Clipping Nacional de Educação 30 de Maio a 03 de junho de 2013 Capitare Assessoria de Imprensa SHN, Quadra 2 Bloco F Edifício Executive Tower - Brasília Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br 05/06/13 00 A SEMANA Valor Econômico 03/06/13 00 EU & CARREIRA Escolas recrutam professores estrangeiros Por Adriana Fonseca | De São Paulo O professor suíço Per Axelson, recém-contratado para dar aulas no Ibmec, diz que oportunidade no país pode abrir portas no meio acadêmico aqui e no exterior Interessado na economia brasileira já há algum tempo, o suíço Per Axelson, que acaba de ser contratado como professor permanente do Ibmec, diz que um período de trabalho no país pode ser inspirador tanto para a vida acadêmica como para o trabalho de consultor. Por conta disso, aliado a razões pessoais - ele é casado com uma brasileira -, Axelson estava atento a oportunidades em instituições de ensino do país quando se deparou com um anúncio da escola carioca. Como parte do processo de seleção, Axelson, que tem doutorado em finanças pela Booth School of Business, da Universidade de Chicago, apresentou seu trabalho de pesquisa e se encontrou com alguns professores do Ibmec. "Tive uma impressão muito boa da escola e não hesitei quando recebi a oferta", afirma. Além do título de PhD obtido em 2008, Axelson tem experiência de mercado, com atuações no setor de consultoria em Boston e Nova York. Ele começou a lecionar no Ibmec há algumas semanas. "Uma experiência como essa, em um mercado relevante e em crescimento, vai me ensinar muito e ainda abrir oportunidades tanto no Brasil quanto no exterior", diz. Axelson é o primeiro estrangeiro a integrar o corpo permanente de docentes do Ibmec. Antes, a presença de professores de fora se restringia aos visitantes, que vêm para dar uma ou outra aula. Fernando Schuler, diretor executivo do Ibmec, afirma que o recrutamento do suíço faz parte de uma política de internacionalização da instituição. "Não há como pensar hoje em uma escola de negócios que não seja global." A seleção de Axelson deu-se através da participação do Ibmec em um evento de recrutamento da American Economic Association, que reúne mais de 18 mil acadêmicos e profissionais de mercado. "Foi a primeira vez que participamos desse 'job market', mas agora estaremos sempre presentes", diz Schuler. Segundo o diretor do Ibmec, Axelson vai dar aulas na graduação, no mestrado e em cursos de educação executiva de curta duração, além de atuar com pesquisa. Todas disciplinas ministradas no idioma inglês. O Insper, de São Paulo, também acaba de fechar a contratação de uma professora estrangeira. A portuguesa Carla Ramos começa a dar aulas na escola em agosto. "Se existem tantos talentos no mundo, não faz sentido contratar apenas no Brasil", afirma Sérgio Lazzarini, diretor de pós-graduação stricto sensu do Insper. A prática de abrir o recrutamento para candidatos de outros países existe no Insper desde 2005. Carla é a terceira estrangeira a integrar o quadro de professores permanentes. "Cada um traz uma bagagem diferente, por isso a vivência dos alunos com esses professores é enriquecedora", diz Lazzarini. Ele conta que o acesso da escola aos estrangeiros se dá, principalmente, através da sua rede de contatos internacional. Nos últimos anos, Lazzarini observou um crescimento no interesse dos professores de outros países em atuar nas instituições de ensino brasileiras. "A crise americana ajudou um pouco, assim como o aumento do interesse pelos mercados emergentes. Além disso, os salários pagos aqui também se tornaram mais compatíveis com os Continua Continuação do exterior", afirma. 03/06/13 pré-selecionada para a vaga. Em março, durante uma visita à escola, passou por uma série de entrevistas, apresentou seu trabalho de pesquisa aos acadêmicos do Insper e deu uma aula de 30 minutos. "Acredito que me mudar para o Brasil neste momento significa estar no lugar certo, na hora certa. Trata-se de uma economia em forte crescimento e com boas oportunidades para estudar fenômenos interessantes em minha área de pesquisa, que é relacionada ao 'business-tobusiness', redes de negócios e relações comerciais", diz Carla. nacionalidade. Segundo Freitas, no quadro de 600 professores permanentes da escola no Rio de Janeiro, há cerca de 20 estrangeiros. "No momento em que realmente tomei a decisão de me mudar para o Brasil, coincidentemente, o Insper havia aberto uma vaga para atuar em tempo integral na área de marketing. Tive sorte com esse 'timing'", afirma a portuguesa. Bastante tradicional no país, a Fundação Getulio Vargas (FGV) há alguns anos vem contratando docentes estrangeiros para seu quadro de professores permanentes. "Nossa preocupação é dar uma boa base para o aluno e expor o estudante a diversas formas de olhar o mundo. Nesse sentido, é importante a presença de professores de outras procedências", afirma Antonio Freitas, pró-reitor da FGV. Nascida na Alemanha, ela serve de exemplo. No Brasil há 14 anos, ela dá aulas na escola há nove. "Vim para trabalhar em um banco de investimento e algum tempo depois quis mudar de área", conta Julia, que conseguiu ingressar na FGV através de sua rede de contatos. O processo de recrutamento, segundo ela, foi rígido. Depois de submeter seu currículo e duas cartas de referência para avaliação, ela foi Ele afirma que, no caso da FGV, o interesse é por professores com desempenho acima da média, independentemente da Carla, por exemplo, decidiu vir ao Brasil depois de uma experiência de 10 anos em escolas do Reino Unido. Após concluir seu doutorado em administração na Universidade de Bath, ela passou a atuar como pesquisadora e professora da Manchester Business School, onde deu aulas no MBA, no mestrado e no bacharelado. "Há algum tempo eu já pensava na hipótese de trabalhar no Brasil", diz Carla. "Meu interesse pelo país está na expansão de sua economia e na proximidade cultural com Portugal." Ela conta que ficou sabendo da vaga no Insper através de uma consultoria de recrutamento administrada por uma amiga. Em São Paulo, por sua vez, cerca de 10% do quadro de docentes é formado por acadêmicos de outros países, de acordo com Julia von Maltzan Pacheco, coordenadora de relações internacionais da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp) da FGV. "É natural contratar um estrangeiro para dar aula, desde que ele seja o melhor candidato", afirma. Para encontrar o melhor candidato, a Eaesp-FGV anuncia a vaga aberta no Brasil e no exterior, por meio das escolas internacionais parceiras. Segundo Julia, uma ou outra posição se restringe ao país, mas é raro. "A escola é muito favorável a receber estrangeiros, mas não há uma preferência", diz. O GLOBO “O que museu tem a ver com educação?” Aloizio Mercadante, em visita a um dos museus da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife Salgaram a Santa Ceia É um exagero sugerir que o governo deflagrou a maratona do Bolsa Família, nos últimos dias 18 e 19, unicamente para atribuir sua autoria à oposição , responsável por ela mediante a difusão de boatos . O risco seria demasiado grande . E se a movimentação inesperada de cerca de um milhão de pessoas em 13 estados tivesse resultado em mortos e feridos? E se , em vez de um milhão , tivessem sido quatro, cinco milhões? TUDO BEM, como adiantou o ministro Gilberto Carvalho: o bicho vai pegar este ano, véspera da reeleição de Dilma ou de uma improvável derrota dela. Está pegando. Faz-se o diabo para ganhar , disse a própria Dilma. Mas ninguém, em sã consciência, rasga dinheiro. Vence quem erra menos. Ousadia em excesso épara quem está desesperado. Ou aloprou. EM 2006, candidato à reeleição , Lula bateria fácil Geraldo Alckmin no primeiro turno . Havia sobrevivido ao escândalo do mensalão graças ao erro de cálculo da oposição que, ao impeachment, preferiu esperar que 03/06/13 00 ele sangrasse sozinho até a última gota. Mas, aí, funcionários da campanha de Lula alopraram encomendando um falso dossiê contra Alckmin e José Serra. FOI UM LANCE com direito a mala abarrotada de dinheiro, batida da Polícia Federal em hotel no meio da noite e prisão do coordenador da campanha de Aloizio Mercadante, candidato ao governo de São Paulo e adversário de Serra. Para não responder sobre os aloprados, Lula fugiu ao último debate dos candidatos a presidente promovido pela TV Globo. Sua vitória acabou adiada. O CASO DOS aloprados ficou por isso mesmo. Ao do Bolsa Família parece reservado o mesmo destino. Tudo indica que não estamos diante de um crime ardilosamente concebido. O mais provável é que tenha havido na Caixa um absurdo erro administrativo . E que, em seguida, se tenha tentado aproveitálo para desgastar a oposição. Nada de surpreendente . O PRESIDENTE DA Caixa afirmou que só soube de parte do que acontecera na segunda-feira, 20. Lorota : soube na tarde do sábado, 18, que a Caixa adiantara, na véspera, o pagamento do benefício de maio de quase 700 mil pessoas. Por fim, disse que precisou de cinco dias para se inteirar dos detalhes do desastre. Lorota : bastou o fim de semana, dispensado até um pulo ao prédio da RICARDO NOBLAT Caixa para uma reunião de emergência. DE QUANTOS dias precisaria a oposição para armar uma operação de telemarketing capaz de atingir um milhão de pessoas distribuídas por 13 estados? Vazou da Caixa o cadastro com os números de telefones de uma fatia dos clientes do Bolsa? Ou a empresa de telemarketing disparou telefonemas aleatórios, tendo a sorte de alcançar quem, mais tarde, disseminaria boca a boca o boato do fim do programa? HÁ PONTOS OBSCUROS de sobra a respeito do episódio. Um jornal paulista cobrou do governo respostas para todos eles. Ouviu de volta : os esclarecimentos já foram dados, ora. Evidente que não foram. Se a imprensa não existisse, os governos seriam mais felizes. Em compensação, o distinto público seria mais enganado do que costuma ser — dia sim, outro não. Ou dia sim e outro também. A DONA DO GATILHO mais rápido do cerrado, a justiceira implacável que nada perdoa e cultiva o medo nos seus domínios, autorizou a publicação de uma nota em defesa da direção da Caixa. Se assim não procedesse, reconheceria que seu governo erra — e como erra! O passo seguinte seria se livrar de auxiliares tão descuidados. Um deles pediu desculpas aos brasileiros. Dilma é quem deveria ter pedido 03/06/13 00 O PAÍS Povo e tijolo para ensinar a ler Há 50 anos, Paulo Freire dava início ao seu projeto de alfabetizar em 40 horas 300 alunos de Angicos (RN) Juliana Castro Era um dia como outro qualquer, em 1963, quando os pais de dona Maria Eneide de Araújo Melo ouviram correr na cidade de Angicos, a 171 km de Natal, no Rio Grande do Norte, a notícia de que, ali, os adultos poderiam aprender a ler e escrever em apenas 40 horas. Era a oportunidade para quem, quase aos 30 anos, sequer sabia quantas letras eram necessárias para riscar o próprio nome. Analfabetos, como 40% da população brasileira adulta daquela época, Severino de Araújo e Francisca de Andrade Araújo pensaram: "Por que não tentar?". Em 18 de janeiro de 1963, o educador Paulo Freire deu início à primeira turma em que aplicaria seu método. Severino e Francisca estavam em um dos círculos de cultura, que contavam com até 15 alunos. Quatro meses depois, o país tinha menos 300 analfabetos, graças ao trabalho conhecido como as 40 horas de Angicos - que completa agora seus 50 anos. Sem ter com quem deixar a filha, Severino e Francisca levavam Maria Eneide, então com 6 anos, para as aulas. Mesmo sem ser o público-alvo do projeto, a pequena aprendeu a ler e a escrever. Antes de morrer, os pais, analfabetos até a vida adulta, viram, com orgulho, a filha virar professora. - Depois de aprender a ler e a escrever, eles fizeram questão de fazer outra identidade, em que pudessem assinar. Mesmo sendo uma aula de alfabetização, os professores incentivavam os alunos a tirarem os documentos e a conhecerem seus direitos - disse Maria Eneide, que hoje tem 56 anos. Inédito, o projeto rompeu os conceitos de alfabetização da época. Primeiro, porque se baseava na experiência de vida das pessoas. Segundo, porque um dos objetivos era dar ao aluno um espírito crítico sobre o papel do homem no mundo - as duas primeiras aulas eram apenas sobre cultura. Terceiro, porque não existiam cartilhas, com lições programadas. Paulo Freire repudiava o uso do material que, segundo ele, pouco tinha a ver com a realidade do aluno. - Ele dizia que eram palavras e uma metodologia que vinha de cima para baixo. O aluno era apenas um objeto - disse Marcos Guerra, um dos coordenadores dos círculos de cultura onde era difundido o método de Paulo Freire, durante seminário promovido pela Fundação Roberto Marinho em comemoração aos 35 anos do Telecurso. No método Paulo Freire, eram identificados, a partir de uma conversa, os termos que faziam parte do cotidiano da turma. Eram as chamadas palavras geradoras. A partir de uma expressão mais simples, os alunos aprendiam o que eles mesmos apelidaram carinhosamente de famílias. Assim, a partir de palavras mais simples como povo, voto ou tijolo, os adultos aprendiam as "famílias" silábicas. E passavam a notar que, com isso, já poderiam formar outros termos. - O significado é bem maior do que uma experiência que repercutiu fora do Brasil e é válida até hoje. É um método que desperta o desejo de continuar aprendendo o resto da vida - disse o presidente do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti. Freire foi considerado subversivo O método agradou. A formatura da turma pioneira em Angicos, escolhida para ser a primeira a viver a experiência por ser a terra do governador do estado à época, Aluísio Alves, contou com a presença do então presidente João Goulart. O método ganhou expansão, foi exportado para outros estados e impulsionou o Programa Nacional de Alfabetização. Numa época em que analfabetos não podiam votar, o país ganhava não só mais pessoas que sabiam ler e escrever, mas também eleitores. Foi somente com a promulgação de uma emenda constitucional em 1985 que Continua Continuação 03/06/13 os analfabetos recuperaram o direito de votar, em caráter facultativo. O projeto não teve vida longa. Veio o golpe militar, em 1964, e a difusão do método caiu por terra. Uma prática que ensinava aos alunos não só as letras, mas seu papel no mundo e sua importância para a sociedade não agradava aos militares. Prova disso é um trecho do Inquérito Policial Militar a que Paulo Freire respondeu durante a ditadura: "É um dos responsáveis pela subversão imediata dos menos favorecidos", dizia o relatório de outubro de 1964. Considerado subversivo, Paulo Freire terminou preso e exilado. Mesmo com o pouco tempo de existência, o método fez o educador ser, até hoje, um dos brasileiros mais estudados no exterior. - O Brasil ainda fala pouco de Paulo Freire. O mundo se apropriou muito mais da teoria dele. As grandes universidades americanas e europeias lembram nas salas de aula, na grade curricular, a importância de Paulo Freire. Se você diz lá fora que conviveu com Paulo Freire querem tirar foto com você - lembra Vilma Guimarães, gerente-geral de Educação e Implementação da Fundação Roberto Marinho, que conviveu com o educador por 40 anos e exalta o legado do amigo. Apesar de cinquentenário, o projeto de Paulo Freire ainda é considerado atual pelos educadores: - O método não envelheceu. Continua sendo atual. Se não está sendo usado é porque não corresponde ao objetivo dos governantes - afirmou Marcos Guerra. Quando a experiência de Angicos completou 30 anos, Paulo Freire voltou à cidade. Reencontrou os alunos que, emocionados, agradeciam ao educador que desenvolveu a teoria que os ajudou não só a aprender as letras, mas a escrever o próprio futuro. 03/06/13 00 O PAÍS Programas de alfabetização não conseguiram atingir metas Desde o início do século XX, todas as tentativas do governo fracassaram criou a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo. Em 1988, a nova Constituição que bradava os direitos e deveres do povo brasileiro trazia também uma promessa: a de que haveria esforços para que o analfabetismo fosse extinto em dez anos. Não aconteceu. E 25 anos depois da promulgação da Carta Magna, o problema persiste. Segundo dados do Censo 2010, ainda há 10% de adultos analfabetos no país. Em 1964, o educador Paulo Freire deu início à experiência de Angicos. Dentro do programa das Reformas de Base do presidente João Goulart, o método auxiliou na composição do Programa Nacional de Alfabetização, que Paulo Freire ajudou a desenvolver. O plano pretendia alfabetizar cinco milhões de jovens e adultos em dois anos. Logo após o golpe de 1964, um decreto dos militares extinguiu o programa. O objetivo de fazer com que todos os brasileiros saibam ler e escrever é antigo. No início do século XX, o poeta Olavo Bilac liderou uma campanha contra o analfabetismo. Em 1942, ocorreu a criação do Fundo Nacional do Ensino Primário, com destinação de 25% dos recursos à alfabetização de adultos. Cinco anos depois, o presidente Eurico Gaspar Dutra iniciou a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, retomada por Getúlio Vargas em 1952. Mudase o governo, muda-se o programa. Em 1958, Juscelino Kubitschek Com a ditadura militar veio, em 1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), cujo objetivo era alfabetizar 11,4 milhões em quatro anos. A erradicação viria em oito anos. Mais uma meta que não foi alcançada. A redemocratização trouxe a extinção do programa e uma nova tentativa, por meio da Fundação Educar, no governo de José Sarney, que incorporou algumas iniciativas do Mobral. Eleito, Fernando Collor repete a história: acaba com o plano anterior e implanta, em 1990, o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (Pnac). A meta era, em quatro anos, reduzir em até 70% o analfabetismo. Com o impeachment de Collor, o presidente Itamar Franco instituiu, em 1993, o Plano Decenal de Educação para Todos, cuja meta era acabar com o analfabetismo em dez anos. O programa foi descontinuado e, em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Programa Alfabetização Solidária. Veio o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e com ele o Programa Brasil Alfabetizado, criado em 2003, com o objetivo de universalizar a alfabetização de brasileiros acima de 15 anos. Lula prometeu erradicar o analfabetismo em seu primeiro mandato e chegou a dizer que o desafio dependia "muito menos de dinheiro" e "muito mais de disposição política". Mas foi mais um a fracassar. Na década passada, a proporção de adultos iletrados teve queda pífia: de 13,6%, em 2000; para 9,6%, em 2010. 03/06/13 RIO 00 Licença da sala de aula Total de professores afastados hoje 6.500 - cresce no período letivo e cai nas férias Natanael Damasceno Ruben Berta Um diagnóstico da curva de licenças médicas concedidas a professores da rede estadual revela uma estatística polêmica: a Secretaria de Educação constatou que os afastamentos por motivos de saúde diminuem substancialmente durante as férias escolares e voltam a subir durante as aulas. Se por um lado, o estado aposta na concessão de benefícios para quem está em sala de aula e numa política de pente fino nas perícias médicas para resolver a distorção - em 2011, contratou uma empresa para o serviço -, por outro, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) acredita que, por trás desses números, estão condições de trabalho inadequadas. O desafio ainda é grande a considerar os dados do último mês de maio: segundo o secretário de Educação, Wilson Risolia, 6.500 professores cerca de 9% do total - estão afastados da função. A curva de licenças do ano passado, por exemplo, ainda retrata a distorção. Em janeiro, havia 2.856 professores afastados. Em fevereiro, quando começam as aulas, eram 3.985. O número sobe até chegar em junho a 6.269. Para cair, durante o recesso de meio de ano, em julho, para 5.273. Dali, a curva sobe até atingir o pico de 6.105, em setembro. Então, os números voltam a cair, até chegar em dezembro a 1.559. Atualmente, o estado tem uma média de carência de professores em sala de aula que varia entre 800 e 900 profissionais. Wilson Risolia afirma que, com a mudança nas perícias, as licenças em época de férias vêm caindo. Segundo o órgão, que tem cerca de 75 mil professores em seu quadro de funcionários, o número de afastamentos concedidos em novembro e dezembro de 2012 (3.782 e 1.559, respectivamente) caiu drasticamente se comparado com o de licenças nos mesmos meses do ano anterior (6.619 e 6.045). - É natural ter uma curva de licença alta, uma vez que o quadro de funcionários é predominantemente feminino e há muita solicitação de licença maternidade. O que não é normal é o comportamento da curva. Então, contratamos perícia médica privada e isso ajudou bastante. Continua tendo muito pedido de licença, mas o número caiu - observa o secretário. Para o coordenador-geral do Sepe, Alex Trentino, a análise do secretário é equivocada. Ele argumenta que o número de licenças aumenta durante o período letivo por causa das más condições de trabalho a que os professores são submetidos. - A curva cresce nos meses de aula porque as condições de trabalho são muito ruins. A superlotação das salas leva a uma série de situações de estresse que acabam derrubando o professor afirma o coordenador-geral do sindicato. - E é lamentável que o secretário pense dessa forma. A licença, que é temporária, é um direito do trabalhador. Ele fala como se o professor estivesse inventando um motivo para não trabalhar. Ao invés de atacar o que leva à licença, ele questiona o fato de o professor estar doente. Alex Trentino argumenta ainda que não são as licenças que fazem com que o déficit de professores aumente. Segundo o Sepe, de julho do ano passado até hoje, 1.911 professores se aposentaram e 849 pediram exoneração. No mesmo período, segundo o sindicato, foram convocados 2.028 profissionais aprovados em concursos. - O problema é a carência, a falta de profissionais. Sai muito mais professor da rede do que entra. O cara hoje começa a carreira ganhando 1.070 reais brutos (para uma jornada de 20 horas semanais). Você tem que incentivar o profissional a ganhar bem. Caso Continua Continuação 03/06/13 contrário, ou ele abandona a rede ou pega várias outras escolas e não dá uma boa aula. Com uma sobrecarga tão grande, o problema acaba estourando na ponta e você então consegue entender por que a educação no Rio está tão mal - analisa Trentino. Estado diz ter reduzido déficit Wilson Risolia garante que o estado tem investido em outras ações para diminuir o problema da carência estrutural, como gratificações para quem é formado em áreas que têm poucos profissionais, como as disciplinas de física e matemática, ou as que são distribuídas para professores que trabalham em unidades de difícil acesso. E diz que o estado está buscando melhorar o salário dos profissionais. - Carência haverá sempre. Isso acontece. Além da carência estrutural em áreas em que não se consegue formar servidor. Para cada problema, a gente desenvolveu um conjunto de ações. Mas diminuímos o déficit de 12 mil para 800 profissionais e, depois de anos sem que o salário dos profissionais recebesse reajustes, estamos concedendo aumentos reais. Além disso, vamos começar a trabalhar com o conceito de certificação dos profissionais, que pode triplicar os salários de quem estiver disposto a ser avaliado e vai servir como um incentivo para levar os professores para a sala de aula diz o secretário, acrescentando que o Rio é o estado que paga o maior valor pela hora/aula no país. 03/06/13 00 PODER Estudante da USP é eleita presidente da UNE Filiada ao PC do B, conterrânea de Lula chama Eduardo Campos de 'grande governador' THIAGO GUIMARÃES COORDENADOR-ADJUNTO DA AGÊNCIA FOLHA Pernambucana de Garanhuns, terra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Virgínia Barros, 27, é a nova cara da UNE (União Nacional dos Estudantes) para o biênio 2013-2015. Eleita presidente da entidade ontem, em Goiânia, em congresso que confirmou a hegemonia do PC do B sobre o movimento estudantil, que comanda desde 1991, ela rebate as críticas de governismo e de afastamento da UNE da vida real dos estudantes. Vic, como é conhecida, diz, por exemplo, que o governo Dilma Rousseff é "inconsequente e omisso" na fiscalização da qualidade do ensino superior privado. "A entrada de capital estrangeiro é preocupante, e não há regulação sobre padrões mínimos de qualidade nas faculdades privadas", diz a aluna de letras da USP, com sotaque diluído pelos dois anos na capital paulista. Virgínia define a gestão Dilma como "contraditória", pela "política econômica conservadora", e destina o mesmo adjetivo ao governo Eduardo Campos (PSB-PE), por pendências na saúde e na educação básica. Neutra no primeiro turno e próDilma no segundo turno de 2010, a UNE, afirma ela, ainda não discutiu 2014, mas vê uma eventual postulação dissidente como "legítima" --Campos é descrito como "grande governador" que "ainda vai contribuir muito para o Brasil". PRESIDENTA O viés situacionista se acentua em menções ao julgamento do mensalão como "político" e na defesa das nomeações partidárias nas gestões do PC do B, seu partido, no Ministério do Esporte ("São indicações referendadas nas urnas."). O tom diplomático dos recémeleitos desaparece em comentários de Virgínia nas redes sociais --ali há "caos" no metrô de São Paulo, o "pós-modernismo" de Marina Silva "dá enjoo" e o papa Francisco é "reacionário". Sobre leis no Congresso para mudar a meia-entrada no país, que podem aumentar em mais de 700% as carteirinhas emitidas pela UNE, a dirigente prefere não falar em cifras e diz que a ampliação do benefício para não-estudantes de baixa renda, aprovada no Senado, ainda "carece de regulamentação". Torcedora do Sport, do Recife, e fã de Rolling Stones e Strokes, ela, como Dilma, prefere ser chamada de presidenta. "Para democratizar também o português." 03/06/13 00 MERCADO Diplomas suplementares abrem caminho para cliente de alta renda COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Além das certificações obrigatórias por lei para os profissionais de finanças que vendem investimentos, também cresce o número de diplomas complementares para as pessoas da área. Consultores e planejadores financeiros que atuam de forma independente, além de gerentes de bancos, buscam as chamadas certificações de distinção para desenvolver a carreira profissional. A maioria dos clientes de profissionais com esse tipo de diploma é de alta renda, que busca eficiência na gestão dos investimentos --público que possibilita ao consultor uma remuneração maior que a obtida com o pequeno aplicador. O custo para tirar os certificados de distinção, porém, é alto. O exame para o CFP (planejador financeiro certificado, na sigla em inglês), um dos mais reconhecidos no segmento financeiro, é de cerca de R$ 3.000. A taxa de inscrição é de R$ 860. Há ainda a cobrança de uma anuidade de R$ 700 dos aprovados. "A taxa serve para pagarmos o royalty ao órgão mundial que fiscaliza a certificação", diz Rogério Bastos, diretor do IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros), responsável pelo exame no país. A prova do CFP, que precisa ser refeita a cada dois anos, aborda temas como investimentos, seguros, impostos, legislação e planejamento financeiro pessoal. No site do instituto (www.ibcpf.org.br), o investidor encontra uma lista dos profissionais certificados. A instituição pode ser acionada pelo investidor em caso de má conduta dos planejadores financeiros cadastrados. Vale ressaltar, porém, que as certificações dos consultores financeiros não são garantia de rentabilidade. "Investimentos podem dar certo ou não. Certificações podem aumentar a eficiência das escolhas, o que eleva a probabilidade de sucesso, mas não o garante", diz o educador financeiro Mauro Calil. Ele diz que alguns profissionais de má índole também podem usar as certificações como um "escudo". (AF) 03/06/13 00 TEC Tablet ensina e diverte as crianças, diz diretora Alunos de até 3 anos têm uma aula com tablet por mês em escola de SP Aplicativo usado em sala de aula é específico, e sua busca é trabalhosa, segundo diretora da Primetime RODOLFO LUCENA DE SÃO PAULO Depois de terem conquistado corações e mentes de crianças, adolescentes e adultos pelo mundo afora, os tablets se voltam para um mercado sempre em expansão: o fabuloso mundo dos bebês. Cidadãos ainda não alfabetizados ou que mal conseguem enrolar algumas palavras encostam suas mãos gorduchinhas nas telas de vidro para comandar carrinhos, letras, músicas, trens e galinhas cantantes. Fazem isso em casa, por certo, usando os aparelhos dos pais. E, cada vez mais, têm os "seus" próprios gadgets, em escolas de educação infantil que adotam o tablet como ferramenta de ensino e diversão para a meninada de menos de quatro anos. "É uma ferramenta interessante porque traz um tipo de mídia com grau de interatividade que a televisão e os filmes infantis oferecem e por causa da tela sensível ao toque, que torna o uso mais fácil para as crianças. É muito intuitivo, e o bebê não se limita à atividade motora", avalia Christine Bruder, 40, diretora da Primetime, escola no Morumbi, em São Paulo, que atende crianças de até três anos e usa os aparelhos desde o ano passado. Os resultados são positivos, afirma Jacqueline Cappellano, 40, coordenadora das turmas de dois a quatro anos da Escola Internacional de Alphaville, que também passou a usar as tabuletas eletrônicas no ano passado. "A gente sabe que as crianças aprendem de forma diferente. Um conteúdo que você não consiga atingir por meio de uma estratégia dentro da sala de aula, usando material concreto, consegue que a criança entenda por meio da tecnologia", diz ela. A turminha adora. No Colégio Brasil Canadá, em Perdizes, crianças de três anos sentam em roda para brincar com o tablet, e o uso do aparelho se torna uma experiência coletiva: estão todos conectados a um sistema de televisão, e o grupo acompanha pela tela grande, por exemplo, quando um coleguinha traça com o dedo o perfil de uma letra. "O uso da tecnologia faz parte do mundo deles", diz a professora Bruna Figueiredo Elias, 27. "E a interação com o mundo deles é muito importante. Percebemos que eles gostam, que se concentram." Para isso, porém, é preciso ter os aplicativos corretos --uma busca que não foi fácil, segundo Bruder. "Os aplicativos precisariam ser algo adequado ao interesse das crianças, e não preparando as crianças para aprenderem alguma coisa." "Até os três anos, eles aprendem pondo a mão na massa, vivendo, experimentando, com liberdade. E muitos aplicativos fechavam o bebê em aperte aqui', aperte agora', incentivando a rapidez dos movimentos ou queriam ensinar a criança a ler, a reconhecer letras, números. Demorei tempo para achar conteúdo que fizesse sentido para apresentar a um bebê", diz. Além do controle do conteúdo, há que limitar o tempo de tablet na mão. "As crianças de dois a quatro anos têm uma aula por mês", diz Cappellano, que também delimita o horário em que suas gêmeas de quatro anos podem usar os aparelhos. 03/06/13 00 TEC Para educadores, gadget não deve substituir atividades tradicionais DE SÃO PAULO O tempo que crianças passam com eletrônicos, mesmo se controlado, pode ser demais, dizem alguns educadores. "Nós não usamos aqui, dentro do estabelecimento, nenhum desses instrumentais. A gente tem como filosofia que o grande aprendizado da criança na primeira infância é por meio do brinquedo. Não o brinquedo físico, mas o [ato de] brincar", conta a pedagoga Nereide Tolentino, 70, diretora da Escola da Vovó, que funciona há 36 anos e atende crianças de até seis anos em Pinheiros. "Se a gente coloca a criança na [frente da] televisão ou no computador ou qualquer um desses joguinhos em que ela só aperta botão, ela não tem de criar nem imaginar nada", reforça Valéria Rocha, 39, diretora do Quintal do João Menino, escola maternal e jardim para crianças de um ano e meio a seis anos, na Vila Madalena. Independentemente de divergências de filosofias pedagógicas, há que ter cuidado com a oferta de tecnologia para as crianças. A Associação Americana de Pediatria "desencoraja" o uso de mídia eletrônica por menores de dois anos e a colocação de aparelhos de TV no quarto de crianças. Em um documento sobre o assunto (bit.ly/ estudoped), a entidade cita estudos que encontraram efeitos negativos no desenvolvimento intelectual infantil. CRIANÇAS LIGADAS Outros estudos indicam que poucas pessoas nos EUA deram ouvidos às recomendações dos médicos: levantamento realizado pela Common Sense Media em 2011 mostrou que 30% das crianças com menos de um ano têm televisão no quarto. Nenhuma das escolas ouvidas pela Folha oferece os aparelhos para crianças com menos de dois anos. E dizem que a experiência precisa ser sempre monitorada. "As atividades com tablet não podem substituir explicações do professor; as brincadeiras com tablets não podem e não devem substituir as entre as crianças; o contato físico com amigos reais é mais importante --e imprescindível", diz Bruna Elias. (RL) 03/06/13 00 NOTAS & INFORMAÇÕES Escolas precárias Não haverá milagre que faça a educação brasileira dar o salto necessário para colocar o País entre os mais desenvolvidos do mundo se não forem superados os entraves básicos, a começar pela infraestrutura das escolas. O retrato de décadas de descaso, em que a construção de boas escolas não passou de mera promessa em sucessivas campanhas eleitorais, está num levantamento divulgado pelo movimento Todos pela Educação, segundo o qual 44,5% dessas unidades dispõem somente do mínimo para seu funcionamento, isto é, água, banheiro, energia, esgoto e cozinha, Não têm biblioteca, quadra de esportes e laboratório, itens considerados necessários para que o aprendizado se desenvolva de modo satisfatório. Apenas 0,6% dos estabelecimentos pesquisados têm estrutura completa. É um quadro desalentador. A pesquisa tomou como base o Censo Escolar de 2011. Naquele ano, estavam em funcionamento quase 195 mil escolas, cujos diretores responderam a um questionário a respeito dos recursos disponíveis nos estabelecimentos. A metodologia do estudo levou em conta que nem todas as escolas necessitam de determinados equipamentos ou espaços, como berçário. Com isso, foi feita uma escala de categorias de infraestrutura que considera as diferentes etapas de aprendizado. A categoria "elementar" é aquela do mínimo necessário. Já na categoria "básica", além de água e esgoto e energia elétrica, incluem-se aparelhos de TV e DVD, computadores, impressoras e sala da diretoria. O nível "adequado" demanda a presença de tudo isso mais acesso à internet, sala de professores, biblioteca e espaços para o desenvolvimento motor e o convívio social dos alunos. No último nível, o das escolas "avançadas", aparecem também laboratório de ciências e estrutura para atender alunos com necessidades especiais. Para os pesquisadores, esse é o cenário considerado "mais próximo do ideal" - e que é quase inexistente na rede educacional do País. O mérito dessa pesquisa é mostrar que a precariedade das escolas, tanto públicas quanto privadas, é um problema generalizado. Girlene Ribeiro de Jesus, da Universidade de Brasília, que participou do trabalho, disse que, por mais que esperassem resultados ruins, os pesquisadores se chocaram com a quantidade de escolas classificadas no nível "elementar". As diferenças regionais são ainda mais graves, Na Região Norte, 71% das 24 mil escolas têm infraestrutura apenas "elementar". No Nordeste, o porcentual é de 65,1%, enquanto no Sudeste é de 22,7%, no Sul é de 19,8% e no Centro-Oeste, de 17,6%. Mesmo nas regiões mais avançadas, a maioria das escolas encontra-se no nível "básico". No Sudeste, apenas 19,8% são consideradas "adequadas". Há também diferenças significativas quando se analisam as redes federal, estadual e municipal. No nível federal, a maioria das escolas (62,5%) são "adequadas" ou "avançadas". Já a maioria das escolas estaduais (51,3%) está na categoria "elementar", enquanto 62,8% das escolas municipais encontram-se nas categorias "elementar" e "básica". É na esfera municipal, aliás, que o problema parece mais acentuado, pois é nessa rede que se concentram quase 100% das escolas que estão mais próximas do piso da categoria "elementar". O estudo também confirma a percepção de que a precariedade estrutural das escolas é um problema bem mais acentuado no campo do que na cidade. Das escolas da zona rural, 85,2% estão no nível "elementar", ante 18,3% nas áreas urbanas. Mesmo as escolas particulares -- muitas das quais são apenas caça-níqueis espalhados pelo País apresentam graves problemas. Nada menos que 72,3% desses estabelecimentos têm infraestrutura apenas "elementar" ou "básica". No momento em que se discute qual porcentual do PIB deve ser destinado à educação, é importante ter em conta quais são as reais prioridades para que se alcance a tão almejada revolução educacional - e é evidente que as condições materiais das escolas desempenham nela um papel crucial. CORREIO BRAZILIENSE 03/06/13 00 CIDADES EDUCAÇÃO » Tablet (ainda) não turbina aprendizado Adotado há um ano por pelo menos três grandes escolas particulares do DF, uso do equipamento tem impacto tímido no desempenho dos alunos. Para especialistas, incorporar a tecnologia é inevitável, mas é necessário preparar professores e estudantes » ANA POMPEU A possibilidade de ter acesso ao conhecimento e à informação a um ou dois toques encanta jovens e adultos. Com tablets à mão, é possível organizar calendários, ver emails, entrar em redes sociais, consultar a internet, ler e até jogar. Mas justamente no ambiente em que os primeiros conceitos científicos são ensinados — as escolas —, educadores e estudantes travam os maiores debates sobre a incorporação dos equipamentos. A eficiência deles na rotina e a melhor maneira de incorporá-los ainda são motivo de pesquisa e estudo. A unanimidade está na ideia de que a tecnologia não pode mais ser deixada longe da sala de aula. Há um ano, pelo menos três colégios particulares do Distrito Federal tomaram a dianteira e elaboraram formas diferentes de inserir o computador portátil no cotidiano escolar. Depois de um período de testes e avaliações, a conclusão da maioria das instituições e de especialistas é de que os equipamentos são recursos importantes, mas ainda não influenciam diretamente o desempenho final dos estudantes. Nesse caso, não seriam decisivos para a aprendizagem. As escolas públicas estão um passo atrás no uso das tecnologias. A rede sob responsabilidade do governo deu início aos projetos de modernização neste ano (leia na página 20). No Colégio Marista, a direção preferiu trabalhar com uma turma piloto em 2012, no 1° ano do ensino médio. Ao mesmo tempo, criou uma forma de controle para comparar os resultados. Durante o período avaliado, os estudantes do primeiro grupo receberam um tablet da escola. O equipamento ficou sob os cuidados dos adolescentes. Os professores tinham uma porcentagem mínima de uso do tablet a alcançar. O outro grupo teve aulas com o mesmo corpo docente, mas no modelo tradicional. Motivação, resultados, notas, disciplinas e outros aspectos passaram a ser analisados com mais cautela e reuniões periódicas foram marcadas com pais, alunos e professores. “Não houve impacto negativo nem positivo no desempenho dos alunos. As duas turmas terminaram o ano com notas similares”, avalia a diretora educacional do colégio, Andrea Studart. Em 2013, a instituição decidiu reorganizar o projeto. Agora, os aparelhos ficam na instituição e qualquer mestre interessado pode levá-los para a sala de aula, seja qual for a turma ou o ano. “O foco é o professor e não mais o aluno, como em 2012. Todos eles estão fazendo cursos semipresenciais de letramento digital, porque percebemos que toda a responsabilidade recai sobre eles”, explica Andrea. O Marista comprou 80 tablets para emprestar aos alunos. Alguns usam os pessoais. No total, a escola investiu R$ 900 mil desde 2011 com estrutura física, equipamentos e capacitação dos profissionais. Professor de biologia do Marista, Lúcio Bravin apoia o uso do aparelho como um diferencial do livro didático. Para isso, no entanto, o docente precisa dispensar mais tempo para cada aula. “Rotina, disposição física da sala e planejamento mudam muito. Você tem que refazer aulas que estavam prontas há tempos com outra modelagem. Além disso, tem de perceber quando o quadro é mais eficiente”, diz. Continua Continuação 03/06/13 Em sociologia, o professor Leandro Grass, da mesma escola, encontra alternativas para apresentar conteúdos com os dispositivos móveis. “Exige mais criatividade, mas, com ela, temos recursos para usar em qualquer assunto. E ganhamos tempo. Podemos fazer pesquisas bibliográficas nas salas.” Cesar Berçott ensina geografia no Maristão. Para ele, o grande mérito é o debate em ambiente escolar. “O aluno checa um site e nos confronta. Isso muda a forma como ele te vê e é genial”, comemora. Informação A figura do professor muda diante do discípulo, inclusive a relação entre eles, aponta o diretor dos cursos de Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília (UCB) e estudioso do uso de novas tecnologias na educação Fernando Goulart. “O educador precisa transformar o cotidiano em sala de aula e tornar o aluno parte do processo. O conteúdo está disponível na internet. Se o orientador não for bem treinado, o estudante termina sobrecarregado de informação”, revela. Goulart defende que recursos multimídias precisam acrescentar algum tipo de emoção para tornar o conteúdo atraente. "Rotina, disposição física da sala e planejamento mudam muito. Você tem que refazer aulas que estavam prontas há tempos com outra modelagem. Além disso, tem de perceber quando o quadro é mais eficiente” Lúcio Bravim, professor do Marista, ao lado dos colegas Leandro Grass e Cesar Berçott Continua Continuação 03/06/13 CORREIO BRAZILIENSE 03/06/13 00 Alunos mais interessados Mais radical entre as escolas brasilienses, o Sigma trocou os livros em papel pelo formato digital. Todos os primeiros e os segundos anos do ensino médio usam o equipamento, chegando a quase 800 estudantes. “Os alunos aumentaram o volume de leitura e fizeram mais exercícios indicados pelos professores. A avaliação inicial é muito positiva”, conta o diretor pedagógico da unidade da Asa Norte, Iomar Pirangi Soares. O educador atribui a melhora no desempenho à economia de tempo proporcionada pelos tablets. No cálculo dele, a turma ganha cerca de 40% da hora/aula. Os maiores problemas vividos na unidade, por enquanto, são de ordem técnica. “É um aplicativo que nem todos conseguem baixar, a bateria que acaba ou uma falha na rede. Nada no aspecto pedagógico”, analisa. O professor Eli Guimarães é coordenador de redação do colégio. Ele também enfatiza como a dispersão foi menor em relação ao que tinham imaginado anteriormente. “O nosso material é embarcado no tablet e não está ligado à internet. Com o celular, os alunos nos traziam mais problemas do que agora, pois se interessam mais”, afirma. Na questão do desempenho, também houve melhora nas notas dos estudantes. Segundo a direção, foi identificada uma mudança de postura por parte do professor, que passa a estar mais próximo do aluno. CIDADES CORREIO BRAZILIENSE 03/06/13 CIDADES 00 É preciso aprender a usar Experiência com tablet em escola particular do DF ajuda o aluno a assimilar melhor o conteúdo de disciplinas consideradas difíceis, como no caso da física. Mas professores alertam que o bom uso do aparelho depende de conscientização por parte dos estudantes » ANA POMPEU Um dos maiores argumentos contra os tablets em sala de aula é a perda de foco nas atividades. Mesmo entre os alunos, as reações com a novidade são variadas. Alguns acham desnecessário. Outros, caro demais. Uma parcela se encanta e defende o recurso com afinco. A questão levantada por professores que trabalham diariamente com o computador portátil nas escolas é que a facilidade dos adolescentes com os equipamentos não se traduz em saber usá-los para os estudos. A estudante Cecília Rauber, 17 anos, cursa o 3° ano no Colégio Marista e teve acesso ao equipamento apenas duas vezes neste ano. Em uma delas, o professor passou um trabalho em grupo e, no entendimento da aluna, o aparelho ajudou a envolver todos os integrantes. “Nesse caso, tínhamos uma situação-problema para resolver. Todos participaram, o que não acontece normalmente nesse tipo de atividade”, contou. Cecília acredita que, em vez de copiar a matéria em um caderno, poderia usar o tablet para prestar mais atenção ao professor ao fotografar a lousa. A facilidade de encontrar distrações é um receio da estudante Bruna Lyra, 15 anos. “Na escola, tem bastante monitoramento nos trabalhos com o tablet, mas, em casa, eu fico bem distraída”, admite a também aluna do Marista. A adolescente considera ter à mão um atrativo para o bem e para o mal. Marina Pimenta, 15 anos, está no 2° ano. Em 2012, fez parte do grupo escolhido para as primeiras aulas com tablet no Maristão. “Nós poderíamos sair da turma, mas eu gostei da ideia. Só fiquei preocupada com as possibilidades de desviar a atenção. E, realmente, vi vários colegas acessando páginas, além das indicadas pelos professores”, diz. O colégio libera a internet para todos. No Leonardo da Vinci, a inserção dos computadores portáteis na rotina escolar partiu da iniciativa de um grupo de professores de física. Como a disciplina é temida por muitos alunos, em alguns casos, a responsabilidade de inovar para melhorar o desempenho caía sobre os tutores. “Desenvolvemos um livro digital com texto, imagem, áudio, vídeo e computação gráfica. Notamos que o aluno passou a compreender em um dia um assunto que levávamos até uma semana para ensinar”, comparou o professor Robert Cunha, idealizador do projeto. A versão para o iPad foi vendida por R$ 170. O estudante também precisaria ter o próprio aparelho. No início, apenas 10% dos alunos compraram o material. Mas os resultados foram satisfatórios de tal forma que a direção criou um departamento a fim de elaborar os livros didáticos em formato digital para todas as disciplinas. “O mercado editorial não acompanhou essa evolução. Eles transformam o papel em arquivo para dispositivo móvel. Nós precisamos usar os recursos disponíveis e harmonizá-los para a aula”, sugere Cunha. Além do treinamento para as novas tecnologias, outra barreira indicada pelo educador é o próprio Continua Continuação aluno. “Eles são conectados, mas usam celular e tablet como ferramentas de comunicação, não de estudo. Levá-los para a sala de aula muda o perfil do instrumento”, alerta. O Leonardo da Vinci espera ter livros do modelo do professor para todas as disciplinas até 2014. O valor e a real funcionalidade do equipamento, por exemplo, foram motivo de resistência por parte da estudante do 3° ano Isabela Akaishi Padula, 17 anos, do Leonardo. “O meu pai brigou comigo para comprar. Eu achava que não valia a pena, era caro”, disse. Vencida, ela garante que usa o iPad para estudar. Baixou aplicativos de provas do vestibular, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de vários outros com exercícios. “Hoje, eu aprendi a usar. Estudo em qualquer lugar”, revela. Não é o caso do colega Gabriel Maran, 17. “Eu ganhei um em 2010 e ficava nas redes sociais, vendo sites. Muita gente não está preparada. Eu mesmo já olhei rápido o Facebook e voltei para a aula”, reconhece. Mas Gabriel assegura que aprende física mais fácil com a nova tecnologia. Segurança Outra mudança que acompanha o uso frequente do tablet é a atenção com a segurança. O estudante do 3° ano Gustavo Drummond, 17 anos, 03/06/13 redobrou os cuidados no caminho da escola. Ele estuda na 914 Norte e mora na 214. Quando carrega o equipamento, prefere usar o ônibus. Sem o aparelho na mochila, segue a pé. “O número de alunos com o livro digital pode ter sido pequeno por medo de ser assaltado. É caro e você coloca muita informação lá. Não dá para descuidar por nenhum momento”, explica. Quando possível, os pais buscam o garoto no colégio e sempre fazem recomendações de segurança. 3 mil Total de tablets entregues aos professores de ensino médio das escolas do governo "Desenvolvemos um livro digital com texto, imagem, áudio, vídeo e computação gráfica. Notamos que o aluno passou a compreender em um dia um assunto que levávamos até uma semana para ensinar” Robert Cunha, professor de física do Leonardo da Vinci, com os alunos Gabriel (E), Isabela e Gustavo Sucesso O iPad foi o primeiro modelo de tablet a ser apresentado no mercado, lançado pela Apple. em janeiro de 2010. Em 2011, 400 mil aparelhos foram adquiridos no país. No ano passado, o número passou para 580 mil. CORREIO BRAZILIENSE 03/06/13 00 CIDADES Atraso na rede pública Enquanto as escolas particulares testam formas diferentes de usar os tablets em sala de aula desde 2012, a rede pública de ensino começou o processo apenas neste ano. A explicação mais forte está na dimensão da estrutura da Secretaria de Educação. Com 657 escolas, 40 mil professores e cerca de 488 alunos, universalizar a tecnologia é mais complicado. Na semana passada, o GDF entregou 3 mil computadores portáteis a professores do ensino médio. A meta é entregar 5,4 mil até 2014. “Não temos como pedir que os nossos estudantes comprem esse material. E, pelo número de pessoas atendidas, fica extremamente caro para o Estado comprar tablets para todos eles. Então, temos de trabalhar com outra lógica”, argumenta o subsecretário de Modernização e Tecnologia da Secretaria de Educação, Heber Maia. A escolha pelo ensino médio se justifica por ser a etapa com mais problemas para melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), mas a ideia é alcançar todos os profissionais da rede. Por enquanto, o aparelho está nas mãos dos educadores, mas não mudou o método educacional. “Ainda é muito recente, e não tivemos orientação sobre como usar”, diz o vice-diretor do Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional do Gama, Luiz Cláudio Morais. Segundo Maia, quem recebeu o equipamento assinou um termo de responsabilidade indicando que vai fazer um curso de capacitação. Além disso, orientações pedagógicas estão disponíveis na internet. JORNAL DE BRASÍLIA 03/06/13 00 BRASIL JORNAL DE BRASÍLIA 03/06/13 00 MUNDO UNICEF Criança com deficiência sofre com exclusão Continua Continuação 03/06/13 JORNAL DE BRASÍLIA 03/06/13 00 CIDADES DESTAKjornal (DF) 03/06/13 00 BRASÍLIA Agência BRASIL ECONÔMICO http://www.brasileconomico.ig.com.br 03/06/2013 Pesquisa : Finep temR$ 30mi para universidades A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) divulgou edital com chamada pública, no valor de R$ 30 milhões, para propostas de modernização e recuperação da infraestrutura física de pesquisa em universidades estaduais e municipais, exigindo igual quantia como contrapartida dos estados. O prazo para envio de propostas é 31 de julho e a divulgação do resultado está prevista para dezembro. ABr 05/06/13 00 PÁGINAS AMARELAS Nuno Crato Contra a demagogia na escola Um dos grandes divulgadores da ciência, o ministro da Educação de Portugal diz que uma turma entusiasta do politicamente correto está deixando de lado o conteúdo e o mérito O matemático Nuno Crato, 61 anos, notabilizou-se por divulgar e traduzir para o cotidiano os grandes teoremas e equações — trabalho que o fez merecedor do cobiçado European Science Award, em 2008. Há dois anos como ministro da Educação e da Ciência em Portugal, ele comanda hoje uma radical reforma no ensino que se baseia em metas, avaliações e mérito. Mesmo antes, Crato já era figura conhecida e muito discutida por seus colegas da educação. É do ministro o livro O "Eduquês" em Discurso Direto: uma Crítica da Pedagogia Romântica e Construtivista — em que disseminou o termo "eduquês” para se referir à linguagem empolada e vazia adotada por uma ala de educadores. Lisboeta que adora o Brasil, Crato falou a VEJA em uma de suas visitas ao país. O senhor provocou debate acirrado entre educadores do mundo todo ao afirmar que a escola moderna é vítima do “eduquês”. Por que o assunto causou tanto barulho? Minha crítica bate de frente com uma linha muito celebrada nas es- colas de hoje. É uma corrente que dá ênfase excessiva às atitudes e à formação cívica do aluno e deixa em segundo plano o conhecimento propriamente dito. Pergunto: como investir em formação cívica se o estudante não consegue nem ler o jornal ? Vejo vários educadores por aí se perdendo em uma linguagem hermética, dúbia e demagógica — que é o mais puro “eduquês" — para falar sobre seus objetivos difusos para a sala de aula. Essa turma não só resgata como radicaliza teorias do passado para combater práticas na educação que já tiveram sua eficiência amplamente atestada pela ciência. Alguns me acusam de ser insensível ao dizer tais coisas, mas sou um entusiasta do saber científico e desprezá-lo, a meu ver, só prejudica o ensino. Quais boas práticas exatamente essa ala de educadores rejeita? Muitos batem na tecla de que prova faz mal. Acham que ela submete o aluno a um alto grau de stress, sem necessidade. Vão aí na contramão do que afirmam os grandes pesquisadores. Eles já sabem que, ao ser questionada e posta a refletir sobre um conteúdo, a criança consegue absorvê-lo melhor, avançando no conhecimento. Também a disciplina é um ponto em que a condescendência e a leitura enviesada de velhas teorias ofuscam a razão. Esse grupo de educadores admite que o aluno pode ser no máximo incentivado a respeitar a ordem na sala de aula, mas nunca, sob nenhuma hipótese, ele deve ser forçado a fazer isso. Nesse caso, não é preciso de muita ciência para saber que o resultado final será muita bagunça e pouco aprendizado. No Brasil, mais da metade das escolas se define como construtivista. Isso é bom ou ruim? Antes de tudo, é bom esclarecer que, embora muita gente não saiba, o construtivismo de hoje é uma interpretação livre da teoria sobre o aprendizado lançada pelo psicólogo Jean Piaget há um século. Para mim, sua vertente mais radical é um equívoco pedagógico completo. Ela se baseia na ideia de que o professor não passa de um mero "facilitador" do aprendizado — esse um termo muito em voga na linha politicamente correta. Soa bonito, mas é prejudicial ao ensino por derrubar pilares fundamentais. Quais são esses pilares? Um mestre tem o dever de transmitir a seus alunos os conteúdos nos quais se graduou. E, sim, precisa ter objetivos bem claros e definidos sobre o que vai ensinar. É ingênuo achar que o estudante vai descobrir tudo por si mesmo e ao seu ritmo, quando julgar interessante. Quem de bom-senso tem dúvida de que, se a criança puder esperar a hora que Continua 05/06/13 Continuação bem lhe apetecer para mergulhar num assunto, talvez isso nunca aconteça? A neurociência vem mapeando os caminhos que a informação percorre no cérebro de uma criança até ser assimilada. As escolas já começaram a fazer uso desse conhecimento? Infelizmente, a grande maioria passa ao largo dessas descobertas. E isso as mantém congeladas no tempo, aferradas a pensamentos anacrônicos. A neurociência descobriu que é possível acelerar, e muito, o aprendizado de uma criança à base de incentivos permanentes. Isso tromba de frente com os principais postulados de Piaget. Ele acreditava que o processo de retenção de conhecimentos se dava por etapas muito bem definidas, divididas segundo as faixas etárias. Muitas escolas ainda se fiam nisso e perdem grandes oportunidades de fazer seus alunos dispararem. Outro problema comum é a demonização da decoreba por essas correntes que se autoproclamam modernas. A memorização não é descartável como querem fazer parecer. Em que medida memorização pode ser útil? a Embora o construtivismo ingênuo pregue que a memorização prejudica a compreensão, os cientistas afirmam o contrário — que ela é essencial ao aprendizado. Isso porque tem o papel de automatizar certos raciocínios, ajudando justamente a fazer pensar melhor sobre questões mais relevantes e complexas. Numa operação básica de soma ou de subtra- ção, por exemplo, a criança não precisa a cada nova conta parar para refletir sobre por que passa o número 1 para cá ou para lá. Seria um desperdício de energia valiosa, que pode ser bem despendida nos desafios que verdadeiramente interessam. Afinal, o que deve ser memorizado por uma criança? É importante decorar a tabuada, o nome e a localização de certos rios e cidades e as datas mais importantes no curso da história, ainda que elas não sejam precisas. Não há como o estudante não saber, no mínimo, que a Independência do Brasil aconteceu no século XIX ou que Aristóteles viveu antes de César. Se ele se recusa a ter esses marcos básicos na cabeça acha que pode sempre associar os fatos para chegar a uma resposta, está perdido. A experiência deixa claro que uma pessoa passa a fazer conexões cognitivas de muito mais qualidade e valor quando já detém um bom repertório de conhecimentos elementares. Não é preciso relacioná-los com o universo todo o tempo inteiro. Um pensamento muito em voga nas escolas modernas é o de que a criança só aprende de verdade aquilo de que ela realmente gosta. 0 senhor concorda? Esse é um pensamento limitado. Veja o caso da leitura. Muitos educadores acham que para ler bem a criança precisa, antes de qualquer coisa, ser despertada para o gosto pela literatura. Só assim ela lerá muito e ganhará fluência, dizem. A neurociência lança uma luz interes- sante sobre essa questão, colocando-a exatamente ao avesso. Ela mostra que ter fluência na decodificação dos grafemas é crucial para ler bem. Em resumo: tem de se ler muito, mesmo sem gostar. O treino precisa ser permanente, exaustivo. Quanto mais automática se tomar a leitura, mais chances ela terá de ser prazerosa. O senhor se notabilizou pela divulgação da matemática, a mais temida e odiada de todas as disciplinas escolares. Que caminhos sugere para tomá-la mais atraente? A fórmula que eu defendo não tem nada de mirabolante. A maior pane dos estudantes repudia a matemática porque não consegue ultrapassar os obstáculos que ela vai colocando pelo caminho. Eles não entendem bem os conceitos, mas, ainda assim, o professor faz com que avancem na matéria. Assim, deficiências elementares acabam ficando para trás. É uma bola de neve. Numa disciplina como história, mesmo sem ter assimilado toda a narrativa sobre a colonização no Brasil, o aluno pode se embrenhar pelo capítulo da Revolução Industrial na Inglaterra. Mas na matemática não é possível progredir sobre uma base frágil e cheia de lacunas. Nessa área, o conhecimento é cumulativo — um depende do outro. Sem dominar a aritmética, não dá para passar à trigonometria. Se isso acontecer, e acontece muito, o estudo vai se tomar improdutivo e frustrante. O que falta então para um bom ensino da matemática? Continua Continuação Organização do conteúdo por parte dos professores e muito treino do lado dos alunos. O ensino deve ser progressivo, sem pular etapas e sempre reforçando o mais básico. Se for preciso, que se volte ao início. As sociedades hoje frequentemente não valorizam o conhecimento rigoroso, aquele que exige método, empenho e exercício para ser bem sedimentado. Acham que as crianças vão acabar aprendendo matemática por osmose. Mas elas não aprendem. As avaliações costumam ser impiedosas ao escancarar as deficiências. Na maioria das disciplinas, o aluno pode chegar à resposta certa por aproximação, mas na matemática é diferente. Não canso de repetir que também os pais têm um papel importante aí. No lugar de enfatizar a aversão aos números, eles devem, isto sim, reforçar a ideia de que a matemática é essencial para o crescimento de qualquer pessoa em qualquer área. Também podem falar aos filhos sobre a importância do esforço e do treino mental. Enfim, devem ajudar a consolidar em casa o valor e o hábito do estudo. Currículos muito detalhados costumam suscitar resistências por parte de educadores que se dizem tolhidos em sua liberdade de ensinar. 0 senhor concorda? Sempre aparece uma turma para empunhar a bandeira da liberdade do aluno, dizendo que ele deve aprender sem as amarras de um currículo. Esse pessoal sustenta ainda que os currículos são um limitador da aula porque podam as asas do professor. Felizmente, em Portugal, são uma minoria. É verdade que, as vezes, o 05/06/13 diálogo fica duro com os sindicatos. Reconheço seu papel de brigar por melhorias para sua própria classe, mas nem sempre eles têm colocado as questões fundamentais e inadiáveis do ensino à frente das outras que pouco interessam à sociedade. modelo de gestão da educação do século XXI ainda faz lembrar muito o velho sistema soviético, em que um comitê central concentra todas as decisões. As escolas públicas precisam de mais autonomia para atrair os melhores cérebros e avançar mais rapidamente. Que resultados a implantação da política de reconhecer e premiar as melhores escolas tem alcançado em seu país? A falta de dinheiro é sempre citada como um fator que impede a melhoria do ensino. 0 senhor concorda? As boas escolas recebem mão de obra extra de qualidade para que ajudem a consolidar o ensino de alto nível. Essas escolas conseguem assim dar reforço a alunos com mais dificuldade e apoiar os que estão prontos para evoluir em um patamar mais avançado. Sim, os alunos são diferentes entre si e por isso mesmo devem ser tratados de forma diferenciada. A utopia do igualitarismo, essa que muitos na educação defendem, só seria possível num único e não desejável cenário — aquele em que todos são medíocres. Esse é ainda um tabu. Dizer que uma criança precisa de um apoio especial não significa que ela será excluída. Num outro espectro, os ótimos alunos também não devem ser escondidos, mas, sim, radicalmente incentivados a seguirem frente. É um fundamento básico da meritocracia, de eficiência provada no setor privado. Acho que nossos desafios dependem menos de dinheiro e mais de objetivos claros, ambiciosos e de organização. Para avançarmos, precisamos formar mais e mais engenheiros, médicos e cientistas. As crianças devem ser despertadas desde cedo para o interesse por essas áreas. Não será à base do velho e empolado "eduquês" que conseguiremos dar o grande salto. Que princípios empresariais uma escola poderia adotar? Toda escola pública deveria poder escolher quem contrata e quem demite, com base no mérito. É o que planejo para os próximos anos em Portugal. Visto como um todo, o Portugal ocupa apenas o 27° lugar entre os 65 países do ranking mundial de ensino da OCDE Qual é a estratégia para melhorar? As escolas portuguesas sempre se basearam em recomendações pedagógicas mais gerais e amplas do que propriamente em objetivos claros e organizados. Estou mexendo justamente ai, ao sistematizar metas de aprendizado ano a ano, matéria a matéria, no detalhe. Ter metas para a sala de aula é crucial para orientar não só os professores como também os próprios pais. Sim, porque, bem informados sobre os objetivos da escola, eles podem ir lá cobrar se um determinado conteúdo foi mal dado ou ficou para trás. 05/06/13 00 Brasília Saber moderno Depois de receberem um aumento salarial que os colocou no topo da remuneração da categoria no País, os professores da rede pública de Brasília vão ganhar, até as férias de julho, três mil tablets com conteúdo pedagógico para o ensino médio. O MEC ajudou na compra. RICARDO BOECHAT 05/06/13 00 COMPORTAMENTO A escola de 2014, 2016 e 2018 Jogos, conteúdos colaborativos e aplicativos para celulares estão revolucionando as salas de aula no Brasil, onde 72% dos estudantes já têm acesso à internet. Saiba como a tecnologia vai transformar o modo de ensinar e aprender nos próximos anos A REALIDADE DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO por Rachel Costa TRANSFORMAÇÃO O colégio Santa Izildinha, em São Paulo, foi um dos primeiros do País a adotar o Sistema UNO, que substitui livros e cadernos por tablets. A professora Cleonice Duarte já percebe a melhora nos resultados de seus alunos O acesso a computadores e celulares no ambiente escolar brasileiro experimentou uma vertiginosa ampliação na última década. Em 2005, apenas 35,7% dos estudantes tinham acesso à internet, segundo dados do IBGE. Hoje, o índice é de 72,6%. Essa invasão das tecnologias da informação e da comunicação está revolucionando a maneira de ensinar e aprender. Jogos, conteúdos colaborativos e redes sociais acadêmicas começam a entrar nas salas de aula. Nos próximos cinco anos, a transformação deve se disseminar a tal ponto que o giz e o quadro negro parecerão peças de museu. Testes por SMS, softwares sofisticados, em especial para tablets e smartphones, e aplicativos capazes de organizar as informações de acordo com as características do estudante serão a regra nas escolas brasileiras. Continua Continuação É claro que apenas equipamentos e material didático atraente não garantem a qualidade no ensino. “A mudança definitiva passa por transformações profundas no modo de agir, pensar e gerir a educação e as escolas”, diz Maria Teresa Lugo, coordenadora de projetos do Instituto Internacional de Planejamento da Educação, órgão ligado à Unesco. Uma nova tendência é a elaboração conjunta de conhecimento. A internet, além de facilitar o acesso a conteúdos, simplifica a troca e a produção de informação e saber. “As pessoas são naturalmente colaborativas e exercícios pedagógicos que promovem o aprendizado dessa forma são comprovadamente benéficos”, avalia Adeline Meira, pesquisadora no Centro de Excelência para o Ensino e Aprendizado da Universidade do Texas. A ajuda mútua vale tanto para o aluno quanto para os professores. “Não saberia dar aula se tivesse que escrever tudo sozinha”, admite a professora de tecnologia educacional Verônica Martins Carnata. Onde ela leciona, no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, existe uma rede para que os docentes possam compartilhar seus planos de ensino, mostrando aos colegas o que deu certo na sala de aula. “É como se eu pegasse um livro de receitas que só tem fórmulas testadas por conhecidos”, diz Carnata. “O mundo hoje é colaborativo, e nós temos de nos adaptar.” Outro modelo interessante para aproximar a comunidade escolar são as redes sociais acadêmicas. Um exemplo é a Koiné, que possui mais de 12 mil usuários e interliga todas as unidades de educação do Siste- 05/06/13 ma S (como Senai e Senac). A rede serve de mural virtual para a comunicação entre a direção e os estudantes, de ponto de encontro entre alunos de um mesmo curso e para a realização de tarefas em conjunto. “Às vezes temos uma dúvida e não sabemos resolver entre os conhecidos, mas, se colocamos na Koiné, fica mais fácil, porque um aluno do mesmo curso que o nosso, mas de outro Estado, pode saber e nos ajudar”, diz Thaís Dias, 19 anos, aluna do Senai de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Muitas iniciativas têm surgido ao redor do mundo com o desafio de testar essas fronteiras entre tecnologia e pedagogia. Uma delas, que desembarcou no início do ano no País, é o Sistema UNO, projeto educativo do grupo espanhol Santillana. Após atingir a marca de 420 escolas apenas no México e dezenas de outras na Argentina, no Equador, na Colômbia, em El Salvador e na Guatemala, o sistema mira agora no maior mercado de educação da América Latina: o Brasil. As mudanças na rotina já são evidentes nos colégios que o adotaram: em vez de cadernos e livros, os alunos pas- sam a carregar tablets e o currículo passou a ser bilíngue, com grande ênfase no ensino do inglês. “O interesse dos estudantes é muito maior com os novos recursos disponíveis”, conta a professora Cleonice Rodrigues de Sousa Duarte, do colégio Santa Izildinha, em São Paulo, um dos pioneiros na adoção do Sistema UNO no Brasil. As novas tecnologias também modificam a relação entre mestre e aluno, dando cada vez mais protagonismo aos estudantes. “O professor que sabe tudo não existe mais”, diz a coordenadora do curso de programação de jogos do Núcleo de Estudos Avançados em Educação (Nave), do Rio de Janeiro, Érika Pessoa. No colégio técnico, jovens entre 15 e 17 anos são postos diante do desafio de transformar em games algumas das matérias estudadas no ensino médio. “O que usei no jogo, nunca mais esqueci”, conta Carolina Rosa, 17 anos, que desenvolveu um game sobre reciclagem de materiais, conteúdo que viu nas aulas de biologia e agora será usado por outros estudantes da rede pública do Rio. Um estudo da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) Continua Continuação mostra que o uso desse tipo de recurso melhorou em mais de 30% o desempenho dos alunos nas aulas de física e matemática. Quando analisados aqueles estudantes com pior rendimento, a diferença na nota foi ainda maior – o avanço foi de mais de 50%. “Percebemos uma maior motivação entre os alunos porque eles conseguem ver que aquilo faz mais parte do cotidiano. É mais fácil falar de análise combinatória se ele vê isso em um game, estampado em combinações de roupas possíveis para uma bonequinha”, exemplifica o professor Sílvio Fiscarelli, um dos responsáveis pelo estudo. Os resultados positivos têm motivado cada vez mais o desenvolvimento de ferramentas e de conteúdos para as salas de aula. Uma das áreas que têm estado de olho nas oportunidades são as start-ups, pequenas empresas de tecnologia responsáveis por desenvolver grande parte das inovações que chegam todos os dias ao mercado. Um bom exemplo é a Geekie, uma plataforma para a personalização de conteú-do criada por dois brasileiros que se conheceram nos Estados Unidos. O foco atual está na preparação dos alunos para o Enem, mas o objetivo dos criadores é, em um futuro próximo, ampliar os usos da plataforma no sistema de ensino. “Usamos uma tecnologia parecida com a usada pelo Google, pelo Faceebok e pela Amazon, só que dirigida à educação”, explica Claudio Sassaki, um dos fundadores da Geekie. “Conforme a pessoa interage com a plataforma, vai descobrindo qual é o seu perfil.” Assim, toda vez que um aluno responde a uma das questões do si- 05/06/13 mulado, o sistema define, de acordo com os erros e acertos do usuário, quais são as áreas em que ele tem bom desempenho e quais precisam de um reforço. O diagnóstico pode ser usado tanto pelo próprio estudante quanto pelo professor, que tem acesso aos resultados individuais e a um panorama geral da classe. Giovana Batista, ex-aluna do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, aproveitou as dicas do programa para ajustar seus estudos e garantir uma vaga na universidade. “O relatório me mostrou que eu precisava estudar mais geometria. Dei mais atenção à matéria e isso foi ótimo, porque caíram várias questões no vestibular”, conta. “Queremos agora ampliar o uso do software não apenas para os simulados, mas para exercícios em geral. Assim, à medida que o aluno for resolvendo as questões referentes ao que tem de estudar, o programa será capaz de identificar seus pontos fracos e sugerir a que e como se dedicar”, diz Eduardo Tambor, diretor de planejamento do Colégio Bandeirantes. E há ainda muito mais por vir. Em um experimento da Universidade de Durham, no Reino Unido, as cartei- ras tradicionais foram substituídas por outras digitais, com telas sensíveis ao toque. “Elas têm a vantagem de reunir os estudantes ao seu redor para visualizar e trabalhar sobre um mesmo conteúdo. Como não há o obstáculo dos monitores, a capacidade de interação fica muito maior”, disse à ISTOÉ a pesquisadora Emma Mercier, uma das realizadoras do projeto. Testadas por cerca de 100 alunos, as mesas digitais foram capazes de aumentar razoavelmente o rendimento dos estudantes quando comparados aos seus colegas que realizaram atividades semelhantes no cenário tradicional, com lápis e cadernos. No ambiente digital, a ampliação do repertório de expressões numéricas foi de 43%, contra 16% no grupo exposto à sala de aula convencional. “A tecnologia permite fazer coisas que são impossíveis sem ela, como realizar simulações e compartilhar conteúdos produzidos pelo estudante em uma tela vista por todos”, diz Emma. É a revolução acontecendo em tempo real. Colaborou: Laura Daudén Fotos: Kelsen Fernandes; Gabriel Chiarastelli Fotos: Masao Goto Filho /ag. Isto É Continua Continuação 05/06/13 02/06/13 00 METRÓPOLE Precisamos melhorar impacto das pesquisas e número de patentes ANÁLISE:Roberto Leal Lobo Na última década, várias organizações vêm divulgando rankings internacionais de universidades baseados em diferentes indicadores, como a produção científica relevante, o porte da instituição e a presença de professores e ex-alunos agraciados com premiações, a internacionalização ou até a presença na mídia ou na web. Alguns gestores universitários consideram que os rankings não significam muito porque são baseados em critérios voltados aos países líderes. No entanto, os diferentes rankings podem dar informações não só sobre o reconhecimento internacional das universidades como oferecer instrumentos de análise para identificar, estatisticamente e de forma comparativa, as principais características das universidades. Nesses rankings, as universidades brasileiras não vinham se destacando proporcionalmente a outros dados brasileiros, como o PIB e a produção científica. No entanto, nota-se uma paulatina melhoria da colocação de várias de nossas universidades em praticamente todos os rankings. Um exemplo é a 6ª posição mundial alcançada agora pela USP na área de Ciências Agrárias no University Ranking by Academic Performance (Urap). É fato que precisamos melhorar o impacto de nossas publicações e transformar conhecimento em inovações e patentes para aumentar nossa competitividade internacional. A análise dos rankings pode ajudar. É EX-REITOR DA USP, PESQUISADOR E CONSULTOR DE ENSINO SUPERIOR CORREIO BRAZILIENSE 02/06/13 OPINIÃO 00 Educação para o trabalho » JOSÉ PASTORE Professor de relações do trabalho da Universidade de São Paulo e membro da Academia Paulista de Letras Participei em 29 de maio de rico seminário realizado em Brasília que buscou encaminhar soluções para tornar o ensino profissional mais efetivo para os jovens, as empresas e a sociedade em geral. O evento foi patrocinado pela CNI/Senai e pela Consultoria McKinsey, que apresentou amplo diagnóstico do quadro atual e sugestões de mudanças. No campo do ensino profissional, há um sério desencontro: professores e alunos acham que ensinam e aprendem bem enquanto empresários se queixam da má qualificação dos jovens. Esse desencontro não surpreendeu, pois são inúmeros os casos em que as vagas não são preenchidas por falta de capacitação, assim como muitos jovens lamentam não encontrar trabalho, apesar de se sentirem acima da média em termos de formação escolar. Nesse ponto, me perguntaram: de onde vem o desencontro? O que as empresas esperam dos candidatos? Alinhei algumas respostas que compartilho com os leitores. O mercado de trabalho está muito exigente. A empresa moderna busca quem seja capaz de dar respostas e não apenas quem ostenta este ou aquele diploma. Nos processos de recrutamento, conta muito mais a capacidade de pensar do que uma avalanche de informações. Além disso, observase ter acabado a dicotomia entre especialistas e generalistas, porque a empresa moderna espera que o candidato tenha experiência e bom domínio da profissão, e que saiba usar o bom senso, tenha lógica de raciocínio, seja capaz de escrever claramente e entender o que ouve e lê, sabe trabalhar em grupo, domina a linguagem da informática etc. Parte desses atributos se aprende na escola profissional ou nas universidades, mas outra parte se aprende na escola fundamental e média. Esse é o caso da aprendizagem da linguagem, da matemática e das ciências que ajudam na formação do bom senso e da lógica de raciocínio. Além disso, as empresas modernas esperam que o candidato goste de fazer o que faz, tenha zelo no uso das máquinas e equipamentos e saiba respeitar os colegas e os superiores. A cada dia que passa aumenta a importância dos fatores atitudinais para a conquista e a preservação do emprego, assim como para a ascensão na carreira. As empresas gostam quando os profissionais entendem que, nos dias de hoje, o seu emprego depende mais dos consumidores do que dos gestores e dos proprietários da firma em que trabalham. Sim, porque, para manter o emprego, é essencial atender o que os consumidores desejam em matéria de qualidade, preço, pontualidade, atendimento na pós-venda. Tudo isso requer competência profissional e condutas adequadas, além de demandar empenho, persistência e paciência. Para esse novo mundo do trabalho, já não basta ser adestrado. É preciso ser educado, e bem educado, porque, no adestramento, a pessoa aprende a fazer uma tarefa que é executada pelo resto da vida. As novas tecnologias, entretanto, estão entrando na produção a uma velocidade irreconhecível, o que exige grande capacidade de apreender continuamente, o que só pode ser garantido pela educação que transmite ao profissional os atributos acima indicados. Ou seja, vivemos um tempo em que a história corre muito depressa. Toda vez que isso ocorre, abrem-se inúmeras situações para os seres humanos se aproveitarem das novas oportunidades. Ao mesmo tempo, criam-se enormes desafios para as escolas que seguem o ritmo cadenciado que é próprio do ato de ensinar e aprender. Esses desafios vêm se apresentando em todas as partes do mundo, o que dirá em um país como Continua Continuação 02/06/13 o Brasil, que ainda carrega deficiências profundas em todo espectro educacional. Li uma constatação espantosa no valioso trabalho Anuário brasileiro da educação básica 2013, segundo a qual “apenas um quarto da população brasileira é considerada plenamente alfabetizada” (pág. 71). Uma calamidade! A nossa caminhada é longa e terá de ser vencida com foco, objetividade e estímulos adequados para alunos, professores e gestores da educação. No campo do ensino profissional, quanto maior for o entrosamento entre as empresas e as escolas, maior será a probabilidade de se motivar os estudantes, ter foco e objetividade e valorizar os mestres e os diretores de escolas na direção correta. Essa foi uma das principais conclusões do referido seminário. CORREIO BRAZILIENSE 02/06/13 00 CIDADES - MARCAS & NEGÓCIOS IESB Qualidade com reconhecimento internacional ideia que deu origem à nova campanha publicitária da faculdade. Há 15 anos, uma das instituições de ensino mais reconhecidas da cidade começou a escrever sua história. Hoje, com trabalhos direcionados à formação de cidadãos para o mundo, o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) conquistou reconhecimento internacional como centro de excelência em educação. A diretora, Eda Coutinho Barbosa Machado, conta que o principal objetivo da instituição é proporcionar um ensino de excelência, em que “teoria e prática caminham juntas” na formação de profissionais capacitados e completos para o mercado de trabalho. De acordo com Eda, o projeto inicial do Iesb foi escrito em cima de dizeres do grande cientista Albert Einstein: a imaginação é mais importante que o conhecimento – “Sempre fui a favor de um ensino sem decoreba, em que os alunos pudessem imaginar e correr atrás das suas curiosidades para crescer com interesse pelas áreas a serem exercidas. A partir do estímulo à imaginação, conseguimos explorar a criatividade de cada indivíduo, aumentando sua motivação pelo aprendizado”, explicou a diretora. Algumas medidas que ganham destaque sobre esse novo método de ensino são os laboratórios de última geração, com 280 computadores da Mac; e salas com ambientes de estudo dispostas de forma diferenciada, que auxiliam à integração e ao trabalho em equipe; incentivo ao intercâmbio; além de projetos voluntários. “Todas as iniciativas trazem soluções e resultados importantes para a formação do profissional que inserimos no mercado de trabalho. Afinal, estamos criando pessoas para o mundo”, avaliou Eda. Em ano de comemoração, a diretora afirma que o Iesb traçou focos de investimentos importantes para o crescimento contínuo da instituição, tanto em qualidade de ensino quanto em estrutura para atender bem os estudantes: “Este ano, investimos cerca de R$ 7,5 milhões em compra de computadores, modernização de softwares importantes para os cursos, atualização do centro de tecnologia da informação (TI) e na acessibilidade dos alunos à internet, a fim de agilizar a conexão”, adiantou. Outro investimento que chama a atenção é a construção do terceiro prédio no Iesb Centro-Oeste, câmpus localizado em Ceilândia. Hoje, com a oferta de 43 cursos de graduação e 23 na pósgraduação, o Instituto de Educação Superior de Brasília tem cerca de 13,5 mil alunos na graduação, 600 na pós, e 2 mil no ensino a distância. "Todas as iniciativas trazem soluções e resultados importantes para a formação do profissional que inserimos no mercado de trabalho. Afinal, estamos criando pessoas para o mundo" Eda Coutinho Barbosa Machado, diretora do Iesb CORREIO BRAZILIENSE 02/06/13 00 REVISTA DO CORREIO Amar se aprende amando Em dezembro passado, foi aprovada no Congresso a chamada Lei Berenice Piana, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), batizada em homenagem a uma mãe do Rio de Janeiro. A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que garante, entre outras coisas, que gestores escolares sejam punidos caso recusem um aluno com autismo em sua instituição, e dá ainda atendimento preferencial em bancos e repartições públicas, além de reserva de vagas em empresas com mais de 100 funcionários. Toda mãe ou pai quando chama o filho espera que ele responda. Se pede um abraço, quer receber. Se dá a bochecha, quer de volta um beijo. Carinho não é algo que se ensina ou aprende. Ele vem. O autismo, entretanto, é a exceção que desafia a regra. Principalmente, nos primeiros anos que se seguem ao diagnóstico — quando a criança ainda está recolhida em seu mundo — e em casos de autismo severo, é comum que a falta de contato visual, a aversão ao contato físico, o semblante sério, e o olhar um pouco perdido deixem angustiados a maioria dos pais e familiares. “É agressivo”, resume Evellyn, mãe de Stella, de 6 aninhos. “Imagina você trazer um presente para o seu filho e ele nem dar bola? O autismo dá uma sugada nessa parte Para Simone e Marco Antônio, pais de Vinícius, 5 anos, primeiro veio a negação, depois a aceitação e, agora, é hora de agir emocional, sim. Você dá e não recebe. Começa a se perguntar se um dia vai ouvir um ‘eu te amo’. Parece besteira, mas para pai e mãe é importante. No começo, a gente precisou muito aprender a lidar com isso”, complementa o escritor Paiva Junior, pai de Giovani, 6 anos. O comportamento um tanto quanto distante e o isolamento quase total foi o que ajudou a criar no inconsciente das pessoas a ideia de que a criança com autismo é fria e desprovida de amor. “É mentira!”, protesta Emanuelle Vieira, psicóloga da Associação dos Amigos dos Autistas do DF, respaldada pelas mães da associação. Chegar a esse consenso, no entanto, nem sempre é um caminho fácil mesmo para pais, e envolve principalmente aprender a interpretar as sutilezas que a criança — e o adulto — demonstram. “Assim como deciframos olhares que são capazes de nos destruir, como os de zombaria e raiva, também devemos ter a sensibilidade de reconhecer o olhar carinhoso, de amor e de reprovação de uma criança autista. Pode ser difícil, mas, ainda assim, é possível”, incentiva a psicóloga. Porém, conviver tão de perto com o autismo envolve mais do que apenas interpretar olhares. Passa também por fazer escolhas, rever planos, repensar a rotina. Há dois anos, Evellyn decidiu largar o emprego para se dedicar ao acompanhamento da filha. Marisa já Continua Continuação desistiu de um doutorado na Alemanha para continuar cuidando de perto de Marco Antônio e Margareth, embora não tenha feito nenhuma mudança radical na carreira, nem se lembra qual foi a última vez que saiu com a família para almoçar em um restaurante por causa dos olhares impacientes e do comportamento do caçula, autista clássico. O mesmo com Rosângela: “A gente acaba vivendo em função deles”. Todos eles, pais e mães, são defensores ferrenhos do amor que sentem pelos filhos, dos seus direitos e das opções que fizeram do diagnóstico até aqui, mesmo entre erros e acertos. Concordam, no entanto, que amar o filho autista não é o mesmo que amar o autismo. Em março passado, o jornalista Luiz Fernando Vianna, pai de um menino autista de 12 anos, publicou um artigo-desabafo sobre o assunto em um jornal brasileiro. “O politicamente correto também quer nos forçar a dizer que é muito legal ter filhos com determinados problemas, como se isto nos tornasse seres humanos melhores”, escreveu, na época. O texto levantou alguma polêmica. Mobilizou demonstrações de empatia e de crítica, mas foi a forma que ele encontrou de expor, sem poesia nem floreios, o que é, de fato, criar um filho autista. “Tem gente que gosta de falar que é uma bênção, uma missão… Não é uma bênção não. É uma droga ver seu filho sofrer, sofrer com ele. Acho um saco esse discurso de ‘que bom que eu tenho um filho autista’. É claro que eu 02/06/13 preferia não ter um filho autista. Mas já que eu tenho, vamos lá, vamos fazer o que podemos”, justifica Vianna. Não são poucas as mães que, em algum momento da jornada, se apegam à justificativa da “missão” para minimizarem sua dor. Foi assim com Rosângela, por exemplo. “Era uma forma de eu me enganar. De achar que eu tinha sido escolhida de alguma forma, mas a verdade é que eu não queria ter um filho autista. Eu amo meu filho. Mas é difícil e ponto”, frisa a mãe. “Quem ama autismo é psicólogo, psiquiatra, gente que lida com isso porque quer, porque escolheu. Nós, mães, não escolhemos. Somos obrigadas”, faz coro Hélcia, mãe de Mário Alberto. “Parece uma espécie de avesso do luto”, reflete Vianna. “Primeiro, você não aceita. Depois, troca o discurso. Aceita tanto que passa a fazer a linha ‘eu posso tudo, eu sou o pai perfeito’. A verdade é que existem momentos dificílimos. E acho que assumir essa dificuldade é um passo importante para você conseguir lidar com isso”, continua. As estereotipias são comportamentos repetitivos presentes em pessoas com autismo. Podem envolver o movimento de pêndulo com o tronco, girar em torno de si mesmo, passar a mão por horas em uma determinada textura ou andar na ponta dos pés. Um dos mais comuns é o chamado flapping de mãos, em que o autista sacode as mãozinhas na altura dos ombros. Embora longa e exaustiva, a luta pelo diagnóstico é apenas o começo da jornada. É depois que vem a culpa, o preconceito, a compreensão das limitações e das possibilidades da criança e, sobretudo, o exercício, às vezes, sobre-humano de tentar compreender o universo em que ela vive e até onde ela pode ir. É nessa fase que famílias se afastam, casamentos terminam, o medo — de sair na rua, do julgamento, do tratamento, do futuro — aparece, e que mães e pais mais frágeis caem em depressão. Quando soube do diagnóstico de Stella, por exemplo, Evellyn e o marido foram parar no consultório de um psicanalista, o primeiro a propor algum tipo de acompanhamento para a menina. “Eu saí de lá arrasadíssima. Pior do que eu saí do consultório médico quando recebi o diagnóstico”, lembra a mãe. “Porque de um jeito muito sutil, ele deu a entender que a culpa podia ser minha.” Se a psicanálise foi muito usada no passado para a compreensão do problema, ela é bem menos difundida hoje entre os especialistas no assunto do que a terapia comportamental, por exemplo, focada muito mais em dar independência à criança e estimulá-la a interagir com o mundo aqui fora do que propriamente encontrar a origem do problema. “Algumas mães já chegam aqui culpadas”, diz o psicanalista Cássio Zambellini, que há anos recebe crianças com autismo em seu consultório. “Mas a questão não é mais procurar de quem é a culpa. É Continua Continuação ajudar os pais a se envolverem no tratamento. Se toda vez que eles olharem para a criança, eles tiverem esse sentimento de culpa, a coisa não anda”, sublinha. Controvérsias à parte, a culpa, ainda hoje, persegue a maioria das mães de crianças com autismo. “É muito injusto”, protesta Marisa, mãe de Marco Antônio e dona da história que abre esta reportagem. “Você espera um filho de um jeito, vem de outro, você tem que fazer o luto de um para aceitar o outro e você ainda ser culpada?”, questiona. A visão da mãe, aqui, se mistura com a da psicóloga. “Eu entendo que Kanner (Leo Kanner, o psiquiatra que descreveu o distúrbio pela primeira vez) tenha feito essa abordagem. Era preciso que se começasse por algum lugar e ele começou pela mãe. Mas isso foi nos anos 1940, isso ficou para trás e tem gente que não acorda”, desabafa. Superar a culpa foi a primeira tarefa dos quatro meses de luto que Evellyn se permitiu. Nesse tempo, além das crises de choro, se obrigou a estudar o transtorno da filha, a compreender as suas opções e a escolher o melhor caminho. Depois, foi a hora de contar para a família. “Eu só contei quando já tinha uma solução”, explica. “A princípio, existe sim um certo estranhamento. As pessoas desacreditaram, disseram que ela era saudável, que não tinha nada. Mas depois entenderam e aceitaram numa boa. Hoje, ela recebe o maior carinho e apoio”, conta. 02/06/13 A mesma sorte não teve Marisa. O luto, para ela, envolveu não apenas aceitar que o primogênito talvez nunca pudesse ir a uma faculdade, mas também perder o marido, ver a família se afastar e assumir o controle do tratamento e da vida do filho sozinha. “Para minha família, foi como se eu fosse uma das sete pragas do Egito. Eu fui isolada. O que me restou foi estudar para ver o que eu podia fazer pelo meu filho”, conta. Hoje, Marco Antônio tem contato com o pai e passa alguns fins de semana ao lado dele. A vida de Rosângela Brida, mãe de Leandro, de 32 anos, também lhe guardou suas dificuldades. O marido saiu de casa quando o menino tinha 12 anos e nunca mais deu notícias. Os familiares também lhe deram as costas. Quase 30 anos depois de Rosângela, foi a vez do casal Simone Regina Franco, 42 anos, e Marco Antônio, de 44, escutarem de um especialista que o filho Vinícius, de 5 anos, é autista. Vinícius é um menino esperto, agitado. Corre de um lado para o outro na sala, presta atenção ao desenho na televisão, sorri, folheia livros infantis e brinca normalmente. Aos 3 aninhos, depois de mais de um ano de desconfianças e consultas médicas inconclusivas, foi finalmente diagnosticado autista. Tanto tempo depois das experiências de Marisa e Rosângela, a confusão sentimental que se segue ao momento em que o médico dá a notícia à família não mudou. Se a medicina ainda não chegou a um medicamento específico para autistas — embora existam pesquisas avançadas nesse sentido — que dirá para acudir os pais. Mas, para Simone e Marco Antônio, não foi a culpa o sentimento que veio em seguida. Foi outro tipo de dor, que, de acordo com os especialistas, é tão comum quanto ela nessa fase inicial. “Parece que existe uma reação padrão. Primeiro, você nega. Pensa ‘não, não deve ser’. Em um segundo momento, se revolta. E, finalmente, vê que é isso aí mesmo e o que resta é aceitar e agir”, conta o pai. O momento de vivenciar a perda do filho que até então se acreditava ter, segundo os especialistas, é normal. Só deixa de ser saudável quando passa a atrapalhar o tratamento da criança. “A gente diz que o acompanhamento terapêutico tem três pilares: a criança, a escola e a família. Se a família não conseguir recarregar as energias a tempo e ir atrás do que é preciso, o tratamento acaba comprometido” avalia a psiquiatra Daniela Bordini, da Unifesp, em São Paulo. Superar a perda e começar a olhar para frente demanda, muitas vezes, mais do que vontade própria. A forma como esse diagnóstico chega até a família pode ser determinante também para como a família vai lidar com a notícia. “A gente entende que a comunicação do diagnóstico vai além da informação de que a criança tem autismo”, enfatiza a psicóloga da UFRGS Márcia Semensato. “Envolve também acompanhar o seu estado emocional, o desenvolvimento da compreensão do transtorno, as dúvidas e expectativas sobre os primeiros passos a seguir. Isso tende Continua Continuação a reduzir a sensação de medo e desamparo ao estimular o protagonismo dos pais para lidar com a situação”, complementa. Falar e saber que o seu filho não é o único autista do mundo também ajuda a superar a dor. Nesse intuito, muitos pais acabam se reunindo em grupos de apoio. Para desabafar, trocar informações profissionais, experiências e lutar pelos direitos dos filhos — este em especial um assunto bastante sensível à maioria dos pais, principalmente pela falta de políticas públicas voltadas aos autistas no país. Assim nasceu a Asteca, fundada nos anos 1980 por Marisa com um grupo de pais, a AMA país afora e, aqui em Brasília, o Movimento Orgulho Autista, criado em 2005 por Adriana Alves e o marido, Fernando Cotta, pais de um menino autista hoje com 15 anos. Entre outras linhas de atuação, desde a fundação do grupo, eles promovem o Desabafo Autista, em que, uma vez por mês, pais, familiares e profissionais se reúnem para colocarem seus fantasmas para fora e aprenderem mais sobre o transtorno. “A verdade é que nós, mães, nunca estamos prontas para isso. Ter um filho autista é um luto que nunca acaba. Eu vejo vizinhos meus que viram meu filho nascer virar a cara para ele hoje. Meu filho não é sobrinho, não é neto, não é afilhado. Nós somos pais que resolvemos lutar pelas nossas famílias. E é importante estarmos unidos”, sublinha Adriana. 02/06/13 Meu filho, meu mundo Nem sempre as lutas de pais em favor dos seus filhos autistas se restringem ao ambiente de casa, da escola e dos consultórios onde são atendidos. A de Barry e Samahria Kaufman e de seu filho, Raun, por exemplo, acabou ganhando o mundo numa época em que pouco se falava ou mesmo sabia sobre o autismo. Na década de 1970, Raun foi diagnosticado autista severo com QI abaixo de 40. Os especialistas diziam que ele estaria fadado a uma vida de limitações. Ignorando as perspectivas médicas, no entanto, o casal saiu à procura de uma forma que pudesse aproximá-los do filho ao mesmo tempo em que o aproximava do mundo aqui fora. Eles abandonaram então as opções tradicionais que a psicologia na época oferecia e criaram uma abordagem que enfatiza muito mais a relação interpessoal do que outras habilidades. O método ficou conhecido como Programa Son-Rise. Raun se diz hoje “recuperado” e completamente fora do espectro, possibilidade vista com cautela ainda por boa parte dos especialistas. Ele acabou por se formar em uma renomada universidade americana, a Brown University, e ocupa atualmente o cargo de CEO do Autism Treatment Center of America, em Massachussets, fundado por seus pais. A história da família está contada no filme Meu filho, meu mundo, de 1979. Embora hoje o método seja usado no mundo todo por pais e mesmo profissionais com algum sucesso, há uma nuvem de críticas e ressalvas. Há questionamentos com relação ao diagnóstico inicial de Raun e mesmo sobre a falta de estudos confiáveis que comprovem a eficácia do método. A fotografia como ponte O fotógrafo americano Timothy Archibald se sentia totalmente desconectado do Elijah, que tem autismo, hoje com 11 anos. Quando o menino tinha 5, ele começou a fotografá-lo. O projeto, chamado Echolilia, transformou-se num livro com 43 fotos, no qual registra alguns dos rituais repetitivos do filho, conforme notícia publicada no site da BBC. Segundo o pai, o relacionamento entre os dois mudou completamente depois. “O que aconteceu com Eli e eu é que logo conseguimos uma base, uma história compartilhada. É como quando você sofre um acidente de carro e só você e seu amigo sobrevivem, é criado um vínculo, ocorre uma aproximação”, disse o fotógrafo à BBC. Mais detalhes no site www.timothyarchibald.com/blog 01/06/13 O PAÍS 00 Formulário do Enem causa polêmica com domésticas Mercadante disse que questão deve ser modificada ano que vem, em respeito aos trabalhadores da categoria Leonardo Vieira Quase dois meses após a aprovação da "PEC das Domésticas", que ampliou os direitos trabalhistas da categoria, um questionário aplicado a candidatos que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2013 causou desconforto entre alunos, empregadas do ramo e o Ministério da Educação (MEC). No ato da inscrição, o estudante precisou responder a um questionário socieconômico com itens como a renda mensal familiar e a escolaridade. No entanto, na questão número 7, o candidato deveria assinalar, entre os itens na lista, quais ele possui dentro de casa. Na relação, entre objetos como TV, geladeira, aspirador de pó, automóvel e computador, surge a opção "empregada mensalista". O questionário foi criticado pela categoria: - É um ato discriminatório porque nos reduziu a objetos. Não foi perguntado se na casa do aluno havia pais, filhos ou parentes. Só objetos e as empregadas domésticas. E o mais grave é que quem elaborou esse questionário são pessoas ligadas à educação, formadores de opinião. Será que eles ensinam para as crianças que empregadas são utensílios domésticos? - questiona a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Creuza de Oliveira. De acordo com a a socióloga Maria Salete Souza de Amorim, coordenadora do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a pergunta deveria ter sido feita separadamente: Em nota, o MEC reconheceu o problema. O órgão afirmou que "o ministro Aloizio Mercadante considera que a forma da pergunta que se refere a trabalhadores domésticos é inadequada e vai encaminhar a necessidade de sua adequação, preservando os critérios técnicos, mas garantindo integralmente o respeito àqueles trabalhadores". Já para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Munhoz Alavarse, especialista em questionários socieconômicos, a polêmica seria "exagerada". Mas a pergunta específica sobre empregada mensalista poderia ter sido feita separadamente. O questionário é aplicado aos candidatos do Enem desde 1998. O formulário serve para o MEC avaliar o perfil de quem faz o exame e, com base nisso, elaborar políticas educacionais. - Dentre os itens apresentados, constam apenas objetos, portanto, não cabe o item "empregada mensalista". Seria necessário criar outra questão com outras categorias para inserir essa informação observou. - Não necessariamente isso deve ser interpretado como posse de bens materiais, pois "ter em sua casa" pode assumir no português a ideia de haver, existir, encontrar etc... Como hipótese, poderia haver a alternativa "empregada mensalista" separadamente - sugere Alavarse. 01/06/13 00 O PAÍS Ciência sem Fronteiras abre inscrições na terça-feira Bolsas são para Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Hungria e Japão Na próxima terça-feira, o Ciência sem Fronteiras, programa do governo federal que concede bolsas de estudo no exterior, irá abrir novas chamadas para graduação-sanduíche (parte do curso no exterior) no Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Hungria e Japão. As inscrições ficarão abertas entre os dias 4 de junho e 8 de julho. Os contemplados iniciarão suas atividades nas universidades estrangeiras a partir de meados de 2014. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), os interessados deverão possuir nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) igual ou acima de 600 pontos, em teste realizado após 2009, para participar da seleção. É necessário também ser brasileiro ou naturalizado, estar regularmente matriculado em instituição de ensino superior no Brasil em cursos relacionados às áreas prioritárias do programa, possuir bom desempenho acadêmico e ter concluído 20% do currículo previsto para o curso de graduação. As orientações e os editais serão publicados no site do programa no dia 4. Conforme dados divulgados pela pasta, o Ciência sem Fronteiras já concedeu 41.133 bolsas desde sua criação, em 2011. Desse total, 23.851 alunos foram aprovados em 2012, sendo que mais de 19 mil já estão no exterior. Outros 17.282 candidatos foram selecionados em chamadas este ano. OPORTUNIDADE de trabalho O MEC lançou em abril o Portal Estágios e Empregos, que disponibiliza ofertas no mercado de trabalho para estudantes bolsistas e ex-bolsistas do Ciência sem Fronteiras. O objetivo do portal é promover aproximação do meio empresarial com o ambiente de pesquisa e desenvolvimento e com a própria comunidade científica e tecnológica. Além disso, a intenção é que os estudantes trabalhem na área em que estudam e que atuem em pesquisa e inovação. 01/06/13 00 COTIDANO MEC retira menção a domésticas do Enem Inscrição da prova tem pergunta 'inadequada' bens como rádio e automóvel, o item "empregada mensalista". DE BRASÍLIA O Ministério da Educação vai mudar trecho de questionário preenchido pelos candidatos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), para alterar uma referência a empregadas domésticas que considerou "inadequada". O modelo foi alvo de críticas. "Do jeito como está, parece que somos coisa da casa", diz Creuza Oliveira, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas. Para ela, a inclusão foi um "erro grosseiro", resultado de um estereótipo que persiste. "É preciso começar a mudar isso. Somos uma categoria que contribui para a economia." A inscrição na prova, pela internet, inclui uma série de perguntas sobre o perfil socioeconômico do candidato, como a escolaridade dos pais, o rendimento mensal da família e o que possui em casa. É justamente esse último ponto que será alterado. Entre as opções da pergunta "Você tem em sua residência?" estavam, além de Por meio da assessoria de imprensa, o ministro Aloizio Mercadante disse que a forma da pergunta é "inadequada". A nota informa que será sugerida uma alteração "preservando os critérios técnicos, mas garantindo integralmente o respeito àqueles trabalhadores". 01/06/13 00 RIBEIRÃO PARAGUAI Alunos brasileiros participam de Olimpíada de Matemática DE SÃO PAULO - A 24ª Olimpíada de Matemática do Cone Sul, que será realizada em Assunção, no Paraguai, terá a participação de uma equipe brasileira. O evento acontece entre os dias 4 e 5 de junho. Cada país será representado por uma equipe de até quatro estudantes com, no máximo, 16 anos. Além do Brasil, haverá equipes da Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. Dois professores também integram os grupos. Os brasileiros foram selecionados no ano passado durante a 34ª Olimpíada Brasileira de Matemática. A equipe é composta por dois estudantes de São Paulo, um do Rio de Janeiro e outro de Pernambuco. A última vez que o Brasil ganhou a competição foi em 2010. 01/06/13 00 NOTAS & INFORMAÇÕES O sucesso e os desafios da USP Trabalhando com base numa metodologia semelhante à que tem sido utilizada nas avaliações das melhores universidades do mundo, a QS Quacquarelli Symonds University Ranking - uma organização internacional de consultoria especializada em avaliação de desempenho educacional - voltou a apontar a USP como a primeira classificada na lista das melhores instituições de ensino superior da América Latina. Foi a terceira vez que a USP apareceu na liderança, desde que a QS Quacquarelli Symonds começou a elaborar um ranking específico para a América Latina, em 2011. O primeiro estudo da série comparou o desempenho de 200 instituições da região - e, da lista das 20 melhores, 8 eram brasileiras. O último levantamento comparou 300 instituições - e, da lista das 10 melhores, 4 são brasileiras. Todas elas são públicas. Duas - as Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Minas Gerais (UFMG) - são mantidas pela União. As outras 2 - USP e Unicamp - são mantidas pelo governo do Estado de São Paulo. A terceira universidade paulista - a Unesp - aparece em 11º lugar no ranking da QS Quacquarelli Symonds. Nas três edições desse levantamento, a USP se destacou em todos os indicadores, tais como proporção de professores com doutorado, produtividade de pesquisa do corpo docente, número de matrículas, reputação acadêmica, reputação entre empregadores, número de publicações por professor, citações em estudos científicos, impacto das pesquisas na internet e investimento em tecnologia. O levantamento também avalia o desempenho dos cursos de graduação e pós-graduação, linhas de pesquisa, recursos didáticos, métodos pedagógicos e empregabilidade dos formandos. Aponta, ainda, o grau de internacionalização das universidades latino-americanas e os investimentos que elas têm feito para se converterem em instituições de qualidade mundialmente reconhecida. Com cerca de 58,3 mil graduandos, 13,8 mil mestrandos e 14,6 mil doutorandos, além de 16,8 mil funcionários técnico-administrativos, a USP oferece 249 cursos de graduação e mantém 239 programas de pósgraduação. Seu vestibular é um dos mais concorridos do País - em 2012, inscreveram-se 146,8 mil candidatos. No ano passado, a USP graduou cerca de 7,6 mil estudantes e concedeu 3,5 mil títulos de mestrado e 2,4 mil de doutorado. O corpo docente é integrado por 5,8 mil professores, dos quais 99% têm o título de doutor e 86,6% trabalham no regime de dedicação integral e exclusiva. Com quatro campi na cidade de São Paulo e seis no interior, a USP mantém uma editora, um jornal, revistas, museus, hospitais universitário e veterinário, um cinema, uma orquestra e 56,9 mil - microcomputadores operando em rede. Suas bibliotecas, que foram frequentadas por 2,8 milhões de usuários no ano passado, têm um acervo de 16,3 milhões de volumes. As colocações da USP, Unicamp, UFRJ e UFMG no ranking da QS Quacquarelli Symonds se devem à prioridade que foi dada à pesquisa acadêmica e científica nos últimos anos, por meio do aumento do número de bolsas de estudo e financiamento de projetos, por agências nacionais e internacionais de fomento. Mas, apesar desse sucesso, as quatro universidades brasileiras melhor colocadas no ranking da América Latina ainda estão muito distantes das melhores instituições de ensino americanas e europeias - especialmente nos campos das ciências exatas e de tecnologia. Segundo os coordenadores do levantamento, todas elas apresentam "um baixo desempenho em nível global". Em outras palavras, em matéria de ensino superior o Brasil é apenas um líder de caráter regional, diz o responsável pela pesquisa, Ben Stowe. O País não tem nenhuma universidade entre as 100 melhores do mundo no ranking global da QS Quacquarelli Symonds. A USP, a melhor universidade colocada nessa pesquisa, ficou na 139ª posição. Nossas universidades ainda têm de percorrer um longo caminho para chegar a uma boa colocação no ranking mundial. CORREIO BRAZILIENSE 01/06/13 00 BRASIL ENEM » Doméstica vira objeto em ficha do Enem GRASIELLE CASTRO Mesmo encerradas, as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) continuam e render polêmicas. Após ataque de hacker e instabilidade no sistema, o formulário online para se candidatar ao exame causou desconforto entre as empregadas domésticas. O questionário apresentava uma relação de bens e perguntava quantos dos objetos listados o estudante tem em casa — como geladeira, telefone fixo e aparelho de tevê. Nessa lista de opções, porém, estava o item empregados domésticos mensalistas. O Ministério da Educação reconheceu que a pergunta estava inserida de forma inadequada e que será corrigida na próxima edição do certame. A presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Creuza Maria de Oliveira, ficou perplexa com o questionário. “Trabalhador é um ser humano, não é utensílio da casa, do patrão, da patroa, e merece ser tratado com respeito. A pergunta foi feita como se o trabalhador fosse algo da casa, mas não é. Essa foi uma falha muito grande”, criticou. Para a sindicalista, a pasta errou e discriminou a categoria. “A gente espera que o ministério altere a pergunta e se retrate diante da categoria de mais de 8 milhões de trabalhadores, formada, majoritariamente, por mulheres negras.” Em nota, o ministro Aloizio Mercadante considerou que a forma como o questionário aborda a questão dos trabalhadores domésticos “é inadequada” e que vai “encaminhar a necessidade de sua adequação, preservando os critérios técnicos, mas garantindo integralmente o respeito àqueles trabalhadores”. A assessoria do MEC explicou que o questionário é formulado com base no Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), com o objetivo de mensurar a situação dos participantes por classes sociais. A pasta salienta que o formulário tem o objetivo de ajudar a identificar fatores para entender e explicar o desempenho dos inscritos no Enem. JORNAL DE BRASÍLIA 01/06/13 00 CIDADES Continua 01/06/13 Continuação 31/05/13 00 EDUCAÇÃO Programa começa a inscrever estudantes Agora são 37 vagas para alunos da rede pública O candidato deve ter excelente desempenho escolar, como nas finalistas da edição de 2007 do programa A partir de hoje, estarão abertas as inscrições para a 12ª edição do programa Jovens Embaixadores, intercâmbio estudantil realizado pela Missão dos Estados Unidos da América no Brasil. Para 2014 o programa ampliou o número de participantes de 35 para 37 estudantes brasileiros no Ensino Médio da rede pública. Os candidatos devem ter excelente desempenho escolar, trabalho voluntário, boa fluência em inglês, perfil de liderança e que queiram representar o Brasil como jovens embaixadores em um intercâmbio de três semanas, em janeiro de 2014, nos Estados Unidos. As inscrições para o programa serão efetuadas somente on-line e estarão disponíveis de 31 de maio a 9 de agosto no Facebook dos Jovens Embaixadores. O programa Jovens Embaixadores foi criado pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil em 2003 e, desde 2012, passou a ser reproduzido em todos os países do continente americano. Desde o lançamento, 331 jovens brasileiros da rede pública já participaram do programa. Mais informações sobre o programa, visite o site: Jovens Embaixadores. Valor Econômico 31/05/13 00 ESPECIAL No Norte, vagas ficam abertas em concursos e nas faculdades Por Juliana Elias | De São Paulo O problema da falta de médicos é claramente mais grave no Nordeste e no Norte, onde, em muitos casos, o único acesso à comunidade se dá por vários dias de barco. Mas também nas periferias das grandes cidades, o dilema está presente. Os prefeitos estimaram, em documento ao governo, em 13 mil o déficit de médicos no país, número que não foi preenchido com a criação de incentivos para a atração de profissionais nessas áreas com o Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab), que oferece bolsa mensal de R$ 8 mil e bônus de 10% nos créditos dados pela residência aos médicos participantes do programa. Da criação do programa ano passado até agora foram preenchidas cerca de 3.800 dessas vagas, segundo o Ministério da Saúde. O valor é substancialmente mais alto do que a média de R$ 1.946,91 de salário bruto mensal pago pelas secretarias estaduais de saúde por uma jornada de 20 horas semanais, segundo dados da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Mesmo na saúde privada, a média de salário inicial é de cerca de R$ 4 mil pela mesma jornada, segundo Geraldo Ferreira, presidente da Fenam. "Claro que isso é uma média aproximada para a saúde básica, que chega próximo ao Provab em uma jornada de 40 horas", afirma Ferreira. Na residência, a bolsa paga pelo governo é de R$ 2.861 brutos. "Você pode ficar um ou dois anos no programa e abater os créditos quando for fazer residência. Mas vemos isso com alguma reserva porque a saúde familiar precisaria de um profissional com qualificação maior", afirma Ferreira. No Amazonas, o último concurso público realizado pelo Estado para a chamada de especialistas para o interior, em 2010, ofereceu 134 vagas com salários que iam de R$ 7,2 mil a R$ 19,8 mil, escalonados de acordo com a distância do município. De todos os classificados, apenas 29 apareceram para assinar os contratos. Destes, cinco já deixaram a função desde então. Com 1,1 médico para cada 1.000 habitantes, o Amazonas sustenta o sexto pior índice demográfico do país. "E este número mostra apenas parte do déficit", diz o secretário estadual da Saúde, Wilson Alecrim. "O Amazonas tem cerca de 3,5 mil médicos, mas apenas 450 deles moram e atuam fora de Manaus." Em municípios distantes como Maués, Jutaí e Envira, a rede pública conta com apenas um clínico-geral ou um recém-formado para toda a população, e nenhum especialista, como obstetra, anestesista ou cirurgião. Em Maués, por exemplo, a 258 quilômetros de Manaus, só se chega em 45 minutos de avião ou 18 horas de barco. A falta de atendimento, contudo, não é exclusividade das regiões mais remotas. "Em Porto Alegre, se eu abro vagas para o Hospital das Clínicas ou para o Hospital Conceição, que são nossos melhores, vão surgir centenas de interessados. Mas eu tenho dificuldades em colocar médicos nos bairros mais carentes, como Vila Bom Jesus, Vila Cruzeiro e Lomba dos Pinheiros, que nem são tão distantes do centro", conta José Fortunati, prefeito da capital gaúcha e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos. " Porto Alegre é a quinta melhor colocada, dos mais de 5.500 municípios do Brasil, no IDSUS, e ainda assim nós também temos dificuldades", acrescentou, referindo-se ao índice do Sistema Único de Saúde que classifica as melhores estruturas da rede pública. Clóvis Boufleur, gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança, ONG que dá apoio médico a gestantes e crianças em comunidades carentes de todo o país, pontua não só a falta de estrutura "há a total ausência de serviços como pediatria e obstetrícia em vários municípios", diz - como as consequências para a saúde que isso Continua Continuação provoca. "O maior índice de mortalidade infantil do país hoje é relacionado ao primeiro mês de vida, e o maior índice de mortalidade materna é relacionado ao parto, o que é consequência da falta de atendimento. Muitas gestantes não têm acesso ao pré-natal ou têm que se deslocar grandes distâncias para isso", diz Boufleur. Em 2010, segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), 90,2% das gestantes brasileiras recebiam consultas constantes durante a gravidez, mas dados da Pastoral da Criança mostram que em algumas locais os níveis são africanos: no Acre o prénatal cai para 75,4% das mulheres e, no Amapá, para 78,3%. Entre as piores cidades, estão a fluminense 31/05/13 Valença (79,4%), a amazonense São Gabriel da Cachoeira (51,7%) e a pernambucana Palmares (50,9%) índices similares ao de países como Butão (77,3%); Guiné (50,3%) e Senegal (50%). O país já descentralizou a formação de médicos, mas essa não é, necessariamente, uma solução. Na Universidade Federal do Acre (Ufac), que oferece desde 2002 o único curso de medicina do Estado, são abertas anualmente 40 vagas, número que deve ser ampliado para 80 a partir de 2014. Ainda assim, no vestibular de 2011 para 2012, nenhum dos 40 aprovados apareceu para fazer matrícula. "As 40 vagas foram preenchidas, mas só depois de muitas chamadas", contou o coordenador do curso, Thor Dantas. Foram oito chamadas no total. "Os primeiros colocados passam em outras universidades e são de outro Estado e preferem não vir." De qualquer forma, Dantas entende que, embora ainda incipiente, a criação e ampliação de vagas locais tanto para a graduação quanto para a especialização de médicos é um primeiro empurrão para fixar os profissionais na própria região. "O perfil do médico acriano já está mudando. A maior parte dos especialistas registrados hoje pelo CRM já é de médicos que fizeram residência no Estado. Antes não tinha", contou o coordenador, que se formou em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Eu que optei por voltar depois." (Colaborou Rodrigo Pedroso) JORNAL DE BRASÍLIA 31/05/13 00 CIDADES 30/05/13 PODER 00 Politização torna coleta de provas mais difícil, diz PF Para agentes, embate entre governo federal e oposição atrasa identificação dos boatos sobre o Bolsa Família Pagamento antecipado pode ter estimulado corrida aos bancos, mas ação de telemarketing ainda é alvo de apuração MATHEUS LEITÃO DE BRASÍLIA Estimulada por integrantes do governo e da oposição, a tentativa de politizar a investigação sobre o boato do encerramento do Bolsa Família tem prejudicado as apurações e diligências feitas por agentes da Polícia Federal. Segundo a Folha apurou, os investigadores reclamam, nos bastidores, que o viés político do caso dificulta sobretudo a coleta de provas nos Estados em que houve saques em massa dos benefícios. Instaurado para descobrir a origem da falsa notícia sobre o fim do programa social, que teria causado corrida aos bancos nos dias 18 e 19, o inquérito corre em meio ao acirramento das declarações de conteúdo político. Já no primeiro dia a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) escreveu no Twitter que os boatos "devem" ter sido criados pela oposição ao governo Dilma Rousseff. A declaração, embora posteriormente suavizada pela ministra, tem gerado reações da oposição, que chegou a pressionar o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, para uma solução rápida do caso. estão sendo ouvidos em seguida. VAIVÉM Para a corporação, outro fator que causou constrangimento dentro da polícia foi o desencontro de informações prestadas pela Caixa Econômica Federal publicamente e para os investigadores. LINHA CRUZADA Investigadores que apuram o envolvimento de empresa de telemarketing no Rio no caso descobriram que um beneficiário do programa recebeu a suposta ligação em uma linha telefônica ilegal, procedente do morro do Alemão. Em um primeiro momento, o banco estatal afirmou que liberou o benefício após a confusão provocada pelos boatos, e com o único objetivo de aplacar o pânico dos beneficiários do programa. Após a Folha revelar que uma dona de casa em Fortaleza (CE) conseguiu retirar seu pagamento de forma antecipada, o banco admitiu que houve mudança no calendário de repasses na véspera da eclosão das falsas notícias em 13 Estados do país. VARREDURA A PF tem ouvido pessoas atendidas pelo programa em todos os Estados em que houve corrida às agências da Caixa. As regiões Norte e Nordeste são os principais focos da investigação policial por ora. Os depoimentos têm levado os investigadores a nomes novos, que Os agentes esperam chegar à origem da boataria para tentar responder se a difusão da falsa notícia ocorreu de forma articulada ou não. A linha irregular cria obstáculos para o rastreamento da chamada. Para os investigadores, a suspeita é que o telefonema tenha sido feito por uma central comunitária instalada na favela. Uma operadora informou à PF que o telefone do beneficiário cadastrado no Bolsa Família estava desconectado por falta de pagamento. O fato de a Caixa ter adiantado o dinheiro é uma das linhas de investigação. De acordo com os policiais, a antecipação não explica a boataria generalizada, mas pode ter gerado "ilações" a respeito. Para a PF, o adiantamento do pagamento pela Caixa pode ter contribuído para o aumento dos saques. 30/05/13 00 METRÓPOLE Alunos surdos ainda não têm material Davi Lira Mesmo após quatro meses do início do ano letivo, professores e pais de alunos das Escolas Municipais de Educação Bilíngue para Surdos (Emebs) de São Paulo reclamam que os livros didáticos adaptados ao ensino da Língua Brasileiras de Sinais (Libras) ainda não foram entregues. Eles questionam também a falta de material escolar, como lápis e cadernos, de uniformes e de mais profissionais intérpretes nessas salas de aula especiais. Tidas como modelo no País, as seis Emebs distribuídas na capital atendem mais de mil alunos. Todos eles possuem algum tipo de deficiência auditiva. "Deveriam ser entregues de quatro a cinco livros de matérias como Português em Libras, além de lápis, borracha e cadernos para escrever e desenhar, mas eles ainda não chegaram", afirma a dona de casa Fátima de Lourdes, de 40 anos. Seu filho Lucas Campos, de 11, está matriculado no 4.º ano do ensino fundamental da Escola Hellen Kelier, na zona sul da cidade. De acordo com duas professoras da Emebs Mário Pereira Bicudo, na zona norte, que preferiram não se identificar, a falta do material didático na escola compromete o trabalho pedagógico. "As Emebs precisam melhorar muito." Outra mãe, que também optou pelo anonimato, critica a demora na entrega do uniforme escolar para seu filho de 4 anos que estuda na Emebs Neusa Bas-setto, localizada na Mooca. A falta de professores titulares e substitutos foi um dos problemas identificados pelo Ministério Público de São Paulo, que investiga as Emebs. Consultada, a Secretaria Municipal de Educação nega a falta de livros didáticos. "Todo o material específico foi entregue em outubro de 2012 e é válido para os anos 2013 e 2014", informou em nota. Sobre uniformes, a secretaria disse que o atraso foi "ocasionado pela não aquisição por parte da gestão anterior, havendo necessidade de nova contratação". A respeito da falta de professores titulares, afirmou que o quadro está completo, "com exceção da Emebs Hellen Keller, onde está em processo a contratação de dois professores intérpretes". Em relação aos substitutos, a informação é que contratações "estão em curso". 30/05/13 00 Direito precisa ser colocado em prática Análise: Ana Claudia Balieiro Lodi Discussões sobre a educação de surdos em nosso País não são novas, Hoje, diferentes sentidos são atribuídos ao conceito de educação bilingue e, na maioria das vezes, eles se distanciam de seus principais princípios. É direito da criança surda iniciar sua escolarização desde a educação infantil. Além disso, alunos surdos precisam conviver com seus pares. É importante também a presença de professores e funcionários surdos na própria escola. O processo de ensino-aprendizagem leve ser feito por profissionais bilíngues, que usam Língua Brasileira de Sinais (Libras) como idioma de interlocução - e não o português. Os conteúdos escolares devem contemplar aspectos socioculturais dos surdos, o que não é observado nos livros utilizados. A educação bilíngue para surdos é um direito que precisa ser reconhecido também na prática. É professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em Ribeirão METRÓPOLE CORREIO BRAZILIENSE 30/05/13 00 Prestígio Com a indicação pela presidente Dilma Rousseff do jurista Luís Roberto Barroso para ocupar a 11ª cadeira do Supremo Tribunal Federal, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cujo curso de direito é considerado um dos melhores do país, passou a contar com três de seus docentes no Supremo Tribunal Federal. Os demais são o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, e o ministro Luiz Fux. BRASÍLIA-DF CORREIO BRAZILIENSE 30/05/13 00 MEC abrirá as inscrições para bolsas no exterior As inscrições do programa Ciência sem Fronteiras serão abertas na próxima terça-feira, para graduação sanduíche no Canadá, na Alemanha, nos Estados Unidos, na Hungria e no Japão. Os candidatos têm até 8 de julho para preencher os formulários. Os selecionados devem embarcar em meados do ano que vem. Para participar é preciso ter nota superior a 600 pontos no Enem. Desde 2011, o programa já concedeu 41,1 mil bolsas de estudo no exterior. BRASIL CORREIO BRAZILIENSE 30/05/13 00 Era melhor… UnB, 21ª universidade latinoamericana no ranking da QS Quacquarelli Symonds University da América Latina. Nona universidade brasileira. Não é muito pouco para uma universidade que nasceu como símbolo revolucionário na educação planetária? O que fizeram da velha e modernizadora Universidade de Brasília? O que diria Darcy Ribeiro e sua equipe, com quem veio para criar um novo conceito de ensino universitário? Confesso que, felizmente, vivi outra UnB, já distante. » A.C. Scartezini, Lago Sul SR. REDATOR CORREIO BRAZILIENSE 30/05/13 00 CIDADES ENTREVISTA IVAN CAMARGO » "Temos potencial para ser a melhor" Reitor comemora a ascensão da Universidade de Brasília na América Latina, mas quer mais » THAÍS PARANHOS Não há nenhum motivo para que a Universidade de Brasília não esteja entre as cinco melhores do Brasil, porque a universidade são as cabeças, e nós temos uma matériaprima muito boa%u201D Há pouco mais de seis meses no cargo de reitor, Ivan Camargo comemora as primeiras conquistas da Universidade de Brasília (UnB). A instituição de ensino superior subiu quatro posições na avaliação da QS Quacquarelli Symonds University Rankings da América Latina. Teve a segunda maior evolução entre as 30 melhores do ano passado: agora, é a oitava colocada no Brasil e a quinta entre as federais. Em entrevista ao Correio, Camargo atribuiu a ascensão ao trabalho de alunos e professores, mas garante que a UnB tem potencial para ser a número 1 do país. Mais importante do que ocupar a 21ª lugar no ranking da América Latina, Camargo destacou a mudança de rumo da UnB. Em 2012, conforme lembrou, a instituição de ensino superior da capital federal havia perdido posições. “Nós estávamos caindo e agora estamos subindo. E insisto que temos potencial muito grande para continuar crescendo”, avaliou o reitor. Ivan falou também da necessidade de buscar recursos para o desenvolvimento de pesquisas, um dos itens levados em conta na avaliação da qualidade da instituição. “Temos trabalhado bastante com as fundações de apoio, trazendo dinheiro para a universidade. A nossa postura é muito clara de captação de recursos para pesquisa e inovação dentro da UnB”, disse. O reitor destacou ainda o sucesso da política de cotas e a importância do sistema para os estudantes. Em um balanço do trabalho à frente da reitoria, Camargo indicou que a nova gestão conseguiu acabar com contratos irregulares da universidade e diminuir os gastos para evitar um novo deficit nas contas. “Temos conseguido desenvolver aqueles três grandes eixos que a gente determinou: conformidade legal, austeridade orçamentária e união”, comentou. “A Universidade de Brasília tem potencial para, não nos quatro anos que faltam, mas nos próximos 10, ser a melhor universidade do Brasil”, completou. A que o senhor atribui a melhora da UnB no ranking de universidades da América Latina? Basicamente, ao trabalho dos professores e dos estudantes. Nós estamos muito satisfeitos de ter dado esse resultado, mas ainda achamos que temos potencial para melhorar muito. E a gente consegue melhorar com trabalho em sala de aula, cobrando dos estudantes a participação e a presença, e também na gestão. Então, é a gestão e o trabalho acadêmico. Quais são os pontos positivos que o senhor destaca dessa avaliação? O que acho muito positivo é a mudança. Nós estávamos caindo e, agora, estamos subindo. E insisto que nós temos potencial muito grande para continuar crescendo. Não há nenhum motivo para que a Universidade de Brasília não esteja entre as cinco melhores do Brasil. A universidade são as cabeças, e nós temos uma matéria-prima muito boa, tanto nos nossos estudantes quanto no quadro de docentes que, como o ranking indicou, é formado por doutores muito bem formados e engajados com esse processo de formação. O ranking aponta alguns itens que precisam ser melhorados, como o desempenho dos estudantes, a reputação do Continua Continuação empregador e a citação de artigos. Como o senhor avalia esses três pontos na UnB? O aluno vai ter o desempenho de acordo com a cobrança. A gente precisa cobrar mais desse estudante, porque, se ele for instigado, vai nos dar uma resposta. Quanto à citação de artigos, isso vai vir naturalmente. Um dos pontos fortes da Universidade de Brasília é a pesquisa, nós temos um centro de excelência e outros em formação que, em breve, vão dar muito resultado. Você começa a produzir e começa a ser citado. A gente precisa melhorar nesse ponto, fazer uma publicação, evidentemente, que tenha interesse nacional e internacional. Acho que tudo isso caminha junto. Há uma demanda muito grande em toda vaga para professor que a gente abre na UnB. O trabalho do professor universitário é muito reconhecido e valorizado. Não acredito que temos restrição na contratação, ao contrário, é muito atrativa a carreira de professor universitário no Brasil. O que a universidade pode fazer para dar mais destaque aos trabalhos científicos desenvolvidos? A gente tem que incentivar a comunicação interna e a externa. Temos que usar a nossa Secretaria de Comunicação, primeiro, para captar esses grandes trabalhos que têm impacto social. Há muito trabalho que é difícil dar divulgação, porque é de ponta, tem todo um simbolismo matemático. Mas eu tenho confiança de que a nossa 30/05/13 Secretaria de Comunicação vai conseguir garimpar o nosso pesquisador, o trabalho do estudante e do professor, e levar ao público, que é do que a gente precisa. Em relação aos investimentos, como a atual gestão tem tratado essa questão? Um ponto fundamental é que, para fazer pesquisa, você precisa de muito dinheiro. O governo financia o ensino universitário no Brasil, nossa universidade é publica. Mas isso não impede, não restringe a nossa pesquisa. A nossa postura tem sido na busca de recursos privados para incentivar a pesquisa. Temos trabalhado bastante isso com as fundações de apoio, trazendo dinheiro para a universidade e construindo laboratórios para que façam pesquisas mais engajadas com a necessidade da sociedade. Nossa postura é muito clara de captação de recursos para pesquisa e inovação. As cotas sociais podem influenciar positiva ou negativamente no desempenho da universidade? Nós temos experiência antiga de cotas raciais, implementadas há 10 anos, mas isso ainda será tratado nos números. Montamos uma comissão para avaliar e apresentar um balanço ao nosso Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). A sensação que tenho é de uma avaliação muito positiva. Falo dos meus alunos negros da engenharia elétrica. Eles têm destaque muito positivo, são os melhores da turma. Posso induzir que esse processo de cotas sociais seja um sucesso também na Universidade de Brasília. O estudante pode entrar com um desempenho menor no vestibular, mas, sem dúvida, essa diferença rapidamente se equilibra, e o estudante vai conseguir se destacar. Como fica a situação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidade Federais (Reuni)? A UnB vai cumprir as metas? Acredita que o programa ajudou a universidade a melhorar a posição no ranking? O nosso empenho é muito firme na consolidação dessa expansão. Ninguém imaginou que a gente conseguiria fazer uma expansão com o trabalho que tem nos dado. A gestão pública tem muita dificuldade para contratar, então, a gente começa pelo estudante, é mais fácil trazer o aluno. Agora, as obras de infraestrutura demoram um pouquinho mais por causa de toda a dificuldade da coisa pública, a fiscalização, entre outros. De fato, está um pouco atrasada a questão da infraestrutura em relação à chegada de alunos. No entanto, tivemos aumento significativo no quadro de professores e conseguimos fazer boas contratações. A base para a consolidação do Reuni já está feita. E tenho muita esperança que, com esse degrau que considero indispensável, o Brasil abra ainda mais vagas na universidade pública. Com a equipe que chegou e com esses novos estudantes, tenho muita confiança de que vamos continuar crescendo nesses rankings todos. Continua 30/05/13 Continuação Qual o balanço que o senhor faz dos seis primeiros meses à frente da reitoria? O balanço, na minha avaliação, é muito positivo. Temos conseguido desenvolver aqueles três grandes eixos que a gente determinou nessa nova gestão: conformidade legal, austeridade orçamentária e união. Estamos revertendo algumas coisas que não estavam em conformidade legal, estamos fazendo um controle muito sério e comprometido do orçamento, gastando menos e mostrando isso ao Ministério da Educação (MEC) para diminuir o nosso deficit. E estamos conseguindo com respeito ao Cepe, com muita discussão e diálogo, com a participação de diversos grupos da universidade. Estamos conseguindo avanços significativos e espero que nos próximos anos a gente melhore ainda muito mais. Como disse, a Universidade de Brasília tem potencial para, não nos quatro anos que faltam, mas nos próximos 10, ser a melhor universidade do Brasil. Perfil Formado pela UnB A trajetória de Ivan Camargo até se tornar reitor da Universidade de Brasília começou há 35 anos, quando ele ingressou no curso de engenharia elétrica da UnB. Ao completar a graduação, fez mestrado e doutorado no Institut National Politechnique de Grenoble, na França, e, em 1989, voltou à instituição brasiliense para dar aulas. Tornou-se chefe de departamento e coordenou o Programa de Pós-Graduação. Entre 1999 e 2002, participou da assessoria da direção da Agência Nacional de Energia Elétrica e enfrentou a crise energética do país durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 1994 e 2002. Voltou à UnB e, em 2003, foi nomeado decano de Graduação da gestão de Lauro Mohry. No cargo, iniciou o sistema online de matrícula e avaliação dos professores, e instituiu as cotas para negros. Em 2011, foi convidado pelo governo de Dilma Rousseff (PT) para ocupar a Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição. No ano passado, Camargo concorreu, ao lado da vice-reitora, Sônia Bao, ao cargo máximo da Universidade de Brasília. À frente da Chapa 86: A UnB somos nós, ele foi para o segundo turno das eleições com a professora do Instituto de Geociências Márcia Abrahão. O reitor foi escolhido com 51,4% dos votos da comunidade acadêmica. 29/05/13 00 EDUCAÇÃO Professores ainda poderão pegar tablets Quem não recebeu o equipamento deve se informar nas regionais A meta do GDF é beneficiar todos os professores do ensino médio A Gerência de Administração Patrimonial da Secretaria de Educação fará um cronograma de entrega dos tablets para os professores que não foram retirá-los durante a cerimônia realizada no Centro de Convenções. As datas e horários de entrega serão divulgados no site da Secretaria de Educação (SEDF) e para as Coordenações Regionais de Ensino. Na última terça-feira, o Governo do Distrito Federal distribuiu 3 mil tablets para professores dos Centros de Ensino Médio da rede pública. A ação faz parte de um programa da Secretaria de Educação que visa modernizar as unidades educacionais públicas do DF. A SEDF, em parceria com Ministério da Educação, fez o investimento de cerca de R$ 840 mil na compra dos equipamentos. A meta do GDF é beneficiar todos os professores do ensino médio e ampliar o programa de modernização das escolas públicas, que inclui também a aquisição de lousas digitais e acesso à internet banda larga para as unidades educacionais.