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INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL DO ARQUIVO NACIONAL
FUNDADA EM 2 DE DEZEMBRO DE 1987
ANO 3 � Nº 11 • 2009
Homenagem Especial
Presidente de Honra da FIFA, João Havelange
A cerimônia prestigiada por Presidentes de Confederações e Clubes Esportivos de todo Brasil emocionou o homenageado,
visto no momento da diplomação com o Presidente da ACAN, Dr.Lício de Araújo, e o jogador Amarildo- campeão de Copa Mundial.
Exposição & Livros
Homenagem ao maestro e compositor brasileiro, Heitor
Villa-Lobos(1887-1959) que impulsionou a educação musical
nas escolas e recorreu à música popular como base para suas
peças eruditas. Capítulo Livros Pg 11
Exposição no Arquivo Nacional : vida e obra de Villa-Lobos: um
trem cenográfico “O trenzinho caipira” levará os visitantes a uma
viagem pelo universo mágico do maestro.
De 12/10/09 a 05/01/10
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Palavras do Presidente
Diretoria ACAN
Diretoria Executiva
Presidente: Licio Ramos de Araújo
Diretor Administrativo Financeiro: José Gomes de Almeida Netto
Diretor Técnico-Operacional: Charley Fayal de Lyra Junior
Diretor Cultural: Fernando João Abelha Salles
Diretor de Eventos: José Carlos Pereira da Silva
Conselho Fiscal
Presidente: Wanderley Pinto de Medeiros
Vice-Presidente: Marijane Vasconcelos Tavares
Membros: Geraldo Rezende Ciribelli
Gilson Neder Cunha
Isaldo Vieira de Mello
José Elias Jacob Aloan
Conselho Deliberativo
Presidente: Licio Ramos de Araújo
Vice-Presidente: Oscar Boechat Filho
Membros: Antonio Romano Soares
Charley Fayal de Lyra Junior
Nelson Mufarrej Filho
Waldemar Ferreira da Silva
Conselho Consultivo
Presidente: Mauro José de Miranda Gandra
Vice-Presidente: Rui Barreto
Membros: Alfredo Sebastião Seixas
Mário Veiga de Almeida Filho
Arethuza Aguiar
Bryan Michael Neele
Cesar Ferreira Vargas
Edgar Campos Silva
Eduardo Lessa Bastos
Fernando Nascimento
Francisco Horta
Haroldo Bezerra da Cunha
Jorge Moreira Andrade
José Carlos Barbosa
José Carlos Schmidt Murta Ribeiro
José Lisboa Gama Malcher
José Luiz Barreto Junior
José Santa Cruz
Marcilio Marques Moreira
Marco Pólo Moreira Leite
Olavo Monteiro de Carvalho
Osni Wesley de Oliveira
Paulo Henrique da Cruz
Paulo Santos
Pedro Luiz de Araujo Braga
Sylvio Capanema de Souza
Conselho de Notáveis
constituído por ex-Presidentes
Celina Vargas do Amaral Peixoto
Israel Klabin
Rosina Iannibelli de Almeida
Cândido Guinle de Paula Machado
Teophilo de Azeredo Santos
Renato B. Archer da Silva
Airton Young
Hermano Lomba Santoro
Rubens Bayma Denys
A
sociedade brasileira tem mesmo
que tirar o chapéu para reverenciar as fundações culturais, as associações em geral, que se desdobram enquanto gestoras de projetos, eventos e
programas que favoreçam oportunidades válidas,edificantes e permanentes
para todos cidadãos, sem discriminações.
A Fundação Roberto Marinho que serviu de modelo
exemplar para a criação de entidades congêneres, não pode
deixar de ser exaltada.Sua trajetória, desde o início,foi marcada por excelentes realizações, não apenas no campo de
restaurações de monumentos históricos, mas no âmbito
da educação e da cultura, cobrindo um país tão extenso,
como o Brasil e sendo sempre apoiada,por parcerias que
procuravam,cada uma, valorizar suas realizações.
Não podemos nos restringir somente a esta instituição,
pois nobres pensadores e agentes da cultura produzem
um trabalho profícuo e silencioso, como a Fundação Vitae,
estimulando as vocações artísticas, as obras de arte, buscando atingir os objetivos da grandeza de suas intenções.
A ACAN, com apenas doze anos de existência, tem dado
exemplo de maturidade precoce no trato de seus projetos,
respeitando as intenções dos seus dirigentes e, mantendo a
mesma postura que foi receitada por seus fundadores. Na pequena ou média trajetória que a ACAN percorreu deixou suas
marcas impressas nas páginas do Arquivo Nacional,ou seja, na
sua própria história.Tem suas pegadas,também, incrustadas
nos planos desenvolvidos no Brasil pela UNESCO nos projetos
que Institutos Europeus decidiram apoiar, além de editar publicações como a consagrada obra “Retratos Modernos”, cópia
autêntica do comportamento social brasileiro.
Muito embora, a ACAN seja mais conhecida como a realizadora da restauração do prédio tombado que pertenceu à
Casa da Moeda-obra elogiada e motivo de orgulho dos especialistas e amantes da preservação histórica- na verdade,este
trabalho foi o começo de uma série de projetos que firmaram
novas parcerias com outras fundações.Em destaque, a Fundação Banco do Brasil que confiou à ACAN a gestão do Projeto
Memória que,na vez, presta homenagem à João Cândido, o
“Almirante Negro” que liderou a Revolta da Chibata(1910),
pronto para ter lançamento nacional.
Há muito mais para se falar sobre a nossa ACAN, o que
farei na próxima edição.
E X P E D I E N T E
Informa: publicação editada pela ACAN
Jornalista Responsável: Fernando João Abelha Salles - Mtb 11.774
Projeto Editorial: Jeannette Garcia Projeto Gráfico: Luiz Guimarães Editoração: Letra Capital Editora
Revisão: Jeannette Garcia Impressão: Grafitto Gráfica
Praça da República, 173 Prédio P Nível 2 CEP 20211-350 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2179-1328 E-mail: [email protected]
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Ilustre vizinhança do Arquivo Nacional
V - Casa de Deodoro
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a Praça da República, esquina com a movimentada
Av. Presidente Vargas, um sobrado construído no
século XIX, ainda conserva em sua fachada os traços arquitetônicos do período colonial.
Campo da Cidade, de São Domingos, de Sant’ Anna,
da Aclamação, Praça da República ou Campo de Santana,
por adesão popular. Esta localização é uma das referências
histórico-cultural da cidade do Rio de Janeiro.A vizinhança
é nobre: prédios e jardins testemunham os fatos históricos
ocorridos ,nesta região.
Nas comemorações pelos 120 Anos da República, que
ocorrem este ano, o antigo sobrado tem destaque especial:
em 1889, serviu de residência para o Marechal Deodoro da
Fonseca – o proclamador da república- e sediou as reuniões
que decidiram a composição do primeiro Ministério Republicano e como seria a Bandeira Nacional.
Deodoro da Fonseca (1827-1892), destacado militar,
foi chefe do governo provisório, 1º presidente constitucional (renunciando em 1891) e,também, grão mestre
do Grande Oriente do Brasil.Participou,ainda jovem,
da Revolução Praieira (1848) e da Guerra do Paraguai
(1864-1870).
Como todos os sobrados construídos no Brasil Colônia,
a residência de Deodoro, apresentava características
de influência portuguesa : uso de pedra,cal, óleo de
baleia, taipa, pau-a-pique e madeira que, após inúmeras
reformas, foram substituídos promovendo, consequentemente, a perda de seus traços originais. À época de
sua construção, este sobrado residencial, tinha suas áreas
bem definidas: o andar superior era destinado à família e
o andar térreo servia aos escravos e à guarda dos carros
de tração animal. Atualmente, podemos observar o vão
largo de uma das entradas sinalizando,possivelmente, o
acesso destes carros.
A Casa Histórica de Deodoro da Fonseca abrigou a sede
provisória do Museu do Exército no período de 1966 a
1987.Após, foi submetida à obras de recuperação sob a
supervisão técnica dos institutos de patrimônio estadual
e federal.
Em 1998, é reaberta com suas instalações restauradas
e adaptadas para sediar o Instituto de Geografia e História
Militar do Brasil – IGHMB.
As visitas à Casa permitem uma viagem histórica aos
primórdios da Proclamação da República : as reuniões entre
os republicanos- como Campos Sales, Benjamin Constant,
Quintino Bocaiúva- e, os liberais da Monarquia- Rui Barbosa,
Floriano Peixoto dentre outros que contribuíram no processo
que resultaria a queda do Império. Peças representativas
que se remetem ao cenário da República: quadros, medalhas comemorativas, bustos, peças de uniformes,a bandeira
provisória da República, jornais publicados em 16 de novembro noticiando a
proclamação, painéis informativos abordando fatos históricos da época.
Imperdível viagem à História do Brasil!
Casa Histórica de Deodoro da Fonseca
Praça da República, 197 Centro Rio de Janeiro RJ
Cep 20211-360 Tel: (21) 2222-0126
e-mail: chd@fortedecopacabana
Visitação: terça à sexta de 10h às 16h. Entrada Gratuita
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A chegada dos trilhos em Ipanema
O
batismo das estações do Metrô deveria resultar, naturalmente, de sua identificação com os nomes dos
bairros, no primeiro ponto de acesso. Sobretudo quando
esses espaços urbanos são valorizados por fortes atributos
históricos, culturais e turísticos. A regra parece lógica, mas
nem sempre prevaleceu na cidade do Rio de Janeiro.
Freqüentemente, os nomes das estações surgiam da
referência de nível (RN) cravada pelo topógrafo, que os
escritórios de campo adotavam e os gabinetes não questionavam. Há quase três décadas, quando os trens experimentais já circulavam pela Marquês de Abrantes, a estação
já atendia pelo nome de Morro Azul, uma pequena comunidade local. A denominação natural, Estação Flamengo,
encontrou forte resistência, até mesmo de natureza burocrática. A opinião pública reagiu com firmeza, fez prevalecer o seu argumento e o bom senso saiu vencedor.
Outros nomes foram atribuídos sem a devida consideração a valores que os cariocas sempre cultivaram com fidelidade. Nunca se compreendeu por que, afinal, a estação
inaugurada em 1982, no coração da Zona Norte, foi batizada como Saens-Peña. Deveria chamar-se Estação Tijuca,
pela tradição e pela abrangência das terras tijucanas que
abrigam uma das maiores florestas urbanas do mundo.
Nessa mesma linha de raciocínio, nem sequer a condição de cartão postal do Rio livrou a Zona Sul de injustificável omissão. Em Copacabana, com três estações inauguradas entre 1998 e 2007, nenhuma recebeu o nome do
bairro festejado por turistas dos cinco cantos do planeta.
Registre-se, de passagem, que as comunidades desses
dois bairros jamais admitiram essa circunstância como fato
consumado. E aguardam, indulgentes, que a sociedade e
as autoridades resgatem, com empenho e criatividade, as
referências histórico-culturais e a consideração devida ao
peso turístico da Tijuca e de Copacabana.
A prioridade e o foco voltam-se, agora, para o deslocamento na direção mais ao sul. A expansão do Metrô até Ipanema, pelo fim de 2009, cria uma chance especial para que
se evitem outros equívocos. A julgar, porém, pelas placas no
canteiro da obra, a estação já recebeu o pré-batismo e corre o
risco de ser confirmada como Praça General Osório.
O cerne deste debate, cumpre enfatizar, não se prende à concessão de mais uma homenagem. Trata, isto sim,
de decidir como chamaremos, no espaço e no tempo, um
novo referencial urbano num dos bairros que mais projetam o Rio dentro e fora do país.
A precedência cabe com certeza a Ipanema, marca significativa da atividade turística no Rio. Justamente por evocar símbolos dos mais notáveis da vida carioca, reverenciados na composição de Tom Jobim e na poesia de Vinicius
de Morais, no humor de Millôr Fernandes e na prosa de
Fernando Sabino. Inaceitável que, em vez de Estação Ipanema, a denominação seja outra.
O nome certo dos marcos urbanos é mais do que mera
deferência ao espaço que ocupam, pois valoriza territórios
que são ícones turísticos na vida da cidade. O aumento da
visibilidade de Ipanema vai repercutir, positivamente, no
incremento da atividade econômica e na geração adicional
de empregos.
Na contagem regressiva para a chegada dos trilhos a
Ipanema, a sorte está lançada. Espera-se que a sensibilidade e o compromisso com o Rio estejam presentes no
momento de batizar a próxima estação, impedindo que
denominação inadequada se incorpore de modo permanente no dia-a-dia dos cariocas.
A identificação da opinião pública com a nova estação
vai consolidar o prestígio de Ipanema e preservar a importância do marketing turístico da cidade. No âmbito doméstico e, sobretudo, no internacional, a imagem do bairro e a
sua auto-estima serão fortalecidas a cada vez que a mensagem sonora, nos trens do Metrô, lembrar aos passageiros:
“próxima estação, Ipanema”.
_________________
Oscar Boëchat Filho, engenheiro-consultor e VicePresidente da ACAN.
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Homenagem a Dom Filippo Santoro
Na reitoria da Universidade Católica de
Petrópolis-UCP, o Bispo Diocesano e
Grão-Chanceler da Universidade, Dom
Filippo Santoro foi homenageado com
o título de sócio da ACAN- Associação
Cultural do Arquivo Nacional.Seu
paraninfo, Dr.Geraldo Ciribelli, fez a
entrega do título saudando o novo
sócio e coube ao empresário Rui
Barreto colocar o distintivo da ACAN.
A cerimônia de posse foi presidida pelo
reitor da UCP, Engº José Luiz Rangel
Sampaio Fernandes e as autoridades e
convidados, que honravam o evento,
foram referenciados pelo presidente da
ACAN, Dr. Lício de Araújo.
A Grande Cavalgada na Estrada Real
Fotógrafo: Roneijober Andrade
memórias de uma viagem solitária
Este é o título do livro que o empresário
Marcelo Carvalhido irá publicar, descrevendo
sua corajosa aventura solitária acompanhado, somente,por três fiéis cavalos.Carvalhido
percorreu 1.300km durante 69 dias pelas as
trilhas históricas do Ciclo do Ouro e Diamantes, cruzando os estados de Minas Gerais,
S.Paulo e Rio de Janeiro.
As trilhas, revisitadas, se remetem aos
histó­­­ricos caminhos e “descaminhos” do
ouro e dos diamantes (séculos XVIII e XIX)
onde tropeiros, bandeirantes, tropas militares, contrabandistas, escravos foragidos e
bandos salteadores seguiam o rastro dessas
preciosas cargas até o embarque para Portugal, que era feito pelos portos de Paraty e
depois pelo Rio de Janeiro.
O projeto do livro tem apoio do Instituto
Estrada Real (MG) e da ACAN - Associação
Cultural do Arquivo Nacional, e apresentará
textos trilingues - carregados de emoção complementados por fotos belíssimas registradas ao longo desta viagem.
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A Santa Casa da Misericórdia
e a “Roda dos Expostos”
O
nome Misericórdia, possivelmente, se originou de
uma das antigas invocações da Virgem Maria, que
foi utilizada entre 1240 e 1350 para nomear uma irmandade em Florença- Nossa Senhora da Misericórdia. Segundo alguns estudiosos do assunto, esse fato teria influenciado
Portugal ao criar irmandades com o mesmo nome.Por iniciativa do Frei Miguel de Contreiras teve origem, em Lisboa, a
Santa Casa da Misericórdia (final do século XV).
O Padre Anchieta, que chegou ao Brasil, em 1553, com
o Governador Geral D.Duarte da Costa é referenciado
como o empreendedor responsável pelas funções iniciais
da Santa Casa da Misericórdia, no Brasil.
No ano de 1582, ao socorrer os tripulantes enfermos da
esquadra que estava, sob o comando de Diogo Flores Valdez, aportando na baia de Guanabara, Anchieta acolheu
os doentes em toscas palhoças e os tratou e recuperou,
através de recursos da nossa flora tendo como colaboradores, os índios.
Tendo este acontecimento expressado os preceitos que
norteiam a Santa Casa - acolhimento, assistência médica
e sentimentos humanitários- possivelmente,tenha fundamentado a justa homenagem ao padre Anchieta.
É indiscutível que seja uma das mais antigas instituições.
Mas, muitos debates e controvérsias questionam a data
de origem do Hospital da Misericórdia e a instituição da
respectiva irmandade: foi toscamente(construção de paua-pique e taipa) fundado pelos primeiros povoadores da
cidade por iniciativa,provável, do jesuíta Anchieta.
Após exaustivas controvérsias, a data oficial de fundação do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia,na
cidade do Rio de Janeiro, é 24 de março de 1582 e seu
benemérito fundador, o jesuíta José de Anchieta.
Durante o século XIX,no Brasil, a assistência hospitalar
continuou a ser realizada, em grande parte, pelas Santas
Casas, fundadas e mantidas pelas Irmandades da Misericórdia.Além do auxílio governamental, recebiam donativos que eram incentivados, na época, por D.Pedro II, que
concedia títulos nobiliárquicos e comendas aos que faziam
“generosas doações” às Irmandades da Misericórdia.
Roda dos Expostos
As primeiras iniciativas de atendimento à criança abandonada ,no Brasil, ocorreram sob a influência da tradição portuguesa, recorrendo às rodas dos expostos : um mecanismo em
forma de tambor,giratório e com duas prateleiras, utilizado
para abandonar recém-nascidos que ficavam aos cuidados
das instituições de caridade. Instalaram-se as rodas dos expostos nas Santas Casas de Misericórdia em Salvador(1726
ou 1734),Rio de Janeiro(1738), Recife(1789) e S.Paulo(1825)
já no início do Império.Outras rodas menores foram surgindo,
após este período, em diversas cidades do país.
No Rio de Janeiro, o ano de 1738, registra a fundação
da “Casa da Roda”, depois chamada “Casa dos Expostos”,
pelo comerciante português Romão de Mattos Duarte que
forneceu recursos necessários a sua criação. A “Casa da
Roda” foi instalada,inicialmente, ao lado do Hospital Geral da Santa Casa (rua Santa Luzia), aí permanecendo até
1821 e, após sucessivas mudanças, finalmente em 1911,
ocupou o terreno de propriedade do Conde D’Eu na rua
Marques de Abrantes, em Botafogo.
As crianças deixadas, anonimamente, na “Roda dos Expostos”, eram recolhidas pelas Irmãs de Caridade da Santa
Casa.Em sua maioria, estas crianças, de ambos os sexos,
eram brancas e pardas; além dos órfãos pobres tinham os
nascidos em situação “fora dos padrões morais e sociais
vigentes”. Criou-se, à época, um corpo de escravas, as
amas-de-leite,que vendiam à Santa Casa o excesso do leite
materno. Mas os valores a receber, por estes serviços, eram
entregues aos seus senhores.
Segundo notícias históricas, consta que dentre os mais beneficiados com o pagamento pela amamentação dos órfãos
foi Joaquim José Rodrigues Torres, o Visconde de Itaboraí senador do Império- ,que explorava suas 7 escravas.
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Para alguns juristas e estudiosos da questão, o Código
de Menores apresentava um caráter discriminatório que associava a pobreza à delinqüência e encobria as reais causas
das dificuldades vividas por estes indivíduos: desigualdade de
renda e a falta de alternativas de vida. E, por estas condições
,deveriam ser tuteladas pelo Estado. Em 1979, é instituído um
novo Código de Menores (lei 6.697 de 10/10/79) : atuava no
sentido de reprimir,corrigir e integrar os supostos desviantes
em instituições como FUNABEM,FEEM e FEBEM valendo-se
dos velhos modelos correcionais.Mas, foi revogado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8.069/90).
Atualmente, o Educandário Romão Duarte –que adotou
o nome de seu benfeitor-, além de acompanhamento pedagógico e psicológico às crianças, têm aulas de música,
artes plásticas, teatro e educação física.
E, o exemplar da “Roda dos Expostos”, integra o acervo
do IHGB- Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sediado na cidade do Rio de Janeiro.
Texto organizado por Jeannette Garcia, socióloga e integrante
da Diretoria da ACAN
BIBLIOGRAFIA:
Roda dos expostos, Itália sec. XIX. http://ninhodogaviao.zip.net/
www.romaoduarte.com.br
Mas, a partir de 1886, este pagamento passou a ser
feito, diretamente, às escravas, fato que desagradou, em
muito, aos seus respectivos proprietários.
O arquivo histórico da Santa Casa da Misericórdia, no Rio
de Janeiro, mantem os registros das crianças abandonadas
na “Roda”, inclusive bilhetes e cartas que eram deixados junto com elas:comoventes depoimentos de mulheres incógnitas.Na época, era considerada uma desonra para a família
os filhos gerados por uma gravidez “indesejada”.
O recolhimento das crianças pela “Roda” foi, gradativamente, reduzindo a partir da criação do Juizado de
Menores nas cidades do Rio de Janeiro,São Paulo,Porto
Alegre e Recife quando foi sancionado o 1º Código de
Menores, em 1927. O órgão da Justiça passou, então, a
regular as adoções.
ARANTES, Esther Maria. De “criança infeliz” a “menor irregular”vicissitudes da arte de governar a infância- In História da Psicologia no Brasil,Rio de Janeiro-UERJ,NAPE- 1999
www.santacasarj.org/edromao.htm
COARACY,Vivaldo- Memórias da cidade do Rio de Janeiro:quatro séculos de história- 4ª ed- Rio de Janeiro: Documenta Histórica,2008
RUSSEL-WOOD,A.J.R.-Fidalgos e filantropos: a Santa Casa da Misericórdia da Bahia,1550-1755. Brasília,UniB,1981
ZARUR, Dahas –Educandário Romão de Mattos Duarte- 4ª edição
revisada e ampliada, Rio de Janeiro- 2003
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde do Brasil
(1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz
Educandário Romão Duarte
Rua Paulo VI, nº 60 – Botafogo, Rio de Janeiro/RJ
Tels: (21) 2558-7961/6194
www.romaoduarte.com.br
Projetos Culturais • Contábil • Tributário • Societário • Trabalhista • Previdenciário
Av. Rio Branco, 114/ 3º andar Centro cep 20040-004 Rio de Janeiro RJ
Tel.: (21) 3344-6700 [email protected] www.sagaconsulting.com.br
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Registro Especial
Cerimônia de Posse da ACAN
Em ato solene, Dr.João Havelange, recebe do Dr.Lício de Araújo o distintivo de sócio da ACAN
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(1) No auditório do Arquivo Nacional, convidados ilustres no momento cívico do Hino Nacional. (2) Des. Izaías da Costa Abreu, Dr. Lício de Araújo,
Dr. João Havelange, Cons. José Gomes de Almeida Netto e Dr.Bernardo Cabral. (3) O paraninfo, Juiz Francisco Horta. (4) O Conselheiro da ACAN,
Brigadeiro Gandra, faz a entrega do livro”Retratos Modernos” ao Dr. Havelange.
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João Havelange cumprimentado pelos amigos e admiradores
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Cerimônia de posse de novos sócios
no salão nobre do Arquivo Nacional
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Livros
IMPRENSA E PODER NA CORTE JOANINA (1808-1821)
Para além das questões políticas e cotidianas,o jornal foi um ícone fundamental na história da
imprensa no Brasil ao adotar alguns valores jornalísticos, hoje essenciais, na grande imprensa.Há
200 anos, a folha do rei já se preocupava com periodicidade,sistema de assinaturas,vendas avulsas e
espaço para anúncios.Em 1822, com a Independência, a Gazeta do Rio de Janeiro deixou de circular.
Suas páginas chegam até aos leitores como um testemunho singular de vários aspectos da sociedade
fluminense, no tempo de D.João VI.
Juliana Gesuelli Meirelles] 244 páginas] Prêmio D.João VI de Pesquisa 2007- Arquivo
HEITOR VILLA-LOBOS - Guia Prático
Edição revisada dos originais do Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos , que foi elaborado no século
passado, nos anos 30, primando pela qualidade das pesquisas realizadas pelo próprio compositor
e sua equipe. O Guia Prático revela o interesse de Villa-Lobos pelas atividades pedagógicas e se
constitui em um raro exemplar de realização musical associada à função didática. A publicação
original,reconhecida por especialistas como uma referência, está esgotada há mais de 40 anos.
Nas celebrações dos 50 anos pelo falecimento de Villa-Lobos, neste ano de 2009, é louvável esta
publicação revisada.
Manuel Corrêa do Lago]conjunto de 4 livros]440 páginas]Academia Brasileira de Música/FUNARTE
PALÁCIOS DE DESTINOS CRUZADOS
bibliotecas, homens e livros no Rio de Janeiro (1870-1920)
Este livro é o resultado da tese de doutorado que a historiadora Tânia Bessone defendeu na USP.No prefácio,
de autoria de José Mindlin (em 1998), ele faz referência à “paciência beneditina” exigida pela pesquisa
que a historiadora realizou sobre o percurso do livro,no Rio de Janeiro, durante o período de 1870 a 1920:
a forma da edição e a venda dos livros, sua busca pelos estudiosos, a “vida” de bibliotecas importantes,
as características dos diferentes leitores.A bibliografia é,também,uma preciosa colaboração para os
pesquisadores, livreiros e leitores interessados no tema abordado por esta obra.
Tânia Maria Bessone]240 páginas]Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa 1997
JUCA ROSA – Um pai-de-santo na corte imperial
A trajetória do personagem Juca Rosa, célebre líder religioso- 2ª metade do século XIX-, natural do
Rio de Janeiro e filho de africanos é relatada com maestria pela historiadora Gabriela dos Reis (UFBA).
O “Pai Quilombo”, como era conhecido, foi preso pelo crime de estelionato, porque o curandeirismo
e feitiçaria não eram considerados crime, segundo o Código Penal do Império.A principal fonte de
pesquisa foi o processo criminal de Juca Rosa, complementada pelas listas de processos criminais e
cíveis do Arquivo Nacional e do Arquivo do Tribunal do Júri.A pesquisadora, também, recorreu aos
documentos sobre saúde pública e a polícia , e às publicações de humor da Biblioteca Nacional.
Gabriela dos Reis Sampaio]268 páginas]Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa 2007
Segunda à sexta das 9h às 20h | Sábado das 10h às 18h
Praça XV 48, loja 1 Centro RJ
Complexo com livraria, Loja de CD’s
e DVD’s, café e bar.
www.arlequim.com.br
tel: (21) 2524-7242 | 2220-8471
[email protected]
Os sócios da ACAN - Associação Cultural do Arquivo Nacional
têm desconto especial na compra de livros, CD’s e DVD’s
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A única coisa que a ALERJ
não poupa é esforço para
economizar o seu dinheiro.
Nos últimos anos, a Alerj adotou medidas de controle
de gestão que reduziram substancialmente os gastos
do Legislativo, gerando economia para o Estado.
Conheça, agora, algumas delas:
• O orçamento de 2009 ficou 8% menor do que em 2008,
enquanto a média dos outros poderes foi 14% maior do
que no ano anterior.
• Em 5 anos, a Alerj devolveu ao todo R$ 97,5 milhões
para o Estado investir em áreas prioritárias, como
Educação, Saúde e Segurança.
• Em 2008, foram R$ 36 milhões destinados às três
universidades públicas estaduais,
à Defensoria Pública e ao Ministério Público.
• No início de 2009, mesmo com o orçamento reduzido,
a Alerj doou mais R$ 22 milhões aos 22 municípios mais
afetados pelas chuvas que ocorreram no final de 2008.
A aplicação desse dinheiro pelas prefeituras, é claro,
está sendo devidamente fiscalizada.
www.alerj.rj.gov.br
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Ano 3, boletim n. 11