e transparente para todos os envolvidos. Desta forma, há que realizar uma avaliação de necessidades no início de cada projeto. Tal como em outros projetos, este foi alvo de uma investigação cuidada relativamente aos objetivos pretendidos pelos diversos envolvidos no processo (investigadora, associação que enquadrou este projeto, jovens envolvidos e auscultados, dirigentes associativos e autoridades locais). Em processos de construção coletiva como foi esta investigação, é necessário ter em atenção as diferentes perspetivas perante o objetivo, conseguindo incluir as diferentes ideias e realizando total ou parcialmente os envolvidos. A participação consciente é uma participação que é honesta, transparente relativamente ao seu objetivo, o mais adequada possível à realidade e pretende exercer determinada influência através da reflexão proporcionada. Nesta investigação é expressamente clara a intenção de “dar voz aos jovens”, criando uma 74 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação plataforma facilitada e acessível a todos os jovens para partilharem as suas opiniões e, de forma organizada, fazer chegar esse contributo aos decisores políticos locais. A participação informada é a que baseia os processos de consulta, visto que, para uma verdadeira reflexão e posicionamento face a diferentes temáticas, é preciso reunir um conjunto de informações úteis e que vão servir de base para o pensamento crítico e argumentado por parte dos jovens e dos dirigentes associativos, facto reconhecido como essencial e de aumento de credibilidade para todos os envolvidos, especialmente para os decisores políticos. Desta forma, esta pesquisa pretendeu implementar uma fase inicial de informação, recolhendo dados sobre a situação atual de hábitos de participação de jovens, e devolvendo estes dados de uma forma organizada aos jovens e dirigentes associativos que, numa fase secundária, tiveram como objetivo refletir e sugerir medidas de intervenção política. 5.3- Processo de consulta e grupos de foco Os processos de consulta a nível europeu são utilizados a larga escala para aumentar a legitimidade das decisões mas também numa perspetiva de aproximar os cidadãos à informação e à influência e envolvimento nas tomadas de decisão. A nível local estes processos, especialmente em Portugal, não são muito populares e por isso existe uma falta de prática na expressão de medidas e recomendações consequentes desta falta de experimentação. No concelho de Vila Nova de Famalicão, esta foi a primeira experiência a larga escala de envolvimento de jovens na expressão de opiniões através de processos de consulta, pelo que podemos observar alguma imaturidade subjacente às respostas e orientações sugeridas pelos jovens e pelos próprios dirigentes associativos. Esta inexperiência também é partilhada pelos decisores políticos a nível local que manifestaram um certo desconforto no posicionamento perante as recomendações dos jovens e, especialmente, sobre a forma como devolver as respostas ou aplicar algumas medidas sugeridas pelos jovens e destacar a importância dos mesmos para a implementação de determinada política, ideia ou serviço. Um exemplo muito expressivo da falta de perceção do processo de consulta como complexo por parte dos decisores políticos, foi o “descrédito” atribuído a medidas sugeridas pelos jovens 75 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação que já se encontravam em prática, ao invés de compreender o verdadeiro problema que reside na falta de conhecimento e informação dos jovens sobre as possibilidades e equipamentos que já existem à sua disposição. As limitações de um processo de consulta são várias, tais como: falta de representatividade de todos os jovens do concelho, diferentes níveis de informação que conduzem a diferentes opiniões e orientações, diferentes idades e falta de experiência neste tipo de processos. Por outro lado, podemos concluir que a oportunidade garantida aos jovens e dirigentes associativos, assim como a decisores políticos, de poder experimentar e treinar a construção coletiva, a reflexão, a cooperação e a análise de efeitos e consequências das medidas planeadas, foi um excelente exercício de cidadania e aproximou os jovens envolvidos à informação e influência de decisões, assim como trouxe uma maior consciência social. O resultado desta investigação e a análise do primeiro processo de consulta a jovens em Vila Nova de Famalicão foi tema do Conselho Municipal da Juventude de Setembro de 2011, onde foi reconhecido, de forma unânime, a necessidade e importância da continuidade na aposta em projetos de investigação que baseiem e norteiem a implementação de políticas na área da juventude. 5.4- Concurso de Ideias Empreendedoras como follow-up do processo de consulta Uma das sugestões do processo de consulta e especificamente dos grupos de foco, foi a implementação de um conjunto de iniciativas que estimulasse e apoiasse o desenvolvimento de projetos locais idealizados e implementados por jovens. Desta feita, e a título de exemplo, foi desenvolvido pela associação YUPI (associação enquadradora desta investigação) e em cooperação com o Pelouro da Juventude do Município de Vila Nova de Famalicão um Concurso de Ideias Empreendedoras para o concelho de Vila Nova de Famalicão. Este Concurso, dedicado a equipas de jovens em ensino secundário de Vila Nova de Famalicão, tinha por objetivo estimular os jovens a identificar uma necessidade do concelho e sugerir uma atividade prática e exequível para a sua resolução. No âmbito deste Concurso os jovens foram motivados a apresentar projetos, tendo sido aprovados um conjunto de 10 projetos em áreas diversas e envolvendo de forma direta mais de 35 jovens. Um dos projetos vencedores encontra-se neste momento em fase de finalização e apresentação da 76 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação sua “ideia inovadora” para a cidade: um projeto de partilha de bicicletas. O projeto BUÉ (bicicletas urbanas ecológicas) foi desenhado por um grupo de 5 jovens de uma das escolas secundárias do concelho de Vila Nova de Famalicão e prepara-se para lançar 15 bicicletas de utilização gratuita por parte dos jovens, sensibilizando para a prática desportiva, a mobilidade urbana e ecológica e a ocupação de tempos livres de forma saudável. Este projeto é um exemplo bastante expressivo do poder de influência, envolvimento ativo e mobilização dos jovens que processos de consulta e reflexão podem exercer a nível local. 77 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Capítulo VI – Conclusões Na reta final deste projeto internacional mas com um grande enfoque nas realidades locais, é indispensável agradecer a todos os jovens que participaram, em especial ao grupo “Jovens na democracia” pela entrega voluntária e apaixonada pelo tema e pelo debate empolgante que sempre conseguiu manter com a sua presença e impulso. A este grupo de jovens se deve o trabalho, a energia e o rumo que o projeto foi tomando, chegando a envolver mais de 600 jovens e dirigentes associativos e implicando o Pelouro da Juventude neste processo pioneiro de auscultação a jovens em Vila Nova de Famalicão. É de salientar a importância dos processos participativos de auscultação a jovens e dirigentes associativos no caminho de uma verdadeira democracia e cada vez mais aproximada às pessoas. Este foi também um momento importante de expressão de ideias e valorização do papel de cada cidadão na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. A metodologia da educação não formal, com o objetivo de facilitar a comunicação e criar uma plataforma de melhor entendimento entre os jovens e dirigentes associativos, foi muito valorizada e reconhecida como eficaz pelos participantes em detrimento de momentos formais e passivos que se revelam pouco motivantes e ativos para os jovens. De realçar o envolvimento de todas as escolas do concelho na aplicação dos questionários e de metade destas no processo de auscultação através dos encontros de 6 e 7 de Maio, o que se revela um verdadeiro reconhecimento da importância que estes projetos podem ter na formação e desenvolvimento dos jovens e a necessidade cada vez mais premente da cooperação entre educação não formal e formal. As associações que participaram no encontro e marcam de forma regular a sua presença em espaços de participação como a Rede associativa jovem e o Conselho Municipal da Juventude, aderiram com energia e credibilidade a este projeto, porém de salientar que o envolvimento das juventudes partidárias ficou um pouco a desejar. 78 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Franklin Roosevelt afirmou "nem sempre podemos construir o futuro para a nossa juventude, mas podemos construir a nossa juventude para o futuro". As associações e jovens de Vila Nova de Famalicão demonstram desta forma a sua intenção na construção de uma democracia mais participativa, chamando os jovens ao seu papel de cidadão activo. Este projeto de investigação abre caminhos para a afirmação da animação sociocultural em diferentes áreas da prática comunitária e com um público jovem. São refletidas várias perspetivas de autores sobre a importância da animação comunitária para uma verdadeira participação ativa da e na comunidade, conjugando conceitos de animação sociocultural com as atuais práticas de educação não formal para facilitar a comunicação com jovens e poder de forma mais assertiva responder ao desafio de aproximar mais os jovens aos processos de decisão local. O papel do animador sociocultural assume extrema importância, já que o conjunto de competências associadas a este ramo profissional garante o perfil ideal para estimular, motivar, acompanhar e avaliar com e para jovens um verdadeiro exercício de cidadania e de experimentação de participação ativa. As limitações subjacentes a este projeto de investigação incluem a eventual influência da investigadora no seu papel de observadora participante, o que poderá contribuir para uma influência dos resultados. Esta influência de resultados é quase nula na fase de aplicação dos questionários, mas será mais acentuada na fase de consulta com jovens e dirigentes associativos dada a comunicação direta entre os intervenientes e visto que a observadora tem uma ação mais direta ao assumir o papel de facilitadora dos encontros de consulta. Outra limitação a refletir tem a ver com a “imaturidade” e inexperiência dos jovens e dirigentes associativos envolvidos, assim como da própria comunidade local neste tipo de processos, o que dificulta o ritmo da investigação e por vezes a torna mais superficial do que o pretendido. Relativamente ao futuro, pretende a investigadora continuar a explorar as questões da participação ativa dos jovens a nível local, com especial destaque para este processo enquanto influenciador das tomadas de decisão a nível político. No âmbito da animação sociocultural e com base em metodologias de educação não formal propõe a investigadora desenvolver uma pesquisa que aumente o reconhecimento da importância do papel das associações juvenis no desenvolvimento pessoal e social 79 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação dos jovens e como uma verdadeira “escola de cidadania”, através do estudo e identificação de competências específicas que encontram nas associações juvenis um espaço de experimentação, treino e desenvolvimento e contribuem fortemente para a afirmação do valor dos jovens no campo pessoal, social e profissional. 80 O animador sociocultural enquanto promotor de cidadania e participação ativa dos jovens numa perspetiva de Investigação-ação Bibliografia essencial ABBOT, K. (2004) A guide to consulting with young people when developing youth injury prevention programs, Youthsafe publications ANDER-EGG, E. 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